Coleccionismo De Arte Moderna E Contemporânea Em Portugal – 17+1 Perspectivas, Uma Reflexão Em Construção
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Luís Castelo Lopes (Palácio Correio Velho) ........................................... 11 2.2. Pedro Cunha (Sala Branca) ....................................................................... 35 3. Galerias……………………………………………………………………………...54 3.1. Manuel de Brito……………………………………………………….….54 3.2. Jaime Isidoro……………………………………………………………...69 3.3. Fernando Santos………………………………………………………….73 3.4. Pedro Oliveira…………………………………………………………….80 4. Críticos e Curadores……………………………………………………………….94 4.1. Alexandre Melo…………………………………………………………..94 4.2. João Fernandes………………………………………………………….104 4.3. Bernardo Pinto de Almeida…………………………………………….125 5. Coleccionadores…………………………………………………………………...139 5.1. Joe Berardo……………………………………………………………...139 5.2. João Rendeiro…………………………………………………………...142 5.3. Ivo Martins………………………………………………………………159 5.4. João de Almeida…………………………………………………………170 5.5. “Coleccionador A”………………………………………………………191 6. Artistas……………………………………………………………………………..204 6.1 Júlio Pomar………………………………………………………………204 6.2. Júlio Resende…………………………………………………………….212 2 INTRODUÇÃO O volume II é um apêndice documental fundamental para a reflexão realizada no volume I (designado em notas de rodapé por anexos). Consta de um núcleo de 17 entrevistas que estão classificadas segundo a tipologia dos diferentes agentes artísticos: consultores de arte, leiloeiras, galerias, críticos e curadores, coleccionadores e artistas. As tipologias e os entrevistados estão devidamente referenciadas no índice. Cada entrevista está devidamente datada e identificado o local onde foi realizada. Todas as entrevistas foram presenciais, excepto a de Joe Berardo, que foi realizada via correio electrónico. A tipologia de entrevista adoptada resulta da combinação de modelos de entrevista semi-estruturada e entrevista livre. Considerou-se que era pertinente a informação acidental – a ausência de constrangimentos, a liberdade de relacionamento de factos, a possibilidade do entrevistado seguir o seu próprio raciocínio, organizando (ou não) o seu discurso de acordo com a sua particular valoração dos dados. Considerou-se a importância dos diversos níveis de informação – que oscilam entre o factual e o afectivo – e que conferem a este apanhado de memórias, por vezes muito livres, uma grande riqueza documental. O facto de se ter feito a selecção dos entrevistados, pensado a estrutura das entrevistas e feito a análise das mesmas, resulta numa coerência do conjunto do processo e do corpus documental o que se contrapõe a outro tipo de trabalhos, em que a responsabilidade deste processo é partilhada por mais do que um autor1. A organização e a sequência do questionário foram pensadas em função do perfil de cada entrevistado (grau de conhecimento e intimidade, idade, idiossincrasias, etc.). Há a consciência que da parte da entrevistadora há um olhar particular, necessariamente subjectivo (que configura o “agente + 1” indicado no título) mas considerado integrável e enriquecedor, porque permitiu esboçar a estrutura de cada entrevista a partir de um conhecimento baseado na experiência profissional. Não obstante as particularidades de 1McANDREW, Clare - Cuadernos Arte y Mecenazgo El Mercado Espanhol del Arte en 2012. Barcelona: Fundacion Arte y Mecenazgo, 2012. LINDERMANN, Adam – Collecting Contemporary. Colónia: Taschen, 2006 3 cada entrevistado, há um núcleo de questões comuns a que se procura, sempre, dar resposta. O ponto de partida desta reflexão é uma PLATAFORMA DE ENTENDIMENTO construída através de experiência empírica, não sistematizada num primeiro momento mas interiorizada nos diversos registos de compreensão da teia de motivações – integração na realidade vivida, enquanto investigadora desse conhecimento. Estou consciente deste olhar, (experiência como galerista, realização de feiras de arte, realização de exposições, contacto com os agentes) e do seu reflexo na compreensão e na leitura dos factos e dos discursos, seleccionando inevitavelmente focos de interesse, pressentindo e completando informação2. O envolvimento pessoal no objecto de estudo, se em alguns casos poderia ser considerado um obstáculo a um melhor resultado compreensivo, dada a natureza particular deste estudo, verificou-se ser um contributo estruturante e também um “instrumento” de