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Nonada: Letras em Revista E-ISSN: 2176-9893 [email protected] Laureate International Universities Brasil

Postingher Balzan, Carina Fior ERICO VERISSIMO – EDITOR: CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA DO LIVRO NO BRASIL Nonada: Letras em Revista, vol. 1, núm. 26, 2016, pp. 94-104 Laureate International Universities , Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=512454190011

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ERICO VERISSIMO – EDITOR: CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA DO LIVRO NO BRASIL

ERICO VERISSIMO – EDITOR: CONTRIBUTIONS TO BOOK HISTORY IN

Carina Fior Postingher Balzan1

Resumo: Além de escritor consagrado, Erico Verissimo realizou um dos mais consistentes projetos culturais concebidos no país em relação à difusão e circulação do livro enquanto editor da Livraria do Globo, em Porto Alegre, entre as décadas de 1930 e 1950, conduzindo o leitor a uma viagem através da literatura estrangeira. Este artigo pretende abordar as contribuições desse agente mediador literário para a História do Livro no Brasil a partir de uma pesquisa bibliográfica nas memórias do autor e de alguns estudos sobre a consolidação da Editora Globo no contexto cultural e comercial brasileiro na primeira metade do século XX, buscando também estabelecer um diálogo com a figura do editor dentro da História do Livro.

Palavras-chave: Erico Verissimo, Editora Globo, história do livro.

Abstract: In addition to acclaimed author, Erico Verissimo conducted one of the most consistent cultural projects designed in the country in relation to the dissemination and circulation of the book. As editor of the Globe Bookstore in Porto Alegre, between the 1930s and 1950s, he headed the reader on a journey by foreign literature. This text intends to approach the contributions of this literary mediator to Book History in Brazil from a literature search in the author's memories and some studies on the consolidation of Globo, a publishing house, in Brazil's cultural and commercial context in the first half of the XX century. This paper also seeks to establish a dialogue with the role of the editor within the Book History.

Keywords: Erico Verissimo, Globo publisher house, Book History.

Introdução

Dentro da história cultural e comercial do livro no Brasil, merecem destaque pelo menos dois grandes projetos culturais: um, em São Paulo, dirigido por Monteiro Lobato na Revista do Brasil e na Companhia Editora Nacional, através da Biblioteca Pedagógica Brasileira, que monopolizou a produção de livros didáticos; outro, em Porto Alegre, encabeçado por Erico Verissimo, na Livraria do Globo, que no início da década de 1930 tornou-se nacionalmente conhecida pela divulgação de literatura estrangeira traduzida. Considerado um intelectual completo, escritor-editor-tradutor, Erico Verissimo realizou um dos mais consistentes projetos culturais em relação à difusão e circulação do livro no Brasil. Revelou-se um editor ousado e atento que conduziu o leitor brasileiro a uma viagem através da literatura estrangeira, principalmente a de língua inglesa. Inclusive, o destino da Livraria do Globo não seria o mesmo sem a participação de Erico Verissimo. A relação entre ele e a Livraria do Globo é tão estreita que é impossível dissociar a trajetória profissional do escritor dos serviços que prestou à Livraria, seja como funcionário, seja como colaborador. Sua estreia literária em alcance nacional, com o conto “Ladrão de Gado”, ocorreu na Revista do Globo, em 1929, cuja edição estava a cargo

1 Doutoranda do Programa de Doutorado em Letras UCS/UniRitter. Docente do IFRS-Campus Bento Gonçalves. E- mail: [email protected]. Nonada, Porto Alegre, v.1, n.26, 1º Semestre 2016 – ISSN 2176-9893 95

de Mansueto Bernardi. Em 1931, Erico tornou-se redator da Revista. Em seguida, foi secretário da Seção Editorial da Livraria do Globo e conselheiro editorial até o fim da vida. Este artigo aborda uma faceta de Erico Verissimo não tão conhecida do público leitor: as atividades que desempenhou como editor na Livraria do Globo e as contribuições desse agente mediador literário para a História do Livro no Brasil. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica nas memórias do autor (VERISSIMO, 1972) e em alguns estudos sobre a consolidação da Editora Globo2 no contexto cultural e comercial do país nas primeiras décadas do século XX (TORRESINI, 2004; TORRES, 2012; MARTINS FILHO; PAVÃO, 2003), buscando também estabelecer um diálogo com a figura do editor dentro da História do Livro (CHARTIER, 1999; HALLEWELL, 1985; DARNTON, 2010; ZILBERMAN; LAJOLO, 2003).

