Christina Vital da Cunha Paulo Victor Leite Lopes Janayna Lui Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014

Autores Christina Vital da Cunha Paulo Victor Leite Lopes Janayna Lui

Fundação Heinrich Böll Brasil & Instituto de Estudos da Religião (ISER)

Rio de Janeiro, 2017 Coordenação editorial Projeto gráfico e diagramação Marilene de Paula Beto Paixão

Revisão Impressão Bruna de Lara Gráfica Stamppa Karina Merencio Leandro Uchoas Tiragem 1.000 exemplares Pesquisa iconográfica Karina Merencio Leandro Uchoas Esse livro foi financiado com recursos da Fundação Luzia da Silva Heinrich Böll e a pesquisa foi uma colaboração das Foto da Capa instituições Boll e Iser. É permitida a reprodução Shutterstock.com parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

Fundação Heinrich Böll Instituto de Estudos da Religião (ISER) Rua da Glória, 190/701 – Glória Ladeira da Glória, 99, Glória - RJ – Brasil Rio de Janeiro CEP 20.241-180 CEP 22.210-010 +55 21 3221 9900 +55 21 2555 3782 [email protected] [email protected] www.br.boell.org www.iser.org.br

C972r Vital da Cunha, Christina; Lopes, Paulo Victor Leite; Lui, Janayna.

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014. Christina Vital da Cunha, Paulo Victor Leite Lopes, Janayna Lui. – Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böll: Instituto de Estudos da Religião, 2017.

196 p.

ISBN 978-85-62669-21-7.

1. Religião - Política. 2. Eleições. I. Vital da Cunha, Christina. II. Lopes, Paulo Victor Leite. III. Lui, Janayna. IV. Título.

CDD 261.83 Sumário

Apresentação...... 5

Introdução...... 7 Atordoamento e religião nas eleições 2014

Capítulo 1...... 17 Um pastor candidato: a primeira candidatura confessional evangélica à Presidência do Brasil 1.1 Mas quem é Pastor Everaldo?...... 18 1.2 Pastor Everaldo contra ...... 26 1.3 A campanha nas igrejas, nas rádios e na televisão...... 37 1.4 Os apoios à candidatura...... 40

Capítulo 2...... 47 Estratégias de poder e a apresentação de um perfil liberal conservador religioso 2.1 Desafios da campanha...... 61 2.2 Fim da campanha e o “novo lugar dos evangélicos”...... 70 2.3 Pastor Everaldo e o voto evangélico no segundo turno das Eleições 2014...... 72

Capítulo 3...... 77 Agenciamentos em torno do religioso: a eleição para governador do Rio de Janeiro em 2014 3.1 Os candidatos, os partidos e as campanhas...... 78 3.2 Os candidatos e os seus pertencimentos...... 89 3.3 Segundo turno: a recomposição de forças e o embate com a IURD...... 99 3.4 Sobre definições e jogos de acusação nas eleições no Rio de Janeiro...... 108 Capítulo 4...... 111 Conclusão: Reavaliando categorias sociais - como pensar os evangélicos na sociedade e na política no Brasil contemporâneo 4.1 Ações extremistas...... 114 4.2 Ações conservadoras...... 119 4.3 Ações progressistas...... 121 4.4 Evangélicos como players...... 126 4.5 Do liberal ao liberal conservador religioso...... 128

Referências Bibliográficas...... 135

Anexos Anexo 1: Carta de Robson Rodovalho: “Antes pedintes, hoje negociadores”...... 144 Anexo 2: Entrevista com Silas Malafaia...... 146 Anexo 3: Manifesto de evangélicos contra a posição da Frente Parlamentar Evangélica sobre a Política Nacional de Participação Social (PNPS)...... 149 Anexo 5: Integrantes da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso Nacional...... 153

Sessão Extra...... 156 Religião, direitos e liberdades laicas no Brasil contemporâneo

“É preciso salvar a família”:...... 157 gênero, religião e política no contexto do neoconservadorismo evangélico nas mídias no Brasil Magali do Nascimento Cunha

A militância política de grupos ecumênicos na construção da democracia brasileira...... 170 Tatiane dos Santos Duarte Apresentação

O livro que o leitor@ tem em mãos é fruto da parceria da Fundação Hein- rich Böll com o ISER (Instituto de Estudos da Religião), parceiro que sem- pre nos ajuda a decifrar as nuances do Brasil contemporâneo. Foi assim quando lançamos juntos, em 2013, o livro Religião e Política: uma análise da atuação de parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e de LGBTs no Brasil, também resultado de uma pesquisa de mesmo nome. Esse Brasil diverso e complexo dos últimos anos, cujas reviravoltas po- líticas, combinadas com as denúncias e prisões da operação Lava-Jato e a crise econômica que o país atravessa, tornou imprevisíveis os próximos capítulos da política brasileira. As eleições de 2014, pano de fundo nas análises de cenários e da força dos atores políticos, nos contam como vivemos em um mundo polarizado, em que pese que numa disputa eleitoral os ânimos sempre estarão exal- tados. Entretanto, os próximos capítulos daquela história, com a vitória de Dilma Rousseff e o posterior impeachment da presidente trouxeram a po- larização ao seu nível máximo. Manifestações nas ruas pró-impeachment e outras contra Michel Temer, vice na chapa de Dilma e atual presidente, colocaram a política no centro do debate nacional. Nada mais justo então que irmos um pouco atrás, para conseguirmos ver adiante, sabendo sempre que o olhar será impreciso e não conseguirá abarcar toda a paisagem. Essa é também a proposta do livro Religião e Política: medos sociais, extremis- mo religioso e as eleições 2014, ou seja, analisar as candidaturas do Pastor Everaldo (PSC), de Marcelo Crivella (PRB) e de Anthony Garotinho (PR) nas eleições de 2014 para compreendermos um pouco mais esse cenário tão complexo que vivemos hoje. Christina Vital, Paulo Victor Leite e Janayna Lui medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 eleições e as religioso extremismo sociais, medos são nossos guias a decifrar esse caminho. A candidatura para Presidência do Pastor Everaldo, a primeira abertamente ligada às igrejas evangélicas, foi uma novidade, mas de certa forma já era aguar- dada. O peso político no Congresso e nas Câmaras de alguns municípios foi o combustível para costurar suficientes alianças para um ensaio da pretensão das Religião e Política: lideranças evangélicas de terem o cargo mais importante do Executivo. O livro completa sua análise com a disputa pelo governo do Rio de Janeiro, uma das principais capitais do país, por dois candidatos cujo discurso político 5 tinha implicações diretas com o elemento religioso. A análise robusta proposta pelos autores nos desvela como pensam e qual o projeto político que permeia seus discursos e visões. A família, como bem maior social, se sobressai. Mas quem é essa família? As críticas de grupos LGBTs e dos movimen- tos de mulheres estão focadas nessa visão de família heteronormativa, que vê a mulher sem seus direitos sexuais e reprodutivos garantidos, vol- tada a seu papel tradicional na sociedade. Por isso, parte da sociedade os vê como gente atrasada, fundamentalista e sectária, que em muitos momentos trabalham com a dicotomia do “nós” e “os outros”, não abrindo a possibilidade de construção coletiva, a partir da diversidade de perspec- tivas sociais e políticas que uma sociedade complexa como a brasileira exige. Se a justiça social não é a visão norteadora das propostas políticas, o que poderá então conseguir tal feito? As candidaturas representam o que nossos autores conseguiram apresentar com maestria, um projeto liberal conservador que se utiliza da religião como ponte para angariar fieis, poder e recursos dos mais variados tipos. Mas quem são eles? Impossível uma definição simples; são diversos, e em muitos momentos contraditórios. Algumas igrejas não aceitam a ex- posição na mídia, outras pagam milhões para estarem nas TVs o máximo possível. Mas a verdade é que a velocidade com que conseguiram estar presentes nas periferias e centros urbanos das principais capitais, com mi- lhares de igrejas, tornou-se um desafio para a análise de pesquisador@s e criou medos sociais, como apontam os autores. Por terem como público ainda majoritário os mais pobres, elas também representam um chamado àqueles considerados invisíveis para que participem da cena política e so- cial, só que em outro plano, como protagonistas, mesmo que em muitos momentos isso seja apenas uma miragem. O livro nos alerta sobre o quanto a política é importante, e como discutir e se juntar para refletir o que acontece no mundo político, por vezes tão dis-

medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 eleições e as religioso extremismo sociais, medos tante, pode nos fazer avançar como sociedade. A democracia é um proces- so em permanente construção e disputa. E para isso precisamos de aliados para remexer visões estáticas, e nos ajudar a entender onde estamos. Por essa razão agradeço imensamente aos autores Christina Vital, Paulo Victor Leite e Janayna Lui pela seriedade e dedicação e a Pedro Strozenberg e a toda a equipe do ISER, por mais essa parceria. Religião e Política:

Marilene de Paula 6 Coordenadora de Programa Fundação Heinrich Böll Brasil Introdução Atordoamento e religião nas eleições 2014

Que tipo de formação é essa, esta “sociedade” que compomos em conjunto, que não foi pretendida ou planejada por nenhum de nós, nem tampouco por todos nós juntos? Ela só existe porque existe um grande número de pesso- as, só continua a funcionar porque muitas pessoas, isoladamente, querem e fazem certas coisas, e no entanto sua estrutura e suas grandes trans- formações históricas independem, claramente, das intenções de qualquer pessoa em particular.

Norbert Elias

O clima inicial das eleições presidenciais de 2014 era de apatia. Onze candidatos concorriam à Presidência da República em uma corrida envolvendo 32 partidos. Mas, apesar da grandeza dos números, não havia nada de novo – eram os mesmos personagens, os mesmos discursos. Em

meio à estagnação, a candidatura à reeleição saía favorecida. Mas logo no 2014 eleições e as religioso extremismo sociais, medos início da campanha oficial aquela apatia foi quebrada por um fato brutal: a morte do então candidato Eduardo Campos (PSB - Partido Socialista Brasileiro), terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto. O atordoamento e as incertezas provocadas pela morte repentina fo- Religião e Política: ram seguidos pela eclosão de uma competição dilacerante pelo poder e pela expectativa em relação à nomeação da nova cabeça da chapa. De vice, Marina Silva passou a candidata do PSB. Chegou sob forte comoção 7 de uma juventude que percebia em sua candidatura a possibilidade de ver 8 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 adesão, porque muitos demonstravam ter torno de Dilma Rousseff e de Aécio Neves crescia. Digo oposição, e não proferia emmuitas aparições. Enquanto isso, a oposiçãoapaixonada em do discurso progressista, identificado como “de esquerda”, que a candidata desconfiar a passou conservador mais perfil de evangélica massa a Já sil. direcionadas aos evangélicoscategorias de acusação fortemente no Bra- seu governo fosse tomado pelo “obscurantismo” e pelo “fundamentalismo”, jovem e progressista a se começou descolar de seu nome, temendo que evangélica de Marina resultaram em uma sinuca. Seu eleitorado de base gundo turno com uma diferença de apenas 8% em relação à Dilma Rousseff. daSocialDemocraciaNeves ((PSDB -Partido Brasileira),que chegouaose- Aécio para lugar segundo o perdeu fim, No pesquisas. nas caindo foi dias, que Marina saltasse ao primeiro lugar na disputa, mas, com o passar dos mente guiariamopleito. O enormeespaçoqueconquistou namídiafez com Silva – e,comela,osevangélicos – assumisseopoder. Eduardo Campos fora umaespécie de encomenda divina para queMarina ram no apoio à sua candidatura, pois muitos acreditavam de que a morte confrontos de junho de 2013 – e mesmo antes disso. Evangélicos se soma- mudançaética acontecer uma e política reivindicada desde as passeatas e amava Maria que amava Joaquim queamava Lili que nãoamava ninguém”. de Drummond Andrade: “João que amava Teresa que amava Raimundo que contextodo poema“A político poderia ser visto a partir quadrilha”, de Carlos , chamou de um “bacanal eleitoral”. Em linguagem poética, o também aumentaram: o número de candidatos padres era 15% maior. como pastores contra 193 em 2010. As candidaturas confessionais católicas informações do Tribunal Regional Eleitoral: 270 candidatos se inscreveram presença depastores era 40% maior doquenaseleiçõesde2010, segundo a pleito, Naquele mento turno. segundo um de existência a significar poderia cresci- seu 2014: de eleitoral campanha da definidor possível o como mídia conseguira um empate técnico com Eduardo Campos e fora apresentado na ra candidatura confessional evangélica à Presidência da República no Brasil, favor deumououtro. Os jogos de ocultação e revelação envolvendo a identidade religiosa dali,aspaixões visivelUma euforiatomou- contadacampanha.Apartir No plano estadual, o Rio de Janeiro viviaoqueentão prefeito doRio, No início da disputa, Pastor Everaldo Social Cristão), primei- (PSC - Partido certeza certeza do voto contra e não a Nacional, enquanto oPSCteve um decréscimo de sua bancada emrelação conseguiu aumentar em 150% o número de parlamentares no Congresso a Igreja Universal do Reino de Deus. Essa última parecia ter saído vitoriosa: Republicano Brasileiro)Deus, de outro, (PRB - Partido e,majoritariamente, projetoslado PSC e,majoritariamente,aAssembleia de um de depoder: le momento e os desdobramentos disso naatualidade. não se possa fazer encadeamentos necessários entre o que se afigurou naque- embora importantes, públicos fatos foram conservadores como identificados e as divergências entre o governo, a Frente Parlamentar Evangélica e políticos episódios envolvendo o material didático de combate à homofobia nas escolas romperam com a presidente já no primeiro ano de seu primeiro mandato. Os inclusive, foi enfático ao dizer que o PSC e vários parlamentares evangélicos licos ao PT e à campanha para a reeleição de Dilma Rousseff. Pastor Everaldo, apoio àscandidaturas, em2014 estava clara adiminuiçãodoapoiodeevangé - candidato AécioNeves. Seem2010 aslideranças evangélicas sedividiram no as eleições de Fernando Collor de Melo, parecia se concentrar em torno do seis amaisdoquesetinhaem2010. tação política se a ampliou com eleição de representantes de 28 partidos, 30% de votos inválidos e abstenções. No Congresso Nacional, afragmen- quase foram cabo, ao e fim – ao história da indecisos ou brancos nulos, ções. Ainsatisfação e o medose revelaram nomaiorpercentual de votos xergar, eles estavam sendo ativados, e a sociedade saiu dividida das elei possíveis na vida social do que os enquadramentos binários permitem en efeitos. Adespeito de compreendermos que há muito mais composições arena pública, ora analítica, de forma ora de maneira acusatória, e surtiam transponíveis foram se consolidando. Todas essas categorias emergiam na poderia ser alvo de dúvida e ataque. Conflitos e oposições que pareciam in a esquerda. Nadaestava garantido, nadapoderiaseressencializado. Tudo ligiosos, liberais contra liberais, direita contra direita, esquerda sem apoiar nãohavia nadaganho. bém nacional.Nãohavia certezas, dia pareceu sólido se desmanchava no ar, ali, em contexto estadual e tam- que era amigodeEduardo Cunhaquenãoamava ninguém”. Tudoque um Pois é, “Dilma que apoiava Pezão, queapoiava Aécio,querecebia Everaldo No clima de tormenta, tambémse confrontaram evangélicos e seus O “voto evangélico”, alvo de disputa no cenário político desde, pelo menos, Eram conservadores contra liberais, mas também religiosos contra re- - - -

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 ções religiosas para a ação, para a proposição de políticas públicas e para como crença, escolha. lhe foi imputadono ocidente moderno –ode algo privado, que tem espaço dente fatoscomo de tradição, algo maiordoqueareligião e o lugarque últimos anos, os valores religiosos foram citados de muitomodo contun- o capital político. Mas, nas eleições 2014 e ao longo dos dois que fortalece identificação de forma como ora intenções, outras ocultar de meio como então presidente da Câmara, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). (as), 270 vezes; e a palavra Deus, 75 vezes – tendo sido usada, inclusive, pelo encaminhamento do processo foram citados apenas 18 vezes; famílias e filhos o fundamentaram que fiscal responsabilidade de crimes pronunciamentos,os 2016, quandotodos puderam assistiraosvotos dosparlamentares. Durante os peachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados em 15 de março de código foi ativado durante a votação do encaminhamento do pedido de im- comunicação para dentro epara fora daesfera O mesmo político-partidária. “religião” como meio de falar para todos, como um código que estabelece uma O contexto social e político possibilitava, ou até estimulava, o uso da palavra de um projeto comum: o de fazer o Brasil prosperar. Seria um governo de união. religare fético, que faria um governo religioso, se remetendo à etimologia da palavra atual, causadordadiscórdia, do“obscurantismo”, daintolerância. Será? cional einternacional, vale dizer). Muitoso maldoBrasil aapontamcomo de 2014, a rejeição àreligião cresceu noespaçopúblico(emcontexto na- presidenciais pós-eleições amplificados foram e 2013 em explodiram que sem acirrá-los ainda mais. No caldo das antipatias, atordoamentos e ódios pareces- embora ânimos, os pacificar a e posicionamentos explicar para do governo naCâmara dosDeputados. PSC ganharia destaque pela indicação de André Moura (PSC-SE) para líder de Michel Temer do Movimento (PMDB Democrático- Partido Brasileiro), o o impedimento da Presidente Dilma Rousseff e o início do governo interino desenrolar dos fatos mostra o desequilíbrio estrutural dessa gangorra: com ao pleito anterior: foram 17 parlamentares eleitos em 2010 e 12 em 2014. O Assim, osjogosdevisibilidade einvisibilidadeemtorno dasmotiva- A religiãoemergecódigo como paraposicionamentos, comunicar ora Em seuprimeiro pronunciamento ànação,Michel Temer falou,emtom pro- A todo momento, as categorias religião e tradição eram conclamadas – no latim, religar. Disse que religaria a nação e os políticos em torno dogmas que lhes orientam. dasdoutrinasedos modos deseresentirtoda umanaçãoapartir giosos que tentam produzir um novo ordenamento social e interferir nos têm absoluto êxito, nãopodemosnegarconquistasdossegmentos reli- curso, masninguémétãopoderoso assim.Senãopodemosdizer que fatos apresenta desejosincontidosdeatores políticosdecontrolar seu Elias citadoemepígrafe.como jáchamava atençãoNorbert O cursodos encadeamento histórico, masnãoanteriormenteprevistos, arquitetados, contida embenefíciodacontemplaçãodecontextos queguardam algum tar emtãolarga medida. mento, a raiva e a indisponibilidade em relação ao diferente iriam aumen- o fim das eleições. Pelo contrário, não se poderia imaginar que o atordoa- e mesmo psicológica de ouvir e debater com A intolerância em relação pirada namúsicatítulodomaisprestigiado CDdorapper paulistaCriolo. os “nós nas orelhas”, a apertando impossibilidade de escuta, imagem ins- a composiçãodearranjos políticosnoBrasil contemporâneo continuam O livro estado do Rio de Janeiro, da Repú- as de Anthony Garotinho (PR - Partido passo diferente, provocando especulações,apostasetemores. vestimento em candidaturas majoritárias, as eleições 2014 mostraram um força nos legislativos estaduais e federal, mostrando limites quanto aoin midiáticas apresentavamestratégia como até então a manutençãodesua política. Se a bibliografia coma especializada e as próprias lideranças dos evangélicos evangélicas na relação marco um significaria candidatura tal sidência da República – Pastor Everaldo (PSC) –, tendo como hipótese que procuramos analisar a primeira candidatura confessional evangélica à Pre- entre aFundação Heinrich Böll, o ISEReaUniversidade Federal Fluminense, Cristo? Candidaturas religiosas nas eleições 2014” reunido domaterial empírico na pesquisa “UmBrasila partir cação, para (existente ou idealizada) e daforçaNesta socialqueacombate. publi- A tentação de produzir explicações totalizantes deve, no entanto, ser Contrastivamente, discutimos ainda duas candidaturas ao governo do Estamos acompanhando as disputas em torno da defesa da tradição ao outro, a indisponibilidade política, emocional o outro não diminuíram com , executada em parceria - 11 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 12

