Batan / Complexo do Andaraí e Grajaú / Complexo do São Carlos e Santa Teresa / Complexo do Turano / Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos / Morro da Formiga / Morro do Vidigal e Chácara do Céu / Morros da Babilônia e Chapéu / / Santa Marta

PLANO DE HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DAS

2013 PLANO DE HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DAS FAVELAS

2013

4 5 PALAVRA DO SECRETÁRIO

Zaqueu da Silva Teixeira Para apresentar o Plano de Histórias e Memórias das Favelas, eu preciso destacar a relevância desse Secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos encontro. Digo encontro, porque quando assumi a gestão da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, o plano ainda era um projeto em andamento, dentro do Programa Territórios da Paz. E, ao me deparar com ele, encontrei uma projeção das ações e conceitos que sempre acreditei e que venho propondo desde o início da minha vida profissional e política. Quando participei da elaboração do Programa de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), pensava em uma polícia atuando dentro das comunidades e para as comunidades, levando em conta seu cotidiano, seus costumes e suas manifestações culturais. A polícia se adequando àquela realidade, muito mais do que limitando ou moralizando os atores locais. Por isso enxerguei que o projeto deveria transformar-se em Plano e reafirmei a importância de aprovarmos, o mais rápido possível, um edital. É importante manter viva a memória dessas comunidades, é importante dar valor às suas histórias, suas origens. A cultura do morro deve ser conhecida e conservada porque sempre fez história e sempre esteve na nossa memória. Foi no Morro do São Carlos, considerado berço do samba e da boe-mia, onde foi criada a primeira escola de samba. O morro dialoga com o asfalto através de uma linguagem miscigenada e multicultural. O morro é uma explosão cultural. E essa história, esse dia-a-dia, devem ser relatados e estimulados nas mais diversas expressões. Quem não gostaria de saber de onde vem o nome do morro da Formiga? Ou que o morro do Escondidinho teria se originado, em 1940, como um antigo Quilombo? Ou que o nome do morro da Babilônia foi inspirado nos Jardins Suspensos da Babilônia e abrigou a família do paisagista Burle Marx? Após diversos encontros com as comunidades, a equipe da Superintendência de Territórios detectou, em cada uma delas, o desejo da população de resgatar e preservar sua história. E o Plano existe para dar esta garantia. Ele é mais do que um identificador, ele reforça o simbolismo e importância das favelas. A importância de se estabelecer uma política social nas UPPs, priorizando a comunidade e seus interesses, porque essas pessoas fizeram, fazem e farão a história do .

6 PLANO DE HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DAS FAVELAS sumário

SUMÁRIO

26 30 Parte I Parte II

1. Apresentação 13 1.Breve histórico das favelas participantes 22  2. Memórias da construção do Plano por localidade 34 2. Do direito à memória 15 Batan 24  3. Diretrizes 17  Complexo do Andaraí e Grajaú 25 Batan 37 Complexo do Andaraí e Grajaú 38 3.1. Identificação e Registro Complexo do São Carlos e Santa Teresa 26 Complexo do São Carlos e Santa Teresa 41 3.2. Preservação 18 Complexo do Turano 27 Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos 28 Complexo do Turano 42 3.3. Promoção e Difusão 19 24 28 32 Morro da Formiga 29 Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos 45 4. Horizontes 20 Morro do Vidigal e Chácara do Céu 30 Morro da Formiga 46 Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira 31 Morro do Vidigal e Chácara do Céu 49 Rocinha 32 Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira 50 Santa Marta 33 Rocinha 53 Santa Marta 54

Ficha Técnica 56

25 27 29 31 33 parte I Apresentação

1. Breve histórico das favelas participantes

10 11 parte I i . 1

Apresentação

Moradores no I Encontro Intercomunitário do Plano de Histórias e Memórias das Favelas, 25.05.2012, Simone Pitta

A proposta de elaboração do Plano de Histórias e Memórias das Favelas¹ surgiu no contexto da atuação das equipes de gestão social do programa Territórios da Paz, criado em novembro de 2010 pelo governo do Estado do Rio de Janeiro no âmbito da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) e da Superintendência de Territórios (SuTer). O Programa Territórios da Paz busca promover o contato e a articulação entre os atores locais e as instituições e tem 1. Optou-se pelo termo “” em detri- por finalidade contribuir para o atendimento das demandas sociais, atuando como interlocutor mento de outros, como “conglomerado do Estado junto às favelas, de forma que a população tenha maior possibilidade de participar e urbano” ou “comunidade”, seguindo ori- intervir nas políticas públicas e nas ações privadas implantadas. entação dos moradores expressa no I En- A preservação da memória e da história social tem sido uma das preocupações culturais mais contro Intercomunitário do Plano de His- importantes das sociedades contemporâneas. Este fenômeno também foi observado nas favelas Participação de tórias e Memórias das Favelas, ocorrido em maio de 2012, na SEASDH. em que as equipes de gestão social atuam. Entre as diversas demandas de ordem estruturais Moradores no I Encontro e sociais, foi possível observar demandas comunitárias vinculadas à questão da história e da Intercomunitário do Plano memória social. A partir desta percepção, na primeira metade de 2012, as equipes de gestão do de Histórias e Memórias das programa Territórios da Paz das favelas do Batan, Complexo do Andaraí e Grajaú, Complexo do Favelas. 25/05/2012. Foto: Simone Pitta. 12 13 parte I . 1 I . 2

Moradores no II Encontro Intercomunitário do Plano de Histórias e Memórias das Favelas. 21/03/2013. Foto: Weder Ferreira.

Do direito à memória

São Carlos e Santa Teresa, Complexo do Turano, Ladeira dos Tabajaras Territórios o Projeto Memória e História das Favelas. Desse encontro, e Morro dos Cabritos, Morro da Formiga, Morro do Vidigal e Chácara do concluiu-se que o projeto devia ser transformado em plano, a ser im- Céu, Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira, Rocinha e Santa Marta plementado pela SEASDH, e que seria necessário convocar novamente realizaram uma série de encontros, tendo em vista a criação de uma os moradores e lideranças locais para o 2º Encontro Intercomunitário, O arcabouço político e jurídico do direito à memória no Brasil surgiu de forma mais contunden- estratégia conjunta para fomentar a criação de um projeto para a pre- realizado em março de 2013. Para além dos objetivos da construção do te no período de redemocratização, após o regime civil-militar instalado com o golpe de 1964. servação da história e da memória das favelas. Este objetivo começou Plano, o evento serviu ainda para avaliar o impacto do programa Territó- Neste período, familiares de presos políticos, exilados e os próprios civis que sofreram direta e a tomar forma em maio de 2012, quando foi realizado o 1º Encontro rios da Paz. Na oportunidade, os moradores e lideranças verbalizaram a Intercomunitário do então chamado Projeto Memória e História das Co- indiretamente com a ditadura iniciaram uma série de ações com objetivo de resgatar a história e importância do programa, como instrumento de valorização das popu- munidades. O encontro reuniu gestores, moradores, lideranças locais e memória daquele passado. Este processo buscou e busca dar visibilidade e trazer justiça às vio- lações das favelas da cidade do Rio de Janeiro. pesquisadores universitários. Desse encontro ficou estabelecido que o lações sistemáticas de direitos humanos que ocorreram no país. projeto deveria ser construído de forma dialógica e coletiva e ter por Atualmente, o Plano de Histórias e Memórias das Favelas encontra-se O direito à memória nasce na esfera pública com o propósito de atender à necessidade de res- princípio o protagonismo dos atores locais. Nesta ocasião, as equipes em sua versão final, a fim de que possa, finalmente, ser posto em práti- gatar e preservar a história deste e outros períodos de mobilizações populares e resistências de gestão social da Superintendência de Territórios responsabilizaram- ca. Além de servir de mecanismo de fortalecimento das redes locais e políticas a partir das memórias individuais e coletivas de sua população. A memória se torna um -se em apresentar a forma pela qual cada favela julgava ser o ideal para de potencializar as iniciativas de base comunitária, o Plano de Histórias direito, na medida em que estabelece garantias aos cidadãos, como o acesso à informação e aos preservar a sua história e memória social. e Memórias das Favelas pretende ser um mecanismo de preservação arquivos públicos e históricos, a preservação destes acervos pessoais e públicos e a difusão des- Em setembro de 2012, a fim de dar cabo às deliberações do 1º Encon- e difusão da história e da memória social, contribuindo de forma sig- sa história enquanto atividade política e de expressão cultural. tro Intercomunitário, as equipes do Programa Territórios da Paz realiza- nificativa para o fortalecimento dos vínculos sociais e identitários das Neste sentido, o componente político e simbólico do direito à memória é o de garantir que pes- ram um fórum interno, em que foi apresentado à Superintendência de populações das favelas da cidade do Rio de Janeiro. soas e grupos sociais possam livremente exercer o ato de lembrar o passado, dar-lhe significado e partilhar este passado de diversas formas e com diversos grupos de maneira plena. Cabe ao

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A seguir apresentam-se as diretrizes do Plano de Histórias e Memórias das Favelas, discriminadas por áreas de ação com seus respectivos objetivos estratégicos. O imperativo metodológico do Plano é de que todas as ações deste devem ser desenvolvidas com o protagonismo comunitário, ou seja, devem ser feitas com a participação e execução dos Diretrizes próprios moradores das favelas aqui envolvidas. 3.1. Identificação e Registro

Incentivo e apoio à identificação, reunião e/ou registro de material documental, entendido como unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato².