A Editora Globo no comércio livreiro do Brasil no século XX

As origens da Livraria do Globo remontam ao ano de 1883, com uma pequena papelaria e livraria, fundada por Laudelino Pinheiro Barcellos, na qual foi instalada uma oficina gráfica para realizar trabalhos sob encomenda. No entanto, o negócio prosperou com José Bertaso que, de empregado, fez-se sócio da livraria e, com a morte do fundador, em 1919, tornou-se proprietário. Com a nomeação de Mansueto Bernardi para diretor do departamento de propaganda, ampliou-se o mercado da Livraria, apostando na publicação de alguns títulos traduzidos, principalmente da Itália, França e Espanha, o que tornou a editora conhecida nacionalmente. Pode-se dizer, assim, que a Livraria do Globo iniciou um programa editorial regular apenas em 1928. O processo de industrialização ocorrido no Brasil, no início do século XX, é fundamental para compreender a indústria cultural e de livros. De acordo com Torresini (1999), nessa época já existia uma indústria de livros no Brasil, cujas demandas provinham das exigências de um público leitor escasso e do ensino público e privado, que criava a necessidade de material didático. No entanto, essa indústria ainda dependia da Europa, de onde vinha grande parte das obras já impressas e prontas para a comercialização, mesmo de autores nacionais. Com o estabelecimento de acordos comerciais de proteção dos direitos autorais, o Brasil importava ficção traduzida de Portugal, limitada tanto em abrangência quanto em quantidade. Além disso, antes da Revolução de 1930, o consumo de livros era privilégio de uma elite localizada nos grandes centros como , São Paulo, Recife e Salvador, que lia na língua original autores franceses como René Bazin, Pierre Renôit, Anatole France e Mirabeau. (HALLEWELL, 1985) Com a crise econômica mundial, a situação foi alterada, principalmente para países como o Brasil, totalmente dependentes de exportação de produtos primários. As importações de livros caíram drasticamente, ocasionadas pelo aumento dos preços. Segundo Hallewell (1985), pela primeira vez, desde o início do século XIX, o livro brasileiro tornou-se competitivo em seu próprio mercado nacional. Isso significava a grande oportunidade para uma editora de ficção traduzida, e a Editora Globo soube aproveitá-la, mantendo-se proeminente nesse campo até os anos 1950. A partir da Revolução de 1930, instaurou-se um estilo de política que incluiu a participação das massas, estimulou a radiodifusão e o desenvolvimento do cinema, do disco, da imprensa e do livro. Assim, alguns livreiros destacaram-se no mercado editorial brasileiro, como Francisco Alves, no Rio de Janeiro, e Monteiro Lobato, em São Paulo, que aproveitou as condições favoráveis da industrialização para criar uma empresa dependente de capital, mão de obra e mercado local,

2 A Seção Editora da Livraria do Globo tornar-se-ia Editora Globo em 1956. Nonada, Porto Alegre, v.1, n.26, 1º Semestre 2016 – ISSN 2176-9893 96

influenciando o desenvolvimento de outras casas editoras, como a Brasiliense, a José Olympio, a Livraria Martins Editora e a Civilização Brasileira. A Editora Globo surgiu no fluxo dessas grandes editoras, com o diferencial de que sua sede localizava-se num estado periférico e geograficamente distante do centro de produção e consumo de livros no Brasil. (TORRESINI, 1999) Além disso, com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, o projetou-se politicamente no cenário nacional. Em 1931, Mansueto Bernardi abandonou a atividade editorial e assumiu a direção da Casa da Moeda, no Rio de Janeiro. Com isso, Henrique Bertaso, filho do proprietário, assumiu o setor editorial, enquanto a direção da Revista foi entregue a Erico Verissimo, contratado por Bernardi antes de sair. A Editora Globo, até 1930, tinha uma produção limitada de livros de autores gaúchos e traduções. A parceria entre Henrique Bertaso e Erico Verissimo trouxe excelentes resultados, iniciando uma fase em que as traduções tornaram-se o carro chefe da empresa. O contato deles com revistas especializadas e intelectuais de prestígio, a participação em feiras e o suporte financeiro da Livraria do Globo aos projetos foram imprescindíveis para o sucesso do empreendimento. Em 1936, a empresa já ocupava um edifício de três andares e possuía 500 empregados. A oficina contava com vinte máquinas Linotipo, e a editora já havia produzido cerca de 500 títulos. (TORRESINI, 1999) O caráter comercial da produção da Globo era evidente no início dos trabalhos de edição. Bertaso consultava o Publishers’ Weekly americano para buscar possíveis best-sellers para a tradução em língua portuguesa, além de estabelecer contato com agentes literários nos Estados Unidos. Com isso, a maioria dos primeiros livros que alcançaram sucesso junto ao público foi do gênero policial, o preferido dos anglo-americanos à época. Não se pode negar que a própria preferência de Erico Verissimo pela literatura de língua inglesa também tenha contribuído para a intensa produção de traduções de autores anglo- americanos. Outra influência decisiva foi Hollywood que, durante as décadas de 1930 e 1940, produziu muitos filmes baseados em obras literárias. De qualquer forma, a influência de Erico Verissimo foi fundamental para que a programação da Globo no campo literário ganhasse qualidade. (HALLEWELL, 1985) Erico anteviu o sucesso da literatura de língua inglesa num cenário em que os leitores brasileiros ainda estavam fascinados pela produção francesa, no início do século XX. A partir de então, passou a empenhar-se na introdução e divulgação da literatura de língua inglesa no Brasil, atuando em todas as fases do processo. Em relação ao romance anglo-americano, Erico atesta: “Tenho a impressão de que é uma ficção mais objetiva, com certo amor ao detalhe, temperada com um pouco de poesia e bastante ação, ao passo que o romance francês é mais geométrico e intelectual”. (TORRES, 2012, p. 14) Isso não significa que os livros franceses cessaram de ser traduzidos, mas o número de autores modernos foi limitado. Os de maior destaque foram: André Gide, Romain Rolland e Roger Martin Du Gard. Também foram traduzidos autores de língua alemã, como Kafka, Thomas Mann e Remarque. De outras línguas, Erico e Bertaso escolheram para traduzir autores como Ibsen, Juan Ramón Jiménez, Giovanni Papini, Pirandello, Pushkin e Tolstoi, entre outros. Distante do eixo Rio-São Paulo, espaço privilegiado de circulação e difusão dos textos literários, onde se concentravam os principais escritores do Brasil, a Seção Editora da Livraria do Globo representava um negócio duvidoso e arriscado para o proprietário. Como lembra Erico, José Bertaso

