Psd-1945-1965)

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Psd-1945-1965) PARTIDO SOCIAL DEMOCRATICO (PSD-1945-1965) Partido político de âmbito nacional fundado em 17 de julho de 1945 pelos interventores nomeados por Getúlio Vargas durante o Estado Novo. Participou da maioria das eleições (proporcionais e majoritárias) realizadas no Brasil entre 1945 e 1965. Na política nacional seu aliado mais constante foi o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), embora tenha realizado inúmeras alianças também com a União Democrática Nacional (UDN), considerada sua tradicional “adversária”. Majoritário na Câmara dos Deputados durante toda a sua história, o PSD elegeu dois presidentes da República (1945 e 1955), contribuiu decisivamente para a eleição de Getúlio Vargas em 1950, conquistou vários governos estaduais e integrou praticamente todos os ministérios do período. Como os demais partidos políticos em funcionamento no país, foi extinto em 27 de outubro de 1965, pelo Ato Institucional nº 2. Origens e fundação Desde o ano de 1943 os primeiros sinais de exaustão do Estado Novo vinham apontando a redemocratização como saída para o regime autoritário. A partir da primeira manifestação ostensiva de oposição ao regime, traduzida na publicação do Manifesto dos mineiros, e dos sinais evidentes de que a guerra mundial resultaria em vitória dos Aliados e das democracias, o presidente Getúlio Vargas iniciou conversações com os interventores sobre a necessidade da aglutinação das forças que apoiavam o governo. Assim, já em fins de 1944 passaram a se reunir no Rio de Janeiro, no apartamento do interventor Benedito Valadares (MG), os interventores Ernâni Amaral Peixoto (RJ), Fernando Costa (SP), Agamenon Magalhães (PE), Valadares e o prefeito do Distrito Federal, Henrique Dodsworth. Nas primeiras reuniões, os participantes se dividiram: enquanto Amaral Peixoto, Agamenon e Dodsworth eram favoráveis a partidos nacionais, Fernando Costa e Valadares defendiam a constituição de partidos regionais. Consultado, o presidente da República deu apoio à tese dos partidos nacionais. Em seguida, levado por Agamenon Magalhães, Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho recolheu as idéias do grupo sobre a organização e os fundamentos do partido a ser criado e redigiu o primeiro programa do Partido Social Democrático (PSD). Ainda como produto dessas reuniões saíram alguns esboços de lei eleitoral e propostas para a realização de eleições. A entrevista de José Américo de Almeida ao Correio da Manhã em 22 de fevereiro de 1945, rompendo a censura à imprensa, e o lançamento do brigadeiro Eduardo Gomes como candidato à presidência da República, numa segunda entrevista do mesmo José Américo a O Globo, apressaram a finalização do projeto do governo. Em 28 de fevereiro foi assinada a Lei Constitucional nº 9 chamada pela imprensa de Ato Adicional prevendo eleições gerais. Em 3 de março Agamenon Magalhães tomou posse no Ministério da Justiça para “coordenar a normalização política do país”. Para responder à oposição, que já tinha candidato à presidência da República, Valadares foi incumbido pelo presidente Vargas de lançar oficialmente a candidatura do ministro da Guerra, general Eurico Gaspar Dutra. Valadares fez o lançamento em São Paulo em 13 de março e em Belo Horizonte 14 dias depois. Nos estados, o PSD começou a ser organizado sob a liderança dos interventores, reunindo prefeitos (todos nomeados pelos interventores), membros da administração estadual e outras forças que apoiavam o governo, como proprietários rurais, industriais, comerciantes, funcionários públicos etc. Em muitos estados, o que decidiu a adesão ou não ao PSD foi a questão regional. Políticos que apoiavam o presidente Vargas mas dissentiam do interventor ficaram na oposição. Antigas desavenças que remontavam à República Velha também influíram na formação do novo partido. Entretanto, uma vez mais a oposição tomou a dianteira. Em 7 de abril foi oficialmente fundada a União Democrática Nacional (UDN), reunindo todos aqueles que se opunham ao Estado Novo. O governo, por sua vez, avançava seu projeto político. Em 18 de abril era assinado o Decreto-Lei nº 7.474, que concedia a anistia política, e em 28 de maio o Decreto-Lei nº 7.586, regulamentando a criação de partidos políticos de âmbito nacional e as eleições: número mínimo de dez mil assinaturas para o registro dos partidos, obrigatoriedade de inscrição dos candidatos no partido até 15 dias antes das eleições, voto secreto e obrigatório, sufrágio universal, prazo de 90 dias para desincompatibilização, eleições presidenciais e parlamentares marcadas para 2 de dezembro de 1945 e estaduais para 6 de maio de 1946. O PSD, que se organizava nos estados e municípios, só realizaria sua convenção nacional em 17 de julho, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Aí foram lançadas as bases nacionais do partido e homologada a candidatura do general Dutra à presidência da República. Formavam a primeira comissão diretora Getúlio Vargas (presidente), Benedito Valadares (primeiro-vice-presidente) e Fernando Costa (segundo-vice- presidente). O primeiro diretório nacional ficou assim composto: Benedito Valadares (MG), Fernando Costa (SP), Agamenon