THE LAST REMAINING LIGHT:∗OSUICÍDIODE ATRAVÉS DA ÓTICA DO FAIT DIVERS

Fábio Cruz & Arthur Freire Simões Pires

Universidade Federal de Pelotas

DOI: 10.25768/20.04.01.010

Índice 1 Shadow On The Sun – Aspectos In- trodutórios...... 2 2 Hunger Strike – Apresentação dos objetos de análise...... 4 3 – Suicídio na mídia.4 4 Preaching The End Of The World – Mídia e Sensacionalismo...... 6 5 Out Of Exile – O Fait divers barthe- siano...... 7 6 Wide Awake – Análise e apresenta- ção dos resultados...... 8 7 Head Down – Considerações finais. 10 8 Songbook – Referências Bibliográ- ficas...... 10

∗Música presente no disco , homônimo à banda a qual lançou o trabalho. A tradução livre da can- c 2020, Fábio Cruz & Arthur Freire Simões Pires. ção é A Última Luz Remanecente. Sua escolha é devido a c 2020, Universidade da Beira Interior. uma homenagem ao cantor que faz parte do corpus do es- O conteúdo deste artigo está protegido por Lei. Qualquer tudo. Ou seja, seu uso tem cunho metafórico, como a “luz forma de reprodução, distribuição, comunicação pública do fim do túnel”, especialmente devido a outra temática ou transformação da totalidade ou de parte desta obra ca- trabalhada no corpus, o suicídio. O refrão da obra signi- rece de expressa autorização do editor e do(s) seu(s) au- fica (tradução livre): “se você não acredita que o Sol vai tor(es). O artigo, bem como a autorização de publicação se levantar, fique sozinho e cumprimente a noite que vem, das imagens, são da exclusiva responsabilidade do(s) au- na última luz remanescente”. tor(es). Fábio Cruz & Arthur Freire Simões Pires

1 Shadow On The Sun2 – Aspectos Assim que a conversa se encerrou, Vicky Introdutórios entrou em contato com o segurança particular de Cornell, Martin Kirsten, e relatou suas sus- madrugada entre os dias 17 e 18 maio de peitas. Com isso, o funcionário foi ao quarto A 2017 foi marcada por uma notícia que do cantor e – sem sucesso – não conseguiu res- trouxe o luto sobre os fãs de um dos músicos posta alguma. O guarda-costas arrombou duas considerados mais importantes para o movi- portas, a do apartamento em que o rockstar es- mento Grunge3. Noticiava-se a morte de Ch- 4 tava hospedado e a de seu quarto, até que en- ris Cornell , até aquele momento, sem causa controu o compositor caído, com sangue es- confirmada. correndo de sua boca e uma faixa de exercí- Após um show, realizado em Detroit (Mi- cios físicos vermelha em volta de seu pescoço. chigan, EUA), o cantor causou estranhamento em sua esposa, Vicky. A maneira a qual ele falava não condizia com seu comporta- Começa-se a questionar a sobriedade de mento usual. Segundo ela, durante uma li- Cornell. Algum tempo depois, quando feita gação telefônica, suas palavras soavam arras- a autópsia, foram descobertas no organismo tadas, com erros nos dizeres e, em algumas do músico Butalbital5, Lorazepam6 (quatro vezes, apresentavam uma maneira mais agres- doses), Naloxona7, Pseudoefedrina8 e ca- siva de se expressar. feína9.Segundo estudo do psiquiatra, Tyler

