Revista Brasileira De Geografia
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REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA SUMÁRIO DO NÚMERO DE JULHO-SETEMBRO DE 1965 ARTIGOS Fisionomia e Estrutura do Rio de Janeiro, MARIA THEREZINHA DE SEGADAS SOARES 329 Estudo Geográfico das Indústrias de Blumenau, ARMEN MAMIGONIAN ............................................. 389 COMENTÁRIOS Ritmos de crescimento urbano do Nordeste, MARIA EMÍLIA TEIXEIRA DE CASTRO BOTELHO 483 Levantamentos geológicos na região Centro-Oeste brasileira, J. R. DE ANDRADE RAMOS • • • . 491 Distribuição da população da região Centro-Oeste - 1960, SÔNIA ALVES DE SOUZA • . 515 TIPOS E ASPECTOS DO BRASIL Padeiro Flutuante, JACOB BINSTOK 522 NOTICIÁRIO CURSO DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS PARA APERFEIÇOAMENTO DE PROFESSÔRES DE GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO . 524 li CONGRESSO BRASILEIRO DE GEÓGRAFOS . 528 li SIMPÓSIO BRASILEIRO SÔBRE FOTOGRAFIAS AÉREAS . 528 PARTICIPAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA NO IV CON- GRESSO NACIONAL DE MUSEUS . 531 li CONGRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA . 534 INAUGURAÇÃO DA REPRÉSA DE FURNAS . 535 ATUALIDADES CARTOGRÁFICAS 535 A REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA, no período 1939/1965, publicou com referência a cidade do Rio de Janeiro, os seguintes trabalhos. ASPECTO DO FATO URBANO NO BRASIL - PEDRO PINCHAS GEIGER - RBG n.0 2, ano XXIII, pág. 496 (1961) ASPECTOS GEOGRÁFICOS DO ABASTECIMENTO DO DISTRITO FEDER..4.L EM G:ÊNEROS ALIMENT!CIOS DE BASE - MYRIAN GoMES COELHO MESQUITA - RBG n.0 2, ano XXI, pág. 165 0959) A CIDADE DO RIO DE JANEIRO (Evolução física e humana), MARIA NovAES PINTO - RBG n.0 2, ano XXVII, pág ..... (1965) COMÉRCIO AMBULANTE E OCUPAÇÃO DE RUA NO RIO DE JANEIRO - EVERARDO BACKHEUSER - RBG n.0 1, ano VI, pág. 1 (1944) ENSA.IO PARA ESTRUTURA URBANA DO RIO DE JANEIRO -PEDRO PIN CHAS - RBG n.O 1, a.no XXII, pág. 3 (1960) ESTUDO SUMARIO DE ALGUMAS FORMAÇõES SEDIMENTARES DO DIS TRITO FEDERAL - ALFREDO JosÉ PÔRTO DoMINGUES - RBG n.0 3, ano XIII, pág. 443 (1951) EVOLUÇÃO GEOMORFOLóGICA DA BAiA DE GUANABARA - FRANCIS RuELLAN --RBG n.0 4, ano VI, pág. 445 (1944) EXPANSÃO DO ESPAÇO URBANO NO RIO DE JANEIRO - LYSIA MARIA CAVALCANTE BERNARDES - RBG n.0 3, ano XXIII, pág. 496 (1961) GEOGRAFIA DOS TRANSPORTES NO BRASIL - MOACYR MALHEIROS F. SILVA - RBG n.0 3, ano I, pág. 70 (1939) GEOGRAFIA HUMANA DO BRASIL (as duas grandes cidades) PIERRE DEF FONTAINES - RBG n.0 2, ano I, pág. 34/35 (1939) A GEOGRAFIA E SUA INFLUÊNCIA SõBRE O URBANISMO (Geografia U:· bana) GERÔNIMO CAVALCANTE - RBP n.0 4, ano II, pág. 524 (1940) GEOGRAFIA URBANA E SUA INFLUÊNCIA SõBRE O TRAFEGO - GERÔ• NIMO CAVALCANTE - RBG n.0 3, ano III, pág. 498 (1941) !LUMIN.4.CAO PúBLICA DO RIO DE JANEIRO - MoACYR MALHEIROs F. SILVA - RBG- n.0 4, ano VII, pág. 547!572 (1945) PÃO DE AÇúCAR (Imagens do Brasil) JosÉ CESAR MAGALHÃES - RBG n.0 3, ano XXV, pág. 372 (1963) MUDANCA DA CAPITAL DO PAiS A LUZ DA CIÊNCIA - CRISTOVAM LEITE DE CASTRO __: RBG n.0 2, ano IX, pág. 279 (1947) NOTAS SõBRE OCUPAÇÃO HUMANA DA MONTANHA NO DISTRITO FE DERAL - NILO BERNARDES - RBG n.0 3, a.no XXI, pág. 363 Cl959) PESCADORES DA PONTA DO CAJU - LYSIA MARIA CAVALCANTE BERNARDES - RBG n.0 2, ano XX, pág. 181 (1958) PROBLEMAS DA EROSÃO E ESCOAMENTO DAS