Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Presidente, Aristides Lima: - Agradecia que ocupassem os respectivos assentos na Sala e passo a palavra ao Sr. Secretário da Mesa para proceder à verificação das presenças.

Sr. Secretário da Mesa, Eduardo Monteiro: -

Afonso Silva Mendes da Fonseca Ivete Helena Ramos Delgado Silves Ferreira Agostinho António Lopes Janine Tatiana Santos Lélis Alberto Alves Jean Emanuel da Cruz Alberto Josefa Barbosa. Joana Gomes Rosa Alexandre Ramos Lopes Joanilda Lúcia Silva Alves Antero Teixeira João Baptista Ferreira Medina António Alberto Mendes Fernandes João Carlos Cabral Varela Semedo António Delgado Monteiro João Lopes do Rosário António Pascoal Silva dos Santos Joel Amarante Ramos Silva Barros António Pedro Pereira Duarte Jorge Arcanjo Livramento Nogueira Aristides Raimundo Lima Jorge Pedro Maurício dos Santos Arlindo Tavares Silva José Domingos António Lopes Armindo Cipriano Maurício José Luís Lima Santos Austelino Tavares Correia José Manuel Afonso Sanches Carlos Alberto Barbosa José Manuel Gomes Andrade Clemente Delgado Garcia José Maria Vaz de Pina Bartolomeu Ramos da Cruz Joselito Monteiro Fonseca David Hopffer de Cordeiro Almada Júlio Lopes Correia Domingos Mendes de Pina Justiniano Jorge Lopes de Sena Eduardo Monteiro Justino Gomes Miranda Emanuel Pereira Garcia Almeida Libéria das Dores Antunes Brito Ernesto Cheguevara Mendes Barbosa Lídio de Conceição Silva da Silva Manuel Amaro Rodrigues Monteiro Eurico Correia Monteiro Manuel Gomes Fernandes Eva Verona Teixeira Ortet Maria da Ressurreição Lopes da Silva Felisberto Henrique Carvalho Cardoso Mário Gomes Fernandes Fernanda Fidalgo de Pina Burgo Mário Ramos Pereira Silva Fernando Elísio Leboucher Freire de Andrade Miguel António Costa Fernando Lopes Vaz Robalo Miguel da Cruz Sousa Felipe Baptista Gomes Furtado Moisés Gomes Monteiro Filomena de Fátima Ribeiro Vieira Nelson do Rosário Brito Martins Orlando Pereira Dias Filomena Maria Frederico Delgado Silva Paulo da Cruz Guilherme Francisco António Dias Pedro Amante Ramiro Furtado Hermes Silva dos Santos Rui Alberto Figueiredo Soares Hermínia Gomes da Cruz Curado Ferreira Rui Mendes Semedo Humberto André Cardoso Duarte Vanusa Tatiana Fernandes Cardoso

3 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Presidente: - A Assembleia tem quórum, estão 51 Deputados na Sala, há 21 que faltam.

[Eram 9 Horas e 38 Minutos.]

A proposta de Ordem do Dia que foi endereçada aos Srs. Deputados é a seguinte:

I – Perguntas dos Deputados ao Governo.

II – Aprovação de Propostas de Lei.

1. Proposta de Lei que define o Regime Geral da Cooperação Internacional Descentralizada para votação final global;

2. Proposta de Lei que altera a Lei nº 8/V 96, de 11 de Novembro sobre a condução sob a influência do álcool para a votação final global;

3. Proposta de Lei que estabelece o regime jurídico das Instituições com vocação Regional ou internacional para a votação final global;

4. Proposta de Lei que altera a Lei nº 56/V 98, de 29 de Junho sobre o regime Jurídico da Comunicação Social;

5. Proposta de Lei que altera o Decreto -Legislativo nº 10/ 93, de 29 de Junho que regula o exercício da actividade de radiodifusão em Cabo Verde;

6. Proposta de Lei que aprova o Estatuto do Jornalista;

7. Proposta de Lei que altera a Lei nº 58/5 de 98 de 29 de Junho sobre a Lei de Imprensa e de Agência de Notícias;

8. Proposta de Lei que concede autorização Legislativa ao Governo para alterar o Código Laboral Cabo-verdiano.

9. Proposta de Lei que Concede ao Governo Autorização Legislativa para rever as bases do sistema de Planeamento e do Ordenamento do Território alterando pontualmente o Decreto Legislativo nº 1/2006, de 13 de Fevereiro.

10. Proposta de Lei que estabelece o quadro da descentralização administrativa.

III – Aprovação de Propostas de Resolução:

4 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

1- Proposta de Resolução que aprova o Acordo sobre a Cooperação técnica no domínio militar entre o Governo da República de Cabo Verde e o Governo da República Federativa do Brasil;

2- Proposta de Resolução que aprova o Estatuto da Agência Internacional das Energias Renováveis IRENA;

3- Proposta de Resolução que constitui as Comissões de Recenseamento Eleitoral

IV – Fixação das Actas das Sessões de Janeiro e Fevereiro de 2009.

Entretanto deram entrada, Sras. e Srs. Deputados, iniciativas do Governo, uma iniciativa relativa à Lei da Nacionalidade, para a qual o Governo solicitou o processamento de urgência e uma proposta de Resolução sobre a eleição dos membros das Comissões de Recenseamento (esta foi antecipadamente fixada na convocação desta Sessão) e temos também, Sras. e Srs. Deputados, o acordo dos membros da Conferência de Representantes para incluirmos um ponto sobre a designação de três Membros ao Conselho Superior da Defesa, que é um órgão externo para o qual a Assembleia Nacional elege três membros por maioria de dois terços. Assim, iria passar a palavra ao Governo para fundamentar a urgência em relação às iniciativas governamentais. A Sra. Ministra da Reforma do Estado e da Defesa tem a palavra.

Sra. Ministra da Reforma do Estado e da Defesa Nacional, Cristina Fontes: - Srs. Deputados, apresento a seguir, com muito gosto, as razões que levam o Governo a solicitar o agendamento de urgência desta Proposta de Lei que altera alguns aspectos, mais precisamente, seis artigos da Lei da Nacionalidade. As razões prendem-se, como sabemos, com o processo de recenseamento no estrangeiro e recordaria brevemente que o programa do Governo fixou, nesta legislatura, a necessidade de se refazer as bases do recenseamento geral tendo em conta as fragilidades existentes e que eram apontadas por todos. Sabemos que o recenseamento de 95 teve imensas fragilidades e era assente entre os actores políticos que ganhar-se-ia com o recenseamento geral, tanto no País como na diáspora. Recordar-se-ão os Sr. Deputados, que foram os principais actores deste processo, que a revisão do código eleitoral feita em dois momentos incorporou, na primeira fase, a necessidade do recenseamento fazer-se primeiro no País, atendendo que se preparavam então as autárquicas e numa segunda fase no estrangeiro. Mas estamos a falar do mesmo processo de recenseamento geral que permitiria afinal, termos cadernos eleitorais íntegros, sob os quais não se pudesse levantar qualquer suspeição. Recordaria também, para nos situarmos, a forma bem sucedida como decorreu o recenseamento geral no País, que levou inclusivamente, após uma auditoria, todos os actores a congratularem-se com esse processo, com a garantia que os cadernos eleitorais eram cadernos eleitorais verdadeiros e que, efectivamente, se deixasse de ter suspeições à volta das eleições.

5 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Também estamos todos recordados que as autárquicas, tributárias desse novo recenseamento geral, decorreram de forma como queremos que sempre decorram as eleições em Cabo Verde para fazer jus à credibilidade e a maturidade que este País e esta democracia já têm. Nesse sentido ficava, portanto, ainda por fazer o recenseamento geral no estrangeiro, coisa que os Srs. Deputados determinaram e que efectivamente foi afixado no período de Março a Setembro deste ano. Também se sabe que trouxe o Governo a este Parlamento, e foi confirmado pelos Srs. Deputados, a proposta de que devemos substituir o actual sistema de recenseamento anual, de actualização, por um sistema mais moderno, baseado nas novas tecnologias e que permitisse que tivéssemos o novo sistema, o chamado já, Sistema Nacional de Identificação e Autenticação Civil, que seria integrado na primeira fase do recenseamento no País. Seria depois estruturado pelo recenseamento no estrangeiro e depois, com os cidadãos cabo-verdianos de zero à dezoito anos, teríamos a integralidade dos cabo-verdianos nesse sistema que passaria a ser gerido, automaticamente, trazendo muito mais transparência, celeridade, racionalidade e modernidade ao sistema de Identificação e Autenticação Civil. Recordo que tudo o que estou a dizer foi, ponto por ponto, explanado aos Srs. Deputados e é nesse sentido que vimos trabalhando. Este processo de recenseamento no estrangeiro que se vai realizar assim que as comissões de recenseamento estiverem prontas e, administrativamente, as situações estão a ser preparadas para que, assim que as comissões de recenseamento tomarem posse, possa arrancar, devo vos dizer que este recenseamento vai integrar a segunda fase deste sistema Nacional de Identificação e Autenticação Civil. Portanto, estamos a fazer duas coisas ao memo tempo. Estamos a criar um sistema que se vai auto gerir. Na base das novas tecnologias este sistema será um sistema que integrará, nos termos do código… Sr. Presidente, eu penso que há um problema com o som, efectivamente.

Sr. Presidente: - Agradecia que fizessem o trabalho técnico necessário para que o som fosse igualmente bom para toda a gente.

Sra. Ministra da Reforma do Estado e da Defesa Nacional: - Agora sim. Mas penso que os Srs. Deputados me seguiram. Não terei que repetir. Dizia portanto, que esse Sistema Nacional de Identificação, uma vez montado, será mais fácil termos cadernos eleitorais no futuro porque, os novos eleitores, uma vez que atinjam 18 anos, entrarão para os cadernos, teremos os óbitos descarregados e teremos, efectivamente, perdas de nacionalidade ou aquisições geridas neste sistema central que terá, com certeza, depois, o acompanhamento político que se impõe. Portanto, estamos a construir duas coisas ao mesmo tempo. Estamos a renovar as bases de cadernos eleitorais mais modernos e mais verdadeiros e estamos a construir o Sistema Nacional de Identificação e Autenticação Civil que vai excluir, no futuro, a necessidade de fazermos actualizações do recenseamento. Porque é que essa questão da lei da nacionalidade se coloca? Repito: numa primeira fase fizemos o recenseamento geral, temos a certeza que, com as cautelas tomadas, nomeadamente, o controlo através de sistemas avançados de

6 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 dados biométricos nomeadamente do sistema EIFIS que controla as impressões digitais, temos cadernos íntegros e temos quase 100% de certezas (a auditoria terá dito isso) de que temos cadernos eleitorais íntegros. Agora que estamos a fazer o recenseamento no estrangeiro temos que garantir que todos os recenseados sejam nacionais e que não haja conspurcação dessa base de dados que estamos a querer manter integra. E é por isso que temos vindo a fazer um trabalho notável, eu direi, há cerca de dois anos, consciente deste processo e da necessidade de sermos rigorosos, desde 2008, portanto imediatamente após as eleições – no mesmo ano das eleições autárquicas – criou-se uma comissão interministerial, integrando a Reforma do Estado, os Negócios Estrangeiros, a Administração Interna e a Justiça, para que, efectivamente, pudéssemos fazer o levantamento desta situação. Quais são, portanto, as condições que devíamos criar para fazer um recenseamento no estrangeiro? E, Srs. Deputados, imaginem que neste processo encontramos algumas dificuldades. A comissão técnica criada viajou por todos os consulados, ou a grande maioria dos consulados de Cabo Verde no exterior, isto foi feito em 2008, fez um levantamento da situação e veio caracterizar cientificamente e precisamente as questões. Nós sabemos neste momento ou sabíamos desde fins de 2008 (e isto foi trazido aos Sr. Deputados nas comissões parlamentares), que tínhamos uma situação que chamamos de pendente que, neste momento, está caracterizado por volta de 15 mil. São situações de pessoas que nasceram fora do País (isso, de 75 a esta parte) … é um processo sucessivo de acumulação de algumas “irregularidades” pois que, fruto da burocracia para a aquisição da nacionalidade, muitas vezes é o percurso do combatente ou dos imigrantes, nomeadamente dos que têm os filhos nascidos fora do País, que têm que se dirigir aos consulados para estruturar um processo que é enviado, em papel, com dinheiro, para o País. Esses processos, ou não chegam à conservatória, extraviam-se ou não são enviados. o que é certo é que concluímos que temos um conjunto de situações, repito, neste momento, caracterizado em cerca de 15 mil, que estão a ser tratados e que levam a que tenhamos alguns detentores de passaportes cabo- verdianos sem que estejam integrados no sistema de registo central. Isso porquê? Porque as embaixadas, fruto da pressão (repito: de 75 a esta parte) … e é muito importante saber isso, porque é uma situação que se foi acumulando no tempo e que a administração não soube, não pode ou não teve condições de resolver adequadamente. Portanto, os processos que encontramos são, de facto, de todos esses anos e que queremos, de uma vez por todas, resolver para retirar esses processos que estavam “debaixo do tapete”. Portanto, temos situações de cabo-verdianos, ou de pessoas que têm passaportes cabo-verdianos e que, efectivamente, não estão no sistema porque não houve processo administrativo. Para isso estamos a fazer duas coisas: Temos que resolver esse problema porque está fora de questão de, a essas pessoas, ser reconhecida a nacionalidade cabo-verdiana. Está tudo caracterizado. Eu aí não entrarei em detalhes, mas estarei à disposição dos Srs. Deputados para mais informações particularmente a Sra. Ministra da Justiça que tem, na vertente registo, acompanhado esta questão. Temos situações que nos levam a concluir que, alguns processos, que pudemos identificar, não estão completos. Alguns deles não têm acentos de

7 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 nascimento do ascendente ou não têm acento de nascimento do requerente e isso podemos resolver. De 2008 a esta parte, estava claro para nós, que tínhamos que modernizar os consulados. Neste momento, queria anunciar-vos que todos os consulados de Cabo Verde serão, efectivamente, postos de registo civil no exterior. Neste momento, já temos em Bóston e em Lisboa. Há uma missão, neste momento, técnica inter-departamental a instalar esta aplicação na Europa e brevemente também nos restantes países africanos, pelo que cada posto consular de Cabo Verde será, efectivamente, um posto de registo civil com uma aplicação em informática que permite acesso directo. Portanto, vamos poder ter uma rede de registo civil que cobrirá, efectivamente, todos os cidadãos cabo-verdianos e vai permitir que deixemos de ter esses pendentes. Parte desses pendentes, os tais 15 mil, serão resolvidos administrativamente e estão a sê-lo neste momento. Temos uma task force neste momento, no registo, integrando digitadores e conservadores que estão a qualificar. Lá onde os processos incompletos, ditos pendentes, têm falta de acento de nascimento do ascendente ou do interessado, é a própria administração que vai ao sistema e conclui o processo e esse processo deixa de ser pendente. Mas temos alguns casos…

Murmúrios de alguns Deputados da Bancada do MPD.

Srs. Deputados, não me estão a deixar… estou, de facto, com alguma dificuldade de me concentrar. Peço desculpas.

Sr. Presidente: - Vamos evitar os comentários altos que impedem que o orador se faça ouvir.

Sra. Ministra da Reforma do Estado e da Defesa Nacional: - Estou a tentar ser detalhada porque considero que é um processo de muita responsabilidade e que tem que ser tratado também com essa responsabilidade, mas com as informações todas e é o que estou a tentar fazer. Concluirei em breve, mas só para dizer que, repito, parte desse processo já se concluiu que se pode resolver administrativamente e estamos com um task force a resolvê-los. Há uma outra parte que, naturalmente, exige uma intervenção legislativa donde a apresentação deste diploma e serão os casos em que está a faltar no processo a própria declaração do interessado. Teríamos, de facto, neste caso, duas hipóteses, era deixar que… esse interessado entretanto, tem um passaporte que lhe foi atribuído de 75 a esta parte, repito, a título provisório ou sem que todo o processo administrativo tenha sido concluído. Portanto, temos um cidadão com um passaporte, mas cujo processo nos registos centrais não está integrado. A solução que a administração propôs e que o Governo resolveu trazer aos Srs. Deputados, mas refiro que esta questão já tinha sido levada à Comissão Paritária e tinham sido os próprios Deputados a concluir que seria uma solução possível, seria vir por lei, intervindo à nível da Lei da Nacionalidade fazer duas coisas:

8 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Primeiro, em relação aos dependentes dizer que aqueles que têm inscrição consular, desde que tenham os acentos de nascimento do ascendente, que é o que lhes determina a nacionalidade – presume-se uma declaração de vontade – e a inscrição consular automaticamente atribui-lhes a nacionalidade a não ser que eles declarem o contrário. Estamos aqui a fazer uma inversão para garantir que quem tenha o passaporte fique assim com o problema resolvido. Mas estamos a fazer outra coisa. Estamos a propor que a inscrição consular, doravante, seja constitutiva da atribuição da nacionalidade, porque até agora a nacionalidade só se adquiria imagina… isso aconteceu comigo, peço desculpas, mas um filho meu que nasceu no estrangeiro só depois da transcrição aqui é que vira cabo-verdiano. O que estamos a fazer é possibilitar aos pais de filhos nascidos no estrangeiros poderem dirigir-se a um consulado e inscrever automaticamente, atribuir a nacionalidade sem ter mais necessidade de procedimentos complementares. Isso porque, como existe, neste momento, a aplicação dos registos em todos os consulados, entra no sistema de inscrição, nos registos e conclui se efectivamente tem um ascendente cabo-verdiano e pode, efectivamente, fazer a inscrição. Só se fará a inscrição consular se é cabo- verdiano e para saber se é cabo-verdiano vai se verificar no sistema se há um ascendente cabo-verdiano. Portanto, nesse sentido estamos a fazer duas coisas: estamos a estancar novas situações ao dizer – não é preciso de novo organizar processos para que venham para o País e demorem imenso tempo. Automaticamente, a inscrição consular, reunidas as condições para a aquisição da nacionalidade, atribuirá a nacionalidade. Isto é uma simplificação e desburocratização enorme, mas está-se no futuro, em relação aos pendentes, a resolver a questão. Porquê a urgência? Poderíamos estar de acordo que isto, de facto, faz sentido. Isto vai beneficiar, como imaginam, de que maneira, os nossos compatriotas no exterior a resolver problemas que, durante anos, eles têm procurado soluções. E porquê a urgência? A urgência decorre, como os Srs. Deputados poderão entender, do facto da revisão do código ter demorado o tempo que demorou, portanto, não interessa as razões, mas o que é certo é que só depois que o código foi aprovado é que ficou claro que poderíamos resolver isto em sede de lei de nacionalidade. A proposta do Governo é que isso fosse resolvido em sede de código eleitoral. Aliás, era uma das propostas que foram levadas à comissão. Os Srs. Deputados, inclusivamente os Deputados do MPD presentes na comissão, é que sugeriram que pudéssemos, em sede de lei de nacionalidade, resolver estas questões. A urgência decorre do facto de nós querermos o mais rapidamente possível, criar as condições para resolver esses pendentes para que, efectivamente, o cabo-verdiano possa, no exterior, se dirigir a qualquer consulado e ver o seu problema de nacionalidade definitivamente resolvido porque tem um passaporte, mas não está no sistema, portanto, estaria fora de questão dizer que ele não é cabo-verdiano e estaria a Administração Pública e o Estado de Cabo Verde a assumir as suas responsabilidades e a resolver a questão por via de lei. Repito, nem tudo é resolvido por via de lei, parte está a ser resolvido pela consulta aos registos e pela reintegração, nos processos, dos documentos que aí não estão, nomeadamente, as certidões dos ascendentes.

9 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

A urgência permitiria que, rapidamente os Srs. Deputados pudessem debruçar-se sob esta questão e garantir que, uma vez que começarmos as operações de recenseamento, não haja estes problemas ou resolvamos o mais rapidamente a questão que vai se colocar. Lembro-me que, em 2006, tivemos de tal maneira este problema como um problema real que se lembrarão de uma determinação da CNE a estabelecer que era preciso ter aquilo que chamam um caderno de “imigrante”, até que foi ofensivo para os nossos compatriotas, porque, efectivamente, quem estava naquele caderno tinha que vir provar a nacionalidade porque podia não estar no sistema e ter o passaporte. Estamos a querer resolver, de vez, estas questões. Portanto, está nas mãos dos Srs. Deputados, mas o que o Governo quer dizer é que com isto está a reafirmar a necessidade de termos um recenseamento rigoroso, modernizarmos o sistema de recenseamento, garantirmos que todos ao imigrantes que queiram recensear-se o possam fazer, e isto é um compromisso que este Governo assumiu que não devemos dificultar, antes pelo contrário, devemos criar as condições para resolver essa questão para que não se diga que não houve possibilidade de todo o emigrante que se quis recensear o fizesse. Penso que os emigrantes, particularmente os que me estão a seguir, sabem do que estou a falar, sabem perfeitamente a importância da resolução deste problema que, repito, foi sendo acumulado ao longo dos tempos porque a administração não pode ou não soube fazer melhor, de 75 a esta parte. O Governo exorta, por isso, todos os Deputados, tendo em conta que é uma questão delicada e é uma responsabilidade grande, a concorrer na linha dos consensos obtidos a nível das Comissões Paritárias para a Revisão do Código Eleitoral, com o mesmo espírito, concorrer para que esta lei e esta alteração da lei da nacionalidade venha garantir um recenseamento amplo e com possibilidade de todos que o queiram possam recensear-se. Aliás, devem recensear-se porque o recenseamento é, efectivamente, um dever. Entrei em alguns detalhes, mas basicamente, Sr. Presidente, é esta a urgência. Não tivesse havido o atraso na revisão do código para a decisão e definição de certos princípios, naturalmente que poderíamos ter resolvido esta questão anteriormente, mas pensávamos que podíamos ter resolvido isso no código. Decorreu da comissão esta ideia de que, em vez do código tratar disto, em sede de recenseamento, que a sede própria fosse a lei da nacionalidade.

Sr. Presidente: - A Sra. Ministra fez uma ampla apresentação dos fundamentos para a urgência, vamos agora ouvir o plenário. Não vamos fazer um debate, mas vamos ouvir o plenário para se pronunciar quanto à urgência e penso que bastaria uma intervenção de cada grupo político para que a posição de cada grupo ficasse firme e então poderíamos entrar no processo de fixação, em detalhe, da nossa Ordem do Dia. Portanto, uma intervenção de cada grupo político. O Sr. Deputado Miguel de Sousa tem a palavra.

Sr. Deputado Miguel de Sousa (PAICV): - Ouvimos com atenção a explanação do Governo relativamente à questão da Lei da Nacionalidade que, de facto, para nós e para o Grupo Parlamentar do MPD é um assunto de extraordinária importância para o País e deve ser a marca da nossa administração pública, do Estado e de todos cabo-verdianos.

10 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Como tal, não entendemos o pedido de urgência, portanto, o seu agendamento de urgência porque carece, naturalmente, de um estudo e de um debate mais aprofundado e também as propostas contidas na lei apresentada pelo Governo suscitam, efectivamente, um conhecimento mais aprofundado, um estudo mais aprofundado da realidade. O Governo sabendo que estaríamos em sede de revisão do Código Eleitoral e que isso teria implicações na Lei da Nacionalidade, o assunto deveria ter sido tratado com maior profundidade e partilhado também, nomeadamente nos grupos parlamentares, por forma que tivéssemos tempo suficiente para a análise do conteúdo da lei e, assim, o poder, em consciência, também votar. Daí que não entendemos a questão do pedido de urgência em matéria do seu agendamento, tendo em conta que se trata de um assunto tão importante para o País e um assunto que, efectivamente, carece de um estudo aprofundado e da participação de todos. Portanto, era, justamente, a nossa primeira opinião relativamente a isso. Tendo em conta que a Sra. Ministra aproveitou para fazer uma apresentação da lei, ficaríamos pelo comentário relativamente ao agendamento que não entendemos.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado Rui Semedo tem a palavra.

Sr. Deputado Rui Semedo (PAICV): - Esta questão teria sido suscitada em sede da comissão paritária. Não é verdade que não tinha sido suscitada, foi suscitada. A ideia ou a proposta do PAICV era, na altura, de se introduzir, em sede da revisão do Código Eleitoral, esta possibilidade de resolver os problemas pendentes da nacionalidade dos cabo-verdianos. Na altura, houve um entendimento que sim, mas que não era o Código Eleitoral a sede própria para se introduzir essas alterações e que não haveria problema nenhum em trazermos essa questão para a discussão numa outra oportunidade aqui no Parlamento. Portanto, aqui a Oposição sabia previamente que teríamos esta preocupação entre-mãos para resolver. O objectivo é tão-somente permitir que todos os cabo-verdianos tenham uma situação regularizada, primeiro. Segundo, que todos os cabo-verdianos possam se recensear e estarem habilitados para participar nos actos eleitorais. Terceiro, é a participação abrangente dos eleitores cabo-verdianos na diáspora no processo eleitoral porque os cabo-verdianos, felizmente, participam activamente em tudo que diz respeito à vida política, económica, social e cultural do seu País. Temos essa informação de que há situações que não estão regularizadas por dificuldades não dos interessados, mas da administração. Foram-se acumulando pendentes ao longo de vários anos e penso que moralmente cabe à administração diligências no sentido de resolver o mais rapidamente esta questão. Por isso, consideramos que, de facto, essa questão deve tratada com a urgência que merece. Todos queremos, penso que aqui ninguém se exclui dessa possibilidade, que todos os cabo-verdianos se inscrevam para se habilitarem para o processo eleitoral. Aqui, penso que tanto a Situação, como a Oposição, têm interesse nisso porque não vejo porquê não interessar que os cabo-verdianos se inscrevam e que a maior parte cabo-verdianos seja inscrito.

11 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

É claro que não caiu bem a opinião emitida nos órgãos de comunicação social no sentido de que se está a legislar para resolver ilegalidades cometidas pelo Governo. Não caiu bem porque temos de tratar os companheiros também, os sujeitos, com responsabilidade, com seriedade e abrir o caminho para entendermos sobre esta matéria que é delicada, mas muito importante para os cabo-verdianos. Já ultrapassámos aquele momento em que os cabo-verdianos lá fora eram tratados de forma diferente dos cabo-verdianos que residem aqui. Somos um País global, um país com uma vasta diáspora por todos os cantos do mundo e temos que entender isso de uma vez por todas e agir em consequência. Há essa informação de que há mais 15 mil casos pendentes. Esses casos têm implicação directa no recenseamento porque se não resolvermos essa questão, vai se iniciar o processo de recenseamento, esses cabo- verdianos não vão poder inscrever-se, pelo menos à partida, no processo de recenseamento. Será justo? Será correcto? Estaremos a agir no sentido de tratar com igualdade todos os cabo-verdianos? Seguramente que não. Os cabo-verdianos que nasceram fora têm os mesmos direitos que os cabo-verdianos que nasceram aqui e não podem pagar inclusive pelas falhas administrativas, burocráticas ou outras. O MPD já disse que precisa de tempo e de estudo aprofundado. É claro que essa questão, do nosso ponto de vista, não precisa assim de tanto estudo, precisa de solução. O estudo é a realidade que temos, de cabo-verdianos que precisam regularizar a sua situação e não estão a ter essa possibilidade. Não caberá à administração, muito menos ao Parlamento, criar dificuldades para a resolução desse problema. Mas, tendo em conta essa situação concreta da necessidade do MPD em ter mais tempo para analisar essa questão, não obstante entendermos que é urgente, sugerimos que aguardemos mais um mês e que na Sessão de Abril possamos discutir com maior tranquilidade, com toda a serenidade, sendo certo que estamos a prejudicar os cabo-verdianos, esses 15 mil e se calhar outros, que poderiam já, a partir de 1 de Abril, se inscrever para o processo de recenseamento. Estaremos a prejudica-los, mas não podemos resolver essa questão sozinhos, apesar da nossa vontade. Não havendo vontade e disponibilidade, neste momento, do MPD, sugerimos que a questão seja tratada na Sessão do mês de Abril.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Monteiro tem a palavra.

Sr. Deputado António Monteiro (UCID): - Sobre essa matéria, queríamos dizer o seguinte: de facto, nós, os Deputados da UCID, estamos plenamente de acordo que todos os cabo-verdianos, de uma forma geral, tenham a possibilidade de se recensearem e, desta forma, poderem participar, de facto, na escolha daqueles que eles entendem conduzir os destinos deste País. No entanto, entendemos que uma matéria desta natureza é extremamente delicada e requer, como é óbvio, uma atenção muito especial. Nós, os Deputados da UCID, infelizmente, porque não fizemos parte da comissão paritária, não tivemos a oportunidade de ter conhecimento desta matéria.

12 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Mas, não nos opomos que a matéria seja discutida em regime de urgência, pois, é nossa opinião, que haverá tempo para se dissecar as questões que, do nosso ponto vista, poderão merecer algum debate aqui na Plenária. De forma que, estaríamos disponíveis para discutir em regime de urgência essa matéria porque queremos, sim, apesar de sermos constantemente colocados de lado, participar nessas discussões e contribuir para que o cabo-verdiano possa, de facto, dar a sua contribuição ao desenvolvimento democrático de Cabo Verde.

