Tese De Doutorado Marcelo Silva Gomes
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP INSTITUTO DE ARTES CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA Tese de Doutorado SAMBA-JAZZ AQUÉM E ALÉM DA BOSSA NOVA: TRÊS ARRANJOS PARA CÉU E MAR DE JOHNNY ALF Marcelo Silva Gomes Campinas – SP 2010 Marcelo Silva Gomes SAMBA-JAZZ AQUÉM E ALÉM DA BOSSA NOVA: TRÊS ARRANJOS PARA CÉU E MAR DE JOHNNY ALF Tese apresentada à Pós-Graduação do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Música. Área de Concentração: Processos Criativos Orientador: Prof. Dr. Rafael Antonio dos Santos Co-orientador: Prof. Dr. José Roberto Zan Campinas, SP, 2010 iii FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE ARTES DA UNICAMP Gomes, Marcelo Silva. G585s Samba-Jazz aquém e além da Bossa Nova: três arranjos para Céu e Mar de Johnny Alf. / Marcelo Silva Gomes. – Campinas, SP: [s.n.], 2010. Orientador: Prof. Dr. Antonio Rafael Carvalho dos Santos. Coorientador: Prof. Dr. José Roberto Zan. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes. 1. Samba. 2. Bossa Nova. 3. Música popular. 4. Arranjo (Música). 5. Samba-Jazz. I. Santos, Antonio Rafael Carvalho dos. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Artes. III. Título. (em/ia) Título em inglês: “Samba-Jazz beneath and beyond Bossa Nova: three arrangements for Céu e Mar by Johnny Alf. Palavras-chave em inglês (Keywords): Samba ; Bosssa Nova; Popular music ; Arrangement (Music) ; Samba-Jazz. Titulação: Doutor em Música. Banca examinadora: Prof. Dr. Antônio Rafael Carvalho dos Santos. Prof. Dr. Sidney José Molina Junior. Prof. Dr. Rogério Luiz Moraes Costa. Prof. Dr. Paulo José de Siqueira Tiné. Prof. Dr. Fernando Augusto de Almeida Hashimoto. Prof. Dr. Claudiney Rodrigues Carrasco. Profª. Drª. Maria José Dias Carrasqueira de Moraes Data da Defesa: 03-09-2010 Programa de Pós-Graduação: Música. iv v Dedicatória Dedico este trabalho a Alfredo José da Silva, o Johnny Alf, in memoriam. vii Agradecimentos Agradeço aos meus orientadores Rafael dos Santos e Jose Roberto Zan pela atenção e rigor com que trataram meu trabalho. Agradeço aos músicos Alexandre Damasceno, Zé Alexandre Carvalho, Zéli Silva, Vitor Alcântara e Wlad Mattos por suas participações musicais. Ao Wlad, quero agradecer ainda as inúmeras discussões sobre o assunto. Agradeço a Sidney Molina e Esdras Rodrigues pelas sugestões e críticas. Agradeço a Guilherme Cirati pelas correções de português e o apoio de informática. Agradeço a Gilberto Rosa e Ricardo Pacheco pelas gravações e mixagens. Agradeço a Sergio Gomes pelas sugestões e traduções. Agradeço a meus filhos e enteado pela paciência. Agradeço a minha mulher, Márcia Garcia, pelos melhores sete anos de minha vida. ix RESUMO xi Este trabalho consiste da criação, realização, análise e reflexão de três arranjos para a peça “Céu e Mar”, de Johnny Alf (1929-2010). Inicialmente, faz-se uma revisão do Samba-Jazz e de suas relações com a Bossa Nova, por meio de critérios harmônicos, melódicos, rítmicos e outras características particulares desses conteúdos sonoros. Em seguida, verifica-se de que maneira certo grupo de músicos brasileiros, no período de 1952 a 1967, reinventa