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 no Brasil, alémdecompreender: tir como elas visavam afetar a vida cotidiana de religiosos e não religiosos lisar diferentes estratégias de poder utilizadas nessas campanhas e discu- te de emergência depaixões, repulsas e estratégias. assim, ana- Buscamos, ou doapoiodepersonalidadessegmento religioso. e, peloscandidatos, de suas identidades parareligiosas capitalizar a partir relação a algumas candidaturas “acusadas” de evangélicas e exclusivistas, em medo o amplificar para usado foi oponentes, Pelos disputa. na central fizesse esforço para evitar publicamente essa identidade, o elemento religioso foi se inclusive, que, e confessionais, estritamente candidaturas de blica) e Marcelo Crivella (PRB). Nesses casos, embora nãose tratassem papel nesse crescimento. para o final dos mandatos – e a ascensão das suplências tem importante um tamanho relativamente menor do que aquele assumido da metade Frente Parlamentar Evangélica ao longo das legislaturas: no início, tem 2012) revelamos uma grande oscilação em relação à composição da Não há vítimas nesses processos.um contexto Há,contudo, interessan Em pesquisa recente (Vital daCunha, 2014;Em pesquisarecente VitaldaCunha;Lopes, (Vital • • • • • • 2015? 2015? Qual acomposiçãodaFrente Parlamentar Evangélica (FPE) em dois eventos? desses depois e antes PSC do político papel o e tamanho o Qual Everaldo, àpresidência dopaís? de uma candidatura evangélica confessional, na figura do Pastor Humanos (CDH) e damidiatizaçãodoevento para aproposição co Feliciano (PSC/SP)àpresidência daComissãodeDireitos Qual opesorelativo daascensãodoentãodeputadofederal Mar- no dessascandidaturas? Quais asbasesdeapoioemobilizaçãoqueseformaram em tor- governo dessescandidatos? Quais foram ostemas-chave eonúcleocentral doprograma de qual perfil religioso-político-ideológico? Quais aliançasforam feitas emtorno dessas candidaturas ecom - Cunha; aprisão de senadores, ministro e ex-ministros; oestabelecimento do deputado federal e ex-Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo na operaçãoLavajudiciária conhecidacomo Jato;do mandatoa cassação gens envolvendo políticos de vários escalões nas investigações em curso interesses publicamente no crescendoobservados de narrativas- e reporta período mais recente, no qual pudemos acompanhar diferentes arranjos e contexto tão turbulento e complexo quese desenrolou das eleições até o o sobre refletir buscamos modo, Desse 2016. de maio em cargo do mento cia daRepúblicaeaculminânciaquetal processoseu atingiuafasta com tomaram a agenda pública desde a reeleição de Dilma Rousseff à Presidên no debate público. Buscamos olhar aquele evento à luz das questões que “ovelhas” a sil, tanto na política quanto na sociedade; seu atorlugar como político,de Bra- no hoje evangélicos os pensar como sobre refletir de fim a 2014 ções mento aumaigreja protestante. dalos de corrupção no estado – e exclusivista religiosa – pelo seu pertenci desconfiança: moral e administrativa – dado o seu envolvimento em escân- Garotinho,Com as interpelações públicas giravam emtornodupla deuma que se aproximavam dele nas ruas em campanha, pedia: “orem por mim”. quem nãoparavam de falar de religião. Por outro lado,para os evangélicos tões sociais e não feria a laicidade. Segundo ele, eram seus interlocutores dizendo que não queria saber de religião, não a privilegiava sobre as ques- da Igreja Universal do Reino de Deus, provocava ecomentaristas, repórteres lo Crivella, que fazia questão de destacar sua condição de bispo licenciado como tradicional. de uma ordem social que não deveria ser vista como religiosa, mas sim do. Afirmava, assim, a força, a naturalização, a legitimação de um modelo, tradicional dito maior, natural, incontestável e que estava sendo ameaça- exploração de um código que comunicava sua adesão a um valor social era predominantemente marcada por valores tradicionais. Tratava-se da de seu discurso podia, às vezes, ter bases bíblicas, masque a articulação evangélicos, maspara todos quandodefendia afamíliaevida.Issopor- dor, ora como liberal econômico, enfatizava um governo não só para os Portanto, neste livroPortanto, objetivo temoscomo recuperar detalhes das elei No plano estadual, as zonas cinzentas eram ainda Marcemais comuns. - A campanhadoPastor Everaldo, referido namídiaora- comoconserva players ; e o lugarrelativo que a religião e a tradição ocupam - - - - 13 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 14

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 pelas provocações que nos têm feito e que têm resultado em ricas produ- e Marina Menezes. À Fundação Heinrich Böll, agradecemos pela parceria e deste livro: Lilian Dias, João Souzae Silva, Amado Karem Santana, Roberto administrativa equemaisrecentemente vêm colaborando para aprodução cesso de trabalho. Agradecemos tambémaodemais integrantes da equipe acompanhamento competente e minucioso de todos os passos deste pro - andamento da pesquisa. À Helena Mendonça, agradecemos sempre pelo cemos igualmente viabilizar pela e por institucionalmenteinterlocução o to dashipóteses e análises aqui contidas.Ao Pedro Strozenberg, agrade- pelo compromisso, disponibilidade e também pela troca de ideias a respei agradecemos livro, deste produção de final reta na equipe à somou se que longo daproduçãoda pesquisa e desta Aopublicação. Bernardo Guerra, Suarez (ISER). Clemir, ao emespecial, foiuminterlocutor muito importante quisa: ClemirFernandes (PPCIS/UERJ –ISER),LiciaOliveira (UFF) e Pedro Robson Rodovalho, talcomomostraremos aolongodestelivro. que se tornou explícita no manifesto dopastor e ex-deputado federal Bispo sição política que vem tomando forma desde o segundo governo Lula e mento da presidente Dilma Rousseff é um dos resultados de uma dispo- a diversidade desse segmento, consideramos queoprocesso de impedi- dos evangélicos,co seja no âmbito doCongresso, seja na sociedade,dada que nãoconsideremos na análise a existência de um projeto políticounívo - mais notório, ora menos evidente, obtendo conquistas e derrotas. Ainda atores sociais, que foram sendo apresentados à sociedade de modo ora e denominacionais sendo conduzidos por diferentespolíticos, partidários produzidas. Nesse sentido, entendemos que havia disposições e interesses mos que a vida social depende de interações que são circunstancialmente desde aquele momento emqualquerdireção quefosse,pois compreende panhando. Não postulamosa existência de um projeto quese desenhava de um processoforam que culminounos eventos parte que viemosacom estratégica para o entendimento do presente. No entanto, as eleições 2014 algo datado, que se encerrava naquele momento em termos de importância e estadual, recuperar odebate sobre as eleições 2014 parecia falar sobre to daquestãomulherpelonovo governo etc.. do governo de Michel Temerde seu ministério; eacomposição o tratamen- Agradecemos imensamente a todos osintegrantes da equipede pes Inicialmente, diante de tudooquese passou nocenáriopolíticonacional - - - - vas reflexões. Paula Montero e Patrícia Birman,nos inspiraram e continuam ainspirar no- Emerson Giumbelli, Ronaldo Almeida, Renata Menezes, Regina Novaes, lhos, juntamente com os de outros caros pesquisadores nacionais, como aceitarem oconvite para estaremnessa conosco jornada. Os seus traba- esta pesquisa. agradecemos aleitura atenta e as interpelações feitas ao longode toda pela vivaz e sempre instigante interlocução comMarilene de Paula. A você, ções conjuntas. Tem sido um privilégio trabalhar com vocês, em especial Às colaboradoras Magali Cunha e Tatiane Oliveira, agradecemos por 15 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 16

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 evangélica àPresidência doBrasil a primeira candidatura confessional Um pastor candidato: Capítulo 1 1 Acesso em05deJulho de2014. noticia/cadernos/politica/2014/06/15/interna_politica,131666/nanicos-em-busca-de-visibilidade.shtml minorias” dos “valores tradicionais da nação brasileira”, com respeito aos “direitos das na ConstituiçãoFederal”, a“defesa davidadesdeasuaconcepção” eoresgate Em seu discurso, enfatizou a “defesapelo partido. da família tal como presente de 2014, Pastor Everaldo foiaclamadocandidato àPresidência daRepública gislativa de São Paulo durante a convenção nacional do PSC, em 14 de junho cos noCongresso Nacional, Pastor Everaldo disse: “Vou governar para todos”. Correio Braziliense. Data da matéria:15/06/2014. Disponível em http://impresso.correioweb.com.br/app/ Diante de aproximadamente cinco mil pessoas reunidas na Assembleia Le- 1 . Questionado sobre suavinculação religiosa e a força dos evangéli- org/licenses/by/3.0/br/ tps://creativecommons. Licença CCBY 3.0BR.ht 26/03/2013 de Comunicação(EBC), Foto: Empresa Brasil Deputados. Humanos daCâmara dos da ComissãodeDireitos Feliciano (PSC) àfrente à manutençãodeMarco coletiva mantendoapoio Pastor Everaldo dá

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 1.1 MasqueméPastor E pastor auxiliar daAssembleiadeDeus (MinistériodeMadureira), igreja era campanha, sua de lançamento do Quando filhos. três de pai é e tista seu próprio escritório. Everaldo écasadocomacantora gospel EsterBa- de Economia eFinanças doEstadoRiodeJaneiro, montandodepois Resseguros do Brasil e formou-se em Ciências Atuariais pela Faculdade Feira deAcarie,dos12aos 14,foiservente de pedreiro. pastores de evangélicos, aos novea trabalhar: anoscomeçou primeirona camelô como filho e Neto parteira. como avó sua tendo Rio, do cidade da do pelopúblico.Everaldo nasceu emcasa,nobairrona de ZonaAcari, Norte TSE (Tribunal Superior Eleitoral)Pastor como Everaldo, eraconheci - pouco a verdadeira mudança. mente: Everaldo seria a salvação nacional, porque sua vitória representaria e branco. Aimagemvisava reforçar oquediscursoexplorava incessante campanha, cujas cores remetiam à bandeira nacional: verde, amarelo, azul um olharpara o futuro. Amarca da novidade foi trabalhada em toda a sua olhava diretamente para o eleitor, mas sim para uma direção que indicava book. postava mensagens nas redes destaque parasociais, com o Twitter eFace- um Brasil essa Acompanhando “estética melhor”. motivacional”, sua equipe tenções de voto.tom Em motivacional, oslogan dizia: da campanha “Fé em particular. Em junho de 2014, Pastor Everaldo oscilava entre 3% e 4% das in eleitorado conservador, de um modogeral, e ao eleitorado evangélico, em redução do Estado e “a verdadeira mudança” – o combate à corrupção. campanha baseadanoseguintetripéargumentativo: preservação dafamília, tratégia para e para a projeção a liberdade dopartido de condução deuma foiaexpressão deumaes- uma chapapresidencial semaliançaspartidárias putado federal na condição de suplente até março de 2014. A escolha de do é administrador de empresas, foi deputado estadual e atuou como de- Paraíba. na Leonar- partido do presidente Gadelha, Marcondes de filho anos, Posteriormente, passouemumconcursopara contínuodoInstituto de Até o lançamentoEveraldo desuacampanha, Dias Pereira, registrado no Com a candidatura de Everaldo, junto oPSC visava ao se fortalecer O candidato avice-presidente emsuachapafoiLeonardo Gadelha,39 Numa imagem projetada em sua campanha oficial, o candidato não candidato o oficial, campanha sua em projetada imagem Numa veraldo? - - que a vinculação a um projeto político-partidário naquele momento: naquele momento: que avinculação a um projeto político-partidário errante, destacando maiso caráter pessoal e contextual de suas escolhas do vista concedida para a nossa pesquisa, Pastor Everaldo salientou seu percurso mídia apresente suatrajetória deesquerda, ementre- políticaligadaapartidos a Lula com mais de 300 pastores na Baixada Fluminense. Embora a grande candidato Luiz InácioLula daSilva echegouaorganizar umalmoçodeapoio do apoio dos evangélicos ao então dido do pedetista, atuou como articulador de evangélicos à campanha presidencial de Brizola. No segundo turno, a pe- bancada evangélica. Em1989, Everaldo foioresponsável pornegociaroapoio da primeira Nacional Constituinte, fez composição da então chamada parte Cristão), deputado federal ligado à Assembleia de Deus que, na Assembleia também como cabo eleitoral Democrata deSotero Cunha(PDC - RJ, Partido so, em 1982, fez campanha para um amigo candidato a vereador, tendo atuado do Democrático Trabalhista), ex-governador do Rio de Janeiro. Mas, antes dis- cargo de vice-presidente. 12 milhões, segundo dados do Censo 2010 do IBGE. No PSC, exercia o evangélica com maior número de fiéis no Brasil, ultrapassando a casa dos beneficiados feita por igrejas evangélicas. Everaldo foi criticado por vinculara distribuição dos cheques à relação de ros-chefes da administração: o programa car Cheque Cidadão. À época, Pastor dosprincipais um de coordenador como PDT) ao filiado (então nho Benedita da Silva (PT) e integrou o núcleo de governo de Anthony Garoti- Pastor Everaldo chegou à política pelas mãos de Leonel Brizola (PDT- - Parti Na política estadual, foi colaborador da também política assembleiana (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). mesmo depoisfoinoPSC. filiei depois para ajudar. Mas a militância que eu partidária tive amigo praum Constituinte em 1985 e ele era doPDC,eeume litava mais no PDT com Brizola. Depois, teve a candidatura de Mas eu não tinha militância nenhuma. Mi- fusão de partidos. do PDT, foi ao antigo PDC. Foi em 1986/87. Depois houve uma militante sendo mesmo verdade, na filiação, primeira minha A