Estado democrático, o dever de garantir condições para que este direi- e moradores que reconstroem a memória local em uma perspectiva que Objetivos estratégicos: 2. Referência: Dicionário Brasileiro de to possa de fato ser exercido de forma autônoma, livre, por qualquer amplia os olhares e saberes sobre o desenvolvimento de favelas, valori- Terminologia Arquivística. Disponível Estimular a realização de oficinas de capacitação que oriente o trabalho de identifi- grupo social e em qualquer localidade. zando os diferentes grupos e vozes que contam a história local. em: http://www.arquivonacional.gov.br/ cação e registro de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico sobre as É a partir deste contexto, e considerando o desenvolvimento de uma O acesso à fala de moradores pioneiros no processo de organização e Media/Dicion%20Term%20Arquiv.pdf. memórias e/ou histórias das favelas; política pública do direito à memória, que surge o Plano de Memórias construção das favelas, relatando o cotidiano local, as lutas por melhorias Acesso: 11 jun. 2013. Incentivar a Identificação e Registro de material documental de cunho histórico e/ou e Histórias das Favelas. O presente documento, construído e pauta- sociais, as manifestações culturais e religiosas, os processos de produção memorialístico existente nas favelas; do no diálogo e participação com diferentes grupos de diversas fave- de trabalho, a culinária e a arquitetura desses locais, precisa fazer parte Estimular a identificação e registro de experiências e/ou iniciativas locais de cunho las do município do Rio de Janeiro, tem o potencial de materializar o do conjunto de prioridades de órgãos governamentais e privados, que histórico e/ou memorialístico existentes nas favelas; exercício de um direito – o direito de moradores e cidadãos da cidade visam garantir o direito à memória. Isto é, preservar e difundir as histórias Apoiar o funcionamento de espaços físicos ou virtuais que atuem no registro de mate- de resgatar e reconhecer as memórias e histórias das favelas cariocas, de moradores e movimentos sociais que, durante décadas, lutaram para rial documental de cunho histórico e/ou memorialístico existentes nas favelas; muitas das quais foram silenciadas. a resistência das favelas. A preocupação, de acordo com moradores, é Estimular a realização de pesquisas realizadas com os moradores sobre as histórias e/ ou memórias das favelas; ainda maior quando se pensa na história que se quer contar para as ge- Por meio do trabalho das equipes de gestão do Programa Territórios Estimular a identificação e registo das histórias e memórias das favelas através da rações futuras já que, na perspectiva destes atores sociais, os jovens pre- da Paz da SEASDH foi possível identificar a insatisfação constante em história oral; cisam obter consciência histórica, como seus avôs, avós, pais e vizinhos. relação à forma como as histórias oficiais dessas localidades foram 3. O conceito de Lugares de Memória foi Apoiar a identificação e registro de publicações de autores locais sobre histórias e/ou marcadas pela memória da violência, da criminalização da pobreza e O resgate da memória social deve promover a legitimação dos processos cunhado pelo historiador francês Pierre Nora e se refere a lugares materiais, ima- memórias das favelas; desprovidas de narrativas próprias, fazendo que populações destas fa- constituintes das favelas enquanto regiões políticas, culturais e sociais Estimular a identificação de músicas de compositores locais que tenham relação com velas se sentissem significativamente violadas. teriais e simbólicos, que possuem uma autônomas e integrantes da cidade. A autonomia de moradores de fa- vontade de memória, ou seja, uma in- a memória e/ou a histórica das favelas; Eleger o que contar e como relembrar é, assim, um gesto político dian- velas enquanto cidadãos, no exercício pleno de seu direito às memórias tenção memorialista, contribuindo para Apoiar a identificação dos lugares de memória³ nas favelas; te de um processo que, muitas vezes, foi atravessado por ações de que lhes são concernentes, também se apresenta dentro de uma propos- a identidade e pertencimento desses gru- Apoiar a identificação das datas comemorativas nas favelas que se relacionem com a expulsão e reassentamento destas favelas. Diversos locais e monu- ta inovadora, posto que são os próprios moradores os protagonistas das pos. história e a memória destes locais. mentos se tornaram o símbolo destas disputas históricas. São espaços narrativas sobre a história e a memória de sua localidade.

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3.2. Preservação 3.3. Promoção e Difusão Incentivo e apoio à preservação, organização, guarda e/ou manutenção de material docu- Incentivo e apoio à promoção e difusão de mental. material documental.

Objetivos estratégicos: Objetivos estratégicos: Estimular a capacitação dos atores locais sobre como promover a difusão e promoção do trabalho de resgate e preservação das histórias e memórias das favelas; Estimular a capacitação de atores locais através de oficinas para o tratamento de ma- Apoiar a difusão de material documental de cunho histórico e memorialístico existen- terial documental de cunho histórico e/ou memorialístico sobre as memórias e histórias te nas favelas; das favelas; Estimular parcerias que apoiem a publicação de obras de autores locais sobre históri- Incentivar a preservação, organização, guarda e manutenção de material documental as e memórias das favelas, bem como a difusão de músicas dos compositores locais; de cunho histórico e/ou memorialístico existentes nas favelas em seu local de origem, Incentivar a produção de livros, revistas e gibis, em formatos diversos, de autores salvo interesse dos moradores de que este se apresente em um distinto espaço; locais, com as histórias e memórias dos moradores de favelas, bem como estimular a sua Incentivar a construção de espaços físicos nas favelas e/ou espaço virtual para a guar- distribuição nas escolas localizadas nas favelas e/ou no seu entorno; da de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico sobre as memórias e Estimular a promoção de ações educativas nas escolas a partir do material produzido histórias das favelas; sobre as histórias e memórias das favelas, a fim de garantir a difusão do trabalho feito e Estimular parcerias que apoiem técnica e financeiramente moradores e/ou locais re- garantir que o ensino se aproxime da realidade local; sponsáveis pela guarda de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico Estimular, apoiar e difundir eventos culturais das favelas, e entre elas, que tenham sobre as favelas; como característica o incentivo e a divulgação das memórias e histórias, envolvendo Incentivar a preservação e manutenção dos lugares de memória das favelas; diversas formas de manifestações e/ou atividades comemorativas. Exemplos: oficinas, Estimular a salvaguarda de práticas culturais diversas de moradores que busquem exposições, grafites, shows, apresentações teatrais e musicais, concursos, transmissão e/ resgatar e preservar histórias e memórias das favelas. ou contação de histórias, poesia, fotografias, filmes, dentro e fora dos territórios; Incentivar a promoção de espaços de diálogo e integração das distintas favelas na construção e registro das memórias e histórias da cidade do Rio de Janeiro.