Sr. Presidente: - O Plenário já se pronunciou, creio que de uma forma não unânime. Passo a palavra à Sra. Ministra para o seu comentário final.

Sra. Ministra da Reforma do Estado e da Defesa Nacional: - Sr. Presidente, queria dizer que, efectivamente, o Governo está decepcionado porque o que fez foi trazer aqui ao Plenário algo que estava convencido que tinha sido concertado a nível da comissão paritária. Devo dizer que esta ideia de resolver a questão em sede do Código Eleitoral foi colocada pelo Governo. Havia propostas no sentido desta questão poder… porque está ligado ao recenseamento e foram Deputados do MPD a propor que fosse em sede da Lei de nacionalidade. De toda a maneira, aparentemente, há aqui uma evolução. Eventualmente não há concertações suficientes. Queria agradecer a posição do Deputado da UCID que, apesar de não ter participado nessas discussões, reafirmou a sua disponibilidade, mas terei apenas que abonar no mesmo sentido que o Líder Parlamentar da Maioria, que o Governo, apesar de decepcionado e considerar que, efectivamente, vai implicar um atraso na criação das condições para que todos os emigrantes possam mais rapidamente começar a inscrever-se, irá trazer em Abril ou pelo menos estar disponível para vir discutir algo que estamos convencidos que podia ser resolvido nesta Sessão por já ter sido suficientemente discutido na comissão paritária. Houve, efectivamente, debates tensos neste ponto e estas soluções, repito, foram até avançadas por Deputados dessa comissão. Esperemos que possamos todos resolver com responsabilidade, o mais rapidamente possível, a bem da emigração e dos cabo-verdianos que se querem inscrever no recenseamento. Respeitarei, nesse caso, com certeza, o que parece ser a ideia de se deixar para Abril e, neste caso, ficaremos a aguardar que seja agendado nessa altura.

Sr. Presidente: - Se entendi bem, o Governo também está de acordo em deixar a matéria para o mês de Abril. Os dois grupos parlamentares pronunciaram-se, afinal, nesse sentido e a UCID é que se pronunciou a favor da discussão em regime de urgência. Pergunto ao Plenário se deseja votar. Penso que não será necessário. O Governo retirou o pedido de urgência. Tendo retirado, não é preciso votar. Não há nada, não há objecto para votação, obviamente. Srs. Deputados, há um outro pedido do Governo que é em relação a proposta de resolução que elege os membros das comissões de recenseamento no estrangeiro. Entretanto, esta matéria já vinha fixada na agenda e a resolução decorre do próprio processo de votação, pelo que me parece que não é preciso suscitar-se a questão da urgência.

13 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Há alguma objecção? Não havendo, Srs. Deputados, temos mais um ponto que é o … Sr. Deputado Humberto Cardoso, deseja a palavra para que efeito?

[Não se ouviu a resposta do referido Deputado.]

Faça a favor.

Sr. Deputado Humberto Cardoso (MPD): - É o seguinte, é que estamos na discussão da Ordem do Dia.

Sr. Presidente: - Sim, estamos a discutir a Ordem do Dia. Há um outro ponto que é o ponto da designação de três membros do Conselho Superior de Defesa. Sr. Deputado Humberto Cardoso tem a palavra.

Sr. Deputado Humberto Cardoso (MPD): - Só um esclarecimento. Normalmente, que eu saiba, os membros do Conselho Superior de Defesa são eleitos por uma legislatura. Fomos eleitos, suponho que em Dezembro, e foi publicado em Janeiro de 2007, pelo Conselho Superior de Defesa, de maneira que não estou a perceber como é que… a última eleição tinha sido em 17 de Dezembro de 2001.

Sr. Presidente: - Não entendi, Sr. Deputado. Quem é foi eleito em Janeiro de 2007?

Sr. Deputado Humberto Cardoso (MPD): - Os membros do Conselho Superior de Defesa para esta legislatura. Foram eleitos por uma resolução de 30 de Novembro de 2006, publicado no Boletim Oficial de 2 de Janeiro de 2007. É uma questão nova. Normalmente o Conselho Superior de Defesa é para uma legislatura. Apesar de, nesta legislatura não se ter reunido uma única vez, mas é para uma legislatura.

Sr. Presidente: - Aqui há erro técnico, no sentido de que tínhamos ficado com a impressão de que, efectivamente, porque suscitou essa questão, que nesta legislatura não tinha havido eleição. Na verdade, mandou-se os serviços verificar os antecedentes, não apareceu esta resolução de 2007, que o Sr. Deputado disse.

Sr. Deputado Humberto Cardoso (MPD): - Está publicado no Boletim Oficial I Série, de 2 de Janeiro de 2007.

Sr. Presidente: - Então, por favor, o Sr. Deputado pode ler? Já agora.

Sr. Deputado Humberto Cardoso (MPD): - É uma Resolução nº 24/VII/2007. “São eleitos os Deputados: Armindo Cipriano Maurício, Humberto André Cardoso Duarte e José Maria Vaz de Pina para, nos termos do artigo 1.º do artigo 289.º do Regimento da Assembleia, integrarem o Conselho Superior da Defesa Nacional”. Aprovada em 30 de Novembro de 2006.

14 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Presidente: - Então, a Assembleia cumpriu a sua missão e os Srs. Deputados continuam em funções, embora o conselho não se tenha reunido até agora.

Sr. Deputado Humberto Cardoso (MPD): - Nem uma única vez.

Sr. Presidente: - É isso. O problema não é do Parlamento, mas a Mesa agradece ao Sr. Deputado pela chamada de atenção em devido tempo. Sra. Ministra da Defesa tem a palavra.

Sra. Ministra da Reforma do Estado e da Defesa Nacional: - Sr. Presidente, folga-se que, efectivamente, já exista a designação, mas, como o Ministério da Defesa também tem responsabilidades, nomeadamente no secretariar deste conselho, havia o convencimento a nível da presidência que não estava designado. Aí era óbice para a convocação. Esclarecida esta questão, penso que estão criadas as condições, neste caso, para que o órgão se reúna. Mas, era só para deixar isto claro, que houve aqui um erro técnico porque a informação que havia é que não tinham sido designados. Ainda bem que o Parlamento, afinal, tinha resolvido esta questão. Talvez não tenha sido comunicado, houve alguma dificuldade. Isso é só para dizer por que é que nunca se reuniu, mas tem estado até com assuntos pendentes. Ainda bem que esta questão está resolvida. Penso que a presidência irá actuar em conformidade.

Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vamos passar à votação. O Sr. Deputado Humberto Cardoso tem a palavra.

Sr. Deputado Humberto Cardoso (MPD): - É uma questão. À volta da Lei-quadro da Descentralização Administrativa, o Governo apresentou um novo texto que deu entrada no dia 18, sexta-feira. Na minha opinião, não é propriamente um novo texto. É uma nova lei porque, pelo menos, traz algo de substancialmente diferente ou mais profundo, na medida em que até com o primeiro texto só tínhamos como autarquias o que está na Constituição. A Constituição, no artigo 227.º, diz “as autarquias locais são os municípios, podendo a lei estabelecer outras categorias autarcas”. Desde a Constituição de 1992, funcionamos com as autarquias locais que são os municípios. No primeiro texto apresentado da proposta de lei era essa a assunção básica que se mantinha. Agora, vem esta lei, que supostamente é o novo texto da mesma lei, mas parece-me outra lei, com uma série de artigos, a começar pelo artigo 5.º, que fala de categorias de autarquias locais e cria as freguesias, os municípios e as regiões administrativas. Há dias, tivemos uma revisão constitucional e a Constituição sempre falou em termos de tribunais de relação, mas nunca se criou os tribunais de relação. Foi em sede de revisão constitucional, uma série de acordos e de ponderação, é que se chegou a conclusão que se podia criar os tribunais de relação. Temos as autarquias. Criar autarquias a nível infra-municipal, a Constituição prevê, a lei podia fazer isso, mas tem de haver uma discussão porque as freguesias são órgãos autárquicos, envolvem eleições. A mesma

15 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 coisa com as regiões administrativas. São órgãos autárquicos, são círculos eleitorais que são criados. Os órgãos integram-se uns nuns outros, se seguirmos… há membros das freguesias nas assembleias municipais. A mesma coisa se trata nas regiões administrativas. Quer dizer, há toda uma complexidade, há círculos eleitorais que se vão criar com todos os custos, uma outra dinâmica dentro do País. Isso não pode ser visto dentro de um texto de substituição que funciona numa assunção completamente diferente. Penso que isso exigiria e exige… ou podíamos ter conversado sobre isso em sede de revisão, como fizemos com os tribunais de relação, ou faz-se uma lei e dá-se tempo suficiente para se ponderar tudo isto. Não é porque o Sr. Primeiro-ministro (pelo menos é o que tiro do portal - governo.cv), vai aos bairros da capital e depois volta e o Conselho de Ministros na quinta-feira diz qualquer coisa, que é importante a autoridade a nível dos bairros, e no dia seguinte temos um texto de substituição a falar das freguesias. Não sei. Os senhores poderiam estar a pensar nisso há mais tempo, mas a sequência dos eventos é esta. O que se vê é precisamente isso: O Sr. Primeiro-Ministro vai aos bairros, há um problema de autoridade, vem ao Conselho de Ministros e cria-se as freguesias. E no dia seguinte, temos um texto de substituição a criar freguesias e regiões administrativas. Senhores, parece que essa não é a forma de legislar sobre uma matéria tão complexa e com tantas consequências. Penso que esta lei devia ser retirada e/ou avançar-se com uma lei em que se podia discutir, de facto, questões da criação das regiões administrativas dos órgãos e das freguesias.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado, não entendi se é contra a fixação na Ordem do Dia.

Sr. Deputado Humberto Cardoso (MPD): - Não, penso que mexe com o próprio Regimento porque normalmente há prazos. Quer dizer, sob a capa de um texto de substituição, traz-se, de facto, uma lei e o Regimento não permite que se discuta uma lei apresentada na sexta-feira, em que os Deputados tiveram acesso na sexta-feira. E não vem por urgência, vem é sob capa de substituição de uma lei que já foi apresentada. É nesse aspecto. Penso que aqui é claro que não se pode avançar com esta lei. Isso deve ser retirado da ordem do dia.

Sr. Presidente: - Srs. Deputados, está inscrito no ponto X, a proposta de lei que estabelece o quadro da descentralização administrativa. O Sr. Deputado Rui Semedo tem a palavra.

Sr. Deputado Rui Semedo (PAICV): - Considero, salvo o devido respeito, que não faz sentido esta posição do Deputado Humberto Cardoso. Primeiro, ele disse que deveríamos proceder a revisão da Constituição para dar seguimento a esta iniciativa. Isso não faz sentido porque já a Constituição prevê que pode haver vários níveis de autarquias, tanto as municipais, supra municipais e inframunicipais. Já é uma norma que está na Constituição há vários anos. O Sr. Deputado Humberto Cardoso conhece muito bem a Constituição da República e

16 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 sabe que não precisaríamos da revisão da Constituição para tratar e abordar essa questão. Segundo, com relação ao texto de substituição, tendo um texto base, a qualquer momento poderão ser avançadas propostas de alteração, mesmo no acto da discussão da iniciativa. O que se fez agora? O Governo, tendo trabalhado e evoluído no sentido da sua proposta, em vez de vir aqui apresenta-las na altura da discussão, quis ser leal com os outros sujeitos, avançando, à partida, as propostas que tem para fazer em sede da discussão da iniciativa que já deu entrada no Parlamento. Logo, não há nada anormal, nem fora do Regimento ou da Constituição. É tão natural como isso, porque essas propostas poderiam ser introduzidas no momento da discussão com base na iniciativa que já temos aqui na Casa Parlamentar há vários anos. A iniciativa entrou aqui em Fevereiro de 2008. Portanto, é natural que de Fevereiro 2008 a esta parte possamos reflectir, possamos ter novas soluções, novas propostas. O Governo já fez essa reflexão, até porque na sequência disso já foram feitos fóruns, encontros, reflexões sobre esta matéria e já foram absorvidas as propostas da sociedade civil que também caminha nesse sentido. É nesse sentido que aparecem as propostas contidas no novo texto, chamado texto de substituição, mas aqui de uma forma leal do Governo para com os outros sujeitos, no sentido de fornecer todas as informações e ir-se preparando para a discussão que se fará em sede do agendamento da iniciativa. Não vemos nada que não possa permitir essa discussão e o Sr. Deputado Humberto Cardoso apenas estava a brincar quando disse que o Sr. Primeiro-Ministro recolhe essas informações nos bares, nos bairros ou nos outros pontos. Tomo isso como uma brincadeira. Por sinal uma brincadeira de mau gosto, mas uma brincadeira tão-somente.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Humberto Cardoso tem a palavra.

Sr. Deputado Humberto Cardoso (MPD): - O Sr. Líder Parlamentar está a distorcer completamente os argumentos do adversário e isso é mau em termos de debate. Uma pessoa pode argumentar, apresentar uma posição diferente, mas não pode distorcer dessa forma os argumentos. Nunca disse que não se podia criar por lei, até sugeri que apresentassem uma lei para a criação dessas autarquias supramunicipais e inframunicipais. Por conseguinte, não desconheço o quê que a Constituição diz. É a mesma coisa que a Constituição diz em relação à questão dos tribunais de relação. Às vezes a complexidade de um avanço em termos institucionais, leva a muita ponderação, como aconteceu com a questão dos tribunais de relação que, ainda por cima, só daqui a três anos vão ser criados e assim por diante. De maneira que é uma distorção grave. A mesma distorção, que também é grave, é dizer que eu quase que estaria a insultar o Sr. Primeiro-Ministro. Não insultei o Sr. Primeiro-Ministro. Isso já é abusivo. Ao fim ao cabo, estamos a discutir uma questão Regimental – se materialmente é a mesma lei – e o Sr. Líder Parlamentar considera isso como sendo insultos para o Sr. Primeiro-ministro.

17 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Não! Factos são factos. O Sr. Primeiro-ministro foi aos bairros e constatou uma falta de autoridade. O Conselho de Ministros reuniu-se na quinta-feira e falou sobre esta questão da falta de autoridade e avançou com alguma posição, em termos das inframunicipais. No dia seguinte, entrou no Parlamento uma lei propondo a criação das inframunicipais. Isso é objectivo, não há aqui nenhum insulto. Pode haver outras interpretações. Há interpretações, mas não há insultos. Isso é ridículo da parte do Sr. Líder Parlamentar do PAICV. Mas, a questão que nos interessa aqui, é: trata-se da mesma lei? A Constituição diz, “as autarquias locais são os municípios”. Pode-se criar por lei inframunicipais e/ou supramunicipais. Naturalmente que será uma lei específica que vai criar isso. Será que a lei de descentralização é que é esta lei? A questão que se põe é que o Governo não tem liberdade completa. Apresenta uma lei, respeita os prazos na apresentação de uma lei e depois pode alterar completamente o material básico, fundamental da lei. Penso que não tem essa liberdade. Pode haver aqui um problema de interpretação, se esta alteração é importante ou não. Pode haver, naturalmente, mas essa é que é a questão. E se é, a minha posição é que é fundamentalmente diferente, então tem que respeitar os prazos que o próprio Regimento impõe.

Sr. Presidente: - Srs. Deputados, estamos a delatar muito o nosso período de discussão para a fixação da ordem do dia. Queria pedir-vos que fossemos absolutamente práticos. A proposta de ordem do dia que é apresentada aos Srs. Deputados é a proposta tal qual ela foi fixada em sede da Conferência de Representantes. Esta é que é a proposta que é apresentada aos Srs. Deputados, independentemente do debate que se possa fazer em torno dos textos de substituição. Mas, a proposta que é aqui apresentada é aquela que corresponde aos trâmites normais do Regimento e que foram obedecidos pela Conferência de Representantes. Sra. Ministra da Presidência tem a palavra.

Sra. Ministra da Presidência do Conselho de Ministros, Janira Almada: - Naturalmente, depois da intervenção do Sr. Deputado Humberto Cardoso, não posso deixar de reagir à afirmação que fez, por duas razões, Sr. Deputado: Primeiro, porque o Governo se detém na substância. O Governo quer resolver o problema nas freguesias de todas aquelas localidades e regiões, onde, efectivamente, possa haver alguma fragilização de autoridade. Mas, os Deputados do MPD estão preocupados é com a forma. Porque, como queremos resolver o problema, ultrapassámos a questão da forma, do prazo, mas ao MPD neste momento não interessa também resolver o problema. Portanto, vamos tentar puxar mais um mês e mais um mês depois é aprovado na generalidade, desce para a comissão especializada, atrasamos um pouco e chegamos a Julho sem ter os diplomas aprovados e, quiçá, sem ter a situação também resolvida. Quando o Sr. Deputado diz que o Sr. Primeiro-ministro foi aos bairros aos bairros na quinta-feira de manhã e, logo à tarde, é aprovada a proposta no Conselho de Ministros, Sr. Deputado, reconhecemos que vocês reconhecem que estamos com uma grande dinâmica. Agradeço o elogio.

18 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Aplausos de alguns Deputados do PAICV.

De facto, temos sido muito rápidos a resolver situações e tem havido alguma dificuldade da vossa parte em nos acompanhar, mas também não somos tão rápidos. É impossível o Primeiro-ministro ter visitado os bairros e sair dos bairros à uma hora, às duas horas termos o diploma para aprovarmos. Quer dizer, o Sr. Primeiro-ministro tem uma grande capacidade. Isso, o senhor reconhece, o Governo agradece. Mas, também devo-lhe dizer que as alterações do diploma já tinham sido trabalhadas. Gostaria de concluir dizendo, Sr. Deputado, que o Regimento, como disse o Sr. Líder Parlamentar do PAICV, aliás, com quem concordo, estipula que as propostas de alteração, no seu artigo 151.º, podem ser, inclusivamente, apresentadas em Plenária. Mas o Governo não quer isso. O Governo quer, efectivamente, que os Deputados participem de forma aprofundada na análise, na discussão, para a subsequente votação dos diplomas. Por isso, é que o Governo não apresentou as propostas de alteração em plena Sessão Plenária. O Governo poderia tê-lo feito, não o fez por opção, porque quis que o Sr. Deputado, por exemplo, tivesse a oportunidade de analisar, de reflectir. Mas devo manifestar também alguma estranheza por essa posição porque tenho ouvido há muito tempo que o MPD tem estado a reflectir muito sobre a descentralização. Portanto, era de esperar (para quem já está a reflectir há mais de dois, três anos) que, a esta altura á tivessem as vossas posições definidas. Se ainda vão ter que analisar essa proposta é porque não têm algumas posições definidas.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado Fernando Elísio Freire tem a palavra.

Sr. Deputado Fernando Elísio Freire (MPD): - A primeira questão que se coloca aqui é que, materialmente, entrou no Parlamento uma nova lei e pensamos que se devia ter mais respeito para com o Parlamento. O respeito aos Deputados exigia do Governo que não introduzisse no Parlamento, numa sexta-feira, uma lei que devia começar a ser discutida agora na segunda-feira. Isto demonstra o quê? Por um lado, que o Governo mete a lei porque acredita que o Parlamento é uma entidade acrítica, que não vai ler, que não vai ter opinião para dar sobre nada, portanto, metendo ou não metendo a lei, o posicionamento vai ser sempre igual. O respeito ao Parlamento não pode aprovar o discurso que acabámos de ouvir da Sra. Ministra, de que temos de aprovar mecanismos que são contrários ao Regimento para mostrarmos que temos ideias sobre uma matéria. Isto não pode ser, isto não pode continuar. O que o Governo tinha que fazer era fazer uma nova lei, como disse o Deputado Humberto Cardoso e muito bem, sobre os aspectos que considerasse importantes entrar na lei ou, então, parar e esperar o tempo necessário para discutir com o próprio Parlamento, porque têm que ser aprovadas no Parlamento, as alterações que queria colocar. Uma coisa é alterar uma vírgula, outra coisa é alterar os conceitos, os impactos e a forma da própria organização do Estado. Pensa que numa Sexta-

19 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 feira, as freguesias, as regiões, podem ser introduzidas no Parlamento para serem discutidas na segunda-feira. Penso que o Governo, nesta matéria, andou mal. O Parlamento, se aprovar isso, andará, com certeza, mal porque não é admissível o que o Governo acaba de fazer ao Parlamento. Ainda bem que o Sr. Presidente disse que considera para discussão aquilo que foi introduzido na Conferência de Representantes. Ainda bem que o Sr. Presidente da Assembleia disse isso, porque senão seria um atropelo ao normal funcionamento entre as instituições porque quem trata assim o Parlamento quer dizer que não o respeita, que considera que o Parlamento é entidade acrítica, que é subalterna do Governo e da agenda do Governo. Isso, o Grupo Parlamentar do MPD não entra. Porém, se outros sujeitos querem subalternizar o Parlamento, pensar que o Parlamento é uma entidade acrítica, que não deve ser respeitada, que pode- se fazer tudo porque aqui no Parlamento se vai aprovar todas as coisas, passo essa responsabilidade a quem quiser fazer isso. Ainda bem que o Sr. Presidente da Assembleia já disse que considera que a lei é a lei que entrou para a discussão e que foi aprovada na Conferência de Representantes.

Sr. Presidente: - A Sra. Ministra Sara Lopes tem a palavra.

Sra. Ministra da Descentralização, Habitação e Ordenamento do Território, Sara Lopes: - Gostaria de poder aqui refutar algumas das questões colocadas por alguns Deputados do Grupo Parlamentar do MPD relativamente a esta iniciativa, dizendo o seguinte: os Srs. Deputados sabem que desde Fevereiro de 2008 deu entrada na Assembleia Nacional a lei-quadro da descentralização administrativa e também o Estatuto Administrativo Especial da Cidade da . Sabem também que, há vários anos, para além dessas legislativas tem - se estado a discutir, em vários pontos País, com vários actores, não a só a lei- quadro, mas também a proposta para o novo Estatuto dos Municípios de Cabo Verde. Têm sido discussões intensas, desconcentradas, Nos últimos anos, sobretudo, durante o ano 2009, retomámos os encontros para se discutir as propostas do Governo para o Estatuto dos Municípios. Fizemos vários encontros, em vários pontos do País, para além de fóruns, seminários, ateliers, encontros mais alargados e encontros restritos. Em todos os encontros, discutiu-se sempre a proposta de lei-quadro da descentralização, até como chapéu para se avançar para a discussão relativa ao Estatuto dos Municípios. Em todos os encontros, repito. Inclusive, elaborámos documentos que foram distribuídos sempre aos participantes, em que se iniciava sempre uma discussão das propostas da lei-quadro para avançarmos, então, para o Estatuto dos Municípios. Na sequência desses encontros, obviamente, que retirámos lições, recomendações, contribuições. Em vários encontros, foi suscitada a necessidade da criação das autarquias inframunicipais e supramunicipais. Fomos trabalhando e melhorando. Neste momento, a proposta de Estatuto dos Municípios, que já está pronta para ser entregue no Parlamento, também sofreu bastante evolução relativamente à proposta discutida até 2005, na sequência desses encontros para contribuições, obviamente, também a própria lei-quadro acabou por sofrer alguma evolução.

20 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

É completamente falsa essa ideia de que terá resultado de visitas do Sr. Primeiro-Ministro ao bairro. Sr. Deputado Humberto Cardoso sabe muito bem que trabalhar essas matérias exige tempo e sabe que só está a dizer isso porque não consegue encontrar um outro argumento mais razoável neste momento e também numa perspectiva de desvalorizar. Penso que, entre actores parlamentares, esse não é o melhor caminho. A lei-quadro está no Parlamento há muito tempo. Entretanto, tem-se ouvido lá fora, fora do Parlamento sempre, várias acusações ao Governo de que a lei era muito restritiva. Tem-se ouvido vários pronunciamentos de actores políticos da ala do MPD, dizendo que a lei era muito restritiva. Não fazemos orelhas moucas àquilo que a Oposição diz, também levamos em conta, também analisamos, também apreciamos, por isso, abrimos mais discussões. Se não participam nessas discussões é porque não querem, mas essas discussões são sempre abertas. E fomos evoluindo, efectivamente. Portanto, essa proposta está a ser trabalhada há bastante tempo. Havia, sim, o princípio de que poderiam ser introduzidas durante a discussão no Parlamento. Fomos evoluindo também nesta perspectiva, considerando que, ao invés de durante a discussão aqui se introduzir essas novas propostas, se poderia, perfeitamente, avançar, para conhecimento dos Deputados e para melhor organização dos trabalhos do Parlamento, um texto que já trazia essas novas propostas. Devo aqui desdramatizar, dizendo que temos fundamentalmente dois novos artigos que obrigam, então, a introdução de pequenos ajustamentos num conjunto de outros artigos. Portanto, trata-se do artigo 5º e de alguns números do artigo 6º. De resto, o artigo 39º e 40º e um conjunto de outros artigos fazem exactamente o ajustamento ao facto de se ter alargado para três as categorias de municípios. Também não é verdade a alegação do Sr. Deputado Humberto Cardoso de que seria necessário rever a Constituição. Basicamente foi isso que quis dizer, que no caso dos tribunais de relação foi no quadro da revisão constitucional. Por acaso, foi assim, mas havia a possibilidade de ter sido diferente porque a Constituição diz claramente que “as autarquias são os municípios, podendo a lei estabelecer outras categorias”. É exactamente isso que se está a fazer aqui. Está-se a estabelecer e a remeter para a lei da Assembleia Nacional a criação em concreto seja das autarquias supramunicipais – as regiões administrativas, seja das autarquias inframunicipais – as freguesias. Será sempre, no âmbito de uma lei própria, na Assembleia Nacional. A questão da discussão com os Deputados, - Srs. Deputados, esta é uma das formas de se despoletar uma discussão com os Deputados. O Governo traz propostas à Assembleia Nacional para quê? Para se poder discutir com os Srs. Deputados, para se discutir na generalidade, para discutir na especialidade. Em regra, esse tipo de diploma fica três meses em discussão na Assembleia Nacional e é isso, exactamente, que o Governo está a propor fazer: trazer essas propostas, como mandou em 2008 a proposta de lei-quadro, para se discutir no Parlamento. O Governo não está a impor nada, o governo apresenta à Assembleia, aos Srs. Deputados, propostas para a discussão, apreciação, enriquecimento, aprovação ou rejeição, como a Assembleia Nacional entender. Esta é a posição do Governo.

21 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Não se esqueçam de toda a discussão que se fez em torno da lei-quadro da cooperação internacional descentralizada. Esperava poder contar com grandes contributos dos Srs. Deputados do Grupo Parlamentar do MPD na comissão especializada, entretanto, não pudemos contar com a presença de um Deputado para contribuir. Às vezes, durante essas discussões na generalidade, fica a ideia que essas matérias são muito importantes para os Srs. Deputados, quando se vai à especialidade nem sequer comparecem para as enriquecer. Adiámos, várias vezes, a discussão do diploma para acolher inclusive o parecer da Assembleia Nacional dos Municípios. Depois de perdermos oito/nove meses, veio-se a receber um parecer em que afinal a iniciativa é boa, ela já era necessária e com pequenas contribuições de melhoria do texto, que agradecemos, efectivamente. Gostaria que o Parlamento aproveitasse essa oportunidade para discutirmos essas matérias porque essas matérias não serão resolvidas na comunicação social. Podemos fazer todo o tipo de barulho em torno da criação de regiões administrativas, em torno do aprofundamento da descentralização, mas na comunicação social não se toma decisões. Aqui é se toma decisões, em torno de propostas concretas, abertas a melhorias e a aprofundamento.

Sr. Presidente: - Tenho mais três inscritos. No final da intervenção do próximo orador, ficam encerradas as inscrições para a Ordem do Dia. Sr. Deputado Humberto Cardoso tem a palavra.

