Plano De Histórias E Memórias Das Favelas
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Batan / Complexo do Andaraí e Grajaú / Complexo do São Carlos e Santa Teresa / Complexo do Turano / Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos / Morro da Formiga / Morro do Vidigal e Chácara do Céu / Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira / Rocinha / Santa Marta PLANO DE HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DAS FAVELAS 2013 PLANO DE HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DAS FAVELAS 2013 4 5 PALAVRA DO SECRETÁRIO Zaqueu da Silva Teixeira Para apresentar o Plano de Histórias e Memórias das Favelas, eu preciso destacar a relevância desse Secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos encontro. Digo encontro, porque quando assumi a gestão da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, o plano ainda era um projeto em andamento, dentro do Programa Territórios da Paz. E, ao me deparar com ele, encontrei uma projeção das ações e conceitos que sempre acreditei e que venho propondo desde o início da minha vida profissional e política. Quando participei da elaboração do Programa de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), pensava em uma polícia atuando dentro das comunidades e para as comunidades, levando em conta seu cotidiano, seus costumes e suas manifestações culturais. A polícia se adequando àquela realidade, muito mais do que limitando ou moralizando os atores locais. Por isso enxerguei que o projeto deveria transformar-se em Plano e reafirmei a importância de aprovarmos, o mais rápido possível, um edital. É importante manter viva a memória dessas comunidades, é importante dar valor às suas histórias, suas origens. A cultura do morro deve ser conhecida e conservada porque sempre fez história e sempre esteve na nossa memória. Foi no Morro do São Carlos, considerado berço do samba e da boe-mia, onde foi criada a primeira escola de samba. O morro dialoga com o asfalto através de uma linguagem miscigenada e multicultural. O morro é uma explosão cultural. E essa história, esse dia-a-dia, devem ser relatados e estimulados nas mais diversas expressões. Quem não gostaria de saber de onde vem o nome do morro da Formiga? Ou que o morro do Escondidinho teria se originado, em 1940, como um antigo Quilombo? Ou que o nome do morro da Babilônia foi inspirado nos Jardins Suspensos da Babilônia e abrigou a família do paisagista Burle Marx? Após diversos encontros com as comunidades, a equipe da Superintendência de Territórios detectou, em cada uma delas, o desejo da população de resgatar e preservar sua história. E o Plano existe para dar esta garantia. Ele é mais do que um identificador, ele reforça o simbolismo e importância das favelas. A importância de se estabelecer uma política social nas UPPs, priorizando a comunidade e seus interesses, porque essas pessoas fizeram, fazem e farão a história do Rio de Janeiro. 6 PLANO DE HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DAS FAVELAS SUMÁRIO SUMÁRIO 26 30 Parte I Parte II 1. Apresentação 13 1.Breve histórico das favelas participantes 22 2. Memórias da construção do Plano por localidade 34 2. Do direito à memória 15 Batan 24 3. Diretrizes 17 Complexo do Andaraí e Grajaú 25 Batan 37 Complexo do São Carlos e Santa Teresa 26 Complexo do Andaraí e Grajaú 38 3.1. Identificação e Registro Complexo do São Carlos e Santa Teresa 41 3.2. Preservação 18 Complexo do Turano 27 Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos 28 Complexo do Turano 42 3.3. Promoção e Difusão 19 24 28 32 Morro da Formiga 29 Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos 45 4. Horizontes 20 Morro do Vidigal e Chácara do Céu 30 Morro da Formiga 46 Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira 31 Morro do Vidigal e Chácara do Céu 49 Rocinha 32 Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira 50 Santa Marta 33 Rocinha 53 Santa Marta 54 Ficha Técnica 56 25 27 29 31 33 PARTE I APRESENTAÇÃO 1. Breve histórico das favelas participantes 10 11 PARTE I I . 1 Apresentação Moradores no I Encontro Intercomunitário do Plano de Histórias e Memórias das Favelas, 25.05.2012, Simone Pitta A proposta de elaboração do Plano de Histórias e Memórias das Favelas¹ surgiu no contexto da atuação das equipes de gestão social do programa Territórios da Paz, criado em novembro de 2010 pelo governo do Estado do Rio de Janeiro no âmbito da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) e da Superintendência de Territórios (SuTer). O Programa Territórios da Paz busca promover o contato e a articulação entre os atores locais e as instituições e tem 1. Optou-se pelo termo “favela” em detri- por finalidade contribuir para o atendimento das demandas sociais, atuando como interlocutor mento de outros, como “conglomerado do Estado junto às favelas, de forma que a população tenha maior possibilidade de participar e urbano” ou “comunidade”, seguindo ori- intervir nas políticas públicas e nas ações privadas implantadas. entação dos moradores expressa no I En- A preservação da memória e da história social tem sido uma das preocupações culturais mais contro Intercomunitário do Plano de His- importantes das sociedades contemporâneas. Este fenômeno também foi observado nas favelas Participação de tórias e Memórias das Favelas, ocorrido em maio de 2012, na SEASDH. em que as equipes de gestão social atuam. Entre as diversas demandas de ordem estruturais Moradores no I Encontro e sociais, foi possível observar demandas comunitárias vinculadas à questão da história e da Intercomunitário do Plano memória social. A partir desta percepção, na primeira metade de 2012, as equipes de gestão do de Histórias e Memórias das programa Territórios da Paz das favelas do Batan, Complexo do Andaraí e Grajaú, Complexo do Favelas. 