comunicação. A proximidade profissional com os agentes transformou as entrevistas em “conversas” muito abertas que, se por um lado, se afastam do objecto estrito do trabalho e colocam dificuldades na análise, por outro lado, fornecem informação adicional, por vezes inesperada, sobre os entrevistados e sobre a sua participação no panorama artístico em Portugal nos últimos 60 anos. Torna-se importante referir que as respostas dadas pelos entrevistados foram direccionadas para outro agente que partilha do mesmo mundo artístico, conferindo ao discurso plena liberdade de expressão. Esta experiência começou por ser objecto de estudo e análise mais distanciada na Pós-graduação realizada na FLUP em 2005, tornando-se um exercício de reflexão desde aí; este espaço temporal é integrado como momento de maturação (experiência + reflexão) que possibilita uma visão mais globalizante no momento actual. A análise das entrevistas a coleccionadores, por tipo de coleccionador, responde à singularidade de cada coleccionador em relação aos outros agentes; todas as outras foram tratadas por tipo de agente e analisadas segundo as diferentes tipologias. 2Diretora da galeria de arte contemporânea Minimal (Porto) entre 1995 e 2008, casada com o artista plástico Jorge Curval, do seu percurso como galerista salienta-se a aposta em artistas emergentes, a par da representação de artistas consagrados. Destaca-se a participação no Porto Capital Cultural da Europa em 2001, em feiras nacionais (ARTE LISBOA) e internacionais (ARCO),o desenvolvimento de parcerias com galerias nacionais e estrangeiras, promovendo o intercâmbio entre artistas (Espanha, Itália, Estados Unidos), a representação na APGA (Associação Portuguesa de Galerias de Arte), a formação e integração do núcleo original de galerias de Miguel Bombarda (1998), etc. 4 Não se exploram totalmente os conteúdos dos excertos transcritos porque a análise se direccionou para questões chave do ponto de vista da entrevistadora. Preexiste à elaboração do trabalho a consciência da possibilidade de outras leituras das entrevistas e dos excertos poderem ser eles próprios “interrogados” de outros modos, abrindo possibilidades de desdobramento em futuras análises – quer da autora quer de outros investigadores. Este corpus documental constitui deste modo uma fonte para futuros trabalhos de investigação. Apesar do desenho “subjectivo” e individualizado das questões tendo em conta o perfil e estória do entrevistado,(que pode subverter pressupostos científicos), o resultado constitui um todo coerente e enriquecedor, uma narrativa contemporânea de caracter historicista. 5 1. Consultores de Arte 1.1 Maura Marvão (Must Art Advisor) - Há quanto tempo existe esta empresa? - Esta empresa existe desde 2001. - E que serviços presta, para além de marketing cultural e aconselhamento artístico? - Queremos que as pessoas possam ter aconselhamento em todas áreas ligadas ao património artístico que tenham. - Esse património abrange só arte contemporânea? - Abrange rigorosamente tudo. A pessoa pode ter património, pode herdar património e nós fazemos uma avaliação e vemos que pessoas precisamos encontrar para ajudar o cliente. - Exemplifica. - Por exemplo, uma pessoa que de repente tem uma herança que é composta pelo recheio duma casa tradicional portuguesa, que é composto por pratas, jóias e que queira por um lado avaliar aquilo que herdou, decidir aquilo que quer alienar e saber se quer futuramente comprar outras coisas. E nós mostramos os canais para isso, encontrámos avaliadores nas diversas áreas. - Isto é, em vez das pessoas irem directamente a uma leiloeira, vocês fazem a mediação? É isso? - A pessoa muitas vezes não sabe o que quer fazer. E nós primeiro avaliamos o que a pessoa tem e ajudamos a pessoa a decidir aquilo que vai manter e aquilo que quer alienar. Depois tentamos encontrar os canais certos para alienar. E se a pessoa quiser comprar outras coisas, ajudamos a encontrar as peças e aconselhamos em todas as fases do projecto. Em vez da pessoa ter 10 interlocutores, um para avaliar as pratas, outro para o mobiliário, uma leiloeira ou duas para dividir as peças, nós tratamos do processo todo, do princípio até ao fim. E temos uma equipa mais ou menos flexível para dar resposta àquilo que os clientes quiserem. Podem ser coisas que se resolvem com pessoas mais próximas de nós, mas já aconteceu trabalhar com pessoas