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Programa Especial Do Parque Natural Das Serras De Aire E Candeeiros

Programa Especial Do Parque Natural Das Serras De Aire E Candeeiros

PROGRAMA ESPECIAL DO PARQUE NATURAL DAS SERRAS DE AIRE E CANDEEIROS

RELATÓRIO DO PROGRAMA

Maio 2021

Versão para Discussão Pública

ÍNDICE GERAL

1. ENQUADRAMENTO ...... 1 1.1 ENQUADRAMENTO LEGAL DA RECONDUÇÃO E DO PROGRAMA ESPECIAL ...... 1 1.2 PRESSUPOSTOS DA RECONDUÇÃO ...... 2 1.3 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA ÁREA PROTEGIDA ...... 5 1.3.1 LEGISLAÇÃO DE CRIAÇÃO DA ÁREA PROTEGIDA E POSTERIOR ...... 5 2. DESCRIÇÃO DA ÁREA PROTEGIDA ...... 10 3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROTEGIDA E VALORAÇÃO DO PATRIMÓNIO NATURAL ...... 13 3.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA ...... 13 3.1.1 CLIMA...... 13 3.1.2 GEOLOGIA ...... 19 3.1.3 SOLOS E CARACTERIZAÇÃO AGROFLORESTAL ...... 30 3.2 CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA ...... 36 3.2.1 FLORA E VEGETAÇÃO ...... 36 3.2.2 FAUNA E BIÓTOPOS ...... 47 3.3 CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM...... 64 3.4 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA ...... 73 3.4.1 POPULAÇÃO ...... 73 3.4.2 ATIVIDADES ...... 79 3.4.2.1 TURISMO ...... 84 3.4.2.2 APROVEITAMENTO DE MASSAS MINERAIS (PEDREIRAS)...... 88 3.4.2.3 PARQUES EÓLICOS ...... 94 3.5 CARACTERIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO CULTURAL ...... 95 3.5.1 PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO ...... 95 3.5.2 PATRIMÓNIO ETNOGRÁFICO E PATRIMÓNIO ETNOLÓGICO ...... 97 3.5.3 MUSEUS E CENTROS DE INTERPRETAÇÃO (PATRIMÓNIO MÓVEL) ...... 100 4. AVALIAÇÃO DOS FATORES CONDICIONANTES AO ORDENAMENTO E GESTÃO DA ÁREA PROTEGIDA ...... 107 5. AVALIAÇÃO DA COMPATIBILIDADE COM A REDE NATURA 2000/RELATÓRIO DE CONFORMIDADE COM O PSRN2000 ...... 112 6. DESCRIÇÃO FUNDAMENTADA DA PROPOSTA DE ORDENAMENTO E DO MODELO TERRITORIAL ...... 116 6.1 ESTRUTURA DO MODELO TERRITORIAL ...... 116 6.2 MODELO TERRITORIAL – REGIMES DE PROTEÇÃO...... 117 6.2.1 ÁREAS DE PROTEÇÃO PARCIAL DOTIPO I ...... 117 6.2.2 ÁREAS DE PROTEÇÃO PARCIAL DO TIPO II ...... 118 6.2.3 ÁREAS DE PROTEÇÃO COMPLEMENTAR DO TIPO I ...... 118 6.2.4 ÁREAS DE PROTEÇÃO COMPLEMENTAR DO TIPO II ...... 119 6.2.5 ÁREAS DE INTERVENÇÃO ESPECÍFICA ...... 120 6.2.6 ÁREAS NÃO ABRANGIDAS POR REGIMES DE PROTEÇÃO ...... 120 6.2.7 ÁREAS RECUPERADAS ...... 121 6.3 AJUSTES AO MODELO TERRITORIAL...... 121

7. BIBLIOGRAFIA ...... 130 8. ANEXOS ...... 137 8.1 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA ...... 137 8.2 HIDROGEOLOGIA...... 141 8.3 LISTA DOS GEOSÍTIOS COM RELEVÂNCIA NO PNSAC ...... 144 8.4 HABITATS DO ANEXO B-I DA DIRETIVA HABITATS PRESENTES NO PNSAC ...... 151 8.5 CATÁLOGO FLORÍSTICO DO PNSAC ...... 154 8.6 LISTA DE BRIÓFITOS COM CATEGORIA DE AMEAÇA UICN, QUE OCORREM NO PNSAC ...... 178 8.7 LISTA DOS VERTEBRADOS TERRESTRES COM REGISTO DE OCORRÊNCIA NO PNSAC ...... 179 8.8 LISTA DOS ALGARES COM IMPORTÂNCIA PARA A FAUNA...... 185 8.9 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES REGISTADAS ENTRE 2010 E 2015 (USO DO SOLO) ...... 187 8.10 PATRIMÓNIO CULTURAL CLASSIFICADO - PNSAC ...... 190 8.11 SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS – PNSAC ...... 191

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Enquadramento Administrativo do PNSAC ...... 10 Figura 2- Modelo Digital do Terreno do MCE e limites do PNSAC ...... 20 Figura 3- Contexto do MCE no setor central da BL e respetiva geologia simplificada...... 23 Figura 4- Sistema Aquífero do MCE ...... 26 Figura 5- Carta de habitats da Rede Natura 2000 no PNSAC ...... 38 Figura 6- Carta de interesse conservacionista do coberto vegetal ...... 45 Figura 7- Carta de sensibilidade do coberto vegetal ao abandono ...... 46 Figura 8- Carta de Biótopos ...... 51 Figura 9- Carta de interesse conservacionista para as aves ...... 60 Figura 10- Carta de interesse conservacionista para os mamíferos ...... 61 Figura 11- Carta de síntese de interesse conservacionista para a fauna ...... 62 Figura 12- Densidade populacional (hab/km2) e variação da população residente entre 2001 e 2011 ...... 75 Figura 13- Rede viária na área do PNSAC e na envolvente ...... 79 Figura 14 – Empreendimentos turísticos, estabelecimentos de alojamento local, e estabelecimentos de agentes de animação turística no PNSAC, em 2020...... 86 Figura 15 – Carta das Áreas de Pedreiras ...... 92 Figura 16 - Bacias e sub-bacias do Sistema Aquífero do MCE ...... 142

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Temperaturas médias ...... 14 Quadro 2 – Número de dias por ano com temperaturas extremas ...... 14 Quadro 3 – Sazonalidade da precipitação anual ...... 15 Quadro 4 – Números de dias por ano com precipitação superior a 0,1 mm e 10,0 mm ...... 16 Quadro 5 – Meteoros diversos (nº de dias por ano) ...... 18 Quadro 6 – Valores de recarga para o MCE ...... 27 Quadro 7 - Habitats e comunidades vegetais: ocupação, representatividade e conservação...... 42 Quadro 8 - Comunidades vegetais do PNSAC (e Habitats da Diretiva) ...... 43 Quadro 9 - Espécies da ictiofauna referenciada para a área do PNSAC ...... 58 Quadro 10 - Distribuição da ocupação do solo por regime de proteção POPNSAC 2010 ...... 81 Quadro 11 - Distribuição da ocupação do solo por regime de proteção POPNSAC 2015 ...... 82 Quadro 12 – Evolução do número de visitantes nas infraestruturas do PNSAC (1996-2019) ...... 87 Quadro 13 - Número de processos ativos por Tipologia de Pedreira no PNSAC (maio 2020) ...... 91 Quadro 14 – Variação do número de processos ativos por tipologia de Pedreira no PNSAC (2008-2018) ...... 92 Quadro 15 – Variação da área afetada pela exploração de massas minerais por Tipologia de Pedreira no PNSAC entre 2008 e 2018 ...... 92 Quadro 16 – Recuperações efetuadas pelo PNSAC entre 1995 e 2005 ...... 93 Quadro 17 – Recuperações efetuadas pelos exploradores (maio 2020) ...... 94 Quadro 18 - Atualizações, retificações e densificações ...... 123 Quadro 19 – Exemplos de correções na Planta de Síntese ...... 127

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição das temperaturas média mensal, máximas médias e mínimas médias ...... 15 Gráfico 2 – Gráfico termopluviométrico (Alcobaça) ...... 16 Gráfico 3 – Gráfico termopluviométrico (Rio Maior) ...... 16 Gráfico 4 – Valores anuais de precipitação ...... 16 Gráfico 5 – Variação interanual da precipitação (Diferença em relação à média) ...... 17 Gráfico 6 – Ventos: direção, frequência e velocidade média anual ...... 19 Gráfico 7 - Distribuição da ocupação do solo por regime de proteção POPNSAC 2010 ...... 81 Gráfico 8 - Distribuição da ocupação do solo por regime de proteção POPNSAC 2015 ...... 82 Gráfico 9 – Alteração da ocupação do solo, por regime de proteção, para “zonas de extração mineira” ...... 83

SIGLAS E ACRÓNIMOS

AIE – Área de Intervenção Específica

ANARP – Área Não Abrangida Por Regime de Proteção

CAOP – Carta Administrativa Oficial de

COS – Carta de Uso e Ocupação do Solo

ICNF,IP – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P.

LBGPPSOTU – Lei de bases gerais da política pública de solos, de ordenamento do território e de urbanismo

MCE – Maciço Calcário Estremenho

NUTS – Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos

PEPNSAC – Programa Especial do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros

PNSAC – Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros

PNPOT – Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território

POPNSAC – Plano de Ordenamento das Serras de Aire e Candeeiros

PSRN2000 – Plano Setorial da Rede Natura 2000

RJCNB – Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade

RJIGT – Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial

SIC – Sítio de Importância Comunitária

ZEC – Zona Especial de Conservação

1. ENQUADRAMENTO

1.1 ENQUADRAMENTO LEGAL DA RECONDUÇÃO E DO PROGRAMA ESPECIAL

A publicação da Lei n.º 31/2014, de 30 de maio, que aprovou as bases gerais da política pública de solos, de ordenamento do território e de urbanismo, determinou a obrigatoriedade de proceder à integração do conteúdo dos planos especiais de ordenamento do território no plano diretor intermunicipal ou municipal e em outros planos intermunicipais ou municipais aplicáveis à área abrangida pelos planos especiais, e a recondução de todos os instrumentos de gestão territorial vigentes ao tipo de programa ou plano territorial que se revele adequado ao âmbito de aplicação específica.

Em desenvolvimento do assim disposto, o Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, que aprovou o regime de coordenação dos âmbitos nacional, regional, intermunicipal e municipal do sistema de gestão territorial, o regime geral de uso do solo e o regime dos instrumentos de gestão territorial, determina no n.º 2 do artigo 200.º a recondução dos planos especiais de ordenamento do território a programas especiais, passando os planos de ordenamento das áreas protegidas a ser designados por programas especiais das áreas protegidas.

Os programas especiais das áreas protegidas constituem um meio de intervenção do Governo e visam a prossecução de objetivos considerados indispensáveis à tutela de interesses públicos e de recursos de relevância nacional com repercussão territorial, estabelecem exclusivamente regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais, através do estabelecimento de ações permitidas, condicionadas ou interditas em função dos objetivos de cada programa, prevalecendo sobre os planos territoriais de âmbito intermunicipal ou municipal.

Os programas e os planos intermunicipais, bem como os planos municipais, devem assegurar a programação e a concretização das políticas com incidência territorial assumidas pelos programas territoriais de âmbito nacional e regional, designadamente pelos programas especiais das áreas protegidas, através das suas normas orientadoras.

Com a entrada em vigor do Programa Especial das Serras de Aire e Candeiros, é obrigatória a alteração ou a atualização dos planos territoriais de âmbito intermunicipal e municipal que com ele não sejam conformes ou compatíveis, mediante as formas e os prazos previamente consagrados, após audição da entidade intermunicipal ou de outra associação de municípios responsável pelo plano territorial a atualizar, ou dos municípios abrangidos, e da comissão de coordenação e desenvolvimento regional.

A elaboração do Programa Especial do Parque Natural das Serras de Aire e Candeiros, abreviadamente designado por PEPNSAC, foi determinada pelo Despacho n.º n.º 4269/2017, publicado no Diário da

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República, 2.ª série, n.º 96 de 18 de maio e segue o que está estabelecido no novo regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial.

O âmbito territorial do PEPNSAC coincide com o limite da respetiva área protegida, fixado no Decreto-Lei nº 118/79, de 4 de maio, e aplica-se à área identificada na respetiva planta de síntese, adiante designada por área de intervenção.

1.2 PRESSUPOSTOS DA RECONDUÇÃO

A Lei 31/2014, de 30 de maio, que aprovou as bases gerais da política pública de solos, de ordenamento do território e de urbanismo, deixou de prever a figura dos planos especiais de ordenamento do território - em que se enquadra o referido Plano -, mais determinando que fossem reconduzidos a programas, já desprovidos da eficácia plurisubjetiva que aqueles planos dispõem. No sentido de, neste novo enquadramento, salvaguardar os recursos e valores que enformam as regras dos planos especiais, mais determinou a obrigatoriedade de proceder à integração do conteúdo dos planos especiais de ordenamento do território nos planos territoriais intermunicipais ou municipais, diretamente vinculativos dos particulares.

Em desenvolvimento do assim disposto, o Decreto-Lei 80/2015, de 14 de maio, que aprovou o Novo Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, veio estabelecer, no n.º 1 do seu artigo 200.º, o prazo para a recondução referida.

No que toca aos Planos Especiais em vigor, como é o caso do Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (POPNSAC) publicado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 57/2010, de 12 de agosto, os mesmos terão que ser reconduzidos à figura de Programa Especial, sendo de realçar os seguintes aspetos:

 Correspondem a Instrumentos de Gestão do Território (IGT) elaborados pela administração central, constituindo um meio de intervenção do Governo, estabelecendo exclusivamente regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais, através de medidas que estabeleçam ações permitidas, condicionadas ou interditas, em função dos objetivos de cada programa, prevalecendo sobre os planos territoriais de âmbito intermunicipal e municipal;

 Incidem sobre territórios com especial relevância nacional e reconhecido interesse público, para a conservação da natureza e da biodiversidade (áreas protegidas), do litoral (orla costeira), das zonas estuarinas e ainda das albufeiras de águas públicas, incluindo um conjunto de sistemas indispensáveis à garantia do princípio da utilização sustentável do território, bem como da sua disponibilidade para as gerações futuras - Os programas especiais compreendem os programas da

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orla costeira, os programas das áreas protegidas, os programas de albufeiras de águas públicas e os programas dos estuários;

 Estabelecem o quadro estratégico de desenvolvimento territorial e as suas diretrizes programáticas ou definem a incidência espacial de políticas nacionais a considerar em cada nível de planeamento;

 Vinculam as entidades públicas, através dos Planos Territoriais (Municipais e Intermunicipais) e dos Regulamentos de Gestão dos Programas Especiais, os quais irão vincular os particulares.

No que toca ao processo de recondução dos Planos de Ordenamento das Áreas protegidas (POAP) em vigor a Programas Especiais das Áreas protegidas (PEAP), o mesmo só terá plena concretização, com a publicação e entrada em vigor dos novos PEAP, dos respetivos Regulamentos de Gestão das Áreas Protegidas (RGAP), da completude do processo de integração de conteúdos nos respetivos planos territoriais.

Os Programas Especiais irão vincular de forma direta as entidades públicas e irão ainda vincular, de forma indireta, os particulares.

No caso do PNSAC, será através dos seguintes instrumentos:

 Planos territoriais de âmbito intermunicipal e municipal (PDM, Plano de Urbanização e Plano de Pormenor) – Os Planos territoriais irão integrar todos os conteúdos do PEAP relativos à ocupação, uso e transformação do solo, com incidência territorial urbanística, da esfera de competências intermunicipal e/ou municipal. Todas as normas dos PEAP respeitantes a ações permitidas, condicionadas ou interditas, das tipologias identificadas na lei nº 114/2015, de 28/07 (que estabelece o regime aplicável às contraordenações ambientais e de ordenamento do território), correspondentes a contraordenações do ordenamento do território por violação de plano municipal ou intermunicipal, terão que vincular de forma obrigatória os particulares, por via dos planos territoriais de âmbito intermunicipal e municipal.

Será no ato de aprovação do PEAP que se irá definir o prazo e formas em que tal integração de normas nos Planos Territoriais abrangidos terá que obrigatoriamente ocorrer. Complementarmente, por opção das autarquias, poderão os planos territoriais vir a incluir outro tipo de conteúdos/normas, que se considerem relevantes para garantir uma leitura coerente e integrada dos PMOT, desde que não extravasem o âmbito material dos mesmos, situação a ser aferida em sede do acompanhamento por parte do ICNF dos processos de alteração/revisão dos Planos Territoriais Intermunicipais e Municipais.

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 Regulamento de Gestão da Área Protegida (RGAP) – Este regulamento, vinculativo dos particulares, irá integrar os conteúdos do PEAP relativos à gestão da área protegida, que têm em vista a salvaguarda direta e efetiva dos valores e recursos naturais e a precaução e prevenção de riscos para os mesmos, que não se inscrevam na ocupação, uso e transformação do solo, com incidência territorial urbanística, nas situações e nos termos em que o programa especial o definir – Todas as normas respeitantes a ações permitidas, condicionadas ou interditas, das tipologias identificadas no D.L nº 242/2015 de 15/10 (que estabelece o Regime Jurídico da Conservação da Natureza e Biodiversidade - RJCNB), correspondentes a contraordenação ambiental por violação do RGAP, terão que vincular de forma obrigatória os particulares, por via dos RGAP.

O desenvolvimento dos PEAP tem em consideração, para além das orientações decorrentes da LBGPPSOTU e do RJIGT, um conjunto de orientações decorrentes dos seguintes:

 Lei de Bases da Política do Ambiente - Lei n.º 19/2014, de 14 de abril;

 PNPOT (alteração do PNPOT - Programa de Ação - Agenda para o Território, aprovada pelo Conselho de Ministros Extraordinário de 14/7/20018);

 Regime jurídico da conservação da natureza e da biodiversidade - Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de julho.

Importa referir que os PEAP terão um conteúdo integrado e completo, estabelecendo os regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais em presença e incluindo todos os conteúdos materiais de planeamento e de gestão territorial vinculativos necessários para esse objetivo de salvaguarda.

A elaboração do programa especial do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros decorre da necessidade de cumprir o estabelecido no Despacho n.º n.º 4269/2017, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 96 de 18 de maio, terá sobretudo de se traduzir na adaptação do plano de ordenamento vigente ao atual quadro normativo. Nesta conformidade e por princípio, serão mantidas as soluções e expressão territorial dos regimes de salvaguarda contidos no plano aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 57/2010, de 12 de agosto, o Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, só assim não acontecendo quando tais soluções contrariem as disposições legais que regem os programas especiais das áreas protegidas, quando estejam em causa atualizações, retificações e densificações, resultantes de erros ou omissões detetados como resultado da experiência na aplicação do Plano, ou quando esteja demonstrado não serem as adequadas para prossecução dos objetivos de proteção dos recursos e valores naturais do Parque.

Neste âmbito, foi executada a aferição do limite do modelo territorial para a escala 1/10 000, na geometria coincidente com o limite da Área Protegida, tendo como referência de base a cartografia vectorial homologada pela Direção Geral do Território (DGT), cedida ao ICNF,I.P. para o efeito.

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Os moldes desta recondução bem como os critérios constantes no Decreto-Lei 232/2007, de 15 de junho, alterado pelo Decreto-Lei 58/2011, de 4 de maio, justificam a inexigibilidade da sujeição do Programa a avaliação dos seus eventuais efeitos significativos no ambiente.

Em termos de caracterização, os conteúdos aqui inscritos são, deste modo, aqueles que foram definidos nos relatórios de caraterização que serviram de base para a elaboração do POPNSAC, com atualizações pontuais que correspondem essencialmente ao âmbito legal, uma vez que se está em face de processo de recondução de um instrumento de gestão territorial com a manutenção do seu modelo territorial.

Tendo presente o disposto no n.º 1 do artigo 45.º, do Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, o conteúdo documental dos Programas Especiais é composto por:

a) Diretivas e Normas de execução;

b) Peças gráficas - Planta de síntese, que representa a expressão territorial do modelo territorial, elaborada à escala 1:25 000

Ainda de acordo com o n.º 2 do artigo 45.º, do Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, e tendo em conta o enquadramento que mereceu a elaboração dos PEAP, nomeadamente no que toca ao facto de os mesmos não estarem sujeitos a avaliação ambiental, o conteúdo documental que compõe os Programas Especiais é acompanhado por:

a) Relatório do programa, que procede ao diagnóstico da situação territorial sobre a qual intervém e à fundamentação técnica das opções e objetivos estabelecidos;

c) Programa de execução e plano de financiamento;

d) Indicadores qualitativos e quantitativos que promovam a permanente avaliação da adequação e concretização da disciplina consagrada no programa

1.3 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DA ÁREA PROTEGIDA

1.3.1 LEGISLAÇÃO DE CRIAÇÃO DA ÁREA PROTEGIDA E POSTERIOR

O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) foi criado pelo Decreto-Lei n.º 118/79, de 4 de maio, abrangendo uma área significativa do Maciço Calcário Estremenho (MCE), singular pela sua geologia, pela humanização da sua paisagem e por um conjunto de valores naturais diversificado que inclui espécies endémicas de distribuição circunscrita.

O interesse na proteção, conservação e gestão deste território encontra-se igualmente sublinhado pelo facto de integrar a Zona Especial de Conservação das Serras de Aire e Candeeiros, conforme o Decreto- Regulamentar nº 1/2020, de 16 de março, que resultou da classificação do Sitio de Interesse Comunitário

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aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros (RCM) n.º 76/2000, de 5 de julho, na qual estão identificados os tipos de habitats naturais e das espécies de fauna e da flora que aí ocorrem, previstos no Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, entretanto alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro e Decreto-Lei n.º 156-A/2013, de 8 de novembro.

Decorridos vinte e dois anos desde a publicação do primeiro Plano de Ordenamento (PO) do PNSAC, aprovado pela Portaria n.º 21/88, de 12 de janeiro, procedeu-se à sua revisão, procedimento desencadeado ao abrigo do Decreto-Lei n.º 151/95, de 24 de junho, através do despacho do Secretário de Estado dos Recursos Naturais, datado de 17 de setembro de 1996, o que levou à publicação da RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto.

A revisão do POPNSAC visou uma concretização mais eficaz dos objetivos que presidiram à criação do Parque Natural e a sua adequação aos objetivos prosseguidos pela Rede Natura 2000, através da reavaliação dos regimes de salvaguarda dos recursos e valores naturais existentes e da promoção da necessária compatibilização entre estes e as atividades desenvolvidas na área protegida.

A proposta de revisão do POPNSAC foi sujeita a discussão pública numa primeira versão do plano que decorreu entre 20 de março e 3 de maio de 2007. Do processo de apreciação das participações nessa sede resultaram profundas alterações à proposta inicial, quer a nível do zonamento dos regimes de proteção quer da regulamentação, modificações que consubstanciaram uma alteração significativa do documento e que justificaram uma segunda discussão pública entre 9 de outubro e 20 de novembro de 2009, cujos resultados foram tidos em conta no PO atualmente em vigor.

O POPNSAC em vigor, publicado pela RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto, estabelece os regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e fixa o regime de gestão a observar na sua área de intervenção, com vista a garantir a conservação da natureza e da biodiversidade, a geodiversidade, a manutenção e a valorização da paisagem, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento económico das populações locais.

Constituem objetivos gerais do POPNSAC:

a) Assegurar, à luz da experiência e dos conhecimentos científicos adquiridos sobre o património natural desta área, uma estratégia de conservação e gestão que permita a concretização dos objetivos que presidiram à criação do PNSAC;

b) Corresponder aos imperativos de conservação dos habitats naturais, da fauna e flora selvagens protegidas, nos termos do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro e Decreto-Lei n.º 156-A/2013, de 8 de novembro;

c) Fixar o regime de gestão compatível com a proteção e a valorização dos recursos naturais e com

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o desenvolvimento das atividades humanas em presença tendo em conta os instrumentos de gestão territorial convergentes na área protegida;

d) Determinar, atendendo aos valores em causa, os estatutos de proteção adequados às diferentes áreas, bem como definir as respetivas prioridades de intervenção.

Ainda neste âmbito, e sem prejuízo do disposto no artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 118/79, de 4 de maio, são objetivos específicos do POPNSAC:

a) Promover a gestão e valorização dos recursos naturais possibilitando a manutenção dos sistemas ecológicos essenciais e os suportes de vida, garantindo a sua utilização sustentável, a preservação da geodiversidade, biodiversidade e a recuperação dos recursos depauperados ou sobreexplorados;

b) Promover a salvaguarda do património paisagístico, geológico, arqueológico, arquitetónico, histórico e cultural da região;

c) Enquadrar as atividades humanas através de uma gestão racional dos recursos naturais, incluindo o ordenamento agrícola, agropecuário, florestal e a indústria extrativa, bem como as atividades de recreio, culturais e turísticas, com vista a promover simultaneamente o desenvolvimento socioeconómico e o bem-estar das populações de forma sustentada;

d) Corrigir os processos que podem conduzir à degradação dos valores naturais em presença criando condições para a sua manutenção e valorização;

e) Requalificar as áreas degradadas ou abandonadas, nomeadamente, através da renaturalização e recuperação de habitats naturais;

f) Promover a investigação científica e o conhecimento dos ecossistemas presentes, bem como a monitorização dos seus habitats e espécies, contribuindo desta forma para uma gestão adaptativa fortemente baseada no conhecimento técnico e científico;

g) Assegurar a informação, sensibilização, formação e participação da sociedade civil na conservação dos valores naturais em presença, contribuindo para o reconhecimento do valor do PNSAC e sensibilizando o público para a necessidade da sua proteção;

h) Garantir a participação ativa na gestão do PNSAC, de todas as entidades relevantes, públicas e privadas, em estreita colaboração com as populações locais.

Tendo-se verificado a necessidade de proceder a alterações ao POPNSAC, clarificando omissões e ambiguidades na redação, corrigindo incongruências e contradições, procedendo a acertos cartográficos, e ajustes em consonância com legislação específica, o ICNF apresentou uma proposta de alteração em 2015 que não foi concretizada por se encontrar já em vigor o Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio.

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De facto, a Lei n.º 31/2014, de 30 de maio, que aprovou as bases gerais da política pública de solos, de ordenamento do território e de urbanismo, deixou de prever a figura dos planos especiais de ordenamento do território — em que se enquadra o POPNSAC — mais determinando que fossem reconduzidos a programas, já desprovidos da eficácia plurisubjetiva que estes planos dispõem. No sentido de, neste novo enquadramento, salvaguardar os recursos e valores que enformam as regras dos planos especiais, mais determinou a obrigatoriedade de proceder à integração do conteúdo dos planos especiais de ordenamento do território nos planos territoriais intermunicipais ou municipais, diretamente vinculativos dos particulares.

Deste modo, o Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, que aprovou o novo Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, veio estabelecer, no n.º 1 do seu artigo 200.º, o prazo para a recondução dos planos especiais de ordenamento do território, e através do Despacho n.º 4269/2017, de 18 de maio, do Gabinete da Secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, determinou o início do procedimento de elaboração do programa especial (PE) do PNSAC.

Importa ainda mencionar, que foi determinado que esta tarefa deverá sobretudo traduzir-se na adaptação do POPNSAC vigente ao atual quadro normativo, pelo que nesta conformidade e por princípio, serão mantidas as soluções e expressão territorial dos regimes de salvaguarda contidos no plano aprovado pela RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto, só assim não acontecendo quando tais soluções contrariem as disposições legais que regem os programas especiais das áreas protegidas, quando estejam em causa atualizações, retificações e densificações, resultantes de erros ou omissões detetados como resultado da experiência na aplicação do plano, ou quando esteja demonstrado não serem as adequadas para prossecução dos objetivos de proteção dos recursos e valores naturais do PNSAC.

Neste âmbito, o n.º 2 do Despacho n.º 4269/2017, de 18 de maio, estipula que o programa tem como objetivos específicos:

a) Promover a conservação dos valores naturais, destacando-se, de entre outros, os prados e arrelvados vivazes, as lajes calcárias, os afloramentos rochosos, os carvalhais, os louriçais e os azinhais, bem como as espécies da fauna associadas a estes biótopos, nomeadamente as aves de rapina, os morcegos cavernícolas e a Gralha-de-bico–vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax);

b) Promover a conservação e valorização do património geológico, nomeadamente dos geossítios identificados que incluem por exemplo a Jazida de Ícnitos de Dinossáurio de Vale de Meios, assim como das grutas e algares, as quais são também importantes zonas de hibernação e de criação para mais de uma dezena de espécies de morcegos cavernícolas e de nidificação de Gralha-de-bico-vermelho entre outra fauna cavernícola, designadamente de invertebrados;

c) Promover a manutenção de culturas e práticas agrícolas e florestais consentâneas com os

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objetivos de conservação da natureza, nomeadamente o olival tradicional e o montado esparso, com pastagem em regime extensivo sob coberto;

d) Contribuir para o ordenamento, disciplina e sustentabilidade das atividades agroflorestais, urbanísticas, recreativas, turísticas e, particularmente, de extração de inertes, pelo seu efeito significativo ao nível da conservação dos valores naturais;

e) Enquadrar e promover a requalificação de áreas degradadas, nomeadamente através da renaturalização e recuperação de habitats naturais;

f) Valorizar e salvaguardar o património paisagístico, arqueológico, arquitetónico, histórico e cultural, com respeito pelas atividades tradicionais, assim como pelos elementos tradicionais do património arquitetónico, nomeadamente as formas de delimitação da propriedade através de muros de pedra seca, que, para além de conferirem uma paisagem singular a esta região, constituem importantes habitats para as espécies de fauna e flora rupícolas;

g) Assegurar a conservação dos habitats naturais e das espécies da fauna e da flora selvagens que estão na base da designação do SICSAC, nos termos do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, na sua redação atual.

Importa assim clarificar que a caraterização da área protegida contida neste documento, resulta no essencial do Relatório de Caraterização produzido no processo de revisão do POPNSAC, publicado pela RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto, atualizado em matérias sujeitas a alterações significativas no território, dado não terem sido produzidos novos estudos de base. Por essa razão, o que toca às peças desenhadas, apenas serão incluídas aquelas que sofreram alterações relativamente ao anterior relatório.

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2. DESCRIÇÃO DA ÁREA PROTEGIDA

De acordo com a classificação das NUTS 2013, que começou a ser aplicada pelo Sistema Estatístico Nacional e Europeu em 1 de janeiro de 2015, o PNSAC integra:

NUTI – Continente;

NUTII – Centro e Alentejo;

NUTIII – Oeste, Médio Tejo, Região de Leiria e Lezíria do Tejo.

Conforme já referido, o PNSAC foi criado pelo Decreto-Lei n.º 118/79, de 4 de maio, e compreende uma área de cerca de 38.350 hectares, distribuída por 7 concelhos: Alcobaça e Porto de Mós, no distrito de Leiria; e Alcanena, Rio Maior, Santarém, e Ourém, no distrito de Santarém.

Figura 1 - Enquadramento Administrativo do PNSAC

O PNSAC abrange parte significativa do Maciço Calcário Estremenho - MCE, com altitude superior a 200 metros destaca-se das áreas circundantes mais baixas. Aproximadamente a 30km do litoral.

É da conjugação das características calcárias desta zona com a sobrelevação e posição geográfica que nasce a sua individualidade e a singularidade da sua paisagem e do seu património.

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São identificadas subunidades que correspondem às principais elevações: a Serra dos Candeeiros a oeste, o Planalto de Sto. António ao centro e sul, e a Serra de Aire e Planalto de S. Mamede respetivamente a este e a norte. Estas elevações estão separadas por depressões relacionadas com acidentes tectónicos: a depressão da Mendiga, que separa a Serra dos Candeeiros do Planalto de Sto. António, a depressão de Minde-Mira e a depressão de Alvados que marcam a fronteira entre os planaltos de Sto. António e de S. Mamede/Serra de Aire.

A permeabilidade e solubilidade dos calcários, associadas à grande distância existente entre a superfície e o nível freático de base, têm como resultado um sistema de escoamento superficial das águas funcionalmente irrelevante, com vales cegos, depressões sem ligação exterior ao sistema, etc..

A função de escoamento das águas é assegurada por um extenso sistema subterrâneo de drenagem do qual resulta um património espeleológico notável.

Estas condições, bem como o relevo movimentado, dão origem a uma grande escassez de solos agrícolas e de água superficial disponível na área do Maciço (por contraste com a abundância de água superficial na periferia e água subterrânea no seu interior), condicionando a ocupação humana e a economia local.

Além da agricultura e da pastorícia, geralmente pobres, de subsistência e em declínio, a suinicultura intensiva, a exploração de massas minerais e a indústria transformadora na periferia do Maciço (aproveitando a abundância de água das nascentes cársicas da base do Maciço), são as atividades económicas predominantes na área.

Atualmente a agricultura é em grande medida uma atividade complementar de outras mais remuneradas, com exceção da que se baseia na produção de gado bovino no Planalto de Sto. António.

Ao nível da legislação específica do PNSAC e de outros estatutos de proteção nacional e internacional aplica-se a seguinte:

 Decreto-Lei nº 118/79, de 4 de maio - Cria o PNSAC;

 Portaria nº 21/88, de 12 de janeiro - Aprova o Regulamento do PNSAC e o respetivo Plano de Ordenamento, que esteve em vigor entre janeiro de 1988 e agosto de 2010;

 Regulamento das construções Despacho n.º 39/90 da Secretaria de Estado do Ambiente e da Defesa do Consumidor, publicado no Diário da República na 2.ª série, n.º 242, de 19 de outubro de 1990;

 Decreto-Regulamentar nº 12/96, de 22 de outubro - Cria o Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém/Torres Novas;

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 Resolução do Conselho de Ministros nº 142/97, de 28 de agosto - Aprova a lista nacional de sítios (1.ª fase) prevista no artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 226/97, de 27 de agosto (transpõe para o direito interno aDiretiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio, relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens);

 Resolução do Conselho de Ministros nº 76/2000, de 5 de julho - Aprova a 2.ª fase da lista nacional de sítios a que se refere o n.º 1 do artigo 4.º doDecreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril. Cria o SICSAC no âmbito da Rede Natura 2000;

 Portaria n.º 1465/2004, de 17 de dezembro - Aprova o Regulamento do Desporto de Natureza na Área do PNSAC;

 Sítio RAMSAR nº 1616 - Classificação, em maio de 2006, como Zona Húmida de Importância Internacional (Convenção de Ramsar): Polje de Mira Minde e nascentes relacionadas. Inclui o Polje de Mira/Minde, a gruta da Nascente do , Olho d’Água de Maria Paula e o Complexo das Nascentes do Alviela;

 Portaria nº 829/2007, de 1 de agosto - Divulga a lista dos sítios de importância comunitária situados em território nacional pertencentes às regiões biogeográficas atlântica, mediterrânica e macaronésica;

 Portaria n.º 160/2009, de 12 de fevereiro - Interdita o exercício da caça dentro dos limites do PNSAC e revoga a Portaria n.º 1155/2002, de 28 de agosto;

 Resolução de Conselho de Ministros n.º 57/2010, de 12 de agosto - Aprova o POPNSAC atualmente em vigor;

 Decreto-Regulamentar n.º 1/2020, de 16 de março - Classifica como zonas especiais de conservação os sítios de importância comunitária do território nacional.

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3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROTEGIDA E VALORAÇÃO DO PATRIMÓNIO NATURAL

3.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA

3.1.1 CLIMA

ESTAÇÕES UTILIZADAS A análise do clima foi realizada com recurso aos dados das estações de Alcobaça e Rio Maior, com as seguintes coordenadas de localização:

Alcobaça: Latitude - 39º 32’ N, Longitude - 8º 58’ W, Altitude - 75 m;

Rio Maior: Latitude - 39º 21’ N, Longitude - 8º 56’ W, Altitude - 69 m.

Os dados climáticos considerados referem-se aos períodos entre 1951-1975 (Alcobaça) e 1951-1980 (Rio Maior). Apesar de existirem dados mais recentes, os mesmos reportam-se a valores médios anuais, pelo que se optou por considerar dados mais antigos, mas relativos a séries mais extensas, que permitem uma caracterização climática mais fiável.

CARACTERIZAÇÃO GERAL DO CLIMA A variação regional do clima de Portugal apresenta um forte gradiente leste-oeste, resultante da frequência decrescente da penetração das massas de ar atlântico para o interior1. Este fenómeno é percetível na comparação dos climas de Alcobaça e de Rio Maior.

A estação de Alcobaça encontra-se mais próxima do litoral, sendo o seu clima marcado por uma maior influência oceânica, com reflexos na menor amplitude térmica anual, com verãos mais frescos e invernos menos frios do que os verificados em Rio Maior.

A temperatura média anual atinge os 14,7°C em Alcobaça e 15,0°C em Rio Maior.

Existem mais dias com temperaturas negativas em Rio Maior (15,6 dias por ano) do que em Alcobaça (13,7 dias). A ocorrência de temperaturas máximas superiores a 25°C é também mais frequente em Rio Maior (90 dias por ano) do que em Alcobaça (61 dias por ano). Em Alcobaça, a proximidade do litoral, a oeste, reflete-se também no regime de ventos, dominado pela nortada que ocorre entre os meses de maio e setembro, e na frequência elevada de nevoeiros, com maior incidência durante os meses de verão.

1 Daveau in Ribeiro e Lautensach, 1988

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A precipitação apresenta grandes oscilações interanuais, característica comum a todos os tipos de clima. A precipitação média anual é ligeiramente superior em Alcobaça, com 945 mm, e 856 mm em Rio Maior. As chuvas estão fortemente concentradas no semestre húmido de outubro a março.

O clima pode ser considerado temperado oceânico ou moderado, húmido e moderadamente chuvoso (classificação simples). Pela classificação de Köppen, o clima é mesotérmico húmido com estação seca no verão, sendo este pouco quente mas extenso (Csb).

No esboço provisório das regiões climáticas de Portugal2, Alcobaça e Rio Maior localizam-se na “Fachada Atlântica”, região de clima marítimo com vasta distribuição latitudinal, desde o Minho até Aljezur, paralela ao litoral.

TEMPERATURA A temperatura é um dos elementos do clima com menor variação interanual. As estações de Alcobaça e de Rio Maior apresentam uma temperatura média anual de, respetivamente, 14,7°C e 15,0°C. A amplitude térmica anual é superior em Rio Maior, com 11,9°C, em face da média de 10,3°C registada em Alcobaça. O facto da estação de Alcobaça se encontrar mais próxima do litoral, leva a que esteja mais exposta à influência moderadora do oceano. Assim, Alcobaça apresenta verãos menos quentes e invernos menos frios comparativamente com a estação de Rio Maior, sendo menos frequentes valores extremos de temperatura: menos dias com temperatura máxima superior a 25°C e menos dias com temperatura mínima inferior a 0,0°C. A temperatura média do mês mais quente (agosto) é 1,2°C superior em Rio Maior, e a temperatura média do mês mais frio (dezembro em Alcobaça, janeiro em Rio Maior) é 0,4 °C inferior em Rio Maior.

Quadro 1 – Temperaturas médias ALCOBAÇA RIO MAIOR Temperatura média anual 14,7°C 15,0°C Média mensal mês mais quente (agosto) 19,9°C 21,1°C Média mensal mês mais frio (dezembro - Alcobaça 9,6°C 9,2°C (janeiro – Rio Maior) Média das máximas diárias 19,8°C 20,8°C Média das mínimas diárias 9,4°C 9,1°C Amplitude térmica anual 10,3°C 11,9°C

Quadro 2 – Número de dias por ano com temperaturas extremas ALCOBAÇA RIO MAIOR Temperatura máxima >25°C 61,0 90,4 Temperatura mínima < 0,0°C 13,7 15,6 Temperatura mínima > 20,0°C 0,1 0,0

2 Ribeiro &Lautensach, 1988

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30,0 30,0 Alcobaça (1951-1975) Med.Max Rio Maior (1951-1980) Med.Max 25,0 Med.Min 25,0 Med.Min

Med.Mensal Med.Mensal 20,0 20,0

15,0 15,0

T ºC) (

T ºC) (

10,0 10,0

5,0 5,0

0,0 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Gráfico 1 - Distribuição das temperaturas média mensal, máximas médias e mínimas médias

A temperatura média mensal atinge um mínimo de 9,2°C em janeiro, em Rio Maior, com a média das mínimas a situar-se em 4,0°C, e a média das máximas 14,4°C. A temperatura mínima média é inferior a 5,0°C entre dezembro e fevereiro, sendo inferior a 10,0°C entre novembro e abril.

Em Alcobaça, o mês mais frio é dezembro, com a temperatura média mensal a descer aos 9,6°C, quando a média das mínimas atinge 4,8°C e a média das máximas 14,4°C. A temperatura mínima média é inferior a 5,0°C apenas em dezembro, sendo inferior a 10,0°C entre novembro e abril.

Os meses mais quentes são julho e agosto, com temperaturas médias mensais de 19,8°C e 19,9°C em Alcobaça, e 21,1°C em Rio Maior. Em agosto, a médias das mínimas atinge 13,9°C em Alcobaça e 14,5°C, em Rio Maior, e a média das máximas respetivamente 25,8°C e 27,7°C.

Em Alcobaça a temperatura média mensal é sempre inferior a 20,0°C, enquanto em Rio Maior é superior a 20,0°C nos meses de julho e agosto. Entre maio e outubro, a temperatura média mensal é superior a 15,0°C, em ambas as localidades.

PRECIPITAÇÃO Nos períodos considerados, a precipitação média anual foi de 944,8 mm em Alcobaça e 855,6 mm em Rio Maior, havendo, em ambos os casos, uma variação interanual muito significativa. Nas duas localidades, os valores de precipitação definem claramente um semestre húmido (outubro-março), em contraste com um semestre seco (abril-maio). Mais de 75% da precipitação anual ocorre durante o semestre húmido.

Quadro 3 – Sazonalidade da precipitação anual ALCOBAÇA RIO MAIOR outubro a março 716,1 mm 76 % 673,6 mm 79 % abril a setembro 228,7 mm 24 % 182,0 mm 21 % TOTAL 944,8 mm 855,6 mm

O período chuvoso estende-se de outubro a maio (91% e 93% da precipitação anual, respetivamente, em Alcobaça e Rio Maior), por contraste com um quadrimestre seco de junho a setembro, com menos de 10% da precipitação anual. No entanto, em Alcobaça apenas dois meses podem ser considerados “secos”, isto é, com precipitação mensal inferior a 30 mm: julho e agosto. Em Rio Maior, a secura estival é mais

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acentuada, com precipitações inferiores a 30 mm entre junho e setembro. O gráfico termo-pluviométrico assinala a distribuição sazonal da precipitação e da temperatura média mensal. Os mínimos de precipitação coincidem com os meses mais quentes (julho e agosto).

150,0 30,0 150,0 Precipitação 30,0 Alcobaça (1951-1975) Rio Maior (1951-1980) Precipitação Temperatura Temperatura 25,0 25,0 120,0 120,0

20,0 20,0 90,0 90,0 15,0 15,0 60,0 60,0 10,0 10,0

Temperatura ºC) (

Precipitação (mm)

Temperatura ºC) (

Precipitação (mm)

30,0 30,0 5,0 5,0

0,0 0,0 0,0 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação média anual (Alcobaça): Precipitação média anual (Rio Maior) (R) = 944,8 mm Temp. média anual = 14,7 ºC (R) = 855,6 mm Temp. média anual = 15,0 ºC

Gráfico 2 – Gráfico termopluviométrico (Alcobaça) Gráfico 3 – Gráfico termopluviométrico (Rio Maior)

Nos períodos considerados, o número médio de dias por ano com precipitação superior a 0,1 mm foi significativamente superior em Alcobaça: 128 dias, sendo apenas 107,6 dias registados em Rio Maior.

Com precipitação superior a 10 mm, ocorreram em média, respetivamente, 31,6 dias e 29,8 dias. A precipitação diária superior a 10 mm está normalmente associada à passagem de superfícies frontais.

Quadro 4 – Números de dias por ano com precipitação superior a 0,1 mm e 10,0 mm ALCOBAÇA RIO MAIOR R  0,1 mm 128,0 107,6 R  10,0 mm 31,6 29,8

Para analisar a variação interanual da precipitação recorreu-se apenas aos dados da estação meteorológica de Alcobaça, no período 1952-1975. Em Rio Maior, no mesmo período, ocorrem falhas de registo que impedem a obtenção de uma série contínua de dados. Nas figuras seguintes expõe-se a sequência dos valores totais de precipitação.

1600

1400

1200

1000

800

R (mm) 600

400

200

0

1952 1954 1956 1958 1960 1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 Gráfico 4 – Valores anuais de precipitação

16

75%

50%

25%

0%

1952 1956 1960 1964 1968 1972 -25%

-50%

-75% Gráfico 5 – Variação interanual da precipitação (Diferença em relação à média)

Os valores anuais de precipitação apresentam uma variação irregular e descontínua, oscilando, no período 1952-1975, entre um mínimo de 582 mm e um máximo de 1.588 mm. Consideram-se anos secos (ou húmidos) os que se afastam mais de 25 % em relação à média, sendo classificados de muito secos (ou muito húmidos), se o afastamento ultrapassa os 50%.

No período considerado ocorreram 4 anos secos, 1 ano húmido e 2 anos muito húmidos.

NEVE, GRANIZO, TROVOADA, NEVOEIRO, GEADA Nos períodos considerados houve em média 40 dias por ano com ocorrência de nevoeiro em Alcobaça, e apenas 11 dias em Rio Maior.

Em Alcobaça o nevoeiro é relativamente frequente todo o ano, mas é observado com maior incidência entre julho e setembro, reflexo da proximidade ao litoral.

Em Rio Maior o nevoeiro é bastante raro entre abril e julho, e apresenta maior intensidade em dezembro e janeiro.

Em média, ocorrem trovoadas em 15 dias por ano em Alcobaça, com maior incidência em abril, não existindo dados para a estação de Rio Maior.

O Granizo é um meteoro de ocorrência rara: 4,2 dias por ano em Alcobaça, entre novembro e maio e 0,5 dias em Rio Maior, entre dezembro e fevereiro.

No período analisado não ocorreu queda de neve em Rio Maior, e ocorreram em média 0,3 dias de neve por ano em Alcobaça, em janeiro e fevereiro.

A informação detalhada sobre a ocorrência dos diversos meteoros é apresentada no quadro seguinte.

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Quadro 5 – Meteoros diversos (nº de dias por ano)

NEVE GRANIZO TROVOADA NEVOEIRO GEADA

A RM A RM A RM A RM A RM

JAN 0,1 0,0 0,8 0,0 1,2 - 3,0 2,5 8,2 6,4

FEV 0,2 0,0 1,1 0,3 1,5 - 2,3 1,2 6,3 4,2

MAR 0,0 0,0 0,7 0,0 1,4 - 2,2 0,7 5,1 0,7

ABR 0,0 0,0 0,4 0,0 2,1 - 2,8 0,1 2,3 0,2

MAI 0,0 0,0 0,2 0,0 1,8 - 2,9 0,0 0,1 0,0

JUN 0,0 0,0 0,0 0,0 0,9 - 3,4 0,0 0,0 0,0

JUL 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 - 5,6 0,0 0,0 0,0

AGO 0,0 0,0 0,0 0,0 0,4 - 4,5 1,1 0,0 0,0

SET 0,0 0,0 0,0 0,0 0,8 - 4,3 1,2 0,0 0,0

OUT 0,0 0,0 0,0 0,0 1,6 - 3,2 0,9 1,1 0,2

NOV 0,0 0,0 0,3 0,0 1,7 - 2,2 1,1 4,3 1,0

DEZ 0,0 0,0 0,6 0,0 1,2 - 3,2 2,0 9,3 5,8

ANO 0,3 0,0 4,2 0,5 14,9 - 39,6 10,8 36,7 48,4

VENTOS A análise do regime de ventos reporta-se ao período 1951-1975, em Alcobaça, não havendo registos em Rio Maior.