o samba instrumental, na medida em que se encontra exposto à presença marcante do jazz e da produção cultural norte-americana da época. A partir daí, o autor inicia um diálogo criativo com os resultados obtidos até então, e assim são concebidos três arranjos para “Céu e Mar", distintos nas técnicas empregadas e em seu grau de intervenção nos modos de execução. Finalmente, as gravações são analisadas, considerando suas inserções num plano cartesiano especificamente criado para tal, e cuja proposta é matizar, em cada um dos arranjos e nas relações que estabelecem entre si, articulações entre concepção e performance. xiii ABSTRACT xv This work consists of the creation, implementation, analysis and discussion about three arrangements of the song “Céu e Mar”, Johnny Alf (1929-2010). Initially, it is a review of Samba-Jazz and its relations with bossa nova, using harmonic, melodic, rhythmic as criteria, besides other particular characteristics of these sound contents. Just following that, this work shows how certain group of Brazilian musicians, from 1952 to 1967, reinvents instrumental samba, as it is exposed to the strong presence of jazz and American cultural production of the time. From there, the author starts a creative dialogue with the results obtained so far, and then he conceives three arrangements for “Céu e Mar”, using different techniques and intervention in the ways of musical playing. Finally, the recordings are analyzed, considering their insertions in a Cartesian plane specifically created for that, and whose purpose is to measure how intense are the articulations between concepts and performances in each of the arrangements, and in the relations established among theirselvs. xvii Sumário PÁGINA RESUMO xiii ABSTRACT xvii SUMÁRIO xix LISTA DE FIGURAS xxiii INTRODUÇÃO 27 PRIMEIRA PARTE SAMBA-JAZZ: AQUÉM E ALÉM DA BOSSA NOVA 1- CAPÍTULO I – AQUÉM E ALÉM 1.1. SAMBA JAZZ E BOSSA NOVA 37 1.2. O RITMO 1.2.1. COLOCAÇÕES “CRUZADAS” 41 1.2.2. A FIGURAÇÃO RÍTMICA DA MELODIA 52 1.3. O CARÁTER 56 1.4. A IMPROVISAÇÃO 60 1.5. ENCONTROS E DESENCONTROS 1.5.1. JAZZ E BOSSA NOVA 69 1.5.2. A MUDANÇA DE JOBIM 72 2. CAPÍTULO II – UMA REVISÃO HISTÓRICA 2.1. JOHNNY E JOÃO 79 2.2. UMA POSSÍVEL PERIODIZAÇÃO 82 xix 2.3. O SAMBA-JAZZ PÓS 1967 89 2.4. O SAMBA-JAZZ E O CHORO 95 2.5. ATRAVESSANDO GÊNEROS 97 2.6. UMA IMPROVISAÇÃO “BRASILEIRA” 99 2.7. SENTIDOS SOCIAIS DO SAMBA-JAZZ 107 SEGUNDA PARTE SAMBA-JAZZ: TRÊS ARRANJOS PARA CÉU E MAR 3. CAPÍTULO III – CONCEPÇÃO E PERFORMANCE 3.1. O ARRANJO COMO CRIAÇÃO 115 3.2. “CÉU E MAR”: PORQUE E COMO 117 3.3. ANÁLISE DA PEÇA 119 3.4. TRÊS CONCEPÇÕES DE ARRANJO 123 3.4.1. O ARRANJO SEM ARRANJO 124 3.4.2. O ARRANJO DETALHADO 128 3.4.3. O ARRANJO SAMBA-FREE-JAZZ 134 3.5. DA GRAVAÇÃO E SEUS RESULTADOS 137 4. CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1. O GRÁFICO E SEUS MATIZES 145 4.1.1. CASUAL: ESPONTÂNEO OU PROTOCOLAR 147 4.1.2. PLANEJADO: CRIATIVO OU ESPERADO 150 4.1.3. PADRONIZADO: ADEQUADO OU REDUNDANTE 152 4.1.4. INUSITADO: INTELIGÍVEL OU CACOFÔNICO 154 xx 4.2. ANÁLISE DOS ARRANJOS 157 4.2.1. ANÁLISE DO ARRANJO SEM ARRANJO 158 4.2.2. ANÁLISE DO ARRANJO DETALHADO 161 4.2.3. ANÁLISE DO ARRANJO