The Epic of Gilgamesh
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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS Underlying Motifs in the Hero’s Quest for Immortality in The Epic of Gilgamesh Allen Elia Seudin Dissertation Master in English and American Studies Area of Specialty: Literature 2016-2017 UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS Underlying Motifs in the Hero’s Quest for Immortality in The Epic of Gilgamesh Allen Elia Seudin Dissertation Supervised by: Prof. Nuno Simões Rodrigues/ Prof. Maria Angélica Sousa Oliveira Varandas Cansado Master in English and American Studies 2016-2017 ACKOWLEDGMENT I would like to acknowledge the work of scholars in the field of Assyriology, especially the most prominent Andrew R. George and Jefferey H. Tigay who made an enormous contribution to the study and the development of The Epic of Gilgamesh, and whose insight served as a guide throughout Chapter 1. I am thankful for all the instructions, comments, and support I received from my supervisors, Prof. Nuno Simões Rodrigues and Prof. Maria Angélica Sousa Oliveira Varandas Cansado. I am also grateful for my family, relatives, friends who placed their faith in my potentials and encouraged me in this journey. Resumo Há cinco mil anos, o povo da fértil terra da Mesopotâmia cantava a literatura da sua notável civilização. Um único poema, contudo, permaneceu firme no seu coração e memória ao longo dos próximos milénios. O povo da cidade de Uruk (a Érec bíblica) celebrou a vida do seu poderoso rei Gilgamesh que, dotado de poderes sobrenaturais, embarcou numa longa demanda por glória e imortalidade física durante a qual matou monstros, confrontou deuses e deusas, perdeu o seu amigo mais próximo, buscou o sobrevivente do dilúvio de quem aprendeu segredos e regressou a casa mais maduro onde escreveu a sua história numa estela em pedra. Embora Gilgamesh não tenha conseguido alcançar a imortalidade física, o seu poema perpetuou o seu nome pela eternidade. A história miraculosa da recuperação da epopeia em meados do século XIX e o seu impacto contínuo nos leitores durante o século XX são uma prova sólida da sua intemporalidade. Gilgamesh não é apenas espantoso devido ao seu tema eminente, mas também devido a todos os outros ingredientes que dele sobressaem e que nos tocam profundamente. Muito semelhante à Bíblia, o livro de Gilgamesh expressa a ânsia e curiosidade humanas por aquilo que se encontra para além do nosso horizonte. Impele-nos a sair da nossa zona de conforto e enfrentar os desafios da vida. Também nos ajuda a lidar de forma correcta com questões existenciais, e guia-nos ao longo do nosso caminho de modo a tornarmo-nos indivíduos melhores através da empatia que devemos mostrar em relação aos nossos semelhantes. Em última instância, a história promove a ideia de que o conhecimento substitui a imortalidade física sendo a solução perfeita que devemos incorporar nas nossas vidas. Esta dissertação faz um esforço para aludir a tudo o que era relevante na antiga Mesopotâmia e em particular na Epopeia de Gilgamesh. O conhecimento sobre esta cultura remota, sobre a sua evolução a nível literário, e sobre os seus ideais religiosos facilita a tarefa de compreender os vários motivos, símbolos e elementos dispersos ao longo da epopeia. Deste modo, no primeiro capítulo deste estudo, oferece-se uma breve visão geral sobre a história da Mesopotâmia, sobre a recuperação das tábuas de Gilgamesh das ruínas da biblioteca do grande rei assírio Assurbanípal (687-627 a.C.) e sobre a historicidade do rei Gilgamesh. Abordam-se ainda os métodos de circulação da literatura de Gilgamesh dentro e fora da Mesopotâmia e da tradição oral para a escrita. Na secção seguinte, esta dissertação traça os estádios de evolução da literatura de Gilgamesh a partir daquilo que no início eram apenas contos dispersos escritos em língua suméria, passando pela primeira tentativa, já no período Paleo-Babilónico, de os unificar numa única obra literária, até à versão mais completa da epopeia, a designada Versão Corrente Babilónica. A estrutura desta versão tardia é observada cuidadosamente, uma vez que apresenta características muito significativas, tais como o prólogo, a conhecida estrofe que enquadra a narrativa, e a simetria que subjaz a todo o poema. Mais ainda, esta trabalho aborda ainda dois aspectos que continuam a fomentar acesos debates entre investigadores e assiriologistas, nomeadamente a consistência da Tábua XII e o autor provável da Versão Corrente Babilónica. A última secção deste primeiro capítulo reflecte sobre questões essenciais relacionadas com a religião e ideais mesopotâmicos. Por exemplo, até que ponto a religião da antiga Mesopotâmia influenciou a Epopeia de Gilgamesh? Quais eram os deuses mesopotâmicos? Como concebiam os mesopotâmicos o seu universo e as suas divindades? Assim, o presente trabalho percorre o panteão mesopotâmico, bem como os papeis e funções dos deuses que protagonizam a Epopeia de Gilgamesh. O que é mais surpreendente nesta última secção, todavia, é o conceito de deus pessoal que constituía uma parte significativa das vidas dos