ÁGUAS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO - ALBERTO P. ABRANTES - RBG n.0 4, ano XXII, pág. 637 0960) SAMBAQUIS NO LITORAL CARIOCA - ERNESTO DE MELLO SALES CU.'THA - RBG n.0 1, ano XXVII, pág. 3 (1965) TEMPERATURAS MAX/MAS DO RIO DE JANEIRO NO PER!ODO DE 1879/1938 - J. DE SAMPAlO FERRAZ - RBG n.0 3, ano I, pág. 3 (1939) UMA ZONA AGRiCOLA DO DISTRITO FEDERAL - O MENDANHA - HILDA DA SILVA - RBG n.O 4, ano XX, pág. 429 (1958) Pãg. 2 - Julho-Setembro de 19135 REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA Ano xxvnJ JULHO-SETEMBRO DE 1965 N." 3 FISIONOMIA E ESTRUTURA DO RIO DE JANEIRO MARIA THEREZINHA DE SEGADAS SOARES Da Faculdade Nacional de Filosofia elo. Universidad·e do Brasil O extraordinário ritmo de crescimento das cidades, característico dêste século, tornou necessária a existência de uma orientação racio nal do desenvolvimento u~bano. A concentração das populações em grandes cidades e os complexos problemas decorrentes,. exigem que a evolução urbana seja planejada e dirigida. Para que o urbanismo seja uma disciplina criadora é necessário, no entanto, que as soluções técnicas e estéticas resultem de um conhe cimento aprofundado do fato concreto que é a paisagem urbana. Êsse conhecimento pressupõe uma convergência de dados recolhidos por dis ciplinas diferentes como a sociologia, a história, a economia, a estatís• tica e outras. Ao geógrafo cabe, utilizando os mais diversos dados, "des crever e explicar, no mesmo tempo, a paisagem urbana e sua estrutura" oferecendo, assim, aos urbanistas uma visão de conjunto real e dinâmica da cidade. I - A FISIONOMIA URBANA A fisionomia urbana reflete o passado da cidade, seu conteúdo atual e seus problemas, e o aspecto e o entrelaçamento das construções, ruas e espaços livres vão dar a cada cidade uma fisionomia própria. Dentro da cidade, é ainda a fisionomia urbana que vai permitir a identificação dessas frações da urbs que são as zonas ou unidades urbanas. Quanto maior e mais antiga e quanto mais complexas as funções que a cidade exerce no quadro regional, mais variado o seu conteúdo e mais heterogênea a sua fisionomia. A paisagem urbana atual da cidade do Rio de Janeiro resulta da maneira pela qual se v,presentam na cidade vários elementos como o estilo arquitetônico e a idade das construções, a influência da topo grafia, a intensidade da ocupação do solo e o reflexo das funções ur banas sôbre a paisagem. Pág. 3 - Julha-Setembro de 1965 330 REVISTA BRASILEIRA DE GEOGEtAFIA A marca do tempo na paisagem A variação do estilo arquitetônico nas diversas frações da cidade reflete uma longa evolução no qual cada etapa do crescimento ficou gravada na paisagem. A cidade do Rio de Janeiro que já alcançou a categoria de metró• pole no plano mundial, é uma das mais antigas cidades do Nôvo Mundo. Sua evolução data de quatro séculos, durante os quais cada etapa de sua história, cada fase de seu crescimento, cada função exercida ficou gravada na fisionomia urbana. Fortaleza, pôrto importante e capital do período colonial, po!ta aberta de um produtivo e populoso hinter iland, movimentado empório comercial e sede da côrte na época impe -rial, metrópole de múltiplas funções da era republicana, o Rio, com seus 400 anos de vida urbana, é uma cidade em que o passado deixou marcas profundas na fisionomia urbana. Velhas construções, numerosas e belas igrejas, o aqueduto, os ele