1 O Advento Da Insurgência Em Angola

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1 O Advento Da Insurgência Em Angola O ADVENT O DA INSURGÊNCIA EM A NG O LA 1 O ADVENTO DA INSURGÊNCIA EM ANGOLA Os primeiros sinais notórios de protesto anticolonialista em Angola deram-se no final da década de 1940, quando alguns mes- tiços da grande urbe de Luanda começaram a incentivar a popu- lação angolana a lutar pela sua autodeterminação. Nessa mesma altura deu-se a fundação do Partido Comunista Angolano, com o alegado apoio doutrinal e financeiro do Partido Comunista Portu- guês, que criou imediatamente uma forte postura anticolonialista e uma organização celular a operar na base da clandestinidade. Mais tarde, em 1960, ocorreram algumas demonstrações e protestos em Luanda, e também noutras partes do país, alegadamente motivadas pela escassez de emprego para os 4,7 milhões de habitantes ango- lanos não brancos. O movimento migratório de portugueses para Angola começa a ter alguma expressão a partir de 1482, atingindo um valor de três mil registados em 1870. Após a Segunda Guerra Mundial, a popu- lação branca aumentou de forma considerável para valores na or- dem dos 79 000 em 1950, e dos 173 000 em 1960. O aumento de colonos portugueses durante a década de 50 (o que não foi mais do que uma estratégia de Salazar para povoar as colónias e conse- quentemente reduzir o fardo insustentável dos desempregados na Metrópole) teve um impacto tremendo no mercado de trabalho em 47 O S F LECHAS Angola. Os mestiços, que possuíam o maior nível de literacia na co- munidade africana (pelo facto de serem considerados assimilados), acabaram relegados para posições mais baixas assim que os portu- gueses começaram a ocupar os postos hierárquicos mais elevados em todos os segmentos do mercado laboral angolano. A frustração dos mestiços acabou por instigar protestos e demonstrações den- tro dos círculos urbanos, o que poderá ter sido um dos elementos promotores da criação do MPLA. Em termos políticos, operavam na clandestinidade, fundamen- talmente, três partidos com expressão, no meio de outros mais pe- quenos e sem qualquer capacidade mobilizadora. Eram eles a União dos Povos de Angola (UPA), o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a União Nacional para a Independência To- tal de Angola (UNITA). A UPA uniu-se mais tarde a um pequeno partido denominado ALIAZO e adotou, em 1962, o nome de FNLA, formando quase de imediato um governo provisório no exílio, o denominado GRAE (Governo Revolucionário de Angola no Exílio). O seu líder, Hol- den Roberto, fundador em 1954 da União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), antecessor da UPA, nasceu em 1923 na localidade de M’Banza Kongo. Com apenas dois anos, foi viver com a família para Leopoldville (agora Kinshasa), só regressando a Angola em 1951. Durante oito anos foi funcionário do Ministério das Finan- ças da Bélgica em Stanleyville (atualmente Kisangani), na Repúbli- ca Democrática do Congo. Fruto das boas ligações externas dos seus membros, mormen- te com os Estados Unidos da América, o GRAE acabou por ser reconhecido pela Organização de Unidade Africana (OUA), ante- cessora da atual União Africana (UA), no ano de 1963. O GRAE era essencialmente uma arma diplomática que, por um lado, con- dicionava fortemente a atuação do MPLA e, por outro, servia de porta-voz de Angola perante as autoridades congolesas. Em junho 48 O ADVENT O DA INSURGÊNCIA EM A NG O LA de 1962, o GRAE recebeu os seus primeiros 24 recrutas angolanos, treinados nos campos dos argelinos da Frente de Libertação Na- cional (FLN), localizados na Tunísia, o que representou o início da profissionalização da luta insurgente. A sua base de recrutamento era predominantemente a etnia bacongo, mas, a partir do verão de 1963 até 1964-65, o GRAE expandiu a atividade de recrutamento a refugiados e trabalhadores angolanos no Catanga18. A queda do primeiro-ministro congolês Moisés Tschombé e a subida ao poder do general Sese Seko Mobutu favoreceram ainda mais o GRAE. O general Mobutu apoiava Holden Roberto, mas moveu todos os esforços necessários no sentido de congregar os dois partidos, FNLA e MPLA, em torno de uma estratégia comum. Essa sua ação acabou por não ter resultados práticos. Holden Ro- berto e Agostinho Neto nunca chegaram a acordo em termos de concertação de esforços para derrubar os portugueses. Após a queda de Tschombé, a PIDE/DGS deu início ao golpe denominado «Operação Tschombé», para incitar a sucessão do Ca- tanga e, consequentemente, derrubar Mobutu do poder. Tal como reporta um responsável da PIDE/DGS ao seu diretor-geral em Lisboa, as «operações deste tipo têm de ser prudentemente deter- minadas até aos mais pequenos pormenores, para que nada falhe, nem deixe vestígios»19. Este plano secreto acabou por concretizar- -se numa tentativa de revolta contra Mobutu no dia 23 de julho de 1966, operação que tinha prevista a participação de diversos mer- cenários de múltiplas origens, conforme descreve o mesmo relató- rio da PIDE/DGS. 18 Província situada no canto sudeste da República Democrática do Congo, com uma extensão de 518 000 quilómetros quadrados e recursos naturais abundantes. Após o Con- go obter a independência da Bélgica a 30 de junho de 1960, o Catanga proclamou a sua independência do novo país, a 11 de julho de 1960. 