Crítica De Cinema Na África
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CINEMAS AFRICANOS CONTEMPORÂNEOS Abordagens Críticas SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL Abram Szajman DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL Danilo Santos de Miranda SUPERINTENDENTES Técnico-Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Giannini Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de Planejamento Sérgio José Battistelli GERENTES Ação Cultural Rosana Paulo da Cunha Estudos e Desenvolvimento Marta Raquel Colabone Assessoria de Relações Internacionais Aurea Leszczynski Vieira Gonçalves Artes Gráficas Hélcio Magalhães Difusão e Promoção Marcos Ribeiro de Carvalho Digital Fernando Amodeo Tuacek CineSesc Gilson Packer CINE ÁFRICA 2020 Equipe Sesc Cecília de Nichile, Cesar Albornoz, Érica Georgino, Fernando Hugo da Cruz Fialho, Gabriella Rocha, Graziela Marcheti, Heloisa Pisani, Humberto Motta, João Cotrim, Karina Camargo Leal Musumeci, Kelly Adriano de Oliveira, Ricardo Tacioli, Rodrigo Gerace, Simone Yunes Curadoria e direção de produção e comunicação: Ana Camila Esteves Assistente de produção: Edmilia Barros Produção técnica: Daniel Petry Identidade visual, projeto gráfico e capa: Jéssica Patrícia Soares Assessoria de imprensa: Isidoro Guggiana Traduções e legendas: Casarini Produções Revisão: Ana Camila Esteves e Jusciele Oliveira CINEMAS AFRICANOS CONTEMPORÂNEOS Abordagens Críticas Ana Camila Esteves Jusciele Oliveira (Orgs.) São Paulo, Sesc 2020 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C4909 Cinemas africanos contemporâneos: abordagens críticas / Ana Camila Esteves; Jusciele Oliveira (orgs.). – São Paulo: Sesc, 2020. – 1 ebook; xx Kb; e-PUB. il. – Bibliografia ISBN: 978-65-89239-00-0 1. Cinema africano. 2. Cine África. 3. Crítica. 4. Mostra de filmes. 5. Mostra virtual de filmes. 6. Publicações sobre cinema africano no Brasil e no mundo. I. Título. II. Sesc São Paulo. III. Cinemas Africanos: trajetórias e perspectivas. IV. Sesc Digital. V. Esteves, Ana Camila. VI. Oliveira, Jusciele. CDD 791.4960 E-book com disponibilização gratuita para fins de mediação do Cine África, mostra de filmes exibida de Setembro a Dezembro de 2020 no Sesc Digital. MOSTRA COMO ALAVANCA DANILO SANTOS DE MIRANDA DIRETOR DO SESC SÃO PAULO A realização de mostras de cinema pressupõe, como condição de sua abrangência, a articulação de programas públicos ao seu tronco principal de exibições. Os filmes aí veiculados podem ser fruídos em outras camadas quando associados a sessões comentadas, ciclos de conferências, cursos e materiais de mediação. Tal dimensão discursiva, desde que não se proponha a explicar e, assim, limitar os sentidos das obras cinematográficas, concorre para a complexificação de sua recepção, uma vez que elas correspondem a enlaces de diversos vetores, incluindo seus aspectos linguísticos, culturais, políticos, históricos e econômicos. Cine África, iniciativa da Mostra de Cinemas Africanos que conta com realização do Sesc São Paulo, representa exemplo dos esforços de fazer do formato mostra uma oportunidade não somente de gerar visibilidade para repertórios fílmicos produzidos fora dos centros hegemônicos, o que já seria um feito e tanto, mas também de alavancar reflexões acerca da atualidade dos cinemas africanos. Adaptada para o ambiente virtual em função das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, a edição deste ano contou com títulos de Burkina Faso, Camarões, Egito, Etiópia, Nigéria, Quênia, Senegal, Sudão, Ruanda, República Democrática do Congo e Marrocos, perfazendo um significativo panorama do cinema desenvolvido no continente e para além dele – haja vista a diáspora. Ao permear as exibições com diferentes atividades discursivas, como no caso do curso “Cinemas Africanos: trajetórias e perspectivas”, a mostra Cine África desdobra suas discussões no presente livro eletrônico. Com contribuições analíticas e informativas relacionadas aos filmes veiculados na plataforma Sesc Digital, assim como às problemáticas envolvidas na criação e viabilização cinematográficas nos contextos africanos, esta publicação fomenta louvável fortuna crítica em torno da cena audiovisual de um continente que, espoliado de modo sistemático nos últimos séculos, enfrenta grandes desafios para a consolidação de suas indústrias do imaginário, tal como o cinema. Para o Sesc, cuja ação institucional se pauta pela justiça social e pela democracia cultural, colaborar com os processos de visibilização, mediação e análise dos cinemas produzidos recentemente na África, tanto continental como diaspórica, corresponde a implicar-se nas inadiáveis medidas de reparação histórica. PREFÁCIO PENSANDO AS IMAGENS E SONS DA ÁFRICA HOJE GABRIELA ALMEIDA Por muito tempo ignoradas fora dos circuitos cinéfilos