Elas Por Elas. Trajetórias De Uma Geração De Mulheres De
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA Elas por elas Trajetórias de uma geração de mulheres de esquerda Brasil – anos 1960-1980 NATALIA DE SOUZA BASTOS Orientadora: Prof (a). Dr (a). Denise Rollemberg Niterói Folha de aprovação Elas por elas: trajetórias de uma geração de mulheres de esquerda Brasil- anos 1960-1980 Natalia de Souza Bastos Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre. Aprovada por: _______________________________________________________ Profa. Dra. Denise Rollemberg (UFF) - orientadora ________________________________________________________ Prof. Dr. Daniel Aarão Reis Filho (UFF) ________________________________________________________ Profa. Dra. Beatriz Kushnir (Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro) Suplentes: ________________________________________________________ Prof. Dra. Laura Maciel (UFF) ________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Paula Araújo (UFRJ) Niterói 2007 II B327 Bastos, Natalia de Souza. Elas por elas: trajetórias de uma geração de mulheres de esquerda. Brasil - anos 1960 - 1980 / Natalia de Souza Bastos. – 2007. 138 f. Orientador: Denise Rollemberg Cruz. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Departamento de História, 2007. Bibliografia: f. 132-138. 1. Mulheres na política. 2. Feminismo. 3. Esquerda (Política) – Brasil. 4. Ditadura – Brasil. 5. Brasil – 1964 - 1985. I. Cruz, Denise Rollemberg. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. III À minha mãe Angela IV Agradecimentos Foram dois anos de muito aprendizado... Cresci tanto como historiadora quanto como pessoa... Novas descobertas, novas amizades. Tantos questionamentos... Mas a melhor hora vem agora: trabalho concluído, agradecimentos merecidos! Primeiramente, gostaria de agradecer à professora Denise Rollemberg, orientadora da pesquisa, cuja generosidade, dedicação e acolhida foram essenciais para a realização da dissertação. Obrigada, Denise, por me ouvir e agüentar minhas dúvidas. Quantas vezes você me escutou! Minha admiração vai além de seus apaixonantes textos. Professora, orientadora, conselheira, ouvinte, amiga... Como eram produtivos, esclarecedores e divertidos os nossos encontros de orientação de pesquisa... Além de deliciosos, graças aos bolos de Samuel. Enfim, conseguimos! Essa vitória também é sua. Aos coordenadores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em História da UFF, onde fui muito bem acolhida na nova casa que escolhi para dar continuidade aos meus estudos. Ao professor Jorge Ferreira os ensinamentos, os conselhos e a imensa força nos momentos de dúvida e crise em relação ao andamento da pesquisa. Aos professores Daniel Aarão Reis Filho, Samantha Viz Quadrat e Beatriz Kushnir pelas leituras atentas e imensas contribuições. Aos funcionários do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ), da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Biblioteca Nacional. Obrigada pela boa vontade, atenção e simpatia. Às professoras Maria Lygia Quartim de Moraes e Glória Ferreira por dividirem comigo histórias fascinantes. Aos amigos Cláudia Paixão, Gustavo Ferreira, Maika Carocha, Tatiana Bulhões, Flávia Cópio, Araci Alves, Luigi Bonafé, Leandro Meliglorini, Jaqueline Nobre, Renata Moraes, Queli Ribeiro, Mônica Jansen, Regina Peralta, Alessandra Magalhães, Sueli Bonafé, fundamentais nos momentos de “neura” e de inferno astral ao longo dos dois anos. Aos meus professores da academia Daniel Cardoso e Jaqueline Santos pelos alongamentos e massagens que tanto aliviaram as terríveis dores nas costas causadas pelas longas horas sentada escrevendo. V Aos meus pais Angela e Jesse e meu irmão Leonardo por todo apoio. Obrigada, mãe, por sempre acreditar nos meus ideais e incentivá-los. Só você para me acalmar nos momentos desconcertantes. O carinho e o constante cuidado de vocês são inexplicáveis. VI Resumo A dissertação tem como objeto de investigação a trajetória política de uma geração de mulheres que se envolveu com o projeto político das esquerdas revolucionárias e que, após a sua derrota, o redefiniu a partir do debate da especificidade da questão feminina. A pesquisa é, portanto, uma tentativa de reflexão do debate surgido, em meados dos anos 1970, entre as ex-militantes das esquerdas revolucionárias acerca de novas reflexões políticas e da valorização de conceitos como a democracia e a especificidade da questão da mulher na sociedade brasileira. VII Abstract This dissertation aims towards the investigation of the political mission of a generation of women which was involved with the political project of the revolutionary left. After it’s defeat, the project was redefined based on the question of the feminine specificity. This research is thus, an attempt to reflect the discussion which emerged, in the mid 1970s, among the ex-militants from the revolutionary left on new political thoughts and on increase value of concepts such as, democracy and the issue of the woman in the Brazilian society. VIII Sumário Muitas idéias na cabeça 10 Continuo sonhando, apesar de você... 20 Iara 31 Capítulo I Perdão, meu capitão, eu sou gente para mais além do meu sexo 37 Não confie em ninguém com mais de trinta anos de idade 40 As belas entre as feras... 