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Horizontes

Fotografias, recortes de jornais, documentos variados reunidos em di- dialógica, com igual participação dos representantes de todas as favelas versas casas de moradores; exposições fotográficas; rodas de conver- envolvidas. sas sobre as histórias e memórias locais; cuidado e preservação de O Plano expressa, assim, o desejo desses moradores em resgatar e pre- locais considerados históricos; produção de filmes documentários ou servar as memórias e histórias das favelas onde vivem. A SEASDH, ao pu- simplesmente o registro em áudio e vídeo de depoimentos de mora- blicar e apoiar a execução das suas primeiras atividades do Plano, busca dores sobre a história local; registro fotográfico; apresentações musi- garantir o direito à memória dessas favelas, através do estímulo ao resga- cais; composição de músicas e poesias; realização de peças de teatro; te e preservação das histórias e memórias destes locais. A continuidade produção de livros e pesquisas. Essas e outras inciativas já acontecem da execução, entretanto, vai depender de uma junção de esforços: de nas favelas envolvidas na elaboração do Plano de Histórias e Memó- instituições públicas e privadas, espera-se o apoio e incentivo às dire- rias das Favelas. Moradores e parceiros locais trabalham duro há anos, trizes aqui apresentadas, através principalmente do patrocínio às ações muitas vezes sem qualquer tipo de apoio, para transformarem seus previstas; dos moradores das favelas envolvidas no Plano, o compromis- desejos de resgatar, preservar e contar histórias e memórias locais em so de protagonizar o desenvolvimento do trabalho de forma a garantir o realidade. O presente Plano é publicado com a intenção de dar visibi- resgate, preservação e difusão das memórias e histórias destes lugares. lidade a essas iniciativas e apontar diretrizes que possam orientar a Espera-se ainda que a publicação e execução do Plano contribua para o continuidade desse trabalho em cada uma dessas favelas, respeitando estímulo ao debate sobre a importância e potencialidades do trabalho a particularidade e desejo de cada local. de resgate, preservação e promoção das memórias e histórias das fave- O Plano de Histórias e Memórias das Favelas materializa mais de um las. Tornar essas histórias conhecidas, produzir novas versões a partir ano de trabalho entre equipes de gestão social do programa Territórios de relatos dos moradores, é uma forma de contribuir para a construção da Paz da SEASDH e moradores das dez favelas participantes, já apre- de identidades, individuais e coletivas, e de registrar experiências cul- sentadas aqui. Desde o início, a construção do Plano ocorreu de forma turais diversas.

20 21 parte II.1 Breve histórico das favelas participantes

1. Breve histórico das favelas participantes

22 23 parte II . 1 Breve histórico das favelas participantes

Batan Complexo do Andaraí e Grajaú

A comunidade do Batan está localizada no comunidade está interligada à construção da O Complexo do Andaraí e Grajaú compreende seis comu- ria “Rio dos Morcegos” (o atual Rio Joana). Nos séculos XVII bairro de , às margens da Avenida Avenida Brasil e a consequente expansão da nidades localizadas nos bairros de mesmo nome. São elas: e XVIII foram desenvolvidas atividades agrícolas de cana- Brasil. Existe há aproximadamente 70 anos e ocupação da zona oeste com a implantação Morro do Andaraí, Jamelão, Juscelino Kubitschek ou Caça- -de-açúcar e café, especialmente onde hoje se encontra a seu nome deriva da árvore Ubatan ou Uruba- pava, João Paulo II ou Sá Viana, Nova Divinéia e Vila Rica comunidade Borda do Mato, na qual ainda podem ser vistas desta importante via da cidade do Rio de Ja- tã que existia na localidade. O território teve ou Borda do Mato. Não existe consenso sobre o número de ruínas de uma fazenda cafeeira. O povoamento das encos- neiro. O perímetro de atuação da UPP Batan sua ocupação alavancada no final da década habitantes da região e as diferentes estimativas vão de 15 tas dos morros teve início nos primeiros anos do século XX de 1970 e início da década de 1980, quando abrange outras comunidades como Morrinho, mil até 30 mil habitantes. Sabe-se que o bairro herdou seu com a formação da comunidade Arrelia (hoje considerada vários terrenos desocupados do loteamento Jardim Batan, Cristalina, Vila Jurema, Ipês e Fu- I Encontro Memória Batan. 2012. nome da expressão “Andirá-y”, proveniente da língua falada uma subdivisão do Morro do Andaraí), provavelmente a pri- foram invadidos. A história da ocupação da macê, todas conectadas à Avenida Brasil. Foto: Cíntia Nascimento. pelos índios Tamoios, que habitavam a área, e que significa- meira favela a existir na zona norte da cidade.

Entrada do Morro do Andaraí. 1983. Foto: Darcy Silvério.

Lideranças comunitárias do passado e do presente Antigos moradores do Batan. Décadas de 1960 e do Complexo do Andaraí e Grajaú. 2012. 1970. Acervo da família residente na Rua Maragogipe. Foto: Raquel Brum.

24 25 parte II . 1 Breve histórico das favelas participantes

nalidade viva é o músico Zeca da Cuíca. E, no Bairro do São José Operário, Zinco, havia uma igreja Católica onde o padre Mário abrigava os Complexo do Turano Complexo do São Carlos e Santa Teresa resistentes da ditadura militar, nos anos 1960- 70. Um grupo de 31 voluntários construiu a rua, antes de barro vermelho. A região do Que- rosene foi assim chamada, pois, na ausência O complexo inclui as favelas São Carlos, Minei- versos escravos fugidos das fazendas de cana de luz elétrica, os moradores precisavam cir- ra, Zinco, Querosene, Prazeres, Escondidinho, e café, principalmente de Santa Teresa. Devido cular com lamparinas a querosene. Coroa, Fallet e Fogueteiro, compreendendo os a sua difícil localização, em função da mata fe- bairros do Estácio, , Rio Comprido e chada, ficou por anos, anônimo. Posteriormen- Localizado no Catumbi, o morro da Mineira Santa Teresa. Está situado na região central e te, circularam lendas sobre o antigo quilombo, tem em seu nome a homenagem a uma ilustre norte do Rio de Janeiro. “muito escondidinho de todos”. moradora da área chamada Maria da Silva Dias César, nascida no município de Alto Jequitibá De acordo com moradores do Fallet, é preciso O morro da Coroa começou a ser ocupado em (MG). Aportando na comunidade em 1950, ela Vista parcial do Turano. 2013. Foto: Fabrízia Amaral. esclarecer o equívoco quanto à denominação 1946. Há três versões para o seu nome: a de dominava o ofício de parteira, profissão a qual Localizado no Centro e na Zona Norte da guiram a vitória no caso e o morro foi então de favela para sua comunidade, acirrada com a que a região fora um haras para os cavalariços se dedicou com afinco, pois sua cidade natal cidade, especificamente nos bairros do batizado como Liberdade. Nos anos seguintes, chegada do tráfico nos anos 1980-90. Inicial- da coroa, durante o período imperial; ou devi- carecia de serviços médicos básicos. A história Rio Comprido e , o Complexo do a ocupação da região cresceu, dando origem mente, o Fallet era um loteamento no bairro de do ao antigo campo de futebol localizado no se repetiu quando se mudou para o Rio, já que Turano compreende uma população de a outras comunidades do Complexo, como Santa Teresa, datado de 1922, cujos primeiros seu topo, e em virtude ao formato arredonda- era a única parteira da comunidade, ganhando mais de 10 mil habitantes. Parte da re- o Rodo, Sumaré, Matinha, Bispo, Chacrinha e moradores foram imigrantes europeus. No clu- do do seu topo. o respeito e admiração de todos. De suas mãos gião que hoje compreende tal conjunto Pantanal. be havia, semanalmente, bailes de gala. Além O morro do São Carlos, no bairro do Estácio, é nasceram dezenas de crianças, cujos pais não de comunidades começou a ser ocupa- disso, o Fallet destacou-se tanto nos esportes considerado o berço da boemia carioca, com a tinham condições de acesso aos hospitais. da em meados dos anos 1930 por Emílio (time campeão de basquete) quanto na arte e criação da primeira escola de samba da cida- Turano, que se dizia dono dessas terras. cultura, com seu bloco carnavalesco, vence- de, a Deixa Falar, pelo compositor Ismael Sil- Os novos moradores que chegavam à re- dor de vários títulos. A região do Fogueteiro va, em 12 de agosto de 1928, que, em 2013, gião pagavam ao mesmo uma taxa para Vista parcial do Fallet. 1995. Foto: Waldir Carneiro (Saci). ficou assim conhecida pelo casal, Seu Zé Galo completaria 85 anos. A versão mais conheci- ocupar o local. Na tentativa de não pagar e Dona Katita, que fabricava e vendia fogos de dem de Cristo, o qual batiza a principal via de da para a sua história é a de que fazia parte mais as taxas abusivas cobradas por Emí- artifício. acesso por aquele quadrante de Santa Teresa. de um conjunto de terras arrendadas por um lio Turano, os moradores foram ocupando uma nova área, que hoje corresponde ao O latifúndio onde hoje se localizam parte do Nos Prazeres, uma grande massa migratória de fazendeiro, cujo tataraneto começou a vender morro da Liberdade, e iniciaram uma luta Fallet, e a totalidade dos Prazeres e Escondi- pernambucanos construíram suas primeiras lotes para imigrantes. O nome São Carlos teria dinho pertenceu, até o final do século XIX, a se fixado devido à rua de mesmo nome, que para comprovar a ilegalidade da proprie- casas perto da antiga Igreja de Nossa Senhora Manuel de Valadão Pimentel, médico e diretor corta a comunidade ao meio em quase toda a dade por Turano. Com o apoio político e dos Prazeres, posteriormente demolida. da Faculdade de Medicina da Universidade Fe- extensão. Além de Ismael Silva, lá habitaram jurídico na época, os moradores conse- deral do Rio de Janeiro (UFRJ), que recebeu o O Escondidinho teria se originado em 1940 Gonzaguinha, Luiz Melodia, Dominguinhos do Grupo de Trabalho Memórias do Fallet. 2013. Foto: Futebol na Quadra Vista Alegre, na Raia. Sem data. título de Barão de Petrópolis, da Imperial Or- como um antigo Quilombo, que refugiou di- Estácio e Madame Satã. Hoje a grande perso- Silvana Bagno. Autor desconhecido

