Relatório Final
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11 INTRODUÇÃO A música tem início, junto com a humanidade. Todo povo ou civilização antiga tem um deus ou algum tipo de representação mitológica ligado à música. Desde os primeiros sons emitidos pela humanidade é possível distinguir a música. A música do Brasil começa antes da chegada dos portugueses. Os índios já faziam sua música. No século XX ela ganhou força, ainda mais com o advento do rádio no Brasil na década de 1920 e a partir de 1950, ela ganhou o mundo. A música brasileira a partir da segunda metade do século XX foi totalmente esmiuçada em inúmeros livros, filmes, séries e documentários, por todo o mundo. No início desse período veio a bossa nova, em 1958, depois veio o rock, que desembarcou por aqui em 1959 e a rotulada música de festival ficou conhecida como MPB, a partir de 1965. A música, através destes três gêneros, e a história recente do Brasil se confundem. É a música cantando a história e a história fazendo a música. Os compositores brasileiros usaram suas canções para contar a história de nosso país, de nossas cidades e de nosso povo. Este trabalho tem como proposta contar a história da música brasileira nas últimas cinco décadas do século XX e sua relação com a história do Brasil recente através dos gêneros musicais bossa nova, rock e MPB, para isso foram produzidas entrevistas com alguns nomes da música nacional, jornalistas, escritores e críticos musicais, para que eles possam mostrar suas opiniões e contar o que sabem e o que presenciaram. Além de extensa pesquisa bibliográfica e documental em diversos livros, documentários, reportagens e artigos sobre o assunto. Neste trabalho foram entrevistados alguns nomes importantes da música brasileira, como Gilberto Gil, cantor, compositor, um dos líderes do Tropicalismo e ex-ministro da Cultura; Nelson Motta, escritor, compositor e produtor musical; Fernanda Takai, cantora, vocalista da Banda Pato Fu; Roger Moreira, cantor, vocalista da banda Ultraje A Rigor; Lobão, cantor e compositor; e Gabriel o Pensador, cantor e compositor; Os jornalistas, escritores e críticos musicais Paulo César de Araújo e Lira Neto, além do músico Fernando Gil Feichas e da professora 12 da Faculdade de Música da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), doutora em música pela Universidade de Londres Heloisa Faria Braga Feichas. No Capítulo I deste trabalho, encontra-se um resumo do surgimento da música no mundo (origem mitológica e não-mitológica), e no Brasil. A partir do século XX é apresentado um panorama mais detalhado sobre os acontecimentos que foram importantes e que contribuíram para a história da música brasileira, ao mesmo tempo em que é mostrado acontecimentos de extrema relevância para a história política, social e cultural do Brasil e do mundo. O Capítulo II aprofunda-se na modalidade de Livro-reportagem. Desse modo, mostra o que é o livro-reportagem, seus conceitos e definições. Sem deixar de falar sobre o jornalismo literário, que é o estilo jornalístico usado nos livros dessa modalidade. Mostra ainda todas as vertentes dos livros-reportagens existentes. Já no capítulo III, a metodologia utilizada no desenvolvimento deste projeto é detalhada e exposta, mostrando quais pesquisas foram realizadas e quais os tipos de entrevistas feitas para a elaboração deste trabalho. Por fim, no capítulo IV há a descrição do livro-reportagem apresentado, com detalhamento da produção das entrevistas e diagramação. 13 CAPÍTULO 1 Música e História Há várias versões para o “surgimento” da música na história da humanidade. Em uma delas, a versão mitológica, conta-se que depois da vitória dos deuses do Olimpo sobre os filhos de Urano (Oceano, Ceos, Crio, Hiperião, Jápeto e Crono), mais conhecidos como Titãs, foi solicitado a Zeus, que criasse uma divindade que fosse capaz de cantar a vitória dos deuses olímpicos. Zeus então se deitou com Mnemosina, a deusa da memória, durante nove noites consecutivas e depois do devido tempo nascem as nove musas. Entre elas estavam Euterpe (a música) e Aede, ou Arche (o canto). As nove deusas gostavam de freqüentar o monte Parnaso, na Fócida, onde faziam parte do cortejo de Apolo, deus da Música. Na mitologia ainda há uma série de deuses relativos à música como Museo, filho de Eumolpo, que era tão grande musicista que quando tocava chegava a curar doenças. Há também Orfeu, filho da musa Calíope (musa da poesia lírica e considerada a mais alta dignidade das nove musas), que era cantor, músico e poeta. Outro é Anfião, filho de Zeus, que após ganhar uma lira de Hermes, o mais ocupado de todos os deuses, passou a dedicar-se inteiramente à música. Todo o povo ou civilização antiga tem um deus ou algum tipo de representação mitológica ligado à música. Os egípcios acreditam que a música teria sido inventada por Tot ou por Osíris. Os hindus acreditam que foi Brama seu inventor; por sua vez os judeus acham que o inventor da música é Jubal e assim acontece com inúmeros povos. Cada um identificando um criador diferente para a música. Isso nos mostra que a música é algo intrínseco à historia do ser humano sobre a Terra e uma de suas manifestações mais antigas e importantes. A origem não mitológica da música divide-se em duas partes: a primeira é a expressão de sentimentos através da voz humana. A segunda é o fenômeno natural de soar em conjunto duas ou mais vozes. A primeira seria a raiz da música vocal. A segunda, a raiz da música instrumental. 