Centenário Da República
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Centenário da República Presidentes da 1ª República (1910-1926) Manuel de Arriaga (1911-1915) Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue nasceu na Horta a 8 de Julho de 1840 e faleceu em Lisboa, a 5 de Março de 1917). Foi advogado, professor, escritor e político. Grande orador e membro destacado da geração doutrinária do republicanismo português, foi dirigente e um dos principais ideólogos do Partido Republicano Português. A 24 de Agosto de 1911 tornou-se no primeiro presidente eleito da República Portuguesa, para um mandato de quatro anos, sucedendo na chefia do Estado ao Governo Provisório presidido por Teófilo Braga. Exerceu aquelas funções até 26 de Maio de 1915, data em que resignou, após um conturbado período de instabilidade política, sendo substituído no cargo pelo mesmo Teófilo Braga, eleito provisoriamente pelo Congresso, para completar o tempo restante do mandato. 1 Teófilo Braga (1915) Joaquim Teófilo Fernandes Braga nasceu em Ponta Delgada a 24 de Fevereiro de 1843 e faleceu em Lisboa, 28 de Janeiro de 1924. Foi político, escritor e ensaísta. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, fixou-se em Lisboa em 1872, onde leccionou literatura no Curso Superior de Letras (actual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa). Da sua carreira literária contam-se obras de história literária, etnografia (com especial destaque para as suas recolhas de contos e canções tradicionais), poesia, ficção e filosofia. Depois de ter presidido ao Governo Provisório da República Portuguesa, a sua carreira política terminou após exercer fugazmente o cargo de Presidente da República, em substituição de Manuel de Arriaga, entre 29 de Maio e 5 de Agosto de 1915. 2 Bernardino Machado (1915 – 1917 e 1925 – 1926) Bernardino Luís Machado Guimarães nasceu no Rio de Janeiro a 28 de Março de 1851 e faleceu em Famalicão a 28 de Abril de 1944. Foi presidente da República Portuguesa por duas vezes. Primeiro, de 6 de Agosto de 1915 até 5 de Dezembro de 1917, quando Sidónio Pais, à frente de uma junta militar, dissolveu o Congresso e o destituiu, obrigando-o a abandonar o país. Mais tarde, em 11 de Dezembro de 1925, volta à presidência da República para, um ano depois, voltar a ser destituído pela revolução militar de 28 de Maio de 1926, que instituiu a Ditadura Militar e abriu caminho à instauração do Estado Novo. Para além de político, foi autor de uma obra literária considerável, que inclui temas de física e pedagogia. 3 Sidónio Pais (1917 – 1918) Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais nasceu em Caminha a 1 de Maio de 1872 e faleceu em Lisboa a 14 de Dezembro de 1918. Foi um militar (oficial de artilharia), professor, e político que, entre outras funções, exerceu os cargos de deputado, de ministro do Fomento, de ministro das Finanças, de embaixador de Portugal em Berlim e de presidente da República Portuguesa. Enquanto presidente da República, exerceu o cargo de forma ditatorial, suspendendo e alterando por decreto normas essenciais da Constituição Portuguesa de 1911, razão pela qual ficou conhecido com o Presidente-Rei. A revolução sidonista fez-se contra a participação de Portugal na I Guerra Mundial, sendo levada a cabo uma política de desmobilização. A 28 de Abril de 1918, fez-se eleger presidente da República em eleições directas nas quais se apresentou como único candidato. Durante o seu mandato foi instituída a “República Nova” que excluiu os partidos republicanos da “República Velha”, que se recusaram a participar nos actos eleitorais e na política ditatorial do sidonismo. Protagonizou a primeira grande perversão ditatorial do republicanismo português, transformando-se numa das figuras mais fracturantes da política portuguesa do século XX. 4 Canto e Castro (1918 - 1919) João do Canto e Castro Silva Antunes Júnior nasceu em Lisboa, a 19 de Maio de 1862 e faleceu na mesma cidade a 14 de Março de 1934. Foi oficial da Marinha e quinto Presidente da República Portuguesa, entre 16 de Dezembro de 1918 e 5 de Outubro de 1919. Durante o seu mandato sucederam-se duas tentativas de revolução. A primeira, em Santarém, em Dezembro de 1918, liderada pelos republicanos Cunha Leal e Álvaro de Castro. A segunda, em Janeiro de 1919, de cariz monárquico, liderada por Paiva Couceiro, que, por algum tempo manteve a "Monarquia do Norte" fez ressaltar a sua posição sui generis: sendo monárquico, como Presidente da República, reprimiu violentamente um movimento daqueles com quem partilhava convicções. 5 António José de Almeida (1919-1923) António José de Almeida nasceu em Vale da Vinha, Penacova, a 27 de Julho de 1866 e faleceu em Lisboa, a 31 de Outubro de 1929. Foi um dos mais populares dirigentes do Partido Republicano. Eleito a 6 de Agosto de 1919, foi o sexto presidente da República Portuguesa de 5 de Outubro de 1919 a 5 de Outubro de 1923. Os seus discursos inflamados fizeram dele um orador muito popular nos comícios republicanos. Ministro do Interior do Governo Provisório, foi depois várias vezes ministro e deputado, tendo fundado em Fevereiro de 1912 o partido Evolucionista (partido republicano moderado). Foi o único presidente que até 1926 ocupou o cargo até ao fim do mandato. Nestas funções foi ao Brasil em visita oficial, para participar no centenário da independência da antiga colónia portuguesa. 