BOLETIM INFORMATIVO De Maio De 2012
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Load more
Recommended publications
-
Novo Presidente Da ABL, Proença Enfatiza Combate Ao Racismo E Defesa Da Língua
Novo presidente da ABL, Proença enfatiza combate ao racismo e defesa da língua (Agência Brasil, 17/12/2015) Segundo negro a presidir a Academia Brasileira de Letras (ABL) – o primeiro foi o cofundador da instituição, Machado de Assis – o professor e escritor Domício Proença Filho foi empossado no final da tarde de hoje (17) no cargo que vai exercer até o final de 2016. Ele substitui o poeta, ensaísta, crítico literário e tradutor Geraldo Holanda Cavalcanti, que dirigiu a ABL nas duas últimas gestões. Durante a cerimônia no Petit Trianon, sede da academia, no centro do Rio, foram empossados os demais membros da diretoria eleita no último dia 3, por unanimidade, e que tem duas mulheres, ambas ex-presidentes da Casa: as escritoras Nélida Piñon, secretária-geral, e Ana Maria Machado, primeira- secretária. Os demais integrantes são os acadêmicos Merval Pereira, segundo-secretário, e Marco Lucchesi, tesoureiro. No discurso de posse, Domício Proença Filho declarou sua preocupação com o combate ao racismo. “A Casa de Machado de Assis, uma vez mais, situa claramente o seu posicionamento, em termos de nossa contingência comunitária. Não nos esqueçam os tempos fundadores de Joaquim Nabuco e de Machado de Assis, a ação pioneira de Afonso Arinos. Entendo, a propósito, que, na realidade brasileira, respeitadas as opiniões em contrário, o núcleo de preocupação deve ser o combate contínuo e vigoroso ao racismo”, disse o novo presidente da ABL. Domício Proença Filho também ressaltou as dificuldades vividas pelo país, em função da grave crise econômica. “ Somos a diretoria da crise. Árduo será o percurso. No traçado do rumo, buscaremos manter a atitude rotineira e a velocidade de cruzeiro alertas ao aviso de apertar o cinto aos primeiros sinais de turbulência”. -
Machado De Assis E Oliveira Lima
LEITURAS ENTRE ACADÊMICOS: MACHADO DE ASSIS E OLIVEIRA LIMA Ao cair da tarde, depois das quatro, encontrava-se invariavelmente o autor em casa do seu antigo editor, na livraria Garnier, onde tem sua sede um círculo, diria um cenáculo se não fosse franco a todas as opiniões e aberto a todas as idéias. Estes "five o'clocks" intelectuais já se tornaram mesmo uma tradição, pois que datam de meio século. Machado de Assis, que lhes ficou de todo tempo fiel, serviu de traço de união entre épocas diferentes e gerações também diferentes. O depoimento é do historiador e diplomata Oliveira Lima, mas também poderia ser validado por um Joaquim Nabuco, um Euclides da Cunha, um Graça Aranha, entre outros. Machado de Assis, já reconhecido entre seus pares como o grande mestre da literatura brasileira, de certa forma oficializou esse círculo da livraria Garnier com a criação da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Na passagem do século XIX para o XX, as relações entre o velho Machado e os escritores em início de carreira ou em plena maturidade concretizavam-se a partir de artigos na imprensa, conferências, ou cartas, quando mais de um colega se encontrava em serviço diplomático no exterior. O caso de Oliveira Lima, membro da ABL desde 1897, não seria diferente: o diplomata, que passou a maior parte da sua vida fora do Brasil, trocou cartas e livros com Machado. Seis das cartas do romancista ao historiador, depositadas no acervo da Oliveira Lima Library, na Catholic University of America (Washington), foram transcritas por Antonio Dimas, em 1977. -