Os ventos dominantes em Alcobaça são de quadrantes norte e noroeste, com frequências anuais de, respetivamente, 29% e 19%. A ocorrência de ventos fortes (velocidade ≥ 36 km/h) ou muito fortes (velocidade ≥ 55 km/h) é de, respetivamente 21,1 e 4,7 dias por ano, com maior incidência entre janeiro e março.

O regime sazonal de ventos é dominado pela presença da Nortada (ventos dos quadrantes de norte e noroeste), que sopra predominantemente entre abril e setembro em toda a faixa litoral ocidental. Em Alcobaça, a Nortada verifica-se em 45 % do total anual de observações, atingindo valores superiores a 50 % entre maio e setembro, com um máximo de 67-68 % em julho e agosto.

A velocidade média anual dos ventos de todos os quadrantes em Alcobaça é de 14,5 km/h, com valores máximos da média anual de 17,1 km/h (quadrante Sudeste) e 16,9 km/h (quadrante Sul).

A frequência de calmas é de apenas 8% do total anual de observações, com máximos mensais de novembro e dezembro (15-16% das observações) e mínimos entre maio e agosto – nestes meses mais ventosos as observações de calmas descem para 1 a 3%.

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N 30,0

NW NE 20,0

10,0

W 0,0 E

frequência (%)

velocidade média (Km/h)

SW SE

S Gráfico 6 – Ventos: direção, frequência e velocidade média anual

3.1.2 GEOLOGIA

ENQUADRAMENTO GERAL

O PNSAC está implantado numa vasta unidade geomorfológica e geológica denominada MCE, constituída essencialmente por rochas calcárias que se apresentam sobrelevadas tectonicamente.

Situado no centro oeste de Portugal e enquadrado pelas cidades de Leiria, Ourém, Tomar, Torres Novas, Rio Maior e Alcobaça, o MCE ocupa cerca de 767,6 km2 e individualiza-se da Bacia do Tejo, da Plataforma Litoral e da Bacia de Ourém. Juntamente com as Serras do Maciço de Sicó e de Alvaiázere e a Serra de Montejunto constitui o prolongamento dos relevos da Cordilheira Central para sudoeste.

Fernandes Martins em 1949, ao definir esta unidade geomorfológica e ao atribuir-lhe a designação pela qual é hoje conhecida - Maciço Calcário Estremenho - salientou a coincidência de os limites mais nítidos seguirem a curva de nível dos 200 m. O limite sudeste com a Bacia Terciária do Tejo corresponde à Falha do Arrife, que corresponde simultaneamente a uma das falhas do bordo oriental da Bacia Lusitânica (BL). Atualmente, este limite, por efeito de inversão tectónica, corresponde a um cavalgamento sobre a Bacia Terciária do Tejo. O limite setentrional é estratigráfico e sem características morfológicas assinaláveis, pois não está marcado por nenhum acidente tectónico, tendo correspondência com o início de extensa área de afloramentos de rochas arenoargilosas do Cretácico e do Neogénico que ocorrem para norte das cidades de Ourém e Leiria. O limite ocidental é materializado pelo sopé da Serra dos Candeeiros o qual, pelo menos parcialmente, tem correspondência com um acidente tectónico – a Falha dos Candeeiros.

A região apresenta subunidades que correspondem a compartimentos elevados: a Serra dos Candeeiros a oeste, o Planalto de Sto. António ao centro e sul, e a Serra de Aire e o Planalto de S. Mamede,

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respetivamente a sudeste e nordeste. Entre estas unidades desenvolvem-se corredores deprimidos entre falhas com direção noroeste e norte-nordeste que se cruzam na região de Porto de Mós. Ao longo do primeiro situam-se as depressões de Alvados e Mira-Minde, enquanto ao longo do segundo abre-se a depressão da Mendiga, cujo bordo oeste é sublinhado pela ocorrência do acidente diapírico de Fonte da Bica-Porto de Mós. A Serra de Aire constitui a zona mais elevada de todo o MCE, atingindo 678 m de altitude.

Figura 2- Modelo Digital do Terreno do MCE e limites do PNSAC

A arquitetura do maciço resulta fundamentalmente de movimentos tectónicos, contudo as rochas calcárias condicionaram o desenvolvimento de uma morfologia cársica bem característica e com uma pluralidade de estruturas que não tem paralelo no país, designadamente extensos campos de lapiás, grandes áreas com dolinas e depressões mais complexas do tipo uvala, depressões cársicas tipificáveis como poljes - uma das quais (a de Mira-Minde) apresenta um conjunto de características endocársicas e exocarsicas de tal modo completo que se pode considerar um exemplo de manual de definição destes fenómenos - grande número de grutas e extensos aquíferos drenados por nascentes importantes, ao que se destaca a presença de vales secos e uma rede de drenagem superficial praticamente inexistente, sendo quase exclusivamente subterrânea.

Existem também formas que testemunham paleorelevos resultantes de períodos de erosão normal localizada no bordo oeste da microplaca ibérica, a qual tem a sua origem associada aos episódios distensivos que levaram à abertura do Oceano Atlântico durante o Mesozoico.

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LITOESTRATIGRAFIA

As rochas aflorantes datam do Hetangiano ao Pliocénico mas, maioritariamente, são mesozoicas, do Jurássico Médio e Superior. A sua distribuição espacial está condicionada pelas grandes unidades morfoestruturais como resultado da movimentação polifásica dos acidentes tectónicos que as limitam (Figura n.º 3).

O Hetangiano é constituído por margas e evaporitos (sal e gesso). Aflora ao longo duma estreita faixa entre Rio Maior e Porto de Mós que corresponde a uma “parede de sal”, ou seja, falha ao longo da qual se deu a ascensão gravítica dos depósitos evaporíticos. Junto às povoações mencionadas verifica-se o alargamento dessa estrutura.

As rochas que se depositaram durante o Jurássico Médio - Inferior ocupam a maior parte do MCE e afloram nas regiões elevadas. Os afloramentos datam, sobretudo, do Jurássico Médio, sendo que o Jurássico Inferior está representado, unicamente, numa estreita faixa condicionada pelo sistema de falhas de Alvados – Minde, a sul de Porto de Mós. As rochas do Jurássico Médio correspondem a diversos tipos de calcários variando entre calcários compactos, clásticos e argilosos. No conjunto partilham o facto de apresentarem cores bastante claras.

O Jurássico Superior aflora nas regiões deprimidas condicionadas por falhas. Integra sobretudo calcários, mas também, para o topo da sequência, depósitos areníticos e argilosos.

Quanto às rochas que se formaram após o Jurássico, elas são maioritariamente de natureza arenoargilosa e datam, descontinuamente, do Cretácico Inferior ao Pliocénico. Sobretudo, afloram marginalmente ao MCE, pois a maioria terá sido erodida como resultado da sobrelevação tectónica.

Na área do MCE também ocorrem rochas ígneas. São pouco abundantes e correspondem a doleritos associados a falhas ou basaltos e brechas associadas a aparelhos vulcânicos.

O estilo tectónico do MCE é, em grande parte, herdado das estruturas originadas no decorrer dos processos de colisão continental que afetaram o território português durante o Paleozoico (Orogenia Varisca). Está muito influenciado pela existência duma espessa sequência de depósitos evaporíticos hetangianos porque estes funcionaram como base de descolamento entre as rochas do soco e as mesocenozoicas durante os episódios distensivos da deformação alpina.

21

TECTÓNICA

Os principais acidentes tectónicos que dominam o MCE correspondem a falhas orientadas segundo três direções principais: NNE-SSW, NW-SE e NE-SW (Figura n.º 3).

Os acidentes NNE-SSW são os mais frequentes e integram 4 grandes falhas: a Falha dos Candeeiros que limita a oeste a serra com o mesmo nome; a Falha de Rio Maior – Porto de Mós que limita essa serra do lado oriental; e o sistema constituído pela Falha da Mendiga (no bordo ocidental do Planalto de Sto. António) e pela Falha de Reguengo do Fetal (no bordo ocidental do Planalto de S. Mamede). Estes acidentes terão funcionado como falhas normais durante as fases extensionais mesozoicas e, a maioria delas, terá sofrido inversão de movimento durante o Cenozoico.

No que respeita às falhas NW-SE, elas estão fundamentalmente representadas pelo sistema de falhas escalonadas de Alvados e Minde, as quais estão interligadas na região de Alvados delimitando uma região deprimida. À semelhança das anteriores, terão funcionado como falhas normais durante o período distensivo Mesozoico.

Durante o período de inversão alpina este sistema funcionou em desligamento direito. A direção NW-SE está ainda representada por acidentes que compartimentam os dois planaltos e constituem um traço distintivo do MCE. Alguns deles foram intruídos por rochas doleríticas, cuja instalação poderá estar associada a um episódio compressivo precoce na passagem do Jurássico para o Cretácico.

Quanto à direção tectónica NE-SW, ela está sobretudo representada pela Falha do Arrife. Constituindo um dos bordos da BL, limita o MCE a sudeste e atuou como falha normal durante a distensão mesozoica. No período compressivo, a partir do final do Cretácico, foi reativada como falha inversa inclinada para NW, conduzindo à sobreposição do MCE sobre a Bacia Terciária do Tejo.

As bancadas sedimentares no MCE apresentam-se sub-horizontais como resultado de ligeiros basculamentos induzidos pela movimentação das falhas ou devido a dobramentos de grande raio de curvatura. De entre estes destacam-se os anticlinais do Planalto de S. Mamede, da Depressão de Alqueidão, da Serra dos Candeeiros e da Serra de Aire.

De modo localizado ocorrem dobramentos apertados que acompanham paralelamente algumas das principais falhas, sendo indicativos da sua reativação sob efeito de forças tectónicas compressivas. É o caso dos dobramentos na Depressão da Mendiga, entre a falha com o mesmo nome e a Falha de Rio Maior – Porto de Mós, os que ocorrem nas imediações do Cavalgamento do Arrife.

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Figura 3- Contexto do MCE no setor central da BL e respetiva geologia simplificada

GEOMORFOLOGIA

Como já foi referido, o MCE é formado por compartimentos levantados que atingem altitudes moderadas (max. 678 metros – Serra de Aire). Afetado por acidentes tectónicos maiores (dobras, falhas ou acidentes mistos), o padrão das diaclases e outras descontinuidades (incluindo planos de estratificação) é um fator decisivo na interpretação dos processos geomorfológicos, tais como os fenómenos cársicos e a dinâmica das formas de relevo. O MCE adquire uma importância acrescida, a qual advém do facto de constituir a região portuguesa onde estes fenómenos, resultantes da meteorização das rochas calcárias, atingem um maior grau de desenvolvimento. O facto de ser constituído por rochas calcárias, mais resistentes à alteração mecânica do que as rochas brandas, essencialmente detríticas, que formam os terrenos circundantes da Bacia Terciária do Baixo Tejo (a nascente) e da Bacia Terciária do Mondego (a poente), contribui, em certa medida, para que relevos vigorosos se destaquem na paisagem.

Por outro lado, os bordos do MCE e das grandes unidades geomorfológicas que o constituem coincidem com grandes acidentes tectónicos sub-verticais.

O espesso complexo calcário do Dogger é a formação mais extensa e importante, controlando o desenvolvimento das principais formas cársicas e a evolução das escarpas por desabamentos rochosos. A complexidade das formações do substrato (do Infralias ao Cretácico Inferior) tem um papel essencial na distribuição e diversidade dos processos de evolução do relevo, nomeadamente nos movimentos de vertente. Para além da sedimentação calcária, outras unidades litológicas são formadas por séries pelítico-evaporíticas, margas argilosas, margas e calcários margosos.

Se, a natureza predominantemente calcária das rochas que compõem o MCE contribui para a sua fisionomia particular, ao acentuar a imponência das escarpas e ao condicionar o desenvolvimento de uma morfologia cársica bem característica, o fundamental da arquitetura do Maciço, como já foi dado observar, é devido à tectónica.

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Estes fatores estruturais e litológicos, associados a condições particulares de hidrologia e modelado cársico e morfologia vigorosa (os declives são predominantemente superiores a 20o e nas vertentes mais importantes ultrapassam 30o), explicam a diversidade paisagística associada às diferentes características geomorfológicas que o MCE apresenta.

HIDROGEOLOGIA

Características gerais dos aquíferos cársicos Os maciços calcários carsificados apresentam um conjunto de singularidades que os diferenciam notoriamente dos aquíferos associados a maciços cristalinos e a formações sedimentares detríticas (por exemplo, aquíferos aluvionares). Esta singularidade decorre fundamentalmente das diferenças na estrutura interna e, consequentemente, no tipo de porosidade. Se nas formações cristalinas a porosidade é basicamente de tipo fissural e nas detríticas de tipo intergranular, nos maciços cársicos encontramos macro ou mesoporosidades.

As águas das chuvas e da infiltração podem ser ligeiramente ácidas devido à dissolução de dióxido de carbono da atmosfera ou do solo. Esta característica confere-lhes um elevado poder de dissolução dos calcários, contribuindo para o desenvolvimento de um modelado cársico que se manifesta tanto à superfície como em profundidade.

As particularidades da rocha calcária não impedem a circulação hídrica superficial, desde que a sua superfície não se situe muito acima do nível freático. Contudo, quando são abundantes as fraturas e diáclases resultantes do diastrofismo e, sobretudo, quando se dá o soerguimento imposto por esforços tectónicos, então os maciços calcários tornam-se profundamente permeáveis, impedindo a organização de uma "verdadeira" rede hidrográfica superficial. Por outro lado, em profundidade, os sistemas cársicos apresentam, por vezes, elevada complexidade hidrogeológica, nomeadamente devido à considerável extensão que podem atingir. Os aquíferos cársicos apresentam um notável interesse económico, uma vez que a recarga hídrica pode ser muito superior à dos maciços cristalinos ou detríticos.

O PNSAC é apenas atravessado por três cursos de água subaéreos perenes (em extensões que não ultrapassam os três quilómetros), designadamente os Rios Alviela e Lena e a Ribeira de Alcobertas.

Enquadramento geral:  Unidade hidrogeológica: Orla Ocidental;

 Bacias hidrográficas: Tejo, Lis e Ribeiras do Oeste;

 Distritos: Leiria e Santarém;

 Concelhos: Rio Maior, Alcobaça, Porto de Mós, Batalha, Leiria, Ourém, Tomar, Torres Novas, Alcanenae Santarém.

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Por se tratar de uma região elevada relativamente às unidades geomorfológicas envolventes de natureza diferente, o MCE apresenta um padrão centrífugo das circulações subterrâneas que constituem o seu sistema aquífero. As circulações subterrâneas vão-se organizando no seu interior e acabam por aparecer à superfície, sob a forma de exsurgências, nos limites do Maciço, constituindo as nascentes de alguns pequenos, mas caudalosos rios, como o Lis, o Lena, o Almonda e o Alviela.

O aquífero principal é constituído por rochas calcárias do Dogger e do Malm com uma espessura que varia entre 300 e 1.500 metros. A base destas formações compreende os primeiros termos calcários do Aaleniano, os calcários do Bajociano, os calcários dolomíticos da passagem do Bajociano ao Batoniano, os calcários do Batoniano e do Caloviano e também os calcários, conglomerados calcários e calcários margosos do Oxfordiano.

O endocarso está representado por algares, galerias e condutas. As galerias e condutas surgem a profundidades variáveis, ocorrendo por vezes a várias dezenas de metros abaixo do nível das nascentes. Os algares são estruturas relativamente antigas e abundantes neste maciço, possuem profundidades variáveis, podendo intersetar zonas com vestígios de circulação fóssil ou atual, sendo que as maiores profundidades classicamente identificadas situam-se entre os 100 e os 150 metros. Atualmente, embora não se encontre descrito em publicações científicas, existe conhecimento de estruturas deste tipo que ultrapassam profundidades na ordem dos 250 metros, no setor centro oeste do Planalto de Sto. António.

Os limites deste sistema aquífero não correspondem totalmente aos limites da unidade geomorfológica do MCE, pois a circulação subterrânea estende-se para lá dos limites definidos por Fernandes Martins em 1949, cuja área é de cerca de 767,6 km2. Este sistema é muito complexo, apresentando um comportamento típico de aquífero cársico, caracterizado pela existência de um número reduzido de nascentes perenes e várias temporárias com caudais elevados, mas com variações muito significativas ao longo do tempo.

O sistema aquífero do MCE é constituído por vários subsistemas (Figura n.º 4) cuja delimitação coincide aproximadamente com as grandes unidades morfoestruturais que o dividem. Cada um desses subsistemas está relacionado com uma nascente cársica perene e, por vezes, com várias nascentes temporárias que descarregam apenas em períodos de elevada precipitação. Contudo, a delimitação das áreas de recarga de cada nascente apresenta grandes dificuldades devido ao padrão altamente complexo do escoamento em meios cársicos.

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Figura 4- Sistema Aquífero do MCE

Nesta região a precipitação varia entre os 1.000 e 1.600 mm/ano. Segundo vários autores, tendo por base os valores médios da precipitação eficaz, pode estimar-se os recursos renováveis entre 300 e 500 hm3/ano. O valor menor é praticamente assegurado pela produção das nascentes principais: Alviela, com cerca de 120 hm3/ano, Almonda com cerca de 100 hm3/ano e Lis, com cerca de 60 hm3/ano. Estes recursos estão repartidos por três bacias hidrográficas diferentes designadamente a do Lis, a das Bacias do Oeste e a do Tejo.

A evolução natural dos maciços cársicos faz-se no sentido de uma hierarquização progressiva dos escoamentos, caracterizado por um reduzido número de eixos de drenagem subterrânea ligados a nascentes, por vezes muito caudalosas, a que se subordina um grande número de linhas de fluxo de reduzida importância. Além das nascentes principais, pode individualizar-se um conjunto de outras sub- bacias, a maior parte relacionadas com nascentes temporárias. Do total das cerca de perto de 120 nascentes conhecidas, apenas 6 são perenes: Olhos de Água do Alviela, Moinho da Fonte (Almonda),

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Nascentes do Lena, Chiqueda, Lis e Olho de Água de Alcobertas, todas elas situadas nos bordos do Maciço (Figura n.º 4). Todas as restantes serão extravasamentos das nascentes principais ou constituem a descarga de pequenos subsistemas aquíferos, confinados, lateral ou verticalmente.

Parâmetros hidráulicos e de produtividade

Segundo alguns autores a transmissividade estimada a partir de caudais específicos de captações situa-se entre 1 m2/dia e 4.800 m2/dia, sendo esta dispersão característica de maciços cársicos com elevado grau de organização das drenagens subterrâneas.

Análise espaço-temporal da piezometria

De acordo com a unanimidade dos diferentes autores, os dados disponíveis não permitem efetuar uma caracterização da piezometria de forma pormenorizada.

No entanto, as observações que se tem vindo a fazer permitem esboçar uma panorâmica das tendências principais das direções e sentidos de fluxo. Obviamente que essas direções estão condicionadas essencialmente pela posição das principais nascentes.

Na Figura n.º 5 mostra-se os aspetos principais da drenagem subterrânea. Parte das conclusões que foi possível obter, deve-se a resultado de traçagens, a qual é deduzida com base nas características geológicas, estruturais e geomorfológicas.

Balanço hídrico

A precipitação média anual nesta região é da ordem dos 1.000 a 1.600 mm/ano. Com base neste valor, diversos autores chegaram aos seguintes valores de recarga para o MCE:

Quadro 6 – Valores de recarga para o MCE

Considerando que, da área total do sistema, 767,6 km2, sendo uma parte constituída por rochas com menor aptidão aquífera e menor capacidade de infiltração, é provável que os recursos hídricos médios, renováveis, sejam na ordem dos 300 hm3/ano a 350 hm3/ano.

O total escoado através das 3 nascentes principais, Alviela, Almonda e Lis, é estimado em cerca de 275 hm3/ano (Almeida et al., 1996), correspondendo ao Lis 60-70 hm3/ano, ou seja, 10 a 20% do total. Alguns autores admitem a possibilidade de existirem ainda, saídas ocultas para os aquíferos da Bacia do Tejo. No entanto, essas saídas, a existirem, serão difíceis de estimar no estado atual do conhecimento.

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Qualidade

Devido às suas próprias características, nomeadamente a um processo de recarga muito rápido e intenso, podem ser mais vulneráveis à contaminação do que os outros aquíferos.

As águas do Sistema Aquífero do MCE são em geral bicarbonatadas cálcicas, raramente calcomagnesianas, raras vezes têm valores significativos de cloretos e sódio e são medianamente mineralizadas e duras a muito duras.

Contrariamente ao comportamento hidrogeológico verificado nos maciços cristalinos e sedimentares detríticos, nos quais a circulação é lenta a muito lenta, nos maciços de natureza carbonatada "envelhecidos", isto é, onde se verifica acentuada carsificação, a progressão das águas sub-superficiais é rápida a muito rápida. Deste modo, o processo de filtragem mecânica e química, resultante da interação água/rocha, torna-se muito reduzido. Por este motivo, os aquíferos cársicos são muito mais vulneráveis ao impacto de possíveis focos poluentes resultantes de diversas atividades humanas ligadas, fundamentalmente, aos setores primário e secundário.

Alguns trabalhos publicados na década de noventa do Século XX apontaram para a elevada presença nas águas subterrâneas de catiões metálicos e de matéria orgânica, resultantes da poluição industrial, agropecuária e doméstica que se verifica ainda hoje na área do Maciço e do próprio Parque Natural. A contaminação microbiológica é o mais importante tipo de poluição detetada.

Os principais focos de poluição são, segundo alguns estudos elaborado na década de noventa do Século XX, a utilização de algares e antigas pedreiras como vazadouros de lixos e entulhos, a existência de lixeiras e a inexistência de um sistema eficiente de saneamento urbano, industrial ou pecuário em largas áreas do Maciço. Não obstante as alterações entretanto verificada nesta matéria, tendo em conta a relevante importância do sistema aquífero do MCE, é necessária uma gestão racional deste recurso hídrico, numa ótica de desenvolvimento sustentado, minimizando os riscos e compatibilizando com as diversas atividades antrópicas potencialmente poluentes que existem nesta área: indústrias têxteis e de curtumes, explorações pecuárias (suinicultura e bovinicultura) e pedreiras, bem como adequados sistemas de tratamento de águas residuais.

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PATRIMÓNIO GEOLÓGICO

No decurso da última década, registou-se um notável desenvolvimento da geoconservação em Portugal, quer por via da criação de um inventário sistemático do património geológico português, quer pela produção de legislação sobre a sua conservação com a introdução das noções de geossítio e de património geológico, bem como a atribuição legal da sua gestão ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas dentro das Áreas Classificadas.

Atualmente, no domínio da educação a abordagem dos conceitos de geoconservação abrangem os conteúdos programáticos do ensino básico e secundário. Esta dinâmica tem vindo a ser acompanhada pelo crescente interesse das autarquias na conservação e promoção do património geológico dos respetivos concelhos.

A singularidade da paisagem cársica e do património geológico presente nesta área protegida, importante à escala nacional e internacional, faz dela um importante polo de visitação e de investigação: a diversidade de formas do exo e endocarso, a riqueza estratigráfica e paleontológica, as abundantes evidências de processos tectónicos e a sua estreita ligação com as formas de relevo e particularidades da sua hidrografia, ao que se associam muitos outros elementos de caráter cultural que convergem para o elevado valor que se atribui ao património geológico existente no PNSAC.

Tornou-se evidente a necessidade de se dispor de instrumentos, quer por via jurídico-legal, quer por via documental, que permitissem a gestão e valorização dos elementos mais notáveis da sua geologia encontrando-se tal vertido no Anexo I da RCM Nº 57/2010, de 12 de agosto, e na publicação do Roteiro de Geossítios do PNSAC e respetiva Carta Geológica Simplificada efetuada em 2015, estes, elaborados numa perspetiva de divulgação e uso alargado por parte dos cidadãos.

Do enriquecimento do inventário existente - ao que não serão alheios os importantes contributos de diversos estudos nomeadamente os Planos de Pormenor desenvolvidos no âmbito da modalidade específica dos Planos de Intervenção em Espaço Rural para alguns núcleos de exploração de massas minerais existentes no PNSAC (processo em vias de conclusão) – resultou a elaboração de listagens mais completas, suportadas por critérios universalmente aceites no seio da comunidade científica especializada e que serão considerados no Regulamento de Gestão a desenvolver para o PEPNSAC.

No Anexo 8.3 apresenta-se a Listagem com os Geossítios, com relevância, existentes na área do PNSAC.

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3.1.3 SOLOS E CARACTERIZAÇÃO AGROFLORESTAL

Ao nível dos solos, e quanto à sua composição e estrutura, e de uma forma necessariamente curta e simplista, o substrato dominante no PNSAC é de origem calcária, com exceção de manchas detríticas siliciosas mais percetíveis a sul do Parque Natural e no Arrimal.

Os calcários são, grosso modo, mais ou menos puros e de estratigrafia espessa, ou margosos de estratigrafia fina, frequentemente em plaquetas. Os primeiros dão origem a solos vermelhos descarbonados e os segundos a solos calcários margosos.

Já em realção à caraterização Agroflorestal do PNSAC, a mesma teve como base o “Relatório Final – Uma Estratégia de Gestão Agrícola e Florestal para a Rede Natura 2000”, elaborado em março de 2006 pelo Instituto Superior de Agronomia para o ICNF.

SUBÁREAS DE REFERÊNCIA - TERRITÓRIOS HOMOGÉNEOS QUANTO AOS RESPETIVOS SISTEMAS AGRÍCOLAS

Existem cinco territórios homogéneos abrangidos pelo PNSAC:

1. Batalha/Porto de Mós;

2. Serra de Candeeiros, Planaltos de Sto. António e S. Mamede, Mira de Aire e Alvados;

3. Caldas da Rainha/Alcobaça/Cadaval;

4. Alcobertas, Alcanena e Serra de Aire;

5. Torres Novas.

Do terceiro, que compreende uma vasta área do norte da Região Oeste, apenas as porções superiores de algumas das freguesias do concelho de Alcobaça se situam no limite poente do PNSAC.

Dadas as características específicas destas últimas, bem como o facto de o território se estender a muitas áreas com sistemas agrícolas diferentes dos situados na área do PNSAC, excluiu-se este território da análise. Pela mesma razão se exclui da análise o primeiro território (que inclui o sopé norte do MCE) e o quinto território (que inclui a encosta sudeste da Serra de Aire).

Deste modo consegue-se uma cobertura bastante satisfatória do PNSAC, captando a diversidade de sistemas agrícolas entre o segundo território, de maior influência oceânica, e o quarto, mais interior e seco. Estes territórios são aqui designados abreviadamente por Candeeiros/Sto. António/Alvados e Alcobertas/Aire respetivamente.

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SISTEMAS AGRÍCOLAS E SUA DINÂMICA a) Grandes usos do solo, mosaico paisagístico e respetiva dinâmica

Os grandes usos do território são bastante semelhantes entre as duas subáreas, com a agricultura (incluindo pastagens) a ocupar apenas 22% a 24% do território (máximo em Alcobertas/Aire) e a floresta, 22% a 30% (máximo também em Alcobertas/Aire). A floresta com culturas ou pastagens sob coberto é inexistente.

São, no entanto, as áreas de matos, de maior ou menor altura, os afloramentos calcários e outros usos que constituem a matriz paisagística que envolve as bolsas agrícolas, em grande parte associadas às depressões, as pastagens, geralmente em mosaico com áreas de matos e as manchas florestais de diversos tipos. Assim, os outros usos do território representam entre 46% e 56% do mesmo (máximo em Candeeiros/Sto. António/Alvados).

É na utilização das terras agrícolas e respetiva dinâmica que surgem os maiores contrastes entre as duas subáreas, pelo que são tratadas em separado no que se segue.

Candeeiros/Sto. António/Alvados

As terras aráveis ocupam apenas 1/5 da superfície agrícola, enquanto os prados e pastagens permanentes se estendem a 63% da mesma. As culturas permanentes (essencialmente olival) têm uma forte presença na paisagem, não só porque ocupam 40% da superfície agrícola, mas também porque mais de ¾ da área de olival tem aproveitamentos agrícolas do sob coberto, sobretudo pastagem permanente.

A humidade climática explica que a agricultura praticada, apesar de quase exclusivamente de sequeiro, seja uma agricultura relativamente intensiva, com um rendimento da terra de 112% da média comunitária e com os pousios e as pastagens pobres a ocupar, em conjunto, apenas 17% da Superfície Agrícola Útil (SAU).

Os dados estatísticos revelam um aumento de 48% da superfície utilizada pela agricultura. Mesmo excluindo pousios e pastagens permanentes pobres, o aumento das restantes classes da SAU é de 39%.

Embora não seja de excluir algum aumento da área de pastagem permanente, sobretudo da associada à pecuária bovina de leite e carne, este aumento estará seguramente muito sobreavaliado pelos dados estatísticos (possível diferença de critérios entre os dois recenseamentos agrícolas), já que a perceção existente na maior parte da subárea é de abandono e não de extensão da área agrícola.

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Alcobertas/Aire

O contraste com a subárea anterior é determinado por um maior peso das culturas permanentes (essencialmente olival), que ocupam aqui 63% da superfície agrícola, e pelo peso muito inferior dos prados e pastagens permanentes (apenas 17%), revelando uma muito menor importância do pastoreio nos sistemas de produção agrícola. As terras aráveis, grande parte das quais em pousio, representam quase um terço da superfície agrícola.

Também aqui a forte presença do olival na paisagem é sublinhada por mais de metade da área de olival ter aproveitamentos agrícolas do sob coberto, agora sobretudo terras aráveis.

A agricultura praticada é relativamente intensiva em termos económicos: rendimento da terra de cerca de 156% da média comunitária, embora apenas cerca de 14% da superfície agrícola utilizada seja irrigável. Tal como na subárea anterior, esta intensidade económica advém, em parte, do peso do olival no uso do solo, do peso das pecuárias sem terra (suínos e aves) na formação do produto e de um emprego intensivo de trabalho familiar – não de práticas agrícolas particularmente intensivas, nomeadamente em termos químicos.

A superfície utilizada pela agricultura diminuiu sensivelmente: cerca de 23% numa década. As classes de uso mais intensivo terão diminuído mais (excluindo pousios e pastagens pobres, a restante superfície agrícola regista uma diminuição de 26%), o que dá conta de uma ligeira extensificação dos sistemas produtivos. b) Estrutura agrária, economia das explorações agrícolas, ajustamento estrutural e plurirrendimento das famílias agrícolas

A dimensão física média das explorações agrícolas é muito pequena: entre 3 a 4 hectares (máximo em Candeeiros/Sto. António/Alvados).

Assim, e apesar de uma significativa produtividade económica da terra, quase 70% ou mais da SAU são explorados por explorações de pequena ou muito pequena dimensão económica.

A produtividade do trabalho merece especial atenção por ser um fator importante na previsão de futuras tendências de crescimento/retração da SAU. Neste aspeto, as duas áreas são relativamente semelhantes, pelo que serão analisadas em conjunto. Assim, a produtividade do trabalho agrícola é superior a metade da média comunitária (UE 15) em 47-49% da SAU regional, sendo superior à média comunitária em apenas 19-25% da mesma. Estes indicadores levar-nos-iam a prever uma significativa tendência para a regressão da superfície agrícola regional, no futuro, previsão que poderá, no entanto, ser algo matizada pela importância da pluriatividade e do plurirrendimento das famílias agrícolas.

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No que se refere à evolução da estrutura fundiária, retém-se a evolução do número de explorações e da área média de SAU por exploração. Nas duas subáreas, o número de explorações sofre uma quebra significativa (36-40%) pelo que, apesar da redução da SAU regional em Alcobertas/Aire, existe sempre um aumento moderado da SAU média por exploração (em Candeeiros/Sto. António/ Alvados, o aumento é muito significativo, mas, como vimos, encontra-se provavelmente sobreavaliado). De qualquer modo, tendo em conta a dimensão média de partida (3-4 ha), não se pode considerar que esteja a existir um ajustamento estrutural suscetível de elevar significativamente a produtividade do trabalho agrícola.

Também este “bloqueio estrutural” deve ser matizado, no que se refere à sustentabilidade económica e social da agricultura regional, pela importância da pluriatividade e plurirrendimento das famílias agrícolas. Assim, entre 22% e 28% da SAU são detidos por famílias agrícolas cujo rendimento vem principalmente de salários de trabalho exterior nos setores da indústria ou serviços, o que revela algumas oportunidades ao nível do mercado local de trabalho. Por outro lado, entre 17% e 27% da SAU são detidas por famílias que vivem principalmente de reformas ou pensões, e 39 a 57% por famílias que vivem principalmente da exploração. Em grande parte destas últimas e dada a dimensão média das explorações, é de prever que o rendimento seja claramente insuficiente para remunerar a força de trabalho familiar. Será, pois, neste segmento que se concentrará a maior vulnerabilidade económica futura, cuja solução dependerá provavelmente mais do ritmo a que a economia rural se vá diversificando, com criação de empregos fora da agricultura, do que do ajustamento estrutural das explorações agrícolas. c) Padrão de especialização da agricultura regional e sua dinâmica

Em Candeeiros/Sto. António/Alvados, as explorações com produção pecuária ocupam 85% da SAU, distribuindo-se entre as especializadas na produção bovina de leite (35% da SAU), as especializadas nas produções bovina, ovina e caprina de carne (em conjunto, 35% da SAU, predominando claramente as mistas de diversas espécies) e as que combinam a pecuária com a produção olivícola (10% da SAU). As explorações especializadas de granívoros (suínos e aves), em grande parte sem (com pouca) terra, apesar de ocuparem apenas 4% da SAU têm um peso económico claramente superior (13% da margem bruta agrícola regional).

Nesta subárea, as explorações especializadas na produção olivícola, juntamente com as que combinam o cultivo do olival com outras culturas permanentes ocupam apenas 8% da SAU. As explorações policulturais, com maior ou menor importância dos cereais (milho e trigo), ocupam apenas 6% da SAU.

Em Alcobertas/Aires, o padrão de especialização das explorações agrícolas é significativamente diferente, com as explorações especializadas na produção olivícola ou combinando esta com outras culturas permanentes a ocupar 58% da SAU, as explorações policulturais, com maior ou menor importância dos cereais, 13%, e as explorações com produção pecuária, apenas 24% (metade dos quais em explorações

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que combinam a pecuária com o olival). As explorações especializadas de granívoros têm aqui um peso económico ligeiramente superior (18% da margem bruta agrícola regional).

Relativamente à dinâmica dos diversos tipos de especialização produtiva das explorações agrícolas, verifica-se um declínio das explorações policulturais, em ambas as áreas, embora mais forte (-8% da SAU inicial) em Candeeiros/Sto. António/Alvados. As explorações especializadas em olivicultura registaram um ligeiro incremento, mais forte em Alcobertas/Aires (+5% relativamente à SAU inicial), o qual deve ficar a dever-se mais ao abandono de outras produções e ganho de importância relativa do olival no conjunto da exploração, do que a novas áreas de olival. No entanto, em Alcobertas/Aire, regista-se uma regressão acentuada das explorações que combinam olival com outras culturas permanentes (-14% da SAU inicial), o que sugere algum abandono de olival velho.

A área ocupada por explorações com produção pecuária regista um aumento muito significativo em Candeeiros/Sto. António/Alvados, o qual deve estar provavelmente muito sobreavaliado, sendo que a tendência que se pode inferir de outras fontes, é mais de algum abandono de áreas de pastagem extensiva e alguma intensificação de pastagens, sobretudo nas explorações especializadas no leite. A área ocupada por explorações com gado sofre, por outro lado, alguma quebra em Alcobertas/Aire. Em ambas as subáreas, a área ocupada por explorações especializadas em granívoros regista uma quebra (maior em Candeeiros/Sto. António/Alvados).

SISTEMAS FLORESTAIS E SUA DINÂMICA

Segundo a Carta de Uso e Ocupação do Solo da Direção-Geral do Território (COS2018), as áreas florestais do PNSAC - floresta autóctone e floresta de produção- ocupam 21,51 % da superfície total da área protegida. Percentagem que equivale a 8257,6 ha.

A floresta autóctone ocupa 925,84 ha que corresponde a 2,41% do total da área protegida. A espécie florestal autóctone maioritariamente representada é carvalho-cerquinho (Quercus faginea subesp. broteroi) cujos bosques somam, no seu conjunto, 624,5 ha. O carvalho-cerquinho é secundado pelo sobreiro com 266,3 ha ocupados e, logo a seguir, pela azinheira com 24,6 ha.

Toda a floresta de produção ocupa 7331,75 ha que correspondem a 19,10% da superfície total da área protegida. Aqui, o eucalipto destaca-se das restantes essências florestais com 3129,2 ha plantados, logo seguido pelo pinheiro-bravo (2901 ha) e pelo pinheiro-manso (146,7 ha).

Apresentando ainda marcas do que foi uma utilização abrangente da produção agropecuária de todos campos disponíveis, quase só os perímetros florestais (PF Candeeiros – 10.257 ha; PF Alcanede – 1.395 ha; PF Aire – 1.455 ha), que representam 13.107 ha, ou seja, 30% da área do PNSAC, estavam disponíveis para a arborização. Desta área, desde 1962 deverão ter sido arborizados pelo Estado cerca de 7.200 ha, o

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grosso até 1972, o que contrasta com o quase inexistente investimento das duas últimas décadas. Uma parte significativa desta área florestal terá ardido (a uma taxa de 4% por ano, pelo menos desde 1999), tendo em conta que as Serras de Aire e de Candeeiros têm sido das mais recorrentemente afetadas por incêndios do litoral centro e mantendo-se como zona crítica para a proteção de incêndios.

Assim, constata-se uma ocupação florestal dispersa por toda a área, sem apresentar grandes manchas arborizadas, ocorrendo as maiores, de pinheiro-bravo e eucalipto, no interior dos perímetros, particularmente nos contrafortes da Serra de Candeeiros e em áreas privadas nas zonas menos declivosas, já no concelho de Alcobaça.

Os povoamentos de quercíneas acompanham os campos junto das aldeias e os vales mais encaixados e menos perturbados. Nalgumas zonas, aproveitando solos mais evoluídos ou onde o calcário ativo se faz sentir menos, o sobreiro aparece com exemplares assinaláveis. Nas áreas abandonadas verifica-se forte regeneração natural de carrasco e carvalho-cerquinho. Algumas destas formações são particularmente importantes e constituem habitats classificados, a saber:

 Matagais arborescentes de Laurus nobilis;  Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica;  Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis;  Florestas de Quercus suber;  Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifólia.

Por toda a área, e particularmente no Planalto de Sto.António, a paisagem é marcada por pequenos povoamentos de eucalipto instalados em courelas (chousos), outrora agrícolas.

Por outro lado, a vegetação ripícola tem particular importância nesta área, não só pelo seu papel de corredor ecológico num meio árido, fortemente transformado e, em certas zonas, desarborizado, como pelo papel de protetor contra a erosão e melhoria da qualidade da água. As áreas do MCE são, simultaneamente, áreas sensíveis à poluição dos lençóis freáticos e muito sujeitas à poluição de diversas fontes, especialmente as de origem na produção pecuária e de curtumes.

A apicultura apresenta alguma importância no concelho de Porto de Mós (53 apicultores, 1.633 colónias DRABL, 2003), no que beneficia das grandes extensões de matos de toda a área, não tendo, no entanto, o mel nenhuma designação de proveniência.

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3.2 CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA

3.2.1 FLORA E VEGETAÇÃO

O COBERTO VEGETAL

O coberto vegetal atual do PNSAC é, sobretudo, o resultado de uma intervenção prolongada de diferentes atividades humanas ao longo de centenas de anos.

As variações observáveis na paisagem vegetal, patentes num mosaico variado, são o resultado de um gradiente temporal e de intensidade com que essas atividades foram ocorrendo.

Para além dos fatores antrópicos, o clima, a geologia e os solos são também, obviamente, elementos determinantes do atual coberto vegetal.

Conforme já anteriormente referido, o substrato dominante no PNSAC são os calcários, com exceção de manchas detríticas siliciosas mais percetíveis a sul do Parque Natural e no Arrimal, correspondendo os primeiros a solos vermelhos descarbonados e os segundos a solos calcários margosos.

O comportamento das águas pluviais nestas duas classes de substrato, no que diz respeito à sua disponibilidade hídrica para as plantas, é um elemento fundamental na interpretação do coberto vegetal presente na área protegida.

Neste contexto, a Vegetação Natural Potencial (VNP) compreende três grandes grupos:

1) Azinhais sobre os calcários duros cársicos com fraca retenção de água pertencentes à série de vegetação Lonicero implexea-Querceto rotundifoliae S.;

2) Carvalhais de carvalho–cerquinho da série Arisaro-Querceto broteroi S., nos locais de maior disponibilidade hídrica que correspondem a substratos mais margosos, bases de encostas e depressões com acumulação de solo e;

3) Sobreirais sobre depósitos detríticos siliciosos: Asparago aphylli-Querceto suberis S..

Os vestígios de galerias ripícolas de amieiros, tal como os núcleos de carvalho-negral e matorrais de loureiro, têm caráter residual por ação humana e sobretudo por inadaptação ecológica.

O variado mosaico de vegetação atualmente existente, dominado por comunidades arbustivas, resulta da alteração imposta por atividades humanas ou por situações especiais muito circunscritas ecologicamente.

Para a caracterização da flora e vegetação foi utilizado o trabalho realizado para a valoração dos habitats, desenvolvido em 2009 para os documentos de caracterização da Revisão do POPNSAC, e que tiveram por base a informação e as cartas produzidas na cartografia dos Habitats da diretiva n.º

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92/43/CEE do Concelho, de 21 de maio, executada pelo Instituto Superior de Agronomia, e integrante do processo de avaliação técnica para proposta de classificação de Sítio da Rede Natura 2000, da área correspondente ao MCE.

Este trabalho não cartografou a distribuição de cada um dos habitats relevantes, mas as manchas onde coexistem diferentes habitats, sem indicação quantitativa do peso relativo de cada um na mancha. A única informação do peso relativo de cada habitat decorre da ordem pela qual aparecem descritos para cada mancha.

Definiram-se ainda critérios e ponderações que permitissem primeiro hierarquizar o valor conservacionista dos diferentes habitats e depois das manchas complexas que estão cartografadas.

Estes critérios foram definidos em função de dois pontos de vista diferentes:

 Critérios de importância relativa dos habitats em função de prioridades locais e regionais de conservação, definidos pela equipa do plano;

 Critérios de importância relativa dos habitats em função do texto da diretiva, a que se chamou nível comunitário.

A revisão da cartografia dos habitats e especíes de flora da diretiva da ZEC das Serras de Aire e Candeeiros está neste momento em curso, com os trabalhos de campo a decorrer.

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Figura 5- Carta de habitats da Rede Natura 2000 no PNSAC

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INTERESSE CONSERVACIONISTA LOCAL E REGIONAL DOS HABITATS PRESENTES

Os Habitats presentes na área do PNSAC foram agrupados e hierarquizados segundo o seu valor local ou regional de conservação de acordo com os seguintes critérios:

I. Habitats com componente hidrológica:

3110 - Charcos temporários mediterrânicos.

3150 - Lagos eutróficos naturais com vegetação do tipo Magnopotamion ou Hydrocharition.

3290 - Cursos de água mediterrânicos intermitentes.

II. Habitats endémicos, paleoclimáticos e de tipicidade biótica ou abiótica regional:

6210 - Formações naturais secas e fácies de desmatação em calcáreos (Festuco brometalia) – importantes habitats de orquídeas.

8240 - Rochas calcárias nuas.

5230 - Matagais de Laurus nobilis.

8210 - Vegetação casmósfita das vertentes rochosas calcárias.

8130 - Depósitos rochosos de vertentes mediterrânicos ocidentais.

8310 - Grutas não exploradas pelo turismo.

5110 - Formações estáveis de Buxus sempervirens das formações rochosas calcárias (Berberidion p.).

9230 - Carvalhais galaico-portugueses com Quercus pyrenaica.

III. Habitats prioritários com excelente representatividade e excelente ou bom estado de conservação:

6220 - Subestepes de gramíneas e plantas anuais (Thero-Brachypodietea).

6110 - Prados calcáreos cársicos (Alysso-Sedion albi).

IV. Habitats de comunidades no seu ótimo ecológico:

9330 - Florestas esclerófilas mediterrânicas: florestas de Quercus suber.

9340 - Florestas esclerófilas mediterrânicas: florestas de Quercus rotundifolia.

9240 - Carvalhais de Quercus faginea.

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V. Outros habitats:

5330 - Matos termomediterrânicos pré-estepários de todos os tipos.

5335 - Matos termomediterrânicos de Cylisus e Genista.

6410 - Prados de molíneas em calcáreo e argila (Eu-Molinion).

6420 - Prados mediterrânicos de ervas altas e juncos (Molinio-Haloschoenion).

INTERESSE CONSERVACIONISTA COMUNITÁRIO DOS HABITATS PRESENTES

Para a determinação do valor comunitário das manchas cartografadas foi utilizado um método semelhante, adotando os seguintes critérios:

I. Habitats prioritários, endémicos, paleoclimáticos e de tipicidade biótica ou abiótica regional:

6210 - Formações naturais secas e fácies de desmatação em calcáreos (Festuco brometalia) - importantes habitats de orquídeas.

8240 - Rochas calcárias nuas.

3170 – Charcos temporários mediterrânicos.

5230 - Matagais de Lauros nobilis.

8210 - Vegetação casmósfita das vertentes rochosas calcárias.

8130 - Depósitos rochosos de vertentes mediterrânicos ocidentais.

8310 - Grutas não exploradas pelo turismo.

3150 - Lagos eutróficos naturais com vegetação do tipo Magnopotamion ou Hydrocharition.

9230 - Carvalhais galaico-portugueses com Quercus robur ou Quercus pyrenaica.

II. Outros habitats prioritários de excelente representatividade e excelente ou bom estado de conservação:

6220 - Subestepes de gramíneas e plantas anuais (Thero-Brachypodietea).

6110 - Prados calcáreos cársicos (Alysso-Sedion albi).

III. Habitats de comunidades no seu ótimo ecológico:

9330 - Florestas esclerófilas mediterrânicas: florestas de Quercus suber.

9340 - Florestas esclerófilas mediterrânicas: florestas de Quercus rotundifolia.

9240 - Carvalhais de Quercus faginea.

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IV. Outros habitats:

5330 - Matos termomediterrânicos pré-estepários de todos os tipos.

5335 - Matos termomediterrânicos de Cytisus e Genista.

6410 - Prados de molíneas em calcáreo e argila (Eu-Molinion).

6420 - Prados mediterrânicos de ervas altas e juncos (Molinio-Haloschoenion).

SENSIBILIDADE AO ABANDONO

A generalidade dos habitats é sensível a alterações profundas de uso do solo provocadas pela intensificação das atividades humanas, incluindo o turismo.

Por essa razão admite-se que os habitats com maior valor conservacionista venham a integrar classes de ordenamento que impliquem condicionamentos às alterações profundas do uso do solo e às atividades que impliquem afetação direta das condições de conservação destes habitats.

Há no entanto um conjunto relativamente restrito de habitats, de grande valor de conservação, que dependem de alguma perturbação periódica que durante centenas de anos foi assegurada pela atividade de pastorícia.

Quando as atividades humanas que os condicionaram se interrompem, ou diminuem de intensidade, estes habitats tenderão a evoluir para fases mais avançadas da sucessão de que fazem parte.