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Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos Morro da Formiga

Caminhada Ecológica no Morro da Formiga. 2013. Foto: Fabrízia Amaral O topônimo Ladeira dos Tabajaras tem sua ori- na. O caminho ganhou notoriedade durante o gem a partir do etnônimo “tabajaras”, relativo século XIX pela possibilidade de se observar O Morro da Formiga, situado no bairro da Ti- a um grupo indígena oriundo do Ceará que se de forma panorâmica, toda a porção inicial da juca, zona norte da cidade, possui atualmente instalou nas imediações da via que liga o bair- baía de Guanabara, além de se poder observar, cerca de 7 mil habitantes. Por volta de 1911, ro de a Copacabana. Com a expansão a partir de um ângulo panorâmico, o Corcova- foi ocupado por imigrantes portugueses e urbana do século XIX no Rio de Janeiro, a atual do, o Pão de Açúcar e as praias litorâneas de alemães. A ocupação se intensificou entre as Ladeira dos Tabajaras constituía-se numa via Niterói. Há relatos de que o próprio D. Pedro décadas de 1940 a 1960, a partir de um lotea- de atalho entre o Jardim Botânico e Copacaba- II utilizava-se frequentemente deste atalho, mento que se estendeu pelas encostas. Nesse já que em local conhecido como Cocheira, o período, deu-se início à urbanização do mor- imperador descansava durante a travessia do ro. Os trabalhadores, encantados com o lugar, Expedição ao Rio de Janeiro, com vista para a Ladeira dos Tabajaras. Início do século XX. íngreme percurso. decidiram fixar residência e foram repreendi- Foto: Marc Ferez Ao longo do século XX, a proto-urbanização dos pela polícia, que passou a demolir seus da encosta expandiu-se, sobretudo para a re- barracos. Esse conflito perdurou até os traba- gião conhecida como Morro dos Cabritos, de- lhadores terem a ideia de construir as casas e nominação referente à criação extensiva de imediatamente ocuparem-nas. Assim, iniciou caprinos pela população local. Essa expansão a história de luta e resistência dos moradores urbana pautou-se em construções irregulares do Morro da Formiga, o qual já foi cenário de e precárias do ponto de vista técnico. A partir da segunda metade do século XX, sobretudo muita peleja e conquista. Essa comunidade é originalmente (escritura dos lotes) conhecida como nas décadas de 1970 e 1980, a região regis- Morro da Cascata, possivelmente em função da presença do Rio Cascata. Conforme relato de um trou uma série de deslizamentos de terra, pro- morador antigo da comunidade, o nome Formiga surgiu quando abriram as ruas 2 e 3, que com o vocando mortes por soterramento. Segundo remexer da terra surgiram muitas formigas cabeçudas, formando montes de formigueiros. Então, dados oficiais, as duas comunidades possuem o grupo de especialistas, enviado pela prefeitura para combatê-las, ao se encaminhar para o local cerca de 4.200 habitantes. dizia que ia para o “morro das formigas”.

Expedição das equipes Territórios da Paz e INEPAC na Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos. 2012. Morro da Formiga. 1971. Foto: Gilmar (Arquivo Nacional, Foto: Weder Ferreira acervo Correio da Manhã)

28 29 parte II . 1 Breve histórico das favelas participantes

Morro do Vidigal e Chácara do Céu Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira Mutirão de Construção no Chapéu Mangueira. Sem data. Acervo da Associação dos Moradores do Chapéu Mangueira O Morro do Vidigal ganhou esse nome em re- morro e praticamente isolada. Nela vendiam- ferência ao ex-comandante da Policia Militar -se frutas e legumes para os bairros vizinhos do Estado do Rio de Janeiro, no século XIX, o e tinha acesso restrito por trilhas no meio do major Miguel Nunes Vidigal, que devido aos mato. O clima de tranquilidade e a vista es- seus serviços, recebeu de presente dos mon- petacular serviram como inspiração para os ges beneditinos, em 1820, um terreno ao pé primeiros moradores que – sem saber – bati- do Morro Dois Irmãos, o qual foi ocupado por zaram a comunidade com este nome. Há certa barracos a partir de 1940, dando origem à discussão, sobre esta ter sido um quilombo, atual favela. O caso do Vidigal se tornou um mas os próprios moradores estão tentando se marco na resistência à remoção de favelas, certificar do processo. quando em 1970, em plena ditadura militar, a associação de moradores, com o apoio dos advogados da Pastoral de Favelas, entre eles Babilônia e Chapéu Mangueira, comunidades Vista aérea do Morro. Sem data. Foto: Genilson Araújo Sobre a origem dos seus nomes, supõe-se que os juristas Sobral Pinto e Bento Rubião, con- do bairro do Leme, zona sul da cidade, pos- a Babilônia teria sido batizada em função da seguiu evitar que os barracos da atual comu- suem cerca de 5 mil habitantes e comemoram, As comunidades têm formações históricas di- riqueza da flora local, tal como os Jardins Sus- nidade 314 fossem destruídos para dar lugar Vista de parte do Morro do Vidigal. Sem data. entre os anos de 2013 e 2014, o seu centená- ferentes. Na Babilônia havia a presença cons- pensos da Babilônia. A região abrigou a família à construções de luxo. A comoção e apoio Foto: Felipe Paiva rio de ocupação. Tal conquista dos moradores tante do Exército, por meio da delimitação do do paisagista Roberto Burle Marx e dizem que político deram origem, em 1978, à assinatura se deu, na Babilônia, em sua parte mais ele- território e do controle do fluxo de pessoas, muitas das espécies vegetais de seus jardins pelo Governador Chagas Freitas, do decreto vada para, em seguida, se espraiar pelas de- relação que teria se intensificado durante os foram coletadas no terreno de sua chácara, de desapropriação da área para fins sociais. mais regiões; no Chapéu Mangueira ocorreu o anos de ditadura militar. Já no Chapéu Man- hoje Área de Proteção Ambiental. Já o nome Tal fato é sempre lembrado como emblemáti- oposto. De acordo com relatos dos moradores, gueira, a ação do exército não era explícita, do Chapéu Mangueira teria surgido por conta co, inclusive, pela visita do Papa João Paulo II, os primeiros habitantes firmaram residência talvez porque parte da comunidade localiza- de uma placa fixada na entrada do morro com em 1980, quando o mesmo presenteou a co- para facilitar o acesso a seus locais de traba- va-se em propriedade privada. Assim, de acor- seguintes dizeres: “Em breve neste local, Fá- munidade com seu anel, simbolizando a resis- lho. Eram militares que atuavam no Forte do do com relatos, os moradores eram ligados a brica de Chapéus Mangueira”. tência dos moradores que se negaram a serem Leme e operários da construção do Túnel do movimentos de esquerda; fato que, provavel- removidos da comunidade que construíram. bairro. As famílias que ali residem são oriun- mente, influenciou no seu engajamento atra- A Chácara do Céu, conforme depoimentos de das, principalmente, dos estados de Minas Ge- vés de mutirões que construíram a Associação moradores, nasceu nos anos de 1950, a partir rais, Ceará, Pernambuco, Paraíba e do próprio de Moradores, o Posto de Saúde, a Creche, en- de uma antiga chácara escondida no alto do Localidade conhecida como Pedrinha. Sem data. Rio de Janeiro. tre outros equipamentos. Foto: Felipe Paiva.

30 31 parte II . 1 Breve histórico das favelas participantes

Simply by not owning three medium-sized castles Rocinha Santa Marta in Tuscany I have saved enough money in the last medium-sized castle in Tuscany.