2 Canção do disco Audioslave, da banda Audioslave, lan- 6 Conhecido comumente como Ativan, é um medicamento çado em 2002. Sua tradução (livre) significa “Sombra no utilizado para pacientes os quais sofrem de ansiedade. Sol”. Na música, o eu-lírico se coloca – dentro da poesia Seus efeitos colaterais, quando ingerido em excesso, po- da música – como a sombra no Sol e, ao longo da letra ele dem ser: confusão, inibição de formação de novas me- se coloca como sabedor de alguns conflitos existenciais mórias (quando sob efeito) e ataxia (perda da coordena- estabelecidos. Ela foi escolhida para a Introdução como ção motora). Além disso, o Lorazepam pode ocasionar, um símbolo de luto em homenagem ao músico. segundo o psiquiatra Tyler Dodds (psiquiatra formado na Universidade de Yale), autor do artigo Prescribed Benzo- 3 Grunge é um estilo surgido em Seattle, Washington, EUA. diazepine sand Suicide Risk (“Benzodiazepinas Prescritas Também conhecido como Seattle Sound, o subgênero do e Risco de Suicídio” – tradução livre), uma elevação do Rock, surgiu do movimento underground e independente risco de suicídio, como o nome de seu trabalho propõe. da cidade. Influenciado por outros subgêneros como Punk Disponível em www.drugs.com/lorazepam.html. Rock e Heavy Metal, o Grunge se destacou entre a se- gunda metade da década de 1980 e a primeira metade da 7 Substância utilizada para reverter ou bloquear opiá- década de 1990. Com letras majoritariamente de cunho ceos (que são substâncias utilizadas para aliviar dores, introspectivo, crítico quanto a questões sociais e conflitos como morfina). Utilizados para tratar overdoses narcó- existenciais, o estilo tem como artistas-símbolo os grupos ticas em situações de emergência. Em caso de over- Nirvana, , Alice In Chains, dentre outros. dose, os sintomas passam por: tremores, taquicardia, au- mento da pressão sanguínea, irritabilidade, nervosismo, 4 Nome artístico de Christopher John Boyle, músico, voca- calafrios, tremeliques, coriza, dentre outros. Disponível lista, guitarrista e baterista de projetos como Soundgarden em www.drugs.com/naloxone.html. (1984 – 1997, 2010 – 2017), Audioslave (2001 – 2007, 2017), (1990 – 1992), além de sua 8 É um descongestionante que diminui os vasos sanguíneos carreira como artista solo. nas passagens nasais, utilizado no tratamento de conges- tionamento nasal, consequentemente. Seus efeitos cola- 5 Composto químico de uso terapêutico, utilizado como an- terais vão de tontura severa, ou ansiedade severa, pres- tiepilético, sedativo e no tratamento de insônia. Um dos são sanguínea perigosamente alta (ocasionando, visão bor- efeitos colaterais, quando utilizado em doses contraindi- rada, dores no peito), dentre outros sintomas. Disponível cadas ao paciente, é depressão profunda. O medicamento em www.drugs.com/ephedrine.html. também pode causar sonolência, tremor constante (ou per- sistente), shuffeling walk (propensão a tropeçar, dificul- 9 A cafeína pode gerar insônia, ansiedade, irritabilidade, dade em manter equilíbrio – tradução livre), febre, difi- náuseas, dores de cabeça, reações alérgicas, palpitações, culdade em respirar, além de outros efeitos. Disponível aumento da pressão sanguínea, dores no peito, dentre ou- em www.drugs.com/fioricet.html. tros sintomas, quando consumida em excesso. Disponível em www.drugs.com/caffeine.html.

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Dodds (2017)10, as duas primeiras substâncias brindo mais conteúdo do falecimento de Cor- agem nos mesmos receptores do corpo hu- nell, mais informações eram divulgadas pelos mano e, a partir disso, acontece um aumento veículos jornalísticos. No dia 18 de maio, o dos efeitos colaterais. mundo recebia a notícia do suicídio do mú- sico. The majority of the studies found Ao analisarmos dados estatísticos da Or- that benzodiazepines were associa- ganização Mundial da Saúde (OMS), cerca de ted within creased suicide risk. This 800 mil pessoas se suicidam anualmente, e finding was consistente across va- quando se trata de tentativas de suicídio, o nú- rious populations and diferente ty- mero é ainda maior. pes of research, including a placebo- controlled crossover trial, a la- Do ponto de vista científico, mais es- boratory model of suicidal beha- pecificamente da suicidologia, já se vior, case-control studies regarding sabe que, na maioria absoluta dos ca- completed suicides on in patient sos (aproximadamente 90%), o au- units, and large naturalistic stu- toextermínio está associado a pato- dies.11 (Dodds, 2017)12 logias de ordem mental diagnosticá- veis e tratáveis, razão pela qual não O artigo Prescribed Benzodiazepines and é mais possível dizer que alguém Suicide Risk, do médico americano, expõe nú- com o ímpeto esteja irremediavel- meros e relações entre efeitos colaterais dos mente condenado a cometê-lo (Tri- medicamentos que, no caso, podem impulsio- gueiro, 2015, p. 12). nar suicídios. A morte do vocalista foi um choque para o Por conta disso, no presente artigo, volta- mundo da música, visto que ele tinha 52 anos remos nossas atenções à notícia do suicídio de e outros vocalistas de seu estilo (o grunge) já Chris Cornell, utilizando como base teórica a eram falecidos, restando apenas um dos front- categoria do fait divers, formulada pelo soció- men13 das principais bandas do subgênero14. logo francês Roland Barthes. Os fatos diver- As primeiras horas tiveram grandes movimen- sos, ou casos do dia, se dão por uma conceitu- tações nas mídias sociais de ex-colegas de ação a partir de tipologias de artifícios notici- banda, de profissão, além de companheiros osos na busca pela atenção cativa do público o de vida. Ao passo que a perícia foi desco- qual consome a notícia.