Independentemente de se admitir a valia de conservação de outros habitats para os quais os habitats 6210, 6220, 6110, 5330, 5335, 6410 e 6420 poderão evoluir possa também ser grande, o programa assume como objetivo a manutenção em estado de conservação favorável dos habitats referidos.

Por esta razão foi construída uma carta que identifica as áreas especialmente sensíveis ao abandono (nos termos definidos neste trabalho, isto é, “ausência de maneio/ uso de certos espaços ocupados por habitats para os quais existe uma comprovada relação causa efeito com fatores antrópicos”) utilizando o critério da presença ausência de qualquer destes habitats na primeira ou segunda posição da descrição da mancha.

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Quadro 7 - Habitats e comunidades vegetais: ocupação, representatividade e conservação.

CÓD. DESIGNAÇÃO % E ÁREA DE OCUPAÇÃO REPRESENTATIVIDADE CONSERVAÇÃO

Lagos eutróficos naturais com vegetaçãodo 1% 3150 Significativa Boa conservação tipo Magnopotamion ou Hydrocharition. 442,26 ha

2% 3170 Charcos temporários mediterrânicos. Boa Boa conservação 884,52 ha

0,1% (estimativas do autor) 5230 Matagais de Lauros nobilis. Boa Boa conservação 4,4 ha Matos Termomediterrânicos pré-estepários 35% 5330 Excelente Boa conservação (todos os tipos). 15479,1 ha

Matos Termomediterrânicos de Cytisus e 1% 5335 Não significativa ------Genista. 442,26 ha

Prados calcáreos cársicos (Alysso- Sedion 15% 6110 Excelente Boa conservação albi). 6633,9 ha Formações naturais secas e fácies de desmatação em calcáreos (Festuco 10% 6210 Excelente Excelente brometalia) [importantes habitats de 4422,6 ha orquídeas]. Subestepes de gramíneas e plantas anuais 8% 6220 Excelente Excelente (Thero-Brachypodietea). 3538 ha Prados de molíneas em calcáreo e argila 1% Média ou 6410 Significativa (Eu- Molinion). 442,26 ha reduzida

Prados mediterrânicos de ervas altas e 1% Média ou 6420 Significativa juncos (Molinio- Haloschoenion). 442,26 ha reduzida

Depósitos rochosos de vertentes 2/3% 8130 Excelente Boa conservação mediterrânicos ocidentais. 884,52 ha / 1326,78 ha Vegetação casmófita das vertentes 5% 8210 Excelente Excelente rochosascalcárias. 2211,3 ha 10% 8240 Rochas calcárias nuas Excelente Boa conservação 4422,6 ha

1% 8310 Grutas não exploradas pelo turismo. Boa Boa conservação 442,26 ha

Carvalhais galaico-português com Quercus 1% Média ou 9230 Significativa robur ou Quercus pyrenaica. 442,26 ha reduzida 5% 9240 Carvalhais de Quercus faginea Excelente Boa conservação 2211,3 ha

Florestas esclerófilas mediterrânicas: Florestas 1% 9330 Significativa Boa conservação de Quercus suber. 442,26 ha

Florestas esclerófilas mediterrânicas: Florestas 1% 9340 Boa Boa conservação de Quercus ilex ou de Quercus rotundifolia. 442,26 ha

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CARACTERIZAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES VEGETAIS

O quadro abaixo apresenta as comunidades vegetais presentes no PNSAC conforme a nomenclatura da Diretiva Habitats. As referências assinaladas a escuro constituem habitats prioritários.

Quadro 8 - Comunidades vegetais do PNSAC (e Habitats da Diretiva) Ranunculion fluitantis (comunidades de R. peltatus) Lagos eutróficos naturais com vegetação do tipo 3150 Glycerio declinatae-Eleocharidetum palustris Magnopotamion ou Hydrocharition.

3170 Charcos temporários mediterrânicos. 5230 Matagais de Lauros nobilis. Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni Asparago albi-Rhamnion oleoides Melico arrectae-Quercetum cocciferae Quercetum coccifero-airensis Quercion fruticosae 5330 Matos termomediterrânicos pré-estepários de todos os tipos Erico-Quercetum lusitanicae Phillyreo angustifoliae-Arbutetum unedonisprunetosum insititioides [CALLUNO-ULICETEA] Lavandulo luisieri-Ulicetum jussiaei Teucrio capitati-Thymetum sylvestris Leucanthemo sylvatici-Cheirolophetum sempervirens Ulici europaei-Cytision striati comunidades de C. striatus ssp. 5335 Matos termomediterrânicos de Cytisus e Genista. Eriocarpus

6110 Prados calcáreos cársicos (Alysso-Sedion albi).  Dauco criniti-Hyparrhenietum hirtae  Phlomido lychnitidis-Brachypodietum phoenicoides Formações naturais secas e fácies d desmatação em calcáreos 6210 (Festuco brometalia) [importantes habitats de orquídeas].

Anthyllido lusitanicae-Brachypodietum distachii Subestepes de gramíneas e plantas anuais (Thero- 6220 Brachypodietea).

a) Juncetum acutiflori-valvati 6410 Prados de molíneas em calcáreo e argila (Eu-Molinion). b) Trifolio fragiferi-Cynodontetum dactylionis Molinio-Holoschoenion (comunidades de Holoschoenus romanus ssp. Prados mediterrânicos de ervas altas e juncos (Molinio- 6420 Australis) Haloschoenion).

8130 Depósitos rochosos de vertentes mediterrânicos ocidentais.

Adiantion (comunidade de Adianthus capillus-veneris) Anomodonto-Polypodietum serrulati Asplenio ceteri-Cheilanthetum acrosticae Narcisso calcicolae-Asplenietum ruta- merariae 8210 Vegetação casmófita das vertentes rochosas calcárias. Sileno longiciliae-Antirrhinethum linkiani antirrhinetosum linkiani phagnaletosum saxatilis Umbilico rupestris-Mucizonietum hispidae

8240 Rochas calcárias nuas  Saxifrago tridactylites-Hornungietum petraeae 8310 Grutas não exploradas pelo turismo. 9230 Carvalhais galaico-português com Quercus pyrenaica. 9240 Carvalhais de Quercus faginea Arisaro clusii-Quercetum broteroi Florestas esclerófilas mediterrânicas: Florestas de Quercus Asparago aphylli-Quercetum suberis 9330 suber. Lonicero implexae-Quercetum rotundifoliae Florestas esclerófilas mediterrânicas: Florestas de Quercus ilex 9340 ou de Quercus rotundifolia.

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RESULTADOS E CONCLUSÕES

Em síntese, as áreas de maior importância conservacionista do ponto vista da flora e vegetação dividem-se em três tipos principais:

 Áreas dependentes da água, geralmente de pequena dimensão, com exceção do Polje de Mira/Minde;

 Áreas dos topos das serras, com especial destaque para o Sul da Serra dos Candeeiros, correspondendo aos habitats de prados e matos rasteiros;

 Áreas de encosta muito acentuada, com habitats especialmente característicos dos calcários.

Como seria de esperar as áreas de maior sensibilidade do coberto vegetal ao abandono correspondem, em traços gerais, aos habitats de matos esparsos e prados nos cimos das serras.

Assim, é fundamental ter em conta no zonamento do Parque Natural os seguintes aspetos:

 Do ponto de vista regulamentar há que assegurar que as áreas de habitats mais importantes (habitats dependentes da água, cimos aplanados das serras e encostas mais acentuadas), que cobrem extensas áreas do PNSAC, não sejam sujeitas a alterações profundas de uso do solo;

 Do ponto de vista da gestão das atividades há que atender em especial à necessidade de garantir que os habitats sensíveis ao abandono mantêm algum nível de perturbação (através da pastorícia, se tal for viável, ou do uso do fogo controlado ou do corte) que permita a manutenção dos mosaicos e o seu valor de conservação.

Por fim, de referir que decorrente do trabalho de campo que tem sido desenvolvido no PNSAC ao nível do inventário florístico, em 2020 foi aqui descoberta uma nova espécie da flora para Portugal, a Arenaria grandiflora, que pela sua singularidade e raridade será objeto de medidas de proteção, que incluem uma zona tampão na área de ocorrência, classificada como APPI.

Nos Anexos 8.4., 8.5. e 8.6. pode ser consultada a lista atualizada de:

 Habitats do Anexo B-I da Diretiva Habitats presentes no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros;

 Catálogo florístico do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros;

 Lista de briófitos com Categoria de Ameaça UICN, que ocorrem no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.

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Figura 6- Carta de interesse conservacionista do coberto vegetal

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Figura 7- Carta de sensibilidade do coberto vegetal ao abandono

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3.2.2 FAUNA E BIÓTOPOS

Para efeitos de planeamento para o PEPNSAC, no uso da informação sobre a fauna, assumiu-se como informação de base a elaborada para o POPNSAC em vigor, com ajustes pontuais face ao conhecimento atualizado existente. Foi dada prioridade ao registo de informação existente para o grupo das aves, dos mamíferos e dos répteis e anfíbios. A ictiofauna não foi considerada, uma vez que a sua expressão territorial é pouco significativa neste parque, resumindo-se a curtos troços dos Rios Alviela e Lena e Ribeira de Alcobertas, assim como, a algumas lagoas onde a água se mantém todo o ano, não existindo informação recolhida de forma sistemática que possa ser utilizada neste documento. O mesmo se aplica ao grupo dos invertebrados, onde as lacunas de informação são semelhantes às da ictiofauna.

Para grupos ou espécies com maior significado e relevância, como os morcegos e a Gralha-de-bico- vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), foi utilizada informação complementar existente.

Deste modo, no que respeita à fauna, considerando principalmente os vertebrados e em virtude da sua localização, as Serras de Aire e Candeeiros inserem-se no setor Lusitânico, o qual se caracteriza por espécies essencialmente centro-europeias e por alguns endemismos ibéricos.

Em termos faunísticos, as Serras de Aire e Candeeiros são uma zona de grande importância para vários grupos de fauna ao nível regional, pois a natureza peculiar desta área cársica e a sua altitude face à área envolvente proporciona ainda condições favoráveis a um conjunto diversificado de espécies, salvaguardadas pelo condicionamento que aqui encontram algumas das atividades humanas com maior impacto sobre a conservação da natureza, numa zona do nosso país já bastante intervencionada pelo homem. Esta importância é já reconhecida para alguns grupos de animais que têm merecido mais atenção dos investigadores, quer a nível nacional, quer a nível regional.

Isto é verdade para as aves, encontrando-se nestas serras espécies que aqui encontram o seu último reduto na região, enquanto outras, raras ou ameaçadas a nível nacional, ainda aqui nidificam.

Também no caso dos mamíferos, em especial dos quirópteros, foram identificados nestas serras abrigos de grande importância para a sua conservação.

A fauna dos vertebrados tem uma relação estreita com a ocupação do solo, pelo que podemos caraterizar as comunidades faunísticas com base em critérios da estrutura da vegetação, a que designamos biótopos.

Assim, com base no conhecimento desenvolvido no PNSAC, apoiados por dados da distribuição das espécies, é possível definir um conjunto de biótopos onde se enquadram as comunidades de vertebrados das Serras de Aire e Candeeiros, a saber:

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• Comunidade faunística dos matos rasteiros e esparsos, correspondente maioritariamente às zonas de maior altitude das serras;

• Comunidade faunística dos alcantilados rochosos, definidas pelas zonas de maior declive ao longo das zonas de escarpas de falha;

• Comunidade faunística dos matagais, correspondente a áreas de encostas onde ocorreu o abandono da atividade agropastoril, em particular a exploração do olival;

• Comunidade faunística dos espaços florestais, constituída por resquícios da vegetação autóctone localizada em depressões, no sopé das encostas e na orla de espaços agrícolas, a par com áreas florestais de produção de pinheiro e eucalipto, localizadas mais no bordo da serra.

• Comunidade faunística dos espaços agrícolas, localizada no fundo das depressões e na envolvente dos aglomerados populacionais;

• Comunidade faunística das zonas húmidas, com uma localização pontual de lagoas e barreiros, como é o caso das lagoas do Arrimal, por troços de rio que nascem no bordo da serra, como o Rio Alviela, o Rio Lena e a Ribeira de Alcobertas, e o Polje de Mira-Minde, quando ali ocorram cheias.

Na área do PNSAC, ao nível dos vertebrados encontram-se já inventariados um total de 245 espécies, das quais 169 são aves, 45 mamíferos, 19 répteis e 12 anfíbios.

As aves são manifestamente o grupo com maior número de representantes nesta Área Protegida, sendo certamente o de mais fácil observação. São conhecidas cerca de 100 espécies que aqui nidificam, sendo o estatuto das restantes invernantes, migradoras ou ocasionais. Como espécies mais relevantes, num contexto nacional, salienta-se o Bufo-real (Bubo bubo) e a Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), esta última com um comportamento particular, que, na área do Parque Natural, apresenta a curiosidade de se abrigar e nidificar em algares, contrariamente ao que sucede nas outras áreas onde ocorre em Portugal, onde procura fendas e buracos em afloramentos rochosos de difícil acesso.

Das 45 espécies de mamíferos, 17 são morcegos – o grupo com maior número de representantes e relevância em virtude do seu estatuto de conservação e dos vários abrigos de morcegos de importância nacional, não só para a hibernação como também para a reprodução, localizados na área do PNSAC. Uma chamada de atenção para as espécies de Javali (Sus scrofa) e de Esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris) com ocorrência relativamente recente na área do Parque Natural em resultado do aumento da sua área de distribuição a nível nacional e, em sentido contrário, para a regressão da espécie do Gato-bravo (Felis silvestris), cuja inexistência de observações recentes pode apontar para o seu desaparecimento na região.

Dos répteis refira-se que o bom estado de conservação dos principais biótopos do PNSAC permite que ocorram 19 espécies, sendo nos matos e moisaicos agrícolas onde se encontra a maior diversidade. 48

Salienta-se aqui a presença da Lagartixa-do-mato-ibérica (Psammodromus hispânica), nas zonas de maior altitude com matos rasteiros e esparsos, e a Víbora-cornuda (Vipera lastastei) nas áreas mais pedregosas e expostas. Por outro lado, nas lagoas e cursos de água, cuja representação territorial na área do Parque Natural é escassa, salienta-se a ocorrência da Cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix) e a Cobra-de-água- viperina (Natrix maura).

Quanto aos anfíbios, numa área caraterizada pela aridez e escassos recursos hídricos de superfície, a presença de 12 espécies das 17 que ocorrem em Portugal é reveladora das particularidades desta Área Protegida. A esta diversidade se deve o aproveitamento por parte do homem de todos os locais possíveis e imaginários para o armazenamento de águas pluviais, designadamente em pias e barreiros, utilizados para abeberamento do gado, locais que os anfíbios aproveitam para o desenvolvimento do seu ciclo de reprodução. Salienta-se a área do Polje de Mira-Minde como um dos locais mais relevantes no PNSAC para os anfíbios, não só pela particularidade das espécies que ali ocorrem, como é exemplo a presença do Sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes), como também pela grande quantidade de anfíbios que ali se reproduzem no período de cheias. Ainda como espécie relevante destaca-se o Tritão-de-ventre-laranja (Lissotriton boscai) endemismo ibérico que aqui ocorre confinado às nascentes e cursos de água de pouca corrente.

Para efeitos de elaboração de áreas com interesse para a conservação, a informação de base foi trabalhada sobre a distribuição das espécies, numa quadrícula 1kmx1km - UTM das cartas 1:25 000 do Instituto Geográfico do Exército, sendo posteriormente feita uma sistematização da informação que permitisse obter cartas com cinco graus de valor conservacionista (primeiro, a um nível regional e local e a um nível nacional e comunitário, e depois cruzando e aplicando uma ponderação para obtenção da carta final por grupo).

A definição das áreas com interesse para a conservação foi realizada ao tempo, a partir da avaliação de um conjunto de parâmetros e que pretendem espelhar um equilíbrio entre critérios de diversidade e de raridade traduzidos nos instrumentos legais vigentes e numa lista de espécies especialmente relevantes ao nível regional e local.

A informação de base confere um maior peso aos critérios que decorrem do estatuto nacional de conservação e da lista regional de interesse para a conservação, em detrimento dos critérios resultantes de instrumentos mais generalistas como a Convenção de Berna.

Paralelamente, e com base numa lista de espécies consideradas mais sensíveis à perturbação, foi produzida cartografia que traduz a maior ou menor sensibilidade da área às alterações das condições existentes.

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BIÓTOPOS E COMUNIDADES FAUNÍSTICAS

Entende-se por comunidade faunística o conjunto das espécies que vivem num determinado habitat e que exploram os seus recursos, estabelecendo relações de interdependência.

Apesar dos vertebrados poderem apresentar uma mobilidade considerável, especialmente as aves e os mamíferos de médio e grande porte, existe uma tendência para ocupar um determinado habitat e estabelecer relações ecológicas com todas as outras espécies que o ocupam.

Nesse sentido, é possível estabelecer uma relação estreita entre a ocupação do solo, com base em critérios da estrutura da vegetação, e as comunidades faunísticas.

Deste modo, foi possível definir e caracterizar seis comunidades e respetivos biótopos:

 Comunidade faunística dos matos rasteiros e esparsos;

 Comunidade faunística dos alcantilados rochosos;

 Comunidade faunística dos matagais;

 Comunidade faunística dos espaços florestais;

 Comunidade faunística dos espaços agrícolas;

 Comunidade faunística das zonas húmidas. Para a construção de uma carta de biótopos foi utilizada informação da carta de uso do solo, da cartografia dos habitats naturais, da carta de declives, da hipsometria e ainda informação produzida especificamente para a definição dos biótopos de zonas húmidas e para o Polje de Mira-Minde.

A carta obtida foi aferida pelo seu cruzamento com as cartas de distribuição de grupos restritos de espécies representativas das comunidades faunísticas dependentes destes biótopos:

 Comunidade faunística dos matos rasteiros e esparsos: Laverca; Cotovia-de-poupa; Petinha-dos-campos; Chasco-ruivo; Gralha-de-bico-vermelho; Lagartixa-ibérica; Lebre;  Comunidade faunística dos alcantilados rochosos: Peneireiro-vulgar; Bufo-real; Andorinha-dáurica; Corvo; Melro-azul; Pardal-francês;  Comunidade faunística dos matagais: Toutinegra-de-cabeça-preta; Pintarroxo; Cartaxo; Lagartixa-do- mato;  Comunidade faunística dos espaços florestais: Chapim-preto; Chapim-de-poupa; Pica-pau-grande- malhado; Trepadeira-azul; Gaio; Pisco-peito-ruivo;  Comunidade faunística dos espaços agrícolas: Escrevideira-de-garganta-preta; Trigueirão; Milheirinha; Rola; Toupeira; Ouriço;  Comunidade faunística das zonas húmidas: Mergulho-pequeno; Pato-real; Galinha-d’água; Guarda-rios; Rouxinol-bravo; Alvéola-cinzenta; Rã-verde; Cobra-de-água; Rato-de-água

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Figura 8- Carta de Biótopos

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CARACTERIZAÇÃO DAS COMUNIDADES FAUNÍSTICAS

Comunidade faunística dos matos rasteiros e esparsos A comunidade faunística dos matos rasteiros e esparsos agrupa as espécies que habitam e exploram os recursos onde predomina uma vegetação de porte e cobertura reduzida, onde o alecrim (Rosmarinus officinalis), o tomilho (Thymus zygis) e a roselha (Cistus albidus) são as espécies vegetais dominantes. Prados, permanentes ou não, e afloramentos rochosos de superfície - “lapiás”, que condicionam o desenvolvimento da vegetação, constituem também suporte desta comunidade.

A sua distribuição ocupa principalmente as zonas de maior altitude da serra; cumeadas da Serra dos Candeeiros, da Serra de Aire e dos cumes de maior altitude dos Planaltos de Sto. António e S. Mamede.

Pela sua aridez, são habitats pouco favoráveis para os anfíbios, que apenas encontram condições para a sua sobrevivência graças à elevada humidade do ar, que se condensa, precipitando-se no solo e na vegetação, fenómeno conhecido localmente por “maresia”, e pela existência de inúmeras “pias” que servem de bebedouros para o gado, constituindo os principais locais de reprodução destas espécies. Como espécies mais características temos: Salamandra-dos-poços (Pleurodeles waltl); Salamandra-de pintas-amarelas (Salamandra salamandra); Tritão-marmorado (Triturus marmoratus), Tritão-pigmeu - Trituruspygmaeus; Sapo-comum (Bufo bufo).

A aridez destas áreas proporciona aos répteis boas condições para o seu desenvolvimento. Como espécies mais características destacamos as lagartixas do complexo Podarcis sp; Lagartixa-do-mato-ibérica (Psammodromus hispanicus); Cobra-de-pernas-de-três-dedos (Chalcides chalcides); Víbora-cornuda (Vipera latastei).

Quanto à comunidade ornítica, encontram-se presentes espécies típicas dos espaços abertos; a diversidade de espécies destes locais é pequena quando comparado com as outras comunidades, sobretudo ao nível das espécies nidificantes, contudo, algumas das que a compõem possuem grande valor conservacionista, o que faz com que a sua importância em termos de conservação seja elevada. São características as espécies: Perdiz-vermelha (Alectoris rufa); Cotovia-escura (Galerida thecklae); Laverca (Alauda arvensis); Petinha-dos-campos (Anthus campestris); Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax); Toutinegra-do-mato (Sylvia undata); Toutinegra-tomilheira (Sylvia conspicillata); Chasco- ruivo (Oenanthe hispanica). Constituem ainda importantes áreas de alimentação para alguns corvídeos como: Corvo (Corvus corax); Gralha-preta (Corvus corone); algumas aves de rapina como: Águia-cobreira (Circaetus gallicus); Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo); Tartaranhão-cinzento (Circus cyaneus); Peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus).

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Os matos rasteiros e esparsos, não são um habitat muito favorável para os mamíferos, podemos no entanto citar como espécies presentes: Musaranho-de-dentes-brancos (Crossidura russula); Lebre (Lepus capensis); Rato-do-campo (Apodemus sylvaticus); Rato-toupeiro (Microtus duodecimocostaus); Rato-da- serra (Elyomis quercinus); Raposa (Vulpes vulpes); a Doninha (Mustela nivalis).

Comunidade faunística dos alcantilados rochosos. O MCE possui um conjunto de relevos onde é comum a ocorrência de escarpas nomeadamente ao longo das principais linhas de falha. Estes locais albergam uma interessante comunidade faunística cujas principais características são a sua adaptação aos ambientes rupícolas. Tratando-se de uma área cársica, existe também um número significativo de cavidades que, pela sua forma e dimensão, proporcionam condições muito idênticas às dos alcantilados rochosos, sendo ocupados também por algumas espécies de características rupícolas. Do mesmo modo, frentes de pedreiras resultantes da atividade extrativa, podem oferecer idênticas condições, principalmente quando abandonadas, podendo albergar algumas das espécies pertencentes a esta comunidade.

Pela sua aridez, os alcantilados rochosos são um habitat pouco favorável à ocorrência de anfíbios. A sua ocorrência depende muito da presença de cavidades que por serem locais de elevado teor em humidade, oferecem condições de sobrevivência para algumas espécies, nomeadamente Salamandra-de-pintas- amarelas (Salamandra salamandra) e Sapo-comum (Bufo bufo).

Contrariamente aos anfíbios, a aridez proporciona um ambiente favorável à ocorrência de répteis, pelo que podemos encontrar nestes locais espécies como: lagartixas do complexo Podarcis sp., Osga-comum (Tarentola mauritanica) e Víbora-cornuda (Vipera latastei).

Quanto à comunidade das aves, reveste-se de especial importância a sua conservação, tanto pelo número de espécies com interesse conservacionista que alberga como pela vulnerabilidade destes locais. São características e comuns as espécies Peneireiro- vulgar (Falco tinnunculus), Coruja-das-torres (Tyto alba), Andorinhão-preto (Apus apus), Melro-azul (Monticola solitarius), e Rabirruivo-preto (Phoenicurus ochrurus). Menos comuns e de interesse regional, as espécies Andorinha-dáurica (Hirundo daurica), Andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris), Corvo (Corvus corax), e Pardal-francês (Petronia petronia). Mais raras e de grande valor conservacionista, as espécies Águia-perdigueira (Aquila fasciata), Bufo-real (Bubo bubo) e Gralha-de-bico-vermelho (Phyrrhocorax phyrrhocorax).

Ao nível da comunidade dos mamíferos, os alcantilados rochosos assumem especial importância por possuírem geralmente associadas cavidades que servem como ótimos locais de refúgio e de procriação, especialmente importantes os morcegos cavernícolas e alguns carnívoros, como a Raposa (Vulpes vulpes) e o Gineto (Genetta genetta).

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Comunidade faunística dos matagais Os matagais constituem atualmente as formações vegetais que maior área ocupa nas serras de Aire e Candeeiros, tendo como espécies predominantes o carrasco (Quercus coccifera) e a azinheira (Quercus rotundifolia), em porte arbustivo, além de outras como o Medronheiro (Arbutus unedo), Aroeira (Pistacia lentiscus), Lentisco- bastardo (Phillyrea angustifolia), Tojo (Ulex sp.), Aderno (Phillyrea latifolia), Urze (Erica sp.). A sua área de distribuição localiza-se, predominantemente, nas encostas de declive acentuado e de solo pedregoso, resultante do abandono da cultura do olival e por degradação sucessiva das formações vegetais mais evoluídas.

Na comunidade faunística dos matagais são poucas as espécies de anfíbios, pelo que nenhuma merece especial relevância; principalmente porque utilizam as zonas periféricas dos matagais (zonas agrícolas e caminhos) ou zonas próximas de água. Pelo contrário, os répteis encontram-se bem representados, sendo esta a comunidade onde este grupo está mais bem presente em consequência das boas condições ecológicas. Como espécies características citamos Sardão (Timon lepidus), Lagartixa–do-mato (Psamo dromusalgirus), Cobra-rateira (Malpolon mospessulanus), Cobra-de-escadas (Rhinechis scalaris); eCobra- de-ferradura (Hemorrhois hippocrepis).

Ao nível das aves, a riqueza específica em diversidade e valor conservacionista nos matagais assume um valor intermédio entre as comunidades adjacentes (matos rasteiros e esparsos, zonas agrícolas e espaços florestais), variando consoante o grau de cobertura e desenvolvimento dos mesmos. Quando associados em mosaico assumem um elevado valor ecológico, aumentando consideravelmente o número de espécies existentes, principalmente pela proteção e abrigo que proporcionam. Das espécies de aves mais relevantes destacam-se pela abundância Toutinegra-de-cabeça-preta (Sylvia melanocephala), Rouxinol- comum (Luscinia megarhynchos), Ferreirinha (Prunella modularis) e Pintarroxo (Carduelis cannabina), e, pelo valor conservacionista Águia-cobreira (Circaetus gallicus), Tartaranhão-cinzento (Circus cyaneus) e Ógea (Falco subbuteo).

Para a comunidade dos mamíferos os matagais assumem importância pela sua tranquilidade como locais de refúgio e abrigo. São características as espécies Musaranho-de-dentes-brancos (Crossidura russula), Coelho (Oryctolagus cuniculus), Rato-do-campo (Apodemus sylvaticus) e Raposa (Vulpes vulpes), e mais recentemente, com o alargamento das suas áreas de distribuição à área da serra, também ocorrem Sacarrabos (Herpestes ichneumnon) e Javali (Sus scrofa). Mais raramente pode ocorrer Gato-bravo (Felis silvestris) e Lince-ibérico (Lynx pardina), ambos com um estatuto por determinar para a área do Parque Natural neste momento.

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Comunidade faunística dos espaços florestais.

A comunidade dos espaços florestais é constituída por dois sub-grupos: As espécies que habitam e exploram os recursos dos carvalhais, sobreirais e azinhais (manchas de floresta autóctone cuja distribuição se encontra muito fragmentada em bolsas residuais); e as espécies que habitam e exploram os recursos nas matas florestais de pinhal e eucaliptal (espaços florestais de produção).

Muito embora quase todas as espécies os partilhem, verifica-se que algumas espécies denotam uma clara preferência por um ou outro tipo de espaço florestal, principalmente no grupo das aves.

Trata-se de um meio pouco propício ao desenvolvimento de uma comunidade de anfíbios, dependendo muito da presença de pontos de água à superfície, ou de zonas marginais de contacto onde estes ocorram.

Quanto aos répteis conta-se um número significativo de espécies, onde se salientam Cobra-bordalesa (Coronella girondica) e Lagartixa-de-dedos-denteados (Acanthodactylus erythrurus), ambos com uma distribuição muito localizada na área do PNSAC.

É na comunidade das aves que as diferenças referentes ao tipo de espaço florestal são mais notórias, seja pela maior ou menor variabilidade da composição e da estrutura do sub-bosque, seja pela densidade de cobertura e do porte das árvores, assim como da maior ou menor descontinuidade do espaço florestal. Por exemplo, o Chapim-azul (Cyanistes caeruleus) é uma espécie comum nos carvalhais, sobreirais e olivais, sendo quase inexistente nas matas de pinhal e eucaliptal, sendo que em sentido inverso ocorre o Chapim-preto (Periparus ater).

Outras espécies características são Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), Pombo-torcaz (Columba palumbus), Pica-pau-malhado-grande (Dendrocopos major), Gaio (Garrulus glandarius), Toutinegra-de- barrete-preto (Sylvia atricapilla), Pisco (Erythacus rubecula), Estrelinha-de-cabeça-listada (Regulus ignicapillus), Chapim-rabilongo (Aegythalus caudatus), Chapim-de-poupa (Lophophanes cristatus), Trepadeira-comum (Certhia brachydactyla) e Tentilhão (Fringilla coelebs). Menos frequentes e com maior interesse conservacionista, seja, internacional, nacional ou regional, ocorrem as espécies Águia-calçada (Aquila pennata), Gavião (Accipiter nisus), Açor (Accipiter gentilis), Bufo-pequeno (Asio otus), Coruja-do- mato (Strix aluco), Torcicolo (Jynx torquilla), Papa-figos (Oriolus oriolus), Felos- de-Bonelli (Pylloscopus bonelli) e Trepadeira-azul (Sitta europaea).

Ao nível da comunidade de mamíferos as espécies presentes são essencialmente de caráter ubiquista, destacando-se a função de refúgio que este meio apresenta para as mesmas. São características as espécies Musaranho-de-dentes-brancos (Crossidura russula), Rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), Raposa (Vulpes vulpes), Texugo (Meles meles), Gato-bravo (Felis silvestris) e Javali (Sus scrofa). Mais

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recentemente, com o alargamento da sua área de distribuição à área da serra, também ocorre o Esquilo- vermelho (Sciurus vulgaris) nas áreas de pinhal.

Comunidade faunística dos espaços agrícolas.

Este biótopo caracteriza-se por uma paisagem do tipo mosaico que engloba os terrenos agricultáveis, assim como todas as situações adjacentes na área da sua influência, sejam aglomerados urbanos, pequenos prados, hortas, olivais, bosquetes, etc. Localizam-se, essencialmente, nas depressões onde o solo se acumulou permitindo a prática da atividade agrícola.

De todas as comunidades faunísticas é a que possui maior diversidade e abundância de espécies, fundamentalmente, pela estrutura (diversidade de micro-habitats) e pela grande oferta de alimento que a atividade agrícola proporciona. Ao nível dos anfíbios e répteis; são mais abundantes os anfíbios de hábitos mais terrestres, como Salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) e Sapo-comum (Bufo bufo), que mantêm boas populações. A diversidade de ambientes que proporcionam as zonas agrícolas permite que, salvo as espécies estritamente aquáticas, esta comunidade conte com representantes da maioria das espécies de répteis presentes na área de estudo; como espécies mais abundantes e características da comunidade ocorre Cobra-de-pernas-de-três-dedos (Chalcides chalcides), Cobra-de-ferradura (Hemorrhois hippocrepis) e Cobra-de-escada (Rhinechis scalaris), sendo menos abundante o Esquio (Blanus cinereus).

A diversidade do meio e a presença humana fazem com que a comunidade ornítica seja bastante diversificada e abundante, predominando os passeriformes em detrimento das espécies de maior porte. No entanto, tratando-se de áreas abertas e ricas em alimentos, é comum a observação de outras espécies, oriundas de áreas vizinhas, nomeadamente, aves de rapina como Águia-calçada (Aquila pennata), Águia- cobreira (Circaetus gallicus), Gavião (Accipiter nisus), Peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus) e Coruja-do- mato (Strix aluco) e como espécies características ocorrem Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), Perdiz- vermelha (Alectoris rufa), Rola-comum (Streptopelia turtur), Coruja-das-torres (Tyto alba), Mocho-galego (Athene noctua), Poupa (Upupa epops), Andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), Pardal-comum (Passer domesticus), Pardal-montês (Passer montanus), Pintassilgo (Carduelis carduelis), Escrevedeira-de- garganta-preta (Emberiza cirlus) e Trigueirão (Emberiza calandra).

No respeito aos mamíferos a comunidade conta com um grande número de espécies, proporcionado pela abundância de alimentos constituindo um meio especialmente favorável para o Ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus) e para um grande número de micromamíferos dos quais destacamos pela abundância Toupeira (Talpa occidentalis), Ratazana (Rattus norvegicus) e Ratinho-caseiro (Mus musculus), e pelo facto de serem mais raros Musaranho-de-dentes-vermelhos (Sorex granarius) e Musaranho-anão- de-dentes-brancos (Suncus etruscus). Ao nível dos quirópteros os espaços agrícolas funcionam como

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excelentes áreas de alimentação ocorrendo aqui a grande maioria das espécies inventariadas para a área da serra, tal como para a reprodução de algumas espécies como Morcego-grande-de-ferradura (Rhinolophus ferrumequinum), Morcego-pequeno-de-ferradura (Rhinolophus hipposideros), Morcego- rato-grande (Myotis myotis) e Morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus). Outras espécies comuns são Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), Raposa (Vulpes vulpes), Texugo (Meles meles) e Doninha (Mustela nivalis).

Comunidade faunística das zonas húmidas.

Numa região árida como é a das Serras de Aire e Candeeiros, onde os recursos hídricos de superfície são muito escassos, a comunidade faunística das zonas húmidas assume especial importância, nomeadamente ao nível regional, sendo, entre as comunidades existentes, a mais vulnerável.

Subdivide-se em dois sub-grupos: comunidades ribeirinhas, associadas aos cursos de água corrente, localizadas principalmente nos bordos do MCE, e comunidades ripícolas de águas estagnadas, associadas às diversas lagoas e barreiros existentes no maciço, diferindo, genericamente, o primeiro sub-grupo do segundo, por possuir maior riqueza específica em termos de espécies e, o segundo do primeiro, por albergar algumas espécies inexistentes no primeiro, como por exemplo Rela-meridional (Hyla meridionalis) e Mergulhão-pequeno (Tachybaptus ruficolis), que têm preferência por “águas calmas”.

Situação de especial relevância apresenta a zona húmida do Polje de Mira-Minde, em virtude da sua especificidade e das dimensões do espelho de água que apresenta aquando de cheias, ainda que seja uma zona húmida temporária. Reveste-se especialmente de interesse ao nível das comunidades de anfíbios e aves, sendo mesmo das poucas zonas húmidas do maciço, onde se confirma a ocorrência do Sapo-de- unha-negra (Pelobates cultripes) e a nidificação de várias espécies de aves aquáticas.

Os cursos de água, de regime permanente e sazonal, permitem a existência de uma comunidade de ictiofauna, cuja expressão territorial no PNSAC é reduzida, estando localizada em curtos troços dos rios Alviela, Lena e Alcobertas, assim como, a algumas lagoas onde a água se mantém todo o ano.

Nas lagoas, a comunidade piscícola é mais reduzida, tendo sido em muitos casos de introdução de espécies, como é o caso do Achigã (Micropterus salmoides) nas lagoas do Arrimal.

No quadro abaixo apresentam-se as espécies inventariadas para a bacia hidrográfica do Tejo, cujas áreas de distribuição abrangem os cursos de água que ocorrem no PNSAC.

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Quadro 9 - Espécies da ictiofauna referenciada para a área do PNSAC Nome vulgar Nome científico Cat. Nome vulgar Nome científico Cat. 1. Enguia Anguilla anguilla EN 9. Escalo-do-sul Squalius pyrenaicus EN 2. Barbo Barbus bocagei LC 10. Verdemã-comum Cobitis paludica LC 3. Pimpão Carassius auratus NA 11. Peixe-rei Atherina boyeri DD 4. Boga-portuguesa Chondrostoma lusitanicum CR 12. Gambúsia Gambusia holbrooki NA 5. Ruivaco Chondrostoma oligolepis LC 13. Perca-sol Lepomis gibbosus NA 6. Boga-comum Chondrostoma polylepis LC 14. Achigã Micropterus salmoides NA 7. Carpa Cyprinus carpio NA 15. Muge Liza ramada LC 8. Góbio Gobio lozanoi NA

CR – criticamente em Perigo; EN – Em Perigo; VU – Vulnerável; LC – pouco preocupante; DD – Informação Insuficiente; NA – Não aplicável. (Fonte: OLIVEIRA, J. M. (2007))

Ao nível dos anfíbios, as zonas húmidas, mesmo que temporárias, desempenham uma importante missão no ciclo vital de importantes espécies de anfíbios como Tritão-de-ventre-de-laranja (Lissotriton boscai), Tritão-marmorado (Triturus marmoratus), Sapo-parteiro (Alytes obstetricans), Rã-verde (Pelophylax perezi), Sapinho-de-verrugas-verdes (Pelodytes punctatus) e Sapo-corredor (Bufo calamita), além de outras mais comuns como Salamandra-dos-poços (Pleurodeles waltl), Salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) e Sapo-comum (Bufo bufo).

Para os répteis, o meio é pouco propício ao seu desenvolvimento, ainda assim ocorrem as espécies Cágado-comum (Mauremys leprosa), Cobra-de-água-viperina (Natrix maura) e Cobra-d’água-de-colar (Natrix natrix).

Entre as aves destaca-se a presença de algumas espécies como Mergulhão-pequeno (Tachybaptus ruficolis), Pato-real (Anas platyrrhynchos), Galinha-de-água (Gallinula chloropus), Guarda-rios (Alcedo atthis), Andorinha-das-barreiras (Riparia riparia), Alvéola-cinzenta (Motacilla cinerea), Rouxinol-bravo (Cetti cetti) e Bico-de-lacre (Estrilda astrild).

Mas, sendo os recursos hídricos de superfície escassos qualquer ponto de água superficial assume especial importância, como é o caso dos bebedouros. Por outro lado, os cordões de vegetação ribeirinha jogam um papel importante para muitas outras espécies de aves, que apesar de não estarem estritamente ligadas a este meio, encontram neles excelentes locais de alimentação, refúgio e de reprodução.

Entre os mamíferos destaca-se a presença de Rato-de-água (Arvicola sapidus), Toirão (Mustela putorius) e Lontra (Lutra lutra).

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Resultados e conclusões

Os resultados obtidos permitem concluir que as áreas de maior importância conservacionista do ponto de vista da fauna se dividem em:

 Áreas dependentes da água, geralmente de pequena dimensão, com exceção do Polje de Mira- Minde;

 Áreas dos topos das serras, correspondendo aos biótopos de prados e matos rasteiros;

 Áreas de encostas muito acentuadas, designadamente, as zonas correspondentes ao sopé e à cumeada de vertente das encostas e aos afloramentos rochosos;

 Áreas agrícolas - com grande diversidade de espécies e densidade de indivíduos, desempenham um importante papel na disponibilidade alimentar para espécies de grande valor conservacionista e que utilizam os biótopos envolventes;

 Cavidades cársicas e lápias que, pela sua forma e dimensão, proporcionam condições específicas de abrigo e de reprodução para um número significativo de espécies de fauna.

Merecem especial referências as áreas florestais, sobretudo de pinheiro, já que a alteração da sua estrutura poderá implicar alterações em grupos de espécies que, não sendo das mais ameaçadas ao nível nacional e comunitário, são relativamente raras no PNSAC.

As áreas de maior sensibilidade do ponto de vista da fauna correspondem, em traços gerais, às zonas de escarpa e de maior expressão de biótopos rupícolas, bem como as zonas húmidas.

Deste modo, apresentam-se de seguida as Cartas de Interesse Conservacionista para cada grupo de Fauna que ocorre no PNSAC, bem como a Carta Síntese do Interesse Conservacionista para a fauna.

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Figura 9- Carta de interesse conservacionista para as aves

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Figura 10- Carta de interesse conservacionista para os mamíferos

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Figura 11- Carta de síntese de interesse conservacionista para a fauna

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Nos Anexos 8.7. e 8.8. pode ser ainda consultado o seguinte:

 Lista dos Vertebrados Terrestres que ocorrem no PNSAC, que resultou de registos de observação por parte dos Vigilantes da Natureza do PNSAC, da Base de dados do ICNF, de diversos atlas publicado (atlas dos répteis e anfíbios, mamíferos terrestres e morcegos), assim como informação de espécies de aves inseridas na plataforma eBird;

 Lista dos Algares com importância para a fauna, em particular para a Gralha-de-bico-vermelho.

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3.3 CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM

O PNSAC encontra-se integrado num vasto território com cerca de 77.000 ha, designado como o MCE (Martins, 1949), que se estende a Norte para além da Área Protegida, pelo Planalto de S. Mamede e identificado como a unidade de paisagem das Serras de Aire e Candeeiros, no estudo sobre a caracterização e identificação das paisagens de Portugal Continental (Cancela d’Abreu, 2001).

Esta individualização em relação às regiões limítrofes é perfeitamente notória: “(…) tão diferenciada das regiões confinantes pelas características de hipsometria, pelas formações geológicas, pela carência quase total de drenagem subaérea e escassez de pontos de água, e reforçada ainda a sua fisionomia particular pelo típico revestimento vegetal, a individualidade do Maciço Calcário Estremenho não pode oferecer dúvidas” (Martins, 1949).

Com efeito, o esqueleto calcário deste território, acentuado pela intervenção humana no aproveitamento da pedra para a construção de muros, paredes, maroiços, casinas, presas, caneiros ou até pela exploração de pedreiras, acentua perfeitamente uma paisagem que se diferencia, vigorosamente, das paisagens circundantes: “ (…) são tantos, tantos, os muros que chegam a formar verdadeiros labirintos, transformando-se num pesadelo para o caminheiro desprevenido” (Martins, 1949).A escassez de água superficial é também evidente, embora atenuada pelo maciço funcionar como uma eficaz barreira de condensação em relação aos ventos marítimos, e porque a intervenção humana, uma vez mais, através de engenhosas soluções permitiu ultrapassar esse problema: “ (…) tão nitidamente oposta às regiões circunvizinhas que desfrutam o viço das hortas, o mimo dos pomares, o surdo vibrar da roda das azenhas, a frescura da água corrente- tudo isto a contrastar com a aridez do bloco calcário, tão seco que (…) não houve recanto onde, mirando-me o equipamento de trabalho, alguém não indagasse: Dirá que me importa? O senhor anda a descobrir água?” (Martins, 1949).

Em termos altimétricos abrange cotas desde os 50 metros até altitude máxima, de 678 m, atingida no coruto da Serra de Aire. As cotas até aos 150 metros têm muito pouca expressão representadas apenas pela cunha de erosão de alguns rios; entre os 150 e os 200 metros destaca-se a linha do arrife que, a nascente separa, vigorosamente o maciço das áreas fronteiras; entre 200 a 250 metros a estrutura começa a individualizar-se sendo notária a depressão Mira/Minde/Alvados que o atravessa na região central limitando parte do extremo nordeste do PNSAC; as cotas entre 250 e 300 metros têm pouca expressão marcando um rebordo mais definido no bordo sudoeste; entre 300 e 400 metros nota-se perfeitamente o bordo sudoeste do Planalto de Sto. António e a depressão que o separa da Serra de Candeeiros; até aos 600 metros vão-se acentuando os cumes mais elevados, atingindo-se a altura máxima do Planalto de Sto. António, no Pico da Atalaia, com 589 metros; acima dos 600 metros surgem apenas

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algumas zonas, na metade norte da Serra de Candeeiros, com um máximo de 615 no topo do Vale Grande, e a Serra de Aire, perfeitamente individualizada, cujo topo atinge os 678 metros.

A vegetação reflete por um lado a secura superficial, de algum modo contrariada tanto pelas imensas reservas de água subterrânea como pelo facto de este funcionar como uma eficaz barreira de condensação. Salientam-se diversos vestígios da cobertura original onde certamente dominava o azinhal, nas zonas mais altas e mais secas, com solos mais pobres, que seria substituído pelo carvalho-cerquinho nos vales mais húmidos com solos mais profundos.

Nas zonas onde a descarbonatação do calcário originou um resíduo com maior grau de acidez encontra- se o sobreiro. Como curiosidade, reveladora de certas particularidades porventura com uma feição mais atlântica que mediterrânica, refere-se os castinçais do Vale Alto e a pequena mancha de carvalho-negral na zona do Arrimal. A intervenção humana através do pastoreio e do cultivo da oliveira marcou a vegetação.

Em certas zonas, como no Planalto de Sto. António, a criação de gado bovino, associado ao olival nas áreas mais planas permitindo assim a mecanização, mantêm uma paisagem viva e dinâmica já que os elementos económicos que justificaram a sua construção continuam a ter sustentabilidade económica.

Não assim noutras zonas, de maior declive, onde o olival foi completamente abandonado sendo substituído por matos altos e matos baixos que têm uma notável diversidade florística: “ (…) os frutos da terra, que recebem em mais abundância (…) he azeite posto que as oliveiras estão a maior parte dellas, metidas entre as pedras, tanto, que apenas cabe mais que o pé das oliveiras entre pedra e pedra (…) “ (Dias, 1758, citado em Lopes, 1998); “ (…) a última geração de plantadores de olivais assiste agora ao declínio deles (…) cobertos de rebentos adventícios e afogados em matagal, já muitos olivais foram abandonados pelas encostas íngremes” (Ribeiro, 1945). Os solos com aptidão agrícola são escassos e a agricultura, sendo de subsistência, tem sido progressivamente abandonada, no entanto em certos covões a terrarossa enriquecida por gerações de serranos com estrume e suor, produz uma profusão de produtos hortícolas, que noutros locais apenas se conseguiria à custa de abundante regadio mas que aqui medram aproveitando a intensa humidade atmosférica.

Estas são, em traços gerais, as principais características da unidade desta paisagem serrana que bem pode ser designada como a paisagem da pedra, mas uma análise mais pormenorizada permite identificar outras subunidades passiveis ainda de subdivisão. É assim possível, sem prejuízo de outras interpretações, identificar seis grandes subunidades:

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 Duas Serras: Aire e de Candeeiros;  Dois Planaltos: Sto. António e S. Mamede (embora este estendendo-se muito para além do PNSAC);  Duas depressões: Minde, Mira, Alvados e Alcaria, que separa os dois planaltos, e Mendiga e Alcobertas que estabelece a transição entre o Planalto de Sto. António e a Serra de Candeeiros.

SERRA DE AIRE

“Chama-se neste sítio a Serra de Aire, pelo muito que é levantada que parece que com a sua eminência quis tocar o céu; e do alto dela se patenteia a maior parte deste reino (…) “ (Dias, 1758 citado em Lopes, 1998).

Em termos fisiográficos elava-se perfeitamente das regiões limítrofes num imenso bloco quase monolítico.

É recortada apenas pelo Vale Garcia, que fende profundamente tanto no bordo oeste como este. Alonga- se no sentido nordeste. A sudoeste, a transição para as terras mais baixas é brusca, dado que é limitada pelo Arrrife; a transição para o Planalto de S. Mamede é bastante suave.

Elementos singulares relevantes:

 Os bosquedos de castanheiros do Vale Alto;

 O Monumento Natural da Jazida de Icnofósseis;

 O arrife.