SAMBA-FREE-JAZZ 168 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 175 6. BIBLIOGRAFIA 187 7. ANEXO I – GRAVAÇÕES 195 8. ANEXO II - PARTITURAS 197 xxi Lista de figuras Figura 1 Gráfico analítico geral Página 31 Figura 2 O paradigma da Estácio, a time-line do samba a partir dos anos 1930 Página 42 Figura 3 Figura que Gilberto Mendes considera “a mais usada” em 1968 Página 42 Figura 4 Algumas figuras extraídas do álbum Getz/Gilberto Página 43 Figura 5 Versão de Júlio Medaglia para a Bossa Nova, também em 1968 Página 43 Figura 6 Duas brasileirinhas Página 53 Figura 7 Tendência a tercina em andamentos muito rápidos Página 53 Figura 8 Duas brasileirinhas (repetição) Página 54 Figura 9 A mesma figuração rítmica, agora em compasso quaternário Página 54 Figura 10 Tendência a tercina em de semínima em andamentos lentos Página 54 Figura 11 Trecho da partitura do tema “Quintessência” de J.T. Meirelles Página 63 Figura 12 Figura melódica denominada bebop lick Página 64 Figura 13 3º compasso da parte “B” de “Chorinho pra Ele” Página 65 Figura 14 Primeira parte do samba “Vou deitar e rolar” Página 65 Figura 15 Clichê do fraseado bebop utilizado por Sergio Mendes Página 66 Figura 16 Linha do tempo que apresenta eventos ligados ao Samba-Jazz. Página 89 Figura 17 Compassos iniciais da peça “Batida Diferente” Página 102 Figura 18 Tabela indicando a forma da peça “Céu de Mar”, de Johnny Alf Página 120 Figura 19 Partitura da peça “Céu e Mar”, de Johnny Alf Página 121 Figura 20 Gráfico analítico geral Página 147 Figura 21 Gráfico com análise do arranjo sem arranjo Página 158 Figura 22 Gráfico com análise do arranjo detalhado – primeira visão Página 163 Figura 23 Gráfico com análise do arranjo detalhado – segunda visão Página 164 Figura 24 Gráfico com análise final do arranjo detalhado Página 168 xxiii INTRODUÇÃO 25 Ao realizar um trabalho dentro da linha de pesquisa “Processos Criativos”, deve-se saber que o produto final abarcará resultados em duas instâncias: numa, oferecer um produto acadêmico baseado nas investigações do autor e em outra, produzir um conteúdo “artístico”, embora uma definição mais precisa disso seja bastante fugidia. E não basta que se o produza: há que analisar, refletir, questionar e discutir o resultado dessa produção. Para que isso acontecesse, o objeto de estudo teria de fazer parte do universo do autor, e realmente faz. Uma das vantagens disso é que, ao transitar por este entorno, aquele que o produz tem certa “experiência” para dissertar sobre aspectos sutis, afinal, vive nesse universo. Por outro lado, no que se refere especificamente a processos criativos, há um perigo: o informante e o informado são a mesma pessoa. Ora, como evitar subjetivismos? Como pode um criador analisar sua criatura? Peter Burke, ao escrever acerca desse tema, explica: “Na análise que se segue tentarei ser o mais imparcial possível. Imparcial, e não objetivo, já que é impossível fugirmos de nossa posição social e de nosso condicionamento histórico” (2003, p. 17). Pois se registre aqui que a busca será pela imparcialidade, mesmo que no nível criativo isso seja um tanto mais complicado. O tema aqui tratado é o Samba-Jazz (SJ), entre 1952 e 1967.