Sabia exatamente o quanto lhes rendia a tipografia, a litografia, a encadernação, a venda de livros alheios, enfim, todas as secções duma casa que já se fazia tentacular. Ora, um Nonada, Porto Alegre, v.1, n.26, 1º Semestre 2016 – ISSN 2176-9893 97

editor pode publicar livros e passar o ano inteiro – ou mais! – sem saber se está ganhando ou perdendo dinheiro. Havia o problema da distribuição, o da prestação de contas de remotas livrarias, e a fatal devolução dos livros consignados, quase sempre em mau estado de conservação. Por que desviar esforços e capital de negócios certos para dedicá-los a uma aventura problemática? (VERISSIMO, 1972, p. 26)

O comércio de livros sempre foi gerido com cautela pelos editores e livreiros, visto que produtos parados no estoque representavam prejuízo àqueles que dependiam desse investimento. Darnton (2010, p. 130), ao estudar a História do Livro no século XVIII, mostra que a demanda literária foi sempre variável e incerta. Assim, a literatura representou, antes de tudo, um negócio, como já dizia um ditado dos livreiros do século XVIII: “O melhor livro para um livreiro é o que vende bem”. O livro, suporte físico de um texto, não deixa de ser um mecanismo econômico do sistema capitalista. Trata-se de uma mercadoria - um objeto industrializado submetido à compra e à venda. Segundo Zilberman e Lajolo (2003), a partir do momento que deixou de ser um produto artesanal e passou a ser fabricado em grande quantidade, principalmente a partir do século XVIII, o livro transformou-se em propriedade privada, assumindo características da sociedade burguesa. Assim, “contratos de edição e impressão, meios de distribuição e venda, regras de tradução e condensação constituem operações que viabilizam a dimensão econômica do processo inteiro que se abre com um original e desemboca num livro.” (ZILBERMAN; LAJOLO, 2003, p.60). É interessante tomar aqui o modelo proposto por Darnton (2010) para analisar como os livros surgem e se difundem na sociedade, já que os livros impressos passam aproximadamente pelo mesmo ciclo de vida. Esse circuito de comunicação vai do autor ao editor, ao impressor, ao distribuidor, ao vendedor e ao leitor. Esse último encerra o ciclo, pois influencia o autor antes e depois do ato de criação.

A história do livro se interessa por cada fase desse processo e pelo processo como um todo, em todas as suas variações no tempo e no espaço, e em todas as suas relações com outros sistemas, econômico, social, político e cultural, no meio circundante (DARNTON, 2010, p.126).

