Votoo Senhor Ministro Edson Fachin

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Votoo Senhor Ministro Edson Fachin INQUÉRITO 4.633 DISTRITO FEDERAL V O T O O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR): A Procuradoria- Geral da República atribui ao Deputado Federal Lúcio Quadros Vieira Lima, bem como a Geddel Quadros Vieira Lima, Marluce Quadros Vieira Lima, Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, Luiz Fernando Machado da Costa Filho e Job Ribeiro Brandão, a prática dos delitos de lavagem de capitais e, à exceção de Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, o crime de associação criminosa. Em suas respectivas peças defensivas ofertadas na fase do art. 4º da Lei n. 8.038/1990, vários denunciados arguem questões preliminares cuja análise, tendo em vista o caráter prejudicial que lhes são intrínsecas, devem preceder ao juízo de viabilidade da proposta acusatória. 1. Questões preliminares. 1.1. Pedido de acesso a acordo de colaboração. Avença inexistente. O denunciado Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, em sede preliminar, requer o Cópiaacesso a suposto acordo de colaboração premiada firmado por Job Ribeiro Brandão com o Ministério Público Federal. A pretensão não pode ser atendida, porque, como se infere da cota à denúncia firmada pela Procuradora-Geral da República (fls. 1.859-1.872), não há notícia da formalização, pelo referido denunciado - Job Ribeiro Brandão -, de acordo previsto no art. 4º, § 6º, da Lei n. 12.850/2013, embora tenha, segundo se alude, adotado condutas colaborativas à elucidação dos fatos e à produção probatória. Assim sendo, o destaque feito pelo Ministério Público Federal, acerca do comportamento do acusado Job Ribeiro Brandão, presta-se, tão somente, para posterior análise de eventuais benefícios legais aplicáveis à espécie, não importando, por si só, na conclusão de que houve a negociação formal de sanções premiais em virtude de colaboração às investigações. INQ 4633 / DF Desse modo, inexistente, repiso, qualquer notícia de acordo de colaboração premiada celebrado entre o Ministério Público Federal e o denunciado Job Ribeiro Brandão, indefiro o pedido formulado, em sede prefacial, pelo acusado Gustavo Pedreira do Couto Ferraz. 1.2. Nulidade dos atos decisórios praticados pelo Juízo da 10ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal/DF nos autos dos Processos ns. 75108-78.2016.4.01.3400 e 75109-78.2016.4.01.3400. Usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal. Sustenta o denunciado Geddel Quadros Vieira Lima que as investigações realizadas pela Polícia Federal, na denominada Operação “Cui Bono?” e sob a supervisão do Juízo da 10ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal/DF, teriam ocorrido em usurpação da competência deste Supremo Tribunal Federal. A esse respeito, contextualiza que, a partir de busca e apreensão deferida pelo saudoso Ministro Teori Zavascki, nos autos da AC 4.044, foram obtidos elementos de informação indicativos de que os supostos crimes praticados por Eduardo Cosentino da Cunha, em detrimento da Caixa Econômica Federal, ultrapassavam o âmbito da Vice-Presidência de Fundos e Loterias, então comandada por Fábio Ferreira Cleto, mas alcançavam também Cópiaa Vice-Presidência de Pessoas Jurídicas, à época em que chefiada pelo denunciado Geddel Quadros Vieira Lima. Essa ramificação da apuração dos fatos delituosos deu origem à referida operação, cujos atos investigativos foram ordenados pela 10ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal/DF nos Processos 75108- 93.2016.4.01.3400 e 75109-93.2016.4.01.3400. Esclarece o denunciado Geddel Quadros Vieira Lima, ainda, que a autoridade policial, em 4.11.2016, quando representou a esta Suprema Corte pela requisição de instauração de inquérito em seu desfavor, já tinha ciência do seu suposto envolvimento nos fatos praticados em detrimento da Caixa Econômica Federal. Logo, com a sua investidura no cargo de Ministro de Estado da Secretaria de Governo da Presidência da República no período de 12.5.2016 a 25.11.2016, os atos investigativos só 2 INQ 4633 / DF poderiam ter sido conduzidos sob autorização do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 102, I, c, da Constituição Federal, o que foi inobservado. Tal conclusão, a seu sentir, é extraída de excerto das próprias razões declinadas pela autoridade policial na mencionada representação, que deu origem à PET 6.361, quando registra: “(...) 8. Conforme consta da representação da Procuradoria-Geral da República na Ação Cautelar nº 4044, o ex-Deputado EDUARDO CUNHA manipulava a liberação de créditos na CEF com o envolvimento de FÁBIO FERREIRA CLETO e, além dele, já havia menção ao atual Secretário de Governo GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA como sendo um dos aliados beneficiado com valores indevidos” (fl. 7). Pontua, ademais, que na agenda do telefone celular de Eduardo Cosentino da Cunha, apreendido no âmbito da citada AC 4.044, localizou-se o registro do número +557188266736, o qual era por si utilizado, circunstância que evidenciaria, mais uma vez, o conhecimento da autoridade policial de que os atos investigativos recaíam sobre detentor de foro por prerrogativa de função. Nada obstante, foi requerida a instauração de