Pode ser subdividida em 3 subunidades:

 Vale Alto: Estende-se por todo o bordo oeste, estabelecendo uma transição suave com o Planalto de SãoMamede, já fora dos limites do PNSAC. A diversidade da cobertura vegetal e o equilíbrio de certos usos, confere, em alguns trechos, uma harmonia muito agradável sendo de salientar a mancha de castinçais;

 Aire e Gouxa Larga: Estende-se praticamente desde os 350 metros até ao topo da serra. As zonas florestais, dominadas por eucalipto e pinhal bravo, vão rareando nas encostas a poente, à medida que progredimos em altura, sendo substituídas por matos altos onde dominam os medronhais e alguns núcleos de azinheiras mais ou menos arbustivas. No bordo nascente, alguns pinhais mas principalmente vastas áreas de matos altos, com notável diversidade florística. Os covões, existentes no cume, notáveis, vestígios de uma anterior utilização pastoril, cobertos de plantas herbáceas, provocam uma agradável sensação de frescura em oposição aos matos esclerófitos;

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 Chãs: Distribui-se por todo o bordo nascente até à linha do Arrife numa zona bastante plana que permite uma agricultura relativamente desenvolvida, entre grandes manchas de olival bem cuidado, pontuada por manchas de pinhal.

SERRA DE CANDEEIROS

“O maciço calcário de candeeiros surge assim como uma grande esponja que absorve avaramente a água das chuvas, que deve ser conduzida por um labirinto de canais subterrâneos até parte dela afluir à superfície” (Correia, 1945).

Estende-se paralelamente à linha da costa, funcionando como uma enorme barreira de condensação para os ventos vindos do oceano carregados de humidade. No bordo poente são perfeitamente visíveis uma série de vales suspensos, muito uniformes, que se sucedem com notável regularidade. De norte para sul verifica-se uma descida progressiva. A Serra da Lua e o Picoto, embora associados a este bloco, individualizam-se em relação ao seu eixo principal. Apresenta um revestimento florestal pouco homogéneo, progredindo de nascente para poente, a partir da antiga Estrada Nacional n.º 1 (IC2), que marca o limite do PNSAC, notam-se extensas áreas florestais dominadas pelo eucalipto e algum pinhal bravo, sendo que nas encostas mais declivosas são substituídas por matos baixos. O cume dominado por matos baixos tem, na metade sul, uma elevada presença de aerogeradores. Nas encostas a poente são notórias algumas manchas bem conservadas de carvalho-cerquinho. Algumas pedreiras marcam profundamente a paisagem.

Elementos singulares relevantes:

 Antigo areeiro situado a meio da encosta poente;

 As minas de carvão (lenhite) da Bezerra;

 O traçado da antiga linha do comboio;

 Aerogeradores.

Pode ser subdividido em 5 subunidades:

 Termos de Évora: Dominam os pinhais e eucaliptais, de forma ordenada identificando-se os diversos talhões, principalmente nas zonas mais baixas mas estendendo-se também pelas encostas. Tendência para o aumento destas áreas florestais absorvendo olivais e áreas agrícolas. Ao longo da antiga Nacional n.º 1 grande quantidade de construções, principalmente fábricas e armazéns;

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 Valeiros de Candeeiros: Maioritariamente revestida de matos que se estendem ao longo de uma faixa bastante estreita, mas muito alongada. Elevada diversidade florística com matos que atingem um porte arbóreo;

 Candeeiros e Serra da Lua: Revestida de matos rasteiros que deixam ver a ossatura calcária da serra. Algumas pedreiras de grandes dimensões perto da linha de festo que é bem definida por estradas. Presença de muitos aerogeradores, especialmente na metade mais a sul;

 Picoto: Grande densidade de carvalhal bem conservado. O caracter violento da zona é acentuado pelo facto do Picoto se elevar bruscamente até aos 600 metros;

 Chãos: Coberto de florestas na encosta voltada a nascente estabelecendo a transição para as zonas mais baixas. Pinheiro manso bem representado através de uma plantação relativamente recente. A fraga que se eleva, defronte da povoação que dá nome a esta subunidade, confere-lhe agressividade.

PLANALTO DE STO. ANTÓNIO

“Se alguma vez tiveres de fugir foge para a serra de Stº António (…) não é de recear que os teus perseguidores (…) cheguem a ter a veleidade de te ir procurar naquelas paragens inóspitas, cortadas de alcantis e profusamente semeadas de algares, lapas e covões (…) tentarem a escalada (…) terás à mão o mais fornecido arsenal para te defenderes (…) à pedrada (…). Ali, ao iniciar a construção de uma casa a grande dificuldade (…) não é arranjar pedra para ela, mas sim sítio onde arrumar as pedras que se desalojaram na desobstrução do local do edifício” (Matos, 1975).

Eleva-se bruscamente das depressões que lhe são limítrofes, individualizando-se através de encostas com declives acentuados.

A norte algumas zonas com altitudes superiores a 500 metros mas mais a sul vai-se esbatendo progressivamente até atingirem a linha do Arrife que ronda os 150 metros.

O vale onde está encaixada a Ribeira dos Amiais tem já uma feição mais arenosa e relevos suaves, no entanto a ossatura calcária regressa, bruscamente no canhão do Alviela.

Revestimento vegetal variado: olival ainda bem presente, nas zonas mais planas, em consociação com pastagem; vestígios do azinhal que, presumivelmente, terá ocupado toda a zona; algum pinhal e eucaliptal; no bordo sul alguma vegetação ripícola pouco frequente noutras zonas do PNSAC.

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Elementos singulares:

 Traçado labiríntico dos muros de pedra seca, das casinas, das pias e das cisternas;

 Lapiás dos Penedos Belos e Ventas do Diabo;

 Patelo;

 Dobra geológica perto de Monsanto;

 “Praia” Jurássica no Cabeço das Pias, Pegadas de Dinossáurios das pedreiras de calçada;

 Algar do Pena, Algar do Ladoeiro e Grutas de St. António;

 Olhos d´Água do Alviela.

Pode ser subdividido em 7 subunidades:

 Costa da Mendiga: Faixa de declives acentuados estabelecendo bruscamente a transição para depressão Mendiga/Arrimal. Esqueleto calcário sobressai, não raro em grandes bancadas;

 Serra de São Bento:Grandes áreas cobertas de vegetação rasteira, com algumas zonas de pinhal e eucaliptal mas também são visíveis manchas de azinhal que emolduram zonas agrícolas;

 Vale de Mar: As pedreiras dominam a paisagem. Algumas zonas resultantes da recuperação de áreas de pedreiras de calçada apresentam uma notável recuperação da vegetação autóctone;

 Arrife e Murteira: Ocupam a faixa de transição para as terras baixas. Alguns eucaliptais. Zonas mais baixas, drenadas por cursos de água superficiais, apresentam um traçado sinuoso acompanhado por vegetação ripícola. Os Olhos de Água do Alviela são emblemáticos com núcleos de vegetação autóctone bem cuidados sendo de salientar a presença do lodão. A povoação do Covão do Feto, sobranceira aos terrenos agrícolas, atesta uma utilização equilibrada salvaguardando os aspetos mais elementares do ordenamento do território;

 Cabeço das Pias e Fontainhas: Matos baixos dominam embora com a presença de algumas azinheiras de porte arbóreo. Nas zonas mais baixas, faixas de terra aplanada são aproveitadas para a agricultura. No Chão das Pias o traçado dos muros, perpendicular às curvas de nível acentua a divisão de diversas parcelas agrícolas bem cuidadas. Em certos locais é evidenteo sobre pastoreio com gado bovino;

 Serra de Sto. António: O olival associado ao pastoreio com gado bovino, em parcelas delimitadas por muros que acompanham de ambos os lados os caminhos, é o seu traço mais característico a par com uma enorme quantidade de pias e cisternas que aproveitam lajes e lapiás para guardar a água. Em termos de coerência de usos e raridade tem grande importância; 69

 Costa de Mira/Minde e Alvados: Coberta apenas por matos ralos sobressaem os estratos rochosos que acentuam as curvas de nível. As oliveiras, assentes em caneiros, atestam um enorme esforço conjunto, estão ao abandono, porque a apanha da azeitona nessas encostas não tem hoje viabilidade económica.

PLANALTO DE S. MAMEDE

“Quem do Castelo de Ourém olhar para SW e, portanto, na direção do planalto de S. Mamede, imediatamente nota que, acima das vertentes (…) dos valeiros que mordem vigorosamente o bordo da região alta, se estende uma linha tranquila a revelar uma aplanação, e que, mais para trás, se ergue como que um degrau um tanto desmantelado” (Martins, 1949).

A Área Protegida abarca apenas uma parcela do mesmo na zona do Alqueidão. Contrariamente ao Planalto de Sto. António, onde que a Serra de Candeeiros por ser mais alta funciona como barreira de condensação, neste, os ventos marítimos carregados de humidade entram livremente no seu interior acentuando as características de um clima de feição mais atlântico.

Elementos singulares:

 A estrada romana do Alqueidão;

 As pedreiras de calcário negro do Alqueidão;

Propostas 7 subdivisões mas apenas 2 nos limites do PNSAC:

 Cabeço do Sol - Matos rasteiros ocupam os cabeços mais elevados frequentemente tão ralos que não chegam a cobrir a ossatura rochosa. Apesar disso têm uma elevada diversidade florística que contrasta com a sua simplicidade. Mesmo nas zonas mais nuas, a azinheira está presente embora com porte rasteiro;

 Barreiros – Engloba pequenas zonas agrícolas envolvidas principalmente por azinhal, mas também carvalhal ou florestas de produção. As zonas agrícolas, de subsistência, produzem uma elevada diversidade de produtos maioritariamente hortícolas, como se verifica nos arredores de Chão Nogueira ou na Barrenta.

DEPRESSÃO DE MIRA/MINDE E DE ALVADOS/ALCARIA

“Até Casais do Livramento, no contraforte norte da Serra da Mendiga, a estrada sobe em sucessivas curvas. A paisagem é ampla, pouco arborizada. Logo adiante aparece a serra de Aire com os seus dois montes afrentados a leste e oeste. A estrada passa no vale, agora sempre a descer, em direção às terras baixas do Tejo. Faz calor” (Saramago, 1981).

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Elementos singulares:

 Diversas exurgências que se comportam também como sumidouros associados principalmente ao Polje;  O carvalhal que emoldura Alvados;  A Fórnea e Canhão do Rio Alcaide. Propostas 4 subdivisões:

 Mata de Mira/Minde, ou polje - é uma das zonas mais características de todo o maciço e um importante elemento para a caracterização da paisagem cársica. O alagamento desta zona em invernos chuvosos contrasta vivamente com a secura superficial envolvente. O abandono das zonas agrícolas resulta na progressiva invasão dos campos com pilriteiros;  Chão Mindinho – trata-se de uma portela que estabelece a transição entre a Depressão de Minde/Mira e a de Alvados/Alcaria. Alterna algumas zonas de cultivo com manchas florestais constituídas por núcleos de carvalho-cerquinho e azinheira;  Terras planas de Alvados/Alcaria – Domina a agricultura especialmente cereais de sequeiro e pastagens sob o coberto de olival bem tratado. O corte vigoroso dos cursos de água nesta pequena planície, assim como a deposição em cascalheiras semi-consolidadas de crioclastos trazidos das encostas atesta bem a força da água em épocas geológicas. Os carvalhais que envolvem Alvados estão bem conservados beneficiando das brisas marítimas. À exceção da zona de Alcaria, a transição para outras áreas faz-se de modo brusco;  Vale do Rio Alcaide e Fórnea- Zona profundamente marcada pela ação da água e do gelo em épocas geológicas, tanto o imenso anfiteatro da Fórnea, como o Canhão do Rio Alcaide. A Fórnea é um elemento emblemático do PNSAC que atrai numerosos visitantes; o leito do rio é acompanhado por uma vegetação ripícola bem conservada rapidamente substituída por matos altos e carvalhal que, mais em altura, é substituído por azinhal arbustivo.

DEPRESSÃO DA MENDIGA/ALCOBERTAS

“Tomando em Rio Maior o chamado caminho das grutas, encontraremos na extremidade meridional da Serra dos Candeeiros as salinas da Fonte da Bica e logo a seguir, encostada à vertente sul e correndo na direção SW-NE um estreito vale onde se aninham os povoados (…) “ (Paço,1959).

A norte, a zona da Mendiga/Arrimal desenvolve-se a uma altitude nunca inferior aos 300 metros, raramente ultrapassando os 350 metros. Aqui se encontram as maiores lagoas do PNSAC que mantêm água durante todo o ano. Caminhando para sul desce-se suavemente, notando-se, no degrau mais bruscos dos 200 metros, as cicatrizes do escoamento superficial da Ribeira de Alcobertas e, mais a sul, as salinas da Fonte da Bica já a escassos 80 metros. O horizonte está sempre limitado pela serra, a poente, e pelo 71

bordo do planalto, a nascente. A vegetação natural encontra-se bem conservada na metade mais a norte, mas para sul, nota-se uma elevada proliferação de eucaliptos, embora a maior parte fora da área do PNSAC.

Elementos singulares

 Manchas de carvalho-negral;  As duas lagoas do Arrimal;  Anta de Alcobertas;  Chaminé basáltica com disjunção prismática;  Olhos de Água de Alcobertas;  Salinas da Fonteda Bica. São propostas duas subdivisões

 Depressão da Mendiga/Arrimal- Agricultura ainda bem presente, a disposição dos muros, perpendiculares às curvas de nível, acentuam a divisão da propriedade. No início da encosta e delimitando parcelas agrícolas, manchas de carvalho-cerquinho bem conservadas. Na envolvente das lagoas, com dimensão suficiente para atrair alguma fauna específica, e interessantes manchas de carvalho-negral;

 Depressão das Alcobertas e Salinas – Pouca uniformidade em termos gerais, mas, cada um dos elementos que a compõem sem dimensão suficiente para justificar uma subdivisão. A ribeira de Alcobertas é acompanhada por mata ribeirinha bem constituída. É imponente a extinta chaminé vulcânica perto de Teira, com a sua disjunção prismática de basalto. As salinas da Fonte da Bica, rodeadas ainda de alguns pomares, contrastam vivamente com a paisagem serrana.

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3.4 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA

3.4.1 POPULAÇÃO3

No PNSAC a densidade populacional é muito variável, existindo freguesias com valores abaixo dos 25 hab./km2 e outras com valores próximos dos 500 hab./km2.

Os maiores registos de população registam-se na periferia do MCE, aumentando para fora da Área Protegida, revelando uma enorme discrepância entre a alta densidade populacional das freguesias periféricas, e a baixa densidade dos aglomerados/seções das mesmas freguesias que se situam no interior do relevo mais agreste do PNSAC.

As acessibilidades rodoviárias, a existência de água em abundância e os vastos terrenos férteis da periferia caraterizam uma típica região do litoral continental densamente povoada, estruturada e industrializada, contrastando com a rudeza de relevo, a escassez de água à superfície e os raros terrenos aráveis que caraterizam e condicionam a paisagem do PNSAC.

Estas condições naturais sempre condicionaram o tipo de ocupação humana (povoamento escasso no interior e maior densidade na periferia).

VARIAÇÃO DA POPULAÇÃO E DIMENSÃO DOS AGLOMERADOS – ENTRE 1981 E 2011

Verifica-se que aa variação da população e dos aglomerados do PNSAC tem evoluindo de uma forma descontinuada desde a década de 1980, dependendo assim da freguesia e aglomerados/seções onse se situa, nomeadamente:

 Os aglomerados da periferia aumentaram exponencialmente a sua dimensão em área e população residente, contrastando com o decréscimo da densidade populacional do interior do MCE;

 Os aglomerados de média dimensão em toda área SW, nos concelhos de Alcanena, Rio Maior e Santarém, resultam do povoamento (desde a Idade Média) nas depressões com acumulação de solo de dimensão suficiente, com água e boa exposição solar, permitindo uma rentabilização à escala familiar, mas também devido à proximidade da estrada nacional (EN1/IC2), desde a segunda metade do século XIX, cujo importante traçado de ligação entre Lisboa, Leiria, Coimbra, Aveiro e Porto, acompanha os limites do PNSAC a E e SW;

 Os aglomerados mais pequenos na área central do Planalto de Sto. António apresenta boas condições para a criação de gado e cultivo de olival, mas também muito pobres em solo agrícola arável e

3Análise efetuada com base nos dados dos Censos de 1981, 1991, 2001 e 2011 (INE), estudos e tratamento de dados do INE, Pordata e Câmaras Municipais afetas ao território do PNSAC 73

produtivo;

 A subida contínua de população residente e ativa nas freguesias mais industriais da periferia é simultânea à alteração das percentagens dos setores de produção, principalmente nas décadas de 1980/90, onde um decréscimo acentuado do setor primário (agricultura e pastorícia de subsistência) dá lugar à subida de indústrias transformadoras e serviços de logística e transporte;

 Há um ligeiro abrandamento da descida de população nas freguesias de transição, a partir da década de 1990 até à atualidade relacionado com um dinamismo económico emergente, propiciado pela extração e indústria transformadora de massas minerais, acompanhado pela melhoria das acessibilidades, permitindo assim a fixação de população que mantém a residência na Área Protegida, mas trabalha fora do PNSAC. Esta dinâmica interrompeu um ciclo de decréscimo que se verificava desse as décadas de 1960/70 e 80, fortemente marcadas pela emigração para o estrageiro e migração interna para zonas mais industrializadas, à procura de melhores condições de vida.

VARIAÇÃO ABSOLUTA DA DENSIDADE POPULACIONAL – DE 1981 A 2011

A evolução da população residente, no período referenciado, é diferente da evolução da população ativa entre 1981/1991, estabilizando até 2011.

Alguns aglomerados que perderam população residente aumentaram a sua população ativa, sobretudo ao longo da faixa sul da depressão da Mendiga, devido à proximidade de áreas de desenvolvimento da indústria ligada à extração de massas minerais (pedreiras localizadas essencialmente nos Núcleos do Codaçal, Portela das Salgueiras, Pé da Pedreira, Cabeça Veada e Moleanos) e melhoria das acessibilidades.

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Figura 12- Densidade populacional (hab/km2) e variação da população residente entre 2001 e 2011

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VARIAÇÃO DA POPULAÇÃO ATIVA DAS FREGUESIAS E DOS LUGARES/SECÇÕES DO PNSAC – DE 1981 A 2011

A variação da população ativa no setor primário é o movimento demográfico mais evidente, com exceção de meia dúzia de pequenos aglomerados, onde há perda generalizada de população ativa neste setor, nomeadamente na década de oitenta e noventa, mantendo-se sem grande oscilação até 2011.

Apesar do alargamento de algumas explorações de criação de gado na Serra Sto. António, e de alguns novos investimentos em áreas relacionadas com o Turismo, nomeadamente o alojamento e a restauração, verifica-se uma diminuição gradual da população nas freguesias do interior do MCE, mais rurais e de difícil acesso (S. Bento, Arrimal e Mendiga, Serro Ventoso, Alcaria e Alvados, no concelho de Porto de Mós, e Monsanto, Vila Moreira e Serra Sto. António no concelho de Alcanena), assim como em algumas zonas periféricas menos industrializadas e com piores acessibilidades, como é o caso de Mira de Aire e Alqueidão da Serra no concelho de Porto de Mós; Minde, Malhou e Louriceira, no concelho de Alcanena.

A POPULAÇÃO ATIVA E A VARIAÇÃO DO SETOR PRIMÁRIO – DE 1981 A 2011

Entre 1960 e 2000, verifica-se uma diminuição da área agrícola e dos olivais (especialmente expressiva) e um aumento da área social, pedreiras e povoamentos florestais de produção (indiciando uma diminuição da atividade de pastorícia).

A distribuição da população ativa entre 1981 e 1991 por setores de atividade demonstra que há uma relação estreita entre o caráter mais rural dos aglomerados do interior do MCE (uma população ativa com predominância do setor primário) com maior perda de população residente nas freguesias e aglomerados do interior.

Esta situação foi estabilizando nas duas décadas seguintes, até aos nossos dias, devido ao crescente abandono do setor primário, com predominância de uma economia de subsistência, havendo um crescimento de população ativa, residente nas freguesias/aglomerados de interior mas a trabalhar nas freguesias periféricas, mais industrializadas e com mais postos de trabalho.

De referir ainda que nas últimas duas décadas houve um acréscimo de atividade no setor primário, mas em atividades de maior produção nas freguesias com terrenos mais férteis e a Sul do MCE, como é o caso de Alcanena, por contraste com Porto de Mós, que devido às caraterísticas de relevo mais declivoso e menos fértil a Norte, decresceu.

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A MOVIMENTAÇÃO DO FLUXO DE POPULAÇÃO ATIVA ENTRE OS SETORES SECUNDÁRIO E TERCIÁRIO – DE 1981 A 2011

Existe uma clara expressão da alteração da população ativa nos setores secundário e terciário, desde final da década de 1990 até à atualidade, demonstrando um crescimento acentuado em diversas áreas da indústria transformadora e serviços, contribuindo para uma maior oferta de emprego, dentro e nas imediações área do PNSAC, indicando uma clara e nova realidade social que é a dissociação entre freguesia de residência e local de trabalho.

Setores empresariais decadentes e emergentes – de 1981 a 2011

A implantação de indústrias e serviços de logística e transporte na periferia, beneficiando de boas acessibilidades, água abundante e algumas matérias-primas disponíveis, e coincidindo com o declínio das economias de base agrícola e pastoril que caraterizavam toda a região interior e a periferia das cidades, provocaram o aumento da população nas últimas décadas. Alguns dos exemplos do desenvolvimento e diversificação da indústria e setores económicos presentes, são as indústrias de transformação de papel, de curtumes e tecidos. Nas décadas de 1980/90 a indústria de curtumes e de tecelagem, de Alcanena e de Mira de Aire (Porto de Mós), sofreram um decréscimo decisivo no papel de elevada preponderância que estas indústrias tinham para o tecido socioeconómico e manutenção da população ativa das freguesias de interior do MCE. No entanto, verificou uma regeneração do tecido empresarial numa fase mais recente, com o aparecimento e fixação de plataformas de logística e transporte de grande superfícies comerciais, nomeadamente hipermercados, diversas unidades fabris de pequena e média dimensão, e um aumento exponencial das zonas industriais dos concelhos que se encontram mais bem localizados para aproveitar a centralidade e a melhoria das acessibilidades rodoviárias, nomeadamente na zona de Alcanena e Torres Novas a Sul, e Porto de Mós e Ourém a Norte (A1, A23, A8/A17,A19, A15, IC2, IC9).

A afirmação do setor terciário e a afirmação do Turismo na economia regional

Seguindo a tendência nacional de crescimento das atividades económicas relacionadas com o Turismo, o PNSAC tem vindo a aumentar os agentes e serviços nas áreas do alojamento, restauração e atividades de animação turística, com uma vasta e variada oferta. Neste âmbito, destaca-se as seguintes áreas de atividade: o alojamento turístico da localidade de Alvados, com uma oferta variada (desde o segmento de Pousada da Juventude até Hotel de 4 estrelas), assumindo um papel preponderante na população ativa em aglomerados pequenos, de interior e sem importantes dinâmicas empresariais nos setores primário e secundário; as Salinas de Rio Maior, localizado numa zona limite do PNSAC, têm já uma forte dinâmica empresarial, contribuindo decisivamente (direta e indiretamente) para a população ativa do setor terciário de Rio Maior.

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De notar que o Turismo é ainda uma atividade económica em crescimento no PNSAC, para a qual se têm multiplicado os investimentos de interesse empresarial e institucional, com intuito de se afirmar como meio estrutural para o desenvolvimento dos Municípios afetos ao PNSAC.

O setor de logística, transportes, de saúde e de apoio social são também representativos do crescimento da população neste setor com o aumento gradual de locais e serviços de apoio a idosos.

O contributo do nível escolaridade para a diminuição do isolamento das aldeias no interior do MCE

A diminuição da taxa de alfabetismo e crescimento da percentagem do nível de escolaridade da população traduz-se em melhorias sociais óbvias, a nível de qualificação da mão-de-obra disponível, acesso e interpretação de informação com maior alcance, que, de uma forma geral, capacita as comunidades de instrumentos de trabalho e interação sociocultural e socioeconómica mais eficaz. Desta forma, o isolamento cultural e sociocultural desvanece, mas também os fatores e os sinais de identidade cultural local.

Se por um lado há uma maior integração na realidade global da região e do país, há também um abandono natural pelo hábitos e costumes que caraterizam as comunidades na sua relação mais próxima com o meio ambiente que as rodeia.

Nas últimas duas décadas, a população residente do PNSAC, com melhor acesso à informação, a proximidade do litoral e de importantes centros de desenvolvimento socioeconómico, foi-se gradualmente tornando mais urbana nos seus hábitos, e menos identitárias nos seus usos e costumes, mesmo nas localidades do interior do MCE. Um exemplo marcante é a diminuição, em número e intensidade, da prática de rituais e festas tradicionais para dar lugar à proliferação de hábitos desportivos urbanos, como pedestrianismo e BTT. As associações recreativas e culturais locais estão cada vez mais direcionadas para este domínio, através do qual promovem intencionalmente as suas atividades para público externo.

PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO NO PNSAC

De acordo com o Plano Rodoviário Nacional (PRN 2000), a Rede Rodoviária existente na área de intervenção do PNSAC é constituída por estradas da Rede Rodoviária Nacional, designadamente da Rede Nacional Fundamental (IP1/A1), por estradas da Rede Nacional Complementar (EN243), por Estradas Regionais (ER361) e por Estradas Nacionais Desclassificadas (EN1 e EN362), conforme figura seguinte fornecida pelas Infraestruturas de Portugal. EP.

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Figura 13- Rede viária na área do PNSAC e na envolvente

Importa salientar, que do ponto de vista da salvaguarda da rede, o novo Estatuto das Estradas da Rede Rodoviária Nacional, aprovado pela Lei n.º 34/2015, de 27 de abril, regula a proteção da estrada e sua envolvente, fixa as condições de segurança e circulação dos seus utilizadores e as de exercício das atividades relacionadas com a sua gestão, exploração e conservação, das estradas nacionais constantes do PRN, das estradas regionais, das estradas nacionais desclassificadas, isto é, não classificadas no PRN, mas ainda sob jurisdição das Infraestrutras de Portugal, bem como das ligações à rede rodoviária nacional, em exploração à data da entrada em vigor do novo Estatuto.

3.4.2 ATIVIDADES

No PNSAC tem visto a acentuar-se o desequilíbrio entre o escasso povoamento no interior do maciço calcário e a maior densidade na sua periferia, o que constitui uma das suas tendências de evolução mais marcadas. São também significativas as alterações na estrutura da população ativa que se traduz num progressivo abandono do setor primário e um aumento dos setores secundário e terciário.

Esta evolução reflete-se no uso do solo e, consequentemente, nos valores naturais que com ele estão relacionados:

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 Por um lado, há uma diminuição da intensidade de uso da grande maioria do território, ocupado por matos e herbáceas não cultivadas;

 Por outro, aumenta a área ocupada por usos intensivos, como sejam as áreas urbanas, pedreiras e povoamentos florestais de produção, embora se mantenham em percentagens relativamente baixas, face à área total do PNSAC.

AVALIAÇÃO DAS TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO EXPECTÁVEIS NO PATRIMÓNIO EXISTENTE

O corolário destas duas sínteses é a constatação de que:

 A diminuição da atividade no setor primário traduz-se na recuperação da vegetação autóctone, num grau de cobertura do solo substancialmente maior, com aumento do risco de incêndio e das áreas ardidas e um risco significativo de perda de habitats relevantes, dependentes de maneio, pelo conjunto de valores naturais que encerram;

 O aumento de atividade nos setores secundário e terciário, a que estão associadas atividades com fortes impactes no território, como sejam a urbanização, a construção de infraestruturas e equipamentos e as pedreiras, aumentando o risco de destruição direta de valores patrimoniais e implica um aumento da perturbação em áreas até agora pouco frequentadas, como as escarpas e grutas, dadas as relações entre a terciarização e o aumento do lazer e recreio proporcionado pelos diversos setores do turismo em crescimento por todo o país.

A manterem-se as tendências de evolução detetadas admite-se que paralelamente à diminuição da população residente, se venha a assistir a uma recuperação interessante de alguns habitats, como os carvalhais e azinhais, mas também à perda de outros habitats relevantes como os tomilhais e os prados calcários, à destruição direta de património geológico e geomorfológico e ao aumento generalizado da perturbação decorrente da intensificação do uso recreativo e turístico de áreas mais sensíveis do PNSAC.

Procedeu-se à análise comparativa entre a distribuição da ocupação do solo por regime de proteção do POPNSAC, nomeadamente as “Áreas de Proteção Parcial do tipo I” (APPI), as “Áreas de Proteção Parcial do tipo I” (APPII), as “Áreas de Proteção Complementar do tipo I” (APCI), as “Áreas de Proteção Complementar do tipo II” (APCII) e as Áreas Não abrangidas por Regime de Proteção, que incluí os “Perimetros Urbanos” (PU), os “Aglomerados Urbanos” (AU) e as “Áreas Industriais” (AI), que se encontram representadas na Planta Síntese do POPNSAC, a qual foi feita com recursos à COS 2010 e COS 2015.4

4 A COS é um produto nacional com uma unidade mínima cartográfica de 1 ha e e inclui uma série temporal com quatro anos de referência (1995, 2007, 2010 e 2015). Embora a COS2010 tenha 225 classes e a COS2015 tenha 48 classes, as nomenclaturas das diferentes COS, tem a mesma base hierárquica e são comparáveis. Por forma a evitar uma análise muito extensa trabalhou-se a informação ao Nível 3 da COS. 80

Deste modo, e de acordo como as tabelas e os quadros seguintes, relativamente à ocupação do solo em 2010 e 2015 na área do PNSAC, verifica-se o seguinte:

Quadro 10 - Distribuição da ocupação do solo por regime de proteção POPNSAC 2010

Ocupação do Solo 2010 AI APCI APCII APPI APPII AU PU Total Geral Aeroportos 0,04 1,16 1,20 Charnecas ou matos 14,28 48,42 18,62 0,90 0,04 0,76 83,01 Culturas anuais associadas a culturas permanentes 0,76 424,10 142,68 108,12 70,30 11,81 62,82 820,60 Equipamentos de desporto ou lazer 0,05 14,09 0,20 2,18 16,53 Floresta de coníferas 0,58 14,66 306,08 270,92 91,49 0,32 10,62 694,67 Floresta ou vegetação arbustiva de transição 1,20 99,51 1313,56 974,39 252,25 2,17 38,63 2681,72 Florestas de folhosas 3,68 188,26 1674,63 900,91 207,88 5,75 31,22 3012,32 Florestas mistas de folhosas e coníferas 3,13 141,54 913,78 345,03 143,18 12,61 74,56 1633,82 Olivais 0,15 1084,78 1156,49 1215,59 1615,98 65,62 222,12 5360,73 Pastagens 0,01 49,89 29,09 65,40 9,28 0,89 8,91 163,48 Planos de água 0,01 1,47 1,48 Pomares de árvores de fruto ou de baga 9,50 1,87 2,16 0,01 0,12 1,80 15,46 Prados naturais 0,07 61,32 194,43 705,09 40,09 2,47 17,39 1020,85 Rede rodoviária ou ferroviária e zonas associadas 1,06 32,96 0,25 0,18 0,21 34,65 Rocha nua 0,88 1,01 3,11 0,99 5,99 Salinas 0,32 4,51 0,41 5,23 Sistemas culturais e parcelares complexos 0,00 295,97 129,86 59,77 60,33 53,29 157,69 756,92 Tecido urbano contínuo 0,78 21,83 23,38 10,39 7,41 96,78 408,88 569,45 Tecido urbano descontínuo 0,00 64,17 65,94 23,34 11,05 216,42 606,63 987,56 Terras aráveis não irrigadas 3,63 845,18 111,07 591,97 316,63 18,37 143,29 2030,15 Terras permanentemente irrigadas 316,47 16,76 18,46 26,31 9,48 51,65 439,12 Unidades industriais ou comerciais 38,18 26,95 48,71 9,78 1,82 6,85 69,65 201,94 Vegetação esclerófita 9,65 300,32 5424,15 9606,85 553,93 6,98 65,04 15966,91 Vinhas 22,89 8,37 1,44 0,03 0,87 33,60 Zonas agro-florestais 9,57 38,91 33,63 25,53 2,20 13,84 123,68 Zonas ardidas 1,43 0,04 20,11 10,68 32,27 Zonas de construção 0,00 2,04 1,30 0,53 7,08 10,96 Zonas de depósito de resíduos industriais ou urbanos 3,72 0,39 0,69 0,18 4,98 Zonas de extracção mineira 26,51 12,97 805,12 58,61 6,67 0,21 13,06 923,16 Zonas de vegetação esparsa 21,75 23,98 0,92 46,65 Zonas principalmente agrícolas com zonas naturais importante 0,00 117,4243 205,82 255,00 88,56 7,99 36,62 711,42 Zonas verdes urbanas 0,80 0,50 1,12 2,42 (em branco) Total Geral 88,34 4129,09 12737,88 15324,92 3544,19 521,67 2046,83 38393

Gráfico 7 - Distribuição da ocupação do solo por regime de proteção POPNSAC 2010 81

Quadro 11 - Distribuição da ocupação do solo por regime de proteção POPNSAC 2015

Ocupação do Solo AI APCI APCII APPI APPII AU PU Total Geral Aeroportos 0,04 1,16 1,20 Charnecas ou matos 9,02 321,23 5438,23 9634,99 557,72 7,12 65,43 16033,74 Culturas anuais associadas a culturas permanentes 0,76 419,70 142,50 108,12 70,30 11,81 60,87 814,07 Culturas temporárias de sequeiro e regadioo 3,63 1158,82 127,00 611,04 342,20 27,78 189,77 2460,23 Equipamentos de desporto ou lazer 0,53 14,12 0,35 3,83 18,84 Espaços descobertos ou Com pouca vegetação 0,88 36,92 27,62 1,91 0,12 67,45 Floresta de coníferas 3,08 132,61 1513,03 1018,84 260,43 11,19 81,09 3020,28 Florestas de folhosas 5,51 333,54 2713,66 1505,29 456,80 11,35 86,69 5112,84 Olivais 0,14 1057,14 1150,21 1214,78 1615,97 65,75 222,71 5326,69 Pastagens 0,01 46,03 25,47 65,37 8,17 0,89 8,57 154,52 Planos de água 0,32 4,51 1,47 0,41 6,71 Pomares de árvores de fruto ou de baga 7,88 0,94 1,16 0,12 1,01 11,11 Prados naturais 0,08 81,44 205,30 718,76 41,63 2,76 19,25 1069,23 Rede rodoviária ou ferroviária e zonas associadas 5,70 34,44 0,01 1,28 41,43 Sistemas culturais e parcelares complexos 0,00 295,78 125,59 46,01 59,89 52,79 156,42 736,48 Tecido urbano contínuo 0,78 21,28 21,99 10,39 7,41 96,17 410,62 568,64 Tecido urbano descontínuo 0,00 63,38 66,36 23,85 10,68 217,10 607,39 988,76 Unidades industriais ou comerciais 38,18 29,52 49,94 10,04 2,78 7,11 70,59 208,17 Vinhas 17,70 6,50 0,38 0,01 0,87 25,47 Zonas agro-florestais 0,31 1,85 6,81 7,15 0,41 0,42 16,95 Zonas de construção 1,30 0,53 3,38 5,22 Zonas de depósito de resíduos industriais ou urbanos 3,57 0,39 0,69 0,18 4,83 Zonas de extração mineira 27,14 15,49 851,48 64,61 10,57 0,21 13,82 983,33 Zonas principalmente agrícolas com zonas naturais importante 0,00 116,19 205,48 254,84 88,56 7,99 38,33 711,40 Zonas verdes urbanas 0,80 0,35 4,21 5,36 (em branco) Total Geral 88,34 4129,09 12737,88 15324,92 3544,19 521,67 2046,83 38393

Gráfico 8 - Distribuição da ocupação do solo por regime de proteção POPNSAC 2015

Comparando os dados de 2010 e 2015 (no Anexo 8.9 apresenta-se a tabela com as principais alterações verificadas entre 2010 e 2015), conclui-se que a classe de ocupação que ganhou mais terreno face a 2010 foram as “Zonas de extração mineira”, sendo que esta situação ocorre essencialmente em APCII e por alteração de áreas de matos “Vegetação esclerófila”, conforme se ponde constatar do gráfico que se apresenta de seguida. 82

Zonas de extracção mineira em 2015

Floresta ou vegetação arbustiva de transição Vegetação esclerófila Florestas mistas de folhosas e coníferas Floresta de coníferas Florestas de folhosas Sistemas culturais e parcelares complexos Culturas anuais associadas a culturas permanentes Olivais Terras aráveis não irrigadas 0 100 200 300 400 Área (ha)

AI APCI APCII APPI APPII PU

Gráfico 9 – Alteração da ocupação do solo, por regime de proteção, para “zonas de extração mineira”

Em termos de atividades económicas desenvolvidas no PNSAC, além da Agricultura e da Pastorícia, geralmente pobres, em declínio e algumas apenas de subsistência ou de apoio ao turismo rural, a Silvicultura, a Pecuária Intensiva, com predomínio nas explorações suinícolas, o Turismo, o Aproveitamento de Massas Minerais (pedreiras), a Indústria Transformadora e grandes unidades de logística e transportes, estas duas últimas mais concentradas na periferia, são as atividades económicas predominantes no PNSAC.

Não obstante a Agricultura, a Pastorícia, a Silvicultura e a Pecuária Intensiva terem sido caracterizadas no Subcapítulo 2.2.4 – “Solos e Caracterização Agroflorestal”,realça-se que se tem verificado um abandono das Pecuárias Intensivas, em particular as de pequena dimensão, conforme se constatou no decurso de uma Ação de Fiscalização iniciada em 2017 pelo ICNF relativamente aos processos administrativos existentes na Área Protegida, que numa primeira fase incluiu os concelhos de Alcobaça, Alcanena e Batalha, este último na área que está apenas abrangida pela ZEC das Serras de Aire e Candeeiros.

Já em relação às pecuárias de maior dimensão tem-se verificado alguns pedidos de regularização enquadrados no Decreto-Lei n.º 165/2014, de 5 de novembro, que estabelece com caráter extraordinário o regime de regularização de estabelecimentos e explorações existentes que não disponham de título válido de instalação ou de título de exploração ou de exercício da atividade, bem como relativo à alteração e ampliação dos estabelecimentos ou instalações que possuam título de exploração válido.

No que diz respeito à Industria Transformadora, verificou-se o encerramento de diversas unidades ligadas aos curtumes e à indústria têxtil, entre 1980 e 2000, essencialmente localizadas nos concelhos de Porto de Mós e de Alcanena, sendo que as ligadas à indústria extrativa, nomeadamente as de rocha industrial (para produção de cal) e rocha ornamental se mantêm a laborar, sendo que na maioria dos casos possuem

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as suas próprias pedreiras. Tem-se verificado igualmente o pedido de regularização de algumas unidades nos termos do Decreto-Lei n.º 165/2014, de 5 de novembro.

Assim, no que respeita às atividades económicas, para a qual tem existido um incremento maior (Turismo), ou para o qual há um impacte sobre o território muito grande (Exploração de Massas Minerais), nomeadamente ao nível do património natural (flora, vegetação e fauna) e do património geológico e geomorfológico, procede-se a uma descrição mais portmenorizada de seguida.

Inclui-se igualmente uma análise relativamente aos Parques Eólicos existentes, quer no PNSAC, quer na envolvente à Área Protegida, decorrente do aumento que se tem verificado nos últimos anos e aos impactes que esta infraestrutura tem sobre o património natural e a paisagem.

3.4.2.1 Turismo

Um dos objetivos desta Área Protegida é a promoção do recreio e lazer ao ar livre, pelo que desde a sua criação tem vindo a ser palco de várias atividades de animação, com maior relevância para a espeleologia, o pedestrianismo, a prática de BTT e a escalada.

As formas tradicionais de recreio têm vindo a alterar-se, assistindo a pressões crescentes de promoção de outras atividades vulgarmente referenciadas como Turismo Ativo e de Turismo de Natureza, o que levou à publicação da Portaria n.º 1465/2004, de 17 de dezembro, que aprovou o Regulamento do Desporto de Natureza na Área do PNSAC.

Na realidade, com as contínuas transformações sociais e económicas, a base económica das comunidades locais tem vindo a alterar-se, sendo que o desenvolvimento das atividades de recreio e turismo no PNSAC tem vindo a crescer gradualmente.

O turismo representa nesse contexto uma alternativa ambientalmente interessante na medida em que permite a criação de emprego através da valorização dos recursos locais e regionais, viabilizando muitas das atividades tradicionais que de outra forma tenderiam a ser abandonadas.

No entanto, tal como para outras atividades, há naturalmente fatores de risco associados ao turismo e recreio, incluindo a uniformização cultural, a perda de autenticidade das manifestações culturais, a pressão para a criação de infraestruturas e a pressão induzida por um número crescente de visitantes à procura de atividades novas e diferentes.

Servido perifericamente por bons acessos rodoviários (A1, A23, A8/A17, IC2, IC9) e ferroviários (Linha do Norte), o PNSAC situa-se estrategicamente entre alguns destinos turísticos de grande relevância: Lisboa (Ponto de partida das principais rotas turísticas); Fátima (maior destino de turismo religioso nacional);

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Nazaré e Peniche (praia, tradição, surf e ondas gigantes); Batalha, Alcobaça e Tomar (Rotas do Património Mundial da Unesco).

Internamente possui polos turísticos com dinâmica própria, como sejam as grutas turísticas (Alvados, Mira de Aire, Sto. António e Moeda) e o Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém/Torres Novas. Estes são fatores que contribuem decisivamente para que o PNSAC seja um potencial destino turístico em ascensão.

O turismo enquanto atividade económica teve um aumento significativo em Portugal nos últimos 5 anos, e o tecido empresarial residente no PNSAC acompanhou a tendência com elevado nível de investimento e sucesso.

Tendo como fonte os dados disponibilizados no SIGTUR (Sistema de Informação Geográfica do Turismo), à data de julho de 2020, o alojamento turístico do PNSAC apresenta o seguinte quadro: 15 Empreendimentos Turísticos com a capacidade para 297 utentes, nas tipologias de 1 Hotel Rural de 4****, 12 Casas de Campo, e 2 Parques de Campismo e de Caravanismo Rurais; 84 unidades de Alojamento Local com capacidade para 694 utentes, nas tipologias de Moradia, Estabelecimento de Hospedaria, e Apartamento /quarto.

Na dinâmica das atividades de animação turística, o PNSAC alberga 10 empresas residentes, contando com a participação de dezenas de empesas de atividades de animação turística, no ramo do turismo de natureza, que operam no PNSAC, em diversas atividades pedestres, cicláveis, equestres, com especial enfoque para os passeios interpretativos em locais com levado interesse paisagístico e científico.

Em termos da capacidade total de alojamento a turistas nos concelhos abrangidos pelo PNSAC, o mesmo corresponde presentemente a 18.606 camas/utentes, distribuídas por 133 Empreendimentos Turísticos (10.408 camas/utentes) e por 1.000 estabelecimentos de Alojamento Local (8.198 utentes).

Para o efeito, apresentam-se as figuras seguintes fornecidas pelo Turismo de Portugal.

85

ET existentes Estabelecimentos de AL

Estabelecimentos de agentes de animação turística

Figura 14 – Empreendimentos turísticos, estabelecimentos de alojamento local, e estabelecimentos de agentes de animação turística no PNSAC, em 2020.

Fonte: TdP

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No que concerne às atividades de turismo mais procuradas e praticadas atualmente no PNSAC salientam- se o pedestrianismo, a BTT, a espeleologia, o parapente, a escalada e os passeios em veículos motorizados (de uso normal e todo-o-terreno).

No Portal do ICNF,IP. encontra-se informação disponível que poderá ser util na planificação da visita a esta área protegida, nomeadamente:

 Código de conduta e boas práticas;

 Guia Percursos Pedestres - editado em 2006, pela Região de Turismo de Leiria-Fátima;

 25 anos do PNSAC - 1979-2004 - editado em 2004;

 Carta Geológica Simplificada e Roteiro de Geosítios do PNSAC - editado em 2015.

Por fim, a título meramente indicativo, uma vez que não reflete todo o universo da visitação na AP, apresenta-se o número de visitantes registados nas infraestruturas do PNSAC entre os anos de 1996 e 2019:

Quadro 12 – Evolução do número de visitantes nas infraestruturas do PNSAC (1996-2019)

Ano* N.º Visitantes 1996 16.478 1997 40.058 1998 49.400 1999 49.216 2000 48.458 2001 52.229 2002 45.304 2003 44.087 2004 32.224 2005 29.770 2006 36.704 2007 41.916 2008 25.031 2009 30.054 2010 12.148 2011 11.030 2012 16.766 2013 21.879 2014 13.139 2015 26.553 2016 27.204 2017 34.081 2018 43435 2019 44326

* A partir de 2015 foram incluídas as vistas ao Monumento Natural das Pegadas dos Dinossáurios de Ourém/Torres Novas

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3.4.2.2 Aproveitamento de massas minerais (Pedreiras)

A extração de inertes no MCE, em particular na área abrangida pelo PNSAC, é uma atividade que se desenvolve há séculos nesta região, e que a partir essencialmente dos finais dos anos 80 do século passado se transformou numa atividade económica com relevo em termos nacionais e internacionais e com grande importância para a população residente na área do Parque Natural.

De atividade predominantemente artesanal, com ritmos de exploração relativamente baixos, a exploração de massas minerais passou a ter um grau de mecanização e tecnologia e um ritmo de exploração que obrigou à tomada de medidas e à adoção de estratégias que garantissem a sua compatibilização com a salvaguarda do património natural e cultural dos territórios onde ocorre.

A gestão da atividade extrativa tornou-se assim num dos desafios mais importantes ao nível da gestão do PNSAC, havendo a necessidade crescente de conciliar a exploração de um recurso natural não renovável com a salvaguarda e valorização do património natural, cultural e paisagístico desta Área Protegida.

Por essa razão, a legislação aplicável ao PNSAC para o setor da indústria extrativa foi sempre inovadora relativamente à legislação que foi sendo elaborada para a pesquisa e exploração de massas minerais.

Assim, o primeiro POPNSAC, publicado pela Portaria n.º 21/88, de 12 de janeiro, sujeitou o licenciamento das pedreiras a parecer prévio da Área Protegida, através da apresentação e aprovação do respetivo plano de recuperação paisagística e do estabelecimento de uma garantia bancária que permitisse a recuperação da área afetada, o que para o resto do país só aconteceu com a publicação do Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de março.

Realça-se ainda neste âmbito, que no Regulamento do POPNSAC de 1988 estava previsto, para certos casos, a apresentação de um “estudo de impacte ambiental, segundo normas a estabelecer pela direção do Parque”.

Na revisão de 2010 (RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto), verificou-se que para este setor de atividade, o plano também foi mais além do que o previsto na legislação de pesquisa e exploração de massas minerais (pedreiras), entretanto revista pelo Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de outubro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de outubro, atualmente em vigor.

Assim, o atual POPNSAC estabelece os regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e fixa o regime de gestão a observar na sua área de intervenção, com vista a garantir a conservação da natureza e da biodiversidade, a geodiversidade, a manutenção e a valorização da paisagem, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento económico das populações locais.