Vista parcial da Rocinha. 2012. Foto: Simone Pitta Santa Marta ou ? Um padre de nome Clemente tornou-se proprietário das (ASPA) como instituições de representação de terras onde hoje se encontra o bairro de Bota- moradores. Logo em seguida, com a expansão fogo, zona sul da cidade, e batizou um de seus e novos sub-bairros, foram criadas a Associa- morros de Dona Marta, em homenagem a sua ção de Moradores e Amigos do Bairro Bar- cellos (AMABB) e a Associação de Moradores mãe. A encosta, que ficou conhecida por esse e Amigos da Vila Laboriaux. Naquele período, nome na década de 20, pertencia ao Colégio uma das formas que os moradores da Roci- Santo Inácio. Os primeiros moradores que ali nha encontraram para resistir às remoções foi se instalaram haviam sido abrigados pelo Pa- se mobilizar e se organizar em mutirões para dre José Maria Natuzzi e contratados para tra- limpezas de valas, tendo como órgão estimu- balhar na ampliação da igreja desse colégio. Rocinha. 2012. Acervo Jornal O Globo lador a Capela N. S. Aparecida, no Largo do Eram famílias vindas do estado de Minas Ge- Boiadeiro. A Rocinha se localiza no Morro dos Dois Ir- suíam pequenas roças e vendiam suas produ- rais e norte fluminense, que habitaram inicial- mãos, entre os bairros de São Conrado e Gá- ções na região vizinha, dando origem ao nome Na década de 1970, surgem discussões de gru- mente a parte mais alta e mais recolhida do pos organizados, visando o desenvolvimento vea, na zona sul da cidade. De acordo com o Rocinha. A partir da década de 50, com os pro- morro, longe da vigilância florestal. censo demográfico do Programa de Aceleração cessos de reurbanização e remoção de favelas social da comunidade, onde são reivindicados do Crescimento (PAC) realizado entre 2009- em regiões na zona sul na cidade, e com a imi- perante o poder público, o acesso à saúde, à A ocupação foi se dando de cima para baixo educação, ao fornecimento regular da água, Campeonato União do Santa Marta. 2005. com barracos de madeira, barro ou estuque. 2010, a Rocinha é a favela mais populosa do gração de famílias nordestinas, bem como de Foto: Tandy Firmino país, com mais de 100 mil habitantes vivendo mineiros e baianos, para a cidade, a Rocinha se luz e saneamento básico. Na década de 80, As residências eram mais amplas, com quintal em mais de 23.350 domicílios. Segundo his- torna uma grande favela, não só em termos de surgem as escolas, creches e centros comuni- e área externa. Atualmente a favela comporta tários, como o Centro de Saúde Albert Sabin, o tórias contadas por pessoas que residiram e população como na oferta de serviços e vida cerca de 1.400 domicílios e 5.000 moradores. residem na Rocinha, a comunidade recebeu social na comunidade. Núcleo da CEDAE e a Região Administrativa. E a partir das obras do PAC em 2007, grandes in- Santa Marta é considerada a padroeira do Mor- seus primeiros habitantes logo após a II Guer- Na década de 1960, são fundadas a União vestimentos e obras de infraestrutura passam ro e sua imagem teria sido levada ao Pico em ra Mundial, vindos de Portugal, França e Itália. Pró-Melhoramentos dos Moradores da Roci- a compor este universo, alterando significati- seus primórdios, na década de 30. Mais tarde, Eles viviam, basicamente, da agricultura, pos- nha (UPMMR) e a Ação Social Padre Anchieta Imagem da área do Pico. 2012. vamente o cenário da favela atualmente. Foto: Mariana Adão foi construída uma igreja para abrigá-la.

32 33 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE parte II.2

1. Breve histórico das favelas participantes

35 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE

Batan

No Batan, a demanda por iniciativas promotoras de atividades de preservação e divulgação das Chá da Memória Batan e Fumacê. 2013. histórias e memórias locais surgiu nas reuniões do café comunitário, a partir de discussões sobre Foto: Cíntia Nascimento a necessidade da criação de espaços culturais na comunidade. Os participantes abordaram a importância de reunir os relatos de moradores antigos em uma publicação porque não há registros sobre a memória do Batan. Contudo, seria fundamental que eles próprios contassem suas histórias, seus olhares sobre os diferentes momentos da comunidade, destacando a construção da Avenida Brasil. Foi realizado um encontro com lideranças e moradores, que levaram recortes de jornais e fotografias antigas, como um primeiro movimento de criação do acervo para contar a história da comunidade. Uma parceria com o Projeto Bairro Educador, da Secretaria Municipal de Educação, levou o tema para as escolas e alguns professores promoveram atividades sobre a memória local nas salas de aula.

Equipe de gestão: Cintia Nascimento de Oliveira Conceição – Gestora Social Renata da Silva Brum – Assistente de Gestão Chá da Memória Batan e Fumacê. 2013. Foto: Renata Brum.

37 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE

Complexo do Andaraí e Grajaú

Desde a entrada em campo, da Equipe de Gestão do Programa Territórios da Paz no Complexo do Grupo de Trabalho Café com Memória. 2012. Andaraí e Grajaú, puderam ser observadas demandas em relação à preservação e divulgação da Foto: Raquel Brum história local. Realizou-se, então, um mapeamento dos moradores que tinham tal interesse e/ou já realizavam algum tipo de trabalho nesse sentido. Em maio de 2012, ocorreu o primeiro encontro “Café com memória”, na comunidade Juscelino Kubitschek, no Grajaú. Estiveram presentes alguns moradores e representantes de instituições que atuam na região, os quais discutiram a importância do resgate das histórias e memórias do Complexo na ressignificação dos vínculos entre as comunidades que o compõem. Foi formada uma comissão que esteve presente no 1º Encontro Intercomunitário, realizado na SEASDH também em maio. No mês de julho, organizou- se o segundo “Café com memória”, na comunidade Borda do Mato, o qual já contou com aproximadamente 50 pessoas, todas discutindo como deveria ocorrer o processo de preservação e divulgação histórica. Uma nova comissão participou do 2º Encontro Intercomunitário realizado Equipe de gestão Territórios da Paz e na SEASDH em 2013. grupo FelizIdade. 2012. Foto: Ana Barros. Equipe de gestão: Raquel Brum Fernandes da Silveira – Gestora Social Isabelle Furtado de Moura – Assistente de Gestão

38 39 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE

Complexo do São Carlos e Santa Teresa

Nos momentos iniciais de sua gestão em território, a equipe fez um levantamento acerca das principais demandas, em reuniões com moradores locais. O desejo de preservação e divulgação da história e das memórias de sua comunidade foi sinalizado por lideranças, jovens e idosos. Nos Prazeres, a intenção é de produzir um catálogo e exposição de fotos e um documentário sobre as histórias e memórias de sua comunidade. Jovens da Coroa desejam documentar as memórias dos ancestrais da sua comunidade e fazer uma exposição permanente, nos becos, da árvore genealógica dos moradores, com dados de identificação e fotos. No Zinco, há o desejo de encontros intergeracionais entre avós e netos, compartilhando as memórias dos mais velhos e confeccionando um livro e exposições com essas memórias. No Fallet, há o desejo pelo resgate dos tempos áureos da localidade, em termos socioculturais e esportivos. O Fogueteiro deseja transmitir suas memórias através de um documentário com os idosos e primeiros habitantes. O Morro do São Carlos, sua tradição cultural e musical. Grupo Orun Mila no Santa Música Faz, na Mineira. 2012. Equipe de gestão: Foto: Vanessa Nolasco Silvana Bagno – Gestora Social Cíntia Aparecida Pereira Guimarães – Assistente de Gestão Fernando Capitulino da Silva – Assistente de Gestão Grupo de Trabalho Memórias do Complexo do São Carlos e de Santa Teresa. 2012. Foto: Silvana Bagno

40 41 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE

Complexo do Turano III Mostra Cultural Turano, na Raia. 2013. Foto: Fabrízia Amaral