10 Formado em medicina pela Yale University, com residên- 13 Frontman é uma expressão que, na tradução literal, signi- cia e estágio na Harvard LongwoodPsy. Dodds é espe- fica “homem da frente”. No mundo da música, se refere ao cializado em psiquiatria e atualmente faz parte do corpo (s) músico (s) que fica à frente da banda, um dos membros médico do Austen Riggs Center, em Stockbridge, Massa- de maior exposição visual. chusetts (EUA). 14 De cinco grandes bandas do grunge, apenas o , 11 A maioria dos estudos encontraram que benzodiazepinos do vocalista Eddie Vedder, ainda tem seu “cantor original” foram associados a um aumento do risco de suicídio. Essa vivo. Figuras como Laney Stanley (Alice In Chains), Kurt descoberta foi consistente através de várias populações e Cobain (Nirvana), Scott Weiland (Stone Temple Pilots) e, diferentes tipos de pesquisa, incluindo um crossover trial agora, Chris Cornell vieram a falecer. (teste no qual os pacientes são submetidos a várias for- 15 mas distintas de tratamento) controlado por placebo, um Sendo dois grandes veículos de renome internacional, am- modelo laboratorial de comportamento suicida, estudos de bos tiveram conteúdo autoral e cobertura da pauta. O Ti- caso e controle sobre suicídios em unidades de internação mes é o jornal de segunda maior circulação nos EUA e a e grandes estudos naturalistas. (Tradução livre) agência de notícias Associated Press teve seu conteúdo usado como referência para diferentes jornais brasileiros 12 Disponível em www.psychiatrist.com/PCC/article /Pa- e americanos. Desta forma, eles comprovam relevância ges/2017/v19n02/16r02037.aspx. para serem utilizados como corpus do trabalho.

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A partir disso, buscamos jornais que apre- baterista e, por conta de sua virtuosidade, se sentaram material autoral sobre o aconteci- expandiu à guitarra, ao contrabaixo e aos vo- mento, chegando à Associated Press e ao cais. O multi-instrumentista é conhecido por The New York Times15. Assim, a partir de seu trabalho no Soundgarden, uma das ban- uma abordagem barthesiana, analisaremos as das consideradas mais icônicas do movimento matérias jornalísticas a respeito da morte do Grunge. Além disso, em 1991, alguns inte- rockstar – a partir dos seus elementos noticio- grantes desse conjunto formaram um super- sos – de ambos os veículos acima menciona- grupo18 – o Temple of the Dog – com mem- dos. bros do grupo Pearl Jam, em homenagem a um Uma vez que existe uma divergência de amigo dos músicos. opiniões entre a classe profissional quando se Após o término do conjunto de Seattle, o trata de noticiar um suicídio, consideramos cantor, o qual se destacava por ser o princi- imprescindível um estudo sobre a maneira a pal compositor do grupo, iniciou uma carreira qual a pauta é tratada. Especialmente no caso solo produzindo músicas que marcariam a sua de uma figura globalmente conhecida – que carreira. No entanto, pouco tempo depois de era o caso de Cornell – este fator contribui seu primeiro disco solo – Euphoria Morning – para a avaliação do tratamento dos repórteres ele se juntou com os instrumentistas da banda com a narrativa textual. para formar o Au- Para entender a ideia trabalhada, precisa- dioslave. mos compreender o conceito de “sensaciona- Depois de três álbuns lançados, o fim deste lismo” estudado no presente artigo. Adotando novo supergrupo foi dado e Cornell voltou a obra de Angrimani (1995), a definição de novamente suas atenções à carreira solo com dicionário para o termo se dá por uma con- mais três discos até o anúncio da volta do jectura exagerada do conteúdo, a qual busca Soundgarden (em 2010). A banda, no fim de usar elementos que espantam, assustam, im- 2012, anunciou King Animal, mais um long- pactam. É a tentativa de “pescar”16 emoções play para a sua discografia. Já o ano de 2015 mais acentuadas, profundas, como exempli- contou com mais um lançamento de disco de fica a teoria de Roland Barthes. Cornell e, pouco tempo antes de sua morte, o músico havia publicado em suas mídias soci- 2 Hunger Strike17 – Apresentação ais o single The Promise, de um novo trabalho. dos objetos de análise Chris Cornell foi um músico nascido em Se- 3 Superunknown19 – Suicídio na attle (EUA), onde começou sua carreira como mídia