e acadêmicos nacionais, as cinematografias africanas vêm ganhando maior circulação no Brasil com a presença de filmes nos acervos de serviços de streaming, a distribuição comercial de títulos em salas de cinema - ainda tímida, porém já mais numerosa do que no passado - e também com mostras, festivais e cineclubes que atingem públicos não especializados no contexto de um crescente interesse no país pela história e pela produção simbólica oriunda da África. Nesse segundo caso, um interesse não apenas factual, mas também estético, que encontra eco em várias linguagens artísticas: é fato que vem se tornando mais fácil acessar as artes africanas contemporâneas nos últimos anos, vide a quantidade de livros de autores e autoras do continente lançados ou as grandes exposições de artes visuais que têm sido realizadas, para citar apenas alguns exemplos. Uma das mais importantes iniciativas recentes de incentivo à divulgação dos cinemas africanos contemporâneos no Brasil tem sido a realização da Mostra de Cinemas Africanos e, em 2020 com o cenário da pandemia de Covid-19, o seu projeto de cineclube Cine África. Voltados não apenas à exibição, mas também à discussão dos cinemas contemporâneos produzidos por cineastas africanos(as) e afrodiaspóricos(as), os eventos possuem importante caráter formativo, com a promoção de cursos, debates, encontros com realizadores(as) e com pesquisadores(as), publicação de catálogos e agora também com o lançamento desse livro. Se a crise sanitária produziu alterações profundas em todos os âmbitos da experiência humana, inclusive na circulação e no consumo de filmes, a realização de eventos online, como mostras, festivais e cineclubes, também possibilitou a um contingente maior e mais diverso de pessoas a oportunidade de acessar obras que talvez não chegassem nelas de outras formas. No caso das cinematografias africanas e afrodiaspóricas, a ampliação dos repertórios de imagens, sons e saberes sobre o continente é de imensa riqueza para o Brasil, um país que há tantos séculos mantém uma orientação social, política e estética bastante eurocêntrica, ainda que guarde na relação com a África uma das dimensões mais importantes de sua história e do seu presente. Além de contribuir para que possamos olhar e pensar na África para além dos estereótipos cinematográficos amplamente cristalizados, as imagens e sons que agora podemos acessar em função da ampliação da circulação dos filmes também nos colocam diante do desafio de pensar as políticas de representação reenquadrando ou mesmo refazendo perguntas, orientados por uma ética outra que não a de certa exigência de uma “obrigação do autêntico”, baseada em projeções sobre um lugar desconhecido para a maioria e com o qual temos contato, via de regra, apenas por meio de mediações simbólicas produzidas em contextos hegemônicos. A publicação dessa obra, organizada por Ana Camila Esteves e Jusciele Oliveira, é bastante oportuna por diversas razões. Trata-se da primeira coletânea brasileira dedicada aos cinemas africanos contemporâneos. Estão reunidos aqui textos de naturezas diversas e autorias múltiplas: os artigos acadêmicos, as críticas de filmes e as entrevistas com programadores(as) de festivais compõem um mosaico de dezenas de vozes de 15 diferentes países que iluminam tanto aspectos da economia política do audiovisual produzido na África quanto elementos temáticos, estéticos e narrativos dos filmes, a partir de discussões muito caras como o direito de se narrar, as questões linguísticas, a condição das mulheres, os deslocamentos físicos e identitários de realizadores(as) em situação de mobilidade/migração, os aspectos mercadológicos que envolvem a produção e circulação dos filmes, a espectatorialidade e a crítica cinematográfica africana, para mencionar alguns. O que esse livro proporciona, então, é uma rara oportunidade de contato, em língua portuguesa e numa publicação gratuita e amplamente disponível, com parte da extensa fortuna crítica que tem sido constituída em torno dos cinemas africanos por pesquisadores(as) e críticos(as) brasileiros e estrangeiros como um complemento fundamental à própria circulação dos filmes. Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo (PPGCOM) da ESPM-SP, onde lidera o grupo de pesquisa Sense - Comunicação, consumo, imagem e experiência. Autora do livro O ensaio fílmico ou o cinema à deriva (Alameda, 2018) e co-organizadora da coletânea Comunicação, Estética e Política: epistemologias, problemas e pesquisas (Appris, 2020). Membro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) desde 2009 e integrante da diretoria da entidade na gestão 2019-2021. Produtora e curadora do Seminário Pensar a Imagem, no festival Cine Esquema Novo, em Porto Alegre. SUMÁRIO 11 INTRODUÇÃO Por uma ampliação do campo de estudos em