De igual modo, é objetivo do POPNSAC a requalificação das áreas degradadas ou abandonadas, nomeadamente, através da renaturalização e recuperação de habitats naturais. 88

Assim, o Regulamento do POPNSAC criou novas regras quanto à instalação e ampliação do aproveitamento de massas minerais, nas áreas passíveis de licenciamento, destacando-se as seguintes:

 Novas Explorações de Massas Minerais - recuperação de área de igual dimensão, de outra exploração licenciada ou de outra área degradada, independentemente da sua localização e autorizada pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, I.P: (ICNF);

 Ampliação Explorações de Massas Minerais - recuperação de uma área de outra exploração licenciada ou de outra área degradada, independentemente da sua localização e autorizada pelo ICNF, nos seguintes termos:

i. Nas explorações de massas minerais com área superior a 1 ha, até 10% da área licenciada, sendo que à área de ampliação acresce a área entretanto recuperada;

ii. Nas explorações de massas minerais com área inferior ou igual a 1 ha, até 15% da área licenciada, sendo que à área de ampliação acresce a área entretanto recuperada;

iii. As ampliações podem contemplar uma área superior ao estipulado, desde que os planos de pedreira considerem o faseamento da lavra e recuperação, de modo a cumprir com o previsto nas alíneas anteriores.

O POPNSAC prevê ainda no n.º 1 do artigo 20º da RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto, que nas “áreas com características especiais que requerem a adoção de medidas ou ações específicas que, pela sua particularidade, não são totalmente asseguradas pelos níveis de proteção anteriores, é aplicado um regime de intervenção específica”, prevendo na alínea d) do n.º 3 do referido artigo 20º “Áreas de Intervenção Especificas” (AIE) para “Áreas sujeitas a exploração extrativa”.

Neste âmbito, foram definidas as seguintes AIE, para a exploração extrativa:

a) Codaçal;

b) Portela das Salgueiras;

c) Cabeça Veada;

d) Pé da Pedreira;

e) Moleanos;

f) Alqueidão da Serra.

Para as AIE mencionadas, é estipulado que “devem ser elaborados planos municipais de ordenamento do território visando o estabelecimento de medidas de compatibilização entre a gestão racional da extração

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de massas minerais, a recuperação das áreas degradadas e a conservação do património natural existente tendo em conta os valores e sensibilidade paisagística e ambiental da área envolvente”.

Para cumprimento desta medida, a ASSIMAGRA – Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins, em parceria com o ICNF, apresentou uma candidatura ao Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) no âmbito do “Projeto-âncora - Sustentabilidade ambiental da Indústria Extrativa”, onde se enquadrou o projeto “Exploração Sustentável de Recursos no Maciço Calcário Estremenho”, (COMPETE - SIAC - AAC nº 01/SIAC/2011 - Projeto nº 18640 – ASSIMAGRA), a qual previa, entre outras ações, a elaboração dos planos municipais de ordenamento do território, para cinco das AIE previstas no artigo 24º da RCM n.º 57/2010; de 12 de agosto, nomeadamente “Codaçal”, “Portela das Salgueiras”, “Cabeça Veada”, “Pé da Pedreira” e “Moleanos”.

A forma escolhida para a elaboração dos planos municipais de ordenamento do território foi na modalidade de Plano de Intervenção em Espaço Rural, sendo a responsabilidade da sua elaboração das respetivas Câmaras Municipais, processo em fase de concussão nesta data.

Na candidatura também estava previsto a execução de Projetos Integrados para cada um dos núcleos de pedreiras, nos termos do artigo 35º do Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de outubro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 6 de outubro, sendo a entidade responsável pelos referidos projetos a Direção Geral de Energia e Geologia.

Neste âmbito, foram sujeitos a procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental os Projetos Integrados dos Núcleos de Pedreiras do Codaçal, da Portela das Salgueiras, da Cabeça Veada e do Pé da Pedreira, para os quais já foram emitidas as respetivas Declarações de Impacte Ambiental.

CARACTERIZAÇÃO DAS EXPLORAÇÕES DE MASSAS MINERAIS QUE OCORREM NO PNSAC

No essencial poderemos distinguir quatro grandes tipos de pedreiras, que depois se subdividem conforme o tipo de material extraído:

 Pedreiras de Rocha Industrial:

i. Britas;

ii. Dolomitos;

iii. Cal.

 Pedreiras de Rocha Ornamental (blocos);

 Pedreiras de Calçada (branca e preta);

 Pedreiras de Laje.

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Ao nível dos processos ativos existentes no PNSAC, e de acordo com a base de dados do ICNF/PNSAC, verifica-se o seguinte:

Quadro 13 - Número de processos ativos por Tipologia de Pedreira no PNSAC (maio 2020) Tipologia Pedreira N.º Processos

Pedreiras Licenciadas Processos Ativos Explorações com caução Rocha Ornamental 90 104 88

Rocha Industrial 18 22 18

Aterro 1 1 0 Calçada 177 213 177 Laje 24 45 44

TOTAL 310 385 327

Relativamente às explorações de massas minerais, nos últimos anos não têm ocorrido novos processos de Pedreiras de Calçada e Laje, verificando-se a recuperação de um grande número de explorações desta tipologias para efeitos de cumprimento do POPNSAC, referente à instalação e ampliação de Pedreiras de Rocha Industrial e Ornamental. Já no que diz respeito aos processos ativos não licenciados, no que concerne às Pedreiras de Calçada e Laje, e conforme já anteriormente mencionado, estas áreas também têm sido objeto de recuperação, sendo que para as Pedreiras de Rocha Ornamental têm-se verificado que para a grande maioria foi solicitada a sua regularização nos termos do previsto no Decreto-Lei n.º 165/2014, de 5 de novembro, o que faz com que haja um aumento de área em exploração relativamente à efetivamente licenciada.

Comparando os dados dos processos atualmente ativos, com os existentes em 2008, quando da elaboração do Relatório de Caraterização efetuado no âmbito da primeira revisão do POPNSAC, constata- se que em termos globais existe uma diminuição do número de explorações de massas minerais com processos ativos em cerca de 20%, enquanto em termos de pedreiras licenciadas essa variação é de 13%.

Já no que respeita à área efetivamente intervencionada, existe um aumento da área total ocupada pelas explorações de massas minerais, em cerca de 15%, decorrente principalmente de alguns processos de pedreiras de rocha ornamental, que apresentaram os respetivos pedidos de regularização ao abrigo do Decreto-Lei n.º 165/2014, de 5 de novembro e para os quais ainda não foram efetuadas as recuperações previstas nos n.º 6 (ampliações) e 8 (instalações de novas explorações) do artigo 32º da RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto (nestes processos a diferença entre as áreas licenciadas e consideradas intervencionadas antes da entrega dos pedidos de regularização e as áreas a regularizar e já intervencionadsas é de cerca de 20 ha).

Nos Quadros seguintes estão sintetizados os dados referentes ao n.º de processos e áreas afetadas pela exploração de massas minerais, por tipologia de pedreiras, entre os anos de 2008 e 2018.

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Apresenta-se igualmente Carta com a distribuição das pedreiras no PNSAC, entre os períodos de 2008 e 2018.

Quadro 14 – Variação do número de processos ativos por tipologia de Pedreira no PNSAC (2008-2018) Tipologia Pedreira N.º Processos

Pedreiras Licenciadas Processos Ativos Variação (%)

2008 2018 2008 2018 Licenciados Ativos Rocha Ornamental 92 90 120 104 -2 -15 Rocha Industrial 22 18 30 22 -18 -27

Aterro 1 1 1 1 0 0

Calçada 233 184 279 220 -21 -21

Laje 17 24 58 45 +41 -22 TOTAL 365 3172335 488 3922410 -13 --85

Quadro 15 – Variação da área afetada pela exploração de massas minerais por Tipologia de Pedreira no PNSAC entre 2008 e 2018 Tipologia Pedreira Área afetada por tipologia de pedreiras (ha)

2008 2018 Variação (%) Rocha Ornamental; Rocha Industrial; Aterro 449,5 586,4 +30 Calçada 194,5 162,9 -16

Laje 28,6 27,2 -5

TOTAL 672,6 776,5 +15

Figura 15 – Carta das Áreas de Pedreiras

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AÇÕES DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EFETUADAS NO PNSAC

O ICNF/PNSAC, entre 1995 e 2005, realizou ações de recuperação de áreas degradadas através de Fundos Comunitários, que teve como objetivos principais:

 A recuperação de áreas degradadas, essencialmente pedreiras abandonadas;

 O aproveitamento de áreas degradadas para o estabelecimento de outros usos, como por exemplo a construção de pontos de água para utilização da fauna e defesa da floresta contra incêndios, a qual será articulada com os Serviços Municipais de Proteção Civil /Gabinetes Técnicos Florestais, a fim de integrarem os Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios, sempre que tecnicamente possível;

 A realização de sementeiras e/ou plantações com espécies autóctones, de modo a repor a vegetação natural;

 Contribuir, através da demonstração de técnicas de recuperação paisagística em zonas de grande concentração da atividade de extração, com o consequente efeito pedagógico sobre os exploradores das pedreiras;

 Ter um valor de referência real para o cálculo do custo de recuperação/m2, com especial incidência para as pedreiras de calçada e laje, para efeitos de estabelecimento da caução;

 Publicação de um Guia de Recuperação de Áreas Degradadas, o qual ocorreu em 2005.

Em termos de tipologia pedreira/área degradada e área recuperada foram efetuados os seguintes ações:

Quadro 16 – Recuperações efetuadas pelo PNSAC entre 1995 e 2005 Tipologia Pedreira Área (hectares)

Rocha Ornamental 11,0 Rocha Industrial 2,0 Calçada 122,0 Laje 38,5 Zona de deposição de entulhos e inertes 3,0 TOTAL 176,5

Conforme já referindo anteriormente, com a revisão do POPNSAC, através da RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto, o seu Regulamento veio criar novas regras quanto à instalação e ampliação de exploração de massas minerais,assim, desde a entrada do novo regulamento, foram recuperadas as seguintes áreas, constante do quadro abaixo, no âmbito de processos para a instalação de novas explorações de massas minerais e ampliação das existentes, sendo que algumas das áreas recuperadas não foram identificadas como pedreiras ativas nos quadros mencionados anteriormente, uma vez que se tratam de áreas abandonadas há muitos anos e sem processo administrativo.

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Quadro 17 – Recuperações efetuadas pelos exploradores (maio 2020)

2 Tipologia Pedreira Número Áreas Pedreiras Licenciadas Área Recuperada (m ) Rocha Ornamental 8 3 124.606 Rocha Industrial 7 1 65.180 Calçada 65 57 474.031

Laje 27 10 149.218 Outras Áreas Degradadas 4 0 56.917 TOTAL 111 71 869.952

3.4.2.3 Parques Eólicos

Nos últimos anos tem-se assistido à instalação de um número considerável de Parques Eólicos, quer na área do PNSAC, quer na sua envolvente.

Atualmente estão instalados os seguintes Parques Eólicos (Fonte: http://e2p.inegi.up.pt):

 Serra dos Candeeiros, com 42 aerogeradores e uma potência instalada de 121 MW (entrada em funcionamento em 2005);  Chão Falcão, com 40 aerogeradores e uma potência instalada de 90,5 MW (entrada em funcionamento em 2005);  Marvila, com 6 aerogeradores e uma potência instalada de 12 MW (entrada em funcionamento em 2008);  Bairro, com 11 aerogeradores e uma potência instalada de 22 MW (entrada em funcionamento em 2009);  Portela do Pereiro, com 4 aerogeradores e uma potência instalada de 7,8 MW (entrada em funcionamento em 2014);  Marvila II, com 6 aerogeradores e uma potência total de 20,7 MW (2019).

Encontra-se igualmente em fase de licenciamento a instalação do Parque Eólico da Maunça e do Cabeço Gordo.

Face ao número de Parques Eólicos já existente e decorrente dos impactes que estas infraestruturas têm ao nível da conservação da natureza, nomeadamente na mortalidade da avifauna, considera-se que nesta fase o enfoque desta atividade deverá ser na promoção de medidas de monitorização e na adoção de novas medidas de salvaguarda das espécies que têm sido afetadas por estas infraestruturas.

Considera-se ainda, que estando numa área protegida, os impactes sobre a paisagem têm contribuído para uma degradação da mesma.

Face ao referido, considera-se que deverá ser opção da Administração, durante o período de vigência do Programa Especial do PNSAC, não haver a instalação de novos Parques Eólicos, mas sim haver uma prioridade na avaliação, quer dos Programas de Monitorização adotados ou a adotar, quer nas medidas de salvaguarda que vierem a ser implementadas.

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3.5 CARACTERIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO CULTURAL

3.5.1 PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO

O PNSAC tem vestígios de ocupação humana desde os tempos mais remotos da humanização da Península Ibérica, nomeadamente desde o Paleolítico Inferior até à atualidade, ou seja, desde as primeiras ocupações do MCE, o homem nunca mais abandonou este território, ocupado de diferentes formas em diferentes épocas, de acordo com as necessidades e caraterísticas de cada núcleo civilizacional.

O Património Arqueológico do PNSAC cuja dimensão, complexidade e interesse cultural e científico estão documentados ou inventariados na base de dados do Endovélico5, estende-se por toda a Área Protegida, em sítios de território humanizado mas outros sem atividade humana desde há séculos ou milénios (cavidades naturais e áreas sem atividade humana recente).

A atividade arqueológica no território do PNSAC e área envolvente (MCE) remonta ao final do século XIX com as prospeções e escavações de Vieira da Natividade, depois na década de 1960 sob orientação de Manuel Heleno. Nas últimas 2 décadas, a Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia (Torres Novas), sob coordenação do Professor João Zilhão, desenvolveu um projeto alargado de investigação sistemática sobre o povoamento do PNSAC e sua periferia, com foco especial na Pré-História.

Neste âmbito destacam-se os seguintes projetos de investigação:

 Da responsabilidade científica de João Zilhão, de Anthony Marks, João Pedro da Cunha Ribeiro e Francisco Almeida indica-se o projeto de investigação “O Paleolítico da Gruta do Almonda e a Extinção dos Neandertais Ibéricos;

 Atualmente João Zilhão é o responsável pelo projeto de investigação “Arqueologia e Evolução dos primeiros Humanos na Fachada Atlântica da Península Ibérica”, o qual engloba o estudo arqueológico do sistema cársico do rio Almonda;

 De referir ainda outros projetos de investigação arqueológica com interesse: “Padrões de povoamento antigo na Alta Estremadura - da Idade do Ferro à romanização”; e “Levantamento e Estudo do Património Arqueológico do Concelho de Porto de Mós”, da responsabilidade científica de Jorge Figueiredo; a “Carta Arqueológica do Concelho de Ourém”, da responsabilidade científica de Jaqueline Pereira; “A Pré-história do Maciço Calcário das Serras de Aire e Candeeiros e bacias de drenagem adjacentes”, da responsabilidade científica de João Pedro da Cunha Ribeiro; “Habitats de ar livre do Bronze Pleno da Serra d' Air”e, da responsabilidade cientifica de Maria

5http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/?sid=sitios - Portal do Arqueólogo – Base de dados dos sítios arqueológicos em Portugal (Integrado na DGPC) 95

João Jacinto e de Filipa Mascarenhas Neto; “A Paleoecologia e Ocupação Humana da Lapa do Picareiro”, da responsabilidade científica de Nuno Bicho, e, ainda “A Serra e o Mar: Ecodinâmicas humanas na Fachada Atlântica durante o Paleolítico”, da responsabilidade científica do Professor Doutor Jonathan Adams Haws.

ENQUADRAMENTO LEGAL DA ARQUEOLOGIA NA GESTÃO DO TERRITÓRIO

“O património cultural inclui todos os elementos com interesse cultural relevante designadamente históricos paleontológico arqueológico arquitetónico, os quais refletem valores de memória, antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade.” (n.º3, artigo 2.º - Lei n.º107/2001, de 8 de setembro).

Do enquadramento legal do Património Cultural destacam-se os seguintes diplomas:

 Lei ng 107/2001 de 8 de setembro - Bases da Política e Regime de Proteção e Valorização do Património Cultural;

 Decreto-Lei n.º 164/2014, de 4 de novembro - publica o Regulamento de Trabalhos Arqueológicos;

 Decreto do Presidente da República nº 74/97, de 16 de dezembro - Convenção Europeia para a Proteção do Património Arqueológico (La Valetta, , 1992);

 Decreto-Lei n° 164/97, de 27 de junho - Património cultural subaquático;

 Lei nº 121/99, de 20 de agosto - Utilização de Detetores de Metais.

A tutela e gestão do Património Arqueológico são da responsabilidade da DGPC, sendo que o PNSAC está dividido entre uma área sob a tutela direta da DGPC (Lisboa e Vale do Tejo), e outra área da Direção Regional de Cultura do Centro-DRCC (Região Centro), por subdelegação de competências da DGPC.

Apenas o concelho de Porto de Mós está na esfera de atuação da DRCC, nos termos do Decreto-Lei n.9 114/2012 de 25 de maio, sendo que os restantes 6 concelhos (Alcanena, Alcobaça, Ourém, Rio Maior, Santarém e Torres Novas), encontram-se sob a tutela da Direção-Geral do Património Cultural, criada com o Decreto-Lei n.9 115/2012 de 25 de maio.

Os Municípios têm igualmente uma função de proteção e preservação, esplanada através da Carta de Património dos PDM, na qual se prevê o registo cartográfico e documental dos sítios de interesse arqueológico (classificados, em vias de classificação, identificados e inventariados).

As Cartas de Património do PDM de cada Município devem ser os instrumentos de ordenamento e registo mais completo de Património Cultural, por se realizarem a uma escala local/concelhia, com o seguinte

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enquadramento legal: nº 3 do art. 39; nº 3 do art. 769, e nº 1 do art. 799,da Lei n9 107/2001, de 08 de setembro.

No âmbito do ordenamento do território os municípios quando procedem às revisões dos PDM devem proceder à atualização da informação sobre o património arqueológico através da elaboração da carta de património arqueológico com base no conhecimento sistematicamente adquirido, conforme o constante no número 1 do Artigo 799 da Lei n.9 107/2001, de 8 de setembro, bem como na alínea b) do n.9 1 do Artigo 4.9, alínea g) do Artigo 10.9 e Artigo 17.9 do Decreto-Lei n.980/2015 de 14 de maio. A identificação dos sítios arqueológicos através de trabalhos de prospeção e a sua integração nas Propostas de Plano, permite uma política de ordenamento que tendo por base os elementos patrimoniais inventariados, contribuirá para a sua salvaguarda, e, valorização como recurso cultural do território.

A classificação de Bens Culturais decorre do Decreto-Lei n.° 140/2009, de 15 de junho, que estabelece o regime jurídico dos estudos, projetos, relatórios, obras ou intervenções sobre bens culturais classificados, ou em vias de classificação, de interesse nacional, de interesse público ou de interesse municipal, e, o Decreto-Lei n.° 309/2009, de 23 de outubro, que estabelece o procedimento de classificação dos bens imóveis de interesse cultural, bem como o regime jurídico das zonas de proteção e do plano de pormenor de salvaguarda.

Neste enquadramento, o PNSAC apresenta um conjunto de bens culturais classificados muito diversificado no âmbito cronológico e nas tipologias de bem cultural, integrados em diferentes categorias de classificação previstas - Monumento Nacional, Imóvel de Interesse Público, e Imóvel de Interesse Municipal.

No Anexo 8.10. apresenta-se o Quadro com a Lista do Património Cultural Classificado, bem como no Anexo 8.11. o mapa com a localização dos Sítios Arquelógicos que ocorrem na área do PNSAC.

3.5.2 PATRIMÓNIO ETNOGRÁFICO E PATRIMÓNIO ETNOLÓGICO

PATRIMÓNIO ETNOGRÁFICO

A região das Serras de Aire e Candeeiros possui um património etnográfico, material e imaterial, com caraterísticas muito vincadas e distintas, de acordo com a vivência e convivência entre as comunidades e a paisagem cársica que carateriza o MCE. De acordo com os diferentes recursos e paisagens, diferem também os aspetos socioeconómicos e socioculturais. As aldeias situadas na beira-serra e nas depressões apresentam caraterísticas diferentes das aldeias do alto da serra.

Na beira serra e nas depressões abundam os terrenos férteis e água à superfície que permitem diversas culturas e o farto sustento dos animais. As habitações típicas destas aldeias tinham 2 pisos, com alpendre

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e anexos para apoio à vida rural. Os lagares de azeite, eram uma fonte de rendimento importante e localizavam-se nestas aldeias da beira-serra, onde ainda hoje se podem encontrar alguns lagares com sistemas tradicionais em laboração (Alcanena, Porto de Mós e Rio Maior).

No alto da serra, o clima e a rudeza da paisagem revê-se claramente nos terrenos mais pobres, que exigem o arroteio e a despedrega antes de se prestarem para fins agrícolas. Aqui as casas são de piso térreo, com anexos pequenos, enquanto os parcos terrenos aproveitados para alguma agricultura e silvicultura, situavam-se nas encostas, delimitados com muros de pedra rigorosamente aparelhada sem qualquer tipo de argamassa. Estes “desenhos” de pedra que tanto marcam a paisagem do PNSAC são denominados de chousos ou serrados.

A água sempre foi um dos principais problemas das populações serranas. Devido à natureza calcária do Maciço, era inútil abrir poços. As cisternas são uma constante no alto da serra, para armazenar as águas das chuvas. Muitos pequenos algares e reentrâncias em rocha, naturalmente impermeabilizados, eram cobertos por lajes ou abóbadas edificadas, e assim aproveitados para acondicionar água. Junto às casas as cisternas recolhiam a água dos telhados através do sistema de beirados e escoamento. As cisternas constituem um elemento de importância vital nas aldeias e um exemplo marcante da arquitetura rural do PNSAC. Ainda se podem ver cisternas tradicionais em Casais Monizes e em Chãos.

As eirase os moinhos são estruturas edificadas tradicionais e ligadas à agricultura, muito abundantes na região. As eiras serviam para a debulha e secagem de cereais e legumes, mas também como espaço de convívio ao longo do tempo de trabalho ou como espaço de lazer ao final do dia. Podem observar-se ainda, na Serra dos Candeeiros, eiras com a forma circular, mas também retangulares, delimitadas por pequenos muros, apenas com uma abertura para permitir a entrada e saída, lajeadas em pedra aparelhada ou em pedra tosca.

Os moinhos mais comuns no PNSAC são os Moinhos de Vento, aproveitando a energia do vento forte e constante que se faz sentir nas zonas mais altas. Nas imediações do MCE, acompanhando as linhas de água já nas zonas mais baixas, no rebordo das Serras, encontravam-se alguns moinhos de água, cujos engenhos (rodízio e azenha) eram movidos pela energia das águas, que era canalizada de forma a manter o máximo de rendimento durante todo o ano. Ambas as tipologias de moinhos são idênticas na sua função assim como no mecanismo interior, servindo essencialmente para moagem dos cereais. Um sistema de moagem idêntico era também utilizado para esmagar a azeitona e fazer o azeite, nos lagares. Mas nas zonas altas da serra, onde não corre água, a força motriz mais comum utilizada nos lagares era o animal, bovino ou asinino.

As tradicionais Covas do Bagaço são um bom exemplo do aproveitamento das caraterísticas geológicas do Maciço Calcário, neste caso para a função de lagar. Trata-se de um pequeno reservatório circular

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escavado no solo com um muro à volta. O Bagaço da azeitona (restos da produção tradicional de azeite) guardava-se nas Covas do Bagaço para depois ser usado na alimentação de animais domésticos e para adubar as terras. Apesar de pedregoso e seco o solo da Serra dos Candeeiros é favorável à produção de oliveiras e azeitona.

PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL

“ (…) salvaguarda, valorização e divulgação do património cultural imaterial (PCI), (…) proteção legal (…) definição e difusão de metodologias e procedimentos de salvaguarda.

(…) a proteção legal dos bens culturais imateriais assenta exclusivamente no registo patrimonial de «inventariação”.6

Outro aspeto que caracteriza o ambiente humano das Serras de Aire e Candeeiros é a religiosidade. Apesar do domínio da religião católica, persistiram sempre costumes e práticas de natureza pagã, que conservam heranças e memórias de ritos e mitos de muitas gerações. A religião está presente na arquitetura rural. Não só nas Igrejas, mas também pelos campos, em currais e outras estruturas de apoio agrícola, erguem-se cruzes relacionadas com as comemorações das Maias, um ritual de tradição nacional, no início de maio, que na sua essência comemora o vigor da primavera através das flores coloridas que são colocadas em locais públicos, à vista de todos. Trata-se de uma celebração de origem pagã, que a prática católica tentou apagar e até enquadrar no calendário cristão, mas sem grande sucesso. Tal como as Maias, o calendário marca outros rituais e festividades ainda existentes em algumas aldeias, como são exemplo as Janeiras, um pouco por todas as aldeias das Serras, mas também as Cantigas das Almas, que persiste em Alvados.

Os hábitos e costumes das épocas mais recentes podem ainda ver-se através das danças, cancioneiros, usos e costumes tradicionais que estão documentados no trabalho de alguns grupos folclóricos associativos: Moleanos, Alecrim da Serra, Pedreiras, Cabeça Veada, Arrimal, Chãos, Moitas Venda e Covão do Coelho.

6http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imaterial/ 99

O EXEMPLO DE CHÃOS E A TERRA CHÃ – PROJETO DE VALORIZAÇÃO DA MEMÓRIA LOCAL

Chãos é uma pequena povoação pertencente à freguesia de Alcobertas, concelho de Rio Maior, situada num pequeno planalto na vertente sul da Serra dos Candeeiros.

O seu nome provém dos terrenos, bons para cultivo (terra Sã/chã), na qual a propriedade é dividida por muros de pedra, algumas cisternas e eiras.

Trata-se de um projeto de salvaguarda do Património Etnográfico, material e imaterial, que surgiu a partir do interesse da população local, envolvendo a comunidade através das entidades associativas de âmbito sociocultural e agentes económicos locais ligados a atividades rurais, para a valorização e promoção do território com fins turísticos e promoção de produtos artesanais das Serras de Aire e Candeeiros.

3.5.3 MUSEUS E CENTROS DE INTERPRETAÇÃO (PATRIMÓNIO MÓVEL)

A memória de um território é composta pelos vestígios que ficam ao longo do tempo e que servem de testemunho às vivências das comunidades. Os museus têm essa importante e nobre função, a de recolha, seleção, conservação e valorização do património móvel que carateriza o património e a identidade de um determinado território. Para garantir a proteção dos Bens Culturais Móveis, o Inventário assume um importante papel de instrumento de registo, salvaguarda e preservação. Trata-se de um património que, pela sua mobilidade e fácil alteração de ambiente, se torna mais volátil e frágil. O Inventário prevê e garante o registo documental, fotográfico e gráfico dos bens móveis, a sua localização e estado de conservação.

É por isso importante assinalar os museus, centros de interpretação e locais de reserva e exposição na área do PNSAC e da área adjacente, sempre que o conteúdo das coleções reporte a memórias e identidade daquele território.

MONUMENTO NATURAL DAS PEGADAS DE DINOSSÁURIOS DE OURÉM/TORRES NOVAS

Trata-se de uma estrutura museológica de valorização do Património Natural Paleontológico, sob a responsabilidade científica e técnica do ICNF. Após a descoberta de um conjunto de pegadas de Saurópodes, em 1994, foram efetuados diversos estudos científicos que culminaram na criação de uma estrutura de visitação, inaugurada em 1997. O Monumento Natural das Pegadas dos Dinossáurios de Ourém/Torres Novas (MNPDOTN), também conhecido por Pedreira do Galinha, situa-se na vertente oriental da Serra de Aire, nos limites dos concelhos de Ourém (freguesia de Nª Sra. das Misericórdias) e Torres Novas (freguesia de Chancelaria), classificado através do Decreto-Regulamentar. N.º 12/96, de 22 de outubro.

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Na jazida de icnofósseis, que ocupa uma superfície de cerca de 60.000 m2, podemos observar várias centenas de pegadas organizadas em cerca de duas dezenas de pistas entre as quais a mais longa pista (147 m de comprimento) de dinossáurio saurópode, até hoje conhecida no mundo.

Com um conteúdo pedagogicamente elaborado, acessível a diversos tipos de público, o MNPDOTN é a estrutura museológica de maior dimensão do PNSAC, localizado a cerca de 10km do Santuário de Fátima, um dos maiores e mais importantes destinos do turismo na Região Centro de Portugal.

A sua localização estratégica junto a focos de interesse turístico internacional (Fátima, Alcobaça, Tomar e Nazaré) e o interesse generalizado do motivo de atração do Monumento - os Dinossáurios e o imaginário do ambiente do Jurássico, fazem deste equipamento um foco de atenção especial para a rentabilização do turismo local e regional, com escala de interesse nacional e internacional.

GRUTA DO ALGAR DO PENA

O “Algar do Pena” – assim denominado em honra do seu descobridor - é uma cavidade muito interessante do ponto de vista paisagístico, integrando a maior sala subterrânea conhecida em Portugal.

Aberta em calcários do Jurássico Médio, à cota de 342 metros, no flanco esquerdo do Vale do Mar, a gruta é constituída por uma grande sala alongada na direção nordeste-sudoeste. Nela, são visíveis vários testemunhos relacionados com os diferentes processos que intervieram nas diversas fases da sua criação e evolução, como o que resta da fase inicial de escavamento de uma galeria de dimensões apreciáveis (perto de dez metros de diâmetro), que em períodos mais quentes do Planeta, ter-se-á formado em resultado do movimento das águas subterrâneas que no passado aí circulavam.

De elevado valor cénico, científico e estratégico dadoas suas características biofísicas e localização geográfica, o Algar do Pena foram selecionadas em 1993 pelo PNSAC para instalar o Primeiro Centro de Interpretação Subterrâneo em Portugal.

Após três anos de estudos o Centro de Interpretação Subterrâneo da Gruta Algar do Pen” (CISGAP) foi inaugurado a 5 de junho de 1997.

O CISGAP é uma infraestrutura do ICNF, sendo que a sua missão está marcadamente dirigida para a valorização do património espeleológico cársico, a qual está assente em quatro vertentes funcionais: apoio à investigação científica e tecnológica; divulgação científica e educação ambiental; apoio às estratégias de turismo e desporto de natureza adotadas pelo ICNF; e finalmente como estrutura de apoio à formação de espeleólogos.

Desde o início que o CISGAP tem tido um papel verdadeiramente inovador na conjugação da visitação do meio cavernícola com a promoção da cultura científica e com a educação para a sustentabilidade. Foi pioneiro na avaliação de impactes ambientais, no estabelecimento da capacidade de carga e 101

monitorização ambiental aplicados ao meio cavernícola, bem como na aplicação do conceito e no desenvolvimento de modelos de uso sustentável do património espeleológico.

Dentro do mesmo conceito, à superfície, a memória histórica ligada à descoberta da cavidade foi igualmente preservada. A antiga pedreira de calçada, abandonada pouco depois da descoberta da cavidade, foi intervencionada no sentido de requalificar o local de forma integrada na paisagem natural envolvente, tendo o edifício de apoio à visitação uma arquitetura minimalista com a inclusão de técnicas e materiais de construção autóctones.

Na sua vocação para o apoio à investigação científica o CISGAP tem vindo a participar, em articulação com as universidades, em vários projetos cujas matérias vão do domínio da geologia à climatologia e à biologia. Neste último destaca-se em 2007 a descoberta de um endemismo, o Trechusgamae, uma nova subespécie de coleóptero.

A promoção do património natural e da conservação da natureza, a valorização da diversidade geológica e biológica, incluindo os elementos notáveis da geologia, geomorfologia e da paleontologia, a contribuição para a educação para a sustentabilidade e para o aumento da cultura científica dos cidadãos e a criação de competências próprias no domínio da inovação tecnológica, são os objetivos que norteiam os projetos atualmente em curso.

Até à data não foram postas a descoberto novas estruturas que permitam a continuação das explorações.

As visitas ao CISGAP são efetuadas por meio de marcação prévia de forma a compatibilizar a procura com a capacidade de carga da gruta estando disponíveis três tipos: visitas simples; visitas integradas (contemplando outros valores do património regional); e visitas integrais à totalidade da gruta atualmente conhecida, mediante o uso de técnicas de corda para apoio à progressão7.

CENTRO DE CIÊNCIA VIVA DO ALVIELA – CARSOSCÓPIO

O Centro Ciência Viva do Alviela-Carsoscópio encontra-se localizado no MCE, em Alcanena, junto à nascente do rio Alviela, a mais importante nascente cársica de Portugal, integrando o sítio Ramsar 1616 – Polje de Mira- Minde e nascentes associadas da ZEC “Serras de Aire e Candeeiros”. É um espaço interativo de divulgação científica e tecnológica, integrado na Rede de Centros Ciência Viva, constituído a 22 de outubro de 2010. São membros associados a Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica – Ciência Viva, a Câmara Municipal de Alcanena, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e o Politécnico de Leiria.

7 Informações e marcações: Telf.: 243400630; [email protected]; Informações também disponíveis em www.icnf.pt e em www.natural.pt 102

As exposições interativas do Centro Ciência Viva do Alviela foram concebidas de modo a representar os aspetos mais relevantes do MCE. Desde a estrutura da paisagem à fauna característica (os morcegos), o Centro Ciência Viva do Alviela permite aos visitantes iniciar uma viagem virtual no Maciço, despertando a curiosidade para uma visita a esta região de particularidades geológicas, fauna e flora singulares.

Na sua programação anual constam ações de divulgação científica e de sensibilização ambiental, tais como, Cafés de Ciência, Noite dos Morcegos, participação no programa nacional Ciência Viva no verão, Semana da Ciência e Tecnologia, e realização de passeios científicos que dão a conhecer a geologia, a fauna e a flora do Maciço Calcário Estremenho. O Centro Ciência Viva tem, nas suas valências, um Observatório de Morcegos Cavernícolas desde 2003, devido à existência, nas grutas do Alviela, de um dos mais importantes abrigos de maternidade de morcegos cavernícolas de Portugal. Equipado com um sistema de videovigilância de visão noturna de alta resolução, permite observar, em direto, cerca de 5000 morcegos de 12 espécies diferentes.

O Centro Ciência Viva do Alviela assume um importante papel na educação ambiental da sociedade civil através de atividades de comunicação direcionadas, que abrangem diversos tipos de público, tendo recebido, desde a sua abertura em 2007, até 2018, mais de 160.000 visitantes.

CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DAS SERRAS DE AIRE E CANDEEIROS” (CISAC) – PORTO DE MÓS

O Centro de Interpretação das Serras de Aire e Candeeiros (antiga Ecoteca de Porto de Mós) é uma porta de entrada no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e um espaço dedicado à divulgação dos valores naturais, sendo um ponto de encontro de utentes e agentes da educação ambiental e um recurso para as escolas, onde as e os professores poderão dinamizar aulas, visitar exposições, assistir a palestras e observar a Serra junto ao leito do Rio Lena. Um espaço pedagógico dedicado às temáticas científicas que mais interagem no MCE, localizado no centro da cidade de Porto de Mós, de fácil acesso e com um enquadramento visual de excelência para a paisagem das Serras de Aires e Candeeiros.

MUSEU DA BONECA (ALCANENA)

O Museu da Boneca é um equipamento tutelado pela Câmara Municipal Alcanena que expõe e divulga uma coleção visitável de bonecas, propriedade de Rosa Maria Vieira. A coleção conta com cerca de 7.000 exemplares de bonecos e bonecas das mais variadas formas, tamanhos e materiais.

Para além da área expositiva, o Museu da Boneca compreende também um espaço onde, através de materiais didáticos alusivos à coleção, incentivar-se-á a interpretação e assimilação de algumas noções de património material e imaterial.

O Museu da Boneca abrange, ainda, o Hospital das Bonecas, espaço dinamizado pela colecionadora.

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MUSEU DE AGUARELA ROQUE GAMEIRO (ALCANENA)

O Museu de Aguarela Roque Gameiro, situado em Minde, é o único museu do país totalmente dedicado à aguarela e concretamente à obra do aguarelista português de referência – Alfredo Roque Gameiro (natural de Minde).

Na “Casa dos Açores”, um exemplar notável de arquitectura e de jardins do início do séc. XX ligado à Família do pintor, o Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro (CAORG), depositário de um grande conjunto de obras de sua propriedade (de pertença da família do artista e da Gulbenkian), instalou o Museu de Aguarela dedicado a Roque Gameiro e à prática e ao estudo dessa disciplina artística.

Há algumas décadas atrás existiu em Minde a Casa-Museu Roque Gameiro (1970) que reuniu esse espólio, mas o fraco enraizamento da instituição na comunidade e a degradação do imóvel onde se encontrava instalada, determinaram o seu encerramento (1980).

O projecto retomado no princípio deste século, nasceu de inúmeras actividades sociais desenvolvidas pelo CAORG na comunidade minderica, que juntamente com a Cãmara Municipal de Alcanena não pouparam esforços de maneira a garantir uma recuperação exemplar da Casa dos Açores e jardins, com o objectivo de os transformar numa nova unidade museológica e cultural, ao serviço da população.

A Casa dos Açores apresenta uma grande qualidade artística e construtiva (em que ecoam as ideias inovadoras, de Raul Lino, grande amigo de Roque Gameiro) o que oferece as melhores condições para os fins museológicos para que foi adaptada.

O jardim foi excelentemente conservado e melhorado, bem como o torreão romântico neo-mourisco que se levanta no canto oposto ao da casa.

O Museu de Aguarela Roque Gameiro foi inauguarado em 2009 e o seu espólio é exclusivamente constituído por desenhos e aguarelas, o que implica por razões de conservação, uma rotatividade das peças expostas e o que suscita, por outro lado, um renovado interesse, por parte do público, na visita ao museu.

Na obra de Roque Gameiro reside uma atitude de humildade e de veneração perante a Criação, que transparece nos mais pequenos pormenores, na ternura com que qualquer pedra, qualquer árvore, qualquer reflexo na água é tratado, como que identificando-se com ele. É essa força que nasce da humildade e do respeito pelo objecto, e maximamente quando o objecto de contemplação é uma pessoa, que faz com que nos seus retratos de atinjam alguns dos momentos mais altos da pintura portuguesa.

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CENTRO DE INTERPRETAÇÃO/ATELIER DE TECELAGEM - “MANTA DE MINDE”

O fabrico das mantas, herdeiro dos panos e das estamenhas, foi a principal actividade de Minde a partir dos finais do séc. XIX. Depois da crise económica e social sofrida pela população, na sequência das invasões francesas e das lutas liberais, a segunda metade de oitocentos permitiu o ressurgimento daquela comunidade.

Quando o século XX chegou, e durante largas décadas, as mulheres de Minde, em teares artesanais, teciam as mantas que os homens se encarregavam de vender um pouco por todo o país.

O fabrico das mantas atingiu o seu apogeu nos anos cinquenta do século passado, mas passadas pouco mais de três décadas, já não havia nenhum tear manual a laborar permanentemente em Minde.

Os teares foram desaparecendo, uns porque se estragaram, outros foram desmanchados, muitos serviram de lenha. Poucos se salvaram e, se três ainda hoje são manipulados, deve-se ao empenho com que o CAORG tem procurado aliar a tradição e a memória com a contemporaneidade. A Manta de Minde continua a ser tecida em teares manuais, com lã 100% portuguesa, obedecendo às mesmas cores e padrões. Buscam-se, assim, os fundamentos da ação nas condições históricas e do meio, agentes tanto da preservação como da construção do seu património.

A procura e o incremento do interesse por produtos modernos e actuais, mas genuínos e feitos a partir do tecido, dos padrões e das cores das nossas mantas, conduziram a uma renovada aposta, por parte do CAORG.

Procurar revitalizar esta actividade poderá dar um outro ânimo a uma vila exausta e a precisar de reencontrar o seu destino colectivo.

MUSEU RURAL E ETNOGRÁFICO DE ESPINHEIRO (ALCANENA)

O museu foi inaugurado a 19 de março de 2000, com os trajes, objetos domésticos tradicionais e utensílios agrícolas de outros tempos. Este museu recolhe e expõe o valioso espólio armazenado ao longo dos anos por João Davide Lourenço, constituindo um precioso testemunho das tradições e do património sociocultural e etnográfico do Espinheiro. O espólio do museu está organizado por grupos temáticos: O vinho, a lavoura, a água, os cereais, o azeite, a árvore, a matança do porco, os serradores e a cerâmica. Caraterizando assim, o núcleo da vida, da história, das gentes e das florestas do Espinheiro.

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MUSEU MUNICIPAL DE PORTO DE MÓS (PORTO DE MÓS)

“Aberto ao público desde 1989, o museu recolhe e expõe peças relacionadas com as atividades inerentes ao uso e ocupação do solo, com os recursos geológicos e com a história da exploração e aproveitamento dos carvões da Bacia do Lena. Entre as várias coleções destacam-se a cerâmica da Real Fábrica do Juncal (1770 – 1876), o núcleo epigráfico proveniente de vários pontos do concelho (Romano – Medieval), as coleções de rochas, minerais e fósseis e o núcleo etnográfico. Assume-se como um museu pluridisciplinar tendo como missão (…) valorização da identidade e das singularidades do património do concelho de Porto de Mós” (http://www.municipio-portodemos.pt).

MUSEU MUNICIPAL CARLOS REIS (TORRES NOVAS)

“É uma instituição museológica de natureza generalista e de abrangência regional, (…) procurando assegurar a transmissão da memória e identidade locais.

O Museu Municipal Carlos Reis (…) repositório do património e da memória histórico-cultural do município de Torres Novas e da região que lhe está historicamente ligada, extraindo dos testemunhos materiais que reúne, uma visão global do território e do homem através dos tempos. Espelho das coleções mais significativas do museu, os núcleos expositivos foram concebidos, e organizados, visando a caracterização de Torres Novas, e das suas gentes, desde a Pré-história até aos nossos dias” (http://museu.cm-torresnovas.pt).

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4. AVALIAÇÃO DOS FATORES CONDICIONANTES AO ORDENAMENTO E GESTÃO DA ÁREA PROTEGIDA

O PNSAC é um território singular pela sua geologia, pela humanização da sua paisagem e por um conjunto de valores naturais diversificado que inclui espécies endémicas de distribuição circunscrita.

Neste âmbito, o PNSAC assume-se como uma área de grande importância natural, onde é necessário garantir a conservação da natureza e da biodiversidade, a geodiversidade, a manutenção e a valorização da paisagem, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento económico das populações locais.

A Vegetação Natural Potencial compreende três grandes grupos:

1) Azinhais sobre os calcários duros cársicos de fraca retenção de água pertencentes à série de vegetação Lonicero implexea-Querceto rotundifoliae S.;

2) Carvalhais de carvalho–cerquinho da série Arisaro-Querceto broteroi S., nos locais de maior disponibilidade hídrica que correspondem a substratos mais margosos, bases de encostas e depressões com acumulação de solo e;

3) Sobreirais sobre depósitos detríticos siliciosos: Asparago aphylli-Querceto suberis S.

O coberto vegetal que o PNSAC atualmente exibe é, sobretudo, o resultado de uma intervenção prolongada de diferentes atividades humanas. As variações observáveis na paisagem vegetal, patentes num mosaico variado, são o resultado do um gradiente temporal e da intensidade com que essas atividades têm sido praticadas.

Para além dos fatores antrópicos, o clima, a geologia e os solos são também, obviamente, elementos determinantes do atual coberto e das comunidades vegetais presentes.

O variado mosaico de vegetação existente, dominado por comunidades arbustivas, resulta da alteração imposta por atividades humanas ou por situações especiais muito circunscritas ecologicamente.

Deste modo, as áreas de maior importância conservacionista, do ponto de vista da vegetação, dividem-se em três tipos principais:

 Áreas dependentes da água, geralmente de pequena dimensão, com exceção do Polje de Mira/Minde;

 Áreas dos topos das serras, com especial destaque para o Sul da Serra dos Candeeiros, correspondendo aos habitats de prados e matos rasteiros;

 Áreas de encosta muito acentuada, com habitats especialmente característicos dos calcários.

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Assim, e no que respeita à vegetação, considera-se como pontos fundamentais no zonamento do Parque Natural os seguintes aspetos:

 Do ponto de vista regulamentar há que assegurar que as áreas de habitats mais importantes para a conservação da natureza e da biodiversidade acima indicadas (habitats dependentes da água, os que ocorrem nos cimos aplanados das serras e nas encostas mais acentuadas) e que cobrem extensas áreas do PNSAC, não sejam sujeitas a alterações profundas de uso do solo;

 Por outro lado, do ponto de vista da gestão das atividades há que atender, em especial, à necessidade de garantir que os habitats sensíveis ao abandono continuam sujeitos a algum nível de perturbação (decorrente da atividade de pastorícia, através do fogo controlado ou do corte seletivo da vegetação) que contrarie a sucessão ecológica natural dos matagais e assegure a manutenção do seu valor de conservação.

As Serras de Aire e Candeeiros são um território de grande importância para vários grupos de fauna ao nível regional, dada a natureza peculiar desta área cársica e a sua altitude, face à área envolvente, proporcionando condições favoráveis a um conjunto diversificado de espécies, salvaguardadas no tempo pelo forte condicionamento que aqui encontram o desenvolvimento das atividades humanas, numa região do país bastante intervencionada pelo homem, como é a que abarca as regiões do Oeste e Vale do Tejo.

Neste âmbito, destacam-se a como espécies mais relevantes o Bufo-real (Bubo bubo) e a Gralha-de-bico- vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), esta última com um comportamento particular, que, na área do Maciço Calcário Estremenho, apresenta a curiosidade de se abrigar e nidificar em algares, contrariamente ao que sucede nas outras áreas onde ocorre em Portugal, onde procura fendas e buracos em afloramentos rochosos de difícil acesso.

Salienta-se ainda, as 17 espécies de morcegos que ocorrem no PNSAC, grupo com o maior número de representantes e relevância em virtude do seu estatuto de conservação e dos vários abrigos de morcegos de importância nacional, não só para a hibernação como também para a reprodução.

Assim, é possível definir um conjunto de biótopos onde se enquadram as comunidades de vertebrados das Serras de Aire e Candeeiros, a saber:

• Comunidade faunística dos matos rasteiros e esparsos, correspondente maioritariamente às zonas de maior altitude das serras;

• Comunidade faunística dos alcantilados rochosos, definidas pelas zonas de maior declive ao longo das zonas de escarpas de falha;

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• Comunidade faunística dos matagais, correspondente a áreas de encostas onde ocorreu o abandono da atividade agropastoril, em particular a exploração do olival;

• Comunidade faunística dos espaços florestais, constituída por resquícios da vegetação autóctone localizada em depressões, no sopé das encostas e na orla de espaços agrícolas. A par com áreas florestais de produção de pinheiro e eucalipto, localizadas mais no bordo da serra.

• Comunidade faunística dos espaços agrícolas, localizada no fundo das depressões e na envolvente dos aglomerados populacionais;

• Comunidade faunística das zonas húmidas, com uma localização pontual de lagoas e barreiros, como é o caso das lagoas do Arrimal, por troços de rio que nascem no bordo da serra, como o Rio Alviela, o Rio Lena e a Ribeira de Alcobertas, e o Polje de Mira-Minde, quando ali ocorrem cheias.

Neste âmbito, e ao nível da fauna e dos biótopos, consideram-se como pontos fundamentais a ter em atenção na gestão do PNSAC, os seguintes aspetos:

 Do ponto de vista regulamentar há que assegurar que as áreas de maior importância (que incluem os biótopos de matos baixos e esparsos, as zonas húmidas, os biótopos rupícolas e florestais) não sejam sujeitas a alterações profundas de uso do solo, há semelhança do já referido para a conservação da vegetação;

 Do ponto de vista da gestão das atividades há que atender em especial à necessidade de garantir que os biótopos rupícolas e zonas húmidas mantêm uma tranquilidade compatível com a conservação dos valores que neles se encontram, o que poderá implicar o condicionamento das atividades que possam trazer maiores perturbações (incluindo a caça, o recreio e o turismo).