16 O termo “pescar” é empregada como uma metáfora ilus- 18 Quando músicos de diferentes bandas conhecidas em um trativa. O sujeito que aplica os artifícios sensacionalistas cenário musical se juntam em um conjunto só, é chamado para atingir as sensações do receptor e buscar sua atenção de supergrupo. A categorização se deve a relevância dos cativa. Ou seja, as ferramentas do fait divers para prender músicos em relação a cena musical em que estão inseridos. o consumidor da informação, como um anzol em relação 19 a um peixe. Nome do quarto disco da banda Soundgarden, e nome da sétima música do mesmo disco. A escolha desta canção 17 Música presente no álbum Temple Of the Dog (1991), da para o tópico deve-se à sua tradução (livre): Superdesco- banda homônima. Sua tradução (livre) significa “Greve de nhecido. De forma que há um desconhecimento de vários fome”. A utilização se dá no porquê do disco. O álbum dos profissionais de imprensa sobre as indicações e manei- foi uma homenagem à Andrew Woods, amigo dos músi- ras de noticiar o suicídio. cos que havia falecido. Os autores do presente trabalho escolheram a canção como uma forma de homenagem a Chris Cornell.

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20 Figura 1. Le Suicidé, de Édouard Manet. Óleo sobre tela. 1877-1881.21

“Chris Cornell morre aos 52 anos”, foi a acordo foi selado, nem precisamente notícia espalhada e divulgada no primeiro mo- por que.23 mento. Depois disso, quando confirmado o suicídio, alguns veículos estampavam este au- Nesse sentido, Trigueiro (2015) expõe que tocídio nos títulos de suas matérias. É muito a falta de espaço na discussão desta causa raro ver uma notícia de morte causada pela dentro da mídia se dá devido a uma desin- própria pessoa ser noticiada, seja no Brasil formação. Além disso, o autor também co- quanto no resto do mundo. Por conta disso, loca que, assim como vacinas, medicamentos quando um ícone comete este tipo de ação, é e outros métodos de prevenção de doenças fo- quase uma obrigação falar sobre este assunto, ram altamente difundidos ao longo da histó- não só pelo que significa o suicida, mas pela ria. Portanto, a precaução e a acessibilidade influência dele sobre o seu público. para ajuda em casos de possíveis suicidas não Em artigo publicado no Observatório da deveriam ser diferentes. Imprensa22, Grando disserta, logo na primeira Considerando a dificuldade da difusão de frase do texto, sobre uma espécie de pacto informações de ajuda para este tipo de pro- feito historicamente. Segundo ela, blema, a OMS (2000) lançou “Prevenção do Suicídio: um manual para profissionais da mí- dia”, a partir do qual a Organização disserta existe uma convenção profissional sobre a questão história do espalhar de histó- extra-oficial, uma espécie de acordo rias de suicidas. Segundo ele, “os suicídios entre cavalheiros, que determina: que mais provavelmente atraem a atenção dos suicídios não serão noticiados pela meios de comunicação são aqueles que fogem grande imprensa. Ninguém sabe aos padrões usuais. Na verdade, chama a aten- exatamente quando foi que este ção o fato de que os casos mostrados na mídia

20A arte influencia e contribui na expressão e formação dos 21 A pintura Le Suicide, de Édouard Manet, foi empregada seres humanos. O cantor que é pauta do corpus a ser anali- como uma forma de ilustração. sado tem reconhecimento global por sua carreira artística. 22 Por conta disso, acreditamos que a integração das dife- Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/ so- rentes artes contribui positivamente para a ilustração e o bre/. despertar da sensibilidade quanto ao tema tratado. 23 http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academi co/o-suicidio-na-pauta-jornalistica/

