Scheherazade Domingo Novembro H Grande Auditório Do Centro Cultural De Belém
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TEMPORADA 2020 | 2021 ORQUESTRA METROPOLITANA DE LISBOA SCHEHERAZADE DOMINGO NOVEMBRO H GRANDE AUDITÓRIO DO CENTRO CULTURAL DE BELÉM António Rosado * Piano Adrian Leaper Maestro * Artista Associado da Metropolitana na Temporada 2020/2021 Maurice Ravel Concerto para Piano e Orquestra em Sol Maior Nikolai Rimsky-Korsakov Scheherazade, Op. 35 FUNDADORES PATROCINADOR PATROCINADORES PRINCIPAL © Marcos Sobral © Marcos SCHEHERAZADE Maurice Ravel (1875-1937) Concerto para Piano e Orquestra em Sol Maior (1931) (duração aproximada: 23 min.) I. Allegramente II. Adagio assai III. Presto Nikolay Rimsky-Korsakov (1844-1908) Scheherazade, Op. 35 (1888) (duração aproximada: 45 min.) I. O mar e o navio de Sinbad II. A história do príncipe Kalender III. O jovem príncipe e a jovem princesa IV. Festa em Bagdade - O mar - Naufrágio dos barcos nas rochas Na conceção de uma imagem para 2020/2021 que o extraordinário acervo de imagens publicado na página correspondesse aos tempos de exceção que estamos a viver, «EverydayCovid» no Instagram, descobrimos um silêncio decidimos colocar a música em diálogo com um discurso que diz muito, pelo modo certeiro como combina imagético que se tornou estranhamente familiar e que se dramaticidade e informação. deve à qualidade do nosso fotojornalismo. Ao percorrermos IMAGEM DE CAPA Marcos Sobral nasceu em Lisboa. Seguindo a sua paixão O Cais do Sodré, o mais emblemático local noturno da capital, MARCOS SOBRAL por fotografia, rumou a Barcelona em 2004 para estudar completamente deserto num sábado à noite. no Instituto de Estudos Fotográficos da Catalunha, onde se marcos_sobral_photography especializou em Fotografia de Viagem, Fotografia de Nu e Fotografia de Moda. Desde então tem publicado na National Geographic, Altair, Blue Travel, P3, PARQ Magazine, entre muitas outras, e venceu vários prémios fotográficos, tais como «Commended Award - Wildlife Photographer Of The Year 2013» ou o «Urban Photographer Of The Year 2015». Nalgumas partes traduz-se num tributo a Mozart e a Saint-Saëns. Noutras sobressaem sonoridades que relacionamos com Gershwin, reconhecendo-se harmonias do blues e ritmos sincopados do jazz. Foi estreado em janeiro de 1932 na Salle Pleyel, em Paris, com a Orquestra Lamoureux. Para lá do Concerto, Ravel dirigiu, ainda, a Pavane pour une infante défunte e o Boléro. Facto curioso, o restante programa foi dirigido por Pedro de Freitas Branco, a convite do próprio Ravel. O jovem maestro português dirigiu, na segunda parte, a Suíte N.º 2 de Daphnis e Chloé, La valse e a Rapsodie espagnole. A parte solista foi confiada a Marguerite Long, a mesma pianista que estreara catorze anos antes Le tombeau de Couperin. Inicialmente, Ravel pretendia apenas escrever um divertissement para o próprio tocar. Porém, a coincidência temporal da encomenda do Concerto para Piano para Mão Esquerda, destinado ao austríaco Paul Wittgenstein, terá contribuído para desviar o rumo da composição, designadamente em função do formato de Concerto. Acabou por propor a sua estreia a Marguerite Long. Anos mais tarde, a propósito da ocasião em que dedilhou pela primeira vez o manuscrito, Long testemunhou um episódio com o qual todos nos poderemos identificar. Referia-se às lágrimas que lhe vieram aos olhos naquele momento em que, a meio do segundo andamento, o piano se abandona em vagas sugestões de O compositor Maurice Ravel em 1925 | Fonte: Wikimedia Commons Wikimedia em 1925 | Fonte: Ravel O compositor Maurice arpejos para dar lugar ao corne-inglês CONCERTO DO NOVO MUNDO Em 1928, Maurice Ravel – ajuda saber que Ravel revelou ter-se inspirado no andamento lento do apresentou-se várias vezes, enquanto Quinteto com Clarinete de Mozart. Um dos momentos que mais se maestro, pianista e compositor, em O primeiro e o último andamentos destaca na biografia artística de cidades dos Estados Unidos e do têm um caráter absolutamente Maurice Ravel é a digressão de Canadá. Deu entrevistas e contrastante. Traduzem a energia e o quatro meses que realizou na conferências, garantindo uma entusiasmo que Ravel terá América do Norte em 1928. Não são notoriedade pública que também se experimentado junto da cena jazzística fruto do acaso, portanto, as traduziu no acrescentado prestígio de de Nova Orleães e de Harlem, harmonias do blues e os ritmos que passou a gozar em toda a Europa. Manhattan, alternando os sincopados do jazz que se O Concerto para Piano em Sol Maior contratempos do ragtime e escalas reconhecem no Concerto para Piano reporta a esse período. É uma obra que dolentes emprestadas do blues. O em Sol Maior. Assim foi o fascínio todos os pianistas gostam de tocar, por último andamento assemelha-se a uma do compositor francês pelo Novo se tratar de música feita por um