Conversando Com Carlos Heitor Cony 294
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS – FFLCH DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS – DLCV PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA BRASILEIRA “UMA CERTA MANEIRA DE DESEJAR A LIBERDADE”: CAMINHOS DA LITERATURA DE CARLOS HEITOR CONY NO PÓS-1964 VERSÃO CORRIGIDA MARINA SILVA RUIVO São Paulo – 2012 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS – FFLCH DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS – DLCV PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA BRASILEIRA “UMA CERTA MANEIRA DE DESEJAR A LIBERDADE”: CAMINHOS DA LITERATURA DE CARLOS HEITOR CONY NO PÓS-1964 Tese de doutorado apresentada à Banca Examinadora da Universidade de São Paulo como exigência parcial para a obtenção do título de Doutora em Letras, área de concentração Literatura Brasileira. Orientador: PROF. DR. FLÁVIO WOLF DE AGUIAR VERSÃO CORRIGIDA MARINA SILVA RUIVO São Paulo – 2012 2 Ruivo, Marina Silva. “Uma certa maneira de desejar a liberdade”: caminhos da literatura de Carlos Heitor Cony no pós-1964. 2012. 346 f. Tese (Doutorado). Versão corrigida – Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Nesta tese respeitou-se o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 3 A meus pais, Regina e Jairo, dos quais surgi, e que estão, portanto, na origem de tudo, sempre. Deste caminho, deste trabalho para o qual tanto incentivo deram, desta união e do neto que lhes dá também tanta alegria. Caminho de amor. A meu marido, Fábio, que surgiu em meu caminho pouco antes de eu dar início a este trabalho, e para ele me incentivou constantemente, com muitas e muitas palavras de estímulo e apoio. Amor que gerou outro amor. A meu filho, Pedro, tão desejado, que foi concebido e veio à luz ao longo deste processo de pesquisa, abrindo-me para um universo até então desconhecido, e maravilhoso. Amor, amado, querido, alegria, pureza, esperança. À Fabiana, amiga de sempre, que acompanhou detidamente esta estrada e muitas outras que antes vieram e que virão. Amizade por inteiro. 4 Com admiração e afeto, ao pisciano Cony, o modo como esta pisciana procurou ler suas obras, seus embrulhos, ficções e lúcidos fantasmas. 5 AGRADECIMENTOS OMO É SABIDO, são muitas as pessoas que colaboram para que um trabalho desta natureza consiga chegar, de algum modo, a seu final, e expressarmos C nossa gratidão a elas é essencial, inclusive àquelas que contribuíram sem nem mesmo ter a real dimensão da contribuição que davam. Gostaria assim de começar agradecendo a meu orientador, professor Dr. Flávio Wolf de Aguiar, que corajosamente aceitou a proposta de trabalhar com a ficção de Carlos Heitor Cony, autor cuja fortuna crítica na academia ainda é reduzida, e que me estimulou nos muitos momentos de dificuldades, com a calma e a sabedoria de quem já percorreu muitos caminhos e sabe mostrá-los e, mesmo, tranquilizar-nos. E também agradecer, muito especialmente, à professora Dra. Rita de Cássia Natal Chaves, pela generosidade com que me introduziu e guiou nos caminhos da pesquisa acadêmica, abrindo-me mundos, pelo afeto, pelo carinho, pelo apoio, sempre. Ao Cony, pela solicitude com que acolheu esta pesquisa, facilitando a consulta a seu acervo pessoal e, sobretudo, conversando generosamente a respeito de minhas dúvidas e inquietações. À Beatriz Lajta, sua esposa, e à sua equipe de apoio, Beth Paiva, Edilson Correa, e Flávia Leite, pelos auxílios todos e inúmeros. À professora Dra. Raquel Illescas Bueno, pelo entusiasmo que sempre manifestou diante desta pesquisa, pelas sugestões no exame de qualificação e pela troca de ideias sobre a obra deste autor cujo interesse compartilhamos. À professora Dra. Paloma Vidal, pelas sugestões e comentários apresentados na qualificação, compartindo um pouco de sua experiência pregressa de doutoranda e jovem mãe. 6 À família, claro: além de todo o apoio e incentivo, agradeço especificamente à minha mãe, pela leitura atenta, os comentários e o trabalho de revisão do texto; a meu pai, pelo auxílio nas impressões, por me acompanhar na primeira entrevista com Cony, além da ajuda na transcrição das entrevistas; a meu irmão, Dante, pelo auxílio com as traduções do inglês. Ao Fábio, pelos muitos auxílios operacionais, no trato com estas máquinas cada vez mais importantes em nosso dia a dia. Ao Pedro, pela alegria que, sem que ele o saiba, é incentivo para a vida. À minha cunhada Fabíola, pelos auxílios com as lides domésticas. A minhas avós, Tereza e Luiza, bem como a minhas tias – com destaque à tia Eliana, que me ajudou nas versões para o inglês. E à memória de meu avô Oscar, que muito teria gostado desta tese, de quem herdei o exemplar de Quase memória, que ele leu com entusiasmo. Aos professores que aceitaram o convite para integrar a banca desta tese, Giselle Agazzi, Raquel Bueno e Rita Chaves – para além do professor Marcos Ferreira Santos, também mestre de trilhas e caminhadas anteriores. As contribuições de todos foram muito valiosas, originando novas reflexões e questionamentos. Às amigas e amigos queridos: Ana Maria, Armando, Daniela, Eloísa, Fabiana, Fátima (e à Escola Yoga Casa Verde), Jandira, Neide, Nilce, Paula, Paulinho, Paulo, Salete, Silvana, Simone. Às colegas de jornada, Anita de Morais e Joana Rodrigues. À Dayane Esteves Nogueira, que, como funcionária do Setor de Pós-Graduação do DLCV da FFLCH/USP, foi muito gentil e prestativa diante das adversidades burocráticas que insistiram em surgir pelo caminho. Ao Dr. Maurìcio e suas ―agulhinhas mágicas‖, e à Regiane, do Setor de Medicina Tradicional Chinesa da HMEC de Vila Nova Cachoeirinha. Às ajudantes imprescindíveis do dia a dia, Márcia e Ângela. Ao CNPq, pela bolsa de pesquisa concedida. 