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são quase que invariavelmente atípicos ou in- a relação Mídia e Sensacionalismo visando comuns”24 (a partir disso, já há uma ligação contextualizar e fomentar mais um lugar de muito forte entre o noticiar de um suicídio e fala para contribuir para o aprofundamento da o fait divers). Portanto, o documento se mos- análise. Desta maneira, acreditamos ser pos- tra significativo da narrativa jornalística, auxi- sível criar um estudo mais embasado ao passo liando na prevenção da catástrofe que é o fim que se associa o suicídio na mídia e o uso do de uma vida. sensacionalismo. Além de citar fontes confiáveis para busca de dados, o manual indica cuidados na leitura 4 Preaching The End Of The World26 deles. Uma das recomendações no noticiar de – Mídia e Sensacionalismo um autocídio é evitar a generalização (outra omissão do código de ética dos jornalistas bra- A discussão do uso do sensacionalismo (po- sileiros, a omissão em relação a qualquer ge- deríamos dizer, por vezes, até sobre um su- neralização), e o uso de termos que sistemati- persensacionalismo27) é frequente na acade- zam os índices de autodestruição25. mia e no exercício da profissão (ou seja, no Ademais, em casos específicos de suicí- mercado de trabalho), sendo costumeiramente dio, o guia coloca sete itens indicando formas colocado em debate quanto à questão ética da específicas de manuseio das informações. profissão. Angrimani (1995) explica que o termo é A cobertura sensacionalista de um conduzido a uma imprecisão por conta de um suicídio deve ser assiduamente evi- mau entendimento, causando uma deturpação tada, particularmente quando uma do termo. Desta forma, ele é sempre visto celebridade está envolvida. A cober- como algo necessariamente depreciativo, indo tura deve ser minimizada até onde além do exagero. De maneira que, devido seja possível. Qualquer problema de a esta ressignificação causada pelo senso co- saúde mental que a celebridade pu- mum, o fazer “sensacionalismo” seja interpre- desse apresentar deve ser trazido à tado como deslizes das linhas editoriais, im- tona. Todos os esforços devem ser precisões e distorções das informações leva- feitos para evitar exageros. Deve- das aos receptores. se evitar fotografias do falecido, da Apesar dessa radicalização do termo, Ra- cena do suicídio e do método utili- mos (2004, p. 5) coloca, em um de seus en- zado. Manchetes de primeira página saios, que “em maior ou menor grau, a Mídia nunca são o local ideal para uma cha- é sensacionalista por natureza. É o agente da mada de reportagem sobre suicídio. interpelação que busca o reconhecimento in- (OMS, 2000, p. 7) terpelado e sua consequente submissão. (...) Não há como abdicar do Sensacionalismo, ex- Considerando isso, abordaremos, a seguir, plícito ou implícito, mas presente”. Ou seja,

24 Disponível em http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/6 27 O supersensacionalismo, no caso, se refere a comuni- 7604/7/WHO_MNH_MBD_00.2_por.pdf. p. 4. cadores e veículos que transformam o chocante em uma bengala espetaculosa. Ou seja, instrumento de apoio para 25 Como “epidemia de suicídios”, “surto de suicídios”, “o o (s) programa (s) quase sempre no ápice do espetáculo, lugar com maior taxa de suicídios do mundo”. com isso, sempre secundarizando o conteúdo principal e dramatizando seus elementos – relação direta com o fait 26 Música presente no disco solo de Chris Cornell, Euphoria divers. Alguns ícones seriam programas televisivos como Morning (1999). Na tradução (livre): Pregando o fim do Brasil Urgente (da Band TV) e Cidade Alerta (Rede Re- mundo. Uma ironia utilizada pelos autores numa relação cord), por exemplo. direta com o tema tratado no tópico: o exagero e a relação mídia e sensacionalismo.

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o chocante e o esdrúxulo serão ressaltados de sonagem dramático). Desta forma, a história alguma maneira. terá uma centralização em algum personagem A questão por trás do tópico aqui colo- em algum tipo de situação de risco ou vulnera- cado é a forma como é apresentada a infor- bilidade, produzindo – esta é a intenção – uma mação. Levando em conta esta perspectiva, forma de consternação para o público. todo conteúdo jornalístico, de alguma ma- O segundo subtipo é o de causa pertur- neira, visa aproximar, causar, ou prender a bada. “Na causa perturbada ocorrem fatos ex- audiência, mas, no caso, ela pode extrapolar cepcionais, espantosos, que implicam pertur- questões morais, éticas e de bom senso. Por- bação, conflito. Há um efeito (o conflito surge tanto, o polemizado deve ser a quase exclusi- daí)”. Destarte, “a causa é desconhecida, im- vidade do uso de elementos que tangem o fait precisa ou, até mesmo, ilógica, sem sentido. divers em uma matéria jornalística, então se- Não obstante, uma pequena causa pode pro- cundarizando a mensagem e visando apenas vocar um grande efeito. Há uma riqueza de lucratividade e audiência. Com isso, coloca- desvios causais” (Cruz, Curi. 2015, p. 75). mos na discussão a questão do suicídio, tra- Naturalmente, há um enfoque maior na ori- balhada ao longo do artigo, considerada pelos gem da causa para o efeito ocasionado, devido autores, um tabu na mídia brasileira e mun- à imprevisibilidade dela. dial. O outro tipo de fait divers, o de coincidên- cia, tem a repetição e a antítese como suas 5 Out Of Exile28 – O Fait divers subtipologias. Barthes coloca que a repeti- barthesiano ção faz com que o receptor possa imaginar uma causa desconhecida, enquanto acompa- Como dito anteriormente, o trabalho toma nhada de um efeito. Como apontam Cruz e como principal norte teórico a categoria fait Curi (2015), o repetir da informação ocasiona divers, de Barthes (1964). A partir de seus es- o imaginar de uma causa desconhecida, a qual tudos, o pensador francês analisou diferentes ocorre em diferentes circunstâncias. usos exacerbados de sensacionalismo na mí- A antítese une dois termos opostos, como dia e assim passou a categorizar e subcatego- se nunca tivessem sido, estabelecendo a no- rizar esta utilização. ção de conflito, disponibilizando a emociona- Os dois gêneros dos casos do dia são os lidade. Em cada termo, pertencendo a um per- de causalidade e de coincidência. Cada um curso autônomo de significação, a relação de apresenta dois subtipos e todos os termos tem coincidência apresenta, como função parado- uma explicação dentro do fenômeno. O fait xal, fundir dois percursos diferentes em um divers de causalidade tem como “descenden- percurso único (Ramos, 1999). tes” a causa esperada e a causa perturbada. Já o de consequência traz a antítese e a repetição. Assim, todo fait divers comporta O conceito dos fatos diversos de causa es- pelo menos dois termos, ou, se se perada se dá pela identificação do público com preferir, duas notações. E pode-se o assunto tratado. Como seu próprio nome muito bem levar adiante uma pri- diz, a causa é esperada, ou seja, o desenrolar meira análise do fait divers sem se da notícia tende a ser dedutível. Mas uma ou- referir à forma e ao conteúdo desses tra tendência dele, tornando-se seu diferencial, dois termos: a sua forma, porque a por assim dizer, é o dramatis personae (per- fraseologia da narrativa é estranha à