Nesse modelo, que poderia ser aplicado a todos os períodos da História do Livro impresso, autor e editor estão lado a lado, numa posição de igualdade. Isso pressupõe que ambos são responsáveis, cada qual a sua maneira, pelo ato criador, pelo processo que transformará o texto em objeto-livro a ser disponibilizado ao consumidor final – o leitor. O editor exerce a função de primeiro mediador de todo o itinerário da edição do livro, desde o escritor até o leitor. Entre estes, ainda estão os livreiros, os distribuidores, os gráficos e os fornecedores, intermediários do processo que também almejam sua fatia de lucro no comércio livreiro. Segundo Zilberman (2001), sendo o livro um trabalho coletivo, que evolve pelo menos três elementos - o escritor, responsável pelo texto verbal; o editor, a que se associam revisores, ilustradores, tradutores, capistas; e depois da obra pronta, os livreiros, que comercializam o produto – sendo que todos buscam obter rendimentos pelas tarefas cumpridas nesse processo. Palavra de origem latina, editor refere-se a dois sentidos: “dar à luz” e “publicar”. Surge na Roma antiga para identificar aqueles que tinham a responsabilidade de multiplicar e de cuidar das cópias dos manuscritos originais dos autores, zelando para que a reprodução dos textos fosse feita corretamente. Mas é com a criação da imprensa de Gutemberg, na metade do século XV, e com o processo de popularização do livro que o impressor-editor ou livreiro-editor começa a firmar sua posição no mercado livreiro. (BRAGANÇA, 2005) Nonada, Porto Alegre, v.1, n.26, 1º Semestre 2016 – ISSN 2176-9893 98

Cabe referir que a figura do editor, tal como a conhecemos hoje, é recente. Foi somente na década de 1830, na França, que a edição se estabeleceu como uma atividade autônoma e um ofício particular, firmando-se na relação com os autores, na escolha dos textos, na seleção das formas do livro e, por fim, nos leitores. Chartier (1999, p. 50) assim define o indivíduo responsável pela edição: “Trata-se de uma profissão de natureza intelectual e comercial que visa buscar textos, encontrar autores, ligá-los ao editor, controlar o processo que vai da impressão da obra até a sua distribuição”. Originalmente, na Europa, a atividade editorial estava relacionada à atividade de livraria ou gráfica, ou seja, o livreiro-editor do século XVI, XVII e XVIII definiu-se inicialmente pelo seu comércio. Aqui, o capital mercantil era fundamental, pois definia o poder dentro do mundo da cultura impressa. O livreiro-editor podia ter uma oficina tipográfica ou dar seus livros para um impressor compor, vinculando seu negócio, primeiramente, a seu próprio catálogo. Vendia os livros que ele mesmo editava e incrementava as vendas por meio do comércio de intercâmbio com outros livreiros-editores, ao enviar algumas de suas edições e receber em troca os livros publicados por outros. Nessa empreitada, seu sucesso podia depender, além de sua habilidade, do apoio do Estado e, às vezes, da criação de novos mercados. (CHARTIER, 2001) A Editora Globo também tem sua origem vinculada a uma livraria e gráfica. Isso significa que, prioritariamente, constituía uma atividade comercial, e o crescimento da empresa dependia da comercialização dos livros. Para promover as vendas, o editor-empresário Henrique Bertaso ampliou o número de pontos de venda disponíveis, colocando os livros editados pela Livraria do Globo nas livrarias existentes no Estado. A estratégia consistia na entrega ao comerciante, em consignação, de estantes com prateleiras especiais para livros, com os dizeres: “Edições da Livraria do Globo”. Dependendo da distância, o representante comercial da Livraria visitava o estabelecimento anotando as faltas para a reposição, ou o próprio lojista solicitava por carta os livros, que eram remetidos pelo correio. O sistema de consignação tornou-se um verdadeiro sucesso. Em 1934, Henrique Bertaso viajou pelo Brasil com o intuito de ampliar para além do Estado a rede de comercialização da Editora. Foi a São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Natal, contratou representantes e visitou diversos jornais. Em 1936, viajou para a Europa, a fim de visitar editoras e agentes literários e para participar da Feira de Leipzig (TORRESINI, 2004), tradicional ponto de comércio livreiro desde o século XVI. A fase de consolidação da Editora Globo deu-se na década de 1940, quando ocorreu um grande avanço em termos de qualidade das obras no que se refere à tradução, capas, ilustrações e ao próprio processo de composição e impressão, além de investimentos em quantidade, atingindo um alto índice de produção. Nessa época, a Livraria do Globo possuía, além da sede em Porto Alegre, filiais em Santa Maria, Pelotas e Rio Grande, depósitos em São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Belém do Pará. Na matriz, cerca de 700 funcionários trabalhavam nas várias seções, entre elas, loja, escritório, depósito, tipografia, litografia, impressão e publicidade. Além de literatura ficcional, depois de 1940, a editora publicou obras ligadas às ciências humanas, dicionários, gramáticas de língua estrangeira, além de livros de culinária e lazer. Com isso, conquistou um posto entre as maiores do Brasil. (TORRESINI, 1999) O fato é que com a ajuda de Erico Verissimo, Henrique Bertaso modernizou e dinamizou o comércio livreiro no Brasil e provou que era possível a editora prosperar, mesmo afastada do centro do país. Entre 1931 e 1950, a editora publicou cerca de 1.063 obras, aproximadamente 30% delas foram de literatura traduzida. Com a morte de José Bertaso, em 1948, a nova administração transformou a empresa em sociedade anônima – Livraria do Globo S.A., da qual a Editora Globo tornou-se uma filial. A partir daí, a editora diminuiu o volume das edições e dedicou-se à publicação de manuais técnicos, à obra Nonada, Porto Alegre, v.1, n.26, 1º Semestre 2016 – ISSN 2176-9893 99

de Erico Verissimo e a autores cujo trabalho não necessitasse de grandes investimentos. A divisão se consolidou em 1956, quando a empresa passou a ser Livraria do Globo S.A. e Editora Globo S.A..