19 IAN/TT, Arquivos da PIDE, Processo 7477-CI (2), Comando de Operações Especiais, pasta 5, «Operação BB». 49 O S F LECHAS Faziam parte do complot cerca de 300 sul-africanos liderados pelo coronel Jean Peeters, 200 franceses comandados pelo coronel Bod Denard, e cerca de 60 espanhóis. Na sequência desta operação, Mobutu corta relações com Portugal e, em simultâneo, apresenta queixa nas Nações Unidas pelo facto de Tschombé utilizar merce- nários, a partir de Angola, para atentar contra um Estado soberano. Como resultado, os congoleses que se refugiaram em Angola para combater Mobutu, os denominados «Fiéis» catangueses, seriam no futuro de extrema utilidade para ações de sabotagem na República Democrática do Congo, em retaliação pelo apoio do seu governo à UPA/FNLA. Além da desestabilização no vizinho Congo, os «Fiéis» poderiam participar em operações militares dentro e fora de An- gola, que foi o que sucedeu com resultados meritórios20. Estima-se que os «Fiéis» contassem com 16 batalhões. Eram particularmente temidos pelos guerrilheiros do MPLA, devido às suas perícias mi- litares e ao seu conhecimento do terreno e das populações. Outro partido fundamental era o MPLA, chefiado por Agosti- nho Neto, após abandono voluntário de Mário Andrade. Nascido em Angola a 17 de setembro de 1922, Agostinho Neto licenciou-se em Medicina em Lisboa, tendo dirigido as atividades políticas e de guerrilha entre 1961 e 1974, a partir de Argel, na Argélia, e Brazza- ville, na República do Congo. Agostinho Neto teve de lidar com graves conflitos internos no seio do MPLA, mormente no início dos anos 70, com o aparecimento de duas tendências contrárias quanto à direção do movimento: a revolta ativa, constituída essencialmen- te pela camada intelectual, e a revolta do Leste, encabeçada pelos guerrilheiros provenientes dessa região. A autoridade de Agostinho Neto acabou por ser reafirmada, mas os desentendimentos conti- nuaram durante os tempos. A complexa dinâmica interna do movi- 20 IAN/TT, Arquivos da PIDE, Processo 7477-CI (2), Comando de Operações Especiais, pasta 33, fl. 18. 50 O ADVENT O DA INSURGÊNCIA EM A NG O LA mento, a par da permanente interveniência de atores externos, seria uma constante numa equação com múltiplas variáveis. Por último, o terceiro partido que recorreu à luta armada con- tra os portugueses foi a UNITA. A UNITA foi fundada em mar- ço de 1966, no distrito de Moxico, por Jonas Malheiro Savimbi, dissidente da UPA/FNLA, depois de ter sido o braço-direito de Holden Roberto na pasta dos Negócios Estrangeiros. A demis- são de Savimbi aconteceu durante uma conferência da OUA no Cairo, a 16 de julho de 1964, por discordâncias com a liderança da FNLA. Savimbi era de origem ovimbundo, natural da zona de Huambo, e professava a religião protestante. Perante a persegui- ção de que estava a ser alvo por parte da PIDE/DGS, Savimbi decide refugiar-se na Suíça, onde completa os seus estudos secun- dários e inicia os estudos em Ciências Sociais e Políticas na Uni- versidade de Lausanne. Antes de aderir à UPA, Jonas Savimbi terá tido contacto com o MPLA. Após a rutura com a UPA/FNLA, Savimbi terá voltado a tentar aderir ao MPLA, nos finais de 1964 e inícios de 1965, inten- ção que não mereceu aceitação pelo partido de Agostinho Neto. Savimbi decide então estabelecer-se por conta própria conjunta- mente com alguns ex-militantes do GRAE, de origem ovimbundo, e recrutas angolanos a operar no Catanga e na Zâmbia, conduzin- do operações de guerrilha a partir do Leste angolano. Os primei- ros guerrilheiros da UNITA foram submetidos a ações de treino na China, após o que montaram operações de emboscadas às tro- pas portuguesas fazendo uso das táticas e procedimentos aprendi- dos. O acolhimento que tiveram por parte do povo não foi muito entusiástico, um pouco à imagem do apoio dado aos militantes da FNLA, pois a população já tinha sido aliciada pelo MPLA muito antes da chegada dos homens da UNITA. Em 1960, a população de Angola era constituída por 53 392 mestiços, cerca de 30 089 dos quais possuíam o estatuto de assi- 51 O S F LECHAS milados (o último número registado no Censos de 1950), e perto de 4,7 milhões de negros. Essa população negra era composta por perto de cem tribos de três grupos etnolinguísticos preeminentes: os bacongos perfaziam cerca de 13 por cento da população, po- voavam, predominantemente, o Norte de Angola e eram a base de recrutamento da FNLA; os quimbundos, cerca de 26 por cento da população, habitavam especialmente a parte ocidental-central do país e constituíam-se como a base de apoio do MPLA; e, final- mente, os ovimbundos viviam nos planaltos do sul-centro de An- gola, totalizavam 33 por cento da população e eram o universo de recrutamento da UNITA.
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