Sr. Deputado Humberto Cardoso (MPD): - Penso que devíamos distinguir muito bem o que o Governo faz em termos de chegar ao processo de definição de políticas e decisões em termos políticos, o que faz em termos de workshop, que fala com a administração, que fala com as pessoas…Pode fazer isso. Isso é completamente separado do processo de feitura das leis, que é um outro processo, com procedimentos completamente diferentes. Vamos ter que separar. O Governo não tem que trazer para aqui o que andou a fazer em workshops e conversar com os funcionários, com a administração ou com outras pessoas. Isso não tem nada a ver com esse processo de chegarmos às leis porque depois das políticas é que vem a lei e depois a lei segue os procedimentos normais. Esse é que o processo. Os senhores definem as políticas, fazem as leis na sequência da definição das políticas. Trouxeram esta lei em Fevereiro de 2008 e agora no dia 18 de Março de 2010 trazem uma alteração fundamental. Há alguma coisa de estranho. Quer dizer, em todos esses anos o Governo esteve a pensar a volta da questão das autarquias supramunicipais e inframunicipais? O que sabemos das supramunicipais é, na sequência do congresso, o Sr. Primeiro-ministro, em termos de postura de campanha, falou em regiões administrativas. Isso já é campanha eleitoral. É isso que ouvimos, das regiões administrativas. Agora, das inframunicipais, ouvimos depois da visita aos bairros. A Sra. Ministra da Presidência diz que estamos a tentar aguentar as coisas para não acontecerem porque falamos que há problemas, mas não ajudamos a resolver, não, não. A democracia é procedimental. Para haver democracia, temos que respeitar os procedimentos da democracia. Esse

22 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 formalismo que está no Regimento é precisamente para que a democracia seja feita e chegue ao interesse público. De maneira que não se pode aqui acusar as pessoas, “vocês não querem resolver os problemas”, fugindo aos procedimentos que o sistema democrático exige. Não se pode fazer esse tipo de acusação. Quer dizer, não é de cultura democrática. Vê-se claramente que se enquadra porque todos já sabemos, precisamente agora depois da reunião de ontem do Conselho Nacional do PAICV, que os senhores já não estão a governar, estão em campanha. Então, tudo o que parece essa dinâmica em termos de leis nesta Sessão é campanha, já não é Governo. Já é estrutura de campanha. De maneira que, vamos pôr as coisas nos devidos lugares, vamos ter calma com as coisas e ver. Isso em termos de Regimento, trata-se de uma nova lei e lembra-se da alínea j) do artigo 175.º que fala da criação, multiplicação e extinção das autarquias locais, que é uma lei da Assembleia que define as regiões administrativas. Claro que se pode fazer uma lei-quadro, mas a alínea j) do 175.º é votada por uma maioria de dois terços. A lei-quadro que deve definir, para que a Assembleia em sintonia com a lei-quadro…Naturalmente que o Governo deve perceber que tem de chegar a um determinado nível de entendimento com a Oposição para que as coisas funcionem, para não ficar só em termos de eleitoralismo, só de propaganda eleitoral para que as coisas realmente aconteçam. Isso, se o Governo estiver realmente interessado em legislar para acontecer e não a legislar para fazer figura, para campanha eleitoral. Esta é que é a questão que temos que ficar esclarecidos nesta Assembleia.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado Rui Semedo tem a palavra.

Sr. Deputado Rui Semedo (PAICV): - Estamos a verificar aqui uma tentativa, não sei se legítima ou ilegítima, de condicionar a governação e dizer que tudo a partir de agora é campanha, que o Governo, se calhar, deverá suspender o mandato para esperar as próximas eleições em 2011. É claro que o MPD gostaria que fosse assim. Gostaria que o Governo não governasse, a Maioria não tomasse as medidas para depois dizer: “não, o Governo não está a governar, não está a fazer nada”. E tem essas questões contraditórias. Às vezes diz que o Governo não está a fazer, às vezes diz que o Governo está a fazer demais. Portanto, convenhamos que é também um discurso de campanha. Este discurso, sim, é um discurso de campanha. Estou a ver que o Deputado Humberto Cardoso já tomou o seu banho de campanha. O Sr. Deputado Humberto Cardoso disse ainda que ora as questões são tratadas nos bairros, ora são tratadas nos congressos. Quer dizer, a decisão foi tomada a nível do congresso ou foi anunciada a nível do congresso, o congresso, se calhar, não tem legitimidade, enquanto órgão máximo do partido, para se pronunciar sobre essas coisas. Depois diz que outras questões são tratadas nos bairros, etc. Quem governa ouvindo o cidadão, está a governar bem. É nesta linha que todos deveriam governar, ouvindo os cidadãos, porque os cidadãos têm também contribuição a dar sobre as propostas que fazemos. Mas, com relação a esta matéria, nem sequer ela é uma matéria nova. Há estudos feitos por juristas que pertencem a Oposição, que pertencem a Situação, que indicam

23 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 este caminho de chegarmos a autarquias supra e inframunicipais. Portanto, este discurso também é um discurso de conveniência. Quando se diz que o Parlamento é acrítico ou pelo menos se insinua que uma parte do Parlamento é acrítica, isso não faz sentido porque estamos a introduzir uma questão que implicaria trazer leis para o Parlamento e essas iniciativas não seriam alteradas em nenhuma virgula porque senão estaríamos a ter uma nova iniciativa. A prática desta Casa não é assim. Trazemos iniciativas e fica o campo aberto, inclusive à Oposição, para apresentar propostas novas. As propostas poderão alterar totalmente a iniciativa na sua forma, desde que não altere o objecto. Neste caso, não foi mexido no objecto. É por isso que o Sr. Presidente tem razão quando diz que a iniciativa que estamos a discutir é a iniciativa que entrou em Fevereiro de 2008 porque não se mexeu uma única virgula no objecto desta iniciativa. Não se mexeu, o objecto é a descentralização administrativa que se está a fazer. Portanto, a descentralização administrativa mantêm-se e pode-se trabalhar na questão da forma da descentralização, dos mecanismos da descentralização, inclusive a Oposição poderia avançar essas propostas. O Sr. Deputado Humberto Cardoso disse que a lei está aqui desde 2008, e não se fez nada. Noutros parlamentos, dando entrada uma iniciativa desta envergadura há dois anos, a Oposição já teria uma proposta alternativa de iniciativa para ser discutida. Noutros parlamentos é assim que acontece. O MPD optou pelo silêncio, mas o MPD não quer que as coisas avancem e está nesta manobra de diversão para impedir que a iniciativa seja discutida nesta Sessão. Portanto, não está preocupado com a resolução dos problemas e não está, se calhar, preparada para a discussão e quer que a questão, mais uma vez, seja adiada. Mas, não vale a pena trazer aqui o Regimento porque este cobre esta possibilidade. Mantêm-se a iniciativa que deu entrada no Parlamento, que é a Lei da Descentralização administrativa, e várias propostas poderão surgir ao longo do debate e espero propostas também do Movimento para Democracia. É esta a prática parlamentar porque as iniciativas trazidas ao Parlamento não são nunca fechadas, mas são iniciativas abertas para absorver propostas dos Parlamentares (tanto dos Deputados individualmente, como dos grupos parlamentares) para enriquecer a iniciativa, tanto na generalidade, como em sede da comissão especializada. Portanto, vejo este posicionamento da Oposição, do MPD, como manobra de diversão e o Sr. Deputado Humberto Cardoso confessou aqui o quê que vai no íntimo da sua alma. Ele está a pensar em campanhas, está a fazer campanhas e pensa que todo mundo está a fazer campanhas e que todas as iniciativas se inserem em campanhas. Mas, Sr. Deputado, faça a sua campanha porque tem toda a liberdade para faze-la. Considero que está a faze-la muito cedo e poderá cansar-se antes de chegarmos a meta, mas deixe que os outros trabalhem.

Aplausos da Bancada do PAICV.

Sr. Presidente: - Sra. Ministra da Presidência do Conselho de Ministros tem a palavra.

24 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sra. Ministra da Presidência do Conselho de Ministros: - Mais uma vez, Sr. Deputado Humberto Cardoso, ouvi-o com atenção e ouvi também a sua acusação ao Governo de estar em plena campanha eleitoral. Sr. Deputado, aqui não sei se conseguiremos chegar a um entendimento porque daquilo que pude depreender da sua intervenção e das reacções da sua bancada o MPD espera que o Governo pare, deixe de trabalhar e que o Sr. Primeiro-ministro fique dentro do gabinete para não ser acusado de campanha. A nossa dificuldade de termos o entendimento é porque o Sr. Primeiro- ministro vai continuar a sair para todos os bairros, vai continuar a ir a todos os cutelos, a todas as ladeiras, a todas as ilhas; vamos continuar a fazer estradas; vamos continuar a inaugurar obras; vamos abrir frentes de desenvolvimento social; vamos reforçar os centros de juventude; vamos aumentar as pensões sociais… Portanto, a caminhada ainda é longa e não vamos parar. Há pouco, o senhor disse que o Sr. Primeiro-ministro foi aos bairros de manhã, à tarde anunciou medida, logo no Conselho de Ministros. Não foi o caso, mas prepare-se porque é capaz de chegarmos a esse ponto. Porque como estamos a trabalhar com rapidez, penso que o Grupo Parlamentar do MPD também tem que se preparar. Tenho essa convicção porque estive até a comentar com o meu colega, o Sr. Ministro da Administração Interna, que eu várias vezes, nesta Casa Parlamentar, já ouvi alegações dos Srs. Deputados e de alguns Deputados do MPD dizendo que esta proposta não é boa, esta lei é fraca, esta lei é inadequada, não se adapta à realidade nacional. Gostaria que todos os cabo-verdianos que me estiverem a ouvir neste momento pesquisassem para saber quantos projectos de lei o MPD já trouxe a esta Casa Parlamentar. Vocês têm ideias mas não apresentam isso em proposta ou projecto de lei e isso é o problema. E quando trazemos para discussão, como aconteceu com o pacote da justiça, as propostas não são boas. Onde estão as contrapropostas? Ninguém as vê, ninguém as conhece, ninguém sabe delas. Elas existem, abstractamente. Portanto, aqui também exorto o Sr. Deputado e os demais Deputados do MPD a legislarem mais. O senhor já explicou todo o processo de socialização, legiteração o seu entendimento é muito amplo sobre a questão. É cabível, é conveniente. O Governo agradeceria também que vocês fizessem uso do poder que a Constituição vos dá e que o conhecimento reitera de apresentar projectos de lei e também legislar mais como grupo parlamentar. O Governo, de sua parte, continuará. Portanto, aqui a solução será ou tentarem acompanhar o Governo (o que também não é fácil, vamos convir) ou então começarem também a legislar para tentarem apanhar o comboio.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Andrade. É o último inscrito.

Sr. Deputado José Manuel Andrade (PAICV): - Julgo que esta matéria já está amplamente debatida mas há algumas questões que têm de ficar suficientemente claras e por não estarem claras terão motivado, certamente, nalgum aspecto daquilo que ouvi, toda esta discussão.

25 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

De toda a forma, a matéria sobre a lei-quadro da descentralização já vem, há algum tempo, sendo discutida. Podemos remontar à plataforma eleitoral do PAICV para 2001. Houve discussão sobre a matéria durante a governação na primeira legislatura deste Governo sobre esta matéria e estava também no programa do Governo da legislatura anterior – voltou a constar novamente do Programa do Governo da Legislatura presente. Começou-se a trabalhar esta matéria da descentralização administrativa já na legislatura anterior. Houve alguma discussão na altura, ainda que interna. Posteriormente houve várias discussões públicas durante esta Legislatura. Recordo-me certamente de uma discussão havida sobre um colóquio internacional relativa à descentralização e desconcentração administrativa em que esta matéria foi amplamente debatida por vários especialistas, técnicos e funcionários, dirigentes e membros do Governo, dirigentes da Oposição, também. Aí, discutiu-se de uma forma aberta e científica sobre a matéria, analisando a realidade nacional e as opções políticas possíveis para lá das outras discussões havidas no âmbito dessas propostas que foram referidas aqui pela Sra. Ministra da Descentralização. De modo que a matéria não é nova e está em discussão na sociedade cabo-verdiana. Portanto, o argumento da questão não estar a ser discutida amplamente não colhe. Outra questão que foi discutida aqui que terá, eventualmente, induzido em algum erro é de que esta proposta de lei não está, ao contrário do que foi dito aqui, a propor a criação, a modificação ou a extinção de nenhum município. De modo que não estamos na alínea j) do artigo 175º da Constituição. Isso para que fique claro, para evitar confusões. Esta matéria está, sim, a ser discutida e enquadra-se no quadro das bases da organização e funcionamento das autarquias locais e isso sim está no artigo 176º da Constituição, n.º 1, alínea e) e versa sobre algumas outras matérias relativas às atribuições e competências. Aí, estamos em sede de maioria absoluta em termos se é da aprovação por maioria absoluta e não por maioria qualificada de dois terços. Portanto, para evitar confusões, que fique suficientemente claro, vamos discutir abertamente. Todos sabemos que o MPD tem muitas ideias sobre a regionalização e aqui tem uma oportunidade ímpar de participar activamente, avançando com as boas propostas que tem.

Risos da Bancada do MPD.

Sei que vão colaborar e esperamos que isso venha a acontecer, Srs. Deputados do MPD. Portanto, a esta proposta esperamos que vocês votem favoravelmente, oferecendo ao País e ao Parlamento as boas propostas que têm.

Aplausos da Bancada do PAICV.

Sr. Presidente: - Vamos passar à votação da Proposta de Ordem de Dia tal qual ela foi apresentada aos Srs. Deputados. Quem vota a favor? Quem vota contra? Quem se abstém?

26 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

A proposta de Ordem do Dia foi aprovada com os votos favoráveis de 39 Deputados do PAICV, os votos contra de 17 Deputados do MPD e os votos de abstenção dos Deputados da UCID. Anuncio o Período de Antes da Ordem do Dia. Srs. Deputados, o Período de Antes da Ordem do Dia, como sabem, tem a duração de uma hora e quando houver declarações políticas há uma excepção que se diz que este período será prorrogado por 30 minutos. Portanto, o nosso período será de uma hora e meia. Acontece que temos três pedidos de declaração política. Os pedidos de declaração política têm os seguintes números de entrada: da UCID, processo n.º 2/88/10/50/02; do Movimento Para a Democracia, processo n.º 289/10/10/02 e do Partido Africano da Independência de Cabo Verde 294/10/10/03, tendo o projecto da UCID e o do MPD dado entrada no dia 19 e o do PAICV no dia 22. Portanto, vamos pela ordem de entrada. Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado António Monteiro.

Sr. Deputado António Monteiro (UCID): -

Sr. Presidente da Assembleia, Sras. e Srs. Membros do Governo, Sras. e Srs. Deputados:

Estamos aqui para falar-vos um pouco dos nossos patrícios cabo- verdianos que vivem em Portugal. Queremos falar daqueles que, por infelicidade da vida, tiveram ou estão ou têm (o que quisermos dizer), a saúde em causa. E não vamos querer aqui falar concretamente da saúde porque não somos especialistas na área e não temos também essa pretensão. O que queremos aqui trazer é a forma que muitos dos nossos cidadãos cabo-verdianos evacuados para Portugal para tratamento médico estão a viver neste momento. O Estado de Cabo Verde tem desenvolvido um trabalho para que, de facto, a saúde dos nossos cidadãos esteja mais perto dos mesmos. Acontece que, dado a situação que muitos dos cabo-verdianos evacuados para Portugal têm neste momento e da visita que tive a oportunidade de fazer a Portugal, não podia e não posso deixar passar em claro esta situação e por isso venho alertar ao Estado de Cabo Verde, na pessoa do Governo para analisar a situação que os nossos doentes estão a viver. Os nossos doentes têm neste momento 65 euros mensais. Outros muito menos do que isso. E nós não conseguimos entender como é que um doente com 65 euros mensais consegue ter uma alimentação saudável que o possa ajudar na recuperação da sua saúde? E doentes que se deslocam daqui para Portugal com 12 euros, aqueles que vão através do sistema social, ou 13 euros e alguns cêntimos, aqueles que vão através do INPS e assumirem os custos, quer do alojamento que é pago cerca de 7 euros/dia, quer os passes de transportes público, pensamos que eles não têm condições para terem uma vida condigna em Portugal como evacuados devido à doença. De forma que, queremos pedir ao Estado de Cabo Verde, na pessoa do Governo, que crie as condições, que actualize estas pensões de forma a

27 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 darmos um pouco de dignidade à nossa gente que vai com problemas de saúde a Portugal. E o pior é vermos a situação que estas mesmas pessoas estão hospedadas. A situação exige, por parte do Governo, por parte do Estado de Cabo Verde, uma atenção muito especial. Tivemos a oportunidade de procurar informações junto da nossa embaixada e deram-nos alguma esperança, pelo menos no que diz respeito à melhoria de condições de alojamento dos nossos compatriotas que tiveram esta infelicidade. Mas já no que diz respeito ao subsídio, não há essa informação positiva. De forma que é importante que se veja, através da cooperação, a possibilidade de darmos um apoio a estes cidadãos. Há um outro problema que entendemos ser também grave. Tivemos a oportunidade de conversar com alguns evacuados que estão neste momento ainda em tratamento, mas que, segundo os próprios, a embaixada, através de alguns médicos que se deslocaram a Portugal, deu-lhes alta. Não conseguimos até agora entender esta situação. Como é possível, que doentes com problemas e ainda em tratamento tenham alta porque os nossos médicos, segundo as informações que temos, deram-lhes alta em Portugal? De forma que, há situações graves para as quais queremos, mais uma vez, solicitar a atenção do Estado de Cabo Verde. Não poderia deixar passar em branco a oportunidade de, nesta declaração também chamar a atenção do Governo para junto da comunidade internacional e junto do Governo português analisar uma situação que consideramos também anormal, de cabo-verdianos a residirem em Lisboa, na zona da Costa da Caparica, numa situação muito degradante. São pessoas, são nossos irmãos e merecem ter uma vida condigna. Alertamos para esta situação e pedimos encarecidamente o apoio do Estado de Cabo Verde na pessoa do Governo para que os nossos concidadãos tenham a mínima dignidade possível em terras alheias.

Sr. Presidente: - Nos termos do Regimento, logo a seguir, se houver algum Deputado ou Grupo Parlamentar que quiser dar esclarecimentos, ou solicitar, pode fazê-lo. Após a produção da declaração política é aberta um período de pedidos de esclarecimentos com a duração de 20 minutos, repartidos proporcionalmente pelos Grupos Parlamentares ou partidos com assento no Parlamento. Não havendo nenhum, vamos passar à segunda declaração política. Tem a palavra o representante do Movimento para a Democracia, Sr. Deputado Fernando Elísio.

Sr. Deputado Fernando Elísio Freire (MPD): -

Sr. Presidente da Assembleia Nacional, Sras. e Srs. Deputados, Sras. e Srs. Membros do Governo:

No cumprimento do seu papel de fiscalizador da acção governativa e na sequência da visita efectuada às ilhas do Fogo e da Brava, vem o Grupo

28 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Parlamentar do MPD, mais uma vez alertar o País para a difícil situação económica e social e o estado da democracia que vivem essas duas ilhas. Mais grave que o desemprego, as dificuldades de transporte, a falta de uma política económica que propicie a essas ilhas a libertação da sua energia positiva, a falta de esperança e de auto-estima é o clima de medo que se apoderou dessas ilhas, principalmente da população da ilha do Fogo. Chamamos a atenção do País em nome daqueles que, no dia a dia, sofrem na pele os efeitos de um clima de medo sem precedentes no Cabo Verde democrático e de uma estratégia de exercício do poder inaceitável num regime democrático. Nem mesmo no tempo da administração colonial se assistiu ao cenário de intimidação e de perseguição em relação aos cidadãos que, de forma espontânea, escolheram identificar-se com outras forças políticas. Vinte anos após a instauração da democracia no País, a ilha do Fogo continua ainda à espera dos ventos da mudança do regime. A intimidação sistemática por parte das autoridades aos humildes cidadãos por motivos políticos está a ganhar contornos cada vez mais inaceitáveis. O objectivo dessa estratégia de exercício do poder é claro - Intimidar as pessoas, criar um clima generalizado de que se não apoiar a situação vigente é humilhada e perseguida para que sirva de exemplo e que outros não apoiem formas alternativas de exercício do poder. Quem ousar pôr em causa as decisões do poder instituído já sabe qual é a consequência. Como em toda a estratégia, existem mentores e executores. Fica claro que, pela história recente do exercício do poder na ilha, existe um comando muito bem identificado: políticos, afectos ao partido da situação com responsabilidades a nível local e de importantes instituições da República, que não se coíbem de utilizar de forma abusiva os recursos do Estado de Cabo Verde em nome da manutenção do poder pessoal e do partido. Se é verdade que existem elementos da corporação policial que revelam profissionalismo e defesa da ordem pública e de serviço à comunidade, não é menos verdade que alguma autoridade policial na ilha tem sido ao longo dos anos um instrumento ao serviço da estratégia política e eleitoral do PAICV. Quem vive a realidade social na ilha do vulcão sente esse clima de medo e percebe que existe um exercício excessivo da autoridade policial. Há efectivamente, desproporcionalidade na acção da polícia, que trata de forma desigual, cidadãos que esperariam ter uma autoridade que lhes pudesse garantir segurança a todo o momento. Autoridades que decidem de acordo com a vontade de políticos e não respeitando a Lei. Coisas assim eram vistas apenas no tempo dos “cabo-chefes”. O país precisa saber o que realmente se passa no Fogo. Não podemos continuar a tolerar a forma como o poder é exercido na ilha, contrariando todo o quadro constitucional, próprio de um Estado de Direito Democrático, onde toda a actuação das autoridades deve basear-se no primado da Lei. A legitimação de determinados comportamentos desviantes da polícia pela classe política pode, a prazo, provocar sentimentos junto da população, perniciosos para a necessária paz social que queremos para o nosso País. Precisamos sim, de uma polícia competente (com boa formação e meios eficazes) e respeitada pelas comunidades locais, que são a sua verdadeira razão de ser. A comunidade deve ser a principal parceira da polícia na nobre missão de garantir a ordem e a segurança de pessoas e bens. É essa polícia

29 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 respeitada por todos que o MPD sempre apoiará, criando todas as condições que contribuam para a sua dignificação profissional e social. Nos últimos anos, com enorme coragem, alguns cidadãos têm denunciado publicamente e na Justiça os abusos de determinadas autoridades. Infelizmente para o País anunciam-se inquéritos que ninguém sabe quais são os resultados. Ciente das nossas responsabilidades no sistema político cabo-verdiano, continuaremos a acompanhar, denunciar e estar ao lado da população, libertando-a do medo, que se assume como um dos grandes inimigos da instalação da democracia na ilha e do seu processo de desenvolvimento. Uma ilha com as potencialidades do Fogo precisa libertar-se para poder tirar partido de todas as suas capacidades, no país e na sua grande diáspora. Para o MPD, a questão do atraso do Fogo é uma questão nacional, que deve mobilizar toda a classe política. A ilha precisa entrar na rota da democracia e do aproveitamento das oportunidades que se oferecem ao País. A esperança dos cabo-verdianos deve ser a esperança dos foguenses. A economia da ilha do Fogo só pode ter sucesso se tiver homens e mulheres sem medo do contraditório, se tiver uma sociedade que assuma a diversidade como o motor do desenvolvimento. O desenvolvimento não será possível quando é o próprio Estado, via suas instituições que sufoca a sociedade civil, que rapta o direito à opinião e cria um clima de medo generalizado na população. O medo tem de acabar na ilha do Fogo, porque a ilha tem um destino marcado com a democracia e a liberdade. Desistir de lutar é dar razão àqueles que querem continuar a ser os “cabo-chefes” da ilha, como as risadas que vêm da Bancada do PAICV. Iremos continuar a acompanhar atentamente a situação e não hesitaremos em utilizar todos os instrumentos do Regimento da Assembleia Nacional à nossa disposição para a defesa da população do fogo e dos cabo- verdianos.

Aplausos da Bancada do MPD.

Sr. Presidente: - Não tenho nenhum inscrito. Vamos passar à próxima declaração. Tem a palavra o Sr. Deputado Rui Semedo, do PAICV.

Sr. Deputado Rui Semedo (PAICV): -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Membros do Governo, Colegas Deputadas e Deputados:

A edificação de um poder local autêntico, livre e democrático constitui uma das grandes conquistas do povo cabo-verdiano no desenho e na edificação das instituições de exercício de poder. Este ganho deve-se ao facto de os cabo-verdianos sempre terem dado a devida importância à questão da aproximação do poder às populações e à uma relação intensa entre os eleitos e os eleitores. Chegamos ao ponto de irreversibilidade na caminhada rumo à consolidação do Poder Local, não obstante os caminhos algumas vezes

30 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 espinhosos, com alguns dissabores pelo meio, com resistências e picardias, mas sempre com a mesma determinação no sentido de dar ao povo um instrumento importante para a construção do seu bem estar e a melhoria da qualidade de vida. Quem não se lembra da bravura das poucas Câmaras ganhas pelo PAICV na década de noventa quando ainda era difícil ser-se diferente, ter voz própria e ler pela pauta diferente daqueles que se julgavam, tal como o MPD, donos da verdade absoluta e incontestável? Quem não se lembra da penúria de falta de recursos, dos atrasos sucessivos na sua remessa e na manipulação descarada na sua distribuição? Felizmente os tempos mudaram e ficaram bem distantes esses discursos e aquelas práticas. Hoje inaugurou-se uma nova prática baseada no respeito, primeiro pelas preferências e escolhas dos cidadãos, depois por este nível do poder que é complementar e voltado para a procura do bem comum e a promoção do bem estar dos munícipes. Os municípios têm mais visibilidade, tem melhor desempenho e, sobretudo, tem mais meios técnicos e financeiros para cumprir o seu papel. É evidente que todos têm contribuído para este sucesso mas é também digno reconhecer o esforço desta Maioria do PAICV para a consolidação do poder local. Esta Maioria, quando na Oposição, lutou para se dotar o País de uma nova lei de finanças locais e sempre considerou insuficiente a taxa de 7% que recaía sobre as receitas arrecadadas pelo Estado e que eram transferidas às câmaras municipais e ao mesmo tempo mesmo reivindicava que a mesma deveria recair sobre os impostos directos e indirectos. Por isso mesmo teve a iniciativa de propor uma nova Lei de Finanças Locais aprovada nesta Casa Parlamentar em 2005 onde se destaca o aumento de 7% para 10% sobre o total dos impostos directos e indirectos para transferir aos municípios que passaram a ter mais recursos financeiros para dar respostas às necessidades das populações. No mesmo ano foram aprovadas as bases do enquadramento do orçamento municipal sempre na linha de garantir um maior rigor & transparência na gestão da coisa pública. A alteração da Lei de Finanças Locais teve implicações imediatas no aumento de receitas para os municípios e abriu o caminho para um aumento exponencial do fundo de financiamento municipal que substituiu o fundo do equilíbrio financeiro. Se em 2000 as Câmaras recebiam das remessas do governo um total de cerca de 671 mil contos por ano, em 2010 este montante aumentou para mais de 2 milhões e 800 mil contos - um aumento de mais de quatro vezes. Só para dar alguns exemplos mais relevantes indicaríamos os casos de Ribeira Grande de Santo Antão que, de 30 mil contos passou a receber mais de 51 mil contos por ano; Porto Novo, de 37 mil contos para 159 mil contos; São Vicente, de 49 mil contos para 247 mil contos; Praia, de 62 mil contos para 376 mil contos; Santa Catarina, de 42 mil contos para 301 mil contos; São Miguel, de 52 mil contos para 135 mil contos; Tarrafal, de 26 mil contos para 152 mil contos; , de 43 mil contos para 221 mil contos e São Filipe, de 36 mil contos para 160 mil contos.

31 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

O Governo, na pessoa do Sr. Primeiro-Ministro, já declarou a intenção de aumentar esta taxa de 10 para 17%, sublinho, melhorando ainda mais os recursos para as Câmaras Municipais.

Aplausos da Bancada do PAICV.,

Nos últimos anos foi dispensada uma atenção particular à questão do abastecimento de água, com programas de prospecção, montagem ou alargamento de redes e cobertura de várias localidades, melhorando de forma extraordinária as condições de acesso a água potável. Concelhos como Praia, São Domingos, Santa Catarina, Sal, Tarrafal e Santa Cruz puderam beneficiar desse importante programa. Os principais centros urbanos beneficiaram também de programas de saneamento com extensão ou com a montagem de novos sistemas de recolha e tratamento das águas residuais. Esse sistema que antes cobria apenas as cidades da Praia e Mindelo, passou a ser realidade no Tarrafal, na Boa Vista, no Sal, em Santa Cruz e vai ser também realidade em Santa Catarina e em São Miguel. As Cidades da Praia e do Mindelo estão a beneficiar de uma nova fase para a expansão das suas redes de água e esgotos, cobrindo novos bairros e melhorando o sistema de tratamento das águas residuais, com uma aposta clara na reutilização da água enquanto um recurso que exige atenção especial na sua utilização. Os Municípios e o País enfrentam, neste momento, o desafio de encontrar soluções para a recolha e tratamento dos resíduos sólidos urbanos que começam a constituir preocupações tendo em conta a concentração das mesmas, a forma utilizada para a sua acomodação e a ameaça sobre o ambiente e a saúde pública. Os surtos de cólera, nalguns momentos, ou da dengue, mais recentemente, estão aí para nos alertar sobre as medidas que tardam, mas que são urgentes. Todos sabemos que o saneamento básico é fundamentalmente uma área da responsabilidade das Câmaras municipais, mas todos também sabemos que as Câmaras não têm conseguido encontrar respostas e soluções para este grave problema. Ciente desta situação e da importância do saneamento básico para a saúde, para a melhoria da qualidade de vida das populações, para a promoção do turismo e consequentemente para sustentar o processo de desenvolvimento do País, o Governo tem agido buscando respostas para esta grave situação e tem trabalhado no sentido de encontrar novas respostas para resolver de forma profunda este problema. É neste âmbito que surge a iniciativa responsável do Sr. Primeiro-Ministro no sentido de promover um encontro com os Presidentes das Câmaras para discutir a problemática do saneamento e construirmos juntos caminhos que levam à adopção de um sistema moderno e eficaz da recolha e tratamento dos resíduos sólidos, isto é, do lixo urbano, para prevenir situações de risco, proteger o ambiente e garantir um nível adequado de salubridade e de qualidade de vida das populações. Perante a Consciência desta responsabilidade conjunta, entre o poder local e o central, é que surge a iniciativa do Sr. Primeiro-Ministro.