Magalhães (PE), Ernâni Amaral Peixoto (RJ), Renato Onofre Pinto Aleixo (BA), Ismar de Góis Monteiro (AL), Álvaro Maia (AM) e Henrique Dodsworth (DF). O recrudescimento da campanha popular pela permanência de Getúlio Vargas no governo (“Queremos Getúlio” e “Constituinte com Getúlio”) aumentava as suspeitas da oposição civil e militar de que Vargas pretendia continuar no poder, e a conspiração contra ele começou a se avolumar. A nomeação de Benjamim Vargas, irmão do presidente, para chefe de polícia do Distrito Federal foi considerada pelos generais um sinal evidente de que estava em marcha uma manobra continuísta. Vargas foi deposto em 29 de outubro de 1945, e José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal, assumiu a presidência da República. Nos estados, os interventores, em sua grande maioria, foram substituídos por elementos do Poder Judiciário. Após a queda de Getúlio, o PSD reforçou seus preparativos para concorrer às eleições de 2 de dezembro. Em 5 de novembro o diretório nacional realizou reunião com os interventores depostos, que decidiram manter o apoio à candidatura Dutra. Em 25 de novembro, instado por seus correligionários, Vargas acabou por enviar do Rio Grande do Sul um manifesto a seus seguidores, pedindo que votassem em Dutra. Dessa forma, apoiado pelo presidente deposto e firmemente sustentado pela sólida estrutura do PSD, que estava organizado em todos os municípios do Brasil, Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente da República com 55% da votação. Além do presidente, o PSD obteve ainda maioria absoluta na Assembléia Nacional Constituinte, elegendo 151 deputados em 286 e 26 senadores em 42. O governo Dutra 1946-1951 Amplamente vitorioso nas eleições de 1945, o PSD confirmou sua posição de principal suporte do governo, fornecendo dez ministros durante todo o período Dutra: Justiça — Carlos Luz (31/1 a 2/10/1946), Benedito Costa Neto (2/10/1946 a 7/11/1947), Adroaldo Mesquita da Costa (7/11/1947 a 1/4/1950) e José Francisco Bias Fortes (1/4/1950 a 31/1/1951); Relações Exteriores — João Neves da Fontoura (31/1 a 24/7/1946): Fazenda — Gastão Vidigal (1/2 a 15/10/1946); Viação e Obras Públicas — Edmundo de Macedo Soares e Silva (1/2 a 16/10/1946), Clóvis Pestana (25/10/1946 a 30/3/1950); Educação e Saúde — Pedro Calmon (4/8/1950 a 31/1/1951); Trabalho, Indústria e Comércio — Honório Fernandes Monteiro (20/10/1948 a 29/6/1950). Apoiado em confortável maioria parlamentar, o PSD elegeu o presidente da Assembléia Nacional Constituinte, o senador Fernando Melo Viana (MG). Nereu Ramos (SC), escolhido líder da maioria, foi eleito presidente da Comissão Constitucional, integrada por representantes de todos os partidos e encarregada de elaborar o projeto de Constituição e apreciar as emendas apresentadas. A participação do partido nos trabalhos da Constituinte foi bastante intensa no capítulo da ordem econômica e social, incluindo tópicos como a participação dos empregados nos lucros das empresas, a intervenção do Estado para coibir abusos do poder econômico, o direito de greve, a confirmação da legislação trabalhista etc. Além disso, o PSD apoiou firmemente a sugestão de Dutra no sentido de reduzir o mandato do presidente da República, inicialmente fixado em seis anos e finalmente reduzido para cinco pela Constituição promulgada em 18 de setembro de 1946. No dia seguinte, Nereu Ramos foi eleito vice-presidente da República pelo Congresso Nacional, obtendo 178 votos contra 139 dados a José Américo de Almeida, da UDN da Paraíba. Nas eleições de 19 de janeiro de 1947 o PSD solidificou ainda mais sua posição. Nas eleições complementares para a Câmara e o Senado o partido fez dez deputados, três em coligação com o Partido Republicano (PR), num total de 19 vagas, além de 14 senadores em 21. Completava-se assim o número de três senadores por estado, determinado pela nova Constituição. Para os governos estaduais, o partido elegeu 11 governadores: Alagoas — Silvestre Péricles de Góis Monteiro; Mato Grosso — Arnaldo Figueiredo; Pará — Luís e Moura Carvalho; Paraná — Moisés Lupion; Pernambuco — Barbosa Lima Sobrinho; Rio Grande do Norte — José Augusto Varela; Rio Grande do Sul — Válter Jobim; Espírito Santo — Carlos Fernando Lindenberg (PSD-UDN); Santa Catarina — Aderbal Ramos da Silva (PSD-PTB); Sergipe — José Rolemberg Leite (PSD-PTB-PR); e Rio de Janeiro — Edmundo de Macedo Soares e Silva (PSD-PTB-UDN). Além disso, o PSD coligou-se com a UDN e com o Partido de Representação Popular (PRP) para eleger o governador da Bahia, o udenista Otávio Mangabeira. No entanto, nessas mesmas eleições defrontaram-se pela primeira vez duas facções em que se havia dividido o partido logo após o início do governo Dutra: os dutristas e os getulistas. No Maranhão, Vitorino Freire, dutrista, entrou em choque com o presidente do diretório regional, Clodomir Cardoso, e fundou um partido especialmente para disputar as eleições estaduais: o Partido Proletário Brasileiro (PPB). Grande parte do PSD o acompanhou, e o PPB elegeu o governador, Sebastião Archer da Silva, o senador, o próprio Vitorino, e 19 deputados estaduais, num total de 36 contra apenas quatro eleitos pela legenda do PSD.
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