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Cheque Cidadão conforme dispostoconforme noDecreto nº 25.681 de 05/11/1999, alterado pelo De- luntárias, cabendo aessas a responsabilidade da distribuição dos cupons, no Programaintermédio pordas instituições assistenciais e religiosas vo- anos em dia o calendário com de vacinação; e cadastrar-se e ser incluído lhos em idade escolar frequentando a escola; possuir filhos menores de dez suir renda familiar per capita igual ou inferior a 1/3 do salário mínimo; ter fi- derivados. Dando-lhesoexercício plenoda cidadania” (SEGAB,2001,p.1). paraduráveis, aaquisiçãodebens de consumo e bebidas alcoólicas, fumo quaisquer produtos alimentícios e de higiene, não podendo ser utilizado Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ) por cupons são trocados emestabelecimentos comerciais credenciados pela as famílias carentes de com umcupom R$100,00 (cem reais) mensais. Os destinava à população de baixa renda e tinha como objetivo final “beneficiar de 13 de abril de 2000, odispostoconforme noDecreto nº 26.172. Ele se pela Secretaria de Estado da AçãoSociale Cidadania – SASC –a partir cretário Pastor Everaldo Dias Pereira, oprograma passou a ser coordenado selecionaram asfamíliasbeneficiárias. damentais parado programa: aconsecução foram elas cadastraramque e As instituições religiosas, notadamente as evangélicas, foram agentes fun- religiosa. filantropia de imagem a com casado nasceu crescentes, social eexclusão pobreza pela marcado cenário um em beneficiários de gente que pretendia atenuar as difíceis condições de vida de um grande contin- Cidadão – já nasceu polêmico. Ao mesmo tempo em Compartilhar/Cheque pelo Decreto nº26.993de18/08/2000. Cidadão, instituídomeio doDecreto por nº 25.681 de 05/11/1999, alterado ações do governo nessa área,os como Restaurantes Populares e o Cheque diversos programas assistenciais que podem ser considerados vitrine das capitaneou ele 1998, em Eleito Garotinho. Anthony governador do figura à sistência Social ganhou maior projeção e aspectos singulares, vinculados As famílias assistidas precisavam atender aos seguintes critérios: pos- Inicialmente vinculado ao Gabinete Civil, sob coordenação do sub-se O programa de renda mínima do Estado do Rio de Janeiro – Programa As- a 1990, de década da final do partir a Janeiro, de Rio do Estado No - miu organicidade. assu 2003 e 2014, foi vice-presidente do PSC e, sob sua gestão, opartido colegas por ser considerado umpolíticopragmático e organizado. Entre reconhecidos “populistas”. ganhou notoriedade No novo entre os partido, sentido, sua formação política foramso e, em certo construídos ao lado de ao Senado Federal. Até o ano seguinte, quando se filiou ao PSC, seu percur extinto durante oprimeiro governo deSérgio Cabral. ligamento doprograma. Apósanos de distribuição,ochequecidadãofoi de dez anos. A não apresentação dos documentos poderia significar o des catorze anos e a caderneta de vacinação atualizada das crianças menores e sete entre filhos dos escolar frequência de declaração a notadamente alizar semestralmente apresentadaa documentação à Entidade Voluntária, o ChequeCidadão com nomáximocincodias após seu recebimento e atu- efetuadas compras das fiscal nota a apresentar apenas precisavam árias benefici famílias as contrapartida, Como 18/08/2000. de 26.681 nº creto senta para o PSC um estado de espírito que não segrega, não exclui nem justa, solidária e fraterna. O Cristianismo, mais do que uma religião, repre- rado nos valores e propósitos doCristianismo, em buscadeumasociedade lê-seoficial que do ele partido, se sustenta “na Doutrina Social Cristã, inspi Em 2002, Pastor Everaldo apoiouacandidatura de Sérgio Cabral (PMDB) O PSC é um partido abertamente anti-marxista e anti-comunista. No site abertamente O PSC é um partido (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). dar cunho nacional ao partido, de norte asul,delesteoeste. denorte dar cunhonacionalaopartido, organização a nacional. Quando nós assumimos, começamos organização. Cada estado fazia o quequeria.Nãotinha uma que funcionavaera assim, de maneira... um partido sem uma tações sempre elegiam aqui deputado federal, estadual, mas representação dele maior era noRio de Janeiro. Asrepresen a sede emMG.Surgiu em02 de maio1985. No início,a e ali escolhem opresidente... tinha Quando oPSCfoifundado, De 4 em 4 anos, reúnem-se os membros do diretório nacional ------21 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 22

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 de 2016. ver: https://noticias.gospelprime.com.br/jair-bolsonaro-batizado-rio-jordao/. Acesso em12 demaio2016. discrimina” 3 2 águas doRioJordão, emIsrael, porEveraldo nou-se membro da Assembleia de Deus de Madureira sendo batizado nas Mais recentemente, o próprio deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tor Assembleia de Deus de Madureira, igreja da qual Pastor Everaldo é membro. da Igreja InternacionaldaGraça deDeus. dio à distância foi motivo para que a vendessem para o pastor R.R. Soares, Everaldo,Segundo entre2004. e co 2000 administrar em dificuldade a a rá- Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de quem foi sócio em uma rádio em Pernambu e levou Fernando CollordeMelloàPresidência daRepública. da ReconstruçãoNacional) na coligação “Brasil(Partido Novo”, queapoiou Social (Partido Trabalhista), PRT Republicano (Partido Trabalhista) e PRN o que não impediu que já em 1989 estivesse atuante na aliança PSTcom Para saber mais sobre o batismo de Jair Bolsonaro realizado em maio de 2016 em Israel por Pastor Everaldo, Disponível em da Câmara. 07/07/2016. org/licenses/by/3.0/br/ Agência Brasil. Licença renuncia aPresidência CC BY 3.0BR.https:// Em 2015, Em Eduardo Cunharecebeu otítulo de membro honorário daIgreja creativecommons. Foto: JoséCruz/ to grande. todosComo a sabem, ele vida cristã começou na Ele [Cunha] é uma pessoa com quem tenho uma afinidade mui- Eduardo Cunha Pastor Everaldo é aliado e amigo de longa data do deputadofederal 2 http://www.psc.org.br/site/partido-social-cristao/historico.html . Foi criado em 1985, mas só obteve registro no TSE em 1990,

3 . . Acesso em 26 de agosto - - de bateristabanda derock adeputado cristão E gundo casamento. É economista e radialista. Na juventude, era cabeludo e duardo Cunha: Eduardo Cosentino da Cunha tem 58 anos, cinco filhos e está em seu se (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). coisa quesejacontrária. caras pra nóseestásempre ajudandoláacombaterqualquer gélicos, com todos os evangélicos. Ele coloca essas pautas evan- os com afinidade essa tem ele Então certo? honorário, nou membro daAssembleiadeDeusMadureira, membro Madureira. Então é assim uma coisa ímpar. Então ele se tor- Abner deuaele um título de membro honorário da Igreja de Câmara dos Deputados em 1 de fevereiro de 2015], o pastor qual fui nascido e criado. Quando ele foi eleito presidente [da igreja, daminhaigreja, AssembleiadeDeusMadureira, na pessoas nãoentendeméporque eleémuito amigodanossa a vida política. Ele sempre foi da Sara Nossa Terra e o que as desde toda, afinidade essa tem ele Então evangélica. mente Ele fazprogramação naRádioMelodia,umarádio eminente- muito...Igrejaafinidade Sara Nossa Terrauma tem ele então

org/licenses/by/3.0/br/ tps://creativecommons. Licença CCBY 3.0BR.ht Brasil Pozzebom/Agência Foto: Fabio Rodrigues em 2016. Câmara dosDeputados, de novo líderdoPMDBna Cunha, durante escolha Dep. federal Eduardo - - 23 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 24

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Cunha teve destaque como articulador daoposição àpresidente Dilma Rous- Cunha teve destaque comoarticulador tre 2013 e 2015, nesse último ano, assumiu a presidência da Casa. Eduardo dadania e de Finanças e Tributação. na Câmara Foi en- líder de seu partido sua “cadeira deagradecimentos”, era que, emmomento ativada. oportuno, de estados do Nordeste. Assim, ele consolidava o que ficou conhecido como campanha de30 candidatos, amaioria doRiodeJaneiro, deMinasGerais e gem da ceira para campanhaseleitorais. Umexecutivo entrevistado para- areporta cimento de ingressos para jogos de futebol no Rio de Janeiro até ajuda finan- ofere- o desde iam que artifícios com partidos outros de integrantes fiéis de 23/11/2014, Eduardo Cunhacultivava alealdadedeseuscorreligionários e do jornal votado. Conforme noticiado em reportagem número deeleitores: com 232.708 votos, no foioquinto deputadofederal mais aumento significativo um experimentou 2014, de ano No 2010. e 2006 por menosdeumano,afastadofraude emlicitações. ficou onde Janeiro, de Rio do Habitação de Estadual Companhia da dência 1999, ções Globo.Em no governo deAnthonyGarotinho, assumiuapresi empresauma Marinho,presidente controlada das Organiza porRoberto Telerj, onde se envolveu emumasuposta fraude emlicitação quefavorecia Farias, foi nomeadopelo então Presidente Fernando Collor presidente da bíblicas diariamente. Em 1991, por indicaçãodoempresário Paulo César passagens posta sociais, redes nas perfis seus Em Madureira. Ministério sa Terra em 1999 e atualmente é membro da Igreja Assembleia de Deus, 2013, quando se filiou ao PMDB. Evangélico, se converteu à Igreja Sara Nos- Progressista1994, pelo PPB (Partido Brasileiro), que deixou em partido denúncias e investigações Foide corrupção. eleito pela primeira vez em a 2016,quandoteve seumandato cassado. ceirodeputado federal eatuoucomo peloPMDB do RiodeJaneiro de2002 finan mercado do operador tornou-se economia, em formar se de Depois seguros. de corretor como posteriormente, e, office-boy como trabalhar a bandas preferidas eram Led Zepellin e Pink Floyd. Aos 14 anos, começou va instrumentos em estado precário e depois vender, para consertar e suas tinha uma banda de rock,na qualera baterista e letrista. Na época,compra- Cunha já presidiu as Comissões da Câmara de Constituição, Justiça e Ci- Foi eleito deputado federal em 2002 com 101.495 votos e reeleito em Sua trajetória políticaé marcada porpolêmicase pelo envolvimento em disse que recebeu de Cunha pedido de ajuda financeira para a financeira para ajuda de pedido Cunha de recebeu que disse Folha Folha de SãoPaulo de - - - T gar a25parlamentares–conseguiram elegerdoze deputados. parlamentares, somando 2,6 milhões de votos. Ameta para 2014 era che- mando, a bancada aumentou para nove cadeiras e, em2010, chegou a 17 apenas um deputado federal, com 500 mil votos. Em 2006, já sob seu co bra dedecoro parlamentar, após ser acusadodementir à CPI da . No começo de setembro de 2016, Cunha teve seu mandato cassado por que- Câmara. na impeachment seu de processo do artífice principal o sendo seff, do aumento no número de partidos presentesdo aumento naCâmara nonúmero departidos Federal hoje. derivada seria mas legenda, da influência de perda denotaria não passada sociedade, e a redução donúmero de parlamentares ao longoda legislatura tica. Para ele, o PSCestá se tornando maisexpressivo no Congresso e na legenda ou uma insatisfação pública em relação aos evangélicos na polí- em 2014 em relação aopleito anteriornãosinalizoua perda deforça da abela 1:PSCemquatro pleitos nacionais Partido Em 2002, quando Everaldo o PSC elegeu ainda não estava no partido, Na avaliação do pastor, a eleição de um número menor de deputados PSC PSC PSC PSC com representação no parlamento. Então, isso aí proliferou o e agoraaté 2014 estamos com 19 com 29 partidos partidos elegemos 13. Então, nós tínhamos funcionado no parlamento e 12 com ficamos 17 de Então, federais. deputados cinco do Então, nós tínhamos perdi- deputados de todos ospartidos. que surgiram e aqueles partidos grande coletaram de partidos, Se você reparar, de 2010 pra 2014 surgiu umnúmero muito 2002 2006 2010 2014 Ano Número deparlamentares eleitos para aCâmara Federal 01 09 17 12

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 1.2 Pastor E Everaldo, publicadaemdiferentes jornais: Pastor próprio do afirmação Conforme 2011. em já mandato, primeiro seu corre- ligionários o com governo de Dilma logo Rousseff no começou início do seus de a e insatisfação sua que afirma pastor o porém, 2013, de não teria comparecido. Pastor Everaldo aSãoPaulo para selar aaliança,ocandidato doPSDB devisita – em PSC do apoio Serrapelo José de campanha da comando que o estremecimento abrupto ocorreu devido à pouca consideração do favor daentãocandidataDilmaRousseff.Outra versão, porém, afirma ses recursos teriamsidogastos para produzir materialdecampanhaem Segundo noticiado na grande mídia, os correligionários dizem que es- daquele ano,constaaremessa aliado. deR$4,7 milhõespara opartido ajuda financeira naseleições.Nadeclaração doPT àJustiçaEleitoral atribuindo-a à promessa de ocupação de cargos no futuro governo e de dessa guinada no posicionamento do PSC durante a campanha de 2010 pessoas domesmosexo. Amídiaregistrou umacontrovérsia emtorno templadas porLula, edocasamento comoaproibição entre doaborto prioritárias dos evangélicos que, segundo ele, não vinham sendo con- de Everaldoo partido se inclinava a apoiar o PSDB em razão das pautas candidata à Presidência da República Dilma Rousseff (PT). Na ocasião, aolevar oPSCaapoiar a entãonários epolíticosdeoutros partidos Everaldo foi lançado pré-candidatocomo do PSC à presidência em maio Em 2010, Pastor Everaldo surpreendeu analistas políticos, correligio- (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). com asomamenordoquenossa. ficaramtradicionais, mais PV,isso, antigos, tudo mais PCdoB, ras perderam exceções, todos os partidos deputados. Partidos e diluiu o número deradeputados... com número de partidos - (...) O governo deixou de ser dos brasileiros para ser de um Nós não indicamos nem umgarçom. interesses partidários. que ogoverno doPT aparelhou o Estado para atender seus Nós decidimos ter candidato próprio emjaneiro de 2011, por veraldo contra DilmaRousseff - 4 de 2014. der/2014/08/1495558-denuncia-sobre-combinacao-em-cpi-nao-e-escandalo-diz posição contrária de seu partido àDilma. posição contrária deseupartido seria o aparelhamento doestado produzido pelo PT para fundamentar a Fonte:Folha de SãoPaulo . Data da matéria: 04/08/2014. Disponível em Em entrevista concedida à nossa pesquisa, ele falou mais sobre o que uma Venezuela no mundo.Nãoqueremos queoBrasil se torne umaCubanem só, para a hegemonia de um sistema que está vencidopartido minar oEstado para saquear oEstado para o projeto de poder está incrustado com pessoas do PT que tem a ideologia de do- da Inglaterra.ainda raras Como é hoje, com exceções. Porque PT. Sófazia o quePT mandava. O ministro era uma Rainha Y,representante de um partido mas a estrutura toda era do O ministério X. Botava lá um dos ministérios pluripartidários]. Estado para podergovernar e assumir opoderde vez. [Eu falei detectamos isso. É umateoriagramiscista, né? Aparelhar o do governo, doEstado para o seu projeto de poder. Então nós interesse ser assim. Então aparelhou para danação, se servir hoje está comprovado que o antro porquede corrupção era do o intuito com oque de sorver Só pessoas do partido partido. doEstado.Foise servir oquePT fez. Eram sópessoas do O aparelhamento do Estado é um Estado que aparelha para tamente na primeira quinzena dejaneiro de 2011. conseguisse íamos sozinhos, como fomos. Então isso foi exa- para serem mos ter partidos aliados nossos, bem, mas se não própria. Nós íamos ter candidatura própria. Se nós conseguísse- ia maiscaminharcomnenhumacandidatura. Teria candidatura não atual presidente, nóschegamosàconclusãoque o partido dias depois que se montou o governo do primeiro mandato da concordava. 15 Então,emmeados de janeiro de2011, portanto, aparelhado o Estado, já com algumas coisas que a gente já não a candidataterassumidopresidência em1º dejaneiro eter terchegadoàconclusão,emjaneiro de2011, após foi opartido 100% da motivação [para a candidatura própria à presidência] 4 . http://www1.folha.uol.com.br/po . Acessoem04 de agosto - 27 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 28

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 desfavorecido Feliciano, segundo analisou Pastor Everaldo durante entre- tes evangélicos paulistas à Câmara Federal. A pulverização dos votos teria Assembleia de Deus, e, localmente, devido aogrande número de concorren- se dava anível nacional entre PRB/Igreja Universal do Reino de Deus e PSC/ não ocorreu esperado,como em razão que da disputa partidário-religiosa mas foio3ºcandidato maisvotado emseuestado. com 397 mil votos em 2014, ele pode não ter atingido o número esperado, no Congresso. Eleito deputado federalpadas por seu partido pelo PSC-SP seguintes e, assim, ampliaria significativamente o número de cadeiras ocu térios eram de que ele angariaria mais de um milhão de votos nas eleições jeções alardeadas por líderes da Assembleia de Deus de diferentes minis primeiro mandato, iniciado em 2011, Feliciano obteve 211 mil votos. Aspro- a relação entre eles tenha noticiada sido na pouco grande mídia. Emseu e os dois estiveram juntos em alguns compromissos da campanha, embora partidário. forma deoportunismo da candidatura em ummomento era de grande uma exposição do partido 2013. Nos jornais, isso era costurado de modo a parecer que o lançamento a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, emmarço de logo após ocorrido a eleição do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) falar sobre ofato de o lançamento doseu nome peloPSCàpresidência ter A convergência de votos deevangélicos em tornode suacandidatura Marco Feliciano apoiou a candidatura de Pastor Everaldo desde o início, No iníciode sua campanha, Pastor Everaldo foi tambémprovocadoa (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). implantar issoaí. tudo oquejáfoivencidoa cabeçadeles nomundo... é para deles, para implantar o regime socialista venezuelano, cubano, 2014. Então era uma coisa resolvida antes do Marco Feliciano. ra nota que eudei dizendo que teria candidatura própria em de 12 Época dejunho2012, nota, foiaprimei- uma saiu com são de Direitos Humanos em2013. Se você pegara revista Se você buscar, odeputado Marco Feliciano assumiu a Comis- - - Marco Feliciano noticiouemseusite: quadrode um temiam aformação político“superpoderoso”,o próprio como evangélicos, que não se sentiam representados por sua figura pública e/ou mero de eleitores abaixo doesperado foi a falta de apoio de alguns líderes vista concedida à pesquisa. Entretanto, outra explicação dada para o nú- 5 Disponível em chegarem emBrasília edepoissomem”, escreveu ria e não será mais enganada por pessoas que usam a fé pra me apoiem.Acredito queaigreja,de Cristo, corpo temmemó fiéis seus que temem receio, com veem me igrejas outras de líderes tive, que exposição a e Brasília em fiz que trabalho ao ordem vem de cima, doalto clero”, desabafouopastor. “Devido têm sido desmarcadas, e o argumentoa que pertenço é que a não me queria nele. Algumas agendas de igrejas do ministério [e] umdia depois recebi ligação dizendo que a organização convidado pra estar em umtrio elétrico na Marcha Para Jesus, didato outêmplanos políticos para as próximas eleições. “Fui cido porordem de líderes de ministério, que apoiamoutro can- nos últimos meses. Segundo o parlamentar isso tem aconte- tivo portrás do cancelamento de agendas e compromissos O número expressivo e a influência de Feliciano pode ser o mo http://www.marcofeliciano.com.br/ . Acessoem04de agosto de2014. 5 . org/licenses/by/3.0/br/ tps://creativecommons. Licença CCBY 3.0BR. ht Brasil Foto: JoséCruz/Agência presidente, 26/02/2014 para elegernovo Humanos daCâmara Comissão deDireitos Marco Feliciano vota na - - - 29 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 30