6 Manuel Teixeira Gomes (1923-1925) Manuel Teixeira Gomes nasceu em Vila Nova de Portimão, a 27 de Maio de 1860 e faleceu em Bougie (Argélia), a 18 de Outubro de 1941. Foi o sétimo presidente da Primeira República Portuguesa, em 6 de Agosto de 1923, é eleito, cargo que toma posse em 5 de Outubro do mesmo ano. Demitiu- se das suas funções de Presidente a 11 de Dezembro de 1925, num contexto de grande perturbação política e social. A sua vontade em dedicar-se exclusivamente à obra literária, foi a sua justificação oficial para a renúncia. A 17 de Dezembro, embarca no paquete holandês «Zeus» rumo a Oran, na Argélia, num auto-exílio voluntário, sempre em oposição ao regime de Salazar, nunca regressando em vida a Portugal. Morre em 1941 (Bougie, Argélia) e só em Outubro de 1950 os seus restos mortais voltaram a Portugal, numa cerimónia que veio a tornar-se, provavelmente, na mais controversa manifestação popular ocorrida na já então cidade de Portimão, nos tempos do Salazarismo. Deixou uma considerável obra literária, integrada na corrente nefelibata e uranista. 7 8 A 1ª República em Portugal (1910-1926) O 5 de Outubro de 1910 O início das operações militares tinha sido marcado para a madrugada de 4 de Outubro de 1910, em Lisboa, mas muitos apoios falharam. Vale, então, a atitude de Machado Santos, um comissário naval e importante membro da Carbonária, que, com um escasso número de homens recrutados no quartel de Artilharia 1, resiste entrincheirado na Rotunda. Entre a desorientação das tropas fiéis à monarquia e o auxílio de civis, o movimento republicano conseguiu a gradual intervenção de outras unidades militares e dos navios ancorados no Tejo. Às 8 horas da manhã de 5 de Outubro, Lisboa pode, finalmente, vitoriar a República que, pouco depois, foi solenemente proclamada, na Câmara Municipal, por José Relvas. Enquanto, em Lisboa se festejava a República, a Família Real embarcava, na Ericeira, para o exílio. Quase sem resistência, as forças fiéis ao regime “deixavam cair a Monarquia”. No centro e norte do país, a situação dos meios militares e administrativos foi calma; Portugal aceitou a República, “por telegrama”. 11 O Governo Provisório e as primeiras medidas republicanas Proclamada a República em 5 de Outubro de 1910, subiu ao poder um Governo Provisório presidido por Teófilo Braga, o qual procurou cumprir os principais objectivos do programa republicano: abolição das instituições monárquicas, adopção de nova bandeira e novo hino nacional, substituição do real pelo escudo, expulsão dos Jesuítas e de todas as ordens religiosas, proibição do ensino religioso nas escolas e nacionalização dos bens da Igreja, estabelecimento do casamento exclusivamente civil e introdução do divórcio, garantia de liberdade de imprensa e regulamentação do direito à greve, obrigatoriedade de frequência do ensino primário elementar… Para lá da intensa actividade legislativa, o Governo Provisório preparou as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, realizadas em 28 de Maio de 1911. Neste Governo Provisório, participaram alguns dos principais dirigentes republicanos, entre os quais António José de Almeida, Afonso Costa, Bernardino Machado e Brito Camacho. 12 A Constituição de 1911 e o primeiro Presidente da República Em Maio de 1911, realizaram-se eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, cujas tarefas essenciais, além de ratificação das medidas tomadas pelo Governo Provisório, consistiram em preparar, discutir e aprovar a Constituição da República, que foi aprovada em 21 de Agosto desse ano, a qual consagrou os direitos, liberdades e garantias individuais; estabeleceu a supremacia do poder legislativo e determinou que o presidente da República seria eleito pelo Congresso de quatro em quatro anos. Escolhido o primeiro presidente da República, Manuel Arriaga, e formado o primeiro Governo Constitucional, em 4 de Setembro de 1911, chegou ao termo o Governo Provisório. 13 A participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial Em 1914 eclodiu a 1ª Guerra Mundial. Conhecidas as ambições germânicas sobre o Ultramar português, tornava-se claro que a intervenção ao lado dos Aliados era do interesse nacional. Tomar posição ao lado das grandes potências como a França ou a Inglaterra significaria também o reconhecimento internacional do novo regime republicano. Em inícios de 1916, perante a necessidade de assegurar os seus transportes marítimos, a Grã-Bretanha solicitou a Portugal a requisição dos navios mercantes alemães que se encontravam fundeados nos portos do continente, ilhas e ultramar. O consentimento das autoridades portuguesas, que apresaram as embarcações a partir de Fevereiro de 1916, conduziu à declaração de guerra por parte da Alemanha a Portugal em 9 de Março.