antigos mesopotâmicos. Além do mais, discute-se também os ritos de rejuvenescimento, as aplicações cosméticas que sustêm a linhagem familiar e os serviços prestados aos deuses de forma a ilustrar as várias alternativas procuradas pelo povo da Mesopotâmia em relação à longevidade. O segundo capítulo introduz uma nova interpretação da Epopeia de Gilgamesh que, de certo modo, redefine os aspectos da narrativa e abre possibilidades para investigações futuras. Este facto é conseguido por intermédio de duas linhas de aproximação. Em primeiro lugar, são traçadas comparações de temas, imagens e personagens entre a Epopeia de Gilgamesh e outros textos literários sumero-babilónicos de forma a construir uma leitura a partir de uma visão da própria Mesopotâmia antiga. Em segundo lugar, estes motivos são simultaneamente analisados a partir de perspectivas mais recentes baseadas no trabalho de estudiosos e investigadores especialistas em mitologia. Assim sendo, o título das secções principais deste capítulo são retiradas das expressões utilizadas por Joseph Campbell relativamente à viagem do herói, uma teoria que ele denominou de monomito no seu livro The Hero with a Thousand Faces. Na primeira secção, Partida, são discutidos certos aspectos, tais como as causas por detrás do carácter impulsivo de Gilgamesh. Esta discussão questiona a perspectiva tradicional que identifica a primeira vez que o herói se sente esmagado pelo medo da morte. Logo depois é oferecida uma solução possível para o enigma da genealogia de Gilgamesh, dois terços deus e um terço humano. As secções seguintes exploram a questão da deusa mítica da terra que representa a dualidade. São encontrados significados e implicações para fórmulas utilizadas de forma abundante ao longo da epopeia, como, por exemplo, os “seis dias e sete noites” e as cinco fórmulas do sonho. Ao mesmo tempo, são também interpretados, do ponto de vista mesopotâmico, os números que caracterizam a epopeia. São ainda referidos os objectivos que presidiram à criação de Enkidu e o motivo que levou o herói à Floresta de Cedros de forma diferente das abordagens mais convencionais que defendem que Gilgamesh, na sua primeira expedição, apenas procura fama e glória. Na segunda secção, Iniciação, faz-se uma tentativa para reconstruir um verso fragmentado das preces da mãe de Gilgamesh ao deus sol na Tábua III que pode clarificar o mito do dilúvio contido na epopeia. Noutros momentos desta secção são ainda analisados vários símbolos, tais como o monstro, criaturas fantásticas, árvores altas, resina, montanhas, túneis, jardim cheio de jóias, etc. O conceito de Adjuvante Sobrenatural, que auxilia o herói em momentos de adversidade, é também elucidado. Os episódios que revelam um conflito entre a natureza e a cultura, e entre humanos e deuses, bem como aqueles que contextualizam o Hades mesopotâmico, a corte dos deuses e os mecanismos para produzir um veredicto contra malfeitores são também examinados à luz da concepção mesopotâmica dos seus deuses e do Mundo Inferior. A morte de Enkidu não é abordada com superficialidade e consequentemente são revelados ainda mais aspectos que merecem uma reconsideração. Esta dissertação procede no sentido de clarificar ainda mais questões, na segunda viagem de Gilgamesh na sua busca pela imortalidade, tais como o facto de o herói matar animais selvagens e vestir as suas peles, o que será decerto o resultado do seu desejo subconsciente de absorver a sua vitalidade. Do mesmo modo, o motivo mítico dos Guardiões, que se erguem no limiar de acesso ao reino desconhecido, é aqui discutido. As múltiplas associações sugeridas são baseadas em materiais mesopotâmicos, como por exemplo, o sol é associado ao elemento vida, os donos das tabernas às sacerdotisas dos templos que eram, na verdade, substitutas da deusa Ishtar, o sobrevivente do dilúvio, Uta-napishti, é associado ao deus da sabedoria, Enki. Curiosamente, esta dissertação sublinha ainda as ironias que dominam a Epopeia de Gilgamesh que haviam previamente escapado à nossa atenção. Para além disso, algumas das notas de rodapé documentam os hábitos seguidos pelas pessoas que actualmente habitam o Iraque herdados de gerações anteriores. Estas notas ajudam os leitores a familiarizar-se com vários aspectos que são, muitas vezes, mal interpretados por alguns estudiosos. Por fim, esta dissertação sustenta que a história do dilúvio contada por Uta-napishti não deve ser considerada irrelevante ou redundante, mas sim fundamental em relação à intriga principal uma vez que ela desvenda alguns segredos e ensina a Gilgamesh lições essenciais. No que diz respeito ao último estádio da viagem do herói, Retorno, o presente trabalho pretende alterar a atenção do leitor da Planta de Rejuvenescimento, perdida para a serpente, para o rito de purificação, por intermédio do qual Gilgamesh é primeiramente curado do seu medo da morte e posteriormente do seu desejo de alcançar a imortalidade física. Este estudo conclui com a demonstração de que Gilgamesh preenche o papel do herói mitológico típico. Ele é aquele que traz conhecimento após o Dilúvio e estabelece hábitos há muito esquecidos.