Confissões De Uma Entrevistadora REGINA ZILBERMAN Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul
Confissões de uma entrevistadora REGINA ZILBERMAN Universidade Federal do Rio Grande do Sul Abstract: In the interviews published by the weekly magazines Manchete and Fatos e Fotos in the mid-1960s, Clarice Lispector had the opportunity to converse with numerous people from the spheres of culture, entertainment and sports. This opportunity allowed her to produce a mapping of celebrities during that period. Lispector’s conversations with famous writers, longtime friends, politicians or persons of high society enable her to develop a poetics of the interview and to express her own concept of literature, artistic creation, and reception. Keywords: Clarice Lispector, interview, dialogism, poetics, confessionalism “Eu me expus nessas entrevistas e consegui assim captar a confiança de meus entrevistados a ponto de eles próprios se exporem. As entrevistas são interessantes porque revelam o inesperado das personalidades entrevistadas. Há muita conversa e não as clássicas perguntas e respostas” (Cambará 88). Em 19 de dezembro de 1940, foi publicada em Vamos ler! entrevista com Tasso da Silveira, expoente da linhagem espiritualista e católica do Modernismo brasileiro que tinha em Alceu Amoroso Lima um de seus líderes mais respeitados. A entrevistadora era Clarice Lispector; da sua parte, o entrevistado, Tasso da Silveira, dirigia a revista Pan, que, naquele 1940, publicara o conto “Triunfo,” com que a repórter e acadêmica da Faculdade de Direito inaugurava sua trajetória na literatura. A entrevista transcorre em clima amistoso, ao modo de uma conversa entre uma aluna culta e admiradora do entrevistado, e um poeta sábio e profundo, que, por meio de longas exposições, expressa seus projetos literários, as ideias religiosas que professa e a maneira como entende os acontecimentos políticos da 179 Zilberman época. -
Os Vestígios Do Nobel
Opiniões Número: Depoimentos ornalornal Novos Lançamentos 229 dede Mês: Novembro Entrevista JJ Ano: 2017 LetrasLetras Literatura Infantil Preço: R$ 5,00 OsOs VestígiosVestígios dodo NobelNobel O escritor nipo-britânico Kazuo Ishiguro, de 62 anos, é o Prêmio Nobel de Literatura de 2017. A escolha foi anunciada em Estocolmo, na Suécia, pela Academia Sueca. Nascido em Nagasaki, no Japão, em 1954, Ishiguro vive na Inglaterra desde os cinco anos de idade. (Por Manoela Ferrari – págs. 10 e 11) ornalde 2 JLetras Opinião JL Editorial JL Arnaldo Niskier Não se pode entender muito a razão pela qual o Brasil jamais deu acervo JL “Os sonhos seguram o mundo” um Prêmio Nobel. Mesmo o da Paz andou perto de um brasileiro, quan- do se falava em D. Hélder Câmara ou o professor Josué de Castro. Em matéria de literatura, a Academia Brasileira de Letras, quando instada a Quando eu disse à escritora Nélida citar um nome, enviou para a Academia Sueca o de Nélida Piñon, que, Piñon, autora do famoso A república dos convenhamos, é uma bela indicação. Mas sabe-se que temos alguns sonhos, que estava de viagem a Portugal, obstáculos, o principal dos quais é a língua portuguesa. Os julgadores ela, de forma veemente, recomendou: “Não não conhecem o nosso idioma e, portanto, têm dificuldades para tomar deixe de visitar a Fundação José Saramago. conhecimento do que se passa no íntimo da nossa literatura. Mas vamos Há muito o que aprender com as obras do continuar insistindo, pois o país merece esse tipo de homenagem. Se foi único escritor em língua portuguesa que ganhou o Prêmio Nobel de possível dar o Prêmio a José Saramago, por que não se pode chegar a um Literatura.” titular brasileiro? Lembramos que, durante alguns anos, a nossa indi- De fato, a acadêmica brasileira tinha razão. -