Em termos de atividades económicas desenvolvidas no PNSAC, além da Agricultura e da Pastorícia, geralmente de subsistência e em declínio, têm lugar a Silvicultura, a Pecuária Intensiva (com predomínio nas explorações suinícolas), o Turismo, a Exploração de Massas Minerais (pedreiras) e a Indústria Transformadora, esta última mais concentrada na periferia do PNSAC (aproveitando a abundância de água das nascentes cársicas da base do Maciço) e as atividades de produção de energia.

No que toca à ocupação humana do território tem vindo a acentuar-se o desequilíbrio entre o escasso povoamento no interior do maciço calcário e a maior densidade na sua periferia. São também significativas as alterações na estrutura da população ativa, que se traduzem num progressivo abandono do setor primário e um aumento dos setores secundário e terciário.

Esta evolução reflete-se no uso do solo e, consequentemente, nos valores naturais que com ele estão diretamente relacionados:

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 Por um lado, há uma diminuição da intensidade de uso da grande maioria do território, ocupado por matos e herbáceas não cultivadas;

 Por outro, aumenta a área ocupada por usos intensivos, embora se mantenham em percentagens relativamente baixas quando considerada a área total do PNSAC, como são exemplo: as áreas urbanas, as pedreiras e os povoamentos florestais de produção.

O corolário destes dois factos manifesta-se da seguinte forma no território do PNSAC:

 A diminuição da atividade no setor primário traduz-se numa intensa recuperação da vegetação autóctone com um grau de cobertura do solo significativamente maior, mas também num aumento das áreas ardidas, e a que corresponde do ponto de vista da conservação da natureza a um risco significativo de perda de habitats e de biodiversidade;

 O aumento de atividade nos setores secundário e terciário, a que estão associadas atividades com fortes impactes no território, ampliando o risco de destruição direta de valores patrimoniais e que pode implicar um acréscimo da perturbação em áreas até agora pouco frequentadas, como as escarpas e as grutas, dada a relação entre a terciarização e o aumento do recreio e do turismo.

A manterem-se as tendências de evolução detetadas admite-se que se assista à recuperação de alguns habitats como os carvalhais e azinhais, e à perda de outros habitats relevantes como os tomilhais e os prados calcários. É igualmente expectável a diminuição da população residente no interior do Maciço Calcário, bem como a destruição direta de património geológico e geomorfológico e o aumento generalizado da perturbação decorrente da intensificação do uso recreativo e turístico do território.

Importa ainda referir, que ocupando o PNSAC uma área significativa do Maciço Calcário Estremenho, singular pela paisagem cársica e pelo património geológico - importantes quer à escala nacional, quer internacional, a Área Protegida funciona como um importante polo de visitação e de investigação devida à diversidade de formas do exo e endocarso; à riqueza estratigráfica e paleontológica; e às abundantes evidências de processos tectónicos e a sua estreita ligação com as formas de relevo e particularidades da sua hidrografia, ao que se associam muitos outros elementos de carácter cultural que convergem para o elevado valor que se atribui ao património geológico existente no PNSAC, que importa salvaguardar.

Para a conservação dos valores naturais do PNSAC considera-se como prioritário um conjunto de ações que importa promover:

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 A conservação dos valores naturais, destacando-se, de entre outros, os prados e arrelvados vivazes, as lajes calcárias, os afloramentos rochosos, os carvalhais, os louriçais e os azinhais, bem como as espécies da fauna associadas a estes biótopos, nomeadamente as aves de rapina, os morcegos cavernícolas e as Gralhas-de-bico–vermelho;

 A conservação e valorização do património geológico, nomeadamente dos geosítios;

 A manutenção de culturas e práticas agrícolas e florestais consentâneas com os objetivos de conservação da natureza, nomeadamente o olival tradicional e o montado esparso, com pastagem em regime extensivo;

 O ordenamento das atividades, recreativas e turísticas pelo seu impacto sobre os valores naturais e a capacidade de carga humana nos ecossistemas;

 O ordenamento e sustentabilidade da indústria extrativa pelo seu impacto significativo ao nível da conservação dos valores naturais e da paisagem;

 A valorização e salvaguarda do património paisagístico, arqueológico, arquitetónico, histórico e etnográfico, com sentido de salvaguarda pelos registos materiais e atividades tradicionais que caraterizam a paisagem e o tecido sociocultural da unidade territorial do PNSAC;

 Disciplinar a edificação dispersa que ocorre no PNSAC fora dos perímetros urbanos consolidados.

Por último, o enorme potencial eólico do Maciço, em particular da Serra de Candeeiros, mercê da sua orientação norte-sul e da localização privilegiada face à envolvente, tornou-o um local muito atrativo para a instalação de Parques Eólicos, tendo neste momento uma potência instalada de 274 MW no PNSAC, distribuída por vários parques eólicos. O impacte destas infraestruturas ao nível da conservação da natureza, nomeadamente na mortalidade da avifauna e de quirópteros, para além dos impactes paisagísticos a da alteração da fisiografia das serras, deve ser equacionado quanto ao prosseguimento desta atividade e em particular à instalação de novos empreendimentos. O enfoque nesta fase deverá ser na promoção de medidas de monitorização e mitigação (quando necessárias) e na adotação de novas medidas de salvaguarda das espécies que têm sido afetadas por estas infraestruturas.

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5. AVALIAÇÃO DA COMPATIBILIDADE COM A REDE NATURA 2000/RELATÓRIO DE CONFORMIDADE COM O PSRN2000

O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) foi criado pelo Decreto-Lei n.º 118/79, de 4 de maio, abrangendo uma área significativa do Maciço Calcário Estremenho, singular pela sua geologia, pela humanização da sua paisagem e por um conjunto de valores naturais diversificado que inclui espécies endémicas de distribuição circunscrita.

O interesse na proteção, conservação e gestão deste território resulta ainda do facto de integrar a Zona Especial de Conservação (ZEC) das Serras de Aire e Candeeiros (aprovada pelo Decreto Regulamentar n.º 1/2020 de 16 de março, que procede à classificação como ZEC) de todos sítios de importância comunitária (SIC), da lista nacional de sítios da rede Natura 2000, incluindo o PTCON00015SICSAC, na qual estão identificados os tipos de habitats naturais e as espécies de fauna e da flora que aí ocorrem, previstos no Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, entretanto alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro, bem como pelo Decreto-Lei n.º 156-A/2013, de 8 de novembro.

A ZEC das Serras de Aire e Candeeiros possui um elevado valor para a conservação da vegetação e da flora, já que as características particulares da morfologia cársica conduziram ao desenvolvimento de uma vegetação esclerofílica e xerofílica, rica em elementos calcícolas raros e endémicos.

Merecem destaque as lajes calcárias, dispostas em plataforma praticamente horizontal percorrida por um reticulado de fendas (habitat prioritário 8240), os prados com comunidades de plantas suculentas (habitat prioritário 6110), os arrelvados vivazes, frequentemente ricos em orquídeas (habitat 6210), os arrelvados xerófilos dominados por gramíneas anuais e/ou perenes (habitat prioritário 6220), os afloramentos rochosos colonizados por comunidades casmofíticas (habitat 8210) e os matagais altos e matos baixos calcícolas (habitat 5330), caso dos carrascais.

São também de realçar as grutas e algares (habitat 8310), que proporcionam condições peculiares de micro-habitat possibilitando o refúgio de um interessante elenco florístico e faunístico.

É de referir também a ocorrência de cascalheiras calcárias (habitat 8130), nas quais a vegetação dificilmente se instala, devido à instabilidade do substrato e à ausência de solo à superfície.

São ainda muito importantes os carvalhais de carvalho-cerquinho (Quercus faginea subsp. broteroi) (habitat 9240), de um modo geral localizados no fundo dos vales, os louriçais (Laurus nobilis) com presença frequente de Arbutus unedo e ocasional de Viburnum tinus (habitat prioritário 5230), os prados de Molinia caerulea e juncais não nitrófilos (habitat 6410) e os charcos mediterrânicos temporários (habitat prioritário 3170).

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O elenco florístico na área é notável, dada a presença de inúmeras espécies raras e/ou ameaçadas, muitas delas endemismos lusitânicos, como Arabis sadina, Narcissus calcícola, Iberis Procumbens ssp. microcarpa e Silene longicilia.

Inclui várias grutas importantes para morcegos, entre as quais se destaca a que abriga a única colónia de criação de morcego-lanudo (Myotie emarginatus) conhecida no país. De referir ainda outras grutas com colónias de hibernação e criação de morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersi), morcego-rato-grande (Myotis myotis) e morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale). E ainda a ocorrência de uma comunidade de invertebrados cavernícolas que têm vindo a merecer o interesse crescente da ciência e dos investigadores (como novas espécies e indicadores importantes nos estudos de alterações climáticas).

Nos termos do já citado Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, com as alterações subsequentes, quaisquer revisões ou alterações dos instrumentos de gestão territorial aplicáveis em Rede Natura, devem conter informação que explicite a sua conformidade com os objetivos desta condicionante.

Assim, a revisão do POPNSAC efetuada através da RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto, teve como um dos principais desígnios proceder à adequação do PO aos objetivos prosseguidos pela Rede Natura 2000, através da reavaliação dos regimes de salvaguarda dos recursos e valores naturais existentes e da promoção da necessária compatibilização entre estes e as atividades desenvolvidas na área protegida.

Por essa razão a alínea b) do n.º 2 do artigo 2º da RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto, estabelece como um dos seus objetivos gerais “corresponder aos imperativos de conservação dos habitats naturais e da flora e fauna selvagens protegidas, nos termos do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, com a redação dada pelo Decreto-lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro”.

Assim, o POPNSAC incorporou as orientações de gestão previstas no Plano Sectorial da Rede Natura 2000, aprovado pela RCM n.º 115-A/2008, de 21 de julho, o qual se traduz da seguinte forma:

 O estabelecimento de prioridades de conservação no PNSAC foi efetuado com base num sistema de valoração, no qual se ponderou, entre outros aspetos relevantes para esta área protegida, o estatuto das espécies e habitats em termos da sua listagem em diretivas comunitárias, em particular nas Diretivas 74/409/CEE e 92/43/CEE;

 Grande parte das espécies e habitats de interesse comunitário foram classificados como apresentando prioridade de conservação no PNSAC, o que levou a atribuir-lhes elevado valor na definição das normas de gestão e conservação, e consequentemente permitiu integrar no POPNSAC as necessárias medidas de conservação;

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 Foram também tidas em conta as relações entre as atividades humanas e o estado de conservação das espécies e habitats e avaliada a forma como as diversas atividades contribuem positiva ou negativamente para a manutenção do seu estado de conservação favorável;

 O POPNSAC, publicado pela RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto, enquanto plano de salvaguarda de valores naturais foi estruturado de forma a apresentar objetivos gerais (n.º 2 do artigo 2º) e objetivos específicos (n.º 3 do artigo 2ª), e definir normas regulamentares que permitissem a sua prossecução, enquadrando os usos e as atividades que se desenvolvem no PNSAC e definindo as respetivas restrições e condicionantes, graduadas em função do zonamento e dos respetivos regimes de proteção;

 Assim, ao nível dos regimes de proteção, foram criadas 4 categorias baseadas, em grande medida, nos valores naturais presentes e nas suas exigências ecológicas:

- “Áreas de Proteção Parcial do tipo I” (APPI);

- “Áreas de Proteção Parcial do tipo I” (APPII);

- “Áreas de Proteção Complementar do tipo I” (APCI);

- “Áreas de Proteção Complementar do tipo I” (APCII);

 Estas áreas correspondem a níveis de proteção progressivamente menos restritos, sendo o nível mais elevado (APPI) corresponde a espaços que contêm valores naturais e paisagísticos cujo significado e importância, do ponto de vista da conservação da natureza e da biodiversidade, se assumem no seu conjunto como relevantes ou excecionais, apresentando uma sensibilidade ecológica elevada (n.º 1 do artigo 12º da RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto), a qual visa a manutenção e a recuperação do estado de conservação favorável dos habitats naturais e das espécies da flora e da fauna, bem como a conservação do património geológico (n.º 3 do artigo 12ª);

 Já as APPII correspondem a espaços que contêm valores naturais e paisagísticos relevantes, com moderada sensibilidade ecológica e que desempenham funções de enquadramento ou transição para as APPI (n.º 1 do artigo 14º);

 As APCI correspondem a espaços que estabelecem o enquadramento, transição ou amortecimento de impactes relativamente às áreas de proteção parcial, incluindo também valores naturais e/ou paisagísticos relevantes, designadamente ao nível da diversidade faunística (n.º 1 do artigo 16º);

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 As APCII são as áreas com menor valor e sensibilidade ecológicas, e correspondem a espaços de natureza diversa cujos valores ou necessidades de gestão visam salvaguardar aspetos concretos da singularidade do PNSAC (n.º 1 do artigo 18º);

 Tendo em atenção os aspetos atrás mencionados, conclui-se que que o POPNSAC publicado pela RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto, continha as medidas necessárias à salvaguarda das espécies e habitats de importância comunitária aí existentes e que estiveram na base da designação do SIC “Serras de Aire e Candeeiros”.

Uma vez que o processo de recondução do POPNSAC o Programa Especial (decorrente da Lei n.º 31/2014, de 30 de maio, alterada pela Lei nº 74/2017, de 16 de agosto) se traduz na adaptação do plano de ordenamento vigente ao atual quadro normativo, e que serão mantidas, no geral, as soluções e a expressão territorial dos regimes de salvaguarda contidos no plano aprovado pela RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto (conforme disposto no despacho nº 4269/2017 de 18 de maio), conclui-se pela compatibilidade do Programa Especial do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros com as disposições e objetivos da Rede Natura 2000, concretamente da ZEC das Serras de Aire e Candeeiros, uma vez que os valores naturais presentes na ZEC estão salvaguardados através da definição dos regimes de proteção adotada neste Programa Especial.

Importa ainda referir que os trabalhos de campo e monitorização realizados durante a implementação do POPNSAC (2010) permitiram aferir da presença dos habitats e espécies de flora da Diretiva, e sua adequação nas diversas categorias de regimes de proteção.

Permitiram igualmente identificar novas áreas de ocorrência (ou de abundância) e mesmo a presença de novas espécies no território. Foi o que sucedeu recentemente, no início de 2020, com a descoberta de um núcleo de Arenaria grandiflora, na vertente oeste de Candeeiros, uma nova espécie da flora para Portugal, que pela sua singularidade e raridade será objeto de medidas de proteção específicas, com a criação de uma zona tampão sobre a área de ocorrência, classificada como APPI – Área de Proteção Parcial de tipo I.

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6. DESCRIÇÃO FUNDAMENTADA DA PROPOSTA DE ORDENAMENTO E DO MODELO TERRITORIAL

6.1 ESTRUTURA DO MODELO TERRITORIAL

Tendo em consideração os pressupostos da recondução do POPNSAC a PEPNSAC, que consistem numa adaptação do plano de ordenamento ao novo enquadramento legal dado pela LBPPSOTU e desenvolvido pelo RJIGT, o modelo territorial estabelecido na Planta de Síntese e no documento Diretivas e Normas de Execução, respeita o previamente definido pelo POPNSAC, fazendo corresponder as diferentes necessidades de proteção e de gestão, a diferentes regimes de proteção.

O modelo territorial representa a tradução espacial dos objetivos do programa especial e concretiza-se através de normas gerais, que definem orientações para a salvaguarda de objetivos de interesse nacional relativos à conservação e utilização sustentável dos recursos e valores naturais, bem como de normas específicas e de gestão, que estabelecem ações permitidas, condicionadas ou interditas que concretizam os regimes de salvaguarda do PEPNSAC.

Para a concretização do modelo territorial contribuem ainda as medidas de gestão, conservação e valorização aplicadas através da operacionalização do Programa de Execução.

Considerando os recursos e valores naturais em presença e os objetivos do PEPNSAC, o modelo territorial estrutura-se em função de diferentes níveis de proteção, definidos de acordo com a importância dos valores e recursos naturais presentes e a respetiva sensibilidade ecológica.

Na área de intervenção do PEPNSAC identifica-se a seguinte gradação de níveis de proteção (quatro regimes de proteção), ordenadas por ordem decrescente do regime aplicável:

. Área Proteção Parcial do Tipo I;

. Área Proteção Parcial do Tipo II;

. Área Proteção Complementar do Tipo I;

. Área Proteção Complementar do Tipo II.

Sem prejuízo da aplicação do regime de proteção definido para cada área, foram ainda delimitadas, no âmbito do PEPNSAC, um conjunto de áreas de intervenção específica, que correspondem a locais com características especiais que requerem a adoção de medidas ou ações específicas que, pela sua particularidade, não são totalmente asseguradas pelos níveis de proteção, sendo aplicado um regime de intervenção específica.

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Compreendem espaços com valor natural, patrimonial, cultural e socioeconómico, real ou potencial, que carecem de valorização, salvaguarda, recuperação e reabilitação ou reconversão, ou que são relevantes para a compatibilização com o programado noutros IGT. [artigo 21º, ponto 2, adaptado]

Constituem objetivos prioritários de intervenção nestas áreas, consoante o caso:

. A realização de ações de conservação da natureza; [artigo 20º n.º 7 alínea a)]

. A proteção e a conservação dos valores naturais e paisagísticos; [artigo 20º n.º 7 alínea b)]

. A gestão racional da extração de massas minerais e recuperação de áreas degradadas; [artigo 20º

n.º 7 alínea c)]

. A requalificação do património geológico e a valorização do património cultural; [artigo 20º n.º 7

alínea d) – adaptada]

Neste sentido, foram identificadas as seguintes áreas que correspondem a locais cujos valores naturais inerentes, bem como o grau de degradação do ponto de vista da conservação da natureza, carecem de um conjunto de medidas e ações:

. Geossítios, sítios de interesse cultural e abrigos de especial interesse para a fauna; [artigo 20º n.º 3

alíneas b) e c)- adaptado] . Áreas de especial interesse para a fauna; [artigo 20º n.º 3 alínea a)]

. Áreas sujeitas a exploração extrativa. [artigo 20º n.º 3 alínea d)]

Para além dos regimes de proteção e áreas de intervenção específica, o modelo territorial integra ainda as áreas não abrangidas por regimes de proteção (ANARP), bem como as Áreas Recuperadas.

6.2 MODELO TERRITORIAL – REGIMES DE PROTEÇÃO

6.2.1 ÁREAS DE PROTEÇÃO PARCIAL DOTIPO I

As Áreas de Proteção Parcial do Tipo I correspondem a espaços que contêm valores naturais e paisagísticos cujo significado e importância, do ponto de vista da conservação da natureza e da biodiversidade, se assumem no seu conjunto como relevantes ou excecionais, apresentando uma sensibilidade ecológica elevada, encontrando-se delimitadas na planta de síntese com uma área total de 21.463,98 ha (45,8 %).

Abrangem os topos aplanados das subunidades da Serra dos Candeeiros, da Serra de Aire, do Planalto de Sto. António e do Planalto de S. Mamede e as escarpas de falhas associadas às mesmas, onde o declive é muito acentuado, frequentemente superior a 50%, o Polje de Mira-Minde, dolinas e campos de lapiás e as áreas deprimidas nas bordaduras das zonas agrícolas e sopés de encosta, coincidentes com usos

117

extensivos do solo, em particular em floresta autóctone, nomeadamente de carvalhal e sobreiral, herbáceas não cultivadas e matos baixos e esparsos de altitude, onde o maneio assume um papel relevante na sua manutenção, designadamente, o pastoreio.

As Áreas de Proteção Parcial do Tipo I visam [artigo 12º n.º 3]

. A manutenção e a recuperação do estado de conservação favorável dos habitats naturais e das espécies da flora e da fauna;

. A conservação do património geológico.

6.2.2 ÁREAS DE PROTEÇÃO PARCIAL DO TIPO II

As Áreas de Proteção Parcial do Tipo II correspondem a espaços que contêm valores naturais e paisagísticos relevantes, com moderada sensibilidade ecológica e que desempenham funções de enquadramento ou transição para as Áreas de Proteção Parcial do Tipo I, encontrando-se delimitadas na planta de síntese com uma área total de 3.615,11 ha (7,7 %).

Distribuem-se sobretudo pelo planalto de Sto. António e de forma descontínua, em áreas com encostas suaves, compreendendo áreas de usos mais intensivos, designadamente áreas agrícolas, pinhais, e povoamentos florestais mistos com eucalipto.

Constituem objetivos das Áreas de Proteção Parcial do Tipo II:

. A manutenção ou recuperação do estado de conservação favorável dos habitats naturais e das

espécies da flora e da fauna; [artigo 14º n.º 3 alínea a)]

. A conservação do património geológico; [artigo 14º n.º 3 alínea b)]

. A conservação dos traços significativos ou característicos da paisagem, resultante da sua

configuração natural e da intervenção humana. [artigo 14º n.º 3 alínea c)]

6.2.3 ÁREAS DE PROTEÇÃO COMPLEMENTAR DO TIPO I

As Áreas de Proteção Complementar do Tipo I correspondem a espaços que estabelecem o enquadramento, transição ou amortecimento de impactes relativamente às áreas de proteção parcial, incluindo também valores naturais e/ou paisagísticos relevantes, designadamente ao nível da diversidade faunística, encontrando-se delimitadas na planta de síntese com uma área total de 4.142,75 ha (8,8 %).

Englobam as zonas de maior aptidão agrícola e localizam-se sobretudo nas áreas deprimidas, nos vales e no sopé do maciço calcário, e no alinhamento das principais falhas estruturais de origem tectónica, que

118

estão na génese da formação das depressões da Mendiga, Alvados e Polje de Mira/Minde.

Constituem objetivos das Áreas de Proteção Complementar do Tipo I:

. Garantir a proteção e a conservação dos solos agrícolas; [artigo 16º n.º 3 alínea a)]

. Integrar áreas de transição ou amortecimento de impactes necessárias às áreas de proteção

parcial; [artigo 16º n.º 3 alínea b)]

. Salvaguardar a diversidade biológica e integridade paisagística das zonas agrícolas pelo caráter específico que as mesmas assumem na paisagem cársica que caracteriza o Parque Natural das Serras

de Aire e de Candeeiros; [artigo 16º n.º 3 alínea c)]

. Preservar a qualidade dos recursos hídricos subterrâneos através do condicionamento das atividades agrícolas e agropecuárias passíveis de contribuírem, direta ou indiretamente, para a perda

de qualidade dos mesmos. [artigo 16º n.º 3 alínea d)]

6.2.4 ÁREAS DE PROTEÇÃO COMPLEMENTAR DO TIPO II

As Áreas de Proteção Complementar do Tipo II correspondem a espaços de natureza diversa cujos valores ou necessidades de gestão visam salvaguardar aspetos concretos da singularidade do PNSAC, encontrando-se delimitadas na planta de síntese com uma área total de 13.154,74 ha (28,1 %).

São, na sua maioria, representadas pelas encostas de declive suave, assim como, pelas áreas aplanadas com reduzida aptidão agrícola, as quais apresentam uma distribuição regular ao longo do território, integrando essencialmente áreas florestais e matagais não abrangidas por outros níveis de proteção e áreas intervencionadas sujeitas a exploração extrativa de massas minerais, recuperadas ou não por projetos específicos

As Áreas de Proteção Complementar do Tipo II visam garantir:

. O estabelecimento de regimes de exploração agrícola, florestal e de exploração de massas minerais compatíveis com os objetivos que presidiram à criação do Parque Natural das Serras de Aire

e Candeeiros; [artigo 18º n.º 3 alínea a)]

. A manutenção da paisagem, orientando e harmonizando as alterações resultantes dos processos

sociais, económicos e ambientais. [artigo 18º n.º 3 alínea b)]

119

6.2.5 ÁREAS DE INTERVENÇÃO ESPECÍFICA

AIE “GEOSSÍTIOS, SÍTIOS DE INTERESSE CULTURAL E ABRIGOS DE ESPECIAL INTERESSE PARA A FAUNA” Compreende os sítios de especial interesse geológico, paleontológico, geomorfológico, espeleológico, cultural e abrigos de fauna, cuja conservação dos valores neles existentes se afigura necessário realizar encontram-se definidos no Anexo I do presente Programa e identificados na Planta Síntese, que representa a expressão territorial do modelo territorial. [artigo 23º n.º 1 – adaptada]

Estes locais constituem ocorrências no território cuja área e necessidade de proteção varia em função da sua natureza, carecendo de definição detalhada das intervenções em sede de projetos específicos ou no regulamento de gestão. [nova]

AIE “ÁREAS DE ESPECIAL INTERESSE PARA A FAUNA” As áreas de especial interesse para a fauna abrangem locais muito relevantes para a conservação das espécies selvagens da fauna, em particular para a avifauna e para morcegos, e visam assegurar a manutenção ou recuperação do estado de conservação favorável das espécies que aí ocorrem com estatuto de proteção. [artigo 21º n.º 1]

As áreas de especial interesse para a fauna encontram-se delimitadas na planta de síntese do PEPNSAC.

AIE “ÁREAS SUJEITAS A EXPLORAÇÃO EXTRATIVA” As áreas sujeitas a exploração extrativa, recuperadas ou não por projetos específicos, encontram-se delimitadas na planta síntese do PEPNSAC.

6.2.6 ÁREAS NÃO ABRANGIDAS POR REGIMES DE PROTEÇÃO

As Áreas não abrangidas por regimes de proteção (ANARP), encontram-se assinaladas na planta de síntese do PEPNSAC, são aquelas onde não é aplicado qualquer regime de proteção previsto neste Programa.

[artigo 25º n.º 3 adaptado]

As áreas referidas coincidem, na generalidade, com Solo urbano e categorias ou subcategorias de Solo rústico, nomeadamente “Aglomerados rurais” e “Áreas de edificação dispersa”, bem como “Espaços destinados a equipamentos, infraestruturas e outras estruturas ou ocupações” de acordo com os planos territoriais. [artigo 25º n.º1 e 2 adaptado]

120

6.2.7 ÁREAS RECUPERADAS

As Áreas Recuperadas encontram-se assinaladas na planta de síntese, e correspondem a antigas zonas que foram objeto de exploração de massas minerais abandonadas, tendo sido realizadas ações de recuperação, desenvolvidas pelo PNSAC entre 1995 e 2004. [artigo 19º n.º 2 adaptado e Anexo III]

6.3 AJUSTES AO MODELO TERRITORIAL

O desenvolvimento do PEPNSAC tem em consideração, entre outros aspetos, o resultado da ponderação de um conjunto de questões consideradas muito significativas, nomeadamente:

 A cartografia da planta de síntese existente carece de correção de erros - topológicos (por ex., sobreposições de polígonos), de exatidão temática (por ex., erro na atribuição do regime de proteção), de exatidão posicional (por ex.: desfasamentos posicionais), etc.;

 O POPNSAC apresenta um conjunto de desajustes de redação, incongruências ou omissões (normativos e cartográficos) ou provocados por legislação superveniente, muitos deles já identificados pelo ICNF8, por exemplo atualizações decorrentes de nova legislação ou de imposições legais, correção de erros de redação, densificações, etc..

Foram igualmente tidos em consideração a republicação de dois diplomas fundamentais:

 Lei-Quadro das Contraordenações Ambientais e do Ordenamento do Território – LQCAOT (Lei n.º 114/2015, de 28 de agosto) - identifica expressamente as contraordenações de OT, correspondentes a atos que violam os planos territoriais.

 Regime Jurídico da Conservação da Natureza e Biodiversidade – RJCNB (Decreto-Lei n.º 242/2015, de 15 de outubro) - identifica expressamente as contraordenações ambientais, correspondentes a atos e atividades que violam os Regulamentos de Gestão da Áreas Protegidas.

Acresce referir que o Decreto-Lei n.º 186/2015, de 3 de setembro revoga o art.º 6.º do Decreto- Regulamentar n.º 18/99, de 27 de agosto, que determinava a criação de Cartas de Desporto de Natureza (CDN) para todas as áreas protegidas.

Cada uma das CDN deveria conter as regras e orientações relativas a cada uma das atividades, incluindo, designadamente, os locais e as épocas do ano em que as mesmas podem ser praticadas, bem como a respetiva capacidade de carga. Contudo, o diploma publicado em 2015 também refere no n.º 4 do art.º 8º (Disposição transitória) que as CDN aprovadas nos termos do disposto no artigo 6.º do Decreto

8 O ICNF apresentou uma proposta de alteração do POPNSAC em 2015 que não foi concretizada por se encontrar já em vigor o Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio. 121

Regulamentar n.º 18/99, de 27 de agosto, como é o caso da CDN do PNSAC (Portaria N.º 1495/04, de 17/12), se mantêm em vigor até à aprovação dos respetivos POAP (agora Programas Especiais), que as irão integrar.

Deste modo, para a elaboração do PEPNSAC foi tido em conta, quer a análise efetuada pelo ICNF,I.P., quer os contributos apresentados pelas entidades representadas no Conselho Consultivo, assim como os das entidades que integram o Conselho Estratégico do PNSAC.

De realçar ainda, as reuniões setoriais efetuadas entre o ICNF,I.P e e os municípios abrangidos pelo PNSAC, com a presença das Comissões de Coordenação de Desenvolvimento Regional territorialmente competentes.

Os ajustes e adaptações que a proposta do PEPNSAC apresenta resultaram dos seguintes aspectos:

 Normas que apresentam problemas ou desconformidades que pela sua natureza e alcance só serão sanáveis por via da alteração do sentido da norma ou da introdução de novas normas;

 Normas cujos conteúdos preconizados não se adequam à prossecução dos objetivos de proteção dos recursos e valores naturais, ou seja

i. Esteja em causa a proteção dos recursos e valores naturais;

ii. Resulte da experiência na aplicação do plano;

iii. Quando esteja demonstrado não ser adequado para a prossecução dos objetivos de proteção dos recursos e valores naturais da área protegida.

São exemplo, as alterações verificadas na lista de Sítios com especial interesse geológico, paleontológico, geomorfológico, espeleológico, cultural e que constituem importantes abrigos de fauna, que mercê dos trabalhos de inventário e monitorização permitiram identificar novos locais e cavidades, passando de 80 para 107, os Sitios constantes dos Anexo I do PEPNSAC e vertidos na planta de síntese.

 Normas que sofreram adaptação da redação, incluindo atualizações, retificações e densificações, não alterando o sentido da disposição e contribuam para a sua adequada leitura e interpretação, ou por adequação a alteração legislativa específica.

Neste contexto, em sede da elaboração do PEPNSAC procedeu-se a atualizações, retificações e densificações do quadro normativo, nos termos do sistematizado no quadro seguinte:

122

Quadro 18 - Atualizações, retificações e densificações

Tipologia Exemplos

Matérias comuns

 Eliminação, fusão e inclusão de Áreas de Intervenção Específica, nomeadamente:

o Inclusão da AIE “Jazida de Icnitos de Dinossaurios de Vale de Meios” (POPNSAC 2010) na AIE “Geossitios, sítios de interesse cultural e abrigos de especial interesse para a fauna”, e junção com o geossítio “Icnitos do Algar dos Potes” (Anexo I POPNSAC 2010);

o Identificação de 4 novas áreas, que integram a AIE Geositios, sítios de interesse cultural e abrigos de especial interesse para a fauna, com forte vocação turística e necessidade de valorização e conservação - ordenamento, requalificação e gestão- “Complexo das Nascentes do Alviela”, “Polje de Mira-Minde”, Marinhas do Sal da Fonte da Bica” e “Complexo da Fórnea”, que dada a pressão de visitação sobre estes locais, deverão ser implementadas um conjunto de ações que visem o ordenamento, requalificação e gestão do espaço com vista à sua valorização e conservação;

 Aferição das áreas de ANARP, incluindo os casos de aglomerados rurais não identificados como perímetros urbanos, bem como, alguns casos de áreas de edificação dispersa identificadas nos respetivos PDM.

 Uniformização das terminologias/expressões utilizadas no documento, com especial enfoque no caso de definições existentes em regimes jurídicos específicos, Atualizações - Alteração / nomeadamente RJUE ou legislação especial; evolução de conceitos e  Identificação de normas, que habilitem e informem, em sede de acompanhamento diplomas utilizados no da alteração ou revisão dos Planos Territoriais., a compatibilidade entre IGT; POAP  Salvaguarda da regulamentação associada às atividades de desporto de natureza, constantes da carta de desporto de natureza do PNSAC, Portaria nº 1465/2004, e3 17 de dezembro, revogada pelo Decreto-Lei nº 186/2015 de 03-09-2015, Artigo 9.º (NG e NGe), a serem desenvolvidas no Regulamento de Gestão;

 Identificação de norma de exceção para os estabelecimentos e explorações que se enquadrem no regime extraordinário de regularização de atividades económicas (RERAE) - Decreto-Lei n.º 165/2014, de 5 de Novembro (NE e NGe);

 Garantir que a abertura de novas áreas para aproveitamento e exploração de massas minerais está de pendente de licenciamento prévio de prospeção e pesquisa (NE e NGe);

 Salvaguardar, por questões de adequação a regimes jurídicos especificos ou por questões de segurança de pessoas e bens, a excecionalidade de cumprimento de determinadas disposições do Programa;

Normas Específicas

 Salvaguardar a possibilidade de concretização de infraestruturas de abastecimento de água e tratamento de efluentes, devidamente fundamentada;

 Contemplar a alteração das tipologias dos Estabelecimentos Industriais mantendo por regra a permissão da tipologia 3, quando prevista, bem como a interdição das tipologias 1 e 2. Qualquer alteração prevista para as indústrias existentes é condicionada à adaptação à tipologia 3;

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Tipologia Exemplos

 Contemplar as alterações decorrentes do novo regime jurídico dos empreendimentos turísticos, ao nível da correta correspondência das tipologias de empreendimentos turísticos previstos nos POAP, bem como a obrigatoriedade do reconhecimento como empreendimento de turismo de natureza;

 Salvaguardar um conjunto de situações relativas a obras que, apesar de serem classificadas pelo RJUE em vigor como de escassa relevância urbanística (não estando assim sujeitas a controlo prévio por parte da autarquia) em razão da salvaguarda dos recursos e valores naturais, deverão continuar a ser sujeitas a parecer/autorização do ICNF, I.P. De realçar que, para além das obras elencadas no RJUE também os regulamentos municipais elencam obras de escassa relevância;

 Clarificar o âmbito do parecer a emitir pelo ICNF,I.P., designadamente no âmbito das normas específicas, o ICNF, I.P emite parecer vinculativo para todas as situações em que a decisão no âmbito de controlo prévio ou condicionamentos associados, se prende diretamente com as suas competências e atribuições ao nível da conservação da natureza e biodiversidade, nomeadamente no que toca a aspetos relacionados com a localização da pretensão e com a época do ano em que a mesma poderá ocorrer;

 Clarificar os parâmetros urbanísticos aplicáveis a novas construções e ampliações para todas as tipologias;

 Interditar a instalação de novas infraestruturas de aproveitamento energético, parques eólicos e solares, no período de vigência deste Programa Especial, com exceção da microgeração para autoconsumo.

 Introduzir norma relativa à alteração de uso das construções existentes em APPI e APPII, salvaguardando os valores naturais e paisagísticos relevantes ou excepcionais mitigando os efeitos decorrentes de alteração de usos.

Normas de gestão

 Integrar distinção entre as aeronaves tripuladas (na base dos POAP sempre que estes se referem a aeronaves) e as aeronaves não tripuladas (vulgarmente designadas por Drones), quer para fins lúdicos, quer para fins profissionais;

 Salvaguarda da prévia autorização ou parecer do ICNF, I.P para construções que não se incorporem no solo com caráter de permanência;

 Identificação clara do conceito de “Tipos de ocupação do solo”, com base no D.L 140/99 de 24/04, na sua redação atual, em termos de modificação do coberto vegetal (as culturas anuais de regadio, as culturas anuais de sequeiro, as culturas arbóreas ou arbustivas permanentes de sequeiro, as culturas arbóreas ou arbustivas permanentes de regadio, as florestas, os prados/pastagens), associando-o a uma definição constante do programa, que o distinga claramente daquilo que é o conceito de uso, ocupação e transformação do solo para fins urbanísticos;

 Sujeitar a parecer as ações e atividades compatíveis com os valores existentes numa faixa de proteção até 200 metros das cavidades identificadas como geossítios;

 Uniformização e atualização de conceitos, nomeadamente no que respeita a:

o Recursos geológicos

o Caça/atividades de carater venatório

o Ações de arborização/ rearborização

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Tipologia Exemplos

o Turismo de Natureza

o Atividades de Animação Turística

 Corrigir incongruências e erros de disposições do POAP em vigor, de forma a facilitar a compreensão de determinada norma ou regime. Exemplos:

o Ampliações de aproveitamentos de Massas Minerais em Áreas de Proteção Complementar incongruência entre os números 6 e 7 do artigo 32º; Retificações – o Não permissão de construções de apoio à atividade de pecuária extensiva Erros e/ou Omissões de pequenos ruminantes, contrariando os objetivos do POPNSAC;

Reformulação das normas  Corrigir erros, quando o objetivo é a garantia da proteção dos recursos e valores por forma a clarificar o seu naturais. Exemplos: sentido o Vedações em APPI com malha inferior à rede ovelheira; Por motivos legais ou resultantes da experiência o Incorporação de estrume no solo (e não de chorume como descrito no de aplicação do plano POPNSAC 2010);  Eliminar atos e atividades que não têm aplicação na área do PNSAC. Exemplo:

o Operações de manutenção da Rede Ferroviária Nacional;

o A instalação de campos de golfe.

 Por motivos legais ou resultantes da experiência de aplicação do plano (e.g. emissão de pareceres) pode justificar-se uma maior explicitação das Densificações condições/requisitos a cumprir para a prática de determinadas atividades/usos. Definição de parâmetros Exemplos: que ajudam a perceber o o Densificação dos parâmetros urbanísticos aplicáveis a novas construções alcance da norma sem e ampliações (NE); alterar o sentido o Densificação de parâmetros relativos à prática de atividades de animação Adaptar a norma ao novo turística. enquadramento do  programa especial (por Necessidade de adequação às orientações e disposições dos demais IGT – PNPOT, exemplo, tirar referências ao PROT OVT, disciplinando a edificação dispersa e a contenção da edificação isolada e POAP ou outros PE) do fracionamento da propriedade, com a adoção de parâmetro para a área do prédio com capacidade para obras de construção.

Na planta de síntese são delimitadas as áreas de aplicação dos diversos regimes de proteção e as áreas que não estão sujeitas a regimes de proteção, a que se sobrepõem as áreas de intervenção específica, atividades interditas e condicionadas e outros temas com expressão territorial e normativa. (cf. º 1 do artigo

23.º-A do RJCNB).

Assim, na planta síntese do PEPNSAC, procedeu-se a correções, nomeadamente:

 Regimes de Proteção:

i. Retificações pontuais (polígonos com área inferior a 2.000 m2) decorrentes da experiência da aplicação do POPNSAC e do conhecimento do território;

125

ii. Atualizações face à alteração pontual dos limites das áreas sujeitas a regimes de proteção do PNSAC, resultantes da alteração de solo urbano em solo rústico nos PDM;

iii. Adequação do regime de proteção por razões de salvaguarda e conservação da natureza, tal como se verificou com a criação de um polígono tampão na zona envolvente ao núcleo de Arenaria grandiflora, envolvendo uma área total aproximada de 1150 ha.

 Áreas Não Abrangidas por Regime de Proteção: correspondem a espaços identificados como Solo urbano e categorias ou subcategorias de Solo rústico, nomeadamente aglomerados rurais, áreas de edificação dispersa, bem como espaços destinados a equipamentos, infraestruturas e outras estruturas ou ocupações;

 Erros ou omissões detetados - Quando se verificaram pelo ortofotomapa que a ocorrência existia à data de publicação do POPNSAC (Orto 2010);

 Retificações - Quando se verificam a densificação de áreas consolidadas;

 Atualizações - Quando se verificaram coerência na alteração do uso e ocupação do solo sem comprometimento de valores naturais e face ao conhecimento existente;

 Representação cartográfica dos Sitios com Especial Interesse Geológico, Paleontológico, Geomorfológico, Espeleológico, Cultural e que constituem importantes abrigos de fauna, identificados no Anexo I do Programa Especial, bem como os polígonos da AIE da Fauna e da Áreas sujeitas a exploração extrativa, encontram-se vertidos na Planta de Sintese sob a forma de pontos e polígonos.

 Áreas recuperadas: corresponde à atualização do Anexo III da RCM n.º 57/2010, de 12 de agosto e que passou a fazer parte integrante da Planta Síntese. Constatou-se da aplicação do POPNSAC que estas áreas abrangem outros regimes de proteção para além das áreas de Proteção Complementar do Tipo II. Estas áreas correspondem a antigas zonas que foram objeto de exploração de massas minerais abandonadas, tendo sido realizadas ações de recuperação, levadas a cabo pelo PNSAC entre 1995 e 2004.

No Quadro seguinte são apresentadas imagens que ilustram as situações mais representativas das correções na planta de síntese de acordo com a tipificação de alterações executadas.

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Quadro 19 – Exemplos de correções na Planta de Síntese

PLANO DE ORDENAMENTO DO PARQUE NATURAL DAS SERRAS DE PROGRAMA ESPECIAL DO PARQUE NATURAL DAS SERRAS DE AIRE AIRE E CANDEEIROS (RESOLUÇÃO DE CONSELHO DE MINISTROS N.º Exemplos de correções na Planta de Síntese E CANDEIIROS 57/2010, DE 12 DE AGOSTO) EXTRATO DA PLANTA DE SÍNTESE EXTRATO DA PLANTA DE SÍNTESE

Adequação do regime de proteção por razões de salvaguarda e conservação da natureza, com a criação de um polígono tampão - Zona classificada como Área de Proteção Parcial do tipo I, na zona envolvente ao núcleo de Arenaria grandiflora (Candeeiros norte)

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PLANO DE ORDENAMENTO DO PARQUE NATURAL DAS SERRAS DE PROGRAMA ESPECIAL DO PARQUE NATURAL DAS SERRAS DE AIRE AIRE E CANDEEIROS (RESOLUÇÃO DE CONSELHO DE MINISTROS N.º Exemplos de correções na Planta de Síntese E CANDEIIROS 57/2010, DE 12 DE AGOSTO) EXTRATO DA PLANTA DE SÍNTESE EXTRATO DA PLANTA DE SÍNTESE

Vermelho - retração; Rosa - sobreposição; Cinzento - ampliação

Retração ou ampliação de ANARP em resultado de

processos de revisão do PDM - Alvados, concelho de Porto de Mós

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PLANO DE ORDENAMENTO DO PARQUE NATURAL DAS SERRAS DE PROGRAMA ESPECIAL DO PARQUE NATURAL DAS SERRAS DE AIRE AIRE E CANDEEIROS (RESOLUÇÃO DE CONSELHO DE MINISTROS N.º Exemplos de correções na Planta de Síntese E CANDEIIROS 57/2010, DE 12 DE AGOSTO) EXTRATO DA PLANTA DE SÍNTESE EXTRATO DA PLANTA DE SÍNTESE

Vermelho - retração; Rosa - sobreposição; Cinzento – ampliação Retração ou ampliação de ANARP em resultado de

processos de revisão do PDM - Bairro, concelho de Ourém

FONTE: HTTPS://SNIG.DGTERRITORIO.GOV.PT

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8. ANEXOS

8.1 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA

Dolinas e uvalas Como formas características do modelado cársico, as dolinas estão presentes em todo o Maciço, apresentando, porém, diferentes graus de evolução. As dolinas são mais frequentes e denotam evolução mais avançada no setor norte das grandes unidades morfo-estrurais (Serra dos Candeeiros, Planalto de Sto. António e Planalto de S. Mamede).

Não sendo fácil estabelecer uma clara correspondência entre a morfologia e a génese das dolinas, alguns autores salientam que a dificuldade reside em saber distinguir entre os processos que contribuíram para a sua génese, determinando o papel atribuído à simples dissolução subaérea e ao colapso provocado pela dissolução profunda. Por outro lado, a existência de acidentes tectónicos também pode influenciar decisivamente a forma e disposição das dolinas.

De facto, no MCE, muitas dolinas parecem denunciar um controlo estrutural, seguindo as orientações NW-SE e NE-SW, ou seja, as orientações das grandes falhas existentes na região. É o que acontece no bordo SE do Maciço com as dolinas de Covão do Feto e Vale da Trave - Cortiçal, situadas a baixa altitude (entre 150 e 220 metros) e com orientação NE-SW paralela à falha do Arrife. Já na região norte do Planalto de Sto. António, entre Chão das Pias e Telhados Grandes, existemgrandes dolinas de dissolução, com orientação NW-SE (paralela à falha de Alvados), as quais se fundem, originando uvalas de contornos sinuosos e fundos irregulares devido à coalescência. Estes fundos encontram-se, geralmente, cobertos com materiais detríticos, de tipo terra rossa, que contribuem para o aplanamento dos fundos, o que permite a utilização das dolinas para fins agrícolas.

As dolinas de dissolução, de forma circular e bem delineadas, surgem nas regiões de grande altitude, como sucede nos níveis aplanados do topo das Serras de Aire e dos Candeeiros.

No Planalto de S. Mamede as dolinas demonstram um grau de evolução avançada, apresentando vertentes mais íngremes e formas variadas, o que pode estar relacionado com um tipo de evolução flúvio- cársica.

Lagoas Numa região onde praticamente não há água à superfície, a existência de algumas lagoas perenes constitui um elemento de assinalável destaque na paisagem. Essas lagoas formam-se na parte mais baixa de áreas deprimidas, impermeabilizadas com restos de depósitos terrígenos que asseguram o não escoamento das águas pluviais em profundidade.

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As duas principais lagoas da área do PNSAC situam-se muito próximas uma da outra, junto à povoação de Arrimal, estando instaladas no fundo da depressão de Mendiga, aproveitando, entre outros sedimentos, restos de depósitos cretácicos que asseguram a impermeabilização e permitem que a água permaneça à superfície durante todo o ano.

Uma outra pequena lagoa perene situa-se no fundo da depressão de Alvados. Está localizada sobre sedimentos impermeáveis de terra rossa e depósitos de glacis de acumulação, resultantes dos processos erosivos que contribuíram para o recuo da Costa de Alvados.

Poder-se-á igualmente fazer referência a pequenas lagoas perenes no fundo do Polje de Minde, designadamente o Lagoeiro.

Lapiás A paisagem mais característica de todo o MCE e, em particular do PNSAC, é a de vastas extensões de afloramentos de rocha calcária perfurada e marcada por sulcos mais ou menos profundos e estreitos, que constituem uma das mais típicas formas das regiões cársicas: os lapiás.

A abertura destes sulcos inviabiliza a escorrência superficial organizada, obrigando a que a água se infiltre através das juntas de estratificação e das diaclases alastrando, em profundidade, o processo de carsificação.

A variada morfologia que podem apresentar os lapiás, põe dificuldades quando se pretende classificar a sua tipologia e, nesse aspeto, o MCE não foge a esta regra. Aqui, os lapiás cobrem vastas áreas, principalmente nas regiões mais elevadas, contribuindo para o caráter da paisagem. Numas zonas surgem semienterrados por depósitos argilogresosos, noutras aparecem já exumados recortando a superfície do terreno, por vezes destacando-se em formas vigorosas. Classicamente é possível agrupar as formas lapiares em três grupos distintos: Lapiás em sulco, de que são exemploos de Telhados Grandes, Paiã, Penedos Belos, Mendiga, entre outros; Lapiás em mesa, pertencendo a este grupo os das Fragas da Chainça, Covão do Milho (na subida da IC2 para Casal de Vale de Ventos) e Algar do Ladoeiro (próximo das grutas de Sto. António); e lapiás em agulha, como acontece em alguns locais do topo da Serra dos Candeeiros.