32 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

A que é que o País assistiu? Às Câmaras da Oposição a privilegiaram o orgulho e as pequenas vaidades em detrimento da busca de soluções para um problema que nos apoquenta a todos. Como é possível tentar impor uma agenda a um encontro programado previamente e com um tempo longo de maturação por iniciativa e a convite do Sr. Primeiro-ministro? Estamos perante uma atitude obstrutiva, bloqueadora irresponsável e condenável a todos os títulos porque não leva em conta os verdadeiros interesses da população e dos munícipes em particular. Como entender que se abandone uma sala de reuniões, com um acto presidido pelo Sr. Primeiro-Ministro de Cabo Verde, abandono este liderado por alguém que, naquele momento, se queria fazer valer do facto de ser presidente da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde? Regista-se, com preocupação, que há uma tentativa de instrumentalização e utilização das Câmaras Municipais como meio de fazer oposição ao Governo, sem se importar com os danos que esta relação crispada e tensa poderá provocar no adiamento de programas que exigem o concurso de todos os municípios. Estranha atitude esta de não poder resolver um problema e não permitir que outros, neste caso o Governo, possa colaborar no sentido de encontrar soluções. É este o partido que quer governar Cabo Verde em 2011? Não! Cabo Verde merece melhor!

Aplausos da Bancada do PAICV.

Aliás fica-se com uma clara impressão que as câmaras da oposição não estão interessadas numa solução duradoira e eficaz de tratamento de lixo. Falou-se da gaseificação…

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado pode concluir!

Sr. Deputado Rui Semedo (PAICV): - (Vou concluir, Sr. Presidente.) Ficam algumas questões a ser feitas: A quem interessa o não tratamento do lixo? A quem interessa situações como a da Praia onde se queimam lixo por todos os lados, com prejuízos evidentes na saúde e qualidade de vida das populações? A quem interessa a lixeira ao céu aberto também com queimas desastradas e assassinas para o ambiente e para as pessoas? A quem interessa a manutenção de condições propícias para o surgimento de doenças que poderão pôr em risco a saúde e a vida das pessoas? Aparentemente a ninguém, então porquê insistir na via da obstrução? Estamos conversados, Sr. Primeiro-Ministro…

Risos e aplausos da Bancada do MPD.

…Sr. Presidente e Srs. Membros do Governo.

33 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Aplausos da Bancada do PAICV.

Sr. Presidente: - Não tenho nenhum inscrito para considerações sobre a declaração política. Sr. Deputado António Monteiro, para que efeito deseja usar da palavra?

Sr. Deputado António Monteiro (UCID): - Para fazer uma consideração a esta declaração.

Sr. Presidente: - Faça o favor!

Sr. Deputado António Monteiro (UCID): - Em termos de informação, foi- nos dado aqui uma informação que em 2001 eram transferidos para os municípios cerca de 671 mil contos e que em 2010 à volta de dois milhões. Mas nós só gostaríamos, se for possível, se não for pedir demais (espero bem que não) para informação dos cabo-verdianos, saber qual era o Orçamento do Estado em 2001 e qual é o Orçamento do Estado em 2010. Quer dizer, se dermos estas informações desta forma, não estaremos, de facto, a informar convenientemente os nossos concidadãos. Então, é preciso que isso seja dito de uma forma muito clara. E uma outra questão que eu gostaria também de aqui comentar é a questão dos resíduos sólidos urbanos que é uma questão que deve merecer uma atenção muito especial de todos, não só do Governo mas de todos nós, os que produzem os resíduos, os responsáveis municipais e o próprio Governo. Consideramos que a iniciativa tomada pelo Governo na pessoa do Sr. Primeiro-ministro é uma iniciativa que deveria ter sido, de facto levado avante, pois que o País exige que os resíduos sólidos tenham um tratamento adequado, para não termos as queimas dos lixos, se é que existe lixo, da forma como vemos, pelo menos, na Cidade do Mindelo e aqui na Cidade da Praia. De forma que, penso que não é pelo facto de se ter augurado o primeiro encontro que não se deve continuar a procurar consensos para se poder discutir essa matéria.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado Júlio Correia, para que efeito deseja usar da palavra?

Sr. Deputado Júlio Correia (PAICV): - Para uma intervenção, em relação a uma das declarações políticas aqui ocorridas.

Sr. Presidente: - Srs. Deputados, queria dizer o seguinte: abrimos um processo de discussão logo a seguir a cada declaração política e fechou-se. Abrimos, em relação à segunda declaração e também fechou-se. Estamos, neste momento, a considerar a terceira declaração e isto não impede, no entanto que, ficando tempo, os Deputados possam intervir sobre o que quiserem. Para o correcto andamento dos nossos trabalhos e a gestão dos tempos, inclusive dos tempos para o Governo, entendemos que o nosso debate deve ser organizado dessa forma. Aliás, chamamos a atenção para isso. O Sr. Deputado Júlio Correia fica inscrito para fazer a sua intervenção.

34 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Deputado Júlio Correia (PAICV): - Julgo que estamos no Período de Antes da Ordem do Dia, e queria inscrever-me neste período.

Sr. Presidente: - Sim, fica inscrito. Sr. Deputado Rui Semedo, deseja a palavra para que efeito?

[Não se ouviu a resposta do referido Deputado.]

Em relação ao último orador e à declaração que está a ser vista?

[Não se ouviu a resposta do referido Deputado.]

Sra. Deputada Fernanda Pina Burgo, para que efeito deseja usar da palavra?

Sra. Deputada Fernanda Burgo (MPD): - Para uma intervenção no Período de Antes da Ordem do Dia.

Sr. Presidente: - Fica inscrita. Não é nada que tem a ver com este momento do debate. Tem a palavra o Sr. Deputado Rui Semedo.

Sr. Deputado Rui Semedo (PAICV): - O Sr. Deputado António Monteiro colocou-me a questão sobre a comparação dos orçamentos em 2000 e o orçamento agora em 2010. Tenho a dizer que, de facto, o orçamento em 2000 era inferior a 2010 porque o País cresceu, está a desenvolver-se e a dimensão do orçamento demonstra o quanto já avançámos em Cabo Verde. Mas, outra questão que gostaria de esclarecer é a seguinte: mesmo que o orçamento se mantivesse no mesmo montante, hoje, com base na alteração da lei de finanças locais, os municípios estariam a receber mais dinheiro. É uma filosofia e atitude diferentes. Mexemos na incidência e na taxa. Sempre quisemos isso quando estávamos na Oposição e avançámos a proposta aqui no Parlamento, não foi absorvida. Quando assumimos a governação, logo que tivemos as condições, mexemos nessa iniciativa, passamos de 7% para 10% e mexemos também na incidência que passou a recair sobre o total dos impostos directos e indirectos. Portanto, mesmo que o montante do Orçamento do Estado se mantivesse no nível que estava em 2000, os municípios estariam a receber mais dinheiro. É esta a nossa atitude e a nossa prática. É por isso que vem também esta nova proposta de alteração de 10 para 17% que pode se manter o Orçamento de Estado de 2010, os municípios vão receber mais dinheiro à mesma. Aí, penso que é fácil compreender esta dinâmica e aplicação desta norma que fizemos aprovar aqui, nesta Casa Parlamentar.

Sr. Presidente: - Não havendo mais nenhuma inscrição para este período de declaração política, vamos dar continuidade aos nossos trabalhos no Período de Antes da Ordem do Dia e o primeiro inscrito é o Sr. Deputado Júlio Correia. Tem a palavra.

35 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Deputado Júlio Correia (PAICV): - O Movimento para a Democracia terá realizado uma visita ao Fogo e os militantes desse movimento terão dito ou contado aos líderes do MPD no Fogo algumas histórias - a versão da história dos militantes do MPD. É claro que a história no Fogo tem várias versões. Para a democracia no Fogo tem sido realmente uma história de várias lutas e de várias etapas de lutas. Fogo, contrariamente ao que se disse, é uma parte do País onde se respira liberdade e onde há democracia. Porém, estamos todos de acordo no seguinte (e isso não há nada fazer): Fogo é efectivamente um osso trancado na garganta do MPD e não é de agora. A ilha do Fogo não se sujeitou à pata grossa do MPD nos anos 90: tempo de pedra e garrafa, tempo de filhos de dentro e filhos de fora. No Fogo respira- se a liberdade. Todavia, algumas palavras aqui proferidas indignam por graves. No quadro de uma declaração política que todos nós ouvimos que põe em causa, do meu ponto de vista, os fundamentais de um convívio democrático em Cabo Verde porque levanta suspeições, faz acusações infundadas, chega a raiar denegrindo imagens de pessoas e instituições, diria bem como edilidades democraticamente eleitas na região do Fogo. Esta intervenção lembra-me também aquela ideia segunda a qual se dá o banho ao miúdo e se deita a água suja e o miúdo todos para fora porque sou do Fogo e sou democrata. Não posso sentir-me acusado nesta prerrogativa que tenho de me afirmar como democrata foguense e cabo-verdiano. Digo isso porque, contrariamente às afirmações aqui proferidas, o que vem acontecendo no Fogo (vou ter de dizer isto aqui) é uma Oposição desleal, uma Oposição que algumas vezes assume uma função sabotadora, diria que uma Oposição não raras vezes mancomunada com uma estratégia que eu diria um pouco maquiavélica para abalar a vontade explícita e recorrente do foguense em votar no PAICV e não há como corrigir a vontade do povo. Não há outra via. A via que temos é aquela que é democraticamente e constitucionalmente aceite. Fogo tem escolhido os seus representantes políticos. E tem escolhido mais os representantes políticos do PAICV - perdoem-me a imodéstia - eu diria que, por razões de mérito e por reconhecimento de um trabalho realizado ao longo de vários anos. Queria terminar, Sr. Presidente, dizendo algo que também penso ser recorrente no interior do Movimento Para a Democracia. Não sei se posso aconselhar, mas se puder, diria que o MPD precisa de se libertar de um posicionamento sempre autoritário quando e onde as coisas não correm bem para o MPD. Quando é que chegará então a democracia ao Fogo na perspectiva do MPD? Eu já sei e todos nós sabemos – Quando os foguenses começarem a votar no MPD. Quando o MPD começar a ganhar eleições no Fogo, o MPD falará da democracia no Fogo. Mas não pode ser assim. Penso que temos de ter respeito pela vontade do povo e algumas coisas aqui ditas julgo que merecem ser provadas porque não julgo justo – e é a palavra que quero utilizar – que se diga que as autoridades, designadamente as autoridades independentes na ilha, trabalham e estão a reboque do poder político na ilha do Fogo. Julgo que não vou aqui responder por essas autoridades nem para as autoridades policiais explicitamente referidas na

36 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 declaração política como subentendido também ficou que outras autoridades exercem a sua competência constitucionalmente consagrada à mercê das autoridades regionais da ilha do Fogo. Não creio que assim seja, eu e nós temos respeito por todas as autoridades em Cabo Verde mas, como digo, penso que estas autoridades terão conhecimento dessas afirmações e estão em condições de responder por elas próprias. Finalmente, penso que também vejo no Movimento para a Democracia essa ideia de mau perdedor. As coisas correm bem, as coisas estão bem, cumpre-se a lei, cumpre-se todos os preceitos constitucionais lá onde o MPD ganha as eleições. Lá onde o MPD perde as regras do jogo estão pervertidas, as pessoas são anti democráticas, as instituições da República, mesmo aquelas independentes, estão a reboque dos poderes políticos regionais, portanto, isso dá-me impressão de alguém que não sabe perder no jogo democrático. Deixo aqui estas notas porque há expressões que foram usadas que penso que têm a ver também com a dignidade de todos nós foguenses, que batalhamos pela liberdade, que somos democratas, que temos procurado um incremento forte à democracia cabo-verdiana no Fogo, onde nós nos opusemos explicitamente à ideia de pedra e de garrafa e onde nós nos opusemos explicitamente a filhos de dentro e filhos de fora. Temos também o nosso historial de contribuição para o reforço e qualificação da democracia cabo-verdiana. Este aspecto deve ser reconhecido. Dir-me-ão que há falhas. Haverá, seguramente, falhas na ilha do Fogo como também haverão falhas em Santiago, em São Vicente e em todas as ilhas de Cabo Verde. Andamos todos à procura de qualificar a nossa democracia, dando-lhe uma maior substância e no Fogo também fazemos esse exercício. Penso que o risco que se corre nestas deslocações às ilhas é que só ouvimos uma parte. Ouvimos as histórias que os nossos nos contam e normalmente temos esse problema porque não conseguimos fazer uma aproximação à realidade total da ilha. Ficamos só com a visão de uma parte e não conseguimos recolher a visão da outra parte. Seria bom esse aspecto, fazermos este balanço. Mas mesmo no plano do desenvolvimento das ilhas, também há boas novas para a ilha do Fogo e estas boas novas devem ser também recordadas. Algumas pessoas não gostam que se relembre alguns factos dos anos 90, dos esquecimentos, realmente houve ilhas que foram esquecidas e nem toda a gente do Movimento Para a Democracia tem culpas neste cartório. Verdade seja dita: nem toda a gente tem culpa neste cartório, mas nós que estivemos no poder local temos também histórias para contar, da forma como, por ventura, o desenvolvimento da ilha do Fogo foi bastas vezes retardada, sonegada. Projectos estruturantes para o Fogo estão a acontecer agora. Não aconteceram antes, não culpabilizo a todos, mas há gente seguramente com responsabilidades e com culpas naquele cartório. Justamente agora em que o Fogo está a atingir níveis elevados de desenvolvimento em que projectos estruturantes estão a acontecer, em que os foguenses também se empenham nesta construção… Nós no Fogo não delegamos as responsabilidades apenas no Governo, por isso, também, não passamos o tempo todo a culpabilizar o Governo. Assumimos a nossa parte neste processo de desenvolvimento e é isso que temos feito para a construção

37 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 da nossa ilha, para o crescimento da nossa ilha e para a qualificação da nossa democracia.

Aplausos da Bancada do PAICV.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado José Luís Santos, para que efeito deseja usar da palavra?

[Não se ouviu a resposta do referido Deputado.]

Fica inscrito. Sra. Deputada Filomena Delgado, tem prioridade, faça o favor!

Sra. Deputada Filomena Delgado (MPD): - Era para dizer ao Sr. Deputado Júlio Correia que fiquei surpreendida com algumas declarações de pessoas do Fogo e penso que o mínimo que se podia fazer, de facto, era vir cá e dizer o que se ouviu. Face a isso, há necessidade também de averiguar. Quer dizer, quando as pessoas dizem e contam e vê-se que a pessoa se sente humilhada, discriminada e que tem medo, penso que cumprimos o nosso papel em vir aqui e fazer essa declaração política. Penso que, quando se diz que algum polícia tem uma actuação que não é a mais adequada e trata da forma como trata os cidadãos, compete às autoridades averiguar o que se está a fazer. A declaração política também diz que fazem sim quem Imperceptível não sabe qual é o resultado. Estranhei ouvir algumas declarações e, às vezes, até perguntei a mim mesma se estaríamos em Cabo Verde quando ouvi coisas que as pessoas contaram e que não vale a pena vir aqui repetir. Mas penso que, no mínimo, o que se deve fazer é averiguar e ver aqui o que se está a passar. Porque as pessoas falaram da polícia, disseram da forma como são tratadas pelos tribunais etc. De modo que, penso que o que se deve fazer aqui é averiguar e ver até que ponto o que as pessoas estão a dizer corresponde à verdade. Porque não se pode é admitir que as pessoas, de facto, sejam humilhadas nas condições em que são, em que muitas vezes são detidas porque alguém chama a polícia, e a polícia sem saber o que é que se passa já dá a voz de prisão ou detém a pessoa sem razão e muitas vezes sem averiguar o que se passa. O que pedimos é que se faça as devidas averiguações.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Júlio Correia tem a palavra.

Sr. Deputado Júlio Correia (PAICV): - Sra. Deputada Filomena Delgado, estamos de acordo no seguinte: não pode haver, neste Cabo Verde de hoje, conivência com arbitrariedades, venham elas de onde vierem. Isso é um Statement e não pode haver, neste Parlamento, quem esteja em desacordo com isso. Nós não estamos em desacordo que temos a obrigação (e sobremaneira porque somos Deputados) em trabalhar para qualificarmos a nossa democracia e impedir que se projecte qualquer tentação de passar um certidão de menoridade à nossa democracia e a ao seu desenvolvimento. Porém, sempre lhe digo o seguinte, Sra. Deputada, porque eu a tenho enorme respeito e consideração como sabe – o MPD, às vezes, não apenas interpela, mas acusa.

38 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

É esta acusação que temos todos o dever também de evitar porque, dizer que os magistrados judiciais ou o Ministério Público em São Felipe, por exemplo, ou as autoridade policiais estejam ao serviço do poder político, também não creio que seja uma simples constatação e aí, as coisas devem ser provadas. Dizer, por exemplo (tomei aqui nota de algumas coisas): perversão da ordem institucional no Fogo, que precisamos instalar a democracia no Fogo… Essas informações considero-as graves porque, a mim, ferem-me. Eu sou de uma ilha e há muitos como eu do Fogo nesta ilha e não podemos aceitar isso. Não podemos aceitar que alguém assuma a ideia de que terá que ir ao Fogo instalar a democracia. Ou seja, que nós, no Fogo, somos uma galé de antidemocráticas e à margem da lei. Convenhamos! Não posso, enquanto foguense, aceitar que vivo nesta república e à margem da democracia. Sabe que, repito, o problema do meu ponto de vista, em relação ao Movimento Para a Democracia é que não apenas interpela. Eu também interpelo ao Governo sobre as coisas que não estão bem na ilha do Fogo e faço-o com toda a à vontade. Mas uma coisa é interpelar, outra coisa é acusar. Se eu acusar, tenho a dever de provar. Penso que estamos de acordo nalguma coisa. Estamos de acordo que todos nós devemos cumprir o nosso papel da melhor forma que soubermos. Interpelar ao Governo, exigir responsabilidades, que o Governo cumpra com o seu programa, que as leis da República sejam respeitadas e, lá onde tenhamos o menor indício de que as leis da República não estejam a ser cumpridas, mais do que um dever de declaração política, temos o dever da acção prática. Sinto que um deputado deve seguir este caminho. É neste ponto, e apenas neste ponto, que eu considerei com alguma gravidade, determinadas passagens, da declaração política.

Sr. Presidente: - Para uma intervenção tem a palavra a Sra. Deputada Fernanda Burgo.

Sra. Deputada Fernanda Burgo (MPD): -

Excelentíssimo Sr. Presidente da Assembleia Nacional, Srs. Membros do Governo, Colegas Deputados:

O Grupo Parlamentar do MPD realizou, de um a cinco do mês em curso, uma jornada descentralizada nas ilhas da Brava e do Fogo. Durante a Jornada, várias localidades da ilha foram visitadas e é neste contexto que também faço a minha intervenção. A ilha Brava é, sem dúvida, uma das ilhas mais lindas do arquipélago. De pessoas humildes, acolhedoras e pacientes. Talvez essas qualidades atrás referidas venham pesando negativamente pelo facto de serem pouco reivindicativas. Outrora, eram muitas as pessoas que sonhavam em conhecer esta ilha, mas hoje, infelizmente, quando uma pessoa é confrontada em lá ir, esta esconjura-se logo. Que tristeza! Neste momento, só lá vão os que por motivo de força maior, missão de serviço… isto se não for algo que possa ser adiado, ou então o regresso ao lar. É que, sinceramente, fazer uma viagem para a Brava, principalmente nesta altura em que o mar se encontra revoltoso, com ondas com cerca de

39 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 cinco metros, só para homens de mar. Digo isto, porque dos que são obrigados a viajar chegam ao destino de tal maneira que perdem a própria dignidade deitando-se em pleno chão porque não se conseguem pôr-se de pé. E isto é para os que não vão directamente ao hospital. Será que existe algum adjectivo para se qualificar este martírio? O tão falado Fast Fery, cuja publicidade tem trazido alguma esperança à população da ilha, demora por chegar. Primeiro, anunciaram que chegaria o mais tardar em 2008. Depois, passou-se para Junho de 2010. Depois para Agosto. Depois para Novembro e agora fala-se em 2011. Enquanto isto a população vai sofrendo sem que haja qualquer outra alternativa tanto é que um munícipe caracterizou a ilha como sendo uma cadeia de portas abertas. O desemprego na ilha é preocupante. Numa altura já tinha dito e hoje volto a repetir. Para ainda dizer que são gravíssimas as dificuldades que grandes número de famílias enfrentam. Os poucos que conseguem um trabalho são escolhidos na ponta do dedo. Caso típico é o que se passa recentemente com a possível nomeação de um delegado de água Brava para o concelho. A juventude deve ter um espaço garantido, hoje, para poder avançar futuramente, caso contrário o jovem será desprendido do mercado de trabalho e voltado para actos que não fazem crescer a sociedade. Contudo, os jovens da Brava continuam à espera de melhores dias pois o problema de desemprego e a falta de oportunidades têm criado neles um clima de desânimo. A abertura de um pólo de formação profissional ainda se encontra em banho-maria. O local para o funcionamento do mesmo ainda sequer está a ser reabilitado. Em termos de segurança é uma necessidade urgente o envio de mais agentes policiais, uma vez que o número de efectivos, neste momento, não consegue dar respostas às reais demandas da ilha. Só a título de exemplo, no Carnaval deste ano, a polícia viu-se confrontada com situações que, caso não tivessem voltado atrás por uma decisão tomada o caso poderia ter desfecho grave. O reforço com mais agentes ainda se justifica pelos seguintes factos: o aumento da criminalidade na ilha, com principal destaque para o tráfico de drogas; a ilha ser de alto risco devido a fenómenos naturais; a falta de um corpo de bombeiro e o próprio isolamento em que para casos de emergência recorre- se sempre aos agentes policiais. Ainda nesta linha, defendemos a abertura de mais um poste policial na freguesia de nossa Sra. do Monte, tendo em conta que é a segunda povoação mais numerosa da ilha cujas localidades circundantes assim justifica.

Sr. Presidente, Caros Colegas:

A localidade de Lomba Tantum continua encravada. Tudo por causa da morosidade na conclusão da estrada que a liga à Nossa Sra. do Monte, estrada essa que vem arrastando-se desde o ano 2000 e, como se isso não bastasse, também, as emissões da TCV não chegam a esta localidade.

40 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

A iluminação pública é bastante deficiente em todo o Concelho e, em plena vila, muitos suportes estão enferrujados e já não funcionam, reforçando a sensação do abandono total. A estrada marginal do porto de Fajã de água, a qualquer momento, poderá sofrer um desabamento por causa da acção do mar e as autoridades continuam ignorando tal situação. Os alunos e professores da escola secundária continuam a perguntar, para quando o arranque das obras desse estabelecimento de ensino. Recordamos que a remodelação, ampliação e equipamento da escola secundária, vem sendo prometida desde 2004, altura em que desistiram de construir um liceu de raiz. Para terminar queria, no entanto, deixar uma palavra de solidariedade ao povo da Brava pelo abandono que teve por parte deste governo e da própria autoridade local. Queria deixar um apelo aos que deixaram de acreditar que dias melhores hão de vir para a Brava porque acredito que é possível um aeroporto para a Brava, o desenvolvimento do turismo, a criação de emprego, que a Brava deixe de depender em tudo da ilha do Fogo, é possível também que a Brava fique em pé de igualdade com as outras ilhas como tinha sido outrora. Mas para isso é necessário termos um governo comprometido com as pessoas e não um Governo que só se lembra da Brava nas vésperas das eleições.

Aplausos de pé da Bancada do MPD.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado José Domingos Lopes, pede a palavra para que efeito?

Sr. Deputado José Domingos Lopes (PAICV): - Para um esclarecimento, Sr. Presidente.

Sr. Presidente: - Tenha a bondade.

Sr. Deputado José Domingos Lopes (PAICV): -

Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Caros Colegas Deputadas e Deputados:

E difisil N ,ka ser solidariu ku Diputada da Brava en sertus aspektus ke rialmente Brava ten karensias. Mas kumó ki N podi fika li sen fla nada kuandu, na palavra di sinhora Diputada, nada ka ten sidu fetu na Brava. Ka ten ningen nes sala ki konxe Brava midjor ki mi – seti dekadas pa ser izatu. Nes sete dekadas, nu ten tidu prublema estrutural. Ate indipendensia Brava ta dipendeba di navius di velas. Dipos di indipendensia, sinhoris, talvez ka sabe kuma Cabo Verde tinha un frota ki era invejadu en toda Africa. ken stevi na marinha merkanti, ta inkontra ku barkus di Cabo Verde em tudu pontu di mundu. Pa-N mensiona dos grandis barkus : Ilha do Como y Praia. Es foi privatizadu y mal privatizadu.

41 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Brava ka ten luz, mas sta a 100%, com certeza, ku redi eletrika. Nu ten problema di água ki ten aflijidu Brava ultimamente, lá que seja por jestau ou kê, purke kada un ta fla di sê manera, du sta di akordu ku Sra. Diputada. Ago vamos a ver trabalhu ki MPD fazi na Brava: Es fazi un aeroporto. Nasional - MPD demokratiza nasau - multipartidarismu, sin senhor. Mas prublema e ki es ka sobi mante multipartidarismu. É o resvalo – a mi N ka ta fla resvalu, N ta fla valanche – situasau ekunomika ki Cabo Verde se enkontrava na 2000 kuandu nos guvernu tomá-l. Y mais, fazedu un aeroportu? Sin. Ben planeadu? Mal estruturadu. Fazedu un aeroportu, senhoris, y pa nós ki e injinheru - spesialmenti ali ten un grandi enjenheru el ta konprendi ki kuandu ta fazedu un obra ku kel magnitudi na bera mar é rotxa, pedras grandes… Nau, lá fazedu ku pedra di 40 sentimetrus vertikal, a bera du mar. Y si autoridadis ka tinha fexadu aeroportu da Brava, e ka ta funsionaba ma mesma purke ten um buraku lá, tão grande, ki e di admirar. E fazedu portu di Furna sin senhor. Kuandu ki N ben pa Brava, un sai di kel barkinhu (aquele que era ao Deus dará) pa Furna, y ku 32 anus na marinha markanti N ka tinha mariadu. Mas N sai di Fogo na 1991 pa N ba pa Brava, N mariá. Depois, ben Praia d’ Aguada. Grandi barku! Privatizadu, tiradu di lá. Agó, Porto di Furna – di 25 metrus. Kuandu N ben di Merka na iati, inkostu na portu era ezatamenti kunprimentu di nha iate. N fla: é li ki e portu ki ta ben ser portu da Furna? E ke ta dá parte de un Praia d’ Aguada na mumentu ki ouver un onda de dois o três metrus, vai diretu y isu aí fora. Es e trabadju di MPD. Nu ta fla di Lomba Tutum. Sin! Un pontu mutu inportanti, zona piskatoria, mas ten asesu. Nu ten sidu tardiu, sen duvida, mas ande ki N ben txiga mas di 20 mil kontus ku rekumesu di obra di kaminhu di Lomba. Y mais, Porto di Furna sta en plenu rekosntrusau y alargamentu. N ka ta fla ke PAICV e perfeitu, mas MPD foi mutu pior, mutu mau. Isu N sabe. Agora preokupasau ku diáspora di MPD ki surpreende-m. Nhos lenbra mutu ben di diáspora na anu 2000, nhos lembra u ki akontecê ku mi. Tudu kel dimokrasia ki nhos ta prufesa, undi ki el sta, era só en tioria.

Aplausos da Bancada do PAICV.

Ka nu kubri Brava di un mantu negru ki ten ao meiu dia….Mesmu ao meiu dia, nu ta mesti un lupeta pa nu anda na kaminhu purke e ka e verdade. Nu ten nos karensia ma nos e proud kuma senhora Diputada sta di akordu. Nos e povu morabi, nos e konsekuenti y nu ten pasiensia, nu ta spera. Obras ki PAICV sta realiza na Brava serão duradouros , ma kel di MPD, nen un dekada. Nu ten odjadu kel grandi aeroportutu ki fazedu. Mi N ben pa Cabo Verde, kuandu kel aviau aterá tinha tenpu ki N ka rezaba. N reza nha jenti. É so isu.

Aplausos da Bancada do PAICV.

Sr. Presidente: - Sra. Deputada Fernanda Burgo, deseja a apalavra para que efeito?

42 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sra. Deputada Fernanda Burgo (MPD): - Era para dar um esclarecimento.

Sr. Presidente: - Faça o favor.