Pau-De-Arara, Cabeça-Chata
t Quinta-feira, 31 de outubro de 1996 O GLOBO OPINIÃO* 7 Pau-de-arara, cabeça-chata JOSÉSARNEY pois, o cearense "cabeça-chata", o "arataca", o "pau- vidão". Acabada esta, iniciou-se, com a ajuda da ser mar Cavalcanti, Manuel Diegue Júnior, Glauber Ro de-arara", o "paraíba". Hoje, finalmente, nordestino ca impiedosa naquelas vastas regiões, a corrente mi cha, Ariano Suassuna, Ferreira Gullar, Dias Gomes, história do homem é a história da discri é sinal de atrasado, provinciano. gratória que iria substituir a escravidão, sob outras Barbosa Lima Sobrinho... ao lado de Guimarães Ro minação. Desde que surgiu na face da Ter Eu fui presidente da República e senti na carne o capas. Esse sistema, com a industrialização, vigorou sa — mineiro, mas garimpeiro da mesma fonte. Pois ra, apareceram meios e modos de segregar, peso dessa discriminação. Não perdoavam que um e foi mantido. Hoje, com a modernização, o proces bem, agora surge a tentativa de destruição destes Aí.d e excluir, de separar. Este sentimento con- homem do Nordeste, um "pau-de-arara", pudesse so de desemprego estrutural, com a liberação de nomes numa manifestação racista e segregacionis- : funde-se com o sentimento de egoísmo, de ódio, de ocupar aquele posto. No fundo, esse sentimento co mão-de-obra, os desempregados, em sua maioria ta. "A subliteratura do regionalismo"—assim se ata Í superioridade, e é a negação do próprio homem: meçava nos grandes líderes políticos que tinham vi nordestinos, foram expulsos para a periferia das ca — e por aí saem esses reacionários sem nenhuma ^Amai-vos uns aos outros", foi a sentença cristã da sibilidade e espaço nos editoriais de ai- ^^^^^^ ,^^____ grandes cidades, onde se localizam es- contribuição dada ao país, por esnobásmo puro, mo * revolução moral, mas, também, social. -
(D)E Resistência: a Poesia No Alternativo Versus
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO DEPARTAMENTO DE LÍNGUA E LITERATURA VERNÁCULAS JEFERSON CANDIDO POESIA (D)E RESISTÊNCIA A POESIA NO ALTERNATIVO VERSUS Florianópolis Julho/2004 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Língua e Literatura Vernáculas da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito final para obtenção do grau de Bacharel em Letras – Língua Portuguesa e Literaturas. Orientadora: Drª Maria Lucia de Barros Camargo No estado atual das cousas, a literatura não pode ser perfeitamente um culto, um dogma intelectual, e o literato não pode aspirar a uma existência independente, mas sim tornar-se um homem social, participando dos movimentos da sociedade em que vive e de que depende. Machado de Assis O passado, o presente e o futuro da literatura Eu quero que os cadáveres desses desaparecidos saiam de meu armário. Gal. Golbery do Couto e Silva, em maio de 1974. RESUMO O presente trabalho teve como objetivo mapear e discutir a presença da poesia no jornal alternativo Versus – editado em São Paulo, em circulação de outubro de 1975 a outubro de 1979 – detendo-se, ao final, na discussão do caráter da poesia enquanto forma de “resistência” ao autoritarismo então vigente. O trabalho conta ainda com uma breve antologia dos poemas publicados no jornal. Palavras-chave: Década de 70 Imprensa alternativa Literatura Poesia SUMÁRIO INTRODUÇÃO 05 1. NO MEIO DO CAMINHO 08 ABERTURA(S) 08 PARA ALEGRIA DOS GENERAIS 09 NINGUÉM VIU, NINGUÉM SABE... 12 “IMPRENSA DE COMUNISTAS” 14 2. VERSUS 20 VERSUS LTDA. 20 O JORNAL 24 1ª FASE 25 2ª FASE 31 3ª FASE 36 O ESPAÇO DE VERSUS E SEU CONCEITO DE LITERATURA 41 3. -