28 Canção-título do segundo álbum da banda Audioslave, um tabu. Portanto, simbolizando a saída de um exílio de de 2005. Sua tradução (livre) significa “Fora de Exílio”. fala através da teoria trabalhada. Foi selecionada como título do tópico como um posicio- namento nosso em relação a suicídio na mídia, visto como

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estrutura do fato contado, ou, para de memória com seus trabalhos. Além disso, ser mais preciso, porque essa estru- existe o destaque para a idade de morte, 52 tura não coincide fatalmente com a anos. A informação choca não só pela morte estrutura da língua, se bem que só de um famoso, mas por sua idade em relação a possamos atingir através da língua à expectativa de vida do país o qual ele vivia, do jornal: a seu conteúdo, porque o os EUA.31 importante não são os próprios ter- Já a Associated Press escreve Lauded roc- mos, o modo contingente como são ker Chris Cornell killed himself by hanging32. saturados (por um crime, um incên- Aqui já se pode problematizar – comparativa- dio, um roubo etc.), mas a relação mente – ambas chamadas. O fato de se tratar que os une. É essa relação que se de uma pessoa famosa chama a atenção. Por deve interrogar primeiro, se se quer conta disso, as pessoas as quais se identificam, apanhar a estrutura do fait divers, gostam ou consomem trabalhos do músico em isto é, seu sentido humano. (Barthes, questão, tendem a ser leitores da matéria. As- 1964, p. 2) sim como outras pessoas que conhecem o can- tor. Conforme dito anteriormente, analisare- Portanto, assume-se que a matéria irá ter mos duas notícias sob o olhar da teoria barthe- acesso de uma fatia da audiência apenas pelo siana por conta da gravidade a qual o assunto nome do artista. Ao passo em que se dá a suicídio apresenta. Levando isso em consi- idade dele, há o chamamento, por assim di- deração, Trigueiro (2015) critica abertamente zer, de uma outra parte do público. Especi- a omissão dos veículos quando o assunto é a almente, na matéria da AP, há um ponto fri- autodestruição, assim como critica o mito do sado negativamente pelo manual da ONU, que “não falar sobre” por conta de outro mito, o é “a glorificação de vítimas de suicídio como de crescimento de números quando noticiado mártires e objetos de adoração pública pode o suicídio. O estudo consiste em buscar a apli- sugerir às pessoas suscetíveis que a sociedade cação dos conceitos de Barthes nos textos e honra o comportamento suicida. Ao contrário, na forma pela qual o acontecimento foi infor- a ênfase deve ser dada ao luto pela pessoa fa- mado aos receptores. lecida”. Ou seja, a segunda matéria já começa cometendo gafes, visto que o significado da 6 Wide Awake29 – Análise e palavra “lauded” é louvado, glorificado etc. apresentação dos resultados Ambos títulos se utilizam do fait divers de causa perturbada. Segundo Ramos (2004, p. A primeira parte da análise será conjunta e 68), “há o desconhecimento causal e quando abordará a questão dos títulos. No estampar uma pequena causa produz um grande efeito”. do The New York Times há os dizeres: Chris Então, uma vez que os elementos como idade Cornell, Soundgarden and Audioslave Front- e/ou fama chocam e as razões do autocídio são man, Dies at 5230. Ou seja, além do nome desconhecidas – e, no caso do NYT, não havia da vítima, são dadas duas “credenciais” de se falado em suicídio, naquele ponto –, forma- sua carreira, oferecendo ao público vínculos se a incompreensão da causa. Além disso, am-

