Um Poema Escrito Em Inglês Por João Ubaldo Ribeiro Carlos Heitor Cony
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Cidade do Rio de Janeiro 2002 Ano 11 n030 Rio Artes é uma publicação do Instituto Municipal de Arte e Cultura - RioArte, da Secretaria das Culturas -- Inédito - um poema escrito em inglês por João Ubaldo Ribeiro Carlos Heitor Cony Lembranças de JK Lygia Pape, a dama da experimentação o cineasta Peter Greenaway entrevistado por Carlos Helí de Almeida José Castello Lilian Fontes Luis Camillo Osório Paulo Reis Rubem Grilo Nayse Lopes Maurício Rocha Macksen Luís r PrefeituraRIO ~~ daCidade Secretaria das culturas RIOARTE Prefeito do Rio d e Janeiro Cesar Maia Secretário das Culturas Ricardo Macieira RioArtes Presidente da RIOARTE Fábio Ferreira Diretor de Projetos Alberto Benzecry Coordenadora da Divisão de Editoração Gló ria Estellita Uma publicação do Instituto Municipal de Arte e Cultura - RioArte Editor Wilso n Cout inho da Secretaria das Culturas Sub-editor Paulo Reis Cidade do Rio de Janeiro 2002 Ano 11 n030 Revisor Manoel Artur Silva Programação Visual Carla Marins Fotolito/Impressão Imprinta Express EDITORIAL Cultura e História In stituto Municipal de Arte e Cultura RIOARTE Rua Rumânia 20 tel 2285 5889 Em foto oficial o jornal "RioArtes" participa, neste tivesse uma batida de trabalho tão nova tel / fax 2265 9960 ramal 237 número, do centenário de nascimento quanto a do ritmo musical nascente. [email protected] do presidente Juscelino Kubitschek, Pouco típico para a época, viajava mui CEP 22240-140 Laranjeiras RJ Brasil enfocando, em especial, o papel que ele to, mantendo um inabalável sorriso, sua exerceu na cultura desde a época em marca registrada. Sempre sorrisos, mas que foi prefeito de Belo Horizonte. não porque foi fácil o seu governo. Pas N a Prefeitura da capital mineira, sou por um golpe, tentativa de evitar criou a Pampulha, tomando manifesto que tomasse posse, e por dois levantes o gênio de Oscar Niemeyer, já esboça• militares. Mas JK tinha o prazer de con Com Lúcio Costa do quando este trabalhou na equipe que ceder anistias. Além disso, o seu sorri construiu o Ministério de Educação e so abafava as crises políticas. Na sua Saúde, depois MEC e, hoje, Palácio presidência, surgiu o embrião do Cine Gustavo Capanema - um prédio históri• ma Novo, sem falar no impacto que foi co no Centro do Rio, e não só do mo para toda uma geração a moderna ar dernismo brasileiro. quitetura brasileira e, na poesia, o con O traçado do Palácio foi do mestre cretismo. Também teve sorte: em 1958, Inauguração Le Corbusier. Sabe-se que o desenho ganhamos a nossa primeira Copa do de Brasília audacioso de Oscar logo chamou a aten Mundo. É claro que nos gramados bri ção de toda a equipe que trabalhou no lhava Pelé, o Rei. Por coincidência, seu projeto. Mais tarde, chamaria também reinado iniciou-se em sua presidência. a do prefeito JK. Oscar foi o seu ar Presidente, governou cinco anos. quiteto para a Pampulha e chamado para Como Getúlio Vargas, que ficou muito a maior obra de arquitetura do Brasil tempo no poder, deixou uma era. Para em todos os tempos, Brasília. muitos, os "anos dourados". Com Ri oArtes errou: No texto " João Ubaldo Na Prefeitura, já tinha vistas claras Brasília, cumpriu o que estava escrito lembra Amado", publicado para a cultura. Criou, na década de 40, na Constituição desde 1821 , um sonho no número 29, escrito pela uma espécie de Semana de Arte Mo que acabou sendo realizado. Sem ser romancista Lilian Fontes não derna em Belo Horizonte para tirar - um intelectual, mas sempre cercado foi Jorge Amado que como se disse na época - "Minas da deles, JK nos legou uma era na área da escreveu "Quincas Borba " . Este romance é de Machado pasmaceira". Chamou, por exemplo, o cultura - uma era na qual o Brasil de Assis. Jorge Amado é pintor Guignard para dar aulas. Com descobriu a prazer da Forma e da In autor da novela " Quincas ele, estudou, por exemplo, o escultor venção. Berro d'Água." Armlcar de Castro. Prefeito e, depois, Neste número, o "RioArtes" pre No mesmo número do jornal presidente, tanto podia ser visto num tende oferecer aos leitores um pouco na seção ESTR~IA, que lança canteiro de obras quanto numa rodinha do que foi uma das grandes épocas da jovens poetas, houve os boêmia de poetas. Seu destino foi, no cultura brasileira. E, falando em leitores, NELSON lEIRNER z seguintes erros: o nome do entanto, o de construir. lembramos que resolvemos, numa ho iil }> I poeta é só Ricardo Miranda, AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA :o U Z ~ Presidente, empolgou o Brasil com menagem simples, batizar a mais re }> dispensando o Nascimento zw como foi publicado. Ao citar Brasília. O Palácio do Alvorada, com cente biblioteca do município, em Mo o SÉRGIO RODRIGUES 8 O I }> ::;: z