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Marco Feliciano 6 sindicatos. As legendas as quais esses parlamentares eram vinculados es uma trajetória demilitância nos Direitos Humanos,movimentos sociais e deral. Essa eracomissão historicamente presidida parlamentarespor com a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Fe- MarcoFeliciano eraconhecido dopúblicoemgeral pouco até que assumiu Social. No entanto,institui a Política odeputado Nacional de Participação se indispôsseus sim comopróprioscom irmãosdefé sobre odecreto que que institui o ensino de criacionismo nas escolas públicas e privadas, as- guridade Social e Família. Propôs um projeto de lei em novembro de 2014 a deConstituição assim e Justiça,alémdaComissãodeSe- como cação, Felicianosuplente, titular seja ou como a Comissãode como compôs, Edu- pelo Pr. Marco Feliciano, sede em Orlândia, com já possui seis templos Music. [...]AAssembleia de Deus Catedral do Avivamento, igreja presidida Livraria Cristã Vida & Paz, Editora Tempo de Avivamento e Gravadora Grata de Pregadores Itinerantes do Brasil – CEPIB, Revista Tempo de Avivamento, Teológico Carisma–ITC, Rádio Tempo deAvivamento,Central Evangélica Avivamento, presidido pelo Pr. MarcoFeliciano, é composto peloInstituto lançado pela editora Thomas Nelson. [...] Atualmente o Ministério Tempo de honras.com [...] Escreveu e publicou 18 livros destacando-se ‘Ouse Sonhar’ Hosanna and Bible School, Corp.e Doctor in Divinity Mestrado em Teologia curso de teologia da faculdade FAETEL, fez pós-graduação no Seminary o levou aumabuscaprofunda doconhecimento doSenhor. Formou-seno à fé evangélica.verteu-se O desejo no coração deconhecermaisaDeus sonho do episcopado, foi coroinha da igreja Cristo Rei e aos 11 anos con- caráter um a formar integro ereto.aos oito Ainda criança, anos,abraçouo caixa de uma engraxate,com segundo o Sr. José, o trabalho ajudaria Marco manutenção da casa. Noaniversário de sete anos foi presenteado pelo pai muito pequenoprecisou trabalharvendedor como de picolé para ajudarna (in Memorian) e Lucia MariaFeliciano, teve uma infância humilde e desde Novo Antonio José de filho 1972, de outubro de 12 em Nascido Paulo. São “Conferencista resumida: aqui internacional, pastor, cantor e empresário, Marco Feliciano é de Orlândia, biografia seguinte a exibia Paulo São de Disponível em O site da campanha de Marco Feliciano para deputado federal pelo PSC http://www.marcofeliciano.com.br/politica/9. Acessoem04de agosto de2014. 6 - . desse desacordo, comoaparece noblog cional contra o governo Dilma, enfatizando as bases morais e de lealdade edosevangélicosdestacavam no Congresso ainsatisfação Na- do partido presidência da Comissão de Direitos Humanos na Câmara, alguns veículos ganhou aoemplacaronomedodeputado federal Marco Feliciano para a didatura pelo PSC com o fim de aproveitar a superexposição que a legenda Cunha eLopes(2012). ção de Comissões na Câmara Federal foi descrita e analisada porVital da Feliciano não merepresenta”. Asestratégias dos evangélicos para aocupa festavam-se e postagens em redes dizendo sociais: “Marco em cartazes de esquerda vinculados ou não a a Rede grupos críticoscomo Fale, mani- Marco Feliciano para a um todo.sociedade como Noentanto, evangélicos nacional e asociedade foi àsruasquestionando a representatividade de fendida pelos integrantes e presidentes dessa comissão causoucomoção Evangélica que defendia agenda uma oposta àquela tradicionalmente de- da. Sendoassim, aascensão de um políticoligado à Frente Parlamentar esquer- centro ou esquerda de atuação forte uma por identificadas tavam 7 o tema da legalização das drogas no Brasil e das Comunidades Terapêuticas: de 05julho2014. Acessoem11deabril2016. Disponível em http://opiniocia.blogspot.com.br/2014/07/pastor-everaldo-deixa-pt-em-panico.html. Post Apesar das especulações em torno de uma possível gestão de sua can- Reforçando essa ideia, pastor Everaldo, em entrevista à pesquisa, fala sobre mensaleiros têmmesmoqueestartendoxiliques vamente ovoto os espaço naGlobo, omesmo dosfiéis ecom tema de campanha. ComoPastor Everaldo buscando exclusi- PT ao pastor Marco Feliciano e Silas Malafaia voltaram a ser que tomouno governo, a bemcomoperseguiçãomovida pelo migrassem para Serra e Marina. Conseguiu parcialmente. Várias medidas fiéis dos votos os que impedir para movimento fazer reuniõesas diversascom religiões e realizar amplo um rar ser a favor do aborto. Teve os seus princípios, que abortar Em 2010, Dilma teve problemasos evangélicos com ao decla- Opinião &Cia : 7 . - 31 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 32

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 sidente Dilma Rousseff, que seria caracterizada por umaindisponibilidade somava a outros parlamentares ao destacar a inabilidade política da pre- aos interesses de evangélicos no Congresso Nacional, Pastor Everaldo se Além das críticas ao avanço de algumas pautas que seriam contrárias (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). sar nogrito, masnovoto nãopassa,não. nada disso lá. No voto não passa. Entendeu? Eles querem pas- não sei o quê, não sei o quê... é porqueservador” não passa Não conseguiu passar nada. Tanto é que bota “Congresso con na pauta,masnãopassa. Até hoje lá dentro nãopassounada. vés de seus militantes dentro do Congresso, isso quer colocar aí é o Executivo responsável por isso. Isso é o Executivo, atra- uma maneira escondida vai fazendo resoluções sorrateiras. E Mas o Executivo colocade maneira... de subterfúgios com maioria dentro doCongresso Nacional não deixa passar isso. passar nada disso daí. Nãosó a bancada evangélica, mas uma defende,Alguém mas noLegislativo até hoje nãoconseguiu do Executivo. Nãotem nada que vem doLegislativo. Nãotem. mento...aulas de homossexualismo nas escolas... tudoisso é incentivou esse negócio de kit gay, resoluções para o ensina tude do Executivo, da secretaria, assim o governocomo que resultadotêm um que se aproxima da excelência. Isso é ati porque todo mundosabe que as comunidades terapêuticas de que a maioria esmagadora é pra atender às comunidades, com excelência”. (...) Lá dentro do Congresso pode ter certeza você faça convênio com as comunidades que já fazem isso dizer: “eu não quero que construa umaclínica. Eu quero que PSC, ogovernador fez secretário,questão, quandochamou de de 90%. Aqui no Rio, na secretaria que é até comandada pelo uma comunidadeterapêutica religiosa, o índice de sucesso é já está comprovado. Toda pesquisa mostrase que, vai para criando problemas as com comunidades terapêuticas. Porque ticas]. Sãoesses camaradas lá,ideológicos,doPT, queestão está propondoa revisão das comunidades terapêu daatuação - Não é o Congresso. É ogoverno. Éasecretaria antidrogas [que - - - positivo, comoofoiantigopresidente Luiz InácioLula daSilva. to pessimista. Para Pastor Everaldo, um líder político tem que ser otimista, para- o diálogo com políticos da sua base aliada, além de um comportamen a ditadura militarnoBrasil (1964-1985). dapresidente Dilma duranteRousseff na lutaarmada a participação cação: Quanto à inabilidade para o diálogo, Pastor Everaldo elaborou umaexpli (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). E aDilmaémuito pessimista. chegar lá”... e,de repente, chega. Umlíder tem que ser assim. “Vamos remar. Vamos jogaraáguapra fora quedápra gente remar então quevaininguém rema afundar”, e afunda. Mas sim. Não é isso. É a realidade. Se o cara diz: “Ô, não adianta Temos que remar. O barco nãovai afundar”. Tem queser as- que serotimista. “Olha, Mesmo que... tá afundando obarco. sempre pessimista. Esse pessimismo se alastra. Um líder tem nós estamos problema,com acrise,é isso, é aquilo...”. Então, PSC]. Eela já fazia questão de abrir as reuniões dizendo: “Olha, niões do Conselho Político. Eu representava opresidente [do pro de algumas reu povo.- Então,sendo da base, eu participei Nós apoiávamos, porque a gente apoiava para dar omelhor Apoiava para dar governabilidade. É bom deixar bem claro. gente não tinha cargo, masagente era dabase do governo. é pessimista natureza.por A gente era dabase do governo, a foi um cara otimista. Sempre passou otimismo. E a Dilma, ela literalmente é isso. A gente tem quereconhecer. O Lula sempre barilove”. Então, enganava, ele jogava umaconversa e você... porque ela não tinha jogo decintura. O Lula tinha, era“sam um - A Dilma ressaltou toda a situação do governo do Lula e o dela, as questões administrativas, a pessoa dá ordem: “faz isso, faz va todo no mundo regime, todo mundoescondido. Então [n] clandestinidade, não tinha discussões políticas, porque esta na clandestinidade. Elafoiformada Na co dapessoa, o DNA. blema dela é o seguinte: a gente tem que estudar o históri- Ela nunca se reuniu. Ela não tem traquejo para política. O pro- - - 33 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 34

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 definidas porAntonio Gramsci: mente tensão com uma entre a grande e a pequena política. Essas seriam competente dapequenapolítica.Noexercíciodo poder, lida-se constante tes, tem que cuidar”. Trata-se de uma reivindicação em torno do exercício conversa a com equipe de pesquisa: “deputados são iguais a bebês caren em lidar com os em lidar temas com postos na uma disposição agenda parapública com Conforme disse o antigo deputado federal Carlos Santana (PT-RJ) em Nesse sentido, umaliderança política é caracterizada pela habilidade (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). coisas enemfaziacarinho. porque opresidente conversouele. com Já ela não resolvia as Saía de lá, não resolvia as coisas, mas o sujeito saía de lá feliz, né? flauta, na levando vai e todo negócio aquele Corinthians, tomavagócio, pinga, contava piada, falava palavrão, falava do o sujeito, tomava a cachaça dele lá com osujeito, aquele ne- abraçava mas nada, resolvia não ele Lula, o Porque dificulta. ta de traquejo político,ela não conversavaninguém. Eaí com nistra eachava queé essaassimEntão, com fal- e acabou. a política,essa coisa assim, foi secretária de estado, foi mi- sem nunca ter sido vereadora nem nada e nunca ter praticado tirregime. Então,nãotem conversinha. Ela chegounogoverno ordem. Ela era uma agente administrativa dessas células an- nisso, dessa Então elafoiformada maneira autoritária, dedar aquilo”. Não se discute. É a questão da segurança da pessoa. frações de uma mesma classe política.(Gramsci 2000, p. 21) em decorrência de lutas pela predominância entre asdiversas que seapresentam nointeriordeumaestrutura jáestabelecida quena políticacompreende asquestões parciais ecotidianas de determinadas estruturas orgânicas econômico-sociais. A pe- Estados, à luta pela destruição, pela defesa, pela conservação política compreende as questões ligadas à fundação de novos a dia, política parlamentar, de corredor, de intrigas). A grande Grande política (alta política) – pequena política (política do dia - - na mídia,embora fosseabsolutamenterechaçada pelocandidato cristão: dominantemente à Igreja Assembleia de Deus. Essa abordagem teve força de diferentes denominações sobacoordenação delideranças ligadas pre- co político-religioso. Esse “bloco evangélico” seria integrado por membros inclusive, direcionando algumas pautas para os seus interesses blo- como se processo. A estratégia no próximoera governo, aumentar a participação nes influência maior consequente uma e turno segundo um de ocorrência cristão para a obtenção do maior número de votos possível, com vistas à onomedocandidato objetivoem 10%. Esseteria bloco como fortalecer cia de votos de evangélicos em sua candidatura,um teto com esperado que era um“blocoevangélico” chamado Presidência da República pelo PSC,osjornais anunciavamdo aformação civil através derepresentantes deseusmovimentos organizados etc. aliada, assim tentar como o diálogoa com oposição,receber a sociedade res em seu gabinete, relacionar-se intensamente políticos de sua com base fazer a política do dia a dia, dispor-se a receber com frequência parlamenta- 8 em 07dejulho2014. com.br/poder/2014/06/1478143-pastor-everaldo-candidato-do-psc-ao-planalto-em-brasilia.shtml Fonte: Folha da São Paulo. Data da matéria:29 de junho2014. Disponível em http://www1.folha.uol. Logo após a definição do nome do Pastor Everaldo para candidato à para candidato Everaldo do Pastor nome do definição a após Logo (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). nhar. Entãoeutambémestava acreditando queiaganhar. – nunca vi um candidato dizer quetá disputando para não ga- as eleições. Nunca viumcandidato –tô na política desde 1981 era intenção com de...nossa intenção era disputar para ganhar pre falei isso pra eles. Então essa é que era a realidade. Não que vão ter que meapoiarno segundo turno. Tá Sem- certo?”. Eu falei: “Olha, eu não vou desistir. vocês é E se der tudo certo Era a expectativa tanto do Eduardo Campos quanto do Aécio. chegasse nesses 10% realmente garantiria segundo turno. um gos, temosrelações, nos pediam para não desistir, porque se pomos a colocar. E os outros concorrentes, somos como ami- nossas ções, colocar propostas claras, semprecomo nos pro- Olha só, o nosso objetivo era ganhar a eleição. Disputar as elei 8 , isto é,atentativa deconvergên- - . Acesso - 35 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 36

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 didato-que-pode-levar-a-eleicao-presidencial-para-o-2-turno. Acessoem30de Junho2014. 10 9 em 07deJulho2014. com.br/poder/2014/06/1478143-pastor-everaldo-candidato-do-psc-ao-planalto-em-brasilia.shtml mínimo o dobro, a fim de assumir o status de um partido médio. mínimo odobro, afimdeassumirostatusumpartido da, quena legislatura passada contava10 com deputados federais, para no legislatura passada. Já o PRB tinha a pretensão de aumentar a sua banca- corresponderia,vimos, aodobro como de parlamentares que assumiram na a eleição de25 a 34 deputados federais governador.e um Esse número desuasigla com anteriormente. O o fortalecimento PSC tinha foco como entre denominações (principalmente IURD e já AD), conforme mostramos (PRB e um e liberalPSC) entre e partidos e, no plano partidário-religioso, disputa estava estabelecida, em um plano, entre um projeto social/popular destacar isso, vistopectativas em torno quea de seu nome. Éimportante Entre osevangélicos, esse número saltava para 11%,aumentando as ex investigação sobre a Petrobras belados da base aliada, que tentavam desde o início de 2014 emplacar uma por explicações para o fato re de o PSC ter - se tornado umdos sete partidos 2014, levou consigooutros nomesdopartido. Russomano (PRB-SP). Esse, tendo obtido mais de um milhãode votos em PRB anomalia,resultadoseria uma do número de votos obtidos por Celso cadeiras na Câmara Federal. SegundoPastor Everaldo, ocrescimento do Fonte: Folha da São Paulo. Data da matéria: 29 de junho de 2014. Disponível em Fonte: Nesse período, Pastor Everaldo contava com 4% das intenções de voto. Na grande mídia, várias dessas informações eram recuperadas na busca 21 e 12 respectivamente alcançaram PRB o e PSC o pleito, do final Ao Veja. Data da matéria: 17/05/14. Disponível em http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/o-pastor-can 54% e9,5%,respectivamente 259 e 473 candidatos federais e estaduais, um aumento de 432 a deputadosestaduais. Neste ano, alegenda conta com 2010, Em o PRB teve 168 candidatos adeputadosfederais e no Congresso Nacional, 21 deputados estaduais e um distrital. dez deputados conta com tido, médio.Atualmente, o partido em relação aotamanho de sua bancada federal, para umpar- que a pretensão pequeno, do PRB é perder o status de partido Pereiraafirma Marcos licenciado pastor o PRB, do Presidente 10 . O posicionamentode críticoEveraldo em 9 . http://www1.folha.uol. . Acesso - - o processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. Eduardo Cunha(PMDB)–tiveram destaquenaofensiva contra o PT durante grantes da Frente Parlamentar Evangélica – em especial o deputado federal movimento sindical no Brasil na década de 1980. Vale lembrar que os inte- dos rejeição direta aoPartido Trabalhadores, reconhecidamente oriundodo ração queospercentuais elevados entre osevangélicos podeexpressar uma pentecostais, opercentual era aindamaior:68%. Épreciso levar emconside - Frente Parlamentar Evangélica, ataxaera de62,6%. Entre oscongressistas para fazer política do que defender os trabalhadores” –, entre integrantes da mais servem sindicatos – “Os pesquisa pela proposta afirmativa a com vam lamentares da casa: enquanto 41% dos congressistas em geral concorda- parlamentares evangélicos aos sindicatos era maior do que a média dos par- to deevangélicos naCâmara dosDeputados.Eladestacaquearejeição de setembro de2015 fornecedadosmaisrecentes acerca doposicionamen- querda comunistaeateia,assim comoaocatolicismo imperialista. por umduplointeresse: a defesa da liberdade religiosa e o combateàes motivadas foram ações essas que afirmam 1989, em presidência à Collor evangélicos no processo Constituinte e no apoioà candidatura de Fernando Prandimo. de & Mariano (1996), porexemplo, aoanalisarem aparticipação se somando a outros setores da sociedade na rejeição pública ao comunis- se posicionou historicamente contra as pautas defendidas pela esquerda, que Brasil, no evangélicos dos maioria da perfil o e PSC do apresentamos sidente Dilma, devemos considerar emnossa análise o breve históricoque pre- à relação em crítico posicionamento seu para justificativa uma revele enfatizando sua inabilidade política eseu pessimismo. Ainda queEveraldo acima, vimos como justificado, publicamente é Dilma presidente à relação nasrádios enatelevisão 1.3 Acampanhanasigrejas, adotaria como adotaria presidentecomo seria a criação do Ministério da Segurança Públi Madureira. Durante a caminhada, ele anunciou que a primeira medida que candidato no Culto da Santa Ceia na Assembleia de Deus, Ministério de do da pela favela e pelobairroposterior participação (RJ), deAcari com Uma pesquisarealizada pelo Instituto Datafolhacom congressistas em A primeira atividade de campanha do Pastor Everaldo foi uma caminha - - - 37 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 38