Em janeiro de 2012, a equipe do Programa de mídia; mostrar os aspectos positivos de viver diferentes atores que tinham ou desejavam Gestão Social em Territórios Pacificados – Ter- no morro, suas histórias e belezas naturais; fa- promover ações de preservação da memória ritórios da Paz para as áreas do Turano e Pau- zer com que a comunidade sinta orgulho de e história local. O grupo se reuniu novamente la Ramos deu início às atividades em campo. viver no local onde vive. Deve-se destacar que e desde então não parou mais. Os moradores Como uma das primeiras etapas do trabalho, ações no campo da memória já haviam sido decidiram continuar organizados em torno do a equipe desenvolveu um diagnóstico social realizadas no Turano por diferentes pessoas, GT para poder desenvolver trabalhos no cam- amplo, buscando identificar os principais pro- como a tentativa de realizar um filme sobre po da memória. Foi assim que o GT promoveu blemas, desejos, potencialidades locais, a fim a história da favela. Contudo, nem todas as três mostras culturais no Turano, em diferen- de, a partir desse documento, construir um tes comunidades, com o objetivo de promover ações iniciadas tiveram continuidade. É nesse plano de atuação para o território. Como parte um dia de lazer e discussão sobre a história do contexto que surgem as demandas de mora- desse diagnóstico, identificou-se no Turano o local, assim como divulgar o trabalho do grupo dores e atores locais por ações no campo da desejo de alguns atores locais de desenvol- e sensibilizar os moradores a aderirem à incia- ver um projeto que preservasse a memória da memória. tiva. Até maio de 2013, o GT Memórias do Tu- favela do Turano. As motivações que levaram Em maio de 2012, realizou-se no Turano o pri- rano já havia se reunido 36 vezes. Atualmente, 12ª Reunião do Grupo de Trabalho os moradores a solicitar que uma ação desse meiro encontro do Grupo de Trabalho Memó- o grupo está dividido em comissões, cada uma Memórias do Turano. 2012. tipo fosse desenvolvida no Turano foram: con- rias do Turano. A atividade tinha o objetivo de delas cuidado de uma atividade específica. Foto: Nyeta Magalhães tar uma história positiva do morro, diferente identificar as demandas específicas dos mora- Equipe de gestão: Marco Antonio dos Santos Teixeira da história do tráfico de drogas e da violência dores no campo da memória, assim como pro- Gestor Social que normalmente foi e ainda é noticiada pela mover um espaço de diálogo e articulação dos Fabrízia Clécia do Amaral – Assistente de Gestão

42 43 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE

Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos

As demandas relativas à questão da história e da memória nas favelas da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos surgiram no contexto dos fóruns comunitários realizados junto à associação de moradores. Ao identificar junto com a população local, a existência de áreas que foram no passado regiões quilombolas, realizou-se a identificação das mesmas. Na sequência, realizamos uma série de reuniões com membros do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Cultura (SECULT). Desses encontros, resultou uma visita em campo, para identificar supostos vestígios das antigas ocupações quilombolas. Além desta ação, coletamos os nomes das pessoas mais antigas das comunidades, a fim de realizar com elas, o Café com História. Além disso, foi distribuído para as associações de moradores, um relatório contendo um esboço histórico da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos.

Equipe de gestão: Weder Ferreira da Silva – Gestor Social Expedição das equipes Territórios da Gloria Maria de Moraes Rego Fairbairn – Assistente de Gestão Paz e INEPAC na Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos. 2012. Foto: Antonio Soares

Debate sobre a Proposta do Projeto Memórias. 2012. Foto: Weder Ferreira.

45 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE

Morro da Formiga II Café Memória da Formiga. 2012. Foto: Ana Barros

Na Formiga, diferente das demais comunida- como uma estratégia positiva a ser replicada de um terceiro encontro, em que os moradores des, a demanda pelo resgate e divulgação da na Formiga, visando à garantia da atenção in- “contassem” a história do morro. Nessa pers- história e memória do morro surgiu no âmbito tegral em saúde, de modo a considerar não só pectiva, em setembro foi realizado o I Café da institucional, cinco meses após a entrada da o contexto socioeconômico, mas, também o Memória, destinado ao registro dos relatos so- equipe em campo. Assim, em junho de 2012, aspecto cultural da população. A partir de en- bre a história e memória da Formiga, produzi- a equipe de gestão do programa Territórios da tão, a equipe iniciou diálogos com lideranças do por dois jovens com formação em audiovi- Paz participou de uma reunião, juntamente comunitárias, com a finalidade de ratificar tal sual e memória, cujo vídeo editado foi exibido com as equipes de Matriciamento da Coorde- demanda comunitária e estabelecer parcerias em dezembro, no II Café da Memória. nadoria Geral de Saúde da Área Programática para a realização de quatro encontros de me- I Café Memória da Formiga. 2012. 2.2 (CAP 2.2) e de Estratégia de Saúde da Fa- mória, que envolveram cerca de oitenta pes- Equipe de gestão: Foto: Ana Barros mília do Centro Municipal de Saúde Prof. Jú- soas, entre moradores e representantes insti- Ana Cláudia Borba Gonçalves Barros – Gestora Social lio Barbosa (antigo CEMASI), onde a equipe da tucionais. No mês de julho, houve dois Chás Fabiana Braga Silva – Assistente de Gestão CAP citou o Encontro de Memória do Andaraí da Memória, onde foi sugerida a organização

46 47 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE

Morro do Vidigal e Chácara do Céu

A entrada em campo da Equipe de Gestão do Vidigal e Chácara do Céu ocorreu em fevereiro de 2012, concomitantemente, a uma demanda institucional. A proposta advinda do Governo do Estado era a de que a comunidade se organizasse, a fim de elaborar e apresentar um projeto que estivesse em sintonia com os objetivos da Rio+20. Com isso, após reuniões e deliberações de comissões organizadoras de tais projetos, suas ideias foram apresentadas, respeitando e valorizando as particularidades de cada território. Em tal cenário, surgiu a demanda pela valorização, preservação e divulgação da história das referidas comunidades, uma vez que a Chácara do Céu é remanescente de um quilombo e a ‘permanência’ do Vidigal é fruto de um movimento de resistência ocorrido na década de 1980. Assim, após tais reuniões da comissão organizadora da Rio+20, foi realizado um evento no dia 18 de junho de 2012 na Capela São Francisco de Assis, composto por exposição de fotos da década de 80; uma palestra abordando a história da comunidade, seguida da apresentação de cinco músicas compostas por moradores do Vidigal.

Equipe de gestão: Denise Martins da Luz – Assistente de Gestão

Evento da AMAR. Sem data. Foto: Felipe Paiva

Localidade conhecida como Pedrinha. Sem data. Foto: Felipe Paiva

49 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE

Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira

Logo após o início do trabalho, a equipe de gestão social Babilônia e Chapéu Mangueira identifi- I Encontro Local GT Memórias Babilônia e Chapéu cou, a partir de relatos de diversos moradores, o desejo de preservar e difundir a memória destas Mangueira. 2013. Foto: Flora Daemon comunidades. Esta necessidade parecia estar fortemente ligada aos sentimentos de identidade e de pertencimento que, rotineiramente, eram associados ao orgulho dos muitos mutirões que fizeram nascer, resistir e reinventar estas favelas: “Não podemos deixar se perder o que construí- mos, como se tudo tivesse sido em vão”, escutamos. Um aspecto interessante destas localidades é o fato de que a preocupação com a memória não parece ser uma demanda restrita aos “mais velhos”. Há, neste grupo plural, idosos, jovens e até novos residentes. No que se refere às temáti- cas, mapeou-se um desejo de identificar, registrar, preservar e difundir saberes e acervos ligados aos movimentos sociais, às resistências, às lideranças comunitárias, aos lugares de memória, às iniciativas culturais diversas e, também, à violência. Assim se consolidou o Grupo de Memórias Babilônia e Chapéu Mangueira que, além de refletir e debater a respeito do papel social e polí- tico da memória, teve parte de seu potencial revelado no emocionante espaço dedicado a estas III Encontro Local GT Memórias Babilônia histórias durante o evento internacional Rio+20, em junho de 2012. e Chapéu Mangueira. 2013. Foto: Flora Daemon Equipe de gestão: Flora Côrtes Daemon de Souza Pinto – Gestora Social

50 51 parte II.2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE

Rocinha

Na década de 80, surge o grupo Pró-Museu da Rocinha, formado por moradores e profissionais Mural da “Curva do S”. 2011. que atuaram na Rocinha nos segmentos da saúde, educação, cultura e meio ambiente. Com o Acervo do Museu Sankofa início das obras do PAC, entre 2007 e 2008, através do Fórum Cultural da Rocinha, é lançado o Plano Cultural da Rocinha, que entre suas ações, prioriza a preservação das Memórias e Histórias dos moradores enquanto um direito. A partir desta iniciativa, se inicia uma série de atividades de promoção da memória como chá de museus, exposições de grafitti, e o lançamento de publicações pelos membros do grupo do Museu Sankofa Memória e História da Rocinha. Em 2012, a equipe da Rocinha do Programa Territórios da Paz, ao tomar conhecimento desta iniciativa, participou como convidado em duas ações realizadas pelo grupo, o Chá de Museu, com apresentação de acervos pessoais de moradores, e o lançamento do livro “Memória Feminina em três tempos”, referenciando lideranças mulheres na Rocinha através de suas biografias. Durante a Rio +20, a equipe realizou a impressão de 40 cartazes fotográficos, com fotos do trabalho do Museu, realizado no mural da “Curva do S”, que também expôs seu trabalho em uma tenda na Feira Semeando a Arte, no Complexo Esportivo, entre os dias 18 e 19 de junho. Através de reuniões do Fórum Cultural da Rocinha e com o grupo do Museu Sankofa, seus integrantes foram convidados a participar da iniciativa coletiva da SEASDH, na elaboração do Plano de Histórias e Memórias das Membros do Museu Sankofa com a Favelas. equipe da Biblioteca e Parlamentares, na Semana Cultural da Rocinha. 2013. Equipe de gestão: Acervo Biblioteca Parque da Rocinha Simone Souto Pitta – Gestora Social Pricila Gonçalves de Freitas – Assistente de Gestão