Erico Verissimo: um profissional do livro

Erico Verissimo iniciou seus trabalhos na Livraria do Globo em fins de 1930, assumindo a produção da Revista do Globo, uma publicação quinzenal que trazia assuntos variados: propaganda, literatura e também muita fofoca sobre a sociedade porto-alegrense. Ele praticamente produzia a Revista sozinho, dirigia, traduzia contos e artigos de publicações americanas, francesas, inglesas, italianas e argentinas, mandando reproduzir suas ilustrações. Muitas vezes, segundo o próprio Erico, teve de piratear publicações estrangeiras e escrever contos e poemas de última hora. (VERISSIMO, 1972) Como a revista deveria ser “popular”, eram incluídas fotos da alta sociedade rio-grandense, poemas de importantes fregueses da casa, sem levar muito em conta a qualidade literária. Sendo a verba para colaboradores pouca ou nula, Erico afirma que resolvia a situação da seguinte maneira: “Em cima de minha mesa achavam-se os meus melhores colaboradores: a tesoura e o vidro de goma-arábica”. (VERISSIMO, 1972, p. 24) Assim, mandava fazer clichês das ilustrações de revistas americanas e inventava contos que se adaptassem àquelas ilustrações, invertendo o processo, e assinava-as com um pseudônimo estrangeiro. A passagem pela Revista do Globo, no entanto, foi curta, pois Erico logo foi recrutado por Henrique Bertaso para ser “conselheiro editorial”, por duzentos mil réis mensais pagos com o ordenado do próprio chefe, já que os recursos para investimentos na editora e contratação de pessoal eram escassos. Ainda no final da década de 1920, Bertaso traçou um projeto editorial para a Livraria do Globo que incluía um pouco de literatura gaúcha, livros didáticos, gramáticas e manuais. Com a chegada de Erico, foram introduzidos romances policiais, sentimentais e de aventura norte- americanos e ingleses, que caíram no gosto do público. Essa “argamassa novelesca”, como dizia Erico, permitiu à Editora Globo investir em projetos caros e comercialmente incertos, de um lado, e, de outro, ampliar o público leitor no Brasil colocando em circulação uma quantidade considerável de opções de leitura. Por isso, muitos volumes foram editados em formato econômico e com tiragens consideravelmente altas.

Verissimo deu substância e qualidade a esse projeto. Ele apontou um novo norte à Globo, ainda que essa direção indicasse o caminho comercialmente arriscado dos autores contemporâneos, homens e mulheres que traziam novos horizontes à literatura e ao pensamento e que, muitas vezes, pautavam discussões pelo mundo. (MARTINS FILHO; PAVÃO, 2003, p. 4)

Preocupado com a qualidade dos livros, Erico pensou em soluções para questões que afligiam as incipientes casas editoriais do Brasil: como equilibrar no catálogo best-sellers e autores “difíceis”, mas importantes; como embelezar o livro, elevar o nível das traduções, baratear os exemplares em um mercado ainda reduzido, e como levar o livro além dos limites do Estado. Nesse sentido, foram organizadas diversas coleções, que contemplaram desde obras de autores clássicos, outras de grande valor literário, mas de autores pouco comerciais, como também obras de grande aceitação popular. Assim, a partir das coleções Amarela (composta de literatura de gênero policial, a exemplo de Agatha Christie, Karl May, Edgar Wallace), Nobel (composta por autores premiados e outros de grande qualidade literária, a exemplo de Pearl S. Buck, John Nonada, Porto Alegre, v.1, n.26, 1º Semestre 2016 – ISSN 2176-9893 100