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Acesso em06deJulho de2014. politica/2014-07-06/pastor-everaldo-anuncia-ministerio-da-seguranca-publica-em-1-dia-de-campanha.html brasileiras”. qualidade e saúdeparacom educação ça, oscidadãosdebemeasfamílias Fé, minha caminhada para mudar o Brasil de verdade. Para trazer seguran- ca. Disse: “com a Bíblia e a Constituição Federal nas mãos, inicio aqui, com 11 evangélicos. Essa constatação podeser lida umaestratégiacomo parti religiosos eventos a e igrejas a relacionadas atividades de infinidade uma o blog e como a fanpage no Facebook, apresentavamcampanha dopartido, antipatia emrelação àsuaimagem. que a grande mídia colocava essas agendas em destaque para promover que sua campanha se centrava em igrejas e no público evangélico: disse de entrevistascomo para e sites. PastorTV Everaldo rebatia a avaliação de associações empresariais e, em menor número, de trabalhadores, assim tambémde encontrosevangélicos, promovidos mas ele participou por Fonte: Último segundo –IG.Data da matéria: 06/07/2014 Disponível em http://ultimosegundo.ig.com.br/ No entanto, nãosóagrande mídia, mastambémosveículos diretos de A base de suacampanhaeram as igrejas e eventos comemorativos (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). não possojulgar. Seiquenósfizemos anossaparte. mundo mesmo,foi normal. Isso é preconceito. Sei lá o quê. Eu las horinhas que eupassei na igreja. Mas eu discutia todocom Então oscaras não colocavam aquiloali. Só colocavam aque- 10 lá com mil membros meesperando. Porque eunãoiria? pra lá, anda pra cá, e à noite, sem dúvida nenhuma, uma igreja rauapebas, interior doPará. Foi odia todo reunião na rua, anda dizer, então, sem quando... dúvida. Quer dizer, eu fui em Pa- assim, várias agendas na Eurua... andei muito na rua. Quer dicato das empresas de cargas do Brasil, tive várias agendas com o empresariado financeiro de São Paulo, estive com o sin estive rua, de agendas várias fiz Eu né? deles, foco o era Esse em igreja. Eraque era questão de carimbar deigreja, tácerto? rua, a mídia nuncadava valor. Sódava valor quandoeuestava Aí é que entra o x da questão. Qualquer agenda que eu fazia na 11 - - . e foiaoEncontro EscolaBíblica NacionaldeObreiros, emMinasGerais. Curitiba; subiuaopúlpito pelas mãos dopárocona Paróquia de Apucarana; do aniversário de 40 anos da Primeiraparticipou Igreja Quadrangular de tomoucafé o governador da manhã com de São Paulo Geraldo Alckmin; gton, presidente nacional da Convenção Geral das Assembleias de Deus; de Igrejas Pentecostais de Curitiba; foirecebido peloPastor José Wellin de Curitiba; esteve no evento Abala Curitiba, organizado pelas Convenções de eventoapresentador Ratinho; na participou Igreja Quadrangular Central Evangélica, o deputado como federal Takayama (PSC-PR); esteve com o MarcoFeliciano (PSC-SP) e deoutros integrantes da Frente Parlamentar de Madureira, em Sobradinho; fez campanha aolado do deputado federal do PSC, em Taguatinga; no Congresso de Mulheres da Assembleia de Deus 40ª Expomontes, emMontes Claros (MG).Esteve noEncontro deMulheres cidades do interior, com a presença de governadores e prefeitos, a como com apresença deaproximadamente 15milpessoas. e integrou oEncontro de Líderes Evangélicos do Amazonas, que contou Sambódromode São Paulo, umevento quereuniu mais de 50 mil pessoas; daCruzadaEvangélicaBrasília da Assembleia de Deus no (DF); participou campanha para mais de 10 mil fiéis reunidos na Igreja Sara Nossa Terra, em cílio das Igrejas Presbiterianas do Brasil, em Natal (RN); fez promessas de religioso. Pastor Everaldo foihomenageadodurante o 38º Supremo Con- totalizando um percursode mais de oito mil quilômetros, majoritariamente ciavam emseu blog, era marcada pela visita a 16 municípios em 10 dias, das Assembleias de Deus. A “agenda frenética” docandidato,anun- como bido por cerca de 2.000 pessoas em Piratuba (SC) na Convenção Estadual bairro de Santa Cruz (RJ). Também falava do “carinho” com o qual foi rece - de 3.000 obreiros de diversos municípiosdoestado na Catedral da AD, no Assembleias de Deus do Ministério de Madureira. O encontro reuniu cerca Manoel Ferreira, durante a reunião Fraternal da Convenção Estadual das na comemoraçãote, anunciava do aniversário sua participação do Bispo enfatizava esse percurso religioso uma peregrinação.como Efusivamen- federativose minacionais candidato do oficial blog duranteO campanha. a dosestados. quenãocontava compalanquenamaiorparte partido, dária queprivilegiouabase religiosa, mas é também prova doslimites do Durante a campanha, participou ainda de eventosDurante comemorativosa campanha,participou em Sendo assim, recorriamfrequênciacom a eventos comemorativos deno- - 39 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 40

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Acesso em06deJulho de2014. com.br/poder/2014/06/1467221-um-terco-do-eleitorado-nao-quer-pt-nem-psdb-diz-cientista-politico.shtml. 13 Fonte: Folha da São Paulo. Data da matéria: 09 de junho de 2014. Disponível em http://www1.folha.uol. Eduardo Campos. 12 1.4 Osapoiosàcandidatura Pesquisa realizada emjunhode2014 anunciava que74% dosbrasileiros que ficouemterceiro lugar nacorridapresidencial de1994. disputando oPSDB, com poderia ser um fenômeno eleitoral Enéas, como tista político Fernando disse Abrucio que opastor, aoatrair o voto de direita, avaliações positivas em relação à candidatura de Pastor Everaldo. O cien- panhas presidenciais brasileiras. Nesse contexto, havia muitas apostas e estavam indecisos de junho de 2014, lia-se que 30% dos eleitores votariam branco, nulo ou inquietude e indecisão. Em matéria veiculada na daí,elenãoserecuperoucaiu de4%para mais 1%e,apartir gundos –, a promessa nas intenções de votos se desfez. Sua participação paganda eleitoral gratuita na televisão –ele dispunha de 1 minuto e 8 se capaz de levar a disputa para o segundo apenas turno, com 10 dias de pro- Licença CCBY 3.0BR.ht Foto: Lúcio Bernardo Jr./ Vale lembrar queapropaganda eleitoral gratuita do presidenciável na televisão depois da morte começou tps://creativecommons. org/licenses/by/3.0/br/ Câmara dosDeputados Família” noCongresso Nacional, 20/02/2014 Predominava também entre os brasileiros desejo de mudança. um forte As eleições presidenciais de 2014 começaram emclimadedescrédito, Se antes Pastorda campanha começar Everaldo era vistoaquele como Pastor Everaldo fala sobre “A Defesa da - 13 . Esse era um percentual nunca antes visto nas cam Folha deSãoPaulo de 09 12 . - - Esse era dosbrasileiros osentimento deboaparte naquelemomento: São Paulo em 07 de agosto de 2014 tinha título como “Mudar por mudar?”. uma via gia alternativacomo de fato. Umamatéria veiculada na Dilma Rousseff. Isso porque nas pesquisas nenhum dos candidatos emer- favorecia modo, fação e de descrença que,de certo a candidata à reeleição, diziam que o país precisava de mudanças. Umsentimento difuso de insatis 15 14 Everaldo atingisse 12%doeleitorado nadisputapresidencial. ger.e Política Emjulho,no blogMídia, Religião nacional, mas ele afirmava acreditar em milagres e dizia que poderia se ele eleitorado do 10% e 8% entre ficaria pastor eleitoraldo teto o que timavam presidenciável Eduardo Campos (PSB). Como vimos,cientistas políticos es sidência, em 07 de junho de 2014, o pastor estava empatado com oentão justa os candidatos na liderança do processo. Comopré-candidato à pre - os temas (morais) polêmicos na corrida presidencial, em colocando saia rava-se, ainda, que a campanha de Everaldo seria responsável por emplacar capaz de levar as eleições candidaturapara o segundo vimos acima. Espe- turno, como a como – assombro de tom em ora comemorativo, tom em tica.blogspot.com.br/2014/07/pastor-everaldo-capta-apoio-de_25.html. Acessoem 29 deJulho2014. nas/elianecantanhede/2014/08/1496841-mudar-por-mudar.shtml Fonte: blogMídia-Religião-Política Fonte: Nesse contexto, a candidatura de Pastor Everaldo foi anunciada – ora Folha deSãoPaulo. Data da matéria: 07/08/14 Disponível em onde, para oquê? a eleitoracolocou como aqui citada, é: mudar para paraquem, desejo eestá de mudança claroque mudar, por masaquestão, timo caso”. Mais de 70% dos entrevistados vêm demonstrando eleitor prefere o conhecidoaodesconhecido:mudar, sóemúl- nenhum motivo para comemorar.de Puls é que“o Aconclusão não está nada bem, mas a oposição não convence e não tem ricio Puls, na página A2 do último sábado (2). (...) Logo, Dilma “Sem Rumo”,coloquialmente, oprecioso artigo docolegaMau- laridade e renda de 2 a 5 salários mínimos, resume na prática, de uma eleitora na faixa de 55 nívelanos, com médio de esco- tro vai fazer diferente? Será? Então,para quetrocar?”.A frase, “A Dilma é muito ruim,está fazendo tudo errado, mas se for ou 14 . Data daMatéria: 25/07/2014. Disponível em http://midiareligiaopoli , a projeção era de que Pastor . Acessoem07deAgosto de2014. http://www1.folha.uol.com.br/colu 15 Folha de ------41 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 42

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 que estariaporvir. os evangélicos tinham nas disputas eleitorais e na esfera política atual e o referência direta à candidatura de Pastor Everaldo, enaltecendo o lugar que 26 de junho de 2014. O título, “Antes pedintes, hoje negociadores”, fazia líder daIgreja doEvangelho Quadrangular, entre outros. Nacional das Assembleias de Deus no Brasil Mário de Oliveira, (CONAMAD); suplente de senador em chapa petista e presidente vitalício da Convenção no; Bispo Manoel Ferreira, ex-deputado federal e então candidato a primeiro PAB); Silas Malafaia; senador Magno Malta; deputado federal Marco Felicia dos líderes da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil (CONCE dovalho, ex-deputado federal, atual bispo da Igreja Sara Nossa Terra e um evangélico saíram em sua defesa. Estavam em sua campanha Robson Ro- Presidência da República, lideranças nacionais do segmento pentecostal tura doPastor Everaldo, aprimeira candidatura confessional evangélica à Robson Rodovalho publicada na teve uma carta candida- da histórico significado pelo tomados campanha, da início No direm apoiar. Não é mais pedir. Énegociar, compromissar. deci- candidatos programa que dos no ação fieis pleitos de dos Suas lideranças ganham mais força e respeito para colocar os posição do segmento evangélico como “player” do jogo político. dade. Acandidatura dopastor Everaldo revela clara mudançade Mas adiscussãoqueaquise propõe independeda sua viabili- (...) segmento será “alémcom disso”, e não “pelo menos por isso”. compromissoEntão, qualquer quese faça peloapoiodonosso to trazpressuposto como disposição para torná-las realidade. as bandeiras da vida e da família. Por sua fé cristã, o candida- de uma candidatura que chega ao pleito comprometida com O fundamental é que, neste ano, os evangélicos têm a opção Em 2014,noentanto, ocenáriomudou. cristã. fé nossa de partilham que fieis dos votos de milhares dos busca em conosco firmados compromissos esquecidos bém já nos acostumamos, tão logo definidos os eleitos, vemos jo decandidatos nosanos tam- de eleições. Da mesma forma, do calendáriodosministérios evangélicos o corte Já faz parte Folhade SãoPaulo em - - - 06 deJulho2014. com.br/opiniao/2014/06/1476384-robson-rodovalho-antes-pedintes-hoje-negociadores.shtml 16 religioso, mas afirmava os valores que os unia. Se, por um lado, destacava lado, um por Se, unia. os que valores os afirmava mas religioso, mente políticos e evangélicos. Reconhecia a diversidade desse segmento Fonte: Folha da São Paulo. Data da matéria:26 de Junho2014. Disponível http://www1.folha.uol.em A carta aberta falava à sociedade mais ampla, masprovocava aberta A carta direta da Igreja Evangélica Sara Nossa Terra Robson Rodovalho, 58anos,físico,bispoepresidente brigas de família, como temocorrido no Estado de São Paulo. de junho, a cada dois dias três pessoas são assassinadas em possível seguir uma rotina em que, como revelou a Folha em 13 ta com valores que permitam rever a vida dentro de casa. Não é paraacerto avidafora decasa,tambémtenhaesecomprome- Terá apreferência dosevangélicos aqueleque,alémdesse em segurança. crescimento, deestratégia e força para ocidadãodebemviver o frear sem inflação a conter para medidas de saúde, da ção de logística, de uma efetiva política industrial, de reestrutura- classe D ao mercadoO de consumo. país clama porprojetos da ampliaçãodeprogramas assistenciais e daascensão da O Brasil dehojeprecisa e merecegestão terumaquevá além (...) como cidadãos,nãonúmero devotos. efetiva representação quetemosna sociedade, respeitados ticipar do processo eleitoral. Sóqueagora reconhecidos pela mento, mais do quenunca estamos dispostos a debater, a par- natural, masnãoobrigatório,de votoopção como para oseg de votantes. Com esse capital, mesmo dispondo de um nome falando em cerca de 31 milhões de votos entre 141 milhões em julho de 2013, o dado mais atualizado disponível, estamos mos esse percentual para o universo do eleitorado existente de 2010, éramos 22,2% naquele da populaçãoano.Seprojetar - O número deevangélicos cresce a cadadia.Segundoocenso (...) 16 .

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 tor-everaldo.shtml. Acessoem07deJulho2014. com.br/paineldoleitor/2014/06/1477868-representante-da-igreja-presbiteriana-contesta-artigo-sobre-pas- considerados de ser vistos como ovelhas sob o cabresto de seus pastores para serem bia nesse posicionamento históricoa chancede os evangélicos deixarem a candidatura do Pastor Everaldo, reconhecia seus limites. Contudo, perce- 17 Sendo assim,em 28 de junho de 2014, foi publicada a seguinte interpelação: para um pastor presbiteriano que se opunha às considerações de Rodovalho. federal Eduardo Cunha(PMDB-RJ). ções, soba liderança exercida na Câmara dos Deputados pelo deputado e, principalmente, políticos. Insinuava o que veríamos mais tarde, pós-elei daqualosevangélicos deveriampartir serconsiderados emtermossociais Estado quegarantiria justiçasocial? para as candidaturas mais afinadas com a esquerda e com a defesa de um pela família, defende o Estado mínimo e se alinha à direita ou se voltariam Os evangélicos votariam massivamente no candidato religioso quepreza disputa do voto evangélico por projetos políticos e ideológicos distintos. termômetroter um doclima quetomaria eleitoral:conta dacampanha a mavam “candidato das bandeiras se poderia reacionárias”. Nessas cartas, e era referido na mídia como candidato da direita – alguns, inclusive, o cha- no da representação daquela candidatura. Pastor Everaldo se apresentava Fonte: As controvérsias emergiram, e a É interessante acontrovérsiaobservar gerada entre evangélicos em tor Folha daSão Paulo. Data da matéria: 28 de junho de 2014. Disponível em http://www1.folha.uol. um candidato socialistacomvalores cristãos? de esquerda, teremos também umespaço para a defesa de confissão em candidaturas mais à esquerda. Nós, evangélicos minha de valores os identifico e evangélico Sou evangélicos. e congregacionais, mas nem de longe faz jus à totalidade dos raldo (PSC)] que bempoderepresentar seus valores pessoais a defesa que faz de um candidato àPresidência [pastor Eve- tes Pedintes, hoje negociadores” leva acrer. Soafora deordem queele não representaservar “An os evangélicoso artigo com - Com todo orespeito aobispo Robson Rodovalho, épreciso ob- players . Destacava a importância dessa mudança na chave. Destacava a a importância Folha de São Paulo concedeu espaço 17 - - mada umaaliança entre PSC e PDT emtroca de palanque para o presiden Paulo Souto (DEM), manifestaram apoio a Everaldo. No Mato Grosso, foi fir- de Salvador, ACM Neto (DEM) e o então candidato ao governo da Bahia, ções dasquaisépresidente. Deus Vitória emCristo e sobre a AssociaçãoVitória emCristo, organiza cado pela Receita Federal a dar informaçõessobre a Igreja Assembleia de de “perseguiçãodo-se vítima política ereligiosa governo”, do notifi pois foi Pastor Everaldo e “chamoupara a porrada janeiro/2014-07-22/em-video-silas-malafaia-prega-voto-contra-o-pt.html 21 20 19 18 a pedra, trabalhando, oresto émilagre” seguida: ‘Lázaro, levanta levantando esai’!Estou fazendo aminhaparte, Planalto: “Eu acredito em milagre. E Jesus disse: ‘Tirem a pedra’. E em que essas reconhecessem que só um “milagre” o levaria ao Palácio do candidatura marcava aposiçãodevárias lideranças evangélicas, ainda voto evangélico 2006. Em 2010, assumiugrande destaque na disputa eleitoral em tornodo um dosmentores dacandidatura deEveraldo para presidente. religioso nas eleições de 2010. Manoel Ferreira é, inclusive, apontado como com o próprio Everaldo políticos para articuladores como esse segmento tou evangélico ocomando da campanha de Dilma, que contoueles com e enorme poder de barganha político. Numsegundo turno acirrado,tendência é de fortalecimento terão tor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, “com candidato próprio, a sos na sociedade e, mais especificamente, na esfera política. Segundo Vi- do que Robson Rodovalho sinalizou: a mudança de status desses religio- dos evangélicos giravaem sua eleição, o entusiasmo de parte em torno ilimar/posts/2014/07/30/bola-de-cristal-544050.asp em 04deAgosto de2014. poder/2014/08/1494797-pt-e-psdb-terao-menos-lideres-evangelicos-em-suas-campanhas.shtml. Acesso Fonte: Fonte: Fonte: O Dia. Data damatéria:22 de Julho2014. Disponível em http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de- Ver VitaldaCunha,Lopes 2012. As tentativas de costuras políticas iam para além do púlpito. O prefeito No iníciodacampanhadePastor Everaldo, oentusiasmodiantedesua Silas Malafaia, queapoiouLula em 2002, já havia rompidoele com em Assim, o apoio do bispo Manoel Ferreira e do senador Magno Malta afe- Folha de São Paulo. Data da matéria: 02/08/2014. Disponível de http://www1.folha.uol.com.br/ .Data da matéria:29 de Julho de 2014. Disponível em http://oglobo.globo.com/blogs/ 20 . Em 2014, declarou efusivamente apoio à candidatura do 19 ”. ”. . Acessoem29deJulho2014. 18 . Aindaquepoucosacreditassem 21 ” o PT e Dilma Rousseff, dizen- . Acessoem23de Julho de2014. - - - 45 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 46

