O Espaço Da Infância Nas Crônicas De Carlos Heitor Cony

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O Espaço Da Infância Nas Crônicas De Carlos Heitor Cony UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS MESTRADO EM LITERATURA BRASILEIRA O ESPAÇO DA INFÂNCIA NAS CRÔNICAS DE CARLOS HEITOR CONY ANDRÉ MOTA FURTADO FORTALEZA 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS MESTRADO EM LITERATURA BRASILEIRA O ESPAÇO DA INFÂNCIA NAS CRÔNICAS DE CARLOS HEITOR CONY ANDRÉ MOTA FURTADO Dissertação apresentada à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Literatura. Elaborada sob a orientação da Profª. Drª. Fernanda Maria Abreu Coutinho FORTALEZA 2007 “Lecturis salutem” FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA POR Telma Regina Abreu Camboim – Bibliotecária – CRB-3/593 [email protected] Biblioteca de Ciências Humanas – UFC_____ F987e Furtado, André Mota. O espaço da infância nas crônicas de Carlos Heitor Cony/ por André Mota Furtado. – 2007. 205 f. : il; 31 cm. Cópia de computador (printout(s)). Dissertação(Mestrado) – Universidade Federal do Ceará,Centro de Humanidades,Programa de Pós-Graduação em Literatura, Fortaleza(CE), 27/07/2007. Orientação: Profª. Drª. Fernanda Maria Abreu Coutinho. Inclui bibliografia. 1-CONY,CARLOS HEITOR,1926- – CRÍTICA E INTERPRETAÇÃO.2-INFÂNCIA NA LITERATURA.3-ESPAÇO E TEMPO NA LITERATURA.I-Coutinho, Fernanda Maria Abreu , orientador.II.Universidade Federal do Ceará. Programa de Pós-Graduação em Literatura.III- Título. CDD(21ª ed.) B869.8408 31/07 BANCA EXAMINADORA: Prof. Drª. Fernanda Maria Abreu Coutinho – Universidade Federal do Ceará (UFC) Orientadora Profª. Drª Marília Rothier Cardoso – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) 1ª Examinadora Profª Drª Vera Lúcia Albuquerque de Moraes – Universidade Federal do Ceará (UFC) 2ª Examinadora AGRADECIMENTOS À Professora Doutora Fernanda Coutinho, pela grandiosa contribuição, durante a jornada, proporcionada por sua incansável e terna orientação. À Professora Doutora Marília Rothier, pela gentileza de ter aceito o convite, e por todas as excelentes sugestões, feitas de sua leitura atenta e aguda. À Professora Doutora Vera Moraes, pelas valiosas observações, apresentadas durante o Exame de Qualificação. A Carlos Heitor Cony, pelos subsídios dados a este trabalho, em suas atenciosas entrevistas. Aos meus colegas e professores do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará. A todos que, de alguma forma, me ajudaram na realização desta pesquisa, em especial, à Maria do Amparo e ao José de Castro. DEDICATÓRIA A minha mãe, pela lição de vida. A meu pai, pela garra em perseguir seus objetivos. À Viviane, pela compreensão e apoio, em todas as etapas da pesquisa. “Chão da infância. Algumas lembranças me parecem fixadas nesse chão movediço...” Lygia Fagundes Telles “Aos 92 anos, próximo ao fim, meu pai buscava ainda a imagem daqueles que dele haviam cuidado em criança. É que nunca deixamos de ser crianças. Com o tempo, vamos nos tornando crianças envelhecidas, engelhadas; mas a nossa fragilidade continua sendo a da infância, a nossa carência continua sendo a da infância.” Moacyr Scliar “Já não existe a casa em que nasci, mas esse facto é-me indiferente porque não guardo qualquer lembrança de ter vivido nela. Também desapareceu num montão de escombros a outra, aquela que durante dez ou doze anos foi o lar supremo, o mais íntimo e profundo, a pobríssima morada dos meus avós maternos...” José Saramago “Poderia falar de quantos degraus são feitas as ruas em forma de escada, da circunferência dos arcos dos pórticos, de quais lâminas de zinco são recobertos os tetos; mas sei que seria o mesmo que não dizer nada. A cidade não é feita disso, mas das relações entre as medidas de seu espaço e os acontecimentos do passado.” Italo Calvino RESUMO A pesquisa em pauta analisa, através de uma perspectiva hermenêutica, de vertente comparatista, o tema da infância no âmbito da literatura. A partir da leitura da obra em crônica, publicada em livro, de Carlos Heitor Cony, objetiva-se compor uma representação pueril, sob o ponto de vista da categoria narrativa espaço, desenvolvida nas subcategorias: espaço físico , social e psicológico . De início, a dissertação prende-se a uma construção argumentativa do termo crônica confessional da infância , através da ligação entre os vocábulos crônica, memória e infância; a fim de, na seqüência, aplicá-lo empiricamente – e de maneira específica – na edificação dos espaços infantis – privados e públicos – representados, respectivamente, pelas palavras-chave, casa e rua, nas crônicas do autor em foco. Por meio desse recorte em relação à temática infantil, verificou-se que o locus do passado processa-se bem mais em sentido figurado. Tanto pelas relações sociais como por uma