CENTENÁRIO DO MODERNISMO NA LITERATURA BRASILEIRA (1918-2018) Camillo Cavalcanti (UESB) [email protected]
CENTENÁRIO DO MODERNISMO NA LITERATURA BRASILEIRA (1918-2018) Camillo Cavalcanti (UESB) [email protected] RESUMO Neste minicurso, serão desenvolvidos os seguintes tópicos: 1. Ecdótica: 1.1. Fundação: O perfeito cozinheiro das almas deste mundo (1918); 1.2. Gênese: João Miramar (1916- 1923): desafio ecdótico e espinha dorsal; Juca Mulato (1917) e estacionários: integralismo e ameaça oitocentista; 2. Estilística: 2.1. Materialismo e vanguarda, a essência modernis- ta; 2.2. Contramão: conservadores, neossimbolistas e espiritualistas; 3. Historiografia: 3.1. Início em 1922, 1920 e 1916; 3.2. Delimitação do corpus: por achismo ou marca epo- cal; 3.3. “Pré-Modernismo” – corrigenda: estética pré-modernista; 3.4. Três fases moder- nistas: o problema “Neomodernismo”; 3.5. “Pós-Modernismo”: início em 1930, 1945, 1960, 1964 e 1974; 4. Crítica: lógica duo-conflitual entre espiritualistas e materialistas, conservantismo e vanguarda: 4.1. Fase preparatória (1912-1921): jamais período, reper- tório rudimentar: O Pirralho (1911-1918), Carnaval (1919), “Prefácio Interessantíssimo” (1921); 4.2. 1ª fase (1918-1931): contra-ameaça oitocentista, experimentalismo de van- guarda (antropofagia): Perfeito cozinheiro (1918), Pau-brasil (1924), Vamos caçar papa- gaios (1926), Macunaíma (1928), Cobra Norato (1931); outro materialismo: regionalismo: Meu sertão (1918), Coivara (1920), Os caboclos (1920), Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), A bagaceira (1928), O ouro de Cuiabá (1933); espiritualistas: Nunca mais (1923), O mundo do menino impossível (1925), -
O Termo Pré-Modernismo Foi Criado Por Tristão De Ataíde (1939)
O PRÉ-MODERNISMO: A LUTA ENTRE PASSADISTAS, MODERNOS E MODERNISTAS NO CAMPO ARTÍSTICO BRASILEIRO Jean Marcel Oliveira ARAUJO Universidade Federal Fluminense [email protected] Resumo: A partir de reflexões acerca do recorte temporal e do sentido com que se deve compreender o termo Pré-modernismo, o presente estudo analisa a situação de disputas e enfrentamentos por posições no campo artístico brasileiro, identificando agentes e suas práticas discursivas evidenciando, através da análise de textos da autoria desses agentes, propostas estéticas em conflito, segundo as quais grupos e indivíduos buscavam garantir legitimidade no referido campo. Palavras-chave: Pré-modernismo. Campo artístico. Agentes. Práticas discursivas. Propostas estéticas. Abstract: By means of reflections about this time frame, and the ways in which the term Pre-modernism should be understood, the current study analyzes the situation of quarrels and confrontations for positions in the Brazilian artistic field, identifying actors and their discursive practices, demonstrating through the analysis of texts written by these agents, aesthetic issues in conflict, according to which groups and individuals were trying to ensure legitimacy in the related field. Keywords: Pre-modernism. Artistic field. Actors. Discursive practices. Aesthetic issues. Introdução O termo Pré-modernismo foi criado em 1939 por Tristão de Athayde (pseudônimo de Alceu Amoroso Lima, 1893-1983) para denominar o “momento de alvoroço intelectual, marcado pelo fim da grande guerra [1914-1918] e, entre nós, por toda uma ansiedade de renovação intelectual, que alguns anos mais tarde redundaria no movimento modernista” (ATHAYDE, 1939, p. 07). O momento a que se refere o crítico é o período compreendido entre 1916 e 1920, sobretudo, o ano de 1919. -