43 Ângela 59 Capítulo II O Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris: uma experiência feminista no exílio 62 Capítulo III Nós mulheres, em busca de um outro Brasil 85 Brasil Mulher e Nós Mulheres: a imprensa feminista alternativa 90 As origens do Brasil Mulher e do Nós Mulheres 96 Pelas páginas da imprensa feminista: sexualidade, trabalho e anistia 108 Mamãe eu quero votar e mamar: manifestações públicas feministas no Rio de Janeiro e em São Paulo (1975-1985) 114 Umas e outras histórias... E mais algumas... 116 Dia Internacional da Mulher: estudo de um ritual político 120 Elas por elas 130 Fontes e referências bibliográficas 132 IX Muitas idéias na cabeça A década de 1960 foi marcada por intensa agitação cultural e política em todo o mundo fazendo emergir os questionamentos sobre a estrutura da sociedade, o modelo econômico capitalista, os costumes, os padrões da estrutura familiar, do casamento como instituição e dos relacionamentos entre os indivíduos. No Brasil, este movimento de intervenção e transformação da realidade social caracterizou-se por propostas tanto de cunho revolucionário, que propunham uma ruptura com o capitalismo, quanto de cunho reformista1. Este é um período em que se observou uma intensa preocupação e mobilização da sociedade em intervir na realidade política e social do país. Sob esta perspectiva, considero que os limites entre o espaço público e o privado eram muito tênues, as atividades políticas confundiam-se com as atividades pessoais cotidianas. As agitações sociais alcançavam os trabalhadores urbanos e rurais, assalariados e posseiros, estudantes e graduados das forças armadas, configurando uma redefinição do projeto nacional-estatista, que passaria a incorporar uma ampla - e inédita - participação popular2. Os anos 1960 são considerados por muitos estudiosos o período da história recente mais assinalado pela convergência entre política, cultura, vida pública e privada na sociedade brasileira. Cinema Novo, minissaia, pílula anticoncepcional, Tropicalismo, amor livre, Teatro de Arena e Oficina. Na música, no teatro, no cinema e nas artes plásticas esta efervescência cultural e política mobilizava diversos setores da classe média dos grandes centros urbanos em torno do debate dos problemas socioeconômicos brasileiros. Os setores intelectualizados da sociedade brasileira, com destaque para os estudantes, mobilizaram-se pela transformação da realidade social, orientados em seus projetos pela utopia revolucionária3. A organização de um amplo movimento cultural didático–conscientizador alastrava-se por todo o país, numa série de grupos e pequenas instituições que surgiam vinculadas a governos estaduais e municipais, além daqueles estruturados pelo movimento estudantil. No Rio de Janeiro, o Centro Popular de Cultura (CPC), ligado a UNE, organizou por todo o país atividades conscientizadoras 1 Destaque para o projeto das Reformas de Base do governo do presidente João Goulart que recebeu apoio do Partido Comunista Brasileiro. 2 REIS FILHO, Daniel Aarão. Ditadura militar, esquerdas e sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. 3 Sobre o assunto, ver RIDENTI, Marcelo. Em busca do povo brasileiro – artistas da revolução, do CPC à era da TV. Rio de Janeiro: Record, 2000. 10 junto às classes populares. A Ação Popular criou o Plano Nacional de Alfabetização (PNA), onde muitos universitários participaram do projeto de alfabetização dos trabalhadores nos principais centros urbanos. No campo, o movimento das Ligas Camponesas alcançou grande repercussão em todo o Brasil, mobilizando a sociedade num debate político nacional acerca do velho tabu da reforma agrária. Em Pernambuco, o Movimento de Cultura Popular (MCP) estruturou núcleos de alfabetização em favelas e bairros pobres. Destacou-se também o novo método de alfabetização desenvolvido por Paulo Freire, em que colocou a palavra política no comando do processo alfabetizador, a fim de desenvolver a auto-consciência da situação vivida pelas populações marginalizadas. Segmentos de orientações políticas divergentes disputavam o apoio popular e levavam milhares de pessoas às ruas em defesa de seus