52 53 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE

Santa Marta

No Santa Marta o tema da memória surgiu através de diversas frentes e grupos. Dois deles, no Família que deu origem ao Projeto Ecomuseu Nêga Vilma. entanto, foram responsáveis pelo “pontapé inicial”: 1) o processo de remoção realizado no ponto Sem data. mais alto e antigo do morro; 2) o trabalho de turismo de base comunitária, que vem se desenvol- Foto: Marcelo Terranova vendo de forma intensa. A partir de encontros pontuais que passaram a delinear tais demandas, encontros maiores passaram a ser feitos em torno do tema. O intuito dessas reuniões foi verificar com os participantes, a pertinência do tema para a comunidade, com a intenção de que, com a ratificação do coletivo, pudéssemos pensar então, em como poderíamos colocar em prática tais demandas. Ao todo, cerca de 30 a 40 pessoas se envolveram com tais conversas.

Equipe de gestão: Karina Lopes Padilha – Assistente de Gestão Encontro de Turismo de Base Mariana Adão da Silva – Assistente de Gestão Comunitária. 2013. Foto: Sheila Souza

54 55 Ficha Técnica

Governador do Estado do Rio de Janeiro Adalberto Ferreira – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Dejair Thomé dos Santos – morador do Morro da Formiga Jorge Eduardo dos Santos de Souza – morador do Complexo do Turano Nádia Paula de Figueiredo – moradora do Morro do Zinco Sônia Regina – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Sérgio Cabral Adão Rodrigues Santos – morador do Morro da Coroa Dell Delambre – Ecomuseu Nêga Vilma/Santa Marta Jorge Eduardo dos Santos de Souza – morador do Complexo do Turano Nadir Pereira Rocha – moradora do Morro da Formiga Sueli da – moradora do Morro da Formiga Vice-governador do Estado do Rio de Janeiro Aguinaldo Santos – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Denilda Souza da S. Almeida – moradora do Morro da Formiga Jorge Mathias de Souza – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Nanci Rosa Jovencio Luciano – moradora do Morro da Formiga Taiani Mendes da Silva – moradora do Morro da Formiga Luiz Fernando de Souza - Pezão Alberto (Beto da Igreja) – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Dercy Cruz Moraes – moradora do Complexo do Turano Jorgina Soares Silva – moradora do Morro do Zinco Nara Ludovice – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Tandy Firmino – morador do Santa Marta Secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos Alexandre Magno dos Santos – morador do Morro do Querosene Dinei Medina – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia José Antônio de Pontes – morador do Complexo do Turano Néa dos Santos Moreira – moradora do Morro do Fallet Terezinha de Souza – moradora do Morro da Coroa Zaqueu da Silva Teixeira Alexandre Salgueiro – morador do Complexo do Turano Dornel da R. Pereira – morador do Morro da Formiga José Barbosa (Araújo) – morador do Morro da Formiga Neli Silva – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Therezinha Ribeiro – moradora da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Chefe de Gabinete Aline Fernandes – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Edilson Benedito Alves – morador do Santa Marta José Carlos – ex-morador do Morro da Formiga Neyde – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Cabritos Pedro Henrique Pereira Prata Aloísio S. Pacheco – morador do Ocidental Fallet Edna Maria Moreira da Rocha – moradora do Complexo do Turano José Martins – morador da Rocinha Nilo Guimarães Pimentel – morador do Morro da Formiga Ubirajara da Fonseca (Bira) – morador do Morro do Fallet Subsecretário de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos Aluan Carlos Gomes – morador do Complexo do Turano Edson (Buluca) – morador do Morro da Formiga José Milton da Silva – morador do Complexo do Turano Nilton Freitas Cavalcanti – morador do Morro do Fallet Verônica Moura – moradora do Santa Marta Eloi Ferreira de Araújo Álvaro Maciel Júnior – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Edson Dias – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú José Roberto Lopes – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Nilza Rosa dos Santos – moradora do Morro da Formiga Vilma Mota – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Superintendente de Territórios da Secretaria de Estado de Assistência Alvimar – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Eduardo Barbosa – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Joselice Rodrigues da Silva – moradora do Morro do Zinco Noêmia Alexandre Machado – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Vitor Lira – morador do Santa Marta Social e Direitos Humanos Ana Beatriz da Costa – moradora do Complexo do Turano Eduardo Henrique Baptista – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Josete Cavalcante – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Viviane de L. Scalzo – moradora do Morro do Fogueteiro William Resende de Castro Júnior Ana dos Santos de Souza – morador do Complexo do Turano Babilônia Joyce Barbosa – moradora do Complexo do Turano Octaviano Gomes de Araújo – morador do Morro da Coroa Waldir Carneiro (Saci) – morador do Morro do Fallet Assessoria de Comunicação Anderson Costa – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Eliane Sales – moradora do Complexo do Turano Júlia Chaves Giglio – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Otacílio Duarte – morador do Complexo do Turano Anderson Ribeiro Lula – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Eliane Santos – moradora do Santa Marta Júlia Geraldina dos Santos (Julinha) – moradora da Coroa Patrícia Fernandes – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Walter dos Santos – morador do Ocidental Fallet Assessora-chefe de Comunicação Wandercy Dias de Souza – morador do Morro da Coroa Paula Pinto Christóvão André Castilho Tavares Júnior – morador do Complexo do Turano Eliza Rosa Brandão da Silva – moradora do Morro dos Prazeres Julyanna Elena Ferreira da Costa - Ecomuseu Nêga Vilma/Santa Marta Paulo Roberto Gomes – morador do Complexo do Turano André Köller – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Elma Allelluia – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Lucimar Alves de Araujo – moradora do Complexo do Turano Paulo Roberto Muniz – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Wanderson da Silva Alves – morador do Complexo do Turano Revisão e Editoração Wellington Castro dos Santos – morador do Fumacê Danielle Rabello Andre Leonardo Silva de Carvalho – morador do Morro da Formiga Elzira Timóteo – moradora do Complexo do Turano Luís Felipe Paiva – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Paulo Sérgio de Souza Cruz – morador do Morro do Zinco Wellington Luiz Aquino – morador do Complexo do Turano Floriano Rodrigues André Luiz Abreu de Souza – morador do Morro Chapéu Mangueira e Emile Thiago do Carmo – moradora do Morro da Coroa Luiz Carlos (Cabeção) – morador do Morro da Formiga Paulo Sérgio Oliveira dos Santos – morador do Morro da Formiga Design Editorial Babilônia Érica Souza Silva – moradora do Morro da Coroa Luiz Gonzaga – morador do Complexo do Turano Pedro de Freitas Dias – morador do Morro do Zinco Wellington Marcello – morador do Complexo do Turano Marcelo Santos André Luiz Gomes de Araújo – morador do Batan Eudyr dos Santos – morador do Morro da Formiga Lurdes das Dores – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Pedro Gonzaga – morador do Morro do Zinco Wilson Cesar Moraes – morador do Complexo do Turano André Santana – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Evandro Machado – morador do Complexo do Turano Luzinete H. Madens – moradora do Morro da Coroa Pr. Sebastião Mateus da Silva – morador do Morro da Formiga Zoraide Francisca Gomes (Cris dos Prazeres) – moradora do Morro dos Equipe da Superintendência de Territórios da Secretaria de Estado de Andréa Alelluia – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Fabiana de Souza – moradora do Complexo do Turano Manoel Borges Sampaio – morador do Batan Priscila Alves – morador do Complexo do Turano Prazeres Assistência Social e Direitos Humanos Andreza Gomes – moradora do Complexo do Turano Fábio Barbosa – morador do Complexo do Turano Marcelo Alves – morador da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos Quênia Allelluia – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Colaboradores Alvaro Maciel Ângela Gomes– moradora do Complexo do Turano Fátima Alexandre Saraiva – morador do Complexo do Turano Marcelo da Silva – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Quitéria R. da Silva – moradora do Batan Anne Christhine Lima Alberto de La Rosa Antonio – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Fernanda Lima – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Márcio Andrade – morador do Complexo do Turano Raff Giglio – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Aline Portilho Fernanda Fernandes de Amurillo Antônio Carlos Firmino – morador da Rocinha Fernando Ermiro – morador da Rocinha Regina Tchelly – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Marcos Burgos – morador da Rocinha Aneci Palheta Julia Carvalho Silva Sobreira Antônio José Paiva – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Fernando Machado – morador do Batan Maria Alice Tiberto – moradora do Morro da Formiga Renato Lopes de Souza – morador do Complexo do Turano Lucia Maria Xavier da Silva Angela Josefa Almeida Guedes Armando Flávio da Silva Gamboa – morador do Batan Flavia Eloah – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Maria Amélia da S. Dias – moradora do Morro do Zinco Ricardo Costa – ex-morador do Santa Marta/Ecomuseu Nêga Vilma Maria de Lourdes Fernandes dos Santos Armindo Lobo – morador do Morro do Fallet Flávio Mazzaro de Abreu (Fafá) – morador do Morro do Fallet Maria Augusta Nascimento Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira Rita de Cássia dos Reis – moradora do Morro do Zinco Anthony Taieb Gestores e Assistentes de Gestão do Programa Territórios da Paz Arthur Viana – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Gabriel Richard da Silva Barbosa – morador do Complexo do Turano e Babilônia Rita de Cássia Gonçalves Penha – morador do Complexo do Turano Daniel Misse (Organizadores) Augusto Santos – morador do Morro da Formiga Genecy Soares – moradora do Complexo do Turano Maria Cressiullo Meniguelle – moradora do Morro da Formiga Roberta Lopes – moradora do Complexo do Turano Daniel Soares Rodrigues Ana Cláudia Borba Gonçalves Barros Aura de Souza – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Geni de Moura – moradora do Morro da Formiga Maria da Conceição Mendes Alves – moradora do Morro Chapéu Roberto Nunes – morador do Complexo do Turano Ernesto Alves Cíntia Aparecida Pereira Guimarães Áureo Efigênio Nascimento – morador do Morro da Coroa Geni Pereira da Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Mangueira e Babilônia Rogeria Teixeira – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Ester Ferreira do Nascimento Cíntia Nascimento de Oliveira Conceição Bernadete Soares Pereira – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Gian Carlos Gomes – morador do Complexo do Turano Maria da Glória Silva – moradora do Morro da Formiga Rogéria Xavier Santos – moradora do Fumacê Fábia Morais Clarissa Coelho Ferreira Céu Gibeon de Brito Silva – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Maria de Fátima da Silva – morador do Complexo do Turano Romero Alves de Souza – morador do Morro da Coroa Flavia Vogel Denise Martins da Luz Bruno Ferreira – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Gisele de Jesus Santos – moradora da Vila Jurema Maria de Fátima de Jesus – moradora do Complexo do Turano Romildo de Oliveira – morador do Morro da Formiga Flora Moana Beuque Fabiana Braga Silva Bruno Gomes Luiz – morador do Morro da Coroa Gisele Rosa dos Santos – morador do Morro da Formiga Maria do Carmo Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Ronaldo Batista – morador da Rocinha Gina Nesi Fabio Leon Moreira Carlos Alberto Gomes – morador do Complexo do Turano Guilhermina – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Babilônia Rosa Batista – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu João Marcos Cividanes Fabrízia Clécia do Amaral Carlos Alberto Moreira (Carlão) – morador do Morro do Fallet Haroldo José de Souza Netto (Haroldinho) – morador do Morro do Fallet Maria Efigênia Pereira da Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira Rosane Soares dos Santos – moradora do Morro da Formiga Joelle Rouchou Fernando Capitulino da Silva Carlos Alexandre Rosa – morador do Batan Hélia Constantino de Araújo – moradora do Morro da Formiga e Babilônia Rosângela Tertuliano – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Juliana Velloso Flora Côrtes Daemon de Souza Pinto Carlos Eduardo Lucio Ribeiro (Carlinhos) – morador do Morro da Formiga Heraldo Martins dos Santos – morador do Complexo do Turano Maria F. Nascimento – moradora do Morro da Coroa Rose Firmino – moradora da Rocinha Julio Cesar Borges Gloria Maria de Moraes Rego Fairbairn Carlos Henrique Alves (Marreta) – morador do Morro do Zinco Heverton Leite Santana – morador do Morro da Formiga Maria Helena Cardoso – moradora da Rocinha Roseane Cardoso – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Kleber Mendonça Isabelle Furtado de Moura Carlos Henrique da Conceição – morador do Morro da Formiga Hilton Marques – morador do Ocidental Fallet Maria Helena Teixeira Mendonça – moradora do Morro Chapéu Mangueira Salete Martins – moradora do Santa Marta Luciana Heymann Karina Lopes Padilha Caroline Campos de Oliveira – moradora do Morro da Coroa Hiram Lima – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu e Babilônia Sandra – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Luiz Alberto Nascimento Livia Fortuna do Valle Catarina Andrade – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Ilza Vieira dos Santos – moradora do Morro da Formiga Maria José – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Saulo Ferraz Ramos – morador do Morro da Coroa Maria Isabel Couto Marco Antonio dos Santos Teixeira Cervasia dos Santos – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Indara Moreira Paula da Silva – moradora do Complexo do Turano Maria José B. Bezerra – moradora do Batan Sebastiana Castro Lima – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Mariana Adão da Silva María José Luzuriaga Charles Siqueira – morador do Morro dos Prazeres Irmã Maria de Fátima – moradora da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Maria José Ferreira – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Babilônia Mariana Bonfim Nathalia Massi Pires Cíntia Paulo Luna – moradora do Morro do Fogueteiro Cabritos Sebastiana dos Santos – moradora do Morro da Coroa Maria Mendes – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Mariana Machado Mello Pricila Gonçalves de Freitas Claudia Cristiane – moradora da Rocinha Isabel Telles Cabral – moradora do Morro da Formiga Maria Miniguelle – moradora do Morro da Formiga Sebastião do Carmo Rezende (Adão de Deus) – morador do Morro da Milena Salgueiro Raquel Brum Fernandes da Silveira Claudio Batista – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Ivanilda de Abreu – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Maria Solange Martins Nery – moradora do Batan Formiga Renata da Silva Brum Cléa da Silva – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Izabel Telles Cabral – morador do Morro da Formiga Marilda Alves de Oliveira – moradora do Morro da Formiga Sebastião Neves – morador do Complexo do Turano Morgana Eneile Sabira de Alencar Czermak Cleber de Jesus – morador do Batan Jair Borges Queiroz – morador do Morro da Formiga Marilena Alves da Silva – moradora do Morro da Formiga Serafina Rosa Nunes – moradora do Morro da Formiga Nyeta Magalhães Campos Silvana Bagno Cosme Cesar Santos – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Jandira Evaristo Ferreira – moradora do Morro da Formiga Marília de L. Rangel – moradora do Ocidental Fallet Severina Geni da Silva – moradora do Morro da Formiga Roberto Lobo Simone Souto Pitta Cristiano Mendes Campos – morador do Morro Chapéu Mangueira e Janete dos Santos Goulart – moradora do Morro da Coroa Marina Albaneses – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Sheila M. G. de Souza – moradora do Santa Marta Rui de Souza Chavier Tania Albuquerque Mendes Braga Babilônia Joanita Galvão Rosa – moradora do Morro da Formiga Mariuza de Lima – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Silvio Cesar da Conceição – morador do Morro da Formiga Sabrina Guerghe Vanessa Nolasco Ferreira Dalva – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú João Batista da Silva – morador do Complexo do Turano Marlene Gonçalves Buriti – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Siomara Alves dos Santos – moradora do Complexo do Turano Sandra Mônica Silva Schwarzstein Weder Ferreira da Silva Danilo de Souza – morador do Morro do Zinco João Roberto Nunes Procópio – morador do Complexo do Turano Babilônia Sirley de Souza – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Sarah Cardoso Autores do Plano Danilo Ferreira de Souza – morador da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos João Vasconcelos – morador do Complexo do Turano Marta Alves – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Solange Rosa de Souza – moradora do Morro da Coroa Suellen Ferreira Guariento Abelardo Roque da Silva – morador do Complexo do Turano Cabritos Joesse José de Oliveira (Délcio) – morador do Complexo do Turano Martinha dos Santos Teodoro – morador do Complexo do Turano Sônia Maria Oliveira – moradora do Santa Marta Terezinha Vasconcelos Adailton Pena – morador do Morro da Coroa Darcy Silvério – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Jorge de Souza – morador do Morro do Fallet Moacir Camargo – morador do Morro da Formiga Sônia Marlene Polessa dos Reis – moradora do Morro da Formiga Wilma Silva Palmares

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