29 Música presente no trabalho Revelations, da banda Audi- 30 Tradução livre: Chris Cornell, frontman de Soundgarden oslave. Sua tradução (livre) é “bem acordado”. O tema da e Audioslave, morre aos 52 [anos]. canção é uma critica ao governo Bush sobre o tratamento 31 às vítimas do furacão Katrina. O uso dela como tópico se A expectativa de vida de estadunidenses homens é de 77 dá por uma crítica à mídia, pelo fato de “estar bem acor- anos. dada” para a questão do suicídio e de suas noticias sobre. 32 Tradução livre: Louvado rockeiro Chris Cornell se mata por enforcamento.

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bas publicações utilizam a antítese ao fundir deriam ter levado o cantor ao autocídio. O re- Cornell (um percurso) com diferentes possibi- pórter apenas coloca no início da matéria que lidades (frontemen, louvado e suicida), o que o resultado da autópsia ainda não estava com- será uma das tônicas das reportagens. pleto. Por conta disso, deteria a informação da A partir deste ponto, analisaremos as ma- morte causada por si mesmo e da forma como térias separadamente. A começar pelo The se deu. New York Times, logo nos quatro primeiros Na matéria assinada pelos repórteres Mes- parágrafos, apenas uma declaração é trazida, fin Fekadu e Corey Williams, da Associated no caso pelo representante de Cornell, Brian Press, a abordagem foi, incialmente, parecida. Bumbery, o qual afirma que a morte do cantor Primeiro, noticia-se, no lead, o suicídio por foi “repentina e inesperada”. Além disso, a enforcamento. Secundariamente, é colocada a matéria fala da agenda de shows da banda de declaração do médico legista. Até este ponto, Cornell que tinha apresentação marcada para as reportagens estão bastante semelhantes. dois dias depois de sua morte. Eis que, no terceiro parágrafo, é formu- Os parágrafos quinto e sexto descrevem o lada a seguinte frase: “Cornell’s death stun- panorama do momento do suicídio e do co- ned his family and his die-hard fans, who Cor- municado. Todos os seguintes falam sobre a nell just performed for hours earlier at a show linha histórica de Chris Cornell e sua carreira in Detroit”33. Finalmente é apontando algum – e brevemente sobre o uso de drogas. O único grau de impacto da morte do cantor. parágrafo destacável é o décimo sexto da ma- Destarte, os autores falam brevemente so- téria, no qual é abordada sua guerra contra a bre o ocorrido e começam a traçar a linha his- depressão e as drogas. tórica do cantor. Assim, fazem uma aborda- Por mais que Caryn Ganz e John Leland, gem bastante semelhante à do NYT quando fa- autores da reportagem, possam ter buscado lam sobre o consumo de drogas. No entanto, transmitir luto e a grande perda de uma sin- outro diferencial do texto se dá no uso dos gularidade, o texto não seguiu esta ideia. No tweets. Ao longo da reportagem, os repórte- decorrer das palavras, destacava-se a bem- res da Associated Press utilizam-se de tweets sucedida carreira do vocalista, sem abordar de Perry Farrell, Joe Perry e de Elton John34, amigos, fãs ou conhecidos para ilustrar a dor os quais lamentaram a morte de Cornell. que é perder alguém importante. Ademais, em Por fim, a reportagem da Associated Press nenhum momento são sugeridos números de comete erros parecidos com a do The New telefone, endereços de grupos de apoio ou al- York Times, segundo o manual da OMS.O gum tipo de serviço os quais trabalhem com problema textual não é gramatical ou semân- auxílio a suicidas, como indica a OMS. tico, mas a forma como é tratado o assunto. Do ponto de vista barthesiano, os fatos Os repórteres falaram da carreira do cantor, de diversos de causa perturbada aparecem nova- seu legado, mas não trataram da dor e das cau- mente. Como disse Ramos (2004, p. 68), sas que ela trouxe. “a excepcionalidade está localizada no porquê Ao passarmos a lupa do fait divers sobre a da factualidade. Existe um efeito, porém a matéria, continuamos detectando relações de causa é desconhecida ou deformada pela im- causa perturbada. Um suicídio sempre será precisão, ou pela ilogicidade”. Neste caso, o uma causa perturbada. É, a priori, inexplicá- porquê do suicídio sequer é mencionado. Não vel. É inesperado, é diferente, choca a todos. são abordadas quaisquer razões as quais po- O conflito, apontado por Cruz e Curi (2015),

33 Tradução livre: A morte de Cornell chocou sua família 34 Respectivamente, vocalista da banda Jane’s Addiction, e seus leais fãs, quem Cornell acabara de performar um guitarrista da banda Aerosmith e cantor britânico de car- show, algumas horas mais cedo, em Detroit. reira solo.