Finalmente, é nos calcários dolomíticos que aparecem as formas mais vigorosas designadas por megalapiás, em que os blocos aparecem bem individualizados e destacados na paisagem como os do Penedo Padrão, próximo das Grutas de Sto. António, os do Arrife das Paredinhas, ou ainda os do Casal João Dias.

Todos estes tipos de lapiás visíveis à superfície encontram-se já exumados ou em vias de exumação, quando os sedimentos detríticos, apenas preenchem parcialmente as fendas de dissolução. Em outros

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locais, como acontece principalmente em zonas de menor declive dos Planaltos de S. Mamede e de Sto. António, os lapiás apresentam-se totalmente enterrados por sedimentos terrígenos, sendo visíveis unicamente em trincheiras ao longo das estradas.

Formas flúvio-cársicas Para além das grandes depressões, cuja génese é essencialmente tectónica e/ou cársica, existem outras de menores dimensões provocadas pela meteorização física e mecânica das águas de escorrência associada a cursos de água torrenciais. Devido às características litológicas do Maciço acima abordadas, a maior parte desses cursos de água ou já não existe ou têm um caráter simplesmente sazonal. Assim, resulta uma série de formas de origem fluvial, mas características dos maciços cársicos, como vales secos, vales cegos, reculées e canhões.

 Vales flúvio-carsicos

O vale de Valicova é um dos melhores exemplos de um vale flúvio-cársico no PNSAC. A sua génese está relacionada com o encaixe de um curso de água num substrato calcário. Nas suas vertentes abruptas podem encontrar-se cavidades do tipo lapa que testemunham a presença de um antigo curso de água quando o nível freático se posicionava a uma cota superior à atual. Nas épocas de maior pluviosidade forma-se uma pequena linha de água que nasce de uma exsurgência numa das encostas do vale.

 Vales secos ou valeiros secos

Os inúmeros vales que existem na área do PNSAC apresentam como característica geral o facto de neles circular pouca ou quase nenhuma água à superfície, a não ser quando chove mais intensa e prolongadamente. Em regra, os vales são cegos e secos e estão nitidamente encaixados segundo alinhamentos condicionados por falhas geológicas. Apesar de a água não escorrer à superfície, os valeiros vão evoluindo e a sua morfologia vai-se alterando.

 Reculées

O termo francês reculée corresponde a um tipo de modelado que se pode descrever como um vasto anfiteatro, em forma de cone invertido, que recorta uma escarpa e que se estabelece em função de exsurgências basais que estão localizadas normalmente em função da litologia. A sua génese é, portanto, flúvio-cársica.

A mais espetacular reculée situada em território português localiza-se, precisamente, na área do PNSAC: a Fórnia de Alcaria.

A génese da Fórnia resulta da conjugação de vários fatores, sendo que um dos mais importantes está relacionado com a ação erosiva da ribeira da Fórnia. Esta entalhou a sua cabeceira nas 139

formações margo-calcárias do Jurássico Inferior-base do Jurássico Médio, escavando esta estrutura com mais de 200 metros de altura e cerca de 500 metros de diâmetro. Para o modelado das suas vertentes contribuíram também processos crionivais herdados de períodos climáticos mais frios que os atuais, sendo possível observar vastas cascalheiras que formam depósitos de vertente e depósitos de crioclastos. Da Fórnia brotam várias nascentes temporárias, sendo a mais conhecida a da Cova da Velha.

Este local possui também um muito elevado interesse biostratigráfico devido à informação contida na série litológica que aflora desde o leito e ao longo dos flancos do vale.

 Canhões flúvio-cársicos

Os canhões flúvio-cársicos constituem vales profundos de vertentes verticais, característicos das regiões calcárias e do modelado cársico, embora também possam ocorrer em rochas não calcárias.

Embora não seja consensual entre diferentes autores, é a montante da nascente do Alviela, próximo de Alcanena, que se pode admirar um notável conjunto de fenómenos flúvio-cársicos.

Antes de se juntar ao rio Alviela, o curso da ribeira encontra um pequeno ilhote de calcários permeáveis do Jurássico Médio e é nestes que se desenvolve o chamado Sistema flúvio-cársico da Ribeira dos Amiais.

Depois do seu curso superficial sobre os sedimentos do sinclinal de Monsanto, a ribeira dos Amiais perde-se em profundidade quando encontra os calcários jurássicos permeáveis. Cerca de 200 metros mais à frente, uma ressurgência devolve o ribeiro à superfície, iniciando um percurso através de um típico canhão flúvio-cársico, até chegar à nascente do Alviela.

 Exsurgências, perdas e ressurgências

Como já foi referido, nenhum curso de água perene existe dentro da área do MCE, sendo raros os existentes dentro do PNSAC, uma vez que a alta permeabilidade dos calcários determina uma elevada taxa de infiltração das águas superficiais. As exsurgências representam pontos de restituição de água à superfície provenientes de cursos de água subterrâneos. Aparecem normalmente nos bordos dos afloramentos do Jurássico Médio, em zonas de contacto entre formações de alta e de baixa permeabilidade ou quando a topografia interseta o aquífero. Este assunto será abordado mais detalhadamente na Hidrogeologia.

Um curso de água superficial que se infiltra através de uma perda regressa novamente à superfície através de uma ressurgência. A única que se encontra na área do MCE é a que está associada ao sistema flúvio-cársico da Ribeira dos Amiais.

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Grutas As grutas são cavidades naturais penetráveis à escala humana. Na atualidade estão inventariadas e reconhecidas mais de um milhar e meio na área do PNSAC. É nos calcários puros e bastante diaclasados do Jurássico Médio que surgem as principais unidades litológicas carsificáveis, ou seja, aquelas em que se desenvolvem as principais formas cársicas, quer de superfície, quer de profundidade.

De entre os diferentes tipos de unidades morfológicas que constituem as grutas encontram-se as lapas e os algares topónimos comuns de raiz popular posteriormente incorporada pela linguagem técnico- científica para designar cavidades cujo acesso se faz respetivamente de forma horizontal ou sub- horizontal e vertical.

Os algares são abundantes em toda a área do MCE, tanto no cimo dos anticlinais, como em regiões aplanadas, em vertentes, nos bordos de colinas, etc.. Correspondem geralmente a formas antigas, abertas em ciclos hidrológicos anteriores, revestidos por paredes concrecionadas por mantos calcíticos e com os fundos entulhados com blocos abatidos, a profundidades variáveis. A dissolução do calcário e o abatimento de blocos daí resultantes são, então, os principais fenómenos que contribuem para a sua morfologia.

8.2 HIDROGEOLOGIA

As 5 nascentes principais estão localizadas nos limites do maciço, na zona de contacto com rochas menos permeáveis do Jurássico, Cretácico ou Terciário. Dado tratar-se de aquíferos cársicos a maneira mais segura de definir a geometria destas bacias, bem como a respetiva área de drenagem efetiva atribuível, é através de operações de traçagem. Dado não haver estudos de traçagem na maior parte das áreas, de acordo com alguns autores, é apenas possível elaborar uma esquematização grosseira ilustrada através do esboço apresentado na Figura. Assim, em função da informação disponível:

 Poder-se-á estimar que à Bacia Hidrográfica do Lis (1) podem-se associar: as nascentes do Lis que drenam diretamente o bloco de calcários e calcários margosos do Jurássico Médio e Superior do Planalto de S. Mamede; as nascentes de Reixida (7) que drenam, diretamente ou através das formações margocalcárias do Jurássico Superior; não só estas formações mas certamente também algumas áreas do Planalto de S. Mamede; as nascentes de Fonte dos Marcos e Rio Seco (8 e 9) são também responsáveis pela drenagem de setores menores dos afloramentos calcomargosos do Jurássico Superior a oeste da falha do Reguengo; as nascentes do Vale do Alcaide (10) drenam já setores do Polje de Alvados; as nascentes da Fórnia (11) apenas serão responsáveis por pequena faixa de terrenos ao longo da Costa de Alvados; e as nascentes do Lena (2), de que se destaca a do Olho de Água da Ribeira de Cima, que recebem águas de uma parte

141

da terminação setentrional do Planalto de Sto. António e da parte norte da depressão da Mendiga;

 Para as Bacias do Oeste drenam as nascentes de Chiqueda (3), cuja influência estender-se-á a grande parte da Serra dos Candeeiros, com exceção da porção sul;

 As restantes nascentes estão associadas à Bacia Hidrográfica do Tejo: a área atribuída à nascente do Almonda (6), baseada em pressupostos geológicos, não parece encontrar-se em conformidade com o seu caudal e produção anual; a nascente dos Olhos de Água das efetuadas na década de noventa do Século XX; a nascente de Vila Moreira ou Olho de Água da Maria Paula (12), compartilha águas com as nascentes do Alviela e Almonda, como também foi comprovado por traçagens; a nascente do Olho de Água de Alcobertas (4) drena o bloco de Alviela (5), além de drenar grande parte do Planalto de Sto. António estende também a sua influência ao Planalto de S. Mamede, através do Polje de Minde, como comprovam as traçagens calcários e calcários margosos do Jurássico Superior da depressão da Mendiga, embora com caudal reduzido; e finalmente, às várias nascentes das Bocas de Rio Maior (13) deve ser atribuída uma área compreendendo a terminação meridional da Serra dos Candeeiros e a sua continuação para sul sob os sedimentos detríticos mesocenozóicos.

Figura 16 - Bacias e sub-bacias do Sistema Aquífero do MCE

142

São ainda identificáveis algumas nascentes com caudal reduzido, temporárias ou permanentes, relacionadas com o epicarso, ou com pequenos aquíferos suspensos em rochas calcárias com menor potencial de carsificação, por exemplo, do Jurássico Superior, ou com depósitos detríticos.

Para além das nascentes, a exploração deste sistema aquífero tem sido efetuado através de alguns furos com apreciável produtividade, implantados em regiões do Maciço onde a espessura da cobertura do aquífero e os eixos de circulação hídrica são favoráveis. Um dado curioso é que dados piezométricos, obtidos a partir de furos realizados em diversas áreas, mostram variações abruptas em pequenas distâncias, o que parece indicar a existência de várias unidades hidrogeológicas independentes.

143

8.3 LISTA DOS GEOSÍTIOS COM RELEVÂNCIA NO PNSAC

N.º Sítio Tipologia ID Anexo I ID Anexo I ID PEPNSAC RCM 57/2010 PIER

1 Algar 14 Geossítio (Cavidade Cársica) 2

2 Algar Alto Geossítio (Cavidade Cársica)

3 Algar da Aderneira Geossítio (Cavidade Cársica) 3 54

4 Algar da Arroteia Geossítio (Cavidade Cársica) 4 38

5 Algar da Cancela Geossítio (Cavidade Cársica) 5

6 Algar da Casina do Maroiço Geossítio (Cavidade Cársica)

7 Algar da Cheira Geossítio (Cavidade Cársica) 6

8 Algar da Chousa Brava IV Geossítio (Cavidade Cársica)

9 Algar da Corredoura Geossítio (Cavidade Cársica) 7 4

10 Algar da Esteveira Geossítio (Cavidade Cársica)

11 Algar da Figueira Geossítio (Cavidade Cársica) 8

12 Algar da Lajoeira Geossítio (Cavidade Cársica) 9

13 Algar da Lomba Geossítio (Cavidade Cársica) 35(4)

14 Algar da Lomba Ataão Geossítio (Cavidade Cársica) 10

15 Algar da Malhada de Dentro Geossítio (Cavidade Cársica) 11 42

16 Algar da Manga Larga Geossítio (Cavidade Cársica) 12 47

17 Algar da Pena Traseira Geossítio (Cavidade Cársica) 56(3)

18 Algar da Sardanica Geossítio (Cavidade Cársica) 13

19 Algar da Serafina Geossítio (Cavidade Cársica)

20 Algar da Serração Geossítio (Cavidade Cársica)

21 Algar da Serradinha Geossítio (Cavidade Cársica)

22 Algar das Couves Geossítio (Cavidade Cársica) 15

23 Algar das Galhas do Vale do Mar Geossítio (Cavidade Cársica) 16 9

24 Algar das Gralhas I Geossítio (Cavidade Cársica) 50(1)

25 Algar das Gralhas VII Geossítio (Cavidade Cársica) 33(1)

26 Algar das Marradinhas I Geossítio (Cavidade Cársica) 17 51

144

N.º Sítio Tipologia ID Anexo I ID Anexo I ID PEPNSAC RCM 57/2010 PIER

27 Algar das Marradinhas II Geossítio (Cavidade Cársica) 18 31

28 Algar do Areeiro Geossítio (Cavidade Cársica)

29 Algar do Avião Geossítio (Cavidade Cársica) 19 57 6

30 Algar do Barrão Geossítio (Cavidade Cársica) 20 61

31 Algar do Cabeço Laçarote Geossítio (Cavidade Cársica) 21

32 Algar das Cotovias Geossítio (Cavidade Cársica) 14

33 Algar do Chou Curral Geossítio (Cavidade Cársica)

34 Algar do Chou Jorge Geossítio (Cavidade Cársica) 22 45

35 Algar do Chouço do Frade Geossítio (Cavidade Cársica) 23

36 Algar do Corceiro Geossítio (Cavidade Cársica) 24 14

37 Algar do Cruzeiro Geossítio (Cavidade Cársica)

38 Algar do João Ramos Geossítio (Cavidade Cársica)

39 Algar do Ladoeiro e campos de Geossítio (Inclui Cavidade Cársica) 25 32 lapiás

40 Algar do Palopes Geossítio (Cavidade Cársica) 26

41 Algar do Pena Geossítio (Cavidade Cársica) 27 30(6) 1

42 Algar do Rexio Geossítio (Cavidade Cársica)

43 Algar do Trovão Geossítio (Cavidade Cársica)

44 Algar do Vale da Pena Geossítio (Cavidade Cársica) 28 40

45 Algar do Vale dos Sobreiros Geossítio (Cavidade Cársica) 29

46 Algar do Zé de Braga Geossítio (Cavidade Cársica) 30 48

47 Algar dos Alecrineiros Geossítio (Cavidade Cársica) 31

48 Algar dos Carvalhos Geossítio (Cavidade Cársica) 32

49 Algar dos Fetalinhos Geossítio (Cavidade Cársica) 33 58

50 Algar dos Vestejais Geossítio (Cavidade Cársica)

51 Algar Improvável (Ladoeiro) Geossítio (Cavidade Cársica) 35

52 Algar PMS 0509 Geossítio (Cavidade Cársica)

53 Algares da Bajanca e Cofelo Geossítio (Cavidade Cársica) 36 55

145

N.º Sítio Tipologia ID Anexo I ID Anexo I ID PEPNSAC RCM 57/2010 PIER

54 Arco da Memória 62

55 Areias Pliocénicas dos Candeeiros (Abrigo dos Geossítio 1 21 Caçadores)

56 Biostromas de Vale Florido Geossítio 38

57 Brecha de Valverde Geossítio 39 18

58 Casinas da vista azinheira Geossítio (Abrigo Pastor) 77

59 Castro de Santa Marta Património Arquitetónico 63

60 Complexo do Algar dos Potes Geossítio (Inclui Cavidades Cársicas)

61 Complexo da Depressão de Geossítio (Inclui Cavidade Cársica) 40 Alvados

62 Complexo da Fórnia Geossítio (Inclui Cavidade Cársica) 41 29(2)

63 Complexo de Cós Carvalhos Geossítio (Inclui Cavidade Cársica) 42

64 Complexo do Cabeço da Chainça Geossítio (Inclui Cavidades Cársicas) 43 33; 50(1)

65 Polje de Mira Minde Geossítio 107

66 Complexo da Nascente do Alviela Geossítio (Inclui Cavidades Cársicas) 44 28

67 Dolinas e Megalapiás de Covas Geossítio 54

68 Depósito de rio Alcaide Geossítio 22

69 Depressão de Chão das Pias Geossítio (Inclui Cavidade Cársica) 46

70 Depressão do Covão do Coelho Geossítio 47

71 Depressão do Covão do Feto Geossítio 48

72 Dobra de Monsanto Geossítio 57 13

73 Dolina da Faia Geossítio 27

74 Dolina da Serra da Mendiga Geossítio 49 11

75 Dolina de Alvados Geossítio 50

76 Dolina de Covões Largos Geossítio 51

77 Dolina do Covão de Boi Geossítio 52 14

78 Dolina do Covão de Oles Geossítio 23

79 Dolina em funil — Vale de Mar Geossítio 53 16 8

146

N.º Sítio Tipologia ID Anexo I ID Anexo I ID PEPNSAC RCM 57/2010 PIER

80 Dolinas da Pia da Água Geossítio 45 20

81 Dolinas e Megalapiás de Covas Geossítio 54

82 Estratótipo da Formação do Geossítio 37 Barranco do Zambujal

83 Forca de Porto de Mós Património Arquitetónico 64

(6) 84 Gruta da Contenda Geossítio (Cavidade Cársica) 34

85 Gruta da Cova da Velha Geossítio (Cavidade Cársica) 29(2)

86 Nascente do Lena Geossítio (Inclui Cavidade Cársica) 80

87 Gruta da Nascente do rio Alcaide Geossítio (Cavidade Cársica)

88 Gruta da Pena da Falsa Geossítio (Cavidade Cársica) 52

89 Gruta da Pena do Poio Geossítio (Cavidade Cársica) 39

90 Gruta de Alcobertas Geossítio (Cavidade Cársica) 58 36

91 Gruta de Alvados Geossítio (Cavidade Cársica) 59 41

92 Gruta de Santo António Geossítio (Cavidade Cársica) 60 43

93 Gruta do Lugar do Canto Geossítio (Cavidade Cársica)

94 Gruta do Mindinho Geossítio (Cavidade Cársica) 49

95 Gruta do olho da Mata Geossítio (Cavidade Cársica)

96 Gruta do olho da Mata do Rei Geossítio (Cavidade Cársica)

97 Gruta do Olho de Água da Maria Geossítio (Cavidade Cársica) 61 Paula

98 Gruta do Olho de Água de Mira Geossítio (Cavidade Cársica) 44 de Aire

99 Gruta do Regatinho Geossítio (Cavidade Cársica) 37(4)

100 Gruta dos Olhos de Água de Geossítio (Cavidade Cársica) 62 Alcobertas

101 Icnitos de Vale de Meios e Algar Geossítio (inclui Cavidade Cársica) 63 2; 3 2; 5 dos Potes

102 Sítio Paleontológico do Cabeço Geossítio 55 4 da Ladeira

103 Património Arquitetónico (Núcleo de Lagoas do Arrimal 72; 73 poços)

147

N.º Sítio Tipologia ID Anexo I ID Anexo I ID PEPNSAC RCM 57/2010 PIER

104 Lapa da Cerejeira Geossítio (Cavidade Cársica)

105 Lapa da Chã de Cima Geossítio (cavidade cársica) 64

106 Lapa da Galinha Geossitio (Cavidade Cársica) 65 59

107 Lapa da Mouração Geossítio (Cavidade Cársica) 66 46

108 Lapa da Ovelha Geossítio (Cavidade Cársica) 67 60

109 Lapa das Pombas e campo de Geossitio (inclui Cavidade Cársica) 68 lapiás

110 Lapa do Cabeço de Turquel Geossitio (Cavidade Cársica)

111 Lapa do Necrial Geossitio (Cavidade Cársica)

112 Lapa dos Morcegos Geossítio (Cavidade Cársica) 69

113 Lapa dos Penedos Negros Geossitio (Cavidade Cársica)

114 Lapa dos Pocilgões Geossitio (Cavidade Cársica) 15

115 Lapiás da Bezerra Geossítio 19

116 Lapiás do Cabeço das Fontes Geossítio 17

117 Lapiás do Cabeço das Pombas Geossítio

(3) 118 Lapiás e Algares da Pena Traseira Geossitio (inclui Cavidades Cársicas) 70 56

119 Lapiás e dolina do vale da Cobra Geossítio 71 12

120 Lapiás e vertente da depressão Geossitio 72 7 da Mendiga

121 Marinhas de Sal da Fonte da Bica Geossítio 73

122 Megalapiás arrife Paredinhas Geossítio 74 9

123 Megalapiás Casal João Dias Geossítio 10

124 Mega-lapiás Espinheiro Geossítio 75 8

125 Mega-lapiás Moleana Geossítio 7

126 Mega-lapiás do Penedo Padrão Geossítio 76

127 Minas de carvão da Bezerra I Arqueologia Industrial 77 78

128 Minas de carvão da Bezerra II Arqueologia Industrial 79

129 Minas de carvão de Valverde Arqueologia Industrial 78 80

130 Moinhos da Portela V. Espinho Património Arquitetónico 75

148

N.º Sítio Tipologia ID Anexo I ID Anexo I ID PEPNSAC RCM 57/2010 PIER

131 Moinhos da serra da Pevide Património Arquitetónico 76

132 Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Geossítio 79 1 Ourém/Torres Novas

133 Pedra Bicho I Geossítio 88 5; 6

134 Pedreira de calcite Geossítio 89 26

135 Pedreira de Moitas Venda Geossítio 90 12

136 Pena Alagada Geossítio 91

137 Pena da Andorinha Geossítio 92 24

138 Pena dos Corvos Geossitio 93

139 Pia do Zé Gomes Património Arquitetónico (Cisterna) 69 13

140 Património Arquitetónico (Núcleo de Pias Casais do Chão 71 cisternas)

141 Património Arquitetónico (Núcleo de Pias Couceiras 65 cisternas)

142 Património Arquitetónico (Núcleo de Pias da Marinha da Mendiga 70 cisternas)

143 Património Arquitetónico (Núcleo de Pias do Bajoco 67 cisternas)

144 Pias do Cabeço das Fontes Geossítio (Núcleo de cisternas) 94 68

145 Pias Ferreira Geossítio (Núcleo de cisternas) 95 66

146 Pincha de Minde Geossítio 96 11

147 Plano de Falha do Arrife Geossítio 97

148 Plano de Falha - Vale de Barco Geossítio 56 25

149 Património Arquitetónico (núcleo de Poços Portela Vale Espinho 74 poços)

150 Silos de Alcobertas/Potes Património Arquitetónico Mouros

151 Sistema Lomba-Regatinho Geossítio (Cavidades Cársicas) 98 35; 37(4)

152 Sistema Mindinho-Olho de Mira Geossítio (Cavidades Cársicas) 99 49; 44(5)

153 Sistema Moinhos Velhos - Pena - Geossítio (Cavidades Cársicas) 100 30; 34(6) Contenda

149

N.º Sítio Tipologia ID Anexo I ID Anexo I ID PEPNSAC RCM 57/2010 PIER

154 Sumidouro/Algar do Covão Geossítio (Cavidade Cársica) 101

155 Vale da e Patelo Geossítio 102

156 Vale flúviocársico de Valicova Geossítio 103

157 Vales Suspensos da Serra dos Geossítio 104 Candeeiros

158 Ventas do Diabo Cavidade Cársica 105 53

159 Discordância de base do Jurássico Superior em Portela do Geossítio 106 Pereiro

(1) Geossítio “Complexo do Cabeço da Chainça” inclui os “Algar das Gralhas I” e o “Algar das Gralhas VII”; (2) Geossítio “Complexo da Fórnia” inclui a “Gruta da Cova da Velha”; (3) Geossítio “Lapiás e Algares da Pena Traseira” inclui o “Algar da Pena Traseira”; (4) Geossítio “Sistema Lomba-Regatinho” inclui o “Algar da Lomba” e a “Gruta do Regatinho”; (5) Geossítio “Sistema Mindinho-Olho de Mira” inclui a “Gruta do Olho de Água de Mira de Aire” e a “Gruta do Mindinho”; (6) Geossítio “Sistema Moinhos Velhos - Pena - Contenda” inclui o “Algar do Pena” e a “Gruta da Contenda”.

150

8.4 HABITATS DO ANEXO B-I DA DIRETIVA HABITATS PRESENTES NO PNSAC

Sempre que possível referem-se os subtipos nacionais dos Habitats da Diretiva já identificados na área do PNSAC. Reconhecemos que nalgumas situações a identificação dos subtipos nacionais ainda não está completa.

Na designação de cada Habitat optou-se por seguir a proposta de designação portuguesa que consta nas Fichas Técnicas do Plano Sectorial da Rede Natura 2000.

A designação dos Habitats sensu Diretiva está entre parenteses retos.

Os Habitats prioritários estão escritos a negrito.

Fontes de informação: Plano sectorial da Rede Natura 2000 Trabalho de campo

3. HABITATS DE ÁGUA DOCE 3.1. Águas paradas habitat: 3170 designação: Charcos temporários mediterrânicos [Charcos temporários mediterrânicos]

4. CHARNECAS E MATOS DAS ZONAS TEMPERADAS habitat: 4030 designação: Matos baixos de ericáceas e/ou tojos, mesófilos ou xerófilos, de substratos duros [Charnecas secas europeias] subtipo: 4030pt3 designação do subtipo: Urzais, urzais-tojais e urzais-estevais mediterrânicos não litorais

5. MATOS ESCLERÓFILOS 5.2. Matagais arborescentes mediterrânicos habitat: 5230 designação: Matos altos de lauróides [Matagais arborescentes de Laurus nobilis] subtipo: 5230pt1 designação do subtipo: Louriçais

5.3. Matos termomediterrânicos pré-estépicos habitat: 5330 designação: Matagais altos e matos baixos meso-xerófilos mediterrânicos [Matos termomediterrânicos pré-desérticos] subtipo: 5330pt3 designação do subtipo: Medronhais subtipo: 5330pt4 designação do subtipo: Matagais com Quercus lusitanica subtipo: 5330pt5 designação do subtipo: Carrascais, espargueirais e matagais afins basófilos subtipo: 5330pt7 designação do subtipo: Matos baixos calcícolas

151

6. FORMAÇÕES HERBÁCEAS NATURAIS E SEMINATURAIS 6.1. Prados naturais habitat: 6110 designação: Prados rupícolas calcários ou basófilos [Prados rupícolas calcários ou basófilos de Alysso-Sedion albi]

6.2. Formações herbáceas secas seminaturais e fácies arbustivas habitat: 6210 designação: Arrelvados vivazes xerófilos, frequentemente ricos em orquídeas, de substratos calcários [Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário (Festuco-Brometalia) (* importantes habitats de orquídeas)] habitat: 6220 designação nacional: Arrelvados xerófilos [Subestepes de gramíneas e anuais da Thero- Brachypodietea] subtipo: 6220pt3 designação do subtipo: Arrelvados vivazes neutrobasófilos de gramíneas altas

6.4. Pradarias húmidas seminaturais de ervas altas habitat: 6410 designação: Prados de Molinia caerulea e juncais não nitrófilos [Pradarias com Molinia em solos calcários, turfosos e argilo-limosos (Molinion caeruleae)] subtipo: Por determinar habitat: 6420 designação: Juncais mediterrânicos não halófitos e não nitrófilos [Pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas de Molinio-Holoschoenion]

8. HABITATS ROCHOSOS E GRUTAS 8.1. Depósitos de vertente rochosos habitat: 8130 designação: Cascalheiras [Depósitos mediterrânicos ocidentais e termófilos] subtipo: 8130pt1 designação do subtipo: Cascalheiras calcárias

8.2. Vertentes rochosas com vegetação casmofítica habitat: 8210 designação: Afloramentos rochosos calcários com vegetação vascular casmofítica calcícola [Vertentes rochosas calcárias com vegetação casmofítica] habitat: 8220 designação: Afloramentos rochosos siliciosos com vegetação vascular rupícola [Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica] subtipo: 8220pt3 designação do subtipo: Biótopos de comunidades comofíticas esciófilas ou de comunidades epifíticas habitat: 8240 designação: Lajes calcárias

8.3. Outros habitats rochosos habitat: 8310 designação: Grutas e algares não perturbados pelo turismo [Grutas não exploradas pelo turismo]

152

9. FLORESTAS 9.1. Florestas da Europa temperada habitat: 91B0 designação: Freixiais [Freixiais termófilos de Fraxinus angustifolia]

9.2. Florestas mediterrânicas caducifólias habitat: 9230 designação: Carvalhais de Quercus robur e/ou Q. pyrenaica [Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica] subtipo: 9230pt2 designação do subtipo: Carvalhais estremes de Q. pyrenaica habitat: 9240 designação: Carvalhais de Quercus faginea subsp. broteroi [Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis]

9.3. Florestas esclerofilas mediterrânicas habitat: 9330 designação: Bosques de sobreiros [Florestas de Quercus suber] habitat: 9340 designação: Bosques de Quercus rotundifólia [Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia] subtipo: 9340pt1 designação do subtipo: Bosques de Quercus rotundifolia sobre calcários

153

8.5 CATÁLOGO FLORÍSTICO DO PNSAC

ACERACEAE Acer monspessulanum L.

ADIANTACEAE Adiantum capillus-veneris L.

ALISMATACEAE Alisma lanceolatum With.

AMARYLLIDACEAE Leucojum autumnale L. Narcissus calcicola Mendonça Narcissus bulbocodium L. subesp. bulbocodium Narcissus bulbocodium L. subesp. obesus (Salisb.) Maire Narcissus tazetta L. subesp. Tazetta

ANACARDIACEAE Pistacia therebinthus L. Pistacia lentiscus L.

APOCYNACEAE Vinca difformis Pourret subesp. Difformis

ARACEAE Arisarum vulgare Targ.-Toz. Arum italicum Mill. subesp. italicum Biarum arundanum Boiss. & Reuter

ARALIACEAE Hedera helix L. subesp. canariensis (Willd.) Cout.

ARISTOLOCHIACEAE Aristolochia paucinervis Pomel Aristolochia pistolochia L.

154

ASCLEPIADACEAE Gomphocarpus fruticosus (L.) Aiton fil. Vincetoxicum nigrum (L.) Moench

ASPIDIACEAE Polystichum setiferum (Forsskal) Woynar

ASPLENIACEAE Asplenium adiantum-nigrum L. subesp. adiantum-nigrum Asplenium onopteris L. Asplenium ruta-muraria L. subesp. ruta-muraria Asplenium trichomanes L. subesp. quadrivalens D.E.Meyer Ceterach officinarum Willd. subesp. officinarum Phyllitis scolopendrium (L.) Newman subesp. Scolopendrium

BETULACEAE Alnus glutinosa (L.) Gaertn.

BORAGINACEAE Anchusa italica Retz. Borago officinalis L. Cerinthe major L. Cynoglossum creticum Mill. Echium creticum L. subesp. algarbiense R.Fern. Echium lusitanicum L. subesp. lusitanicum Echium plantagineum L. Echium tuberculatum Hoffmanns. & Link Lithodora prostrata (Loisel.) Griseb. subesp. lusitanica (Samp.) Valdés Lithodora prostrata (Loisel.) Griseb Myosotis arvensis (L.) Hill subesp. arvensis Myosotis baetica (Pérez Lara) Rocha Afonso Myosotis discolor Pers. subesp. dubia (Arrondeau) Blaise Myosotis laxa Lehm. subesp. caespitosa (C.F.Schultz) Nordh. Myosotis ramosissima Rochel subesp. ramosissima Neatostema apulum (L.) I.M.Johnston Omphalodes linifolia (L.) Moench

155

CAMPANULACEAE Campanula erinus L. Campanula lusitanica L. subesp. lusitanica Campanula rapunculus L. Jasione montana L. var. montana Trachelium caeruleum L. subesp. Caeruleum CAPRIFOLIACEAE Lonicera etrusca G.Santi Lonicera implexa Aiton Lonicera periclymenum L. subesp. hispanica (Boiss. & Reut.) Nyman Lonicera periclymenum L. subesp. periclymenum Sambucus ebulus L. Sambucus nigra L. Viburnum tinus L. subesp. tinus

CARYOPHYLLACEAE Agrostemma githago L. Arenaria conimbricensis Brot. subesp. conimbricensis Arenaria leptoclados (Rchb.) Guss. Cerastium diffusum Pers. subesp. diffusum Cerastium fontanum Baumg. subesp. vulgare (Hartm.) Greuter & Burdet Dianthus cintranus Boiss. & Reuter subesp. barbatus R.Fern. & Franco Minuartia mediterranea (Ledeb. ex Link) K.Malý Paronychia echinulata A.O.Chater var. echinulata Petrorhagia nanteuilii (Burnat) P.W.Ball & Heywood Polycarpon tetraphyllum (L.) L. subesp. tetraphyllum Sagina apetala Ard. Saponaria officinalis L. Silene disticha Willd. Silene latifolia Poiret Silene longicilia (Brot.) Otth Silene scabriflora Brot. subesp. scabriflora Silene vulgaris (Moench) Garcke subesp. vulgaris Spergula arvensis L. Spergularia bocconei (Scheele) Graebner Stellaria media (L.) Vill. Stellaria neglecta Weihe 156

CERATOPHYLLACEAE Ceratophyllum demersum L.

CHENOPODIACEAE Beta maritima L. Atriplex prostrata Boucher ex DC. Chenopodium album L. var. álbum

CISTACEAE Cistus albidus L. Cistus crispus L. Cistus ladanifer L. subesp. ladanifer Cistus monspeliensis L. Cistus populifolius L. subesp. populifolius Cistus psilosepalus Sweet Cistus salviifolius L. Fumana thymifolia (L.) Spach ex Webb Helianthemum violaceum (Cav.) Pers. Halimium ocymoides (Lam.) Willk. Xolantha guttata (L.) Raf. Xolantha tuberaria (L.) Gallego, Muñoz Garm. & C.Navarro

COMPOSITAE Achillea ageratum L. Aetheorhiza bulbosa (L.) Cass. subesp. bulbosa Andryala integrifolia L. Anthemis arvensis L. subesp. arvensis Anthemis arvensis L. subesp. Incrassata (Loisel.) Nyman Anthemis cotula L. Asteriscus aquaticus (L.) Less. Atractylis gummifera L. Bellis perennis L. Bellis sylvestris Cyr. var. sylvestris Calendula arvensis L. Calendula suffruticosa Vahl subesp. Lusitanica (Boiss.) Ohle Carduncellus caeruleus (L.) C. Presl subesp. caeruleus Carduus broteroi Welw. ex Cout. 157

Carduus tenuiflorus Curtis Carlina corymbosa L. subesp. corymbosa Carlina racemosa L. Carthamus lanatus L. subesp. lanatus Centaurea calcitrapa L. Centaurea melitensis L. Centaurea ornata Willd. subesp. ornata Centaurea pullata L. subesp. pullata Centaurea sphaerocephala L. subesp. lusitanica (Boiss. & Reuter) Nyman Chamaemelum fuscatum (Brot.) Vasc. Chamaemelum mixtum (L.) All. Chamaemelum nobile (L.) All. var. nobile Cheirolophus sempervirens (L.) Pomel Chrysanthemum segetum L. Cichorium intybus L. Cirsium arvense (L.) Scop. Cirsium vulgare (Savi) Ten. Conyza albida Sprengel Conyza bonariensis (L.) Cronq. Conyza canadensis (L.) Cronq. Crepis capillaris (L.) Wallr. Crepis vesicaria L. subesp. haenseleri (DC.) P.D. Sell Crupina vulgaris Cass. Cynara cardunculus L. var. cardunculus Cynara humilis L. Dittrichia viscosa (L.) Greuter subesp. Viscosa Eupatorium cannabinum L. subesp. cannabinum Evax pygmaea (L.) Brot. subesp. ramosissima (Mariz) R.Fern & Nogueira Galactites tomentosa Moench Hedypnois cretica (L.) Dum-Courset Helichrysum stoechas (L.) Moench subesp. stoechas Hypochoeris glabra L. Hypochoeris radicata L. Inula montana L. Lactuca saligna L. Lactuca serriola L. 158

Lactuca viminea (L.) J. & C.Presl. subesp. chondrilliflora (Boreau) Bonnier Leontodon tuberosus L. Leuzea conifera (L.) DC. Logfia gallica (L.) Cosson & Germ. Mantisalca salmantica (L.) Briq. & Cavillier Pallenis spinosa (L.) Cass. subesp. spinosa Phagnalon saxatile (L.) Cass. Picris echioides L. Pseudognaphalium luteo-album (L.) Hilliard & B.L.Burtt Pulicaria odora (L.) Reichenb. Reichardia picroides (L.) Roth Rhagadiolus edulis Gaertner Scolymus hispanicus L. Scorzonera angustifolia L. Senecio jacobaea L. Senecio minutus (Cav.) DC. Senecio vulgaris L. Serratula alcalae Cosson subesp. aristata Franco Serratula estremadurensis Franco Silybum marianum (L.) Gaertner Sonchus asper (L.) Hill subesp. asper Sonchus asper (L.) Hill subesp. glaucescens () Ball Sonchus oleraceus L. Sonchus tenerrimus L. Staehelina dubia L. Tolpis barbata (L.) Gaertner Urospermum picroides (L.) F.W.Schmidt Xanthium spinosum L.

CONVOLVULACEAE Calystegia sepium (L.) R.Br. subesp. sepium Convolvulus arvensis L. Cuscuta planiflora Ten.

CRASSULACEAE Sedum album L.

159

Sedum acre L. Sedum forsterianum Sm. Sedum mucizonia (Ortega) Raym.-Hamet Sedum sediforme (Jacq.) Pau Umbilicus rupestris (Salisb.) Dandy CRUCIFERAE Arabis planisiliqua (Pers.) Rchb. Arabis sadina (Samp.) Cout. Arabis verna (L.) R.Br. Biscutella valentina (Loefl. ex L.) Heywood subesp. valentina var. valentina Cardamine hirsuta L. Cardaria draba (L.) Desv. subesp. draba Coincya cintrana (P.Cout.) A.R. Pinto da Silva Crambe hispanica L. subesp. glabrata (DC) Cout. Diplotaxis catholica (L.) DC. Erophila verna (L.) Chevall. Hesperis laciniata All. Hirschfeldia incana (L.) Lagr.-Foss. subesp. incana Hornungia petraea Reichenb. subesp. petraea Iberis procumbens Lange subesp. microcarpa Franco & P.Silva Jonopsidium abulense (Pau) Rothm. Sinapis alba L. subesp. alba Sinapis arvensis L. Sisymbrium officinale (L.) Scop.

CUCURBITACEAE Bryonia dioica Jacq. Ecballium elaterium (L.) A.Rich. subesp. Elaterium

CYPERACEAE Carex divulsa Stokes subesp. divulsa Carex distachya Desf. Carex flacca Schreber Carex hallerana Asso Carex hispida Willd. var. hispida Cyperus longus L. Schoenus nigricans L.

160

DAVALLIACEAE Davallia canariensis (L.) Sm.

DIOSCOREACEAE Tamus communis L. DIPSACACEAE Scabiosa atropurpurea L. var. atropurpurea Scabiosa atropurpurea L. var. villosa (Cosson) Franco Scabiosa turolensis Pau

DROSERACEAE Drosophyllum lusitanicum (L.) Link

EQUISETACEAE Equisetum telmateia Ehrh.

ERICACEAE Arbutus unedo L. Calluna vulgaris (L.) Hull Erica arborea L. Erica australis L. subesp. australis Erica cinerea L. Erica erigena R.Ross Erica lusitanica Rudolphi Erica scoparia L. subesp. scoparia Erica umbellata Loefl. ex L. var. umbellata

EUPHORBIACEAE Euphorbia characias L. subesp. characias Euphorbia exigua L. subesp. exigua Euphorbia helioscopia L. subesp. helioscopia Euphorbia lathyris L. Euphorbia portlandica L. Euphorbia transtagana Boiss. Mercurialis annua L. Mercurialis tomentosa L.

161

FAGACEAE Castanea sativa Miller Quercus coccifera L. subesp. coccifera Quercus faginea Lam. subesp. broteroi (Cout.) A.Camus Quercus lusitanica Lam. Quercus pyrenaica Willd. Quercus rotundifolia Lam. Quercus suber L. Quercus x airensis Franco & Vasc.

GENTIANACEAE Blackstonia acuminata (Koch & Ziz) Domin subesp. acuminata Blackstonia acuminata (Koch & Ziz) Domin subesp. aestiva (K.Maly) Zeltner Blackstonia perfoliata (L.) Hudson subesp. perfoliata Blackstonia perfoliata (L.) Hudson subesp. intermedia (Ten.) Centaurium erythraea Rafn subesp. erythraea Centaurium erythraea Rafn subesp. grandiflorum (Biv.) Melderis Centaurium maritimum (L.) Fritsch Centaurium tenuiflorum (Hoffmanns. & Link) Fritsch subesp. Tenuiflorum

GERANIACEAE Erodium moschatum (L.) L’Hér. Erodium botrys (Cav.) Bertol. Erodium primulaceum (Lange) Lange Geranium columbinum L. Geranium dissectum L. Geranium lucidum L. Geranium molle L. Geranium robertianum L. Geranium rotundifolium L.

GLOBULARIACEAE Globularia vulgaris L.

GRAMINEAE Aegilops geniculata Roth Aegilops neglecta Bertol.

162

Aegilops triuncialis L. Agrostis castellana Boiss. & Reuter Agrostis curtisii Kerguélen Agrostis pourretii Willd. Agrostis stolonifera L. var. stolonifera Aira caryophyllea L. subesp. caryophyllea Anthoxanthum aristatum Boiss. Arrhenatherum elatius (L.) J. & C.Presl subesp. elatius Arundo donax L. Avena barbata Link subesp. barbata Avena sterilis L. subesp. sterilis Avenula sulcata (Boiss.) Dumort. subesp. gaditana Romero Avenula sulcata (Boiss.) Dumort. subesp. occidentalis (Gervais) Romero Zarco Avenula sulcata (Boiss.) Dumort. subesp. sulcata var. sulcata Brachypodium distachyon (L.) Beauv. Brachypodium phoenicoides (L.) Roemer & Schultes var. phoenicoides Brachypodium sylvaticum (Hudson) Beauv. Briza maxima L. Briza minor L. Bromus diandrus Roth Bromus lanceolatus Roth subesp. lanceolatus Bromus madritensis L. Bromus rigidus Roth Bromus rubens L. Bromus sterilis L. Cynosurus echinatus L. Dactylis glomerata L. subesp. glomerata Gastridium ventricosum (Gouan) Schinz & Thell. Gaudinia fragilis (L.) Beauv. Glyceria spicata (Biv.) Guss. Holcus lanatus L. Hyparrhenia hirta (L.) Stapf subesp. hirta Lagurus ovatus L. Lolium multiflorum Lam. Lolium perenne L. Melica minuta L. subesp. minuta 163

Mibora minima (L.) Desv. Paspalum paspalodes (Michx) Scribner Phleum pratense L. subesp. bertolonii (DC.) Bornm. Piptatherum miliaceum (L.) Cosson subesp. miliaceum Página 9 de 19 Poa bulbosa L. Poa pratensis L. Pseudarrhenatherum longifolium (Thore) Rouy Pseudarrhenatherum pallens (Link) J.Holub Setaria verticillata (L.) Beauv. Stipa gigantea Link Vulpia bromoides (L.) S.F.Gray Vulpia ciliata Dumort. Vulpia myuros (L.) C.C.Gmelin subesp. myuros Vulpia myuros (L.) C.C.Gmelin subesp. sciuroides (Roth.) Rouy

GUTTIFERAE Hypericum humifusum L. Hypericum perforatum L. var. angustifolium DC. Hypericum perforatum L. var. perforatum Hypericum tomentosum L.

HEMIONITIDACEAE Anogramma leptophylla (L.) Link

HYPOLEPIDACEAE Pteridium aquilinum (L.) Kuhn subesp. Aquilinum

IRIDACEAE Crocus serotinus Salisb. subesp. clusii (Gay) Mathew Gladiolus illyricus Koch subesp. illyricus Gladiolus italicus Mill. Gynandriris sisyrinchium (L.) Parl. Iris lusitanica Ker-Gawler Iris planifolia (Mill.) Fiori & Paol. Iris subbiflora Brot. Iris xiphium L.

164

Romulea bulbocodium (L.) Sebastiani & Mauri subesp. Bulbocodium

JUNCACEAE Juncus acutiflorus Ehrh. ex Hoffm. subesp. acutiflorus Juncus acutus L. var. acutus Juncus capitatus Weigel. Juncus effusus L. var. effusus Juncus inflexus L. var. inflexus Juncus valvatus Link Luzula forsteri (Sm.) DC. subesp. Forsteri

LABIATAE Ajuga iva (L.) Schreber var. iva Ballota nigra L. subesp. foetida Hayek Calamintha nepeta (L.) Savi subesp. nepeta Cleonia lusitanica (L.) L. Clinopodium vulgare L. subesp. vulgare Lamium amplexicaule L. subesp. amplexicaule Lavandula luisieri (Rozeira) Rivas-Mart. Lycopus europaeus L. subesp. europaeus Marrubium vulgare L. Melissa officinalis L. subesp. officinalis Mentha pulegium L. Mentha suaveolens Ehrh. Micromeria graeca (L.) Reichenb. subesp. graeca Nepeta tuberosa L. subesp. tuberosa Origanum virens Hoffmanns. & Link Phlomis lychnitis L. Prunella laciniata (L.) L. subesp. laciniata Prunella vulgaris L. subesp. estremadurensis Franco Prunella vulgaris L. subesp. vulgaris Rosmarinus officinalis L. Salvia sclareoides Brot. Salvia verbenaca L. Sideritis hirsuta L. Stachys arvensis (L.) L.

165

Stachys germanica L. subesp. lusitanica (Hoffmanns. & Link) Cout. Stachys officinalis (L.) Trevisan subesp. algeriensis (De Noé) Franco Teucrium chamaedrys L. Teucrium fruticans L. Teucrium polium L. subesp. capitatum (L.) Arcangeli Teucrium polium L. subesp. polium Teucrium scorodonia L. subesp. scorodonia Thymus mastichina L. subesp. mastichina Thymus villosus L.subesp. villosus Thymus zygis L. subesp. silvestris (Hoffmanns. & Link) Cout

LAURACEAE Laurus nobilis L.

LEGUMINOSAE Anthyllis vulneraria L. subesp. lusitanica (Cullen & P.Silva) Franco Anthyllis vulneraria L. subesp. maura (Beck) Maire Argyrolobium zanonii (Turra) P.W.Ball subesp. zanonii Bituminaria bituminosa (L.) C.H.Stirt. Coronilla glauca L. Coronilla scorpioides (L.) W.D.J.Koch Cytisus striatus (Hill) Rothm. Dorycnium pentaphyllum Scop. Dorycnium rectum (L.) Ser. Dorycnopsis gerardi (L.) Boiss. Genista tournefortii Spach subesp. tournefortii Genista triacanthos Brot. Lathyrus amphicarpos L. Lathyrus annuus L. Lathyrus aphaca L. Lathyrus cicera L. Lathyrus clymenum L. Lathyrus ochrus (L.) DC. Lathyrus sphaericus Retz. Lathyrus sylvestris L. Lotus corniculatus L. subesp. corniculatus

166

Lotus parviflorus Desf. Lotus subbiflorus Lag. Medicago lupulina L. Medicago minima (L.) L. Medicago polymorpha L. Medicago sativa L. Ononis mitissima L. Ononis natrix L. Ononis pusilla L. subesp. pusilla Ononis reclinata L. subesp. reclinata Ononis spinosa L. subesp. spinosa Ornithopus compressus L. Ornithopus sativus Brot. subesp. sativus Pisum sativum L. subesp. elatius (M.Bieb.) Asch. & Graebn. var. elatius Pterospartum tridentatum (L.) Willk. subesp. tridentatum Scorpiurus muricatus L. Scorpiurus vermiculatus L. Spartium junceum L. Trifolium angustifolium L. Trifolium arvense L. var. arvense Trifolium bocconei Savi Trifolium campestre Schreber Trifolium fragiferum L. Trifolium glomeratum L. Trifolium ligusticum Balb. ex Loisel. Trifolium pratense L. subesp. pratense var. pratense Trifolium repens L. var. repens Trifolium scabrum L. Trifolium stellatum L. Trifolium subterraneum L. subesp. subterraneum var. subterraneum Ulex airensis Espírito Santo & al. Ulex europaeus L. subesp. latebracteatus (Mariz) Rothm. Ulex minor Roth Vicia benghalensis L. var. benghalensis Vicia bithynica (L.) L. Vicia disperma DC. 167

Vicia lutea L. subesp. lutea var. hirta (Balb. ex Lam. & DC.) Loisel. Vicia lutea L. subesp. lutea var. lutea Vicia parviflora Cav. Vicia pubescens (DC.) Link Vicia sativa L. subesp. sativa Vicia tenuifolia Roth

LEMNACEAE Lemna gibba L.