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 litica.blogspot.com.br/2014/07/pastor-everaldo-capta-apoio-de_25.html de Julho2014. com.br/poder/2014/07/1485102-pastor-everaldo-tenta-atrair-aliados-de-dilma-e-aecio.shtml ao eleitorado evangélico quevota nopastor”. ca, “[os apoiadores locais da campanhade Everaldo] ganham aassociação políticas locais, favorecendo-se maiores. de estruturas Em tro- partidárias figuras principais das lado ao feita fosse campanha sua que para abertos São Paulo, e em no Pernambuco,Rio Grandeera do Norte ter os palanques ciável no estado. Aestratégia, em vários no casos, como Rio de Janeiro, em 23 22 cuspir nanossabandeira como é pastor o contra ficar EvangélicoEveraldo. o seja não que ninguém com ficar podemos “Não afirmou: Ele Malafaia. de lado ao Everaldo, de ra e deputadafederal Lauriete (PSC-ES), foigrande entusiasta da candidatu- a área de Segurançaa cantora Pública.MagnoMalta, casado com gospel sentado signo da como seriedade e compromisso de sua candidatura com meu Tuma Júnior, secretário nacional de segurança (2007-2010), era apre- dos evangélicos porta-voz no Congresso Nacional, ede Ro- importante um Blog Fonte: Folha daSãoPaulo. Data da matéria: 12 de Julho de 2014. Disponível em http://www1.folha.uol. O apoio do senador Magno Malta (PR-ES), identificado na mídia como mídia na identificado (PR-ES), Malta Magno senador do apoio O Mídia-Religião-Política. Data da Matéria: 25 de Julho de 2014. Disponível em 23 ”. 22 . Acessode29Julho de2014. http://midiareligiaopo . Acessode 14 - liberal religioso conservador e aapresentação deumperfil Estratégias depoder Capítulo 2 à gestão de Dilma Rousseff. O te, aos corruptos. Na campanha de Everaldo, aconfrontação era aoPT e das no Brasilmanifestações de 2013 para a partir se referir, principalmen- capital político ereligioso em oposição“a tudoqueestá aí”, frase corrente destacava seu caráter “honesto que ativa e decente”, seu marca importante do referência à fé e a passagens bíblicas do antigo testamento. Também mudança”, aterceira via. à presidência. Nesse sentido, o pastor se apresentava a “verdadeiracomo de que sua candidatura representaria em relação aos demais candidatos O É 20! Pastor Everaldo Presidente! Por issoeuvoto 20. Fé emumBrasil melhorpra gente. Ele temanossaconfiança. Tem garra ecompetência. pra fazer averdadeira mudança. Um homemhonesto edecente de cuidarumBrasil unido. de encontrar umnovo caminho, Move aesperança danossagente A fé move montanhas. Fé emumBrasil Melhorpra gente jingle da campanha de Everaldo enfatizava sua filiação religiosa, fazen jingle tambémbuscava reforçar anovida-

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 veraldo-tem-programa-de-governo-baseado-na-defesa-da-familia.shtml http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2014/07/16/interna_politica,437640/pastor-e- -pastor-candidato-que-pode-levar-a-eleicao-presidencial-para-o-2-turno. Acessoem30deJunho2014. raldo-faz-campanha-no-df-e-defende-fim-do-fator-previdenciario.shtml. Acesso de 30 de Setembro de 2014. http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2014/09/20/interna_politica,448035/pastor-eve- 26 25 24 possível. Vou privatizar a Petrobras, uma empresa que foi orgulho nacional com dinheiro doBNDES” presídios: “vamos privatizar de verdade, nãoesse engodo aídeconcessão parcerias público-privadas; plena concorrência; e privatizações, inclusive de modernização da infraestrutura de e avanços na mobilidade urbana a partir baseada no empreendedorismo estatal; individual, mínima intervenção com delha (PSC-PB), haviadefesa tambémuma livreenfática economia de uma ao jornal Uol e IG; Globo;à Globo News; ao telejornal da Rede Record;TV aosportais entrevistas exclusivas às rádios CBN e BandNews; ao Jornal Nacional, da transformado para obem” de para que este potencial, que lamentavelmente é aplicado para o mal,seja de alto rendimento.no potencial de esporte Dar ressocialização, capacida- lei a com conflito em jovem do rendimento o aproveitar é proposta “Nossa preciso o potencial reverter do jovem que estava sendo usado para o mal: valores familiares” e a redução damaioridadepenal. Enfatizava-se que era vam aluta contra oquechamavam alegalização de “resgatedo aborto, dos de vida, podernacional e governança. Entre esta as bandeiras do partido plano de governo de Everaldo, composto por três eixos principais: qualidade outras açõesemdefesa dadignidadevidahumana” va-se prioridade ao combate à criminalidade e ao tráfico de entorpecentes e o programa de governo de Everaldo era “baseado na defesa da família” e da- nunca antes ocupara umcargo eletivo. Na grande mídia, destacava-se que religiosa e seu plano de governo, além de sua inexperiência política, já que cional. Nessas ocasiões eram explorados, principalmente, sua identidade tantas outras em diferentes veículos degrande circulação eaudiência na- Fonte: Veja. Data da matéria:17 de Maiode2014. Disponível em http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/o Fonte: Correio Braziliense. Data da matéria: 20 deSetembro de2014. Disponível de Fonte: No programa de governo, coordenado pelo ex-senador Marcondes Ga- Até o início dohorário eleitoral gratuito na TV, Pastor Everaldo concedeu O respeito a “princípios civilizatórios consagrados” definia a marca do marca a definia consagrados” civilizatórios “princípios a respeito O Correio Braziliense Correio Braziliense . Datadamatéria:16/07/2014.Disponível de 26 25 , afirmou Everaldo. “Vou privatizar tudo que for que tudo privatizar “Vou Everaldo. afirmou , . ; ao Foro de Brasília; ao Blog do Noblat, entre . Acessoem17deJulho2014. 24 . - - Acesso em26deAgosto de2016. condição deviver osdiasdasuavidadeaposentadoriacomdignidade’” seu suor, ehojevê asuaaposentadoria derretendo, minguada enãotem cuperar o poderde compra do trabalhador brasileiro quedeu o seu sangue, objetivo é, por meio de uma previdência complementar de capitalização, ‘re- pedido que vem sendo feito poraposentados se quem com encontra, e o rias em jornais destacavam: “Segundo opresidenciável, esta proposta éum mento-gay.htm. Acessoem19deAgosto de2014. uol.com.br/2014/noticias/2014/08/19/pastor-everaldo-promete-privatizar-petrobras-e-se-diz-contra-casa- raldo-faz-campanha-no-df-e-defende-fim-do-fator-previdenciario.shtml. Acesso em 30 de Setembro de 2014. http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2014/09/20/interna_politica,448035/pastor-eve- raldo-faz-campanha-no-df-e-defende-fim-do-fator-previdenciario.shtml. Acesso em 30 de Setembro de 2014. http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2014/09/20/interna_politica,448035/pastor-eve- salemcastelan.com.br/duvidas-frequentes/o-que-e-o-fator-previdenciario; reiras/noticias/redacao/2015/07/04/entenda-como-funciona-o-fator-previdenciario.htm; tam antes dos 63 anos de idade. Informações disponíveis em aposen se que sexos os ambos trabalhadores de para os significativas perdas em implicou previdenciário ta-se do estabelecimento de uma base de cálculo para a aposentadoria. Segundo os especialistas, o fator rio. Então nós vamos fazer a médio e longo prazo” fator previdenciá do - fim favor do a colocou se sempre que PSC afirmou “o de polêmicas entre os candidatos AécioNeves e Dilma Rousseff. Everaldo ca doPSCemsua campanha, sobretudo depois que otema tornou-se alvo a ser pagapelocriminoso, que poderiaoptarportrabalhar durante seu se oapoioavítimasdecrimesatravés dacobrança deumaindenização que não resultaram em condenação. E, em seu plano de governo, previa- foram indevidamente presas oudetidasdurante procedimentos criminais O candidato doEstado,para previa restituição, aspessoasque porparte apresentadas como fundamentais para a “defesa da dignidade humana”. inclusive, acriaçãodoMinistériodaSegurança Pública.Essasaçõeseram como focoestratégico daárea dasegurança, ofortalecimento planejando, e hoje com umadívida é de foco de mais corrupção, de R$ 300 bilhões” 30 29 28 27 mento públicodecampanha. financia o contra posicionar-se de além país, no facultativo voto do ção Em relação à reforma política, Everaldo defendia o fim da reeleição e a ado- Fonte: Correio Braziliense. Data da matéria: 20 deSetembro de2014. Disponível em Fonte: Correio Braziliense. Data da matéria: 20 desetembro de 2014. Disponível em Fatorprevidenciário lei foiuma criada em1999, pelo então presidente Fernando HenriqueCardoso. Tra - UOL Eleições 2014. Data Fonte:da matéria: 19 de Setembro Portal de 2014. Disponível em O combate à corrupção e ao tráfico de drogas era priorizado e tinha e priorizado era drogas de tráfico ao e corrupção à combate O O fim do fator previdenciário 28 foi defendido uma bandeiracomo históri- http://economia.uol.com.br/empregos-e-car- 29 . Enquanto isso, maté- http://ebape.fgv.br/node/1715 http://www.matu- http://eleicoes. 30 27 . - . - ; 49 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 50

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 transferência derecursos dosetor públicopara osetor privado. de meios maiores dos um como identificado foi pois Dilma, gestão a rante infantil. Esse foi um dos programas mais criticados pela grande mídia du- (Programa Universidade para Todos) para o ensino médio, fundamental e tura propunha ainda a expansão do Prouni de escolas privadas. O partido língua portuguesa na escola pública; e a simplificação do processo de aber- lizante (inclusive na militar); formação ênfase no ensino de matemática e profissiona ensino ao incentivo maior de além gestões, das centralização to deminorias,massim a tradição e alei. eram, as demandas sociais democráticas portanto, ou a garantia do direi - citação dos “termos da Constituição”. Os valores a serem defendidos não – na jurídicas normas nas parte em –, consagrados” civilizatórios cípios do sociais por mudanças nas políticas voltadas ao tema era clara, e a defesa mos da Constituição e de sua visão histórica”. A rejeição das demandas como tendoinícionaconcepçãoeafamíliadeve serrespeitada noster- de planejamento elia-seque“A familiar” vidahumanadeve serentendida prática como recurso paliativo do aborto deuma política inconsequente à valorização da família e da vida. No plano, mencionava-se o “combate à previa-se queera amanutençãodacriminalização do aborto, relacionada processo de adoção de crianças abandonadas”. Além dessas medidas, nam com a tradição da sociedade brasileira”; e a “desburocratização do coadu- não que atos de promoção para a estatal aparelho do uso do “fim a “recriação delaçosafetivos, morais eeconômicosentre asfamílias”;o propunhadeiras, acriaçãodepolíticaspúblicaspara o partido estimular rael são oferecidos mais de700 cursos. de realizar cursos profissionalizantes. Como exemplo, contava que em Is- Durante esse período,diziaocandidato, osjovens teriamaoportunidade militarobrigatórioserviço para osjovens ededoisanospara asjovens. gurança do Estado de Israel, passava pelo cumprimento de três anos de Polícia Federal e nas Forças Armadas, cujo incremento, inspirado na se- período de detenção. Estava previsto ainda um investimento maciço na era baseada em parte natradiçãostatus quo era –nareferência baseadaemparte aos“prin - No âmbito da o plano educação, previa uma reforma envolvendo a des Tendo a defesa da família tradicional como uma de suas grandes ban- - - Prouni dia também a implementaçãodemecanismos quepudessemaumentar a e a ampliação do livre mercado de operadores de planos de saúde. Defen cotas nãosejustificariam. ao longo da campanha, dizendo que, comescolas públicas de qualidade, as fez oposição veementeuma versidades públicos, opartido e emconcursos da, apostando na livre concorrência? Em relação à política de cotas nas uni- sal pública, ouseà educação investiria majoritariamente na iniciativa priva- financiamentoplanejamentono o focado educação: diretoestaria univer e - das quanto aos investimentos disponíveis e às estratégias para a área da do exameenotaacimadezero naredação. do Eneme ter obtido nomínimo450 pontos namédia das notas participado salários mínimos porpessoa. Para se inscrever no programa, é preciso ter as bolsas parciais (50%), a renda familiar bruta mensal deve ser de até três familiar brutamensal, pessoa, deaté salário emeio.Parapor mínimo um mação específica. privadas de ensino de graduaçãosuperior em cursos e sequenciais de for nível superior, bolsas de estudo integrais e parciais (50%) em instituições Federal em 2004, que concede a estudantes brasileiros sem diploma de Na área da saúde, o plano de governo priorizava a desburocratização As ambiguidades presentes no programa de governo suscitavam dúvi- Para concorrer às bolsas integrais, o candidato deve comprovar renda Podem participar: O Prouni é um programa doMinistério da Educação, pelo Governocriado • • • não énecessáriocomprovar renda. te que concorrerem acursosde licenciatura –nesse caso, Professores da rede pública de ensino do quadro permanen- Estudantes comdeficiência; escola; na condição de bolsistas integraisrede particular da própria Estudantes egressos do ensino médio darede pública ouda (Programa Universidade para T odos) - - 51 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 52

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Preside oInstituto Liberal eéumdosfundadores doInstituto Millenium. Constantino pois o liberalismo defendido pelo Instituto Liberal, presidido por Rodrigo Já os liberaisum “Estado forte”. não tinham em Everaldo seu candidato, que disputassem esse papel, a massa dessa fatia do eleitorado defende político Cesar Romero Jacob (PUC-RJ), e de encontrar outros candidatos esse segmento ser majoritariamente católico,salientou como ocientista não era abraçada prioritariamente nem pelos conservadores, pois, além de e fazer aeconomiacrescer”: somente22,5%. empresas privadas devem ser as maiores responsáveis por investir no país às premissas liberais é o baixo percentual de eleitores que acham que“as somente 19,4%. Outro dado revelador da resistência do eleitorado nacional e autodeclarados ateus, a taxa de aceitação dessa premissa liberal é de competição entre as empresas, melhor para todos”. Entre os sem religião do nacional, só 34,8% achavam que “quanto menos o governo atrapalhar a moral,lado, eaoconservadorismo poroutro, fragilizou acampanha. ram destacadas pela mídia. Essa adesão ao liberalismopor um econômico, de sinalização mais precisa dos investimentos públicos nessas áreas fo- rios privados demedicinaforam outras propostas apresentadas noplano. desburocratização e oincentivo aoaumento de vagas em cursosuniversitá butos queincidem sobre medicamentos, aparelhos e materiais médicos; a ramente. A desburocratização eaextinção detodos ostri- da importação financei premiados fossem médicos e hospitais melhores os que forma de metas, de plano o e meritocracia a como público, sistema do eficiência 31 mídia. Assim, Rodrigo Constantino publicou emseu blog uma grande en- foi apresentadoeconomistas e jornalistas por e recebeu grande espaço na ele e o presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE), seu programa de governo candidatura doPastor Everaldo eas pesquisas davam empate técnico entre de umanoçãomoral doâmbito privado quevisaenglobaropúblico. à esferaconcernem privada.ao Estadonãocaberialegislar Logo, em favor Rodrigo Constantino é economista, colunista dos jornais Sendo assim, mencionamos acima,a candidaturaconforme de Everaldo Em pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha em 2014 com oeleitora- A defesa da “livre concorrência” nas áreas de saúde e educação e a falta Logo no iníciodacampanha,quandomuitas Logo especulações rondavam a 31 , preconiza que oEstado não deve interferir emassuntos que Valor Econômico e O Globo e da revista Veja. - - Acesso em06deJulho de2014. go-constantino/democracia/o-mercado-tem-que-funcionar-afirma-pastor-everaldo-em-entrevista-ao-blog/. Acesso em06deJulho2014. constantino/democracia/o-mercado-tem-que-funcionar-afirma-pastor-everaldo-em-entrevista-ao-blog/. o Pastor Everaldo e veiculada na revista pão” mas épreciso trabalhar. Estáescrito:o suordoteurosto com comerás o opão.Aspessoas devem tercondições, isso princípio cristão,repartir é um a meritocracia. Não podemos deixar nossos irmãos brasileiros com fome, Veja. Amatéria se inicia dando destaque a uma fala do candidato: “100% trevistao pastor, com divulgada posteriormente também nosite da revista 33 32 existentes na época. O candidato aproveitou otempopara criticar a gestão Everaldo respondeu que achava possível ter apenas 20 ministérios dos 40 analistas eleitorais que buscavam compreender melhor suas propostas –, e repórteres inquietou campanha, sua toda durante que, característica – primeira pergunta gira dos ministérios. Sempre sucintoem torno do corte se beneficiamdosprogramas sociaispetistas: nhado a um discurso liberal, tenta conquistar a confiança dos eleitores que pronunciamentoum matéria continuacom docandidatoali mesmo que, e do esforçofundamento individual para bíblico da partilha a salvação. A cimentoa umagramática eodaeconomia, religiosa cristã, enfatizando o do esforçoLocke,individual para sobre aimportância oseuprópriocres de os tempos dos pensadores John como e XVIII clássicos do século XVII Fonte: Fonte: Assim Constantino a começa apresentação da entrevista realizada com 32 . A passagem combinaumamensagem muito afeita aos liberais des brar quandocadaumconseguevencer navida de saída. Devemosno contexto cele- nacional. Essa é a porta capacitação para que cadaumpossa ser inserido de verdade de vencer assinada. A proposta na vida, ter carteira é oferecer principal. Acredito nisso. Cada família quer ter a oportunidade teira de vacinação em dia e os filhos na escola. Esse era o foco ter e comida material de higiene, mas era obrigatório ter a car Rio de Janeiro em 1999. O objetivo era que a família pudesse lia que teve nesse país, o Cheque Cidadão, que foiadotado no dos principais um responsáveisSou pelo primeiro Bolsa Famí- Veja. Data da matéria: 01 de Julho de 2014. Disponível em http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo- Veja. Data da matéria: 01 de Julho de 2014. Disponível em http://veja.abril.com.br/blog/rodri- Veja em 1 o 33 de julho de 2014. A . - - - - 53 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 54