25/05/2012. Foto: Simone Pitta. 12 13 PARTE I . 1 I . 2 Moradores no II Encontro Intercomunitário do Plano de Histórias e Memórias das Favelas. 21/03/2013. Foto: Weder Ferreira. Do direito à memória São Carlos e Santa Teresa, Complexo do Turano, Ladeira dos Tabajaras Territórios o Projeto Memória e História das Favelas. Desse encontro, e Morro dos Cabritos, Morro da Formiga, Morro do Vidigal e Chácara do concluiu-se que o projeto devia ser transformado em plano, a ser im- Céu, Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira, Rocinha e Santa Marta plementado pela SEASDH, e que seria necessário convocar novamente realizaram uma série de encontros, tendo em vista a criação de uma os moradores e lideranças locais para o 2º Encontro Intercomunitário, O arcabouço político e jurídico do direito à memória no Brasil surgiu de forma mais contunden- estratégia conjunta para fomentar a criação de um projeto para a pre- realizado em março de 2013. Para além dos objetivos da construção do te no período de redemocratização, após o regime civil-militar instalado com o golpe de 1964. servação da história e da memória das favelas. Este objetivo começou Plano, o evento serviu ainda para avaliar o impacto do programa Territó- Neste período, familiares de presos políticos, exilados e os próprios civis que sofreram direta e a tomar forma em maio de 2012, quando foi realizado o 1º Encontro rios da Paz. Na oportunidade, os moradores e lideranças verbalizaram a Intercomunitário do então chamado Projeto Memória e História das Co- indiretamente com a ditadura iniciaram uma série de ações com objetivo de resgatar a história e importância do programa, como instrumento de valorização das popu- munidades. O encontro reuniu gestores, moradores, lideranças locais e memória daquele passado. Este processo buscou e busca dar visibilidade e trazer justiça às vio- lações das favelas da cidade do Rio de Janeiro. pesquisadores universitários. Desse encontro ficou estabelecido que o lações sistemáticas de direitos humanos que ocorreram no país. projeto deveria ser construído de forma dialógica e coletiva e ter por Atualmente, o Plano de Histórias e Memórias das Favelas encontra-se O direito à memória nasce na esfera pública com o propósito de atender à necessidade de res- princípio o protagonismo dos atores locais. Nesta ocasião, as equipes em sua versão final, a fim de que possa, finalmente, ser posto em práti- gatar e preservar a história deste e outros períodos de mobilizações populares e resistências de gestão social da Superintendência de Territórios responsabilizaram- ca. Além de servir de mecanismo de fortalecimento das redes locais e políticas a partir das memórias individuais e coletivas de sua população. A memória se torna um -se em apresentar a forma pela qual cada favela julgava ser o ideal para de potencializar as iniciativas de base comunitária, o Plano de Histórias direito, na medida em que estabelece garantias aos cidadãos, como o acesso à informação e aos preservar a sua história e memória social. e Memórias das Favelas pretende ser um mecanismo de preservação arquivos públicos e históricos, a preservação destes acervos pessoais e públicos e a difusão des- Em setembro de 2012, a fim de dar cabo às deliberações do 1º Encon- e difusão da história e da memória social, contribuindo de forma sig- sa história enquanto atividade política e de expressão cultural. tro Intercomunitário, as equipes do Programa Territórios da Paz realiza- nificativa para o fortalecimento dos vínculos sociais e identitários das Neste sentido, o componente político e simbólico do direito à memória é o de garantir que pes- ram um fórum interno, em que foi apresentado à Superintendência de populações das favelas da cidade do Rio de Janeiro. soas e grupos sociais possam livremente exercer o ato de lembrar o passado, dar-lhe significado e partilhar este passado de diversas formas e com diversos grupos de maneira plena. Cabe ao 14 15 PARTE I . 2 I . 3 A seguir apresentam-se as diretrizes do Plano de Histórias e Memórias das Favelas, discriminadas por áreas de ação com seus respectivos objetivos estratégicos. O imperativo metodológico do Plano é de que todas as ações deste devem ser desenvolvidas com o protagonismo comunitário, ou seja, devem ser feitas com a participação e execução dos Diretrizes próprios moradores das favelas aqui envolvidas.