Revista Brasileira 102 Internet.Pdf
Revista Brasileira FASE IX • JANEIRO-FEVEREIRO-MARÇO 2020 • ANO III • N.° 102 ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2020 D IRETORIA D IRETOR Presidente: Marco Lucchesi Cicero Sandroni Secretário-Geral: Merval Pereira C ONSELHO E D ITORIAL Primeiro-Secretário: Antônio Torres Arnaldo Niskier Segundo-Secretário: Edmar Bacha Merval Pereira Tesoureiro: José Murilo de Carvalho João Almino C O M ISSÃO D E P UBLI C AÇÕES M E M BROS E FETIVOS Alfredo Bosi Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Carlos Secchin Alberto da Costa e Silva, Alberto Evaldo Cabral de Mello Venancio Filho, Alfredo Bosi, P RO D UÇÃO E D ITORIAL Ana Maria Machado, Antonio Carlos Secchin, Antonio Cicero, Antônio Torres, Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Arnaldo Niskier, Arno Wehling, Carlos R EVISÃO Diegues, Candido Mendes de Almeida, Vania Maria da Cunha Martins Santos Carlos Nejar, Celso Lafer, Cicero Sandroni, P ROJETO G RÁFI C O Cleonice Serôa da Motta Berardinelli, Victor Burton Domicio Proença Filho, Edmar Lisboa Bacha, E D ITORAÇÃO E LETRÔNI C A Evaldo Cabral de Mello, Evanildo Cavalcante Estúdio Castellani Bechara, Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Carneiro, Geraldo Holanda ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Cavalcanti, Ignácio de Loyola Brandão, João Av. Presidente Wilson, 203 – 4.o andar Almino, Joaquim Falcão, José Murilo de Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Carvalho, José Sarney, Lygia Fagundes Telles, Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Marco Lucchesi, Marco Maciel, Marcos Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Vinicios Vilaça, Merval Pereira, Murilo Melo Fax: (0xx21) 2220-6695 Filho, Nélida Piñon, Paulo Coelho, Rosiska E-mail: [email protected] Darcy de Oliveira, Sergio Paulo Rouanet, site: http://www.academia.org.br Tarcísio Padilha, Zuenir Ventura. -
Cleonice Berardinelli Figuras Da Lusofonia
Figuras da Lusofonia Cleonice Berardinelli Figuras da Lusofonia Organizador Izabel Margato Edição Instituto Camões Design Gráfico atelier Nuno Vale Cardoso + Nina Barreiros Pré-impressão e impressão Text y pe Tiragem 1000 exemplares 1ª edição Lisboa, 2002 Depósito Legal 181 628/02 ISBN 972-566-231 Figuras da Lusofonia Cleonice Berardinelli organização Izabel Margato 2002 Índice 6 Jorge Couto Prefácio 9 Izabel Margato Introdução 15 Cleonice Berardinelli Gratidão 18 Aníbal Pinto Castro Cleonice, Mestra da Universidade Luso-Brasileira 27 Luciana Stegagno Picchio Uma Ilha para Cleonice 34 Liliana Bastos Cleonice Berardinelli 38 Jorge Fernandes da Silveira Adeus às Armas 54 Eduardo Lourenço A Musa de Antero ou Antero e Eros 63 Maria Vitalina Leal de Matos O “Correlativo Objectivo” de T. S. Eliot e a sua Versão Pessoana (Digressões) 71 Tereza Cristina Cerdeira da Silva O Delfim ou “O Ano Passado na Gafeira” 78 Vilma Arêas “Honra e Paixão” versus “Passion et Vertu” 84 Helder Macedo Os Maias e a Veracidade da Inverosimilhança 90 Laura Padilha Sinos e Lembranças: Ecos de Dois Romances Angolanos Finisseculares 102 Lélia Parreira Duarte Alves & Cia, de Eça de Queirós, e Amor & Cia., de Helvécio Ratton 109 Maria Fernanda Abreu Mulata e Histérica: um Retrato Brasileiro de Carlos Malheiro Dias 118 Eneida Leal da Cunha Tornar-se Lusófono. História e Contemporaneidade 126 Renato Cordeiro Gomes Que Faremos com esta Tradição? Ou: Relíquias da Casa Velha 142 Ronaldo Menegaz Na Derrota de As Naus, de António Lobo Antunes, a Imagem de um Velho Portugal 150 Izabel Margato A Lisboa de José Cardoso Pires: o Percurso que Interroga os Relatos de Fundação 158 Benjamin Abdala Jr. -