Sra. Deputada Fernanda Burgo (MPD): - Mi dja-N sta akustumadu ku intervenson di nha kolega, ma N ta lenbra-l ma populason di Brava eleje-l komu Deputadu pa defende interesis di pesoas di Brava. É ka pa el ben li na Parlamentu tenta tapa buraku di Guvernu pa ku Brava pamo kel buraku e tau grandi ki e sima tapa sol ku pinera. Nos kais ki MPD faze e pikinoti me. Na dos mandatu, MPD konsigi faze kel kais, sin sinhor, ate purki primer-ministre, na kanpanha, fla: MPD dja fazi, ma e pikinoti, nos nu sta ba aumenta-l. Dja no sta na des anu y inda PAICV ka poi nen un sinku metru dipos di kela. E nho, kantu nho saíba di Brava, nho saíba na boti pa nho munta na barku, ma kantu nho ta ben, nho tra pe di seku, nho po na seku.

Aplausos da Bancada do MPD.

Sr. Presidente: - Não tenho mais nenhum inscrito. O Sr. Deputado José Domingos Lopes tem a palavra.

Sr. Deputado José Domingos Lopes (PAICV): - É para um esclarecimento, Sr. Presidente.

Sr. Presidente: - Faça o favor.

Sr. Deputado José Domingos Lopes (PAICV): - Povu di Brava eleje-N, ma N ta kre lenbra Sra. Diputada ma tudu problema di Brava Guvernu sabe-l. Agora, N ta lenbra Sra. Diputada tanben ma nos Guvernu e ka e riku. Nos Guvernu sta ba aus pokus. A mi si mi era Primer-ministru di Cabo Verde, primeru kusa ki N ta faze era infrastruturas. Investi na undi ki N ta símia pa-N kodje y dipos pa-N símia na kes otu ilha. É kel ki sta ta kontisi gosi na Brava. Agora nu ten un poku di presa, nos e mutu apresadu. Agora Brava, N ta difendi Brava e nau so ku palavras, mas ku atus.

Aplausos da Bancada do PAICV

E mais, kuandu N ben di Merka na 91, N sai, N ben na lantcha, sima kantu ki N saíba di Brava na 1957. Mi N konxe prublema di Brava mutu ben y N sta pusta na es Guvernu purki N sabe kuma es Guvernu rialmenti ta fazi trabadju. Nos nu ka ten saia di padja, mesmu na interior. Lá na Estados Unidos nu sabia ken ki sta furta, ken ki sta faze, ken ki ka sta faze y N sta li ta odja-l di novu. Sr. Presidente, nho diskulpa-N si N sta labanta vos, mas mi e un omi di 70 anus, N ka ta ben enfia ninguen barretu. Se Guvernu pudese faze tudu u ki N pidi pa Brava, Brava não teria necessidade jamais. Seja na saúde, seja na transporte, seja na trabalhu… Mas agora ten un otu kuza: alguns di nos kabu-verdianus, nu tene ganansia di riku, mas aljibera di pobri. Nos e un nasau fulkramente pobri, mas es guvernu ten fetu milagris.

43 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

A mi N kria na un nasau rika undi ki bilhoins y trilhoins di dólares ta ba pa orsamentu du estadu. Mas asin mesmu Estadus Unidos ten prublemas. Onten, N dormi mutu poku. N tevi ta sukuta CNN y ta odja guvernu di Obama ta luta pa pasa sinples kusas ki dja ezisti en tudu nasoins europeias. Bureau of Universal Health (saúde universal) - ma Estados Unidos ka kre. E special interests (interesses pessoais) like “Birds of a feather flock together”

Risos da Bancada do MPD.

Ta dexadu un sinplis bill…Sinhoris, si nhos ka ta respeta u Deputadu, nhos respeta nhas kabelus brankus. Purke MPD não lhes convêm purke Americin Medical Association, es tudu e republikanu, ka ta konves ki pobri ten, purke sin nau es ka ta ganha tantu dinheru. Essa doença é humana e tanbén existi em Cabo Verde, mas é necessário que sejamos conscientes.

Aplausos da Bancada do PAICV.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado José Luís Santos tem a palavra para uma intervenção.

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): -

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo:

Na Semana pasod, no tive notisia de asinatura de kontratus pa realizasau de alguns obras de Boa Vista. Obras esas desde há muitus anus reivindikod pa populasau de Boa Vista, pedidu inúmeras vezes pa Deputades li na Parlamentu purke prometide desde primeres dias de vida des guverne de PAICV. No ta lenbra, pur ezenple, de estrada de Bufarera-Vila, na 2001. Sr. Primer-ministre ba pa Boa Vista el fla: N ta ka txiga na Praia, N ta manda denher pa es obra komesa. Durante tud es tenpe el eskese, nu pedi variadisimas vezes, tud vês ke ba un membre de Guverne pa Boa Vista, populasau pedi, populasau eziji, ka fazed, ma no fka kontente pamo a dias, ba asinod kontratu pa realizasau dakel obra. Mas asinode kontrot pa anpliasau de más dos obra: plaka de estasionamente de aeroportu de Boa Vista y Portu de Sal Rei. Obras tud, mut inportante pa dezenvolvimente de Boa Vista y ke no ten batalhod, no ten pedide enkaresidamente li nes parlamente, Sr. Inocêncio dja baxa kabesa, de serteza sabe ke mais de nau sei konte ves dja no foi porta-vos de populasau ke ta pedi enkaresidamente de kes obra, purke kes obra ten enkravod, pude en kauza dezenvolvimente de Boa Vista. Mas, notisia ke no tive a dias, foi de asinatura de kontrates. Merus atus administrative normal na kualker pais. U ke ke akontese, ke no kre reklamá li e un onda de prupaganda nunca mais visto neste país. Un onda de prupaganda, kon televisoins neste país pagode pa denher de povu, tudu dia ta faze propaganda de asinatura dakes kontrate. Radiu tudu dia ta da spots e mais spots publisitáriu.

44 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Ministre bá pa Boa Vista ke dos kadeias de televisau, ta kore pa riba ma pa bros na karu ku televisau ta filma pa mera asinatura de kontrate. Ise e eskandaloze na kualker pais. Y no kre fla, ma ise ta ben na sekuensia du ke no ten asistide un poke pa tude es ilhas ke é simplesmente u seginte: promosau de un guverne ke kre perpetua na puder y de imajen de un ministre ke, oje, ta asumi klaramente komu kandidate a prezidente da republika. Objektive klaru, e promusau du omem para prezidensia da republika. Isu a kusta de erarie publike des pais. Ise é inaseitavel y e presizamente kontra ise ke N ta li agora ta interve purke e un eskandulu. Imajina se tude kamara munisipal, tude puder izekutive nes pais, pa kada obra ke es tiver te faze nes país, pa kada asinatura de kontrot ke es tiver ke faze prupagandas moda ten side ta ser fete neste país… Dia ke for lansamente de primera pedra ten mais prupaganda. Dia ke for de inaugurasau, ten mais prupaganda. Mas ke rai de prupaganda? Ke rai de guverne e es? Sinseramente, meus senhores, é altura de no po kobre a es koza purke senau no ka sabe pa donde ke este país ta ba.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado, José Maria de Pina, quer a palavra para que efeito?

Sr. Deputado José Maria de Pina (PAICV): - Era para pedir esclarecimento.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Monteiro, quer a palavra para que efeito?

Sr. Deputado António Monteiro (MPD): - Para uma intervenção.

Sr. Presidente: - Fica inscrito. O esclarecimento tem prioridade. O Sr. Deputado José Maria de Pina tem a palavra.

Sr. Deputado José Maria de Pina (PAICV): - A nós nu ta intendi, ma ora ki Deputadu trazi prublema li di se sirkulu eleitoral debi ser tomadu en konta y, Sr. Diputadu José Luís Santos ta parse-nu ma e un Diputadu ki, di faktu, ta fazi si trabadju, e ta trazi pa li prublemas di si sirkulu ileitoral y u ki e trazi foi tomadu en konta. E ten stadu ta kobra. El fla desdi di 2001 e ten stadu ta kobra prumesa ki Primeru-ministru fazi y ki ka tinha sidu kunpridu. Es promesa era tau inportanti ki, vezis sen konta, el txoma Guvernu atensau. Y pur isu, obras tau inpurtante pa Boa Vista komu kes ki foi fetu agora, debi ser dividamente asinaladu. Sr. Diputadu, kela dja foi risolvidu. Es Maioria ten kapasidadi, nho trazi otu obra ki ta ser rizolvidu ku pompa y sirkunstansia ki e ta meresi.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Monteiro para uma intervenção.

Sr. Deputado António Monteiro (UCID): - Gostaria de começar por, mais uma vez, pedir a atenção do Governo sobre as questões que bastas vezes já aqui levantei. E não me canso e volto, hoje, outra vez colocar.

45 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Em tempos, coloquei aqui a problemática dos jovens desempregados em São Vicente que é uma ilha que tem uma tradição marítima muito forte e que, tendo em conta as novas exigências do mundo do shipping actual, muitos destes jovens não conseguem obter toda a documentação necessária para que, de facto, possam ter a oportunidade de encaminhar-se para a vida no mar. Tinha pedido na altura ao Governo para analisar a possibilidade de ter as condições reunidas para que os jovens, com um custo de propina muito mais baixo ou então com uma isenção total de propina, pudessem fazer as documentações exigidas. Estou a falar em termos de combate de incêndio, estou a falar de documentos da sobrevivência no mar e outros documentos afins que lhes darão garantia para poderem viajar como profissionais. Volto hoje também a pedir um pouco agora mais para a frente, tendo em consideração que muitos dos jovens com a abertura de determinados cursos na área marítima, quer para engenheiro de máquinas quer para pilotagem (a Universidade de Cabo Verde tem, pelo menos o ano passado abriu um curso e a verdade é que não houve muitos alunos, penso eu que houve três ou quatro alunos que se matricularam e não se abriu porque de facto o número é insuficiente) …. Gostaríamos de propor aqui ao Governo para analisar a possibilidade de se incentivar também estas formações, quer na ponte quer nas máquinas, pois que o nosso país é um país com vocação marítima muito forte e São Vicente tem essa vocação ainda maior, se não me falha a memória. Podemos estar daqui a poucos anos a correr o risco daquilo que fizemos pós independência de termos grandes quadros de marinha marcante, não termos essa capacidade no território nacional. Temos instituições preparadas para o efeito. Temos quadros em termos de recursos humanos que podem dar essa formação, então aqui, talvez a eliminação da propina dos alunos nesta área concreta que o País vai necessitar daqui a três, quatro anos seria, do meu ponto de vista, uma grande aposta para podermos garantir, de facto, estes quadros no futuro aqui em Cabo Verde.

Sr. Presidente: - Para intervir no Período de Antes da Ordem do Dia, dando resposta aos Deputados, passo a palavra à Sra. Ministra da Presidência do Conselho de Ministros.

Sra. Ministra da Juventude, Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares: - Relativamente às questões levantadas pela Deputada da Brava, do MPD, devo dizer que a Sra. Deputada sabe o ponto de situação muito bem. A Sra. Deputada sabe que as estradas estão a ser feitas - a estrada Lomba Tamtum. A senhora sabe também que o barco está a ser construído (o barco da Cabo Verde Fast Ferry) para estar pronto em Outubro deste ano. A senhora sabe que as obras de modernização e expansão do porto estão em concurso (estou a falar do verdadeiro porto, não estou a falar daquele porto que o MPD fez). Também, neste momento, está a ser desenvolvido a reabilitação da estrada Vila Nova Sintra – Furna. Sra. Deputada, quando a senhora me fala de jovens aqui na Brava, aqui costumo ser muito frontal, muito antes de ter assumido a pasta da juventude. Hoje, os jovens, de facto, têm perspectivas em Cabo Verde. Hoje! Porque do que me recordo o MPD conseguiu estar no poder 10 anos e não permitir que

46 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 existisse em Cabo Verde uma única universidade, que é o maior garante do futuro dos jovens. Exactamente, Sra. Deputada. Neste momento já estão a ser ultimadas as obras do centro de juventude na Brava, a senhora também deve saber, em parceria com a Câmara municipal, estaremos a inaugurar na primeira semana de Maio, em princípio. Farei questão de convidá-la para o acto, a si e aos outros Deputados do MPD que quiserem também assistir. Em termos de subsídios ou de apoios, a senhora também deve ter assistido à assinatura de vários protocolos e contratos de adesão com jovens, no âmbito do programa jovem e coesão social, que foi muito criticado e contra o qual vocês muito batalharam quando foi lançado, que é um projecto para proteger os jovens cabo-verdianos. É um projecto para estimular o empreendedorismo do jovem cabo-verdiano no valor de um milhão e quinhentos mil dólares. Portanto, durante este ano, vamos estar permanentemente a celebrar contratos de adesão com jovens, para ajudar todos os jovens que precisem a montar as suas empresas, a desenvolver o seu empreendedorismo. Vamos assinar vários protocolos com instituições também que tenham essa vocação como a OMCV, a Morabi, os jovens empresários… Portanto, se vocês querem acusar o Governo de campanha podem começar a fazê-lo já porque vamos continuar a trabalhar. Não vamos parar por causa disso.

Aplausos da Bancada do PAICV.

Relativamente à Boa Vista, Sr. Deputado fiquei, com o devido respeito, confusa. Fiquei sem saber se afinal o senhor quer ou não quer as obras. Aí agradecia que depois o senhor me esclarecesse. São Vicente - Sr. Deputado, tive em devida consideração o seu apelo. Naturalmente que não poderemos isentar mas poderemos efectivamente subsidiar, apoiar, que é isso que o Ministério da Juventude tem feito, no âmbito do programa inserção socioeconómica dos jovens. Mais do que isso, porque costuma-se assumir sempre que a juventude é transversal, temos bolsas de estudos no Ministério da Educação; temos o ICASE que vem apoiando bastante os jovens mais carenciados; mas temos também o projecto ou o programa de inserção socioeconómica dos jovens do Ministério da Juventude, que é exactamente para apoiar os jovens nessa situação, que queiram efectivamente desenvolver ou prosseguir os seus estudos, mas não tenham condições para o fazer. Aqui assumo um compromisso - Estarei a fazer, já no próximo mês, uma visita à São Vicente para me reunir com os jovens. Estarei atenta a essa questão para ver como é que é possível o Governo apoiar.

Sr. Presidente: - Sra. Deputada Fernanda Burgo, para que efeito deseja usar da palavra?

Sra. Deputada Fernanda Burgo (MPD): - Para dar um esclarecimento.

Sr. Presidente: - A Sra. Deputada fica inscrita para intervenção. Sr. Deputado José Luís Santos, para que efeito deseja usar da palavra?

47 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): - Esclarecimentos, Sr. Presidente, na sequência da intervenção da Sra. Ministra.

Sr. Presidente: - A Sra. Ministra deu esclarecimentos.

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): - Está bem.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado fica inscrito. Tem a palavra o Sr. Ministro de Estado da Saúde.

Sr. Ministro de Estado e da Saúde, Basílio Ramos: - Bom dia a todos. Era para fazer alguns comentários em relação à intervenção do Deputado Monteiro a propósito dos doentes evacuados em Portugal. Evidentemente, no quadro do protocolo que temos com Portugal, cerca de 300 doentes são evacuados. Mas é mais. O protocolo diz 300, mas não vamos dizer o número certo). Creio que a questão fulcral e o importante de tudo isso é o facto de Cabo Verde conseguir enviar esses pacientes para Portugal e serem tratados. E temos milhares e milhares de pessoas cá que tiveram a necessidade de ir para Portugal, fizeram o seu tratamento e estão cá em Cabo Verde a viver a sua vida. Todos estamos de acordo que o montante que disponibilizámos não é suficiente, mas importa dizer que, neste momento, o orçamento para a evacuação é de 183 mil e 500 contos, sendo 53 para a função pública e 130 e 500 para os ditos carenciados. Com a assunção dos doentes da função pública pelo INPS, vamos afectar esses 53 mil contos que eram da função pública para os carenciados, o que quer dizer que poderemos melhorar, em certa medida, a situação. Antes, transferíamos cerca de seis mil contos por mês porque era o que tínhamos e, todos os anos, praticamente no fim do ano, teríamos que mobilizar mais cerca de 12 mil contos para transferirmos. Desde Janeiro, injectando esses 53 mil contos, poderemos passar a transferir cerca de 11 mil contos. O nosso problema aí em Portugal não é afectarmos apenas, como disse, 12 euros e 47 às pessoas carenciadas. O problema é que, tendo em conta as outras despesas, nem sempre as pessoas recebiam o total. Mas, neste momento, com esse aumento, as pessoas vão passar a receber o total e, creio eu, poderão melhorar significativamente a sua situação. Também estive nas pensões agora em Fevereiro. Estive em duas dessas pensões. As situações não são das melhores, é verdade. É o que Cabo Verde pode dar neste momento, mas é preciso dizer que é uma minoria que também vive nas pensões. Com isso não estou a dizer que não podemos melhorar, mas a embaixada está a fazer um esforço e já há um trabalho nesse sentido. Por último, a questão dos doentes que estão em Portugal e que a Junta diz para regressar. Sr. Deputado, nessa matéria penso que nós todos devemos ser intransigentes. Para que haja vaga, para que quem estiver doente em Cabo Verde possa ir é fundamental que quem estiver lá e que não esteja a fazer nada regresse a Cabo Verde. É por isso que a Junta vai duas vezes ao ano a Portugal para fazer a triagem, para que aqueles que possam fazer tratamento em Cabo Verde possam regressar.

48 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Monteiro, para que efeito deseja usar da palavra?

Sr. Deputado António Monteiro (UCID): - Talvez uma intervenção ou um esclarecimento.

Sr. Presidente: - Fica inscrito, Sr. Deputado. Todos estão inscritos também. Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Santos.

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): - Sra. Ministra ta kustuma ser extensa na kumentárius kel ta fazê en relasãu a intervensãu de Deputades na Períude de Antes da Orden du Dia. Oje pur akazu el surpreende-m, purke N ta otxa ke el konkorda ku mi kantu N fla, aliás N ta até persebe purke ki el ka referi a ise, ke u ke ten side feite na Cabo Verde, na Boa Vista en partikular, é propaganda pa un partidu perpetua na puder y pa prumusãu de un ministre a Prezidente da Repúblika. No ta entende purké ke el ka referi a ise. El ten interesse, el feka kontente, de serteza, pa akuzasãu ke N fazê.. N sabê ke el feká kontente ku es akuzasãu ke N fazê, ke u ke akontesé na Boa Vista é propaganda pa un kandidatu a Prezidente de Repúblika. Purtantu, N ka mesté fla mas, se el kizer pa N ser más explísitu N ta ser purke N ta gostá de ser ben entendidu. E fla ma nu ka entende ma N ta gosta de ser ben entendidu. So Sra. Ministra é ki ten duvida neste País de ke mi é un sidadãu boavistense mute interesadu y un lutador pa Boa Vista. E so na Sra. Ministra ke ise ten pasadu despersebidu. Mas é nha dever, é ka é nenhun favor. Isu é grave, purki Sra. Ministra ten u dever di ser un kabuverdiana atenta pur kauza de responsabilidade de Sra. Ministra nes País. Moda obra ke es Guverne ta fazê neste País, tude kel propaganda ta da ideia me un benéfese, me un favor ke es ta fazé. Nau, é obrigasãu. Os governos são eleitos para governarem, para realizarem obras. Konde es ta fazé kel data de propaganda ta konpara-nu ma el ta ta fla nau, nu ta fazé pamodi no kris, o pamodi nos e bon. E ka pamodi e nos dever de fazé. Nau, Sra. Ministra. Mas se Sra. Ministra kizer pa N ser mas esplisitu en relasãu a primera parte de nha intervensãu, N ta ser pa el pode feká mais esklaresida en relasãu a u ke N fla.

Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sra. Deputada Fernanda Burgo.

Sra. Deputada Fernanda Burgo (MPD): - Para dizer que hoje fiquei contente com a Sra. Ministra porque parece-me que já se informou sobre o nome da estrada que irá ser construída na Brava. Da outra vez ela me tinha dito que era a estrada do Salto e eu disse que na Brava não há nenhum local com este nome. Relativamente à estrada de Lomba Tamtum, foi terminada e aberta no ano 2000. A partir desta data, durante as campanhas eleitorais abre-se obras um mês ou dois, depois das eleições fecha-se de novo. Por isso está-se a

49 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 arrastar desde o ano de 2000. É esse o problema que coloquei aqui a e senhora há-de convir comigo. Quanto ao porto (a não ser se o Governo irá fazer o porto num outro local porque o Porto da Furna está lá), carece de melhorias. Este Governo prometeu há cerca de 10 anos, estamos todos à espera. Se começar agora também fico contente. Quero ver a minha ilha desenvolvida. Não falei sobre a universidade porque durante a governação do MPD a Brava não tinha uma escola secundária e pelo que sei, as crianças com sexta classe não entram na universidade.

Aplausos da Bancada do MPD.

Era necessário criar condições para uma escola secundária e o Governo perdeu as eleições porque, apesar de criar condições para a escola secundária, não se conseguiu fazer um liceu de raiz, perdeu para que o Governo que entrasse fizesse melhor. Ficou na mesma até ainda. Nada fizeram. Para a Brava nada fizeram estão até ainda na escola secundária. Está na mesma ou, se calhar, até mais deteriorada. Quanto ao barco, também no ano de 2000, durante as campanhas, o Primeiro-ministro tinha prometido à população da Brava que dentro de um ano chegaria um barco que já tinha sido iniciado a sua construção em Holanda e que faria ligação de Cabo Verde em 24 horas.

Aplausos da Bancada do MPD.

Estamos há 10 anos à sua espera e surgiu a iniciativa privada do Fast Ferry, estamos também à espera há quatro anos. Por isso que coloquei na minha intervenção que estamos aqui à espera e agora vamos ver para crer porque já não vamos acreditar em promessas de que vai vir. Parece-me que por hoje vou ficar por aqui.

Aplausos da Bancada do MPD.

Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sra. Ministra da Presidência.

Sra. Ministra da Juventude, Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares: - Sra. Deputada, falei da universidade, como a senhora deve depreender, não posso ter essa visão curta, muito limitada. Não posso pensar só em liceus, não é? Tenho que pensar no futuro, nos jovens. A senhora colocou-me a perspectiva dos jovens. Agora, que os adolescentes não saem da 6ª classe e entram na universidade, alguém lhe deve ter soprado isso…

Protestos da Bancada do MPD.

…porque parece que descobriu uma pólvora hoje nesta Casa Parlamentar, secundada pelas palmas dos seus colegas. Pensamos nas universidades porque temos essa visão de futuro. Exactamente! Não se fala na integração de todas as ilhas? Não se fala em igual oportunidade para todos os jovens? Falo a nível nacional. Não estou a falar a

50 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 nível regional. Não! O Governo existe para todo o Cabo Verde. Não é só para a Brava, para o Fogo, São Nicolau, São Vicente, Santiago, não! Quando a senhora diz que já prometemos muita coisa, já prometemos sim e já estamos a fazer. Mas vocês têm de ter alguma sintonia no vosso Grupo. Alguns Deputados acusam-nos de fazer demais e de divulgar demais. Outros acusam-nos de não fazer. Vocês têm de saber qual é a posição que assumem para poder haver alguma sintonia. Mas, exactamente porque já fizemos muito mas temos muito para fazer, não fizemos tudo, Sra. Deputada, em nenhum momento eu disse isso, nem poderia. Por isso é que é necessário que Cabo Verde continue a ter esse Governo para continuarmos a fazer…

[Com o microfone fechado, os Deputados da Bancada do MPD disseram: “Ohhhhhhhhhhh”.]

Aplausos da Bancada do PAICV.

…porque convosco, se tiver o MPD e, salvo o devido respeito, a senhora continuará somente a pensar em escolas secundárias. Nós pensamos em universidades. Aí é que está a diferença entre o MPD e o PAICV.

Aplausos da Bancada do PAICV.

É que vocês têm uma visão do presente apenas, com resquícios do passado. Nós construímos hoje o futuro. Essa é a diferença.

Aplausos da Bancada do PAICV.

Sr. Presidente: - Sra. Deputada Fernanda Burgo, para que efeito deseja usar da palavra?

Sra. Deputada Fernanda Burgo (MPD): - Para dar um esclarecimento.

Sr. Presidente: - Faça o favor!

Sra. Deputada Fernanda Burgo (MPD): - É só para dizer à Sra. Ministra que ela está a distorcer totalmente o que eu disse. Está a distorcer. Não tenho uma visão curta, mas sei que para termos universidade é preciso alicerces e os alicerces se constroem. Relativamente às obras que estão feitas na Brava, também sei que este ano foi proclamado o ano da Brava, como já tinha sido feito em 2004 também, no último ano do primeiro mandato. Mas gostaria de dizer que o Governo que proclama o ano de um concelho, sendo o último ano do mandato, isto não é governação. Tem um nome muito específico e que não vou dizer porque tenho respeito a este Parlamento.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Rui Semedo.

51 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Deputado Rui Semedo (PAICV): - É a propózitu di propaganda ke MPD ten tanbe un sertu apegu a el. Antes MPD ta falaba txeu di propaganda enganoza má agora ki ten tudu es realizasoins, es propaganda deixa de ser enganoza purki dja é kada vez mas realidadi, é mas faktu y nu ben sisti li Deputadu José Luís Santos agora ta ben fala di propaganda en relasãu a obras ki sta ser realizadu na Boa Vista. Si é un obra ki sta ser reivindikadu dja ten txeu tenpu, puzison mas kureta éra ben li, N ka fla pa felisita Guvernu nen pa agradese purki Guvernu ten konsiensia di se obrigasãu, di se pruposta eleitoral y dja ten txeu tenpu ki e sta ta trabadja nes prujetu. N fika ku inpresãu ma, pa Deputadu José Luís Santos, ta fikaba konvenienti ki Guvernu ka enkontrasi solusãu pa realizasãu di kes obras. Komu Guvernu dja enkontra solusãu pa realizasãu di kes obra, agora é propaganda en tornu di obra. Nu ten serteza ma, dentu di poku tenpu, Sr. Deputadu José Luís Santos ta sta li na Parlamentu ta pergunta prazu di konkluzãu di obra.

Risos da Bancada do MPD.

Kuandu e ta aranka, kuandu e ta konklui y si demora mas un bokadinhu e ta pidi data de inaugurasãu. Pamodi asi ki kontise ku aeroportu. É asi ki kontise ku aeroportu di Boa Vista. Purtantu, es diskursu li dja nu sta abituadu a el. É klaru ke ben fala agora di propaganda relasionadu ku kandidaturas, etc. Nau! Tudu sidadãus na Cabo Verde ten direitu di kandidata a kualker ki seja órgaun li y nos nu ten es rikeza na PAICV di ten várius kandidatus. Y nu ten tanbe es otu kiston ki é di várius kandidatus konfronta ku Deputadus li na Parlamentu pamodi kandidatus, tudu es, ten asentu parlamentar y di akordu ku konveniensia ta ba ta atakadu kandidatu. Dja foi atakadu li Prezidenti di Asenbleia purki era kandidatu, dja foi fladu li…

Risos da Bancada do MPD.

…dja foi atakadu David Hopffer Almada, tanbe pamodi é kandidatu. Purtantu, di akordu ku mumentu y di akordu ku konveniensia ta ben es ataki. Dja nu sta ta spera es atakis y N ta atxa agora ma un mau forma di faze pulitika purki ningen ka pode ser kondisionadu na se ezersisiu pur kauza di se opson y di se eskolha. Sidadãus é livris. MPD pode tanbe ka tene kandidatu o pode sta trás di ses kandidatus, mas a-nos nu ka ten kulpa si MPD ka ten pesoas disponíveis pa kandidata nes mumentu o si MPD tene tanbe se prublema pa rezolve en tornu di es kandidatu. Mas nu ka ten kulpa inkluzivi si líder di MPD sta ku un odju na fijon un odju na melon.

Risos da Bancada do MPD.

Nos, nu ka ten kulpa. Di maneira ki nu ta konsidera ma ka ta faze sentidu ben kondisiona pesoas en relasãu a kestãu di propaganda. A-nos mas di ki propaganda nu ta realiza y es obras ta fala pa se nomi y populason di Cabo Verde konxe-s mutu ben.

52 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Aplausos da Bancada do PAICV.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Monteiro.

Sr. Deputado António Monteiro (UCID): - Sr. Ministro de Estado e da Saúde, ouvimos com agrado a sua explicação, mas a nossa preocupação ainda continua porque tivemos conhecimento de vários casos e pessoas que nos mostraram os documentos, pelo menos que estão ainda em tratamento. Dois deles vão ser operados agora, ao joelho (não vou dizer nome porque não vale a pena) e foi-lhes dado alta para virem para Cabo Verde. Ora, não consigo entender, se está um médico ou uma equipa médica a seguir um paciente numa unidade hospitalar portuguesa em que esta equipa médica entende que esse paciente deve continuar o tratamento ali e vai uma equipa médica de Cabo Verde dizer que ele não pode continuar o tratamento ali porque tem que regressar. Não consigo entender isso porque o médico, se está a seguir o paciente, tem essa prerrogativa de entender quando é que ele deve conceder alta médica a este paciente. Não pode intrometer no sistema um outro médico. De forma que são estas as questões que penso que devem ser analisadas em função de cada situação.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Santos.