LILIACEAE Allium ampeloprasum L. Allium pallens L. Allium pruinatum Sprengel Allium roseum L. Allium sphaerocephalon L. subesp. sphaerocephalon Asparagus acutifolius L. Asparagus albus L. Asparagus aphyllus L. Asphodelus fistulosus L. Dipcadi serotinum (L.) Medicus subesp. serotinum Fritillaria lusitanica Wikström var. lusitanica Gagea lusitanica A.Terracc. Hyacinthoides hispanica (Miller) Rothm. Merendera pyrenaica P.Fourn. Muscari comosum (L.) Miller Muscari neglectum Ten. Ornithogalum broteroi Laínz Ornithogalum narbonense L. Ornithogalum orthophyllum Ten. subesp. baeticum (Boiss.) Zahar. Ornithogalum pyrenaicum L. Polygonatum odoratum (Miller) Druce Ruscus aculeatus L. Scilla autumnalis L. Scilla monophyllos Link Simethis mattiazzi (Vandelli) Sacc.

168

Tulipa sylvestris L. subesp. australis (Link) Pamp. Urginea maritima (L.) Baker

LINACEAE Linum bienne Mill. Linum strictum L. subesp. strictum Linum tenue Desf. Linum trigynum L. subesp. trigynum Radiola linoides Roth

LYTHRACEAE Lythrum junceum Banks & Sol.

MALVACEAE Lavatera cretica L. Malva hispanica L. Lavatera olbia L. var. olbia Lavatera trimestris L. Malva sylvestris L.

MORACEAE Ficus carica L.

MYRTACEAE Eucalyptus globulus Labill. subesp. globulus Myrtus communis L.

OLEACEAE Fraxinus angustifolia Vahl subesp. angustifolia Jasminum fruticans L. Olea europaea L. var. sylvestris (Mill.) Hegi Phillyrea angustifolia L. Phillyrea latifolia L. Olea europaea L. var. europaea

ONAGRACEAE Epilobium hirsutum L. Epilobium tetragonum L. subesp. tournefortii (Michalet) Rouy & É.G.Camus

169

OPHIOGLOSSACEAE Ophioglossum lusitanicum

ORCHIDACEAE Aceras anthropophorum (L.) Aiton Anacamptis pyramidalis (L.) L.C.M.Richard Barlia robertiana (Loisel.) Greuter Cephalanthera longifolia (L.) Fritsch Dactylorhiza sulphurea (Link) Franco Epipactis helleborine (L.) Crantz subesp. Helleborine Epipactis lusitanica D. Tyteca Epipactis tremolsii C.Pau Limodorum abortivum (L.) Schwart Limodorum trabutianum Batt. Neotinea maculata (Desf.) Stearn Ophrys apifera Hudson Ophrys bombyliflora Link Ophrys dyris Maire Ophrys fusca Link Ophrys lutea Cav. Ophrys scolopax Cav. Ophrys tenthredinifera Willd. subesp. tenthredinifera Ophrys vernixia Brot. Orchis champagneuxii Barn. Orchis conica Willd. Orchis italica Poir. Orchis langei Lange ex K.Richter Orchis mascula (L.) L. Orchis papilionacea L. Serapias cordigera L. Serapias lingua L. Serapias parviflora Parl. Serapias strictiflora Welwitsch ex Veiga Spiranthes spiralis (L.) Chevall. OROBANCHACEAE Orobanche hederae Vaucher ex Duby

170

Orobanche latisquama (F.W.Schultz) Batt. Orobanche ramosa L. subesp. nana (Reut.) Cout.

OXALIDACEAE Oxalis pes-caprae L. Oxalis corniculata L.

PAEONIACEAE Paeonia broteri Boiss. & Reuter Paeonia officinalis L. subesp. microcarpa (Boiss. & Reuter) Nyman

PAPAVERACEAE Fumaria bastardii Boreau Fumaria capreolata L. Fumaria petteri Reichenb. subesp. calcarata (Cadevall) Lidén & Soler Papaver somniferum L. subesp. somniferum Platycapnos spicata (L.) Bernh.

PINACEAE Pinus halepensis Miller Pinus pinaster Aiton Pinus pinea L. Pinus radiata D.Don

PLANTAGINACEAE Plantago bellardii All. subesp. bellardii Plantago coronopus L. subesp. coronopus Plantago lagopus L. subesp. lagopus Plantago lanceolata L. Plantago serraria L.

POLYGALACEAE Polygala microphylla L. Polygala monspeliaca L. Polygala vulgaris L.

POLYGONACEAE Fallopia convolvulus (L.) Á.Löve

171

Rumex acetosa L. subesp. acetosa Rumex acetosella L. subesp. angiocarpus (Murb.) Murb. Rumex bucephalophorus L. subesp. hispanicus (Steinh.) Rech. fil. Rumex conglomeratus Murray Rumex crispus L. Rumex intermedius DC. subesp. lusitanicus Franco

POLYPODIACEAE Polypodium cambricum L. subesp. Cambricum

PORTULACACEAE Portulaca oleracea L. subesp. Olerácea

PRIMULACEAE Anagallis arvensis L. subesp. arvensis Anagallis foemina Mill. Anagallis monelli L. Asterolinon linum-stellatum (L.) Duby

PROTEACEAE Hakea sericea Schrad.

RAFFLESIACEAE Cytinus hypocistis (L.) L. subesp. hypocistis Cytinus ruber Fourr. ex Fritsch

RANUNCULACEAE Anemone palmata L. Clematis campaniflora Brot. Delphinium pentagynum Lam. Helleborus foetidus L. Nigella damascena L. Ranunculus arvensis L. Ranunculus bulbosus L. subesp. aleae (Willk.) Rouy & Fouc. var. adscendens (Brot.) Pinto da Silva Ranunculus bulbosus L. subesp. aleae (Willk.) Rouy & Fouc. var. aleae (Willk.) Burnat Ranunculus bullatus L. Ranunculus ficaria L. subesp. ficaria

172

Ranunculus ollissiponensis Pers. subesp. ollissiponensis Ranunculus omiophyllus Ten. Ranunculus peltatus Schrank subesp. baudotii (Godr.) C.D.K.Cook Thalictrum speciosissimum L.

RESEDACEAE Reseda luteola L.

RHAMNACEAE Frangula alnus Mill. Rhamnus alaternus L. Rhamnus lycioides L. subesp. oleoides (L.) Jahandiez & Maire

ROSACEAE Agrimonia eupatoria L. subesp. eupatoria Aphanes microcarpa (Boiss. & Reut.) Rothm. Crataegus monogyna Jacq. Cydonia oblonga Mill. Geum sylvaticum Pourr. Potentilla ereta (L.) Raeusch. Potentilla reptans L. Prunus spinosa L. Pyrus bourgaeana Decne. Rosa canina L. Rosa sempervirens L. var. microphylla DC. Rubus ulmifolius Schott Sanguisorba minor Scop. subesp. minor Sorbus domestica L.

RUBIACEAE Asperula aristata L. fil. subesp. scabra (J.& C.Presl) Nyman Crucianella angustifolia L. Galium aparine L. Galium divaricatum Lam. Galium helodes Hoffmanns. & Link Galium murale (L.) All. Galium verrucosum Hudson Rubia peregrina L. subesp. peregrina

173

Sherardia arvensis L. Valantia muralis L.

RUTACEAE Ruta chalepensis L. Ruta montana (L.) L.

SALICACEAE Populus nigra L. Salix alba L. var. alba Salix atrocinerea Brot.

SANTALACEAE Osyris alba L.

SAXIFRAGACEAE Saxifraga cintrana Kuzinsky ex Willk. Saxifraga granulata L. Saxifraga tridactylites L.

SCROPHULARIACEAE Anarrhinum bellidifolium (L.) Willd. Antirrhinum majus L. subesp. linkianum (Boiss. & Reuter) Rothm. var. linkianum Bartsia aspera (Brot.) Lange Chaenorhinum origanifolium (L.) Fourr. subesp. origanifolium Cymbalaria muralis P.Gaertner, B.Meyer & Scherb. subesp. muralis Bellardia trixago (L.) All. Digitalis purpurea L. subesp. purpurea Kickxia cirrhosa (L.) Fritsch Kickxia spuria (L.) Dumort. subesp. integrifolia (Brot.) R.Fern. Linaria amethystea (Lam.) Hoffmanns. & Link subesp. amethystea Linaria diffusa Hoffmanns. & Link Linaria supina (L.) Chaz. Odontites tenuifolia (Pers.) G.Don Parentucellia latifolia (L.) Caruel Parentucellia viscosa (L.) Caruel Scrophularia auriculata L. Scrophularia canina L. subesp. canina var. canina Scrophularia sambucifolia L. subesp. sambucifolia

174

Scrophularia scorodonia L. var. scorodonia Verbascum pulverulentum Vill. Verbascum sinuatum L. Verbascum thapsus L. subesp. crassifolium (Lam.) Murb. Verbascum thapsus L. subesp. thapsus Veronica anagallis-aquatica L. Veronica arvensis L. Veronica hederifolia L. subesp. hederifolia Veronica hederifolia L. subesp. triloba (Opiz) Oelak.

SELAGINELLACEAE Selaginella denticulata (L.) Spring

SINOPTERIDACEAE Cheilanthes acrosticha (Balbis) Tod.

SMILACACEAE Smilax aspera L.

SOLANACEAE Datura stramonium L. Hyoscyamus niger L. Solanum dulcamara L. Solanum nigrum L. subesp. nigrum Physalis ixocarpa Brot. ex Hornem.

TAMARICACEAE Tamarix africana Poiret var. africana Poiret

THELIGONACEAE Theligonum cynocrambe L.

THYMELAEACEAE Daphne gnidium L. var. gnidium

TYPHACEAE Typha domingensis (Pers.) Steudel

ULMACEAE Celtis australis L. Ulmus minor Mill. var. minor

175

UMBELLIFERAE Ammi majus L. Ammoides pusilla (Brot.) Breistr. Apium graveolens L. Apium nodiflorum (L.) Lag. Bupleurum gerardi All. Bupleurum rigidum L. subesp. paniculatum (Brot.) H.Wolff. Conium maculatum L. Daucus carota L. subesp. maritimus (Lam.) Batt. Daucus crinitus Desf. Daucus muricatus (L.) L. Eryngium campestre L. Eryngium dilatatum Lam. Ferula communis L. Ferula tingitana L. Foeniculum vulgare Mill. subesp. piperitum (Ucria) Cout. Heracleum sphondylium L. subesp. sphondylium Oenanthe crocata L. Petroselinum crispum (Mill.) A.W.Hill. Pimpinella villosa Schousboe Scandix australis L. subesp. microcarpa (Lange) Thell. Scandix pecten-veneris L. subesp. pecten-veneris Smyrnium olusatrum L. Smyrnium perfoliatum L. Thapsia villosa L. Torilis arvensis (Huds.) Link subesp. arvensis Torilis nodosa (L.) Gaertn.

URTICACEAE Parietaria judaica L. Parietaria mauritanica Durieu Urtica dioica L. Urtica membranacea Poir. Urtica urens L.

VALERIANACEAE Centranthus calcitrapae (L.) Dufresne subesp. calcitrapae

176

Fedia cornucopiae (L.) Gaertner Valeriana tuberosa L. Valerianella discoidea (L.) Loisel.

VERBENACEAE Verbena officinalis L.

VIOLACEAE Viola arvensis Murray Viola lactea Sm. Viola riviniana Rchb.

177

8.6 LISTA DE BRIÓFITOS COM CATEGORIA DE AMEAÇA UICN, QUE OCORREM NO PNSAC

Categoria de Ameaça “Em Perigo” (EN) Timmiella flexiseta (Bruch) Limpr. Tortula inermis (Brid.) Mont.

Categoria de Ameaça “Vulnerável” (VU) Aschisma carniolicum (F.Weber & D.Mohr) Lindb. Cephaloziella calyculata (Durieu & Mont.) Müll.Frib. Cinclidotus aquaticus (Hedw.) Bruch & Schimp. Homalia lusitanica Schimp. Porella platyphylla (L.) Pfeiff. Schistidium crassipilum H.H.Blom Tortula lanceolata R.H.Zander

Categoria de Ameaça “Quase Ameaçado” (NT) Thamnobryum maderense (Kindb.) Hedenäs

Categoria de Ameaça “Dados Insuficientes, (n) nova espécie para Portugal depois de 2001” (DD-n) Entosthodon schimperi Brugués Seligeria acutifolia Lindb.

FONTE: Sérgio C., Garcia, C.A., Sim-Sim, M., Vieira C., Hespanhol, H. Stow, S. 2012 – Relatório final BrioAtlas-Portugal (Atlas dos briófitos ameaçados de Portugal) /BryoAtlas - Portugal (Atlas of threatened bryophytes of Portugal). MNHNC/CBA. 422 pp.

178

8.7 LISTA DOS VERTEBRADOS TERRESTRES COM REGISTO DE OCORRÊNCIA NO PNSAC

ANFIBIOS

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR OUTRAS DESIGNAÇÕES Pleurodeles waltl Salamandra-de-costelas-salientes Salamandra salamandra Salamandra-de-pintas-amarelas

Lissotriton boscai Tritão-de-ventre-laranja Triturus boscai Triturus marmoratus Tritão-marmorado Triturus pygmaeus Tritão-pigmeu Alytes obstetricans Sapo-parteiro-comum Discoglossus galganoi Rã-de-focinho-pontiagudo Pelobates cultripes Sapo-de-unha-negra Pelodytes spp. Sapinho-de-verrugas-verdes-ibérico Pelodytes sp.

Bufo spinosus Sapo-comum Bufo bufo Epidalea calamita Sapo-corredor Bufo calamita

Hyla meridionalis Rela-meridional Pelophylax perezi Rã-verde Rana perezi

REPTEIS

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR OUTRAS DESIGNAÇÕES Emys orbicularis Cágado-de-carapaça-estriada Mauremys leprosa Cágado-mediterrânico Tarentola mauritanica Osga Anguis fragilis Cobra-de-vidro Blanus cinereus Cobra-cega Acanthodactylus erythrurus Lagartixa-de-dedos-denteados Timon lepidus Lagarto Lacerta lepida Lacerta schreiberi Lagarto-de-água Podarcis carbonelli Lagartixa de Carbonell Podarcis virescens Lagartixa-esverdeada Podarcis hispanica Psammodromus algirus Lagartixa-do-mato Psammodromus hispanicus Lagartixa-do-mato-ibérica Chalcides bedriagai Cobra-de-pernas-pentadáctila Chalcides striatus Fura-pastos Hemorrhois hippocrepis Cobra-de-ferradura Coluber hippocrepis

Coronella girondica Cobra-lisa-meridional Rhinechis scalaris Cobra-de-escada Elaphe scalaris Macroprotodon cucullatus Cobra-de-capuz Malpolon monspessulanus Cobra-rateira Natrix maura Cobra-de-água-viperina Natrix astreptophora Cobra-de-água-de-colar Natrix natrix

Vipera latastei Víbora-cornuda

179

AVES

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR Anser anser Ganso-bravo Anas platyrhynchos Pato-real Anas crecca Marrequinha Anas acuta Arrábio Anas clypeata Pato-trombeteiro Alectoris rufa Perdiz-comum Coturnix coturnix Codorniz Phasianus colchicus Faisão-comum Tachybaptus ruficollis Mergulhão-pequeno Phalacrocorax carbo Corvo-marinho-de-faces-brancas Nycticorax nycticorax Garça-nocturna Bubulcus ibis Garça-boieira Egretta garzetta Garça-branca-pequena Ardea cinerea Garça-real Ciconia nigra Cegonha-preta Ciconia ciconia Cegonha-branca Plegadis falcinellus Íbis-preta Pernis apivorus Bútio-vespeiro Elanus caeruleus Peneireiro-cinzento Milvus migrans Milhafre-preto Milvus milvus Milhafre-real Neophron percnopterus Britango; Abutre do Egipto Gyps fulvus Grifo Gyps rueppellii Grifo-pedrês Aegypius monachus Abutre-preto Circaetus gallicus Águia-cobreira Circus aeruginosus Tartaranhão-ruivo-dos-pauis Circus cyaneus Tartaranhão-azulado Circus pygargus Tartaranhão-caçador Accipiter gentilis Açor Accipiter nisus Gavião Buteo buteo Águia-d'asa-redonda Aquila chrysaetos Águia-real Aquila pennata Águia-calçada Aquila fasciata Águia-de-bonelli; Águia-perdigueira Pandion haliaetus Águia-pesqueira Falco tinnunculus Peneireiro-vulgar Falco columbarius Esmerilhão Falco subbuteo Ógea Falco peregrinus Falcão-peregrino Gallinula chloropus Galinha-d'água Fulica atra Galeirão-comum Otis tarda Abetarda Himantopus himantopus Pernilongo Pluvialis apricaria Tarambola-dourada Vanellus vanellus Abibe Gallinago gallinago Narceja-comum Scolopax rusticola Galinhola Numenius arquata Maçarico-real Actitis hypoleucos Maçarico-das-rochas Tringa ochropus Maçarico-bique-bique Larus ridibundus Guincho-comum Larus fuscus Gaivota-d'asa-escura Larus michahellis Gaivota-de-patas-amarelas Alle alle Torda-anã 180

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR Columba livia Pombo-das-rochas Columba palumbus Pombo-torcaz Streptopelia decaocto Rola-turca Streptopelia turtur Rola-brava Clamator glandarius Cuco-rabilongo Cuculus canorus Cuco-canoro Tyto alba Coruja-das-torres Otus scops Mocho-pequeno-d’orelhas Bubo bubo Bufo-real Athene noctua Mocho-galego Asio otus Bufo-pequeno Asio flammeus Coruja-do-nabal Caprimulgus europaeus Noitibó-da-europa Apus apus Andorinhão-preto Apus pallidus Andorinhão-pálido Apus melba Andorinhão-real Alcedo atthis Guarda-rios Merops apiaster Abelharuco Upupa epops Poupa Jynx torquilla Torcicolo Picus viridis Pica-pau-verde Dendrocopos major Pica-pau-malhado-grande Dendrocopos minor Pica-pau-galego Galerida cristata Cotovia-de-poupa Galerida theklae Cotovia-montesina Lullula arborea Cotovia-arbórea Alauda arvensis Laverca Riparia riparia Andorinha-das-barreiras Ptyonoprogne rupestris Andorinha-das-rochas Hirundo rustica Andorinha-das-chaminés Delichon urbicum Andorinha-dos-beirais Cecropis daurica Andorinha-dáurica Anthus campestris Petinha-dos-campos Anthus trivialis Petinha-das-árvores Anthus pratensis Petinha-dos-prados Anthus spinoletta Petinha-ribeirinha Motacilla flava Alvéola-amarela Motacilla cinerea Alvéola-cinzenta Motacilla alba Alvéola-branca Troglodytes troglodytes Carriça Prunella modularis Ferreirinha-comum Prunella collaris Ferreirinha-alpina Cercotrichas galactotes Solitário; Rouxinol-do-mato Erithacus rubecula Pisco-de-peito-ruivo Luscinia megarhynchos Rouxinol-comum Phoenicurus ochruros Rabirruivo-preto Phoenicurus phoenicurus Rabirruivo-de-testa-branca Saxicola rubetra Cartaxo-nortenho Saxicola rubicola Cartaxo-comum Oenanthe oenanthe Chasco-cinzento Oenanthe hispanica Chasco-ruivo Monticola saxatilis Melro-das-rochas Monticola solitarius Melro-azul Turdus torquatus Melro-de-colar; Melro-de-peito-branco Turdus merula Melro-preto Turdus obscurus Tordo-de-cabeça-cinzenta Turdus pilaris Tordo-zornal Turdus philomelos Tordo-comum Turdus iliacus Tordo-ruivo 181

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR Turdus viscivorus Tordoveia Cettia cetti Rouxinol-bravo Cisticola juncidis Fuinha-dos-juncos Locustella naevia Felosa-malhada Hippolais pallida Felosa-pálida Hippolais polyglotta Felosa-poliglota Acrocephalus scirpaceus Rouxinol-pequeno-dos-caniços Sylvia undata Toutinegra-do-mato Sylvia conspicillata Toutinegra-tomilheira Sylvia melanocephala Toutinegra-de-cabeça-preta Sylvia hortensis Toutinegra-real Sylvia communis Papa-amoras-comum Sylvia borin Felosa-das-figueiras Sylvia atricapilla Toutinegra-de-barrete-preto Phylloscopus bonelli Felosa-de-papo-branco; Felosa-de-bonelli Phylloscopus collybita Felosa-comum Phylloscopus ibericus Felosa-ibérica Phylloscopus trochilus Felosa-musical Regulus regulus Estrelinha-de-poupa Regulus ignicapilla Estrelinha-de-cabeça-listada Muscicapa striata Papa-moscas-cinzento Ficedula hypoleuca Papa-moscas-preto Aegithalos caudatus Chapim-rabilongo Lophophanes cristatus Chapim-de-poupa Periparus ater Chapim-carvoeiro Cyanistes caeruleus Chapim-azul Parus Chapim-real Sitta europaea Trepadeira-azul Tichodroma muraria Trepadeira-dos-muros; Trepa-fragas Certhia brachydactyla Trepadeira Oriolus oriolus Papa-figos Lanius meridionalis Picanço-real Lanius senator Picanço-barreteiro Garrulus glandarius Gaio Pica pica Pega-rabuda Pyrrhocorax pyrrhocorax Gralha-de-bico-vermelho Corvus corone Gralha-preta Corvus corax Corvo Sturnus vulgaris Estorninho-malhado Sturnus unicolor Estorninho-preto Passer domesticus Pardal-comum; Pardal-do-telhado Passer montanus Pardal-montês Petronia petronia Pardal-francês Estrilda astrild Bico-de-lacre Fringilla coelebs Tentilhão-comum Fringilla montifringilla Tentilhão-montês Serinus serinus Chamariz Chloris chloris Verdilhão Carduelis carduelis Pintassilgo Carduelis spinus Lugre Linaria cannabina Pintarroxo Loxia curvirostra Cruza-bico Pyrrhula pyrrhula Dom-fafe Coccothraustes coccothraustes Bico-grossudo Emberiza citrinella Escrevedeira-amarela Emberiza cirlus Escrevedeira Emberiza cia Cia Emberiza hortulana Sombria Emberiza calandra Trigueirão 182

MAMIFEROS

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR OUTRAS DESIGNAÇÕES

Erinaceus europaeus Ouriço-cacheiro Talpa occidentalis Toupeira Sorex granarius Musaranho-de-dentes-vermelhos Crocidura russula Musaranho-de-dentes-brancos Crocidura suaveolens Musaranho-de-dentes-brancos-pequeno Suncus etruscus Musaranho-anão-de-dentes-brancos Rhinolophus ferrumequinum Morcego-de-ferradura-grande Rhinolophus hipposideros Morcego-de-ferradura-pequeno Rhinolophus mehelyi Morcego-de-ferradura-mourisco Rhinolophus euryale Morcego-de-ferradura-mediterrânico Myotis myotis Morcego-rato-grande Myotis blythii Morcego-rato-pequeno Myotis emarginatus Morcego-lanudo Myotis escalerai Morcego-de-franja do Sul Myotis nattereri Myotis bechsteini Morcego de Bechstein Myotis daubentonii Morcego-de-água Pipistrellus pipistrellus Morcego-anão Pipistrellus pygmaeus Morcego-pigmeu Pipistrellus kuhlii Morcego de Kuhl Hypsugo savii Morcego de Savi Eptesicus serotinus Morcego-hortelão-escuro Nyctalus leisleri Morcego-arborícola-pequeno Nyctalus lasiopterus Morcego-arborícola-gigante Barbastella barbastellus Morcego-negro Plecotus auritus Morcego-orelhudo-castanho Miniopterus schreibersii Morcego-de-peluche Tadarida teniotis Morcego-rabudo Lepus granatensis Lebre Oryctolagus cuniculus Coelho Sciurus vulgaris Esquilo Eliomys quercinus Leirão Arvicola sapidus Rata-de-água Microtus lusitanicus Rato-cego Apodemus sylvaticus Rato-do-campo Rattus rattus Rato-preto Rattus norvegicus Ratazana Mus musculus Rato-caseiro Mus spretus Rato-das-hortas Vulpes vulpes Raposa Mustela nivalis Doninha Mustela putorius Toirão Martes foina Fuinha

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NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR OUTRAS DESIGNAÇÕES

Meles meles Texugo Lutra lutra Lontra Herpestes ichneumon Sacarrabo Genetta genetta Gineta Felis silvestris Gato-bravo Lynx pardinus Lince-ibérico Sus scrofa Javali Cervus elaphus Veado

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8.8 LISTA DOS ALGARES COM IMPORTÂNCIA PARA A FAUNA

ID_ALGAR NOME ALGAR 1 Cruzeiro 2 Bocas Gémeas 3 Marco Geodésico 4 Milherada 5 Lajoeira 6 Pia do Lameirão 7 Vale de Santarém 8 Covadas 9 Figueira_Cabeco Gordo 10 Vale das Milhariças 11 Chouso_Candeeiros Norte 12 Caminho_Pia de Água 13 Cancela 14 Vale Grande 15 Chouso - Mendiga 16 Moinho - Mendiga 17 Chouso 3 - Mendiga 18 Chouso 4 - Mendiga 19 Chouso 5 - Mendiga 20 Diaclase 2 21 Figueira/ Planalto 22 Diaclase 1 23 Caminho Planalto 24 Avião 1 25 Avião 2 26 Cruz Catarino 1 27 Cruz Catarino 2 28 Potes 29 Serafina 30 Fontainhas 31 Fontainhas 2 32 Moinho 33 Manga Larga 34 Alecrineiros 1 35 Sardanica 36 Alecrineiros 2 37 Alecrineiros - Chouso 38 Alecrineiros 3 39 Pinheiroca 40 Cos-Carvalhos 41 Covão Alto 1 42 Covão Alto 2 43 Covão Alto 3 44 Covão Alto 4 45 Codaçal 46 Chainça 47 Costa de Alvados 48 Fornea

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ID_ALGAR NOME ALGAR 49 Pão do Milho 51 Vale de Mar 52 Vale dos Carvalhos 53 Covão da Figueiras 54 Covão Alto 5 55 Caminho 1 - Covões Largos 56 Pedreira Casal do Guerra 57 Costa - Mendiga 58 Moinho 2 59 Lapias-Alecrineiros 60 Atalaia 61 Caminho 2 62 Arroteia 63 Algar da Cancela 64 Picos

186

8.9 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES REGISTADAS ENTRE 2010 E 2015 (USO DO SOLO)

Total 2015 2010 AI APCI APCII APPI APPII PU Geral 2.1.1 Terras aráveis não irrigadas 1,84 1,84 1.1.1 Tecido urbano contínuo 3.1.3 Florestas mistas de folhosas e coníferas 0,59 0,59

2.1.1 Terras aráveis não irrigadas 0,45 0,56 1

1.1.2 Tecido urbano descontínuo 2.3.1 Pastagens 0,35 0,35 2.4.1 Culturas anuais associadas a culturas permanentes 0,32 0,32

2.1.1 Terras aráveis não irrigadas 0,52 0,15 0,67

2.1.2 Terras permanentemente irrigadas 0,81 0,81

1.2.1 Unidades industriais ou comerciais 2.2.3 Olivais 1,89 0,34 0,13 2,35 2.4.1 Culturas anuais associadas a culturas permanentes 0,63 0,63 3.1.3 Florestas mistas de folhosas e coníferas 0,41 0,88 1,29 1.1.2 Tecido urbano descontínuo 0,53 0,53

1.3.2 Zonas de depósito de resíduos industriais ou urbanos 0,11 0,11

2.2.3 Olivais 1,96 1,96 1.2.2 Rede rodoviária ou ferroviária e zonas associadas 2.4.1 Culturas anuais associadas a culturas permanentes 0,33 0,15 0,47

2.4.3 Zonas principalmente agrícolas com zonas naturais importantes 0,51 0,51

3.1.1 Florestas de folhosas 0,12 0,12 3.2.4 Floresta ou vegetação arbustiva de transição 0,77 0,65 1,42

2.1.1 Terras aráveis não irrigadas 0,64 0,39 1,03 2.2.3 Olivais 0,96 0,96 2.4.1 Culturas anuais associadas a culturas permanentes 2,52 0,21 2,73 1.3.1 Zonas de extracção mineira 2.4.2 Sistemas culturais e parcelares complexos 0,47 0,47 3.1.1 Florestas de folhosas 1,21 2,55 0,29 4,04 3.1.2 Floresta de coníferas 7,91 7,9 15,81

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Total 2015 2010 AI APCI APCII APPI APPII PU Geral 3.1.3 Florestas mistas de folhosas e coníferas 0,6 1,32 3,33 1,43 0,59 7,27 3.2.3 Vegetação esclerófila 0,63 351,57 14,05 366,25 3.2.4 Floresta ou vegetação arbustiva de transição 23,33 0,33 3,04 0,52 27,22 1.3.3 Zonas de construção 3,7 3,7 1.4.1 Zonas verdes urbanas 2.4.2 Sistemas culturais e parcelares complexos 0,51 0,51

1.4.2 2.1.1 Terras aráveis não irrigadas 0,14 0,14

1.1.2 Tecido urbano descontínuo 0,65 0,32 0,97 2.2.1 Vinhas 1,08 1,08

2.2.3 Olivais 2,53 2,53 Equipamentos de desporto ou lazer 2.1.0 2.3.1 Pastagens 1,02 0,33 1,36

2.4.1 Culturas anuais associadas a culturas permanentes 0,78 0,78

3.1.3 Florestas mistas de folhosas e coníferas 0,22 0,22

3.2.3 Vegetação esclerófila 0,44 0,44 3.1.1 Florestas de folhosas 0,12 0,49 0,61 2.2.3 Olivais 3.1.3 Florestas mistas de folhosas e coníferas 0,1 0,1 3.2.3 Vegetação esclerófila 0,24 0,9 1,15 2.4.1 Culturas anuais associadas a culturas permanentes 2.1.1 Terras aráveis não irrigadas 0,53 0,23 0,76 Zonas principalmente agrícolas com zonas naturais 2.4.3 2.4.1 Culturas anuais associadas a culturas permanentes 1,71 1,71 importantes 2.1.1 Terras aráveis não irrigadas 1,03 0,42 1,45 2.2.1 Vinhas 0,62 0,62

2.2.3 Olivais 2,14 3,24 5,38

3.1.1 Florestas de folhosas 2.3.1 Pastagens 0,91 0,11 1,01 2.4.1 Culturas anuais associadas a culturas permanentes 1,88 1,88

2.4.2 Sistemas culturais e parcelares complexos 1,62 0,53 2,15

2.4.3 Zonas principalmente agrícolas com zonas naturais importantes 0,73 0,34 1,07

188

Total 2015 2010 AI APCI APCII APPI APPII PU Geral 3.1.2 Floresta de coníferas 0,17 21,79 21,96 3.1.3 Florestas mistas de folhosas e coníferas 9,31 9,31

3.2.1 Prados naturais 5,88 0,1 5,98 3.2.3 Vegetação esclerófila 16,16 1,46 17,61 3.2.4 Floresta ou vegetação arbustiva de transição 2,41 44,65 17,94 6,29 1,15 72,44 2.1.1 Terras aráveis não irrigadas 0,26 0,26 2.4.2 Sistemas culturais e parcelares complexos 0,66 0,66 3.1.2 Floresta de coníferas 2.4.4 Zonas agro-florestais 1,56 1,56 3.2.3 Vegetação esclerófila 10,21 0,36 10,56 1.3.3 Zonas de construção 2,04 2,04 2.2.1 Vinhas 1,92 1,43 3,35 3.2.1 Prados naturais 2.2.2 Pomares de árvores de fruto ou de baga 0,14 0,53 0,67

2.2.3 Olivais 23,36 0,15 0,13 23,64 1.1.2 Tecido urbano descontínuo 0,36 0,36 1.3.1 Zonas de extracção mineira 0,16 0,16 2.1.1 Terras aráveis não irrigadas 0,31 0,31 2.2.1 Vinhas 0,68 0,32 1,01 3.2.2 Charnecas ou matos 2.2.3 Olivais 2,53 3,82 0,79 0,22 7,37 2.4.2 Sistemas culturais e parcelares complexos 2,93 0,32 3,25 3.1.3 Florestas mistas de folhosas e coníferas 0,49 0,7 1,19

3.3.4 Zonas ardidas 10,92 10,92

3.1.1 Florestas de folhosas 0,56 0,56

3.3.0 Espaços descobertos ou com pouca vegetação 3.1.2 Floresta de coníferas 0,4 0,4

3.2.4 Floresta ou vegetação arbustiva de transição 1,88 0,53 2,41

Total Geral 0,63 69,01 512,81 50,97 19,7 15,22 668,34

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8.10 PATRIMÓNIO CULTURAL CLASSIFICADO - PNSAC

PATRIMÓNIO CULTURAL CLASSIFICADO - PNSAC

Concelho Freguesia Local Sítio Classificado Tipo Class. Dataçao Situação Doc. Legal Estado Acesso Links Conserv Porto de U.Freg. S. João Lg. Do Castelo Castelo de Porto de Mós MN - M. Séc. XIII Classificado Dec. n.º 136, Bom Aberto ao DGPC_Inventário Mós Batista e S. Pedro Nacional 1910 Público

Porto de U.Freg. S. João Lg. do Rossio, Porto Pelourinho de Porto Mós I.I.Público Séc. XIV / XVI Classificado Dec. n.º 23122, Razoável Aberto ao DGPC_Inventário Mós Batista e S. Pedro de Mós 1933 Público

Porto de Mira de Aire Moinhos Velhos Gruta - Moinhos Velhos I.I.Público Neolítico / Classificado Dec. n.º 40361, Bom Aberto ao DGPC_Inventário Mós Calcolítico 1955 Público

Porto de Alqueidão da Alqueidão da Serra Via Romana - Alqueidão I.I.Público Época Classificado Dec. n.º 29/90, Razoável Aberto ao DGPC_Inventário Mós Serra Serra Romana 1991 Público

Porto de U.Freg. S. João R. Cap. Ant.º Cláudio, Casa (da Família) Gorjões I.I.Público 1630 (?) Classificado Dec. n.º 67/97, Razoável Aberto ao DGPC_Inventário Mós Batista e S. Pedro Porto de Mós 1997 Público

Alcanena Minde Minde Igreja Nª Senhora da I.I.Público sec. XVII (?) Classificado Dec.n.º2/96 (06- Bom Aberto a DGPC_Inventário Assunção (Matriz) - Minde mar) culto

Alcanena Malhou, Louriceira Igreja Nª Senhora da I.I.Público 1532 Classificado Dec.n.º2/96 (06- Bom Aberto a DGPC_Inventário Louriceira e Conceição (Matriz) - mar) culto Espinheiro Louriceira Alcanena Alcanena e Vila Cabeço das Gruta da Marmota / Sítio I.I.Público Id. Bronze e Classificado Dec. n.º 95/78 Razoável Fechado DGPC_Inventário Moreira Figueirinhas da Marmota Id. Ferro (12set) ao público Rio maior Alcobertas Alcobertas Megálito-capela - Ig.ª I.I.Público Megalistism Classificado Dec. 41 191 de Bom Aberto a DGPC_Inventário Alcobertas o 1957 culto

Rio maior Rio Maior Salinas - Aldeia Fonte Salinas da Fonte da Bica I.I.Público Sec. XII - Classificado Dec. 67 - 1997 Bom Acessível DGPC_Inventário Da Bica 1177 ao Público Ourém Fátima Aljustrel Casas onde nasceram os I.I.Público Sec. XX Classificado Dec.44075 de Bom Visitavel DGPC_Inventário videntes de Fátima 1961

190

8.11 SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS – PNSAC

SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS – (BASE DE DADOS DO ENDOVÉLICO) - http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/index.php?sid=sitios

Nº DESIGNAÇÃO TIPOLOGIA PERÍODOS CONCELHO FREGUESIA Paleolítico; Neo- 1 Abrigo do Pé da Serra Abrigo Rio Maior Rio Maior Calcolítico; 2 Abrigo do Vale Garcia Abrigo Indeterminado; Torres Novas Pedrogão 3 Algar da Malhada de Dentro Gruta Ourém Nª Senhora das Misericórdias 4 Algar da Malhada de Dentro Gruta Ourém Nª Senhora das Misericórdias 5 Algar do Barrão Gruta Neolítico Final; Alcanena Monsanto 6 Algar do Covão do Poço Gruta Indeterminado; Porto de Mós Alvados e Alcaria Algar do João Ramos/Gruta Idade do Bronze; 7 Gruta Alcobaça Turquel das Redondas Paleolítico Superior; 8 Algar do Picoto Necrópole Neolítico Antigo; Torres Novas Pedrogão

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9 Algar dos Casais da Mureta Gruta Indeterminado; Alcanena Monsanto 10 Alqueidão do Arrimal Povoado Indeterminado; Porto de Mós Arrimal e Mendiga 11 Amiais de Baixo Vestígios de Superfície Indeterminado; Santarém Amiais de Baixo 12 Arrife do Alqueidão Estação de Ar Livre Paleolítico Médio; Torres Novas Chancelaria 13 Arrife I Estação de Ar Livre Indeterminado; Alcanena Alcanena e Vila Moreira Malhou, Louriceira e 14 Arroteia 1 Mancha de Ocupação Paleolítico Superior; Alcanena Espinheiro Malhou, Louriceira e 15 Arroteia 2 Mancha de Ocupação Paleolítico; Alcanena Espinheiro Paleolítico; Idade do 16 Buraca Gloriosa Gruta Porto de Mós Alvados e Alcaria Bronze; 17 Cabeço da Pedreira Povoado Neolítico; Porto de Mós Alvados e Alcaria 18 Cabeço de Santa Marta Povoado Fortificado Idade do Ferro; Alcanena Moitas Venda Paleolítico Médio; Casa da Moura do Cabeço 19 Gruta Artificial Paleolítico Superior; Alcobaça Turquel de Turquel Neolítico; Casal da Pedra/Lapa da 20 Povoado Neolítico; Alcanena Monsanto Galinha 21 Casal d'Além/Palheiros Povoado Moderno; Porto de Mós Alqueidão da Serra 22 Casal do Alecrim Estação de Ar Livre Indeterminado; Rio Maior Rio Maior 23 Castelejo Povoado Fortificado Idade do Ferro; Porto de Mós Alvados e Alcaria 24 Castelo de Porto de Mós Vestígios Diversos Romano; Porto de Mós São João Baptista e São Pedro 25 Castelo Velho Achado(s) Isolado(s) Paleolítico Inferior; Torres Novas Pedrogão Neolítico Antigo; Idade do 26 Cerradinho do Ginete Estação de Ar Livre Torres Novas Pedrogão Bronze; 27 Chousas Povoado Calcolítico; Alcanena Moitas Venda 28 Cova Gruta Paleolítico; Porto de Mós Alvados e Alcaria 30 Escorial Escorial Romano, Alto Império; Porto de Mós São João Baptista e São Pedro 29 Escorial Vestígios Diversos Idade do Ferro; Romano; Porto de Mós Alqueidão da Serra 31 Estrada de Amiais de Baixo I Achado(s) Isolado(s) Indeterminado; Alcanena Louriceira 32 Falsa de Alvados Casal Rústico Romano; Porto de Mós Alvados e Alcaria 33 Fonte do Carvalho Achado(s) Isolado(s) Indeterminado; Alcanena Alcanena e Vila Moreira 34 Fórnea Povoado Indeterminado; Porto de Mós Alvados e Alcaria Forno de Cerâmica de 35 Forno Indeterminado; Rio Maior Alcobertas Alcobertas 36 Forno do Terreirinho Povoado Neolítico Antigo; Torres Novas Pedrogão Gruta 2 da Nascente do Malhou, Louriceira e 37 Vestígios Diversos Idade do Bronze; Alcanena Alviela Espinheiro 38 Gruta da Cova da Velha Gruta Neolítico; Porto de Mós Alvados e Alcaria Gruta da Nascente do Calcolítico; Idade do Malhou, Louriceira e 39 Vestígios Diversos Alcanena Alviela - Mesa dos Mouros Bronze; Espinheiro 40 Gruta da Raposa Necrópole Neolítico; Rio Maior Alcobertas Neolítico; Paleolítico 41 Gruta das Alcobertas Gruta Rio Maior Alcobertas Superior; Neolítico Antigo; Malhou, Louriceira e 42 Gruta dos Carrascos Gruta Neolítico Médio; Neolítico Alcanena Espinheiro Final; Neolítico; Idade Média; 44 Gruta dos Casais do Arrife Gruta Santarém Abrã Paleolítico Superior; Calcolítico; Romano; 43 Gruta dos Casais do Arrife Povoado Santarém Abrã Paleolítico Superior; Gruta dos Casais do Arrife 45 Povoado Calcolítico; Santarém Abrã (Povoado da) 46 Gruta dos Ursos Gruta Indeterminado; Alcobaça Turquel Igreja de Santa Maria 47 Madalena / Anta-Capela das Anta Neo-Calcolítico; Rio Maior Alcobertas Alcobertas

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Idade do Bronze; Idade 48 Lagoa de Alvados - 1 Vestígios Diversos Porto de Mós Alvados e Alcaria do Ferro; 49 Lagoa Grande 1 Vestígios Diversos Neo-Calcolítico; Porto de Mós Arrimal e Mendiga 50 Lagoa Grande 2 Estação de Ar Livre Neolítico; Porto de Mós Arrimal e Mendiga 51 Lagoeira Vestígios Diversos Neolítico; Porto de Mós Alvados e Alcaria 52 Lapa Povoado Neolítico; Porto de Mós Alvados e Alcaria 53 Lapa da Canha Longa Gruta Torres Novas Pedrogão 54 Lapa da Figueira Vestígios Diversos Neolítico; Porto de Mós Alvados e Alcaria 55 Lapa da Galinha Gruta Neolítico Médio; Alcanena Alcanena e Vila Moreira 56 Lapa da Galinha II Mancha de Ocupação Indeterminado; Alcanena Alcanena e Vila Moreira 57 Lapa da Galinha III Achado(s) Isolado(s) Indeterminado; Alcanena Alcanena e Vila Moreira Lapa da Modeira (ou Lapa 58 Necrópole Neolítico Final; Torres Novas Pedrogão da Madeira) 59 Lapa da Mouração Gruta Romano; Neolítico; Porto de Mós Alvados e Alcaria Proto-Solutrense; 60 Lapa do Anecrial Gruta Porto de Mós Alvados e Alcaria Solutrense; 61 Lapa do Cabeço das Moitas Vestígios Diversos Neolítico; Porto de Mós Alvados e Alcaria Lapa do Covão do Geão/ 62 Gruta Neolítico; Porto de Mós Alvados e Alcaria Lapa Comprida do Castelejo Mesolítico; Idade do 63 Lapa do Picareiro Gruta Ferro; Magdalenense; Alcanena Minde Proto-Solutrense; Idade do Bronze - Médio; Neolítico Médio; Idade do 64 Lapa dos Namorados Necrópole Torres Novas Pedrogão Ferro; Idade Média; Moderno; Idade do Ferro; Neo- 65 Lapa Rasteira do Castelejo Gruta Calcolítico; Idade do Porto de Mós Alvados e Alcaria Bronze; 66 Lombo Achado(s) Isolado(s) Indeterminado; Porto de Mós Alvados e Alcaria Lugar do Canto/ Horta do Neolítico Final; Neolítico 67 Necrópole Santarém Alcanede Canto/ Valverde Médio; 68 Moinhos de Vento/Pragais Vicus Romano; Porto de Mós Alvados e Alcaria 69 Monte do Rabaçal Estação de Ar Livre Indeterminado; Alcanena Monsanto Malhou, Louriceira e 70 Nascente do Alviela Povoado Calcolítico; Alcanena Espinheiro 71 Olho da Maria Paula Achado(s) Isolado(s) Indeterminado; Alcanena Alcanena e Vila Moreira 72 Pedreira de Alvados Gruta Paleolítico; Porto de Mós Alvados e Alcaria Malhou, Louriceira e 73 Pena dos Corvos Estação de Ar Livre Neolítico Médio; Alcanena Espinheiro Idade do Bronze; Malhou, Louriceira e 74 Pena dos Corvos Povoado Alcanena Calcolítico; Espinheiro 75 Pia Figueira 1 Gruta Santarém Alcanede 76 Pia Figueira 2 Gruta Santarém Alcanede 77 Pias do Sobreiro Gruta Santarém Alcanede 78 Poço Habitat Paleolítico Médio; Porto de Mós São Bento Neolítico Final; 79 Portelas Achado(s) Isolado(s) Alcanena Monsanto Calcolítico; Porto de Mós - Largo de São 80 Necrópole Idade Média; Moderno; Porto de Mós São João Baptista e São Pedro João Povoado das Penas do 81 Povoado Neo-Calcolítico; Porto de Mós Alvados e Alcaria Castelo Povoado do Arrife do 82 Povoado Indeterminado; Torres Novas Chancelaria Alqueidão Quinta da Serra/Quinta do 83 Vestígios Diversos Indeterminado; Alcobaça Benedita Retiro 84 Quinta de Vale de Ventos Forno Contemporâneo; Alcobaça Turquel

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85 Quinta do Alviela I Achado(s) Isolado(s) Indeterminado; Alcanena Louriceira 86 Quinta Morais 1 Vestígios de Superfície Indeterminado; Romano; Porto de Mós São João Baptista e São Pedro 87 Ribeira de Baixo Lage Sepulcral Romano; Porto de Mós Serro Ventoso 88 Ribeira de Cima (desterro) Sepultura Romano; Porto de Mós São João Baptista e São Pedro 89 Silo ou Pote dos Mouros Silo Idade Média; Rio Maior Alcobertas Calcolítico; Idade do 90 Tumuli da Marinha Mamoa Rio Maior Rio Maior Bronze; 91 Vale da Laranja Abrigo Idade do Bronze; Rio Maior Rio Maior 92 Vale da Milheiriças Estação de Ar Livre Mesolítico; Neolítico; Porto de Mós Serro Ventoso 93 Vale Longo Achado(s) Isolado(s) Indeterminado; Alcanena Monsanto 94 Valicova Povoado Neolítico; Porto de Mós São João Baptista e São Pedro 95 Ventas do Diabo Gruta Neolítico; Calcolítico; Porto de Mós Mira de Aire 96 Vila Moreira Achado(s) Isolado(s) Indeterminado; Alcanena Alcanena e Vila Moreira 97 Vila Moreira I Achado(s) Isolado(s) Indeterminado; Alcanena Alcanena e Vila Moreira 98 Vila Moreira Norte Estação de Ar Livre Indeterminado; Alcanena Alcanena e Vila Moreira 99 Zambujal Vestígios Diversos Romano; Porto de Mós Alqueidão da Serra

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