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não é um conflito físico. Mas um ponto de cada alguma explicação para o auto assassi- interrogação, um conflito existencial sobre o nato. Não são destacadas alternativas ao sui- efeito de causa, como colocado no autocídio cídio (como terapias e diferentes formas de que é pauta das matérias. atendimento por pessoas especializadas) e, es- Os principais ganchos para se fazer cone- pecialmente por se tratar de um considerado xão com os casos estudados e a teoria barthe- ícone, estes tópicos se tornariam importantes. siana é – não só o apontado anteriormente Como dito anteriormente, os fait divers – mas o foco no dramatis personae proposto são inerentes ao texto jornalístico. O nega- pela causa esperada. Por mais esdrúxulo que tivo é o menosprezo da informação (e do com- pareça, as infinitas linhas de carreira e linhas promisso com o público) para tentar provo- temporais criadas na matéria servem como car sensações no receptor, de forma que bus- apoio para fugir do tema “suicídio” e se man- que uma cativação da audiência apenas por ter no tema Chris Cornell. No caso, não so- prendê-la, sem um objetivo maior por trás. Do mente “suaviza” a matéria, como foge a even- nosso ponto de vista, os autores das reporta- tuais polêmicas acerca do tema e puxa os ho- gens utilizaram-se de outros vieses, fugindo lofotes à vítima. Mas, neste momento, a ví- do tema principal. tima acaba virando protagonista. A partir disso, há uma extrapolação do uso dos casos do dia, omitindo informações im- 7 Head Down35 – Considerações portantes de uma situação de grande repercus- finais são. Ou seja, os artifícios categorizados pelo semiólogo francês acabam se manifestando A partir da análise do corpus trabalhado neste na condução discursiva das matérias. Assim, artigo, é notável uma omissão por parte da mí- quando utilizada, esta fuga – seja ela consci- dia em falar do suicídio e dos vitimados por ente ou inconsciente, voluntária ou involuntá- ele. Especialmente pelo fato de que a pauta ria – falta com o compromisso jornalístico de das matérias – o cantor Chris Cornell – tem informar. E mais, com o compromisso social renome global, torna-se fácil encontrar fontes ao qual a profissão se dispõe. Especialmente para a retratação da devastação que o suicídio por se tratar de uma das principais causas de pode causar. Mas, acima de tudo, algo que é morte no mundo contemporâneo. indispensável quando o assunto em questão é

a autodestruição, são grupos, números, entida- 36 des e qualquer tipo de instituição de auxílio a 8 Songbook – Referências suicidas. Um dos principais tropeços dos qua- Bibliográficas tro repórteres. Angrimani, D. (1995). Espreme que sai san- Ao passo em que as reportagens passam gue: um estudo do sensacionalismo na mais tempo falando da carreira do músico do imprensa. São Paulo (SP): Summus. que do sofrimento causado, das entidades que podem ajudar, o teor da pauta muda. Desta Barthes, R. (2013). A estrutura dos fait divers forma, deixa de ser “o suicídio de Chris Cor- – íntegra. Disponível em https://bibliote nell” e passa se tornar “a carreira do músico, cadafilo.files.wordpress.com/2013/10/ba recém falecido, Chris Cornell”. Além disso, rthes-a-estrutura-dos-fait-divers.pdf. em nenhum momento durante o texto é bus- Acesso em: 11 de jun. 2017.

35 Música presente no disco Superunknown. Sua tradução Livro de Canções, analogia dos autores com a bibliografia (livre) se dá por “cabeça baixa”, seu uso é em forma de utilizada. analogia, como uma crítica à forma a qual o suicídio e as vítimas dele são trabalhados na mídia.

36 Penúltimo álbum de Chris Cornell. Na tradução (livre),

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Barthes, R. (1964). Essais critiques. Paris: ponível em: http://observatoriodaimpren Seuil. Disponível em https://bibliotecada sa.com.br/diretorio-academico/o-suicidi filo.files.wordpress.com/2013/10/barthes o-na-pauta-jornalistica/. Acesso em: 9 -a-estrutura-dos-fait-divers.pdf. jul. 2017.

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37 Todas as drogas foram consultadas no site drugs.com.

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