Uma Poética Sobre NADA? O Niilismo Em Augusto Dos Anjos
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UNESP UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Ciências e Letras Campus de Araraquara - SP LEONARDO VICENTE VIVALDO Uma poética sobre NADA? O niilismo em Augusto dos Anjos ARARAQUARA – S.P. 2013 LEONARDO VICENTE VIVALDO Uma poética sobre NADA? O niilismo em Augusto dos Anjos Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Faculdade de Ciências e Letras – Unesp/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Mestre em Letras (Estudos Literários). Linha de pesquisa: Teorias e crítica da poesia Orientador: Prof. Dr. Antônio Donizeti Pires Bolsa: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ARARAQUARA – S.P. Vivaldo, Leonardo Vicente Uma poética sobre NADA? O niilismo em Augusto dos Anjos / Leonardo Vicente Vivaldo – 2013 150 f. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Estudos Literários) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências e Letras (Campus de Araraquara) Orientador: Antônio Donizeti Pires l. Poesia brasileira. 2. Anjos, Augusto dos, 1884-1914. 3. Niilismo. 4. Filosofia. I. Título. LEONARDO VICENTE VIVALDO Uma poética sobre NADA? O niilismo em Augusto dos Anjos Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Faculdade de Ciências e Letras – Unesp/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Mestre em Letras (Estudos Literários). Linha de pesquisa: Teorias e crítica da poesia Orientador: Prof. Dr. Antônio Donizeti Pires Bolsa: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Data da Defesa: 19/03/2012 MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA: Presidente e Orientador: Prof. Dr. Antônio Donizeti Pires Departamento de Literatura – FCL-UNESP/Araraquara-SP Membro Titular: Prof. Dr. Paulo Elias Allane Franchetti Departamento de Teoria Literária – IL-UNICAMP/Campinas-SP. Membro Titular: Prof. Dra. Fabiane Renata Borsato Departamento de Literatura – FCL-UNESP/Araraquara-SP. Membro Suplente: Prof. Dr. Adalberto Luis Vicente Departamento de Letras Modernas – FCL-UNESP/Araraquara-SP. Membro Suplente: Prof. Dr. Alexandre de Melo Andrade Departamento de Letras – UNIESP/Ribeirão Preto-SP. Local: Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciências e Letras UNESP. Campus de Araraquara. a todos aqueles que sabem que são nada . AGRADECIMENTOS A família: Ao meu Pai, José Vivaldo Sobrinho, e minha mãe, Isaura Vicente de Oliveira Vivaldo: obrigado pelo amor incondicional e, sobretudo, pelo infinito estímulo aos estudos. Ao meu irmão, Fernando Vicente Vivaldo, que sempre serviu (e ainda serve) como exemplo para o trabalho intelectual. Ao meu avô, João Vivaldo da Silva, e minha avó, Lira Soares de Almeida, In Memorian. Aos amigos enxadristas: Fabrício (Fischer), “compadre” Luizão, Neto, Fernando Frare, Jayminho Gimenez, GM Felipe El Debs, Filipe Guerra, Fernando Vivaldo (de novo) e, sobretudo, ao mestre do xadrez da vida e da vida do xadrez: Mário Silas Biava (vulgo MB – e que me deu a maior lição de poesia que jamais terei: “todo poema fala de uma dor”): Muito obrigado. Para vocês: Somos os peões deste jogo do xadrez que Deus trama. Ele nos move, lança-nos uns contra os outros, nos desloca, e depois nos recolhe, um a um, à Caixa do Nada. Omar Khayyām (1048 – 1131), poeta persa. Aos amigos do tempo da faculdade: Flávia (a-po-pu-pã), Jacque, Alessandra, Suelen e o “camarada” Gustavo. Aos Professores: Sérgio Mauro (pelo tudo – ou Niente – que sei sobre Literatura Italiana e, especialmente, Dante Alighieri e Giacomo Leopardi); Alcides Cardoso dos Santos, pelas importantes considerações expostas durante o exame de qualificação. Luiz Gonzaga Marchesan, conterrâneo e excelso mestre da Ironia; A professora Fabiana Renata Borsato, pelas várias contribuições a este e outros trabalhos – exemplo de ânimo e amor à poesia. Ao professor (e para sempre enxadrista) Paulo Franchetti, que eu “conheci” primeiro pelo xadrez (via Mário Biava) e só posteriormente nos livros. Obrigado por aceitar fazer parte da Banca. Salve Piteira K. Aliás, falando em Piteira K.: ao poeta Paulo Franchetti o agradecimento pelo “presente”: Lambe a ferida o animal ferido E se dissolve em língua, carne, pele, Dentes inúteis, espalhados. Cada parte reclama a sua parte De vida – resto, sopro Miúdo, exalação, suspiro. Perdura apenas o sintoma: a ferida, O desejo de lamber, a cura inexistente Como o desenho da paisagem: folhas, terra, Água sem peso, ar escuro – órgãos Soltos de um corpo morto: deus Não há – apenas uma sombra imensa Oprime pela falta e ainda segura, cola fraca, Os pedações que aos poucos Vão se desprendendo. Aos poetas: Ao sonetista-poeta-irmão Bruno Darcoledo Malavolta: “É a podridão meu velho!”