procedimento investigatório de forma tardia, apenas em 4.11.2016. A par de todo esse esforço defensivo na tentativa de nulificar os atos praticados no âmbitoCópia da 10ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal/DF, destaco, desde logo, que a AC 4.044 teve por objeto somente a coleta de elementos de informação para subsidiar investigação sobre a atuação do então Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cosentino da Cunha, em organização criminosa. Ainda que a Procuradoria-Geral da República, à época em que pleiteou a referida busca e apreensão, tenha feito menção ao aqui denunciado Geddel Quadros Vieira Lima, é certo que este não era alvo de qualquer apuração, conforme se observa do seguinte trecho extraído da decisão proferida pelo saudoso Ministro Teori Zavascki em 9.12.2015: “(...) Trata-se de requerimento formulado pelo Procurador- Geral da República (fls 2-269), no âmbito de inquérito já 3 INQ 4633 / DF instaurado, de busca e apreensão em endereços vinculados a Eduardo Consentino Cunha, C3 Produções Artísticas e Jornalísticas EPp, Rádio Melodia, Denise Maria Santos, Lúcio Bolonha Funaro, Henrique Eduardo Alves, Viscaya Holding Participações, Royster S.A, Stockolos Avendis EB Empreendimentos, Cingular Fomento Mercantil Ltda., Serra da Carioca II, TLL Agropecuária e Reflorestamento Ltda., GPP - Comercial e Comunicação Ltda., Ana Regina Chiozzo Carvalho, Andreia Legora Machado David, Novinvest Corretora de Valores Mobiliários, Celso Pansera, Alexandre José dos Santos, Áureo Ribeiro, Nelson Bornier e Altair Alves Pinto, com o objetivo de ‘colher elementos complementares de convicção [...] envolvendo parlamentar integrante de organização criminosa, que teria recebido grandes quantias relacionadas à prática de delitos de corrupção e lavagem de dinheiro’ (fl. 2)” (g.n.) (fl. 2.165, da AC 4.044). Como se vê, insisto, de fácil percepção que o denunciado Geddel Quadros Vieira Lima sequer figurava como um dos requeridos da aludida cautelar invasiva, não sendo possível afirmar, portanto, que, àquela época, suas condutas eram de algum modo investigadas. Uma vez cumpridos os mandados no dia 15.12.2015 (fl. 2.484 e seguintes da AC 4.044),Cópia os objetos apreendidos, em razão da expressiva quantidade, foram submetidos a exames periciais durante praticamente todo o ano de 2016, tanto que ao menos até o dia 7.11.2016 (fl. 3.557 da AC 4.044) a autoridade policial ainda providenciava a juntada de laudos e relatórios aos respectivos autos. Em nova petição protocolizada em 16.12.2016 (fls. 3.623-3.631 da AC 4.044), a Procuradoria-Geral da República postulou, então, o compartilhamento do resultado das análises realizadas, até aquele momento, sobre os materiais apreendidos com procedimentos em trâmite perante diversos juízos, sendo oportuna, nesse ponto, a transcrição de parte do requerimento: “(...) 4 INQ 4633 / DF O farto material apreendido na Operação ‘Catilinárias’ tem utilidade para as apurações e ações penais em curso destacadas acima, sem prejuízo de outros, cujo interesse venha a ser evidenciado posteriormente. Saliente-se que a Polícia Federal ainda não concluiu o trabalho de análise, remanescendo a confecção de alguns Relatórios, razão pela qual ainda não se encontra exaurido o objeto da Cautelar. Tal situação, todavia, não há que obstar o compartilhamento imediato com os feitos cujo objeto já se visualize o interesse no material coletado. Registre-se que, para fins de facilitar o envio, os autos em sua integralidade encontram-se encartados nas duas mídias anexadas à presente manifestação” (fl. 3.629 da AC 4.044). Esse compartilhamento dos elementos de informação coletados no âmbito da AC 4.044, para procedimentos em trâmite perante outros Juízos, só se deu em 3.3.2017, em decisão por mim proferida por força da redistribuição dos autos (fls. 4.129-4.134 da AC 4.044), momento no qual, aliás, o denunciado Geddel Quadros Vieira Lima não mais detinha foro por prerrogativa de função neste Supremo Tribunal Federal. Ao lado dessa constatação, tem-se que o pedido de formal deflagração do procedimentoCópia investigativo em detrimento do aqui acusado Geddel Quadros Vieira Lima foi formulado, em 4.11.2016, por Delegado de Polícia Federal com atuação no Grupo de Inquéritos deste Supremo Tribunal Federal, nos autos da PET 6.361, justamente porque, à época, ainda se encontrava ele investido no cargo de Ministro de Estado da Secretaria de Governo da Presidência da República, nos moldes do art. 102, I, c, da Constituição Federal. O subsídio desse pleito residia em elementos de informação coletados no âmbito da AC 4.044, que também tramitou, como visto, perante esta Suprema Corte. Essa requisição da autoridade policial, todavia, acabou não sendo apreciada nesta instância, tendo em vista a notícia da superveniente exoneração do denunciado Geddel Quadro Vieira Lima do cargo que lhe conferia foro no Supremo Tribunal Federal, razão pela qual o saudoso Ministro Teori Zavascki, por meio de decisão proferida em 2.12.2016, 5 INQ 4633 / DF determinou a baixa tanto da PET 6.361 como da AC 4.283, na qual foi formulado pedido de busca e apreensão em detrimento do referido acusado, à 10ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal/DF.
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