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Acesso em06deJulho2014. constantino/democracia/o-mercado-tem-que-funcionar-afirma-pastor-everaldo-em-entrevista-ao-blog/. Julho de2014. mocracia/o-mercado-tem-que-funcionar-afirma-pastor-everaldo-em-entrevista-ao-blog/ Cuba e,sendoassim: Disse que oBrasil é uma democracia, Venezuela quenãoseria como ou Constantino sobre os “ataques constantes dos progressistas” à família. guém, precisa ficarenrolando” lação Institucional.a atualpresidente Como conversarnão quer nin com dente. Assim disse: “Há um ministério que chamode Ministério da Enro - de DilmaRousseff,demonstrando suainsatisfação a presipessoal com 36 35 34 serão respeitados em seus direitos, a conexão estabelecida na continuação Ou seja, se inicialmente ele argumenta que, na democracia brasileira, todos estaria no mesmo hall de desvios morais que a realização de “gatonet” em sequência,deixa transparecer queaquestãodocasamento igualitário inclusiva e respeitadora das demandas e posicionamentos sociais, mas, homens e mulheres. Do mesmo modo,faz parecer que sua perspectiva é tado éaqueestá na Constituição, queprevê ocasamento apenas entre que a família que defende e que deve ser legalmente considerada pelo Es- Gatonet éonomepopulardadoàs ligaçõesclandestinasde porassinatura.TVs Fonte: Fonte: Na mesmaentrevista, Pastor Everaldo respondeu a umapergunta de Contrapondo-se ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, afirmou sexo, mesmo do pessoas entre casamento ao Contrapondo-se Veja. Data da matéria: 01 de Julho de 2014. próximo: a minha liberdade terminaa onde do outrocomeça frente. Esses valores é que temos que recuperar. O respeito ao o pai fazendo um “gato” e acha quepodefazer um“tigre” na sujeito acha normal o“gatonet”, o “gato” de luz. A criança vê mas nunca se viu tanta O exemplocorrupção. vem de cima. O e preocupammais. Alegamquenuncase prendeu tanta gente, segregar a população. Mas há valores que têm se perdido hoje, ser respeitado. Defendemos issosempreconceito,sem querer o estado que vai dizer o queele deve fazer. O cidadão tem que dão tem o direito de escolha do que ele quer da sua vida. Não é Eu tenho direito de defender meu ponto de vista, e cada cida- Veja. Data da matéria: 01 de Julho de 2014. Disponível em http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo- 34 . http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/de . Acessode 06 de 35 . 36 - - . - 37675-pastor-everaldo-fala-sobre-planos-de-governo. Acessode08Julho2014. mercado-tem-que-funcionar-afirma-pastor-everaldo-em-entrevista-ao-blog/. Acesso em 06 de Julho de 2014. utilizá-los de mesmo fato pelo contra ele” (Taguieff,eficazes, 1986b;Angenot,1982).(Pierucci, 1990,p.11). mais argumentos seus de uso o adversário ao impedir objetivo de uma só vez, uma retomada, umarevirada e uma apropriação-despossessão de argumentos: ela tem por pois que agorasucesso contra jogampeloadversário. ele, deixam de pertencer-lhe, Aretorsão opera assim, sivo e ideológico doadversárioas e o combatecom armas deste, as quais, pelo fato de serem usadas com de retorsão” definido por Taguieff, segundo Pierucci (1990), como um contendor se coloca no terreno discur- nos termosdePierucci(1990) gresso Nacional, que ainda hoje operam porumaretorsão dos argumentos, da resposta revela o posicionamento defendido pelos evangélicos no Con- 39 38 37 no eseuscolegasdoInstituto: estaria sendofeito peloPT: bre aquestãodamaioridadepenal,dizendo: Fonte: DO LITORAL. DIÁRIO 08/07/2014. Disponível de http://www.diariodolitoral.com.br/conteudo/ Fonte: VEJA. 01/07/2014 Disponível em Esse uso do argumento do outro adaptado à defesa de posições contrárias é identificado como um “efeito A marca de um discursoliberal era comemorada por RodrigoConstanti Ele prometia uma administração para o povo, emcontraposição aoque De modo lacônico, pouco elucidativo,De lacônico,pouco modo Pastor Everaldo faloutambémso- o Pastor Everaldo contoutime umpreparado com de liberais Já deu para pegar o jeitão da coisa. Não resta dúvida de que mas sim o interesse do partido queestánopoder[PT] mas simointeresse dopartido O aparelhamento da máquina nunca visouointeresse público, passaremos para a iniciativa privada tudo o que for possível. sentido, vamos reduzir 1/20 de impostos porano.Alémdisso, país Neste de de submundo. primeiroserviços com mundo dão, sugaosuoresangue. Temos umacarga tributária de Vou a lógica do governo. O Estado do se inverter cida- serve vamos tentarcaminharissopara obem,para oesporte ela tem umpotencial que está encaminhado para o mal.Então hoje estão sucateadas. Se a pessoa comete um crime,então aprendizado, treinamento, aproveitar as Forçasque Armadas, dade penal. Nossa ideia é trazer ojovem para umainserção de já apresentou projetoNosso partido para aredução damaiori- 37 http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/democracia/o- . 39 38 . . - 55 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 56

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 br/. Acessoem22de Julho de2014. nomia/. Acessoem18deJulho2014. rodrigo-constantino/democracia/diretrizes-de-governo-do-pastor-everaldo-confirmam-vies-liberal-na-eco- 41 40 tratam dedependentesquímicos: atividades religiosas em comunidades terapêuticas e em instituições que ções religiosas,a resolução como dogoverno federal que pretende proibir cristãos” à democracia eàdifusãodeprincípiosvalores centrados nosprincípios to contrário àdescriminalização das drogas. Dizia: “Vou priorizarorespeito definia como o “respeito à vida e à família”, assim como seu posicionamen - raldo enfocava menos a plataforma liberal, privilegiando como pauta o que Blog do Pastor Everaldo; Data da Matéria: 21/07/2014. Disponível em Blog Rodrigo Constantino/Veja; Data da Matéria: 14/07/2014. Disponível em Em seu blog, diferentemente do que fazia na grande mídia, Pastor Eve - bem maioraolivre mercado. Alvíssaras! nacional, quedelega papel bem menosaoestado um e outro o surgimentomos observando de um discurso novo na política Em termos de diretrizes propostas, não há o que duvidar:esta muito bemtersaídodireto doInstituto Liberal, oqualpresido. para lhe prestar assessoria. Vemos coisas ali que poderiam drogas. Essas pessoas, além detratamentonecessi médico, seres do álcooledas humanos vítimasdovício e aconfortar várias crenças religiosas, dedicam suas que vidas a acolher essa proibição uma afronta e um desrespeito às pessoas, de ta-feira, 20, no Senado. O senador está correto ao considerar Malta, autor de um pronunciamentona inconformado,quar resolução tambémprovocoua indignação do senadorMagno berdadefécidadão aderirauma de um oucrença. Anotíciada na medida em queimpede a livre manifestação pública e a li inconstitucional, é e arbitrariedade uma configura desumana, Drogas (Conad)... No nosso entender, essa proibição, além de contra esta resolução doConselho Nacional de Políticas Sobre Social Cristão (PSC) vaio Partido entrarmedida com judicial dades de atendimento aestas pessoas. Por nossa sugestão, O governoatrocidade cometeuma aoproibir Deus nas enti 41 eveiculava queafetavam informações diretamente as institui 40 . http://www.blogdoeveraldo.com. http://veja.abril.com.br/blog/ ------firmamos-a-defesa-da-liberdade-religiosa-no-tratamento-de-dependentes-qu%C3%ADmicos 42 Comunidades T 2015; Cazenave, Sabino,2005;Ribeiro, Minayo, 2015;entre outros). evangélicos e católicos, principais prestadores (Fromm, desses serviços cas no Brasil pelo governo Dilma Rousseff, vimos, causam como furor entre vício equeprecisem de cuidados médicos possamser recusados pelas CT. possam ser obrigatórias; dependentes que tenham doenças associadas ao habilitado, e não obrigatoriamente da área da saúde; as atividades religiosas tenham umtécnicodenível superiordequalquerárea, desde quelegalmente daí, permite-sequeasinstituiçõesman- Apartir pliação dessetipodeserviço. am- da argumento o sob exigências, dessas flexibilização uma há anterior, a giosas não fossem obrigatórias. Com a Resolução n º 29 de 2011, que substitui mento psiquiátricopelomenosumavez porsemana;eque asatividadesreli- o mesmoaparato dasunidadesdesaúde;queseusinternos tivessem atendi- lução nº 101/01 da Anvisa, era exigido, entre outras coisas: que possuíssem Reso- pela estipulado como público, financiamento conseguissem e nhecidas deseusrepresentantes.reclamações Para porparte queasCTs fossem reco- zindo, emalgumamedida,omodelodequepretendia sedistanciar. ao tratamentoapesar deseufuncionamento manicomial, reprodu acabar estendeu ao tratamento deoutros transtornos, tornando-se umaalternativa dados quevivenciaram traumas deguerra. Posteriormente, o modelose 1950 na Inglaterra,o objetivo com de tratar problemas psicológicos emsol- Disponível em http://www.blogdoeveraldo.com.br/partido-social-cristao/item/929-no-paran%C3%A1-rea- As novas regras propostas para aatuaçãode Comunidades Terapêuti No Brasil, asnormasqueregulamentavam essasentidadeseram focode As comunidades terapêuticas (CT) surgem emmeados da década de ajudar seussemelhantes? querem só que pessoas de ação a impedir se de finalidade a culto. Qual e de religiosa liberdade com oficial, religião sem laico, país um é Brasil o que afirma ele quando Magno nador eles sem esperar nada em troca. Tambémconcordo o se com tam de amor, afeto e da dedicação de quem se preocupa com erapêuticas 42 . . - - - 57 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 58

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 tema peloSTF, Pastor Everaldo disseementrevista concedidaàpesquisa: lamentar Católica. presidida pelo DeputadoEros Biondini (PTB/MG), integrante da Frente Par- apoio parlamentar da Frente de Defesa das Comunidades Terapêuticas, nova Resolução. Segundoojornalista, a mudançasófoipossívelo com os próximos dois anos, otriplodoqueessas entidades recebiam antes da de recursosnormas representa emtorno de R$ 300 milhões paraum aporte dessas flexibilização a (2016), Moraes Maurício de reportagem Na mil. 1,5 para cada paciente é de R$ 1 mil e, para adolescente ou mãe/nutriz, de R$ vagas disponíveis em todo território nacional. O custo mensal estimado entidades haviam sidocontratadas, o querepresentava maisdeoito mil posicionamento contrário de um àdescriminalização das drogas fazparte zação das drogas e o avanço de outras Assim, o pautas, o aborto. como Especificamente sobre a questão das drogas e a abordagem dada ao dada abordagem a e drogas das questão a sobre Especificamente Conforme noticiado pelo Ministério da Justiça em agosto de 2015, 371 É importante observar a associação produzidaobservar entre a descriminali É importante (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). dentro do partido écontradentro aliberação. dopartido te sou contra a liberação e defenderei E hoje, dentro dopartido. Eu pessoalmen Mais ou menos a gente acompanha de perto. primos meusquepelas drogas perderam avida,então eu sei. coisa difícildelidar.na sociedade.Uma câncer um Eu játive Difícil a gente lidar essa com agenda das drogas, quehoje é vejo isso com preocupação, não concordo com a liberação. facilidade para osoutros temas dessa agenda Então, eu que... do Brasil a começando dar brecha,corte podendo criar uma Uma coisa assim, difícil. Eu vejopreocupação. com A suprema ouvi umpedaçodovoto dele. Ele quis dizer que sim e que não. Mendes]. mar Ele deuumvoto, assim, até contraditório,né? Eu tros do Supremo, mais equilibrada [refere-se ao Ministro Gil pessoas que euconsidero maiscompetentes dentre osminis de uma das A gente vêpreocupação com o comportamento - - - - ameaça total dopânico” (Mills1959:17). problema– seja como pessoal ou questão pública. Ese todos os seus valores estiverem emjogo,sentem a rimentam o bem-estar. Quando os estimam, mas sentem que estão ameaçados experimentam uma crise Descriminalização dasdrogas no Brasil o avanço de outras nos agendas.tal apresenta Aqui, como Mills (1959) legia a liberdade e o poder de escolha pessoal que poderiam fundamentar posicionamento maisamplo,contrário aumalinha argumentativa queprivi- 43 seus interesses eperspectivas morais. res sociais interessados em conduzir os processos de mudança conforme exploram-se os medos da sociedade, que podem ser manipulados por ato- não foiproferida adecisãoda Corte. mento foisuspenso, apedidodo ministro Teori Zavascki. Até o momento, também foram favoráveis à tese da inconstitucionalidade; todavia, ojulga- dessas substâncias. Os ministros Edson Fachin e Luís Barroso Roberto políticas de controle e redução de danos não significaria a liberação do uso entorpecentes destinados ao usopessoal e deixando claro queimplantar ressalvando aquestãodaausência de regulação jurídica para a posse de ministro Gilmar Mendes, se posicionou emdefesa da descriminalização, clarar a inconstitucionalidade 28. do O referidoRelator do processo, artigo mento doRecursoExtraordinário nº 63.565, ação judicial movida para de- e traficante sejamtratados damesmamaneira. caracterizariapessoal, permitindo,assim, o consumo que usuário,produtor pena de 5 a 10 meses de prisão.O dispositivo nãodefine aquantidade que com determinaçãolegal ou regulamentar” poderá ser condenado a uma consigo, parapessoal, consumo drogas sem autorização ouemdesacordo rida Lei, “Quemadquirir, guardar, tiver emdepósito, outrouxer transportar drogas é um ato ilícito, 28 sujeitoda refe a punição. Comodisposto- no art. Sisnad – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas –, o uso de “...quando as pessoas estimam certos valores as pessoas “...quando estimam certos e não sentem que sobre eles expe ameaça, pesa qualquer O Supremo Tribunal Federal tratou do tema em agosto de 2015, no julga- a Lei Conforme nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, que dispõe sobre o 43 , - 59 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 60