gantes chafarizes e bicas, as vielas de certas áreas, com seus nomes pitorescos, o traçado e a estreiteza das ruas da parte velha do Centro, lembram o Rio colonial e são a delícia do carioca que conhece bem sua cidade. (Fig. 1) A grande expansão do Rio imperial é atestada pelos casarões que ainda se encontram nos bairros de São Cristóvão, Tijuca, Santa Tereza, Catete, Laranjeiras, Botafogo, Gávea e pelos numerosos sobrados do Centro e de algumas dessas áreas, alguns ainda com seus belos beirais de louça portuguêsa azul e branca, característicos da primeira metade do século XII. Essa expansão foi, sobretudo, fruto de nôvo meio de transporte da época, - o bonde - "o grande instrumento, agente incomparável do seu progresso material. Foi êle que dilatou a zona urbana, que arejou a cidade, desaglomerando a população, que tornou possível a moradia fora da região central". Finalmente, o Rio republicano, com o progresso acelerado dos meios de transporte, acabou por encher a grande planície tijucana, desen volveu-se ao longo das ferrovias suburbanas e buscou, ainda, a orla oceânica. "A cidade perdeu, então, aquela semi-uniformidade resultante de uma estrutura econômica e social mais simples e de técnicas de cons trução mais primtivas. A técnica tradicional do artesanato nas cons truções, foi substituída pela técnica da produção industrializada, pro vocando mudanças substanciais na arquitetura, utilizando novos materiais de construção e novos processos, como a técnica americana do arcabouço de aço e o concreto armado". (Fig. 2) Palacetes, vilinos, bangalôs e vilas marcam uma etapa da expansão da cidade nos primeiros 40 anos do século XX, enquanto as residências modernas, edifícios de apartamento, favelas e o casario uniforme dos incontáveis loteamentos suburbanos revelam uma etapa recente do Pág. 4 - Julho-Setembro de 1965 FISIONOMIA E ESTRUTURA DO RIO DE JANEIRO 331 Fig. 1 - O Beco do Bragança, transversal à rua Primeiro de Março, é uma dessas, pitorescas vielas do centro da cidade, que testemunham uma fase antiga da evolução urbana do Rio. Seus arcos para lampeões, unindo os velhos sobrados, a estreiteza da rua lembra o Rio colonial e imperial. No funiio, um arranha-céu assinala a renovação dessa área que á a mais velha da cidade. Foto CNG crescimento da cidade, ligada à aceleração do desenvolvimento do par que industrial carioca, a partir da última guerra, e conseqüente cres- cimento populacional. Dessa longa evolução, surgiu uma cidade profundamente hetero gênea em que "as diferenças de um trecho para outro são gritantes" e onde, muitas vêzes, o estilo arquitetônico que predominou na época de sua instalação é o único elemento de individualização de um bairro. Um espaço urbano fragmentado Ao lado dessa heterogeneidade arquitetônica, há um segundo ele mento que vai pesar na caracterização da paisagem urbana carioca. Pág. 5 - Julho--Setembro de 1965 REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA É a influência da topografia da cidade na interpenetração dos espaços livres e construídos, na disposição dos traçados das ruas e na locali zação e técnica das construções. Fig. 2 - O Rio do fim do século XIX. Fato Esso E através dêsses três aspectos que se evidencia a maneira pela qiu.tl o homem procurou resolver o problema maior dessa grande me ttópole, o problema do sítio, sôbre o qual a cidade se instalou e se expandiu.