Steinbeck, C.S. Forester, Thomas Mann, Somerset Maugham), Biblioteca Nanquinote, Burrinho Azul e Tapete Mágico (literatura infanto-juvenil), Biblioteca dos Séculos (composta por clássicos da literatura universal, como Tolstoi, Dickens, Stendhal, Swift), além das coleções Inquéritos, Sagitário, Verde, Universo, Tucano e Catavento, Erico foi despertando o gosto literário e incentivando a formação de novos leitores no Brasil. (TORRES, 2012) As coleções tentaram abranger, dentro dos princípios da indústria do livro, um determinado público consumidor e suas demandas. Existia uma preocupação da editora com o leitor médio, disponibilizando não apenas a literatura para a elite intelectual, mas também a literatura de fácil acesso e assimilação, como o gênero policial, classificado como uma literatura não-canonizada. Fato é que, a partir dessas coleções, os brasileiros leram pela primeira vez dezenas de escritores até então desconhecidos, ampliando as opções de leitura e configurando seus gostos. De acordo com Torresini (2004), só com a Coleção Amarela, dezessete autores tornaram-se conhecidos dos leitores brasileiros. Além da literatura estrangeira, Erico também editou autores nacionais. Lançou Mario Quintana, Jorge de Lima e Dyonélio Machado e reeditou autores como Oswald de Andrade e Simões Lopes Neto, mostrando a preocupação em resgatar e preservar a obra de escritores que considerava importantes e de grande qualidade literária. A respeito da obra de Simões Lopes Neto, declara:

Decidimos um dia resgatar do olvido o homem que era, sem nenhum favor, um dos maiores contistas regionais do Brasil. [...] Fizemos a transação, decididos que estávamos a lançar Contos Gauchescos e Lendas do Sul numa edição crítica [...] Mais tarde, Carlos Reverbel, jornalista e historiador e também “especialista” em Simões Lopes Neto, catou em velhos jornais e revistas uma série de pequenas estórias que a Globo editou sob o título de Casos do Romualdo. E assim um grande escritor in natura foi revelado ao Brasil. (VERISSIMO, 1972, p. 83-84)

Atento e visionário, Erico não apenas organizava as coleções, mas cuidava das traduções, das ilustrações, da edição, sugeria autores, primando pela qualidade:

As edições eram apresentadas em roupagens bem cuidadas, ilustradas por um time de artistas gráficos do ateliê de desenho da Globo, capitaneados por nomes como o do alemão Ernest Zeuner. Esse cuidado com a feitura do livro daria impulso fundamental à produção no país. (MARTINS FILHO; PAVÃO, 2003, p. 5)

Uma das maiores preocupações de Erico, no entanto, dizia respeito às traduções, que no Brasil ainda apresentavam um baixo padrão de qualidade. De acordo com Hallewell (1985, p. 320),

O reduzido mercado livreiro antes de 1940 limitava os orçamentos das editoras e isso estabeleceu uma tradição, que perdura até hoje, de que a tradução é um trabalho subalterno mal pago. A escassez de tradutores competentes em outras línguas, além do francês e do espanhol, acrescia a distorção decorrente do uso de uma versão nessas línguas como intermediária para a tradução.

A Editora Globo, a partir de 1937, procurou melhorar a qualidade de suas traduções contratando tradutores como empregados permanentes, dando-lhes ótimas condições de trabalho como boa remuneração, prazos estendidos, expediente na empresa onde tinham à disposição gramáticas, manuais e dicionários, podendo cada um se especializar na língua de sua competência. Além disso, receberam o estímulo de terem o trabalho identificado com seu nome na página de rosto dos livros. Todas as traduções eram ainda submetidas a uma cuidadosa revisão em dois Nonada, Porto Alegre, v.1, n.26, 1º Semestre 2016 – ISSN 2176-9893 101

estágios: primeiro para verificar a correspondência literal com o original, depois para assegurar a fidelidade estilística e a qualidade do português. (HALLEWELL, 1985) Cabe mencionar que Erico contratou traduções de hoje consagrados escritores brasileiros, como Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana e Manuel Bandeira (TORRES, 2012), além de ter traduzido ele mesmo dezenas de livros. Dentre as obras traduzidas por Erico, merece destaque o Point Counterpoint (Contraponto), de Aldous Huxley, que levou oito longos meses para ficar pronto. A técnica narrativa utilizada neste livro acabou sendo adaptada por ele ao escrever algumas de suas próprias obras. A partir disso, é bem provável que outros escritores brasileiros tenham sido influenciados, nas décadas posteriores, pelas traduções publicadas pela Editora Globo. Mas nem todas as obras foram traduzidas por Erico com o mesmo entusiasmo, principalmente no início da carreira na Revista do Globo, quando ele realizava traduções à noite a fim de complementar seu ordenado. É o que aconteceu, por exemplo, com um livro de Edgar Wallace, segundo seu depoimento:

Aproveito esta oportunidade para uma confissão. Estava eu a traduzir o On the Spot, de Edgar Wallace, quando, movido pelo tédio quase mortal que o livro me produzia, resolvi colaborar com o autor e tomar liberdades com o texto, respeitando a estória mas modificando o estilo. Fiz o diabo. A novela foi publicada com o título de A Morte Mora em Chicago. Será demasiada pretensão afirmar que em português ficou melhor que no original? (VERISSIMO, 1972, p. 45)