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): - Primeru pa N pontualizá un koza: na intervensãu de Deputadu Rui Semedo, e fla ma Hopffer e kandidatu, ma Aristides era kandidatu…

Risos e aplausos da Bancada do MPD.

Nos nu ka sabe ken é kandidatu, pa nos tude es é sidadãus ke podê, a kalker mumentu, asumí un kandidatura ma mi N ka sabê si Prezidente de Assembleia Nacional era kandidatu o se el é kandidatu. N sabe ke el manifestá vontade o intensãu de ser kandidatu y el é un sidadãu en plenu gozu de ses direitus, se el kizer faze-l, el é livri pa faze-l. Agora, “un é, ote era” aí no ka sabê. Sr. Deputade da un eru li (N ta otxa ke é un eru purke nu sabê ke é informasoins ke el tem). El fla ma MPD ka ten kandidatu y é verdadi purki kandidaturas pa prezidentes de Repúblika, el sabê mute bem, ki es ka é partidáriu…

[Com o microfone fechado os Deputados da Bancada do MPD disseram: “Muito bem”.]

Aplausos da Bancada do MPD.

…mas, se el ka sabê el ta feká ta sabê, MPD ka ten kandidatu efetivamente. MPD pudé ben apoiâ un sidadãu ke manifesta es intensãu. Si PAICV ten kandidatus é ses prublema purke es ta abituade na ratxâ Konstituisãu, purtantu é pusivel ke es asumí un kandidatura a Prezidenti di Repúblika.

53 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Deputade é espesialista ás vezes nalguns intervensoins ke el ta fazé...Nau! Zé Luís ta kontinuâ ta izersé se funsãu livremente y responsavelmente y Zé Luís é un pesoa trankuile, un sidadãu konprometide ke Cabo Verde y ke se ilha y ki ta kontinuá, independentemente de tude tentativa de kondisiona-l, ta izersé serenamente se papel ke pove de Cabo Verde y de Boa Vista - se sírkulu electoral - konfía-l. Y es konfía-l purke es sabé ke el ta pode da-l.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado pode concluir.

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): - Sr. Prezidente, pa termina, sentru de nha intervensãu foi poste na eráriu públiku deste país. O seja, a partir de mumente ke Sr. Ministre Inocêncio fla, na São Vicente, ke depôs de kel manifestasãu de konfiansa el ka ta defraudá pesoas ke sta ta apoia-l, na kel sélebre jantar, purtantu N ta pensa, ke sendu el un Ministre des país ke responsabilidade ke el tem, ku es atitudes de propaganda ke el ten estode ta fazê na Cabo Verde é pa prumusãu pesoal de se kandidatura à kusta de eráriu públiku nasional. É isu ke N fla.

Aplausos da Bancada do MPD.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Rui Semedo.

Sr. Deputado Rui Semedo (PAICV): - Nu ta valoriza es abilidade de Deputade José Luís Santos. El foi de faktu abilidozu, isu é bon tanbe pa Parlamento, mas na nenhun mumentu nu ka tinha fladu ke Deputadu y Prezidente de Asenbleia, Aristides Lima era kandidatu. Nunka nu fla isu. Nu fla tanbe ke dje foi vítima di ataki li y nes kazu li Deputadu di Bankada di MPD ataka-l diretamenti nomeadamenti Deputadu Mário Fernandes ke el komu el é kandidatu, etc. y otus Deputadus ki ten fetu tanbe à sokapa o diretamenti- Ten tidu várius. Mas nos, na nos esfera – y kela é un otu kestãu tanbe pa klarifika - na esfera di PAICV dja emerji várias figuras ke potensial kandidatu - pamodi kandidatu a prezidensia da Repúblika, na fin, pode ser un -. Djes manifesta na esfera di PAICV. Taun natural komu isu. Kandidatura a Prezidensia da Repúblika el é di bazi di sidadania. Tudu nos, nu sabe. Mas e ta emerji di diversas esferas y ten sidu Carlos Veiga na ladu di MPD y nos dja nu tevi dos mandatu ku Pedro Pires ki é di esfera di PAICV. Emerje di sidadania mas ku apoiu di PAICV. Mais: si mi dja N kumete es krime, si e ta konsidera ke dja N kumete un grandi krime, ki krime teria kometidu kuandu Jorge Santos fla ma se kandidatu a Prezidenti di Repúblika ma era Carlos Veiga, ma el era kandidatu a líder di MPD?

Risos da Bancada do PAICV.

Di kualker manera, nu entende ma kuzas baradja né? Afinal nen Deputadu Jorge Santos ka fika na lideransa di MPD nen Carlos Veiga ka fika na pusibilidade de kandiata vizivelmente, u ki e fla…

Risos da Bancada do PAICV.

54 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

…a kandidatu a Prezidenti di Repúblika. Carlos Veiga tevi ki enpura-l, toma-l lugar, e fika pa líder partidáriu y u ki Jorge teria fladu kai pur téra, mas el dje tinha fladu ki MPD, ku el Jorge Santos, se kandidatu é Carlos Veiga. Si MPD ten direitu a ten kandidatu modi ki otus até pode ka ten direitu a fla,? Mas, di kualker manera, N ten konsiensia klara ke kandidatu a Prezidenti di Repúblika é di bazi di sidadania y partidus ta deside deklara se apoiu y kes kandidatu ta surji na un sosiedadi ki pilaris de demokrasia é partidu, kes kandidatu pode emerje di esfera partidária moda ten sidu tradisãu o pode emerji pura y sinplismenti di esfera independente. Má, até agora nu ka ten tidu un tradisãu di kandidatus apoiadus pa Partidus ki emerji di esfera tutalmenti independenti. Y es kestãu é tau natural y PAICV mas un vez ta demonstra ki, na esfera di PAICV, di faktu, ten txeu pesoas ku rekursus ki pode ser kandidatu a Prezidenti di Repúblika y isu é un grandi rikeza, isu é bon tanbe pa País ki un partidu esteja preparadu pa izerse tudu funsoins y tudu kargus ki é pusivel izerse na un País.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e da Saúde.

Sr. Ministro de Estado e da Saúde: - Lamento que o Deputado Monteiro tenha ido embora sem ouvir a resposta.

Sr. Presidente: - Já regressou.

Sr. Ministro de Estado e da Saúde: - Ia lamentando! Queria fazer um apelo a todos para não politizarmos essa questão de evacuações porque é uma matéria extremamente delicada e difícil. Toda a gente quer ficar em Portugal, mas, para cada um que fica lá há um cá que não vai. Uma questão de justiça e os médicos cabo-verdianos, até prova em contrário, são competentes para dizer, se alguém que está em Portugal tem condições de continuar o tratamento em Cabo Verde ou não. É um apelo que faço porque não é de ânimo leve que decidimos que uma pessoa que esteja em Portugal deve vir para Cabo Verde. Se está à espera da operação até pode vir esperar em Cabo Verde. O que não podemos aceitar é que uma pessoa fique em Portugal durante cinco anos à espera de uma operação. Vem para Cabo Verde e espera a intervenção cá e logo que for marcada a pessoa vai outra vez e abriremos uma vaga para que aquele que estiver mal em Cabo Verde possa ir fazer o seu tratamento. É um apelo que faço a todos, que essa gestão é feita com responsabilidade e com espírito humano.

Sr. Presidente: - Terminamos aqui o período da manhã e vamos retomar às 15 horas. Está suspensa a Sessão.

[Eram 13 horas e 11 minutos.]

------

[Após a suspensão]

55 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

[Devido a problemas técnicos, uma pequena parte da intervenção (início da sessão) não ficou gravada, pelo que tem continuidade conforme se segue].

Sr. Presidente: - … ocupassem os respectivos assentos na Sala. Anuncio o período das perguntas dos Deputados ao Governo. Estão nove Ministros convocados. O primeiro membro do Governo a responder às perguntas dos Deputados é o Sr. Ministro de Estado e da Saúde. Ele tem perguntas dos Srs. Deputados Alexandre Lopes, Lídio Silva, Mário Fernandes e Pedro Furtado. Sr. Ministro pode dirigir-se à tribuna. Tem a palavra o Sr. Deputado Lídio da Conceição Silva para colocar duas perguntas ao Sr. Ministro. Tenha a bondade.

Sr. Deputado Lídio Silva (UCID): - Na sessão Plenária de Junho do ano findo comprometi-me com a vossa excelência colaborar na procura de espaços que pudessem servir como possíveis alternativas para a construção da delegacia de saúde de São Vicente, com a finalidade única de preservar a casa do Dr. Adriano Duarte Silva. Uma vez cumprida a minha parte, pretendo saber se o Governo já decidiu e qual foi a sua decisão. Segunda pergunta, tendo em conta o elevado esforço financeiro que o Estado vem fazendo para evacuar doentes para fazerem hemodiálises em Portugal, acrescido dos custos sociais dos pacientes e dos seus familiares, pretendo saber se já há um timing para a entrada e o pleno funcionamento da unidade de hemodiálise em Cabo Verde.

Sr. Presidente: - Para responder tem a palavra o Sr. Ministro.

Sr. Ministro de Estado e da Saúde: -

Sr. Presidente, Srs. Deputados:

Sr. Deputado Lídio Silva esta pergunta estava prevista para a sessão anterior, se não me falha a memória, e tenho cá uma nota, não sei se terá chegado às mãos do Sr. Deputado, do dia 2 de Março, portanto logo a seguir à sessão onde eu procurava dar-lhe a resposta, não sei se chegou a receber…

[Com o microfone fechado o Sr. Deputado Lídio Silva (UCID) disse “Não recebi”.]

… Não recebeu! Mas de qualquer forma todas as perguntas que eu tinha para a sessão anterior procurei dar as necessárias respostas aos Srs. Deputados. De modo está, cá presentes diria eu o seguinte: efectivamente recebi a sua proposta, contribuição, indicando vários terrenos que poderiam servir para a instalação, na sua óptica, como é evidente, da delegacia de saúde de São Vicente. Infelizmente aqueles terrenos não estão disponíveis. Procuramos tratar com as instituições que se ocupam desta matéria e esses terrenos não estão disponíveis e como tal nós, pelo menos, no ministério da saúde não temos nenhuma outra alternativa, nesse momento, que não seja esse espaço que já

56 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 tinha sido identificado, que é o do Dr. Duarte. Não temos casa da torre como dizem. Portanto não tenho outra alternativa nesse momento em relação à primeira pergunta. Mas, de todo o modo, como eu lhe dizia na carta, agradeço o esforço que o senhor fez, por que eu vi que o senhor está interessado em apoiar o Estado para encontrar uma saída, uma alternativa, mas infelizmente até esta não temos nenhuma outra alternativa. Esses terrenos que apontou não estão disponíveis, pelo menos não podemos ter acesso aos mesmos. Em relação à hemodiálise, pede para dar-lhe um timing preciso para a instalação da hemodiálise. Infelizmente não lhe posso dar, Sr. Deputado, como compreenderá, é um processo que está em curso, vimos trabalhando nesse dossier há já algum tempo. Ainda há dias conseguimos dar um bom passo, instalando duas máquinas para casos de emergência, situações agudas, nos dois hospitais centrais de São Vicente e da Praia, que já um passo importantíssimo. Ainda na semana passada esteve cá… porque estamos a trabalhar com uma equipa portuguesa, há uma comissão mista entre técnicos portugueses e cabo-verdianos a trabalhar esse dossier de alguns anos a esta parte, ainda na semana passada esteve cá a parte portuguesa e houve uma reunião para se apreciar o andamento dos trabalhos no que concerne à elaboração do projecto que está em curso. Já temos o espaço identificado no Hospital Agostinho Neto onde iremos edificar o serviço de hemodiálise. Penso, não gosto de dar prazos em público, que ainda no decurso deste ano teremos o projecto, poderemos lançar o concurso ainda no decurso desse ano, concurso de construção do espaço. Penso, mas o senhor sabe que não dominamos todos os elementos, que todo o ano de 2011 Cabo Verde poderá ter o seu serviço de hemodiálise a funcionar. Esses são os elementos, não lhe posso dizer que será em Maio, Junho, porque essas coisas sabem como é que são… e depois o Ministro vêm cá faz afirmação, não é o seu caso, mas imediatamente é cobrado como alguém que não cumpre ou alguém que esteve a enganar os Deputados ou a opinião pública. De modo que o que lhe poderia dizer em relação à hemodiálise é isso, mas eu creio que o que fizemos há dias já foi um passo importantíssimo, tive a oportunidade de ver pessoas a fazer hemodiálises, quer em São Vicente, quer na Praia e isso é, mesmo para os técnicos, formamos um grupo de quatro enfermeiros, temos dois nefrologistas também que estiveram em Portugal, portanto aquele mínimo para as situações de emergência já temos e isto é extremamente importante. Agora vamos avançando, trabalhando para ver se no decurso de 2011 Cabo Verde poderá ter o seu serviço de hemodiálise que muita falta nos faz efectivamente.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Monteiro deseja a palavra para que efeito?

Sr. Deputado António Monteiro (UCID): - Para fazer uma pergunta adicional.

Sr. Presidente: - Faça o favor.

57 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Deputado António Monteiro (UCID): - Sr. Ministro é para na questão da casa do Dr. Adriano Duarte Silva, dizer que pensamos que há soluções na cidade do Mindelo, porque há espaços, inventariamos espaços, o Sr. Ministro disse e bem que esses espaços alguns podem estar ocupados, mas mesmo aqueles que estiverem ocupados Mindelo tem muito espaço ainda. Quer dizer, vir tirar da história do povo cabo-verdiano os ilustres pensadores deste País, eliminando pelo menos a casa deles, penso que nós perderíamos muito com isso, Cabo Verde perderia muito com isso. De forma que, queremos dizer ao Sr. Ministro que há ainda possibilidade de haver muitos espaços em São Vicente para a construção dessa delegacia de saúde.

Sr. Presidente: - Sra. Deputada Filomena Martins deseja a palavra para que efeito?

Sra. Deputada Filomena Martins (PAICV): - Para fazer uma pergunta suplementar.

Sr. Presidente: - Faça o favor.

Sra. Deputada Filomena Martins (PAICV): - É para perguntar ao Sr. Ministro da Saúde se o Ministério da Saúde ou o Governo ainda não fez nenhuma pesquisa, nenhuma acção no sentido de saber se há ou não mais terrenos livres em Mindelo que sirvam à finalidade da delegacia de saúde, primeira questão. O segundo aspecto é precisamente perguntar se o Ministério da Saúde não terá em consideração ao conceber a delegacia de saúde, uma vez que já o disse publicamente, mas quero que isso fique muito claro, o lado histórico deste espaço? Se levará ou não em consideração.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro.

[Com o microfone fechado, um Deputado do PAICV pede a palavra para uma pergunta suplementar.]

[Não se ouve o Sr. Presidente a passar a palavra ao respectivo Deputado.]

Sr. Deputado Miguel Costa (PAICV): - Sr. Ministro, já agora que estamos nesse assunto, como o povo de São Vicente há muito tempo que está a aguardar o arranque dessas obras, eu gostaria de saber se vamos arrancar ainda nesse período trimestre ou vamos esperar para o segundo trimestre para começar essas obras.

Sr. Presidente: - Não há mais nenhuma questão suplementar? Não sendo este o caso, tem a palavra o Sr. Ministro.

Sr. Ministro de Estado e da Saúde: - Evidentemente, em relação à questão do terreno para a construção do centro de saúde de Mindelo, aliás uma

58 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 questão que se vem arrastando desde há muito, preciso dizer que temos o recurso previsto, estamos com quase um ano de atraso a volta desta questão de terreno. É preciso dizer o seguinte, Deputado Monteiro, a instituição que gere os terrenos e que nos concedeu esse mesmo é a câmara municipal, porque não havia outros terrenos. Das trocas de notas que tivemos com a câmara este é o terreno que foi posto à nossa disposição para a construção do centro de saúde, com o argumento de que ficaria bem localizado neste espaço. Inclusive perante a argumentação que tem sido apresentada sobre o valor histórico do edifício dissemos que poderíamos ver como - não sei, não sou técnico, não sou especialista da área - fazer uma espécie de maquete, de um busto, algo que fizesse relembrar essas pessoas que viveram nesses espaços, que tivesse também um valor histórico, um valor simbólico. Seria algo que estaríamos abertos a discutir e a ver como conciliar esses vários interesses. No entanto, tenho de dizer-lhe o seguinte: São Vicente tem que ter o seu centro de saúde, não podemos adiar mais essa questão. Penso que não devemos adiar essa questão. Já perdemos mais de um ano. O concurso já foi feito, já foi decidido que empresa vai fazer a construção. De modo que, penso que adjudicação deverá ser feita muito em breve e, uma vez feita, penso que as obras poderão começar a qualquer instante, mas não tenho todos os elementos nesse momento. Das últimas conversas que tivemos com o MIT tudo aponta nesse sentido, que o início da construção está para breve. Mas eu queria lhe dizer, se tivéssemos um outro terreno disponível, num sítio que nos desse satisfação, evidentemente que teríamos optado, não é por casmurrice, não é por teimosia que pretendemos construir naquele espaço. É que não temos outro espaço, esse foi o que foi posto à disposição do Ministério da Saúde, não temos outro. Já agora, aproveito para dizer, inclusive… há uma pergunta, à frente continuaremos. De maneira que, Sr. Presidente, eram essas, de um modo geral, as considerações que eu queria fazer em torno da questão do centro de saúde de São Vicente e pedir o apoio das pessoas para ultrapassarmos essa situação e dotarmos São Vicente de uma delegacia de saúde funcional que dignifique essa ilha.

Sr. Presidente: - Sr. Ministro, a Sra. Deputada Filomena colocou uma questão, não sei se já respondeu!

Sr. Ministro de Estado e da Saúde: - Respondi.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Alexandre Lopes.

Sr. Deputado Alexandre Lopes (PAICV): - Queria perguntar ao Ministro do Estado e da Saúde quanto ao problema do centro de saúde de Monte Sossego em São Vicente. Como sabemos o centro de saúde de Monte Sossego vem funcionando no primeiro andar de uma casa alugada há alguns anos. Com o incremento da eliminação de barreiras arquitectónicas nos vários serviços públicos - de forma a facilitar o acesso de pessoas idosas, debilitadas e deficientes físicos - não faz sentido continuar nestes tipos de infra-estruturas,

59 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 pergunto ao Sr. Ministro para quando adoptar o referido centro da sua própria instalação, com as devidas recomendações exigidas.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro.

Sr. Ministro de Estado e da Saúde: - Efectivamente o centro de saúde de São Vicente é outro bico-de-obra que temos ali por causa do terreno, mais uma vez o terreno. Quando entrei no Ministério da Saúde encontrei essa ideia de construção do centro de Saúde de Monte Sossego. Puseram à nossa disposição um terreno que é contíguo ao polivalente de Oeiras, junto a uma pracinha que há entre a escola e o polivalente de Oeiras. Os técnicos - quer do MIT, quer do Ministério da Saúde - entenderam que não era o espaço mais adequado para a implantação de uma estrutura de saúde. Houve uma série de negociações entre o Ministério da Saúde, MIT e a câmara municipal e a verdade é que acabámos, inclusive, por fazer uma proposta à câmara no sentido de nos disponibilizar o terreno onde está hoje o mercado de Monte Sossego. Esse terreno poderia perfeitamente… está aberto, é um terreno isolado, poderia servir perfeitamente e em Monte Sossego não há mais nenhum terreno disponível. O único terreno disponível nesse momento é esse mercado, pois segundo consta o que está encostado a Oeiras, por um lado, já não serve, por outro, não sei se não teria tido um outro destino, mas na verdade é que neste momento estamos sem terreno em Monte Sossego, e um bairro como Monte Sossego tem de ter um centro de Saúde, necessariamente. O Ministério da Saúde está aberto, desde há muito, para encontrar essa solução, mas infelizmente temos esse óbice que é a inexistência de terreno. De modo que, se os Deputados de São Vicente puderem ajudar-nos, particularmente junto à câmara municipal, no sentido de ser disponibilizado um terreno, de preferência esse mercado, evidentemente que avançaremos imediatamente com o projecto, porque Monte Sossego tem necessidade. Estou inteiramente de acordo com o Sr. Deputado Alexandre que esse espaço onde nos encontramos nesse momento, de facto, não oferece condições nenhumas para os pacientes, infelizmente não temos outro e estamos a utilizar esse.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado tinha mais uma pergunta. Quer colocá-la?

Sr. Deputado Alexandre Lopes (PAICV): - Os técnicos de Saúde do Hospital Baptista de Sousa enfrentam algumas dificuldades quando se trata de assuntos direccionados para o departamento dos recursos humanos. Nesses últimos dias os funcionários estiveram aflitos para enviarem alguns documentos para o referido departamento na Praia, porque o Hospital Baptista de Sousa - que é um hospital central - ainda não dispunha de um departamento para o efeito. Perguntamos ao Sr. Ministro se já não é altura para ter um departamento dos recursos humanos nos diversos serviços desconcentrados do ministério?

Sr. Presidente: - Sr. Ministro tem a palavra.

Sr. Ministro de Estado e da Saúde: - Evidentemente que sabemos disso, mas o problema, Sra. Deputada, é que nem sempre conseguimos resolver todos os problemas e as limitações de recursos disponíveis. O senhor

60 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 sabe como é… mas estou de acordo consigo, temos que fazer um esforço nesse sentido, sobretudo nesses espaços que têm maior número de quadros para irmos melhorando o nosso desempenho nessa matéria. É algo que iremos discutir com a direcção do hospital para vermos como poderemos melhorar.

Sr. Presidente: - Há uma pergunta do Sr. Deputado Mário Fernandes, mas está ausente. Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Furtado.

Sr. Deputado Pedro Furtado (PAICV): - Sr. Ministro, o novo centro de saúde do Tarrafal, concluído há sensivelmente três anos, está ainda de portas fechadas devido à falta de construção da via de acesso. A abertura do referido centro ajudará a melhorar a qualidade da prestação dos serviços de saúde no concelho, mas também permite recuperar este grande investimento, que neste momento se fica com a sensação de que está ao abandono. Por isso a questão que se coloca é a seguinte: porquê que não se abre o centro com a via existente, ou seja, a estrada de terra batida que lá se encontra, enquanto se aguarda a construção de acesso.

Sr. Ministro de Estado e da Saúde: - Efectivamente dissemos também, na sessão anterior, o Deputado Mário Fernandes fez a mesma pergunta e tínhamos respondido, dando os necessários esclarecimentos. Reconhecemos o atraso que tem havido na abertura desse centro de saúde, sobretudo por causa da ligação viária. Neste momento… mas o importante, creio eu, é que as dificuldades estão ultrapassadas, segundo informações que tenho do MIT e que já há uma empresa que muito em breve deve iniciar, já foram feitos os levantamentos, as obras da estrada. De modo que, penso que não durará muito para abrirmos o centro de saúde. Mais uma vez não vou dizer o mês, porque já sabe como é, mas as obras da estrada vão começar em breve. Se tivéssemos pensado que levaríamos tanto tempo, efectivamente a abertura com a terra batida poderia ter sido uma solução, mas agora já esperamos tanto tempo, penso que não vale a pena avançarmos com essa solução quando já temos outra praticamente em vias de operacionalização.

Sr. Presidente: - Há mais algum Deputado que julga ter questões para o Sr. Ministro da Saúde? Tem a palavra a Sra. Deputada Janine Lélis.

Sra. Deputada Janine Lélis (MPD): - Sr. Presidente, as perguntas eu as coloquei na sessão anterior. Por isso quero certificar-me que efectivamente posso colocá-las. Não foram respondidas na sessão anterior por falta de tempo.

Sr. Presidente: - O Regimento diz o seguinte: “As perguntas que não tiverem respostas devido a falta de tempo serão respondidas por escrito pelo Governo, a não ser que os interessados informem à Mesa, antes do fim do período em curso, que desejam retirar as perguntas.” A Sra. Deputada não está na lista das perguntas, mas se tiver uma questão objectiva…

61 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sra. Deputada Janine Lélis (MPD): - Não, Sr. Presidente vou seguir conforme o Regimento.

Sr. Presidente: - É que também seria regimental que o Presidente permitirá que outros Deputados coloquem questões suplementares desde que não causem perturbações à condução correcta do período reservado às perguntas…

Sra. Deputada Janine Lélis (MPD): - Neste caso eu insisto, Sr. Presidente.

Sr. Presidente: - Faça o favor.

Sra. Deputada Janine Lélis (MPD): - Sr. Ministro da Saúde, gostaria de perguntá-lo para quando se prevê a entrada em funcionamento do Hospital Regional do Sal.

Sr. Ministro de Estado e da Saúde: - A senhora também não recebeu a resposta? Não sei o que se terá passado, a nota do dia 2 de Março.

Sra. Deputada Janine Lélis (MPD): - Confirmo que não recebi nada.

Sr. Ministro de Estado e da Saúde: - Dir-lhe-ia, Sra. Deputada, que estamos a trabalhar o quanto antes para abrir o hospital. Para quando tenho alguma dificuldade. Estamos na recta final, está-se a fazer os arranjos externos, só falta em termos de equipamentos ligados à construção, disseram-me que só falta os gases medicinais que já estão em Cabo Verde, estão na Praia e devem ser transportados para o Sal. Em princípio os equipamentos clínicos e de secretaria etc, estão em processo ede aquisição. De modo que penso que em breve teremos o hospital funcionando.

Sr. Presidente: - A Mesa agradece ao Sr. Ministro e aos Srs. Deputados que colocaram questões. Anúncio a vez do Sr. Ministro do Estado, das Infra- estruturas, Transportes e Telecomunicações. Há onze Deputados que colocaram perguntas. O primeiro é o Sr. Deputado Arlindo Silva, tenha a bondade.

Sr. Deputado Arlindo Silva (PAICV): - Sr. Ministro, es bes N ka sta ben kuloka purgunta sobri fexu di anel di strada di Maio, purke sta ben avansadu na kel ki N konstata na terenu. Purgunta sa ta bai ligadu un trosu di strada entre Calheta y Morro. Dja ten três anu ki N lebaba Sr. Ministru pa la, pa odjaba kel Ribeira ki ta da asesu Morro – Calheta, undi ki ten la konstruson di un dique y tudu bes ora ki txuba kai, karu ka ta tranzita di Calheta pa Vila, é un priokupason di tudu pisoal di karu y tanbe di tudu populasãu di Maio ki ta sirkula nes via duranti txuba. Ago, purgunta ki N sta faze pa Ministro é si es anu es trosu di strada, prinsipalmenti es pasadera, ta bai ten milhoria pa parti di Guvernu. Era isso.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro.

62 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Ministro de Estado, das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações, Manuel Inocêncio Sousa: - Sr. Deputado Arlindo Silva, na verdade a construção do dique, a que se referiu, acabou por criar esse problema, de inundar a passadeira da estrada quando chove o suficiente, mas já temos instruído a Direcção-geral de Infra-estruturas de, enquanto estivermos no processo de construção da estrada Cascabulho – Pedro Vaz, resolvermos esse problema. Estão a tratar disso, como vamos ter que terminar, vamos terminar certamente a estrada Cascabulho – Pedro Vaz ainda este ano, também resolveremos esse problema no quadro dessa obra. Utilizaremos os mesmos meios disponíveis na ilha para fazer a rectificação do perfil da via para resolver esse problema de passadeira.

Sr. Presidente: - A seguir tem a palavra o Sr. Deputado Clemente Garcia.

Sr. Deputado Clemente Garcia (MPD): - Sr. Ministro, como a vossa excelência sabe, a estrada que liga Variante de Praia Formosa a , uma estrada nacional e carece de uma intervenção. Os motoristas vêm questionando o impacto da taxa de manutenção rodoviária, porque pagam a referida taxa, mas não têm tido resultados visíveis. Neste sentido incumbiram-me de perguntar a Vossa Excelência, quando que efectivamente o Governo vai introduzir melhorias nessa via de acesso, tendo em conta a importância de Praia Baixo no contexto do turismo.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro.

Sr. Ministro de Estado, das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Sr. Deputado já tive a oportunidade de em diversas ocasiões explicar aqui no Parlamento que o programa de manutenção corrente e permanente das estradas, que é financiado pelos fundos do fundo autónomo de manutenção rodoviária, até agora não cobre toda a rede rodoviária nacional, cobre as estradas principais das ilhas maiores que são as de Santiago, Santo Antão e Fogo, essencialmente. Nós, neste momento, estamos a preparar a nova série de concursos, portanto um novo programa para o próximo biénio para a manutenção. Esses contractos estão a terminar ou terminaram já alguns no final do ano, estamos neste momento na fase preparatória do concurso do lançamento do novo programa. Os recursos disponíveis e a melhoria que fizemos, ao longo desses anos, na rede rodoviária nacional vai nos permitir, com os mesmos recursos, estender o programa, cobrindo outras estradas. O programa vai abarcar o maior número de estradas e provavelmente nesse quadro vamos ter a possibilidade de incluir outras estradas em Santiago, caberá ao Instituto de Estradas definir, de acordo com o tráfego de cada uma dessas rodovias, a lista de prioridades das estradas a integrar o novo programa. De qualquer forma já alertei o Instituto de Estradas por essa questão que coloca e mesmo que não haja a introdução dessa estrada no novo programa há sempre a possibilidade de fazermos, como vimos fazendo com as outras estradas, intervenções pontuais de reabilitação.

