“Artigas, La Redota” Conquistou Gramado
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# 6 – agosto 2012 Boca no trombone “Artigas, La Redota” conquistou Gramado E como é tradição, houve espaço para as homenagens. Arnaldo Jabor (Troféu Eduardo Abelin), Betty Faria (Troféu Oscarito), Eva Wilma (Troféu Cidade de Gramado) e o argentino Juan José Campanella (Kikito de Cristal) foram reverenciados por suas carreiras e intensas contribuições para o cinema nacional e latino. A segunda noite do Festival abriu a mostra competitiva de longas-metragens estrangeiros com “Artigas, La Redota”, último filme de César Charlone (fotos), que inicia em 1884, quando o famoso pintor uruguaio Juan o 40º Festival de Cinema de Gramado Manuel Blanes é encarregado pelo ditador do houve poucas celebridades na cidade; Uruguai de retratar José Artigas, o lendário falou-se mais de cinema que dos libertador do Uruguai que, mesmo acuado N por todos os lados, lidera um exército popular desfiles sobre o tapete vermelho. É que o festival brasileiro que se realiza organizado no interior do país. Para realizar a ininterruptamente há mais tempo sofreu uma tarefa, Blanes dispõe de um esboço realizado intervenção federal, que bloqueou as contas em 1811 por Guzmán Larra, espião espanhol do evento a fim de regularizar as dívidas da que 70 anos antes havia sido contratado edição anterior, e teve que ser organizado para assassinar Artigas. Na época, Larra com muita austeridade. seguiu os passos de Artigas até o acampamento em Ayuí e vivenciou os anseios Com pouco mais de três meses para de seus 8 mil seguidores. Quando os selecionar os filmes e um orçamento destinos isolados desses três homens se reduzido, a tradicional mostra de cinema cruzam, nasce um novo sentido para cada brasileiro e latino-americano, no entanto, um deles e para seu povo. contornou essas adversidades e provou ser um quarentão em excelente forma e em A coprodução entre Uruguai e Brasil levou ao sintonia com a melhor produção atual, Palácio dos Festivais o diretor e a equipe do apresentando uma parcela representativa da longa. “Sou cidadão uruguaio, mas aprendi recente produção brasileira e internacional, cinema aqui no Brasil. Então, é bonito estar reunindo profissionais de cinema e aqui em Gramado (veja JornalDaCasa #3) e promovendo encontros, seminários, painéis e nesse estado que é o mais latino-americano lançamentos de publicações. do Brasil”, disse Charlone, quem também participou da mesa de debates e Contudo, foram quatro mostras competitivas: comentou sua vontade de fazer um filme longa-metragem brasileiro, com 8 filmes diferente e polêmico: “Independente da concorrentes; longa-metragem estrangeiro, abordagem, o próprio Artigas seria alvo de com 5 concorrentes; curta-metragem polêmicas. Ele por si só já divide a opinião de brasileiro, com 14 concorrentes; e curta- historiadores, que o definem em extremos de metragem gaúcho, com 21 concorrentes. libertador a uma mentira.” JornalDaCasa é uma publicação de CasaDoBrasil. www.casadobrasil.com.uy Editor: Leonardo Moreira. Mail: [email protected] # 6 – agosto 2012 Charlone revelou que pensou mais na parte cinematográfica do longa, enquanto oito historiadores eram responsáveis pelo retrato do libertador Artigas. Com o intuito de provocar, ele não permitiu a presença da imprensa nas filmagens, contratou um ator polêmico para o papel principal e tomou algumas liberdades históricas. “Pensei em abraçar o tom provocativo desde o início, e ainda me perguntei: por que não me divertir com Artigas?”. Além disso, o diretor de “O banheiro do Na cerimônia de premiação, que ocorreu o Papa”, já multipremiado em Gramado na dia 18 de agosto, a distribuição dos Kikitos e edição do 2007, ainda falou sobre a prêmios acabou refletindo a opinião geral de importância da arte em seu filme, que está quem acompanhou a mostra, que celebrou representada pela figura verídica do pintor um raro casamento entre os gostos do Juan Manuel Blanes: “O legado de um país é público, da crítica e do júri oficial. a arte. E eu também queria que o Uruguai fosse lembrado por um artista”. Assumindo a Dos longas brasileiros, “Colegas”, de Marcelo provocação, a inventividade e o humanismo Galvão, foi escolhido como melhor filme pelo com que mostrou Artigas, Charlone justificou: júri oficial, enquanto “O som ao redor”, “Maduro é aquele povo que reconhece os obteve os prêmios da crítica e do júri popular, heróis de sua história e assume que eles e seu diretor, Kleber Mendonça Filho, o de erraram”. melhor direção. O resultado? Só no Uruguai “Artigas, La Entre os longas latino-americanos, “Artigas. Redota” foi um grande sucesso de bilheteria, La Redota” faturou duas das três menções com mais de 45.000 ingressos vendidos, especiais (à direção de arte -Daniel sendo inclusive exibido ao ar livre pelo