A partir dessa declaração, pode-se refletir sobre o papel do tradutor e, principalmente, do editor frente à obra literária. Sabe-se que o editor não é responsável direto pela criação do texto, mas há uma margem de criação em que ele atua na qual imprime as próprias marcas no texto, seja na concepção do produto editorial seja na interlocução com os autores, tradutores, ilustradores. Decorre disso que, muitas vezes, o produto posto no mercado é concebido pelo editor a partir do texto original do escritor, num quase processo de coautoria. Na produção de livros, como aponta Chartier (2011, p. 97), existem dois conjuntos de dispositivos que se cruzam e frequentemente se confundem. Um, criado pelo autor e resultante da escrita, puramente textual, que tende a impor um protocolo de leitura, ora aproximando o leitor a uma maneira de ler que lhe é indicada, ora fazendo agir sobre ele uma mecânica literária que o coloca onde o autor deseja que esteja. Outro, constituído pelas formas tipográficas do texto: disposição e divisão do texto, tipografia, ilustração. Estes últimos procedimentos não pertencem à escrita, mas à impressão, decididos pelo editor, variáveis conforme a época e capazes de sugerir leituras diferentes de um mesmo texto. Daí a relevância atribuída ao trabalho do editor, que atualiza o texto e imprime nele as marcas de seu gênio e de seu tempo. A organização tipográfica revela, por isso, uma intenção editorial. Segundo Chartier,

Os dispositivos tipográficos têm, portanto, tanta importância, ou até mais, do que os “sinais” textuais, pois são eles que dão suportes notáveis às possíveis atualizações do texto. Permitem um comércio perpétuo entre textos imóveis e leitores que mudam, traduzindo no impresso as mutações de horizonte de expectativa do público e propondo novas significações além daquelas que o autor pretendia impor a seus primeiros leitores. (CHARTIER, 2011, p. 100)

A parceria entre Erico e Bertaso foi imprescindível para que o projeto editorial da Livraria do Globo rendesse bons frutos, tanto em termos de reconhecimento dentro do mercado livreiro no Brasil, quanto em termos financeiros para a empresa. Contudo, aliar o ato artístico da criação Nonada, Porto Alegre, v.1, n.26, 1º Semestre 2016 – ISSN 2176-9893 102

literária com o aspecto comercial de determinada obra nem sempre constituía uma tarefa simples, como lembra Erico em uma das muitas conversas com o parceiro de edição: “Escrever, concluíamos, era um ato literário, artístico; publicar, um ato comercial ou industrial. O casamento entre autor e editor, portanto, estava condenado a ser uma união precária, sujeita a desconfianças, conflitos e até divórcios...”. (VERISSIMO, 1972, p. 38) A própria História do Livro mostra que as relações entre escritores e editores sempre foram conturbadas. No início da produção industrial do livro, o escritor era apenas um entre os vários sujeitos envolvidos no processo, tanto é que os primeiros beneficiários da regulamentação dos direitos sobre a obra foram os impressores-editores e os livreiros, e não os autores. O direito de propriedade foi conquistado a duras penas pelos escritores, depois de séculos de disputa, quando se passou a conceber o texto como o principal dentre os vários constituintes do livro, da manufatura do papel à ilustração e impressão. Desde então, os privilégios começaram a se concentrar em torno do escritor. (ZILBERMAN; LAJOLO, 2003) Segundo Darnton (2010), no século XVIII, os editores estavam permanentemente envolvidos em “mexericos” literários, devendo estar atentos aos novos escritores, negociar com eles, comprar seus direitos autorais antes que outra editora concorrente o fizesse, calculando formas de diminuir os custos. E ainda:

Os editores estavam sempre em negociações. Havia sempre uns doze projetos em andamento, e os que davam certo constituíam exceção – as transações que trouxeram ao mundo uma pequena dose de literatura a partir da nebulosa vastidão da literatura-que- podia-ter-sido. (DARTON, 2010, p. 152)

Pelos relatos de Erico, essa mesma realidade descrita por Darnton era vivida na Editora Globo. Trabalhava-se muito para estar à frente da concorrência e, principalmente, oferecer ao leitor o melhor em termos de novidade e qualidade literária. Mas, esse “melhor” é definido pelo ponto de vista do editor, e nas suas escolhas estão embutidos muitos aspectos, não apenas técnicos, mas ideológicos e culturais, um conjunto de gostos e valores que definem os critérios para a escolha. Cabe aos editores, portanto, determinar a literatura que chegará aos leitores:

O editor encarrega-se da publicação, não apenas no sentido de dar vida e materialidade ao texto do escritor, em forma de livro, mas na ação de torná-lo publicamente conhecido, isto é, difundido, distribuído, consumido e lido. (BRAGANÇA, 2005, p. 222).