14 Pitágoras é um nome importante na história da música. Ele foi o inventor do monocórdio para determinar matematicamente as relações dos sons. Outro nome que deve ser lembrado quando o assunto é esse, é o de Lassus, o mestre de Píndaro, que, perto do ano 540 antes de Cristo, foi o primeiro pensador a escrever sobre a teoria da música. O nome do chinês Lin-Len também não pode ser esquecido, ele escreveu um dos primeiros documentos a respeito de música, em 234 antes de Cristo, época do imperador chinês Haung-Ti. No tempo desse soberano, Lin-Len -que era um de seus ministros- estabeleceu a oitava em doze semitons, aos quais chamou de doze lius. Esses doze lius foram divididos em liu Yang e liu Yin, que correspondiam, entre outras coisas, aos doze meses do ano. Frequentemente se diz que a música tem início na Grécia antiga e que se desenvolveu através dos tempos. Mas essa definição pode ser considerada equivocada, segundo alguns estudiosos. Esse conceito se aplica somente à música no ocidente. Marius Shneider escreveu: “Até poucas décadas atrás o termo ‘história da música’ significava meramente a história da música erudita européia. Foi apenas gradualmente que o escopo da música foi estendido para incluir a fundação indispensável da música não européia e finalmente da música pré-histórica." (SHNEIDER, 1957. Pág 103) 1.1 A Música no Brasil Música é a arte e a ciência de combinar os sons de modo agradável à audição, segundo o Mini Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, Sétima Edição, publicado em 2009. Considerando esta definição é possível afirmar que a música brasileira é anterior à chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral ao país em 1500. Os antigos habitantes desta terra, que hoje chamamos Brasil, já faziam suas canções, principalmente para louvar e entoar seus vários deuses, já que eram povos politeístas. Com a chegada dos europeus a música daquele continente invadiu a “terra brasilis”, depois com a chegada do negro, vindo nos navios de escravos que partiam 15 de várias regiões da África, a música brasileira começou a tomar forma e a se tornar miscigenada, característica marcante do povo do Brasil. Nos terreiros e senzalas eram entoados pelos escravos cantos e danças aos deuses africanos, percussão com tambores e atabaques. Cantos esses que influenciaram posteriormente o samba e talvez tudo relativo não só a música, mas a arte em geral no Brasil. A música feita em nosso país sofreu influencias de todos os povos que aqui vieram. Africanos e europeus principalmente, mas também a música de outros países fez sucesso no no Brasil durante o período colonial e o primeiro império. Lundu e modinha, também as valsas, polcas e tangos de diversas origens estrangeiras encontraram no Brasil uma nova forma de expressão, segundo Renato Roschel no Almanaque Música. Ele ainda diz: “Já no século 19 surgem os conjuntos de chorões, que adaptam formas musicais européias -como a mazurca, a polca e o scottisch- ao gosto brasileiro e à forma brasileira de se tocar essas construções. Surge então, a partir da brasileirização dessas formas, o choro, e firmam-se novas danças, como o maxixe.” (ROSCHEL, 2003, pág 73) 1.2 Início do Século XX No começo do século passado com a chegada do rádio, a música brasileira tomou forma e ganhou vários seguidores. Em 1917 é composto “Pelo Telefone” por Ernesto dos Santos, o Donga, considerado o primeiro samba da história. Grandes compositores surgiram nas primeiras décadas do século XX, como Noel Rosa, o poeta da Vila, morto prematuramente em 1937, com 26 anos de idade. Antes do início da Bossa Nova em 1958, faziam sucesso por aqui cantores de samba-canção com uma melodia triste e letras carregadas, boleros para se dançar juntinho e alguns outros ritmos antigos e cantores como Francisco Alves conhecido com o rei da voz, Dalva de Oliveira, Erivelto Martins, Ângela Maria, Cauby Peixoto entre tantos outros. As rainhas do rádio, Marlene e Emilinha Borba, eram fenômenos de público e crítica. Enfim, a música feita no Brasil atingia a praticamente toda a 16 população, principalmente à das classes mais baixas, já que a burguesia preferia astros internacionais, preferencialmente de música clássica. O jazz e o blues norte- americano começavam a se fazer ouvir por aqui.