63 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Essa questão está em agenda neste momento no Instituto de Estradas. Das duas, uma, ou a estrada será enquadrada, isso veremos no final do concurso porque dependerá também das propostas dos empreiteiros, dos custos que serão propostos ou então haverá uma intervenção pontual, como fazemos noutras estradas que não estão cobertos pelo programa de manutenção.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Clemente.

Sr. Deputado Clemente Garcia (MPD): - Sr. Ministro, eu trouxe de novo a questão porque já o tinha colocado antes, mas mesmo assim não tem havido nenhuma intervenção, já agora aproveitava também para pedir a informação se tem na forja também a ampliação, por exemplo, da estrada que dá acesso a Vila - . Como sabe, também, Rui Vaz é uma zona também turística. Como é que está o processo? Se tem alguma informação para avançar sobre isso.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - A estrada Rui Vaz está incluída no programa de manutenção. Está sujeita à manutenção corrente e está bem mantida. Tenho passado lá e está bem mantida.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Austelino Correia tem a palavra.

Sr. Deputado Austelino Correia (MPD): - Sr. Ministro, já que estamos a falar de estradas, gostaria de ter informações sobre a paralisação das obras de toda a estrada que liga Fonte Lima a João Bernardo. Sabemos que há um bom período de tempo que a estrada está paralisada, gostaríamos de ter informações sobre isso.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Sr. Deputado, tenho aqui uma questão de um dos Deputados que colocou perguntas sobre essa matéria, terá a oportunidade de ter esse esclarecimento.

Sr. Presidente: - A seguir, tem a palavra o Sr. Deputado Ernesto Barbosa da Silva.

Sr. Deputado Ernesto Che Guevarra Barbosa (PAICV): - Sr. Ministro, hoje em dia, felizmente, o País vem sendo apetrechado com portos bem equipados e aeroportos internacionais modernos e estes investimentos têm tido um efeito indutor de grande alcance no processo de desenvolvimento das ilhas e do País no seu todo. No Fogo a dinâmica do desenvolvimento poderá conhecer níveis elevados de aceleração com os investimentos que se aguardam acontecer ao nível desses dois sectores. Nesta linha a questão que lhe coloco, Sr. Ministro, é a seguinte: prevê o Governo a ampliação do aeroporto de São Filipe, para que o mesmo venha a receber voos internacionais?

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - O aeródromo de São Filipe tem estado em reabilitação, fizemos uma primeira fase, a reabilitação do terminal e da melhoria da pista existente e, como sabe,

64 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Deputado, temos em processo o lançamento das obras de extensão da pista para 1500 metros. Essas obras já deviam estar em curso, lançámos o concurso recentemente, vamos poder continuá-las muito brevemente. Este é o programa que, por hora, temos para São Felipe, que é a extensão da pista para 1500 metros para melhorar as condições de operação dos actuais aparelhos que servem a ilha que são os ATR-s. Em diversos momentos de encontros com as forças vivas, com os empresários e autoridades locais na Ilha, tivemos a oportunidade de discutir essa aspiração de ver no Fogo um aeroporto internacional, tanto eu como o Primeiro-Ministro nunca nos fechamos a essa ideia e dizemos que quando a dinâmica da economia da ilha assim o justificar, certamente que quem estiver a frente e tiver essas responsabilidades terá que ter em conta a realização desse projecto. Por hora, temos de completar o programa que iniciámos fazendo a extensão da pista.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado José Luís Santos tem a palavra.

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): - Sr. Ministro, tenho duas questões. A primeira é a seguinte: desde Setembro último, altura das últimas chuvas na Boa Vista, as estradas que ligam Rabil aos povoados do Norte ficaram seriamente danificadas. Na altura, a Câmara Municipal fez um levantamento, enviou com fotografias e custos da reparação ao Ministério das Infra-estruturas, até então, sequer a Câmara Municipal foi acusada da recepção da referida nota. Queremos perguntar ao Sr. Ministro se nos pode avançar alguma informação em relação à intenção do Governo em reparar essas estradas. Como sabe, são estradas muito importantes, que por dia circulam muitas viaturas, e a todos os proprietários são também pedidos a colaboração para o Fundo Rodoviário. O senhor sabe perfeitamente que no ano passado o Fundo Rodoviário foi beneficiado com cerca de trezentos mil contos e à Boa Vista deve caber também alguma parte para que as estradas sejam cada vez mais e melhores transitáveis e os utentes das viaturas possam também sentir o efeito deste Fundo. Queria saber o que é que o Governo tem a dizer em relação a essas importantes estradas que ligam Rabil aos povoados do Norte. É a primeira questão. Sr. Presidente, posso colocar a segunda questão?

Sr. Presidente: - Faça o favor, Sr. Deputado.

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): - Sr. Ministro, a Vila de Sal Rei é hoje uma grande vila e cresce a cada dia que passa, nós aspiramos que …

Sr. Presidente: - Sr. Deputado desculpe a pergunta é sobre o saneamento?

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): - O plano sanitário de Sal Rei.

Sr. Presidente: - Não, não é com o Sr. Ministro é com o ambiente.

65 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): - Está bem.

Sr. Presidente: - Sr. Ministro tenha a bondade.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Espero que a informação do Sr. Deputado esteja desactualizada senão o Instituto de Estradas está a reagir com lentidão. O que lhe posso dizer é que há, pelo menos, duas semanas que despachei favoravelmente uma proposta do Instituto de Estradas para a assinatura de um contrato programa com a câmara municipal para a reabilitação da estrada do Norte. Portanto, isto se não está assinado ainda, estará em processo de assinatura.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado José Luís Santos, quer a palavra para que efeito?

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): - Sr. Presidente, é para dizer ao Sr. Ministro que não tenho dúvidas que ainda não foi assinado coisíssima nenhuma e agradeço sinceramente que isso se faça o quanto antes possível porque seis meses depois é tempo suficiente para que o Governo reaja em relação a essa questão da Boa Vista.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - O Governo já reagiu.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Josélito Fonseca.

Sr. Deputado Josélito Fonseca (PAICV): - Tenho aqui três questões dirigidas ao Sr. Ministro de Estado das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações. A primeira, tendo em vista as inúmeras catástrofes que todos os dias se vê por este mundo fora devido, nomeadamente, às alterações climáticas que tornam difíceis de prever quaisquer situações que possam vir a acontecer tais como: inundações, sismos, entre outros e levando em conta as diversas famílias que ao longo dos tempos foram construindo as suas habitações nas encostas e em lugares muito próximos do mar e, sobretudo, a preocupação de muitos cidadãos residentes, queríamos saber se o vosso Ministério pretende construir um bardo de protecção na zona de Paul de baixo e toda a Vila das Pombas, evitando desta forma que essas populações possam vir a sofrer de dissabores, que caso vierem a acontecer seriam devastadores e de prejuízos incalculáveis. Era a primeira questão, não sei se posso avançar com o próximo.

Sr. Presidente: - Sim, Sr. Deputado. São mais duas, não é?

Sr. Deputado Josélito Fonseca (PAICV): - Sim, sim. Segunda questão: o Governo de Cabo Verde tem nos acostumado a prometer e a cumprir com a valorização dos recursos humanos, com os aeroportos, com os portos, as estradas, a modernização da agricultura, as pescas e as demais sectores de vital importância para se desenvolver o capital

66 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 humano e a economia. No caso concreto do Paul e em Santo Antão, de forma geral, damo-nos por satisfeito com tudo de bom que tem acontecido, mas sempre existirão sectores necessitados de alguns cuidados e alguma celeridade. Queríamos ter alguma explicação sobre a situação em que se encontra os projectos de construção da estrada Chã de Manuel dos Santos - Igrejinha, a reparação do troço de estrada Penedo de Janela à localidade de Braca e da construção ou remodelação da escola secundária do Paul. Terceira questão, a estrada Porto Novo – Janela é hoje uma realidade, servindo e de que forma as populações de toda a Ilha nos diversos sectores de actividade. Contudo, sabemos que os terrenos utilizados para a referida construção não eram todos propriedades do Estado e até hoje há alguma inquietação sobre as indemnizações dos proprietários de alguns desses terrenos. Os ditos proprietários querem saber em que pé está os processos indemnizatórios e se podem ter esperança numa resolução positiva dessas questões.

Sr. Presidente: - Sr. Ministro, faça o favor.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Sobre a primeira questão da protecção da orla da Vila. Sr. Deputado, já tivemos, há algum tempo, um contrato programa com a Câmara Municipal, a equipa anterior, para fazer uma intervenção de urgência para a protecção de um pequeno grupo de casas. Na altura em que tivemos a analisar as soluções possíveis para a entrada da estrada Porto Novo – Janela na Vila e o atravessamento da Vila, analisamos duas soluções: aquela que realizamos e que está em serviço neste momento, que era a mais simples e rápida, mas discutimos com a Câmara do Paul uma alternativa que seria, digamos, uma variante que passaria por uma marginal à Vila das Pombas e estamos a trabalhar esta ideia. A câmara penso que já até nos apresentou um projecto. Portanto, essa será a solução futura para a circulação viária que vem do Porto Novo e com essa marginal iremos também fazer a protecção da Vila. A segunda questão, posso responder agora, tem a ver com a estrada Chã de Manuel de Santos – Igrejinha. Como sabe já assinámos alguns contratos programa para a construção dessa estrada no quadro dos programas de emprego público. Foi se avançando, na medida do possível, tendo em conta a natureza e os montantes limitados desse tipo de contratos. Nós, este ano, inscrevemos no Orçamento do Estado verbas mais significativas com a intenção de até o final deste ano chegar a Igrejinha. Já estamos a trabalhar nisso e posso garantir-lhe que, não que a estrada toda estará concluída este ano, mas estará transitável até Igrejinha até o final deste ano. Sobre a escola secundária certamente o Sr. Ministro da Educação estará em melhores condições de responder do que eu, mas sei que esta escola está no quadro do financiamento que se assinou com o Fundo Kuwait. Desconheço qual é o estado de avanço do processo neste momento. Penedo - Janela, penso termos assinado algum contrato programa há tempos, mas não temos neste momento nenhuma nova proposta de contrato para lá, a não ser que esteja incluído nos pacotes propostos pela [Imperceptível].

67 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Estaremos sempre abertos a atender pedidos dessa natureza para continuar a melhorar esse acesso. Sobre as indemnizações associadas a estrada Janela – Porto Novo, como sabe a maior parte dessas indemnizações foram pagas há bastante tempo, há um conjunto de terrenos que foram utilizados nas últimas alterações que fizemos na finalização da estrada e é disso que estamos a falar. Os nossos serviços no Paul levaram bastante tempo a montar os dossiers, a recolher toda a informação, a fazer os levantamos, a verificar as situações de propriedade, as matrizes, etc., até nos fazer o envio do dossier completo. Esse dossier já está aqui, já está no património do Estado. Portanto, as pessoas vão receber as suas indemnizações e estamos a fazer as diligências para que elas recebam o mais cedo possível porque queremos, definitivamente, terminar esse dossier da estrada Porto Novo – Janela.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Lídio Silva tem a palavra.

Sr. Deputado Lídio Silva (UCID): - Sr. Ministro, primeira pergunta: pretendo saber se a obra de recuperação do porto da Preguiça está a avançar em bom ritmo e para quando a conclusão da mesma. Segunda pergunta, tendo em conta o estado em que ficou o porto de Vale de Cavaleiros, durante a última intempérie que assolou a Ilha, que medidas de fundo pretende o Ministério implementar para prevenir que no futuro tal não venha a acontecer com resultados tão catastróficos. Terceira e última, uma vez que o mar já voltou a demonstrar a sua terrível capacidade destruidora, não seria altura de se pensar numa outra localização onde o mar possa ser mais calmo para edificar essa importante infra-estrutura portuária?

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Sr. Deputado Lídio Silva, sobre as obras no porto da Preguiça as informações que tenho é que estão a avançar bem e a previsão da conclusão é Abril. Em princípio estarão concluídas em Abril. O porto de Vale de Cavaleiros é um porto que, efectivamente, está situado numa zona onde o movimento das correntes é muito forte. A primeira obra feita no tempo colonial foi altamente danificada. Nos finais da década de noventa se fez a reconstrução desse porto, nessas últimas marés houve danos, mas não danos estruturais. Como sabe, temos neste momento um projecto de uma intervenção de fundo no Porto de Vale de Cavaleiros que vai significar uma significativa ampliação desse porto. O estudo que fizemos confirmam a manutenção da localização e o que irá acontecer, provavelmente, é o reforço das protecções do porto.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Manuel Fernandes tem a palavra.

Sr. Deputado Manuel Fernandes (PAICV): - Sr. Ministro, já há algum tempo que a população da Ribeira Prata em São Nicolau vem aguardando pelo início da construção da estrada de penetração neste Vale, foi um desejo expresso há muito assumido pelo Governo, também há algum tempo. Gostaria de perguntar ao Sr. Ministro qual é a causa da demora no arranque desta obra?

68 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Posso formular a segunda pergunta, Sra. Presidente?

Sr. Presidente: - Sim, faça o favor.

Sr. Deputado Manuel Fernandes (PAICV): - Segundo informações a Electra pretende arrancar com a construção da central única de São Nicolau este ano, o que será um grande ganho para essa Ilha. Já que o sítio onde se irá implantar a citada central não tem estrada de acesso, gostaria de saber se o seu Ministério já equacionou para o efeito um projecto de construção dessa via?

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Estrada Ribeira de penetração da . Sr. Deputado, não há nenhuma causa especial. O processo tem estado em curso, já fizemos caminho nesse processo. Já chegamos a fase de concurso, o concurso está feito, já fizemos a avaliação das propostas, neste momento estamos a negociar com os seleccionados as condições do contrato para a execução da obra. Estamos nas portas do início da execução da obra. Portanto, já fizemos um caminho longo nesse processo. Quanto à questão que coloca relativamente ao acesso à nova central eléctrica, desconheço qualquer dossier no meu Ministério relativamente à estrada. Presumo que deve ser uma via urbana, pela ideia que tenho da nova localização. Penso que é mesmo ainda dentro da Vila do Tarrafal, nos limites da Vila, mas é dentro da Vila. Será uma via urbana, penso eu, não será uma estrada.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado Manuel Fernandes, faça o favor.

Sr. Deputado Manuel Fernandes (PAICV): - É uma questão suplementar. Sr. Ministro, é que para se chegar ao local onde se irá ser implantada a central eléctrica única há uma ribeira de um grande caudal, esse que é o problema. O problema é da ribeira, por isso que coloquei a pergunta no sentido da construção de uma estrada que dá acesso a essa ribeira.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Penso que essa é uma questão que terá que esclarecer junto do município, antes de mais nada.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado Moisés Monteiro tem a palavra.

Sr. Deputado Moisés Monteiro (MPD): - Sr. Ministro, a promessa das estradas em Santa Catarina, duas delas ligando concelhos vizinhos, não foi cumprida a tempo, havendo falhas de anos na previsão do término. Usou-se como desculpas a queda do dólar, a indemnização aos proprietários, etc., e muitas vezes autoridades suspeitas que não esperávamos também chaleiraram o assunto. No entanto, com a pompa circunstancial a estrada - Rincão, bem como Cruz Grande - Calheta foram já inauguradas e parece-me que vamos, conforme anúncios, no outro naco do Millennium serão de certeza as

69 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 estradas de Santa Cruz – Calheta - Tarrafal ou Nhagar - Tarrafal também de suma importância, pensamos. Sendo promessa compromisso, visto que as estradas de Figueiras das Naus - Librão, João Bernardo - Ribeira dos Engenhos muita falta nos fazem e ansiosamente a todos nós esperamos, Sr. Ministro, queríamos perguntar se das estradas previstas em Santa Catarina quando será o término da estrada - Ribeira das Naus e Bolonha - João Bernardo. Queria também adicionar essa minha pergunta ao do colega da Bancada pelo mesmo círculo, conforme já fez e o Sr. Ministro disse que iria responder. Sr. Presidente, parece que a outra pergunta também se relaciona, não sei se…

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado também tem uma pergunta sobre indemnizações, não é?

Sr. Deputado Moisés Monteiro (MPD): - Sim, sim, também é relacionado com estradas.

Sr. Presidente: - E a outra sobre o término das estradas Fundura - e Bolanha - João Bernardo. É isso?

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Ele já fez a primeira.

Sr. Presidente: - Sim, e a outra é sobre indemnizações. Pode fazê-la.

Sr. Deputado Moisés Monteiro (MPD): - Sr. Ministro, tantas vezes a causa da indemnização aos proprietários, conforme referi antes, por onde passam as estradas em reabilitação foi desculpa pelo atraso na execução das obras em apreço e hoje após a conclusão de algumas estradas em caso, sabendo nós de queixas referentes a não indemnização por parte de vários proprietários, queríamos saber se foram indemnizados os proprietários cujas propriedades se situam no espaço por onde passou a estrada Cruz Grande – Calhetona.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Sr. Deputado Moisés Monteiro, a sua primeira questão relativa as duas estradas que estão em construção neste momento, Fundura - Figueira das Naus - Ribeira Prata e Fonte Lima - João Bernardo. As estradas estão em construção. Sr. Deputado, não foi desculpa. O facto de essas estradas terem saído do pacote do Millennium Challenged Account em que estiveram incluídos inicialmente, a questão do dólar não é uma desculpa, é uma realidade. Portanto, a desvalorização do dólar provocou a diminuição dos recursos disponíveis em escudos cabo-verdianos para o pacote do Millennium para as infra-estruturas e a dado momento a proposta do Millennium Challenged Coorporation na falta de recursos disponíveis foi de cortarmos essas duas vias. E isso aconteceu, essas duas vias saíram do pacote do MCA. Estivemos, então, à procura de outros recursos para realizar essas duas obras que eram, efectivamente, compromisso assumido pelo Governo. Naturalmente que não foi automática a consecução dos novos recursos, mas

70 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 conseguimos incluir essas duas estradas na extensão do pacote financiado pela linha de crédito com Portugal e essas estradas estão, efectivamente, em curso, já começaram há algum tempo. A estrada para a Figueira das Naus - Ribeira Prata está com o seu curso normal, apesar de termos introduzido alterações de melhoria significativa na estrada, em princípio vamos poder cumprir o prazo contratual que será a sua conclusão ainda no último trimestre de 2010. Quanto a de Fundura - Figueira das Naus, na última visita que fiz a essa obra entendi que era necessário melhorar o perfil da estrada, portanto o nível da estrada, a largura. Pelo menos dei indicações para estudarmos o aumento da largura da estrada, o que foi feito e o que motivou alguma redução do ritmo da execução da obra enquanto estivemos a analisar essa alteração para a melhoria da estrada que estamos a construir. Esta questão está tratada, já temos os custos adicionais e em princípio a obra vai retomar o seu ritmo normal. Aí vamos aumentar as quantidades de trabalho com a alteração e os custos e, provavelmente, teremos também um alargamento do prazo de execução. Admito que a obra ainda vá continuar nos primeiros meses de 2011. Com isso, respondo também a pergunta do Sr. Deputado Austelino Correia.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Moisés Monteiro tem a palavra.

Sr. Deputado Moisés Monteiro (MPD): - Só uma dúvida, Sr. Ministro. É uma pergunta adicional, Sr. Presidente.

Sr. Presidente: - Faça o favor.

Sr. Deputado Moisés Monteiro (MPD): - A estrada Fundura - Figueira das Naus vai estar pronta no último trimestre de 2010 e a outra fiquei em confusão, 2011?

Sr. Ministro das Infra-estruturas e Transportes: - A outra ainda não tenho um novo prazo porque estão a negociar a extensão por causa do aumento da quantidade de trabalhos, mas admito que, provavelmente, pela dimensão desses aumentos entraremos, em 2011, ainda na construção dessa estrada.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Nelson Brito tem a palavra.

Sr. Deputado Nelson Brito (MPD): - Sr. Ministro, tenho para si quatro questões. A primeira questão, qual o estado do processo de construção da estrada de penetração do Vale da Ribeira Prata, portanto Chã - Barreira. Esta questão foi basicamente colocada há bocado, na sua resposta o Sr. Ministro disse que o Governo está a negociar com os seleccionados. Então, refaço aqui a questão e a coloco da seguinte forma: foi feito o processo, uma empresa ganhou o concurso. Qual foi a empresa que ganhou o concurso e qual é a previsão para o arranque da estrada de penetração do Vale da Ribeira Prata, portanto, Chã – Barreira? Porque as pessoas, de facto, há muito tempo que esperam por esta estrada.

71 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Segunda questão, qual o estado do processo de construção ou reabilitação da estrada asfaltada Vila da Ribeira Brava – Aeroporto? Essa estrada também foi lançada no concurso por volta da mesma altura que a estrada de penetração do Vale de Ribeira Prata também está no mesmo estado, não sabemos nada. Sabemos que houve um concurso. Queremos saber quem é que ganhou, como é que está o processo, quando é que arranca? Que informações o Sr. Ministro tem sobre essa estrada asfaltada Vila da Ribeira Brava – Aeroporto, especialmente porque esta estrada sofreu problemas com as chuvas, sofreu alguns estragos, então a intervenção justifica-se cada vez mais agora. Terceira questão, quando é que o Governo pensa intervir na recuperação da estrada do Vale da Ribeira Brava? Portanto, aqui estou a falar da estrada que vai da Vila da Ribeira Brava, por todo o Vale, até Água das Patas. O Sr. Ministro deve saber que a estrada sofreu muito e todo esse Vale sofreu muito com as chuvas, está muito esburacada com falta de muitas calçadas, há muitos problemas nesta estrada. Em Fevereiro caiu mais um pedacinho da estrada no fundo do Talho. Portanto, é uma situação gravíssima e que dificulta em muito a vida das pessoas que vivem no Vale, que vão e que descem para a Vila da Ribeira Brava, isso para além dos prejuízos que cada família teve. Isso aconteceu nas chuvas de Outubro e Novembro e desde essa altura que essa estrada está aí, como as outras estradas da Ilha, aliás, mas essa está numa situação particularmente grave também e daí a pergunta, até porque aconteceu este episódio, como disse, no mês de Fevereiro passado. Última pergunta, São Nicolau atravessa uma situação particularmente difícil com as suas ligações com as outras ilhas. Estou a dizer que é particularmente difícil porque há muitos anos que estamos a atravessar uma situação difícil com os transportes, quer com aviões mas também com os barcos. Já coloquei essa questão ao Governo várias vezes. O Sr. Ministro já me tinha respondido que havia um empresário a fazer viagens Sal – São Nicolau, mas deve saber que isso foi de pouca dura. Estamos com um problema gravíssimo, desde Janeiro praticamente não houve nenhuma ligação marítima, exceptuando o navio Marlise. Agora, de vez em quando aparece, se não me engano, o Barlavento, mas estamos com uma situação muito grave, não há uma ligação regular com a Ilha de São Nicolau, não havia, havia só com Praia e São Vicente, mas agora não há ligações regulares marítimas, os aviões melhoram de tempo em tempo e depois pioram.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado, pode concluir.

Sr. Deputado Nelson Brito (MPD): - Portanto, concluindo, Sr. Ministro o que é que o Governo pensa fazer para resolver este problema de ligações com a Ilha de São Nicolau, especialmente com ligações marítimas, para o resolver definitivamente porque sem essas ligações São Nicolau não poderá desenvolver. Precisamos, de facto, de um programa regular, mas com futuro para a resolução do problema de ligações de São Nicolau com o resto do País.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Sr. Deputado, penso que sobre a estrada para a Ribeira da Prata já disse tudo o que se podia dizer, neste momento, sobre isso.

72 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

A estrada Vila Ribeira Brava – Aeroporto… estão na mesma fase de desenvolvimento, esses dois processos, até porque os dois concursos foram lançados ao mesmo tempo, estão a ser avaliados concomitantemente, as negociações também. Naturalmente que aqui não é o espaço para eu anunciar quais são as empresas adjudicatárias, elas serão notificadas pelas vias normais, mas as empresas já sabem, pelo menos as que têm hipótese porque está a haver um processo negocial, mas até fecharmos esse processo negocial não poderemos dizer nada sobre esse processo. Portanto, essas duas estradas estão em vias de serem iniciadas, durante o primeiro semestre deste ano essas obras terão início, com certeza. Depois, a questão da estrada de penetração da Ribeira Brava. Ribeira Brava está em obras de reabilitação. O Instituto de Estradas já assinou contratos com a Câmara Municipal e a estrada está sendo reabilitada. Ainda há dias vi imagens na Televisão de São Nicolau, imagens que se referiam às dificuldades de recrutamento de mão-de-obra de pedreiros em São Nicolau, na Ribeira Brava e vi imagens de obras nalguns dos pontos que tínhamos identificado como pontos a reabilitar naquela estrada e sei que há esse contrato - programa em curso. Também iniciámos as obras de reparação dos danos causados pelas chuvas na estrada que liga a Vila ao Tarrafal, estão em obras neste momento. Também temos em curso estudos para a reabilitação da outra estrada principal da Ilha que vai da Vila a Juncalinho. Portanto, a primeira fase do projecto já foi apresentada ao Instituto de Estradas, estamos a aguardar os documentos finais para lançar o concurso para avançarmos também com essas obras de reabilitação. Ou seja, estamos a fazer as reabilitações que são necessárias, em São Nicolau, na sequência das chuvas de Setembro. Quanto às ligações marítimas, de facto, a paralisação do navio Tarrafal criou especiais dificuldades às ligações marítimas no Tarrafal. Já fomos chamados a fazer intervenções pontuais para resolver problemas de transporte de mercadorias para o Tarrafal. Portanto, no mês passado tivemos que contratar com o armador Polaris uma viagem São Vicente – São Nicolau – Sal, depois tivemos que contratar com a BINI-LINE também uma viagem Praia – São Nicolau – São Vicente, mas já acertámos com a Polaris um contrato, agora permanente, para fazer uma viagem mensal na linha São Vicente – São Nicolau – Sal. Tenho a informação que o Tarrafal está em reparação e que vai proximamente retomar as suas viagens semanais, servindo São Vicente – São Nicolau – Praia e vice-versa. Ou seja, o Tarrafal vai retomar, já estabelecemos uma ligação permanente e com datas definidas, com programação definida para a ligação São Vicente – São Nicolau – Sal e o entendimento que temos com os armadores do projecto Fast- Ferry é que o segundo navio vai cobrir também essa ligação: São Vicente – São Nicolau – Sal. Portanto, as perspectivas são de solução definitiva do problema das ligações marítimas também, mas com a entrada do Tarrafal a situação vai estar melhor do que estava antes.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado Nelson Brito tem a palavra para uma questão adicional.

73 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Deputado Nelson Brito (MPD): - Sr. Ministro, concretamente queria saber se essa ligação mensal que o Governo contratou para minimizar a questão – embora não penso que seja suficiente, mas já é alguma coisa e ficamos contentes com o gesto e esperemos que venha, de facto, aumentar – irá ficar terminada logo que o navio Tarrafal esteja a funcionar ou se irá ser permanente, porque a ligação com a ilha do Sal é fulcral para São Nicolau, há muito tempo que os agentes económicos e as pessoas de São Nicolau vêm reclamando esta questão. Ainda sobre a questão das chuvas que o Sr. Ministro teve aqui a falar. Falou de um plano para a recuperação das estradas que infelizmente ainda estamos a ver sinais muito ténues, não estamos a ver ainda em velocidade, mas esperemos que venha a acontecer. Queria saber sobre a construção de diques para protecção. Se o Governo irá avançar com isso. Se o Governo já está a estudar alguma forma a questão de protecção das encostas, dos montes, dos vales de São Nicolau que ficaram completamente expostos agora com as chuvas. Portanto, muito concretamente são essas questões adicionais que eu tinha para o Sr. Ministro.