Concomitantemente ao trabalho de editor, o escritor Erico Verissimo não descuidou de sua própria produção. Em 1938, com a publicação de Olhai os Lírios do Campo, Erico consagra-se como autor, bate recorde de vendas com três edições em um ano e traz um enorme prestígio à editora e à literatura do Rio Grande do Sul. Todos as obras do escritor, de Fantoches (1932) a Solo de Clarineta (1976), foram lançadas pela Globo. Mas ao entrar para a Livraria do Globo, em 1931, Erico parecia saber que para viver como escritor, profissão que ainda não existia na época, teria que escrever para jornais, traduzir livros, colaborar em revistas e desempenhar outras tantas funções paralelas à escritura de seus livros. De acordo com Zilberman e Lajolo (2003), no Brasil do século XIX - e podemos estender essa situação ao início do século XX - não foi possível à maioria dos escritores viver de sua literatura. Dentre os empecilhos, estavam as dificuldades técnicas advindas do aparecimento tardio da imprensa no país e, o mais grave, o analfabetismo da população, que, no final do século XIX, era de 70%. Como profissional do livro, Erico Verissimo foi um dos poucos escritores na época a obter da literatura o seu sustento. Torresini (2004) afirma que pela múltipla competência (escritor-editor- Nonada, Porto Alegre, v.1, n.26, 1º Semestre 2016 – ISSN 2176-9893 103

tradutor) de Erico, a atividade profissional viabilizou seu meio de sustento e subsistência, situação rara entre os escritores do período, o que torna a sua posição paradigmática.

Considerações finais

Estando lado a lado com o escritor, como propõe Darnton (2010), a figura do editor e o poder que ele detém sobre a obra literária convertida em material impresso – o livro – nos fazem refletir sobre a importância dessa atividade que, muitas vezes, pode até passar despercebida pelos leitores, mas que é crucial no processo de construção de sentido do texto e na formação do gosto literário de uma época. O editor é o responsável pelo objeto-livro que chega às livrarias: seu formato, apresentação, qualidade gráfica, enfim, aspectos relevantes para a aceitação ou não da obra pelo público leitor. Além disso, cabe ao editor a decisão sobre quais obras chegarão ao mercado e estarão disponíveis aos leitores e quais estarão fadadas ao esquecimento. Ele pode tornar-se a ponte entre um escritor inédito e um autor consagrado e lido, entre uma possível publicação e uma publicação real. A atuação de Erico Verissimo na Editora Globo foi, em suma, decisiva para o amadurecimento da atividade editorial no Brasil, ajudando a cunhar um projeto cultural, não um simples negócio, e atuando em todas as partes do processo, desde a seleção de títulos até a tradução. Mesmo vinculado ao capital comercial de uma grande livraria, sua atividade editorial sempre foi pautada por critérios intelectuais, mais que técnicos ou comerciais. Como agente mediador literário, Erico colocou em circulação um grande volume de literatura estrangeira traduzida, ampliando as opções de leitura no ainda incipiente mercado livreiro do país. Os maiores beneficiados, os leitores, certamente foram influenciados pelas obras literárias editadas e publicadas pela Editora Globo. Na primeira metade do século XX, a partir do projeto de barateamento e popularização do livro empreendido pela editora, sem deixar de prezar pela qualidade, foi oportunizado ao público leitor brasileiro conhecer dezenas de autores estrangeiros e ter um contato mais íntimo com a leitura, promovido pelo acesso mais facilitado ao livro. Daí a importância da Editora Globo e de seus mentores, em especial Erico Verissimo, para a História do Livro no Brasil.

Referências

BRAGANÇA, Anibal. Sobre o editor: notas para sua história. In: Em Questão. Porto Alegre, v.11, n.2, p. 219-237, jul./dez. 2005,. Disponível em: . Acesso em: 06 jan. 2015.

CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Editora UNESP; Imprensa Oficial do Estado, 1999.

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DARNTON, Robert. O Beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

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HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil: sua história. São Paulo: T.A.Queiroz: Ed. da Universidade de São Paulo, 1985.

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TORRES, Waldemar. Erico Verissimo: editor e tradutor: viagem através da literatura. Porto Alegre: AGE, 2012.

TORRESINI, Elisabeth W.R. Editora Globo: uma aventura editorial nos anos 30 e 40. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1999.

______. As coleções da Livraria do Globo de Porto Alegre (1930-1950). I Seminário Brasileiro sobre Livro e História Editorial, Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: . Acesso em: 02 jan. 2015.

VERISSIMO, Erico. Um certo Henrique Bertaso: pequeno retrato em que o pintor também aparece. Porto Alegre: Editora Globo, 1972.

ZILBERMAN, Regina; LAJOLO, Marisa. A formação da leitura no Brasil. 3. ed. São Paulo: Ática, 2003.

ZILBERMAN, Regina. Fim do livro, fim dos leitores? 2. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2001.

Recebido em 4/12/2015 Aceito em 5/1/2016