tocata em que o virtuosismo do solista Mundo. compositor que conhecia dialoga com uma orquestração particularmente bem o instrumento. exuberante. A SINFONIA SCHEHERAZADE Inicialmente, a composição foi salvou a própria vida contando mil e pensada como uma sinfonia, pelo que uma histórias, em outras tantas noites, O orientalismo foi uma moda que os andamentos estiveram para se despertando sempre curiosidade em atravessou a Europa no final do intitular de maneira diferente: ouvir o conto seguinte. As curtas século XIX. Ecoou na literatura, no Prelúdio, Balada, Adágio e Finale. introduções e o interlúdio para violino vestuário, na pintura… e também na Rimsky-Korsakov foi posteriormente solo personificam a própria música. Tal exotismo despertou persuadido pelo também compositor Scheherazade. Já a Barcarola que se então o interesse de muitos Anatoli Liadov para discriminar nos ouve no primeiro andamento remete compositores. Foi o caso daqueles títulos as partes do livro em que se para as vagas que embalam Sinbad, o que integravam a «nova escola inspirara, muito embora passados valente marinheiro que singrou os sete russa», entre eles Rimsky-Korsakov. alguns anos tenha preferido retirar mares do mundo. Curiosamente, esta Os quatro poemas sinfónicos que essas referências a fim de deixar maior é uma história que não faria parte do constituem a sua Scheherazade são liberdade ao ouvinte. É certo que conjunto dos manuscritos originais das disso exemplo. Estreados em 1888, aqueles títulos continuam hoje a Mil e uma noites. Terá sido inspiram-se livremente n’«As Mil e aparecer em praticamente todas as acrescentada na tradução francesa. O Uma Noites». Em conjunto, edições, mas Scheherazade não pode segundo andamento abre com o resultam numa verdadeira sinfonia. ser entendida como uma descrição violino de Scheherazade, o qual literal dos textos. Rimsky-Korsakov introduz uma história do príncipe Em finais do século XIX era notório adaptou livremente as narrativas. Kalender, muita embora não saibamos o desgaste da música dita «pura», Preocupou-se, sobretudo, em manter ao certo de que história se trata, já que aquela pretensamente desvinculada de um ambiente fantasioso em que o existem várias referências a Kalender associações que se estendam para lá da exotismo é recurso de sedução, no livro; talvez a de um príncipe que partitura. Por isso, os compositores maneira de proporcionar uma viagem se veste de mendigo e se sujeita a buscavam imaginários fictícios ou sonora num mundo idealizado, privações em busca da sabedoria. O referências culturais de um povo para fantasia que se estende da bestialidade terceiro andamento é o momento explorarem mais livremente os ao erotismo em paisagens distantes. romântico da obra, em torno de um recursos do dispositivo orquestral. Torna-se difícil, portanto, identificar amor principesco. Os sentimentos do Assim acontece em Scheherazade de correspondências lineares entre ideias príncipe são ilustrados na sonoridade Rimsky-Korsakov, uma obra que musicais e personagens ou ações voluptuosa dos violinos. Os da prossegue a tradição das sinfonias porque Rimsky-Korsakov não princesa alternam sucessivas vezes na dramáticas de Berlioz. Trata-se, respeitou um planeamento forma de uma dança. Como seria de portanto, de música programática, no dramatúrgico. Em vez disso, evocou esperar de uma sinfonia, o último sentido em que estabelece um diálogo episódios dispersos, como um mosaico andamento justapõe com exuberância explícito com uma obra literária, «As que se dilui numa escrita as ideias apresentadas ao longo da mil e uma noites», uma coleção de eminentemente sinfónica – para lá, sinfonia. Revisita o tal uníssono contos tradicionais da região do Médio portanto, da mera ilustração musical. ameaçador e o violino de Scheherazade. Oriente e do sul da Ásia compilada no Mas existem algumas pistas. Os Precipitam-se os cenários, como se século IX em língua árabe. Foi uníssonos iniciais, em jeito de fanfarra, traduzissem o perigo iminente da traduzida para francês no início do reaparecem por diversas vezes ao longo impaciência do Sultão. século XVIII e tornou-se num clássico. da obra e retratam o sultão, essa tal O fio condutor de toda a coleção é a figura sinistra e ameaçadora que por narração de Scheherazade, a mulher de ciúmes matava todas as mulheres após Schahriar, sultão da Pérsia. a noite de núpcias; exceto aquela que TEXTOS DE RUI CAMPOS LEITÃO «Odalisca» (1870), Pintura de Pierre Auguste Renoir Auguste de Pierre (1870), Pintura «Odalisca» Commons Wikimedia : Fonte Gendron, Margarita Zimermann, Alemanha, Polónia, República Checa, Gerardo Ribeiro ou Paulo Gaio Lima, Irlanda e Noruega. Trabalhou ainda com o qual apresentou a integral da com a Orquestra da Suíça Romanda, a obra de Beethoven para violoncelo e Orquestra Sinfónica de Malmö, a piano. Orquestra Mozarteum de Salzburgo,