7 Contribuíram, ainda, especificamente com o fornecimento de materiais importantes para esta pesquisa as seguintes pessoas: Alessandra Regina Borgo (Chefe da Divisão de Acesso à Informação da Biblioteca Central da UFMS); Anderson de Santana (bibliotecário da Biblioteca da FFLCH/USP); Arthur Pires do Amaral; Edmir Lima (Banco de Dados do Grupo Folha); Fernanda Nascimento Crespo (estagiária do CPDocJB); Flamarion Maués; professor Dr. Luís Augusto Fischer (UFRGS); Marcela Melo; professora Marilurdes Cruz Borges (Universidade de Franca); professor Dr. Mário Luiz Frungillo (Unicamp); professor Dr. Miguel Sanches Neto (UEPG); Nadia Norberto (Comut); professora Dra. Raquel Illescas Bueno (UFPR); Rosana Couto Pottumati (bibliotecária da UFMS/Três Lagoas); Sandra Teixeira Alves (SAU da Biblioteca da FFLCH/USP). 8 Resumo STA TESE OBJETIVA PERSEGUIR os caminhos tomados pela ficção de Carlos Heitor Cony depois do golpe civil-militar de 1964, acontecimento que afetou E a todo o País e que atravessou em definitivo a vida e a obra do escritor e jornalista. Para tal, centra-se na análise de dois de seus mais relevantes romances, Pessach: a travessia (1967), e Pilatos (1974), debruçando-se nos diálogos que ambos travam com mitos bíblicos, no modo como se relacionaram com os momentos socioculturais vividos pelo Brasil pós-golpe e, ainda, refletindo sobre os lugares que ocupam no seio da trajetória ficcional de Cony. Nessa direção, se a aproximação deliberada do universo político constituiu sem dúvida uma inovação de Pessach, mais significativo parece ser o elemento de que este romance colocou em xeque muitos dos ingredientes anteriores desta produção literária. Ao fazê-lo, acabou por questionar a própria possibilidade de continuidade da literatura – do personagem escritor, Paulo Simões; do autor da obra, Cony; e da própria literatura brasileira naquele momento. Depois dele, surgiu Pilatos, inovando no insólito e grotesco de sua linguagem, mas nem por isso deixando de se fundar em muitos pontos de seus predecessores conyanos. E se por um lado pareceu voltar o leme novamente para o rumo da literatura, por outro inaugurou um longo e enigmático silêncio do escritor, a respeito do qual este trabalho procura lançar também mais algumas luzes. PALAVRAS-CHAVE: Carlos Heitor Cony, literatura brasileira pós-64, criação literária, mito bíblico, liberdade. 9 Abstract HIS THESIS AIMS AT PURSUING the paths taken by Carlos Heitor Cony‘s fiction after the civil-military coup of 1964, event that affected the whole country and T definitely crossed the life and work of the writer and journalist. To this end, it focuses on the analysis of the two of his most important novels, Pessach: a travessia (1967), and Pilatos (1974), leaning on dialogues that both have with biblical myths, in the way how they connected with the socio-cultural moment lived in Brazil in the post revolution and, also, reflecting the places they occupy within Cony‘s fictional trajectory. In this direction, if the deliberate approach to the political universe constituted without doubt an innovation of Pessach, more significantly seems to be the element that this novel put into question many of the ingredients prior to this literary production. In doing so, it ended up questioning its own possibility of literature continuity – of the writer character, Paulo Simões; of the author of the novel, Cony; and of the Brazilian literature itself at that moment. After this, emerged Pilatos, innovating in unusual and grotesque language, but by no means lacking basis on many points of its ―conyanos‖ predecessors. And if on one hand it seemed to have turned back the rudder to the direction of literature, on the other hand it inaugurated a long and enigmatic silence of the writer in respect of which this work also seeks to shed some more lights. KEY WORDS: Carlos Heitor Cony, Brazilian literature post-64, literary creation, biblical myths, freedom. 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 14 CAPÍTULO 1: O INDIVÍDUO APRISIONADO 29 Compromisso e alienação 29 Fogão de palavras 32 As entranhas de um projeto literário 39 Uma linguagem franca 42 Uma vocação amargamente lúcida 44 Uma certa maneira de desejar a liberdade 51 A morte e a vida 56 O passado que não passa 60 Das muitas recorrências e diálogos 62 Mulheres de Cony 69 Uma complicada relação 74 Iconoclastia e religiosidade 77 CAPÍTULO 2: A LITERATURA E A BATALHA 90 Uma missão e um destino..