. Ao Zen Thiago Farjado e ao leminskiano Lucas Milani: obrigado por me emprestarem o particular lirismo de vocês. Por fim, ao professor-amigo-poeta Antônio Donizeti Pires, pela “poesia nossa de cada dia”: obrigado por me colocar no caminho da vida da poesia; obrigado por no caminho me colocar a poesia da vida: Stephanie Pires (Virgilia: vigia-me). Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico: CNPq. Quero fixar-me, furiosamente, no Nada e irmanar-me a ele e perder todos os resíduos humanos, quando ele me agarrar! Contigo, velho alquimista, quero caminhar. Não fiques mendigando sozinho, para ganhares o céu; nada de esmola, toma-o o de assalto, se és forte (...), deixa de mendigar; separo à força tuas mãos. Ai de mim! Que é isso? Tu também não passas de uma máscara e me enganas? Não vejo mais, ó Pai! Onde estás? Ao toque de meus dedos, tudo se reduz a cinzas e no chão sobra apenas um punhado de pó, enquanto alguns vermes saciados rastejam furtivamente (...). Espalho pelo ar essa poeira paterna e o que resta? Nada! À frente, dentro do túmulo, o visionário ainda permanece, abraçando o Nada! E o eco do ossário brada uma última vez: “Nada!”. (Autor Anônimo – Noturnos de Boaventura – 1804) Resumo A concepção moderna de niilismo começou a desenvolver-se no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, principalmente depois das teorizações do filósofo Friedrich Wilhelm Nietzsche – para quem o homem contemporâneo estaria vivendo em um período de constante decadência e de crise de valores (morais e metafísicos). O niilismo seria, portanto, um mediador entre conceitos ultrapassados e modernos: um estado intermediário que exporia a fratura entre uma velha e uma nova visão de mundo. O termo niilismo, que está ligado etimologicamente a “nada”, no latim nihil – daí, niilismo, se faz, portanto, duma questão muito mais antiga, e complexa, do que possa aparentar à primeira vista. Desta maneira, pensando o Nada como “matéria” do niilismo, ou para o niilismo, esses termos parecem serem continuamente disseminados na poesia, e na crítica, sobre o poeta Augusto dos Anjos – sendo, muitas vezes, usados como sinônimos e nos mais variados sentidos. Contudo, convém se perguntar: o que seria, realmente, o Nada na poética de Augusto dos Anjos? Seria possível defini-lo? E mais: seria possível defini-lo como niilismo? O declínio do espírito oriundo do niilismo, manifestado não só pela obsessão pelo saber, mas, sobretudo, pela dissolução no Nada (angústia metafísica do homem moderno), parece ser o caminho que faz a poesia de Augusto dos Anjos – e o trajeto que este trabalho propõe. Palavras-chave: Poesia brasileira; Augusto dos Anjos; Niilismo; Filosofia. Abstract The modern concept of nihilism began to develop itself in the late nineteenth century and early decades of the twentieth century, especially after the work of the philosopher Friedrich Wilhelm Nietzsche – to whom the contemporary man would be living in a period of steady decline and crisis of values (especially moral and metaphysical). Nihilism is therefore a mediator between outdated and modern concepts: an intermediate state that would expose a rift between the old and the new world view. The term nihilism, which is etymologically linked to "nothing", nihil in latin - hence, nihilism, it is therefore a much more ancient and complex question than might appear at first sight. Thus, thinking nothing as substance of nihilism, these terms always seem to have permeated the poetry, and criticism of the poet Augusto dos Anjos - being very often used as having the same meaning. Yet we must ask: what would be nothing in the poetry of Augusto dos Anjos? Would it be possible to define it? And more, could we define it as nihilism? The decline from the spirit arised by nihilism, expressed not only by an obsession for knowledge, but mainly by the metaphysical anguish of the modern man, seems to be the way which is made the poetry of Augusto dos Anjos - and the path that this work proposes. Keywords: Brazilian Poetry; Augusto dos Anjos; Nihilism; Philosophy. SUMÁRIO INTRODUÇÃO......................................................................................................... 11 Capítulo 1 – Antes de Mais: Nada........................................................................... 18 Capítulo 2 – O niilismo............................................................................................. 23 2.1. Sobre o niilismo: origens............................................................................. 23 2.2. O niilismo em Nietzsche.............................................................................. 28 Capítulo 3 – um “esqueleto” de Augusto: fortuna crítica..................................... 41 3.1. “Je suis un autre”: Eu x Eu´s – Poesias, Outras Poesias, Poemas Esquecidos.................................................................................................................