Vi Haroldo de Campos e sua forma inesperada, penetrou no ima neró, uma zona carente da Ilha do ~ ~ z I~ <: Z Humberto de Campos, o u O ginário popular. É verdade que, em· Governador, com seu nome. Sabe-se 8 O w lJi z ~ ~ 5li> autor não quis fazer ironia o O 'ÜJ'" m- ~ '" música, gostava muito mais do violão que não se pode criar uma cultura em ,..;o O 13 ;: Q li> com seus poetas preferidos. ::;: Z o de Dilermando Reis, sempre chamado laboratório. Nem JK poderia. Deixou, Z ~ . El e gosta mesmo é de ~ I F V> Q o Augusto de Campos. para as tertúlias palacianas, mas sua porém, uma lição: ser otimista no pre j BRUNO UBERAn Finalmente, por erro de época viu nascer os talentos magistrais sente e ter esperança no futuro. E é exa ~ MARCO lUCCHESI digitação saiu Hohn Cage e de Tom Jobim e João Gilberto. No seu tamente no que acreditamos. UUAN FONTES não John Cage, como governo eclodiu a bossa nova. Foi, deveria. então, chamado pelos humoristas de Ricardo Macieira Nossa capa: Carla Marins "Presidente Bossa Nova", talvez porque Secretário das Culturas 4 abril 2002 Rio Artes n030 • Resenha Príncipe dos mil sorrisos Claudio Bojunga escreve magnífica biografia sobre o presidente JK e ganha o Prêmio Jabuti Wilson Coutinho o monumental "JK, o artista do im terra natal do presidente, tais como "La possível", do jornalista Cláudio Bojun vra", "Extração", "Polimento", etc. Aí, ga, (Ed. Objetiva; 798 págs.) é o mais a imaginação artística de Bojunga com importante livro sobre o presidente até põe a vida de JK até o seu ostracismo hoje escrito. É possível que uma carac político pelos regimes militares, os abu terística da biografia não tenha sido sos de CPls para desmoralizá-lo, menti reparada pelos seus resenhistas. Bo ras sobre a sua fortuna ("a sexta do junga é jornalista, mas também esteta mundo"), que alegavam, sem provar, de qualidade. Seu livro pode ter sido, os seus brutais adversários, até o final por exemplo, influenciado pelo histo da vida num acidente automobilístico, riador do Renascimento, o suíço Jacob na Via Dutra. Burkhardt, um inventivo criador de Bojunga fez ainda justiça política do idéias, entre elas a da política como obra governo JK. Para tomar posse, foi pre de arte. O próprio título "JK, o artista ciso um gólpe do golpe, do general Lott do impossível" é uma boa indicação de - um personagem magnificamente cívi• que o presidente foi tratado como um co da época - os dois levantes mili construtor de formas e de que seu go tares, de direita, devidamente sem apoio verno, desde quando prefeito da cidade popular. Presidente sem guardar má de Belo Horizonte, foi uma formação goas, JK anistiou os rebeldes sem cau estética. A palavra artista não está no sa. Em cinco anos de presidência teve título à toa. o mais estimulante sorriso que a pre Uma das críticas ao livro é que Bo sidência já ostentou. Gostava do poder, junga esqueceu, embora o seu excelente sem jactar-se de sua extrema autori texto mantenha a apologia do Príncipe, dade. Ainda do ponto de vista estético, as mazelas: a mudança da capital a toque JK soube governar com um pé na de caixa, a bagunça administrativa no boemia e outro no canteiro de obras. funcionalismo público, dinheiro gasto Gostava de bailar, era namorador (mas a rodo e, ao fim do governo, instabili não tanto que o impedisse de trabalhar dade financeira, com desorganização no duro, amante de saraus litero-musicais), caixa e inflação alta. cativado por intelectuais como Augus JK como Príncipe, porém, para Bo to Frederico Schmidt, autor de suas mais junga, de um lado estetizou o Brasil, belas frases e discursos, e criador de oferecendo as 'formas avançadas de planos pouco sensatos, mas que pare Brasília e da Pampulha e, de outro, tor cem, em um deles, ter acabado por in nou possível a centralização política e fluenciar a política para a América Lati geográfica do país, um sonho que nas na do presidente Kennedy. ceu na colônia e fez parte da primeira Caindo nas graças do povo Como um Príncipe construtor, ao Constituição do país, a de D. Pedro I. ser prefeito de Belo Horizonte criou o A coragem de JK é uma mistura de magnífico complexo da Pampulha, con fato estético e vontade de potência. Em Em siderada a mais bela obra de Niemeyer, certo aspecto, ele é um bom personagem cinco anos de presidência, que foi o seu Michelangelo em Brasília. de Burkhardt, na ótica minuciosa da bio teve o mais estimulante sorriso que a E se Minas não teve mar, o cosmo grafia do jornalista. Os capítulos são até politismo de JK criou lagos - na Pam divididos em metáforas da mineração, presidência já ostentou pulha e em Brasília. "JK foi afinal o extraídas da antiga atividade de Dia inventor de Lula", diz Bojunga, suge mantina, a Minas menos sorumbática, rindo a criação do ABC paulista, obra Rio Artes n030 abril 2002 5 o ...,.