Fernández e Mariana Pereira- e à trilha interior do país para mais de 25.000 sonora -Luciano Supervielle-), além de pessoas, enquanto outras 12.000 adquiriram abocanhar cinco dos sete Kikitos: melhor ator o dvd. (Jorge Esmoris), melhor direção (César Charlone) e melhor filme segundo o júri oficial, a crítica e o júri popular. Navegar é preciso Surfando Um filme inédito de Cacá Diegues Tributo a Caetano http://glo.bo/OszXu6 http://bit.ly/OVHD6q O melhor de Ilhéus, Salvador e Mangue Seco No 1º semestre, permissão de trabalho a segundo Jorge Amado estrangeiros sobe 24% http://bit.ly/TbnkGN http://glo.bo/PTmy26 Moedas comemorativas em homenagem à Quem são e por que brigam os editores da entrega da Bandeira Olímpica ao Brasil Wikipédia em português http://bit.ly/Nj9qh2 http://bit.ly/Oe8v5t # 6 – agosto 2012 Conversafiada Carolina Suarez: (não) só danço samba - Conta alguma anedota das aulas de dança da CasaDoBrasil. - Lembro que na primeira aula estávamos dançando Axé, que é um ritmo muito alegre e dinâmico. Então vi uma senhora que não acompanhava tanto esse ritmo e fiquei mais perto dela, tentando contagiá-la desse espírito que tem o Axé, até que ela começou a dançar como os outros, muito animada. Quando a aula acabou, num momento ela ajeitou a sua roupa e aí vi que tinha sido operada há poucos dias. Eu não acreditava! Ainda tinha os pontos da cirurgia. Coitada dessa mulher! - Que lugares você mais gosta do Brasil? - Olha, pode soar esquisito, mas sabe que ainda não conheço o Brasil? Acontece que izer que é uma rainha, não é (só) uma durante o ano eu tenho o trabalho, a cantada. É real. Com vocês, Carolina: faculdade e várias atividades. Quando chega D montevideana, 22 anos e professora o verão, começam os ensaios de Carnaval e de dança de CasaDoBrasil. eu não posso abrir mão. Mas acho que é só uma questão de tempo. Eu sei que o - Desde quando você dança? momento vai chegar e vou adorar descobrir o - Com 11 anos já tinha a certeza que queria Brasil. ser uma passista, mas gosto de dança desde que eu tenho uso de razão. Comecei no - Imagino… a Rainha não pode se afastar do querido Carnaval de las Promesas em 2002 seu reinado, né? e, claro, não podia ser noutra que numa - Óbvio. (risos) Em 2010 cheguei a ser escola de samba! Dancei no plantel de mirins escolhida Primeira Vice Rainha de Escolas de até 2005, ano em que passei para uma Samba de Montevidéu. No ano passado voltei escola de adultos, o que foi uma grande a minha querida escola de samba e pela mudança. Ao princípio integrava a Comissão segunda vez fui eleita como Rainha da de Frente, mas quando me dei conta já Bateria. Ainda este ano voltei pela “revanche” estava sendo passista. Em 2007 desfilei do reinado e, mais uma vez, acabei coroada como Rainha da Bateria e nos dois anos como Rainha de Escolas de Samba, o que é seguintes continuei como passista. um orgulho enorme pra mim. Realmente, ser uma Rainha é uma grande responsabilidade, - Para quem quer aprender a dançar, quais mas também tem sido de muita ajuda para são os ritmos que você acha de menor mim, me permitiu viver coisas maravilhosas. dificuldade? Dizer o que? Sou feliz. - Pessoalmente adoro dançar o Axé, o Pagode, o Funk, o Samba-enredo… Ritmos fáceis de aprender são o Samba no Pé e o Para o Curso de Dança, todos podem Forró. Entre os mais complexos colocaria o inscrever-se qualquer dia do ano. As aulas Samba de Gafieira e a Lambada, mas são são nos dias sábado, das 13 às 14 horas na danças muito gostosas de dançar e olhar. CasaDoBrasil. Por mais informação, ligue para o telefone 2706.6738. # 6 – agosto 2012 Ao pé da letra Domingo no parque ara o III Festival da TV Record, em Juliana na roda com João 1967, Gilberto Gil queria montar algo Uma rosa e um sorvete na mão diferente, partindo de elementos Juliana, seu sonho, uma ilusão P Juliana e o amigo João regionais, baianos. "Daí a idéia de usar um O espinho da rosa feriu Zé toque de berimbau, de roda de capoeira, E o sorvete gelou seu coração como numa cantiga folclórica”, conta Gil. “Com a caracterização do capoeirista e do O sorvete e a rosa - ô, José feirante como personagens, eu já tinha os A rosa e o sorvete - ô, José elementos nítidos para começar a criação da Oi, dançando no peito - ô, José história", que descreve o drama passional de Do José brincalhão - ô, José O sorvete e a rosa - ô, José três personagens: o feirante José, o operário A rosa e o sorvete - ô, José João e a mulher Juliana, objeto de disputa Oi, girando na mente - ô, José entre os dois. Em ritmo de baião, a canção Do José brincalhão - ô, José focaliza a presença do trio no parque, desde Juliana girando - oi, girando o instante em que José avista Juliana com Oi, na roda gigante - oi, girando João, na roda gigante, até o desfecho trágico Oi, na roda gigante - oi, girando do encontro, momentos depois.