apresentação de um espaço mental dos personagens; evidenciando-se, portanto, de maneira secundária, a demarcação física da geografia das imagens da infância na obra em crônica de Carlos Heitor Cony. Palavras-chave: crônica, memória, infância, espaço. RÉSUMÉ La recherche en question analyse, à travers une perspective herméneutique, versant comparatiste, le thème de l’enfance dans le domaine de la littérature. À partir de la lecture de l’oeuvre en chronique, publiée dans des livres, de Carlos Heitor Cony, nous avons pour but composer une représentation puérile, sous le point de vue de la catégorie narrative de l’espace, développée dans les sous-catégories: l’espace physique , s ocial et psychologique . Initialement, ce travail s’atatache à une construction argumentative du terme chronique confessionnelle de l’enfance , à travers le rapport entre les mots chronique, mémoire et enfance; afin que, dans le séquence, nous l’employons empiriquement – et de manière spécifique – dans l’édification des espaces enfantins – privés et public – représentés, respectivement, par les mots-clés, maison et rue, dans les chroniques de l’auteur ciblé. À travers cette coupure par rapport à la thématique enfantine, nous avons vérifié que le locus du passé arrive plutôt dans un sens figuré. À cause des rapports sociaux et par une présentation d’un espace mental des personages; soulignant, par conséquent, de manière secondaire, la délimitation physique de la géographie des images de l’enfance dans l’oeuvre en chronique de Carlos Heitor Cony. Mots-clés: chronique, enfance, mémoire, espace. SUMÁRIO INTRODUÇÃO...............................................................................................................10 1. O ESPAÇO DA MEMÓRIA E A CRÔNICA CONFESSIONAL DA INFÂNCIA...13 2. O ESPAÇO DA CASA................................................................................................39 2.1 O MENINO CONY..........................................................................................57 2.2 O MENINO E O PAI.......................................................................................69 2.3 O MENINO E A MÃE...................................................................................105 2.4 O NÃO-ESPAÇO DA ESCOLA...................................................................110 2.5 O ESPAÇO DA LEITURA............................................................................117 3. O ESPAÇO DA RUA................................................................................................123 3.1 O MENINO E O RIO DE JANEIRO DOS ANOS 30...................................135 3.2 O MENINO E OS TIPOS POPULARES DO LINS DE VASCONCELOS.149 3.3 O ESPAÇO INTERPARES...........................................................................156 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................172 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................175 ANEXOS.......................................................................................................................184 Anexo A – Entrevista 1........................................................................................184 Anexo B – Entrevista 2........................................................................................191 Anexos fotográficos – C, D, E, F, G, H, I, J, L....................................................196 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Entre parênteses, o ano da primeira edição AF – Da arte de falar mal (1963) AFA – O ato e o fato (1964) PS – Posto Seis (1965) QA – Quinze Anos (A juventude como ela é) (1965) AA – Os anos mais antigos do passado (1998) HB – O harém das bananeiras (1999) PSJ – O presidente que sabia javanês (2000) SL – O suor e a lágrima (2002) TN – O tudo e o nada (2004) INTRODUÇÃO A representação do imaginário infantil, ao longo do tempo, é uma presença constante nas manifestações artísticas e – especificamente quanto à literatura – um mote recorrente tanto na prosa como na poesia. Na prosa brasileira, a crônica é uma espécie literária que nitidamente enfoca o tema. E entre os melhores cronistas do país, Carlos Heitor Cony é, sem dúvida, um dos que mais se destacaram, ao trazer os aspectos da infância e memória para o centro de sua produção literária. Essa faceta da obra deste autor carioca será o tema de investigação do presente ensaio. O olhar para sua obra em crônica, de teor confessional, deu margem à observação de que, dentre as categorias da narrativa, uma das mais expressivas no texto é a do espaço. Nesta dissertação, opta-se, assim, pelo exame das variadas dimensões do espaço como elemento de construção textual. Coloca-se então como problema de investigação para o texto dissertativo em questão
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