Paleo-herpetofauna de Portugal 65

Quelónios

Numerosos vestígios deste grupo são conhecidos em formações Cretácicas portuguesas embora muitos deles sejam fragmentos cuja determinação taxonómica não foi possível efectuar. Em várias jazidas do Cretácico Superior de Taveiro, Viso e Aveiro foram encontrados restos de uma tartaruga do grupo dos Mesoquélidos (sensu Zangerl): um Pelomedusideo, da famI1ia - Rosasia soutoi Carrington da Costa, 1940 (Carrington da Costa 1940, 1958; Antunes & Pais 1978; Antunes & Broin 1988). Esta tartaruga (fig. 40) assemelha-se às espécies do género do Cretácico Superior do Litoral da América do Norte. Faz parte de um grupo adaptado à vida marinha litoral. Os seus vestígios estão associados a outras formas marinhas ou mistas. Ter-se-iam expandido do Cretácico Inferior ao Eocénico Superior pelos mares epicontinentais então existentes. Em Portugal, contudo, devia habitar ambientes du1caquícolas a salobros (Antunes & Broin 1988) numa planície costeira, com contacto esporádico com o mar, sob um clima tropical oú subtropical. 66 E. G. Crespo

Restos destas tartarugas encontram-se no Museu Mineralógico e Geológico da Faculdade de Ciências de Lisboa, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Museu do Instituto Geológico e Mineiro, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (Museu) e na Universidade Nova de Lisboa (Antunes & Broin 1988).

FIG. 40 - Carapaça de Rosasia souto i (redesenhada de Carrington da Costa 1958). A - vista dorsal; B- vista ventral (com plastrão). A cheio-escudos epidénnicos; a ponteado - placas ósseas.

Alguns fragmentos recolhidos em camadas lacustres - fluviais do Cenomaniano de Vila Franca do Rosário (Mafra) foram, com reservas, atribuídos a Neoquélidos da fanulia (Sauvage 1897/98, in Jonet 1981). Restos indeterminados de Quelónios são também referidos do Valanginiano da Mexilhoeira (Cascais) e do Vale do Bronco, do Barrerniano da Boca do Chapim (Cabo Espichei), Cenomaniano Inferior de Caneças e do Vale Corvo (arredores de Lisboa), Cenomaniano Médio de Alto Pendão (Lisboa) e de Agualva/Cacém, Cenomaniano Superior de Viso, Meirinha, Outeirinha, Picoto e Vilar, e do Turoniano de Alcântara (Lisboa) (Jonet 1981).

Em Espanha, os vestígios de Quelónios cretácicos são muito mais numerosos (Quesada et aI 1998; Lapparent; De Broin & Murelaga 1999). Do Cretácico Inferior são referidos: (Cuenca); Pleurostemidae (Cuenca); Pleurostemum portlandicumlPleurosternidae (Valência); Tetrosternum punctatum Owen! (Teruel e Castellón); Derrnatemydidae (Burgos e Segóvia); Trachyaspis turbulensis Bergounioux/?, considerado porém, como nomell Iludum (Jiménez-Fuentes 1988) (Teruel); Helochelys v. Meyer/ Paleo-herpetofauna de Portugal 67

Amphichelyidae (Logrofio, Santander, La Rioja e Cantabria) e Hylaeochelys aff. lasticutata Owen (Sória). Do Cretácico Superior são referidos: cf. Rosasia soutoilPelomedusidol Bothremydidae, presente na mesma época na Beira Litoral portuguesa (Lafio); Rosasia sp. (Segovia); Polystemum atlanticum/Bothremydidae (Lano); ?Elochelysl Bothremydidae, várias formas (Lano/Burgos e Segóvia); Pelomedusidae (Burgos); Dortoka vasconicalPleurodiraIDortokidae (Lafio); Solemys vermiculata/ ICryptodira/ Solemydidae (Lano); cf. Apholidemys gaudryil Dermatemydidae (Lafio) ;? sp./ lDermatemydidae (Burgos); cf. /(Chelonidae?) (La fio, Burgos).