Sr. Presidente: - Sr. Ministro, tem um minuto para responder.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Sr. Deputado, insisto, as intervenções não são ténues, estamos em obras. Fizemos a extensão do contrato de empreitada da obra da Vila Ribeira Brava – Tarrafal e o mesmo empreiteiro está, neste momento, a fazer as intervenções de reparação de todos os danos dessa estrada, não são ténues, são intervenções profundas que vão reabilitar toda a via, assim como estamos a fazer na penetração da Vila e, como lhe disse, estamos em processo para iniciar os trabalhos de reabilitação profunda da vila que liga a Joncalinho. Portanto, não são intervenções ténues, são intervenções profundas que vão custar muito dinheiro ao Orçamento do Estado. Sobre a ligação marítima, talvez não tenha sido claro. O Tarrafal vai retomar a sua ligação semanal Praia – São Nicolau – São Vicente. Nós, como sabe, desde há muito andamos à procura de solução, de armador com navio disponível para fazer a linha São Vicente – São Nicolau – Sal que está no programa do serviço mínimo. Já tentamos duas ou três soluções que começaram e que depois não tiveram seguimento. A última diligência foi contratar com a Polaris uma ligação mensal porque a Polaris, com o equipamento que tem, não tem disponibilidade para fazer mais do que uma. Se tivesse faríamos duas mensais, seria quinzenal. Esse é o nosso programa, mas não tem disponibilidade para o fazer. Conseguem arrumar o seu programa para garantir uma ligação mensal, estamos a garantir essa, mas essa não depende das ligações do Tarrafal, porque essa é São Vicente – São Nicolau – Sal, é para resolver o problema da ligação de São Nicolau com o Sal, da exportação dos produtos agrícolas de São Nicolau para o Sal, que é o problema que nos é colocado há muito tempo. Portanto, vamos ter mensalmente e as conversas que tive com os autarcas de São Nicolau, o que eles me dizem é que desde que seja uma ligação regular ou que haja garantia de todos os meses termos essa ligação e das pessoas terem a noção de quando é que elas acontecem, com um mês já

74 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 se consegue ir resolvendo o problema, até termos a disponibilidade de navios para uma frequência maior. Quanto à questão da protecção de encostas, sim, o Governo, está a trabalhar isso, é um programa que está a ser desenvolvido pelo Ministério do Ambiente, Agricultura e Recursos Marinhos. Sugeria que numa próxima vinda do Sr. Ministro aqui obtivesse dele os detalhes do desenvolvimento do programa.

Sr. Presidente: - Sr. Deputado Felipe Furtado, deseja a palavra para que efeito?

Sr. Deputado Filipe Furtado (MPD): - Sr. Presidente, tenho duas perguntas da Sessão passada.

Sr. Presidente: - Não sei se o Sr. Ministro tem as perguntas.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Estou em condições de responder, Sr. Presidente, se entender que eu deva responder, posso responder. Não há nenhuma dificuldade nisso.

Sr. Presidente: - Faça o favor de colocar as perguntas, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Filipe Furtado (MPD): - Gostaria de saber qual é o traçado da estrada da Ribeira de São Miguel. Também, perguntar porque é que o Sr. Primeiro-Ministro falou muito da estrada da Ribeira de Principal na apresentação do Orçamento do Estado para 2010 e na ficha do programa a construção da estrada da Ribeira de Principal não apareceu e agora com o lançamento da pedra para a construção da barragem torna-se imprescindível, primeiro, a construção da estrada da Ribeira de Principal e só depois a construção da barragem.

Sr. Presidente: - Antes de passar a palavra ao Sr. Ministro, só para alertar para o Regimento que diz o seguinte: “Se um membro do Governo responsável pela resposta ou o seu representante não estiver presente o Deputado interessado pode solicitar que a resposta seja concedida no início do próximo período reservado a perguntas.” Ou, então, o segundo caso é: “As perguntas que não tiverem respostas devido à falta de tempo serão respondidas por escrito pelo Governo a não ser que os interessados informem a Mesa antes do fim do período em curso que desejam retirar perguntas.” Portanto, não decore aqui necessariamente que as perguntas que não tenham sido colocadas serão colocadas logo no período seguinte, mas o Sr. Ministro diz que deseja responder. Tenha a bondade.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Sr. Deputado Filipe Furtado, quanto à estrada de Ribeira de São Miguel, já lançamos o processo para a elaboração dos estudos do projecto. Naturalmente que não lhe vou dizer aqui qual é que será o traçado, são esses estudos que vão determinar e quando tivermos o processo suficientemente avançado para podermos fazer opções e determinar os traçados, como é habitual, criaremos as

75 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 condições para todos os interessados conhecerem a ideia do projecto que vamos executar. Ainda nem sequer seleccionamos o gabinete de estudos. Estamos nesse processo e só desenvolvendo esse projecto é que saberemos qual será o melhor traçado. Quanto a Principal, de facto, lembro num discurso de apresentação do Orçamento do Sr. Primeiro-Ministro uma referência a Principal. Principal está na nossa agenda, não aparece no Orçamento de Estado, de facto. Terá havido um lapso de informação nesse processo, na elaboração do texto que o Sr. Primeiro- Ministro apresentou, mas temos essa estrada como objectivo e estamos a procura de recursos. Admito até que, este ano, também a gente consiga lançar o processo para Principal.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Pedro Furtado tem a palavra.

Sr. Deputado Pedro Furtado (PAICV): - As obras da estrada de Fundura – Figueira da Naus – à Ribeira da Prata estão avançadas em termos de execução, motivo de satisfação da população daquela região. Acontece que a estrada vai até Figueira Muita e não chega a Ribeira da Prata conforme o previsto. Por isso, Sr. Ministro, as populações de Figueira Muita e de Ribeira da Prata estão ansiosas e querem esclarecimentos sobre essas obras. Isto é, saber para quando o prolongamento do troço Figueira Muita - Ribeira da Prata.

Sr. Ministro das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações: - Essa é uma questão que também me foi colocada numa das visitas que fizemos com a equipa técnica a esse conjunto de obras do interior de Santiago. De facto, quando se elaborou o projecto da estrada Fundura – Figueira das Naus – Ribeira da Prata ou Figueira Muita, como queira, o pavimento previsto era em basalto, portanto em calçada. E esse troço a que o Sr. Deputado se refere Figueira Muita até Ribeira Prata já tem um traçado normal, bom e está calcetado também em boas condições. Naturalmente que os técnicos que elaboraram o projecto terminaram a intervenção lá onde o calcetamento começava, mas quando se modificou o tipo de pavimento para asfalto, certamente ninguém se lembrou também desse troço. Nós nessa visita – não sei se estava lá o Sr. Deputado, pelo menos com o Presidente da câmara, conversamos – dissemos que íamos resolver essa questão e assumimos isso. Portanto, a estrada vai ser asfaltada até Ribeira Prata, não é até Figueira Muita.

Sr. Presidente: - A Mesa agradece ao Sr. Ministro de Estado e também aos Deputados que o colocaram perguntas e anuncia a vez da Sra. Ministra do Turismo, Indústria e Energia, que tem duas perguntas do Sr. Deputado Clemente Garcia.

Sr. Deputado Clemente Garcia (MPD): - Sra. Ministra, na sequência do processo de electrificação em curso no Concelho de São Domingos, queria perguntar-lhe sobre o processo de que fica muito próximo da Capital e segundo as informações pode perfeitamente ser ligado na rede de São Francisco.

76 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Ora, o caso de Vale da Custa põe-se com maior equidade, tendo em conta que fica mesma a frente do empreendimento Sambala e pela certa contribuirá para que a população fica mais integrada. Tenho uma segunda questão, não sei se posso avançar.

Sr. Presidente: - Faça o favor.

Sr. Deputado Clemente Garcia (MPD): - Segunda questão, queria que me informasse sobre os restantes projectos de electrificação do Concelho de São Domingos. Ao que parece a Sra. Ministra esteve recentemente na zona de Banana queria ter essa informação, Mato Afonso, Ribeirão de Cal e já agora também Pó de Saco. Como é que está o processo?

Sr. Presidente: - Sra. Ministra faça o favor.

Sra. Ministra do Turismo, Indústria e Energia, Fátima Fialho: - Sr. Deputado, muito obrigada pela questão e pela oportunidade também de dizer que o Governo tem estado preocupado com a criação destas condições para que as populações, de facto, se sintam mais integradas e tenham alternativas de vida. E esta questão de energia eléctrica tem sido uma questão que tem constituído o foco das nossas preocupações e daí estarmos a executar esse programa intensivo de electrificação rural. Muito recentemente, efectivamente, recebemos um abaixo-assinado da população do Vale da Custa reclamando por energia eléctrica. De modo, isto está nas nossas preocupações, não estava nos nossos planos este ano, mas depois de termos recebido este abaixo-assinado já mandamos lá uma missão técnica para fazer o levantamento como também do agregado populacional, etc., no sentido de se poder executar o projecto técnico. Entretanto, ficou de ser concluído até 30 de Abril. Põe-se, depois, o problema do financiamento. Vamos depois de executado o projecto técnico, que espero que fique pronto muito rapidamente, começar a mobilizar recursos e acreditamos que até o final deste ano possamos mobilizar recursos para electrificarmos o Vale da Custa. Quanto à sua segunda questão, as zonas de Banana, Mato Afonso, Ribeirão de Cal e Pó de Saco, a situação é a seguinte: definimos como prioridade, para 2010, terminar todos os projectos iniciados em 2009 e no que respeita ao Concelho de São Domingos termos concluído algumas das obras, algumas das quais foram inauguradas em finais de Dezembro e temos outras como Moía-Moia, Baia, Castelo Grande, Fontes Almeida e Rema-Rema que possivelmente irão ser electrificadas agora no decurso do mês de Abril. Portanto, novas zonas continuam a ser nossas preocupações. Estamos, efectivamente, e tentar ver como fazer, o que fazer e aquilo que podemos fazer para este ano, sendo certo que temos essa meta já traçada: electrificar o País, até o final da legislatura ter uma taxa de 95%, mas efectivamente não podemos fazer tudo ao mesmo tempo. De modo que, zonas como Mato Afonso, Banana, Ribeirão de Cal e Pó de Saco constituem a nossa preocupação. Estamos a tentar ver como priorizar as questões, mas em relação a projectos muito concretos para estas zonas também não posso dizer nada. Espero que até final de 2010 possamos ter alguma luz em relação à electrificação dessas novas zonas.

77 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Clemente Garcia tem a palavra.

Sr. Deputado Clemente Garcia (MPD): - Sra. Ministra, só uma precisão: sei que o processo de electrificação está avançado em Castelo Branco, Baia e Moia-Moia, quanto a inauguração só queria precisar a data, se é que a pode avançar agora.

Sr. Presidente: - Terminou, Sr. Deputado.

Sr. Deputado Clemente Garcia (MPD): - Sim.

Sr. Presidente: - Tenha a bondade, Sra. Ministra.

Sra. Ministra do Turismo, Industria e Energia: - Moía-Moía, Baia, Castelo Branco, Fontes Almeida, etc., o trabalho já está praticamente concluído. Faltam apenas acertar em termos de data. Inclusivamente começamos a dar alguns spots publicitários, algumas dessas zonas deveriam ser electrificadas no dia 19, outras no dia 26, mas apareceu-nos percalços e estamos, neste momento, a tentar negociar novas datas e faremos a devida divulgação assim que tivermos as datas certas, mas as obras já estão praticamente no fim. Penso que falta finalizar alguma coisa em Fontes Almeida e Rema-Rema, mas de resto penso que é mesmo só finalização dos trabalhos.

Sr. Presidente: - A Mesa agradece a Sra. Ministra e também ao Sr. Deputado Garcia. A seguir seria a vez do Sr. Ministro do Ambiente, Desenvolvimento Rural e Recursos Marinhos que não se encontra, todavia, no País, está em missão de serviço no exterior. Como sabem os Srs. Deputados podem colocar a pergunta mesmo não estando presente o membro do Governo. Pergunto se há algum Deputado que deseja usar desta prerrogativa? Sr. Deputado José Luís Santos, faça o favor.

Sr. Deputado José Luís Santos (MPD): -

Sr. Presidente, Caros Colegas, Srs. Membros do Governo:

Vila de Sal Rei é uma vila em franca expansão e tudo está sendo feito pela Câmara Municipal para que dentro de poucos anos a Vila de Sal Rei seja elevada a cidade. Um conjunto de infra-estruturas têm sido criadas e outras de suma importância faltam para que, efectivamente, a Vila de Sal Rei tenha condições de ser elevada a cidade. Uma das maiores infra-estruturas que falta para que a Vila de Sal Rei tenha as condições mínimas para ser elevada a cidade é o plano sanitário, tem a ver com redes de esgotos e água. Nenhuma vila, do meu ponto de vista, terá condições mínimas para ser elevada a cidade sem essa importante infra- estrutura. Desde há muito anos viemos batendo para que o Governo agende no seu programa de infra-estruturação do País a construção dessa importante

78 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 infra-estrutura para a Vila de Sal Rei. O Governo não tem sido sensível, mas porque reputamos de extrema importância essa infra-estrutura para o desenvolvimento dessa vila e a sua elevação à categoria de cidade, trouxemos novamente essa questão ao Governo, para tentar sensibilizá-lo para o seu agendamento, para que essa vila possa ter, efectivamente, as condições mínimas para daqui há alguns anos seja elevado à categoria de cidade. Assim, gostaríamos de saber o que é que o Governo pensa em relação a esta matéria. Quis mesmo assim colocar a minha questão.

Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Moisés Monteiro tem a palavra.

Sr. Deputado Moisés Monteiro (MPD): - Tenho duas perguntas para o Sr. Ministro do Ambiente. No entanto, arrisco-me a colocá-las no sentido em que podia ficar clarificado alguma coisa ainda que seja por escrito. Das informações até nós chegadas, as infra-estruturas em construção nas bacias hidrográficas dos Picos, São Salvador do Mundo e Ribeira dos Engenhos deveriam ser concluídas a 31 de Março, não este mas do ano transacto e era este, salvo o erro, o prazo em que o contrato se expirava com a empresa concessionado. E por aquela data a empresa deveria também ter todos os furos aquíferos equipados. Ora, estando nós já ultrapassando um ano após a data do compromisso, perguntamos se foi dilatado o período temporal prevista para a conclusão das obras das bacias hidrográficas das Ribeiras dos Engenhos e Picos, São Salvador do Mundo, essa era a primeira pergunta. A outra questão é relacionado com as barragens, nós termos ouvido, são dez barragens a serem construídas este ano pelo País. Ficámos um pouco em dúvida quando o Sr. Ministro do Ambiente, na Sessão passada, havia falado em diques avançados, em mini-barragens e parece, se eu entendi, senão percebi muito mal, cinco mil e qualquer coisa. Estávamos pensando que eram dez barragens. Sentimos essa tentativa um pouco suspensa e uma força titânica no sentido de se conseguir em um ano fazer dez barragens quando em dez se fez uma só. Sabemos também desta estratégia comunicativa agora, portanto numa fase de pré-anúncio, depois anúncio, depois lançamentos de pedras, que já se começou, então queríamos perguntar exactamente qual é o horizonte temporal previsto para a construção dessas barragens e onde ficarão situadas. Queríamos essa resposta por escrita, porque estamos confusos se são dez e ainda se os diques avançados e as mini-barragens são também barragens e se são em número de cinco mil ou se são dez.

Sr. Presidente: - Não havendo mais nenhum outro interessado, vamos passar ao próximo membro do Governo que é o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros. Convido a se dirigir à Tribuna para responder a pergunta do Sr. Deputado Lídio da Conceição Silva.

Sr. Deputado Lídio da Conceição Silva (UCID): - Sr. Ministro, como é do meu conhecimento que no passado o Estado de Cabo Verde, através do corpo diplomático, terá atribuído passaporte a possíveis investidores estrangeiros pretendo saber: primeira pergunta, quantos passaportes foram, efectivamente, emitidos? Segunda pergunta, se os mesmos foram renovados?

79 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Caso afirmativo, que mecanismos tem o Estado para controlar as acções dos seus titulares. E, finalmente, que responsabilidades podem ser assacadas ao Estado de Cabo Verde caso os seus titulares venham a utilizar esses documentos em possíveis actos ilícitos ou criminosos?

Sr. Presidente: - O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros tem a palavra.

Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, José Brito: - Tive acesso à pergunta somente no fim-de-semana, poderei não ter todos os elementos para responder, mas vou tentar dar a informação que tenho e, eventualmente, poderemos completar a informação por escrito se o Sr. Deputado assim desejar. Para dizer que este passaporte que chamamos de cidadania económica foi concedida ao abrigo da lei existente, principalmente entre os anos 93 e 98, seja através do nosso Consulado em Macau, seja através do Cônsul Honorário em Inglaterra que tinha um acordo exclusivo com o governo de Cabo Verde, na altura, para tratar dessas questões. O assunto muitas vezes foi tratado fora do Ministério dos Negócios Estrangeiros no sentido de que o certificado de nacionalidade era passado pelo ministro de justiça de então e os aspectos económicos eram directamente controlados pelo ministério de coordenação económica na altura. Daí que temos tido alguma dificuldade em encontrar os dados para poder responder, o que conseguimos apurar neste momento, digamos, mas sem garantia da veracidade porque teremos de ir ver, existe uma lista que foi elaborada pela Ministra Cristina Fontes enquanto Ministra da Justiça, para saber exactamente o número de pessoas que tem tido esta facilidade de cidadania económica, prevista na lei, que seria a volta de cem pessoas, mas isto falta ser confirmado. Se estes passaportes foram renovados? Sim, foram renovados, não sei em qual caso, digamos, exactamente, mas foram renovados mediante a apresentação da cópia de certificado de nacionalidade, portanto para ser renovado. Nem todos têm pedido renovação deste passaporte, se bem que não temos todos os elementos sobre esta questão. Se temos possibilidade de controlar estes passaportes, geralmente é no momento de renovação, hoje em dia, que poderemos eventualmente saber exactamente qual é a situação. É claro que na altura a situação internacional era diferente da actual. O Governo não pode controlar os seus titulares, o que fazem não engajam directamente o Governo, o Estado de Cabo Verde particularmente, mas directamente os titulares, que normalmente seguem os processos normais dentro dos países quanto há um crime cometido por esses cidadãos. É verdade que a situação actual com o terrorismo é algo que deve preocupar o Estado de Cabo Verde, isto também estamos a encarar no quadro da lei. A Lei dos Passaportes está em elaboração, mas a Lei da Nacionalidade certamente terá elementos onde se poderá, eventualmente, vir a analisar esta questão para ver como proteger o Estado de Cabo Verde frente a essas possibilidades. Foi uma opção de política económica na altura. Possivelmente hoje a situação é diferente e é por isso que não aceitámos nenhuma concessão de passaporte ao abrigo da lei. Por causa justamente desta evolução, posso dizer

80 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 que não há mais nenhuma concessão de passaporte. Estamos a gerir esses passaportes do passado.

Sr. Presidente: - Anuncio a vez da Sra. Ministra do Ensino Superior, Ciência e Cultura. Há perguntas do Sr. Deputado Ernesto Che Guevara Barbosa da Silva, o Sr. Deputado Felisberto Cardoso não se encontra na Sala, e o Sr. Deputado Joselito Fonseca. Cada Deputado pode colocar perguntas até o máximo de três minutos e o Governo responde a cada pergunta pelo tempo máximo de três minutos também. O Sr. Deputado Ernesto Che Guevara Barbosa da Silva tem a palavra.

Sr. Deputado Ernesto Che Guevara Barbosa (PAICV): - Sra. Ministra, no quadro da preocupação do Governo em garantir o desenvolvimento harmonioso do País, a Ilha do Fogo, neste momento, está sendo contemplada com projectos estratégicos que estão a marcar essa nova era do desenvolvimento. Há notoriamente mais dinâmica de desenvolvimento e mais perspectiva de vida para as populações. De todo modo, como deve calcular Sra. Ministra, os desafios são crescentes e as expectativas das pessoas estão também cada vez mais elevadas. É com este entendimento e julgando traduzir o sentimento das pessoas, designadamente da juventude foguense que gostaria de colocar a seguinte questão: uma franja importante dos estudantes que frequentam o ensino superior na cidade da Praia é claramente com custos muito elevados para a economia das famílias, são oriundos da parte sul do País, nomeadamente do Fogo e da Brava. Nesta conformidade desejava perguntar- lhe se consta da agenda do Governo a abertura de pólos universitários nesta região do País, nomeadamente pólo da Universidade Pública de Cabo Verde.

Sr. Presidente: - Sra. Ministra do Ensino Superior, Ciência e Cultura, tenha a bondade.

Sra. Ministra do Ensino Superior, Ciência e Cultura, Fernanda Marques: - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Colegas do Governo: relativamente à questão que coloca é evidente que o Governo de Cabo Verde tem uma preocupação acentuada no desenvolvimento do subsistema de ensino superior. Veja-se, por exemplo, o crescimento desse subsistema. Nos últimos dez anos tínhamos 717 alunos em 2001, ano civil, refiro-me ao ano escolar 2000/2001 e temos hoje 10479 neste ano civil de 2010, correspondente ao ano escolar de 2009-2010. É obvio que este crescimento equivale àquilo que se chama a quantificação desse subsistema. A busca da quantidade que se tem conseguido está em paralelo com a necessidade da qualidade desse mesmo subsistema, nesse sentido tem sido desenvolvidas diversas acções, nomeadamente uma última de consultoria e avaliação externa de duas universidades, neste momento, privadas, estando agendada a avaliação externa da Universidade Pública e de mais algumas universidades para breve. Relativamente ao cerne da sua pergunta, por acaso, tive o prazer de fazer o projecto do curso geral do ensino secundário na altura para a Ilha do Fogo, situado em São Felipe. Gostaria muito também de ver imediatamente um

81 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010 pólo universitário nessa região. Acontece porém que têm de ser criadas as condições que permitam que os alunos que frequentem os cursos clássicos nessa região aí fiquem porque só assim faz sentido e nesta linha estão-se a desenvolver estudos que consigam o equilíbrio, se não excelente pelo menos bom, do custo benefício de um pólo com as características tradicionais. No entanto, poderíamos dizer que o embrião desse pólo está a ser criado numa prospecção de mercado regional e com o objectivo de desenvolver competências para o emprego e não qualificações universitárias para o desemprego. Penso ter respondido a sua questão.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Joselito Fonseca.

Sr. Deputado Josélito Fonseca (PAICV): - Queria, em primeiro lugar, felicitar a Sra. Ministra pelas funções nobres que agora começa a exercer e desejar-lhe que seja bem-vinda a esta Casa. Agora vou à questão, dizendo o seguinte: a cultura foi eleita uma das principais bandeiras do nosso País e a conservação do nosso património cultural é sem dúvida uma das melhores formas de levantarmos ainda mais esta bandeira. O Farol Fontes Pereira de Melo, em Janela, erigido ainda no século XIX da nossa era, foi e continua a ser um dos símbolos e referência da navegação marítima em Cabo Verde, constituindo actualmente um importante pólo de atracão turística para a ilha de Santo Antão. Que pensa o Ministério da Cultura fazer para a restauração deste património, tendo em conta o elevado estado de degradação que se encontra neste momento.

Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sra. Ministra.

Sra. Ministra do Ensino Superior, Ciência e Cultura: - Como sabe os faróis, de uma forma geral, estão sob a tutela do Ministério das Infra-estruturas Transportes e Telecomunicações. No que se refere particularmente ao Farol Fontes Pereira de Melo com a abertura de nova via de ligação entre Porto Novo e Janela, esse farol adquiriu uma vulnerabilidade maior do que já tinha na época da construção. Neste momento esse farol e outros monumentos nacionais estão a ser classificados numa parceria conjunta entre o Ministério das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações e o Ministério do Ensino Superior, Ciência e Cultura, no sentido de se fazer o registo de um conjunto de edifícios que passam a ser classificados como património nacional. No âmbito desse processo, este farol será alvo de uma recuperação o mais célere possível.

Sr. Presidente: - A Mesa agradece à Sra. Ministra e aos Srs. Deputados que colocaram questões ao Governo. Temos um último membro do Governo a responder à pergunta de um Deputado, que é o Sr. Ministro da Administração Interna, para responder à pergunta do Sr. Deputado Arlindo Silva.

82 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Deputado Arlindo Silva (PAICV): - Como é do conhecimento do Sr. Ministro, a esquadra policial na ilha do Maio precisa de uma nova viatura e outros equipamentos necessários, assim como a rede de Internet. Queria perguntar ao Sr. Ministro quando o seu ministério vai adoptar a ilha desses meios que são essenciais para o bom funcionamento dos trabalhos da Polícia Nacional naquela ilha.

Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro da Administração Interna.

Sr. Ministro da Administração Interna, Lívio Lopes: - Sr. Deputado, como sabe, felizmente, estamos na final da concepção do projecto de construção de uma nova esquadra policial da ilha do Maio, com três pisos e um edifício para a residência dos policiais na mesma área que acabámos por negociar e concluir agora com a câmara municipal. Por isso, penso que a melhor intervenção na sua modernização será feita no quadro desse novo edifício, sem prejuízo de sendo necessária algumas intervenções imediatas para a melhoria do seu funcionamento de podermos fazer isso. Em relação à viatura, dá a noção de que a esquadra não tem viaturas. A esquadra tem uma viatura nova e há também a reivindicação em relação a outra viatura que sempre foi afecto também à esquadra do Maio, que por acaso está na Praia, neste momento, em reparação e que deve regressar na primeira quinzena de Abril para o reforço necessário, mas a esquadra continua a ter uma viatura nova. Por isso, queria deixar aqui bem clara essa informação porque também, a nível local, às vezes levantam essa questão, dando a noção de que a esquadra não possui viatura. Mas essa esquadra tem uma viatura nova e há esta outra viatura que está neste momento em reparação na Praia e poderá regressar na primeira quinzena de Abril.

Sr. Presidente: - A Mesa agradece ao Sr. Ministro e também a todos os Deputados pela contribuição dada para esta sessão de perguntas. Temos mais uma única questão que é a constituição da comissão eventual de redacção. O Sr. Secretário da Mesa tem a palavra para proceder à leitura da proposta de resolução.

Sr. Secretário da Mesa, Eduardo Monteiro: - A Assembleia Nacional vota, nos termos da alínea n) do artigo 174º da Constituição a seguinte resolução:

Artigo 1º

É criada, ao abrigo do artigo, 172º, nº1, do Regimento da Assembleia Nacional, uma comissão eventual de redacção com a seguinte composição: José Maria Vaz de Pina, PAICV; Moisés Gomes Monteiro, MPD; António Alberto Mendes Fernandes, PAICV; Felisberto Henriques Carvalho Cardoso, MPD; Justino Gomes Miranda, PAICV.

Artigo 2º

A comissão extingue-se uma vez realizada a redacção final dos textos legislativos.

83 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Sr. Presidente: - Há alguma objecção? Não havendo, aprovada. Fica encerrada a nossa reunião de hoje. Retomamos amanhã às 9 horas em ponto.

[Eram 17 horas e 15 minutos.]

84 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Lista de intervenientes

Membros da Mesa

Sr. Presidente, Aristides Raimundo Lima: 4-5, 10, 13-14, 18, 26-27, 28, 34, 56, 61-62, 75. Sr. Secretário da Mesa, Eduardo Monteiro: 83.

Grupo Parlamentar do PAICV (Partido Africano para a Independência de Cabo Verde)

Srs. Deputados:

Alexandre Ramos Lopes: 59-60. Arlindo Tavares Silva: 62, 83. Ernesto Che Guevara Mendes Barbosa da Silva: 64, 81. Filomena de Fátima Ribeiro Vieira Martins: 58. José Domingos António Lopes: 41-44 José Manuel Gomes Andrade: 25-26. José Maria Vaz de Pina: 45. Joselito Monteiro Fonseca: 66-67, 82. Júlio Lopes Correia: 36-39. Manuel Gomes Fernandes: 68-69. Miguel António Costa: 58. Pedro Amante Ramiro Furtado: 61, 76. Rui Mendes Semedo: 11-12, 16-17, 23-24, 30-33, 35, 52, 54-55.

Grupo Parlamentar do MPD (Movimento para Democracia) Srs. Deputados:

Austelino Tavares Correia: 64. Clemente Delgado Garcia: 63-64, 76-78. Fernanda Fidalgo de Pina Burgo: 39-41, 43, 49 -51 Fernando Elísio Leboucher Freire de Andrade: 19-20, 28-30. Filipe Baptista Gomes Furtado: 75. Filomena Maria Frederico Delgado Silva: 38. Humberto André Cardoso Duarte: 14-16, 17-18, 22-23. Janine Tatiana Santos Lélis: 61-62. José Luís Lima Santos: 44-45, 49, 53-54, 65-66, 78-79.

85 Reunião Plenária de 22 de Março de 2010

Miguel da Cruz Sousa: 10-11. Moisés Gomes Monteiro: 69-71, 79. Nelson do Rosário Brito: 71-72, 74.

UCID - União Caboverdeana Independente e Democrática

Srs. Deputados:

António Delgado Monteiro: 12-13, 27-28, 34, 45-46, 53, 58. Lídio de Conceição Silva: 56, 68, 79-80.

Membros do Governo

Sra. Ministra da Juventude, Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares, Janira Hopffer Almada: 18-19, 25, 46-47, 50-51. Sra. Ministra da Descentralização, Habitação e Ordenamento do Território, Sara Maria Duarte Lopes: 20-22. Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros; José Brito: 80-81. Sr. Ministro da Administração Interna; Lívio Fernandes Lopes: 83. Sr. Ministro de Estado, das Infra-estruturas, Transportes e Telecomunicações; Manuel Inocêncio Sousa: 63-67. Sr. Ministro de Estado e da Saúde; Basílio Mosso Ramos: 48, 55-60, 62. Sra. Ministra da Reforma do Estado e da Defesa Nacional; Maria Cristina Lopes Almeida Fontes Lima: 5-10, 13, 15. Sra. Ministra do Turismo, Industria e Energia; Fátima Maria Carvalho Fialho: 77-78. Sra. Ministra do Ensino Superior, Ciência e Cultura, Fernanda Maria de Brito Marques: 81-82.

86