Escrivaninha Do Poeta Olavo Bilac, Conservada Na Biblioteca Da Academia Brasileira De Letras
Escrivaninha do poeta Olavo Bilac, conservada na Biblioteca da Academia Brasileira de Letras. Guardados da Memória A morte de Eça de Queirós Machado de Assis 23 de agosto de 1900. Machado de Assis, que recusava os Meu caro H. Chaves. – Que hei de eu dizer que valha esta ca- direitos autorais, lamidade? Para os romancistas é como se perdêssemos o melhor legados ou da família, o mais esbelto e o mais válido. E tal família não se supostamente legados – quem compõe só dos que entraram com ele na vida do espírito, mas trata da questão também das relíquias da outra geração e, finalmente, da flor da é Josué Montello nova. Tal que começou pela estranheza acabou pela admiração. – por Eça de Queirós, Os mesmos que ele haverá ferido, quando exercia a crítica direta admirou-o. e quotidiana, perdoaram-lhe o mal da dor pelo mel da língua, Quando lhe pelas novas graças que lhe deu, pelas tradições velhas que con- chegou a notícia de seu servou, e mais a força que as uniu umas e outras, como só as une falecimento, a grande arte. A arte existia, a língua existia, nem podíamos os escreveu esta dois povos, sem elas, guardar o patrimônio de Vieira e de Ca- página sobre o grande mões; mas cada passo do século renova o anterior e a cada gera- romancista. ção cabem os seus profetas. (N. da Redação) 307 Machado de Assis A antiguidade consolava-se dos que morriam cedo considerando que era a sorte daqueles a quem os deuses amavam. Quando a morte encontra um Goethe ou um Voltaire, parece que esses grandes homens, na idade extrema a que chegaram, precisam de entrar na eternidade e no infinito, sem nada mais dever à terra que os ouviu e admirou. -
REVISTA BRASILEIRA 61-Duotone.Vp
Guardados da Memória Casa Grande & Senzala* Afonso Arinos de Melo Franco Quinto ocupante da Cadeira 25 na Academia Brasileira de Letras. ma das coisas que mais impressionam na crítica brasileira é Ua sua irresponsabilidade. Qualquer moço, bem ou mal in- tencionado, senta-se à mesa com o livro à frente, e assegura coisas in- cisivas, enfáticas e peremptórias, a propósito do volume, que não leu, e do autor, que não conhece. Parece-me que este hábito vem do jornalismo, que é, também, feito dentro da mesma escola. Os que se ocupam da crítica são, em geral, jornalistas e herdam da profissão a ligeireza, a ousadia e a irresponsabilidade, advindas do anonimato. Se um mequetrefe incompetente pode combater um programa fi- nanceiro, um tratado internacional, um plano de estrada de ferro, com a mais ingênua das insolências, porque não poderá, também, julgar um livro, demolindo-o ou endeusando-o, segundo o seu capricho? Daí, a confusão absoluta de categorias e de níveis no julgamento das nossas produções literárias. Os mesmos adjetivos, as mesmas * FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Gilberto Freire É Espelho de Três Faces. São Paulo: Edições e Publicações Brasil, 1937, pp. 160-172. 323 Casa Grande & Senzala Afonso Arinos de Melo Franco afirmações, são empregados às vezes para obras de valor totalmente distinto e de significação completamente diferente. O autor de um romance escandaloso e mundano que pode e deve vender mui- to, mas que não pode nem deve ser tratado com consideração pela alta crítica, é aquinhoado com os mesmos adjetivos de “homem culto”, “escritor eminente” etc., que se aplicam, com justiça, a um Rodolfo Garcia, um Paulo Prado, um Gil- berto Freire.