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 der-a-fam%C3%ADlia-brasileira. Acessoem02de Setembro de2014. http://www.blogdoeveraldo.com.br/brasil/item/936-debate-do-sbt-nosso-prop%C3%B3sito-%C3%A9-defen- 44 se apresenta comoumdemocrata eumapessoasincera ehonesta: tal desse segmento para a vida econômica dopaís. Ainda em seu blog, ele vo aomicro fundamen- e pequeno empresário, reconhecendo a importância isenção do Imposto deRenda para ossalários de até R$ 5.000,00 e incenti po, ressalta sua solidariedade aostrabalhadores brasileiros, prometendo ro, que,para ele, é um exemplo a ser seguido na economia. Ao mesmo tem- ta, composta majoritariamente poradvogados, economistas e magistrados. Foro deBrasília éumaorganização desimpatizantes dopensamento dedirei- lo, grupodeesquerda contrário aoneoliberalismo criadonosanos1990, o para integrar ogrupo.Criadoem2014 comoumareação aoForo deSãoPau- res e entrevistas coletivas. O Foro de Brasília, inclusive, convidou o candidato ligadas aosempresários ouàdireita noBrasil oconvidavam para chás,janta- Fonte: BlogdoEveraldo. DatadaMatéria:02de Setembro de2014.Disponível em Em seu blog, Everaldo destaca ainda seu apoio ao agronegócio brasilei Em virtude desse perfil, destacado pela mídia, grupos e personalidades personalidades e grupos mídia, pela destacado perfil, desse virtude Em Apresentava-se, enfim,comoum“liberal conservador”: clareza osvalores dafamília ritocracia, o livre mercado, a livre concorrência, e defender com de assumir esta responsabilidade no Brasil, de defender a me- do chamadoprimeiro Enãotenho mundo. nenhum problema é praticado naEuropa, nosEstados Unidos, emvários países do ponto de vista da moral, daética e dos bons costumes. Isso Eu sou um liberal do ponto de vista e econômico, conservador que pensa.Nãodigaumacoisaefaçaoutra. leiro. Achoquea população está querendo alguém que fale o dele. A gente tem derespeitar oponto devista de todo brasi zuela. Esse é um ponto de vista que defendo e não abro mão numa democracia, graças a Deus aqui não é Cuba, não é Vene neto de pastor, sou filho de pastor, tenho filho pastor. Estamos na Assembleia de Deus de Madureira, noRio de Janeiro. Sou evangélicoSou enãonegoaminha fé.nascido ecriado Sou 44 . - - - - 2.1 Desafiosdacampanha 47 46 45 derrota ogigante Golias mas acredito em milagres”, em alusão à passagem bíblica em que Davi zido, ele dizia: “Tenho mais pouco do queumaatiradeira e uma pedrinha, e 08 segundos na propaganda eleitoral gratuita na TV. Sobre o tempo redu- ça formalizada, oquefez queopastor com conseguisse apenas 1 minuto de estofo para odebatetécnico epolítico. falta de e despreparo de época, na comentaristas afirmaram segundo são, deira “pela família” eram alvo de críticas na imprensa. Passavam aimpres politica/pastor-everaldo-o-candidato-das-bandeiras-reacionarias-7648.html. Acessoem30 deJunho de2014. de ajudar grandes empresas nacionais que corram oriscode ir à falência” “dever o tem governo o que afirmavam pastor do eleitores dez cada a seis questão central na campanha de Everaldo. Segundo pesquisa do Datafolha, mais direitos, oqueia de encontroa defesa com do Estado Mínimo,uma demanda um Estado mais presente, mais eficiente, mais forte e que garanta majoritariamente sua base,composta porumaparcelaque dapopulação rado compromisso uma moralcom religiosa de e, por outro, odesconforto decla- do diante liberais dos desconfiança a lado, um por incluíam, panha 07 deSetembro de2014. poder/2014/09/1512202-eleitorado-de-everaldo-rejeita-estado-minimo-aponta-datafolha.shtml Acesso em07deSetembro de2014. uol.com.br/poder/2014/09/1512202-eleitorado-de-everaldo-rejeita-estado-minimo-aponta-datafolha.shtml. Fonte: Fonte: Folha de São Paulo. Data da matéria: 07 de Setembro de 2014. Fonte: O PSC é um partido pequeno esuacandidatura nãoteveO partido PSC éum nenhumaalian ban- da torno em repetitivo discurso o e lacônico perfil seu disso, Além Os desafios a serem enfrentados por Pastor Everaldo ao longo da cam da longo Pastor Everaldo ao por enfrentados serem a desafios Os Carta Capital. Data da matéria: 09 de Março de 2014. Disponível Carta em http://www.cartacapital.com.br/ Folha deSão Paulo. Data da matéria: 07 de Setembro de 2014. Disponível em http://www1.folha. mossexualidade deve serdesencorajada” cuja maioriadeeleitores (61%) concordaa frase com “a ho- do o assunto envolve homossexuais. Ele é o únicocandidato das. Everaldo parece ter mais sintonia seu com público quan- que crescimento deveria estar mais ligado às empresas priva - por investir no país e fazer a economia crescer. Só 18% acham dizem que é o governo, sim, que deve ser o maior responsável Estado mínimo? Xô. Entre os que declaram voto no pastor, 73% 47 . Pastor Everaldo nãodispunha de palanque nos 46 . http://www1.folha.uol.com.br/ . Acesso em 45 - - - . 61 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 62

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Sobre isso,dizia: sobre sua identidade religiosa e ela como interferiria em caso de sua vitória. gimentar no meio religioso. Nas entrevistas, rotineiramente era interpelado feitas negociações para que ele dividisse palanque com outros candidatos. foram mencionado, já como – e, Piauí e Santo Espírito próprios: estaduais palanques dois com contava – só Brasil do eleitorais colégios principais 49 48 eleito, opastor respondeu: sa minoria. Perguntado se defenderia o projeto da“cura casofosse gay” seus colegas da Frente Parlamentar Evangélica a respeito dos direitos des asp. Acessoem07 deJulho2014. blat/posts/2014/06/30/everaldo-vai-discutir-aborto-reducao-da-maioridade-penal-na-campanha-539695. asp. Acessoem07deJulho2014. blat/posts/2014/06/30/everaldo-vai-discutir-aborto-reducao-da-maioridade-penal-na-campanha-539695. Fonte: Fonte: O maior ativo doPSCera opotencial de votos queopastor poderiaarre- Insistiam na pautaLGBT, buscandoexplorar seuposicionamento ede O Globo.Data da matéria:30 deJunho de 2014. Disponível em http://oglobo.globo.com/pais/no O Globo.Data da matéria:30 deJunho de 2014. Disponível em http://oglobo.globo.com/pais/no se em entrevista ao iG e à Rede que,se eleito,TV! levará ao Rio – O candidato do PSC à Presidência, Pastor Everaldo, dis jeto aoCongresso para derrubarcasamento homoafetivo pro- enviar vai eleito, se que, entrevista em afirmou Candidato decisão doSTFfavorável àuniãogay Pastor Everaldo dizquevai contestar todos osbrasileiros peito ocidadão.Eu com tenho minha fé e vou respeitar a fé de eu nãoabroao próximo, mãodeamor demoralidade e deres vernar para todos os brasileiros os princípios cristãosque com Estamos em uma democracia e em um estado laico. Vou go- fissão eapessoadeescolheromédicoquequiser pro- sua exercer a de liberdade a tem cidadão Cada profissão. riamente, peloConselho Federal de Psicologia de exercer sua mitiria a liberdade de uma psicóloga que foi cassada, arbitra- Nunca existiu projeto de cura gay. Existe um projeto queper- 48 .

49 . - - - - - so em25deSetembro de2014. es2014/2014-09-23/pastor-everaldo-diz-que-vai-contestar-decisao-do-stf-favoravel-a-uniao-gay.html. Aces- so em25deSetembro de2014. es2014/2014-09-23/pastor-everaldo-diz-que-vai-contestar-decisao-do-stf-favoravel-a-uniao-gay.html. Aces- 52 51 50 asp. Acessode07 de Julho2014. blat/posts/2014/06/30/everaldo-vai-discutir-aborto-reducao-da-maioridade-penal-na-campanha-539695. religião cristã: zes, lacônica e,poroutras,de forma ativava diretamente sua vinculação à Fonte: Fonte: Fonte: Quando era levantada Everaldo a questão do aborto, respondia, por ve- O Globo.Data da matéria:30 deJunho de 2014. Disponível em http://oglobo.globo.com/pais/no rever oreconhecimento dauniãohomoafetiva] mulheres sujeitos a errar. Eleito, farei isso [enviar projeto para eu respeito onosso Supremo,mas todavia somoshomense “se equivocou”.“O Supremo éoguardião [daConstituição], reconhecer a união homoafetiva, oSupremo Tribunal Federal dos homossexuais em 2011. Everaldo comentou ainda que, ao reconheceumoafetivas. o direito A Corte ao casamento civil mento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) das uniões ho- Congresso Nacional um projeto quecontestará o reconheci- vida intrauterina é tão importante quantovida intrauterina a criminalização do é tão importante fendam o direito à vida. A criminalização do assassinato de cepção, e sou a favor de todas as leis civis e penais que de- Defendo da con- os princípios cristãos, defendo a vida a partir deve terumareferência depai e mãe, homem e mulher” a adoção por casais gays. É um princípio. Acredito que a criança sobre o tema com relação aos casais homossexuais. “Sou contra por casaisheterossexuais equenãoterá amesmadisposição de governo vai incentivar a adoção de crianças exclusivamente O pr normal, nãoé polêmico O PSCdefende avidadesdesuaconcepção.Esseassunto é timas eleições.Essespontos vão voltar àpautanessaseleições? Questões religiosas, estiveram comooaborto, presentes nasúl- O Dia.Data da matéria:23 de Setembro de 2014. Disponível em http://odia.ig.com.br/eleico O Dia.Data damatéria:23 de Setembro de 2014. Disponível em http://odia.ig.com.br/eleico- esidenciável doPSCtambémcomentou queseuprograma 52 . 50 . 51 .

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Acesso de05Setembro de2014. poder/2014/09/1511251-feliz-a-democracia-que-tem-candidatos-evangelicos-diz-pastor-everaldo.shtml. giao.htm. Acessoem18deJulho2014. br/2014/noticias/2014/07/14/veja-o-que-pensam-candidatos-a-presidencia-sobre-aborto-maconha-e-reli moral cristã na figura do pastor ganhou relevo durante os debates na televi - a afetam que temas dos fixação Essa Everaldo. de candidatura na lizado torno dos dois principais concorrentes, no pleito de 2014 o tema foi centra- mídia. Se nas eleições presidenciais de 2010 o tema da moral circulou em entrevistas Pastorcom Everaldo queas respostas ganhavam destaque na contra e a favor a descriminalização da do aborto legislação atual, eram nas Emboraeconômica. osdemais candidatos se posicionassem publicamente farsa, já que o liberalismo associado à sua campanha restringia-se à área o que ora emergia uma contradição,como ora a como revelação de uma e do casamento igualitário eramaborto abordados de modo a evidenciar tante na mídia. Sendo assim, durante toda a campanha, a legalização do acerca de temas relacionados aos direitos de minorias no Brasil é cons- 54 53 Fonte: UOL Eleições; Data da Matéria: 14 Fonte:de Julho de 2014. Disponível Portal em http://eleicoes.uol.com. A exposição de posicionamentos de lideranças e políticos evangélicos gativa dederrubaroveto. Ademocracia éassim Meus princípios são inegociáveis. O Parlamento tem a prerro- casos, nãotêm quevirem detrimento dassuascrenças? Os interesses da nação, representados pelo Congresso nesses ser pelocasamento heterossexual. de sociedade. Nenhuma sociedade sobreviveu até hoje a não entendo que pelo e consciência minha pela influenciada Será Essa decisão nãoestará sendoinfluenciada pela religião? Vetarei. Éumaprerrogativa dademocracia. gay, o sr. vetará? Se o Congresso aprovar e o casamento a legalização do aborto regular aquestão para suficientes que do mais são já brasileiro direito no tam assassinato de vida extrauterina. As exceções quehoje cons- Folha de São Paulo. Data da matéria: 05 de Setembro de 2014. http://www1.folha.uol.com.br/ 53 . 54 . - Acesso de18Julho de2014. ticias/2014/07/14/veja-o-que-pensam-candidatos-a-presidencia-sobre-aborto-maconha-e-religiao.htm. cos emevidência: eleera contra suaobrigatoriedade. Everaldo tinha um posicionamento diferente de outros políticos evangéli quando foi a formulada nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação,Pastor candente na agendapolíticadesde, pelo menos,ofinal dadécadade1990, Genro eopróprio pastor. são entre oscandidatos considerados nanicos 56 55 em setembro de 2014, Paulo Sérgio Camargo, especialista em linguagem realizada do Rio (MAR), um colunista do jornalOGlobonoMuseudeArte descrente das suas próprias ideias. Analisando a sabatina de Everaldo por tamento de Everaldo diante das câmeras caracterizava-o “insosso”como e sos eleitorais: a linguagem corporal do candidato. Segundo eles, o compor destacavam outro fator subjetivo, em proces mas de grande- importância sociais, comdestaquepara opróprio Bolsa Família. mília Brasileira; eDilma Rousseff, quecontavaseus vários com programas Eymael,como o“democrata cristão”; AécioNeves, que propôs o projeto Fa- a defesa da família, abraçada com veemência pelos demais candidatos, riência em cargos no Executivo e o esvaziamento de sua principal bandeira, governo, podemos citar, porexemplo, a exploração midiática de sua inexpe nós como desafios à campanha de Everaldo. Em relação a seu programa de ganda eleitoral gratuita na rádio e TV, outros pontos foram identificados por propa- da início o com intensificou se que o debates, os durante correntes Fonte: Portal UOL Eleições. Data da Matéria: 14 de Julho Fonte:de 2014. http://eleicoes.uol.com.br/2014/no Portal - Oscandidatos quetêmmenosde3%dasintençõesvoto doseleitores. Quando oassunto era ensino religioso nas escolas tema públicas, um Para além das questões relativas ao seu programa de governo, analistas Além dodestaque dadoatemas seus polêmicos pela mídia epor con- obrigatoriedade, mascomliberdade. oferecer ensino religioso devem ser livres para fazê-lo, sem ematemática.Escolasquetenham interesse em portuguesa nos ensinos fundamental e médio, deva ser o ensino de língua dade respeitando-seeducacional, um conteúdoonde o foco, a favorSomos da descentralização doensino público e liber- 56 55 , como Levi, como Fidelix, Luciana - - - 65 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 66

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Acesso em09deSetembro de2014. sil/nem-ele-acredita-no-que-diz-diz-especialista-em-linguagem-corporal-sobre-pastor-everaldo-13880938. mim! PsicologiadaMentira eLinguagemCorporal” (2012),disse: corporal e autor dos livros “Linguagem Corporal” (2010) e “Não minta pra 57 Fonte: O Globo. Data da matéria:09 deSetembro de2014. Disponível em http://oglobo.globo.com/bra- então émaisfácilsesentir àvontade. contestá-lo, para lá estão não igreja à vão que fieis Os líbrio. candidatovincente, mas como ele ainda não encontrou oequi- político énula.Eucomo pastor já ovicomo e ele é muito con- — Ele anula totalmente de pastor.a função Aoratória dele opina Carmago: entrevistas,refleteigreja,se e sua debates não nos isso como Se Pastor Everaldo está acostumado a falar para multidões em os lábios,quequerdizer “convenci você”. os lábios. Ele ainda tem um cacoete de passar a língua sobre anos, ele mostrou total desprezo sobre o assunto aolevantar apoio. Questionado sobre as Olimpíadas no Brasil daqui a dois ele está inseguro sobre o que responder, precisando de um ele apoia amãonos braços dacadeira, oquedeixa claro que tava incomodado — opina Camargo. — Em diversas perguntas, frase, da final ao lábios demonstraos que o es ele que aperta simpático ao chamar os entrevistadores de brilhantes, mas o punho e franze a testa, expressando raiva. Ele até tenta ser Quando é perguntado sobre o “kit gay” nas escolas, ele fecha (…) mais enfático,masnemeleacredita noquediz. dição deserpresidente, é inexpressivo, sofrível. Ele podiaser se agarrar na cadeira. Pelo gestual, ele não tem a menor con- faziam perguntas contundentes, ele gaguejava, e chegou até a Sempreta, especialmente quando oassunto que foiaborto. entrevistas (...) Ele foi muito inseguro durante toda a entrevis- gem, especialmente as quando começam fases de debates e tos por relação emotiva, beleza, seriedade, ou seja, pela ima- candida- seus elegem eleitores dos Muitos científicas. quisas Cerca de 65% das informações são não-verbais, segundo pes 57 - - 58 durante a campanha: gélicos. Líderes evangélicos eram explícitos quanto àmigração doapoio Rousseff eram apontados como os que mais perderiam votos de evan- rina Silva como a nova candidata do PSB, tanto Everaldo quanto Dilma com Pastor Everaldo. e a confirmação da senadora Ma- Com sua morte dencial. Em alguns momentos da campanha, esteve em empate técnico anos e,segundoaspesquisas,estava emterceiro lugarnacorridapresi- em Santos, São Paulo, no dia 13 de agosto de 2014. Campos tinha 49 do candidato doPSB, Eduardo Campos,resultado deumacidenteaéreo mático e inesperado marcou a campanha presidencial de 2014: a morte um eventolimites do candidato e de absolutamente seu drapartido, - Agosto de2014. sil/voto-evangelico-tende-migrar-para-marina-silva-avaliam-lideres-religiosos-13643235. Acesso em18 de Fonte: Além dosdesafiosanteriormentecitadosequedizem respeito aos bleia deDeus, pastor Silas Malafaia ma o líder da Associação Vitória em Cristo, ligado a Assem- dos eleitores evangélicos sofrerão um realinhamento — afir- Dilma e no Pastor Everaldo. É evidente que as tendências sangria dosvotos evangélicos queestavam napresidente tar sua agenda. A confirmação do seu nome pode abrir uma lico codificaemMarinaumacandidataquepoderepresen - Deus, pastor LélissWashington Marinho.–O eleitor evangé- mou o presidente do Conselho Político das Assembleias de há questões pendentesqueeladeve seposicionar—afir- identificação natural dosevangélicos comoseunome,mas da. A volta da Marina tem que ser analisada, pois há uma ao Pastor Everaldo, quedefende publicamentenossaagen- nome formal, mas havia uma tendência a anunciar o apoio reavaliar onovo cenário.Aindanãotínhamosfechado um como umagrande promessa, masnãopodemosdeixar de da trágica doex-governador Eduardo Camposquevíamos tagonista nesta eleição. Lamentamos profundamente a per- A gentevê combonsolhosoretorno deMarinacomopro- O Globo. Data da matéria: 18 de Agosto de 2014. Disponível em http://oglobo.globo.com/bra- 58 . 67 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 68

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Agosto de2014. politica/eleicoes/noticias/candidatura-de-marina-silva-divide-apoio-evangelico-1617088. Acesso em25 de 59 candidatura deMarinaSilvaPastor causou. Everaldo, gravitava que entre do eleitorado evangélico emdireção àsuacandidatura. ciar a vinculação da candidata à Assembleia de Deus e a migração de votos Marina Silva e Beto Albuquerque. Imediatamente, a a mídia começou anun- à noite, foi apresentada a nova chapa do PSB à presidência da República: Presidência, comsuavice Marina Silva, 28/06/2014. Licença CCBY 3.0BR.ht Fonte: Blog do UOL.Data da Matéria: 25 de Agosto de 2014. Disponível em http://atarde.uol.com.br/ tps://creativecommons. org/licenses/by/3.0/br/ campanha deEduardo Em 27 de agosto, pesquisas de opinião mostravam areviravolta que a de Eduardo Campos,nodia 20 de agosto,Uma semana depois da morte Foto: WilsonDias/ a Marina”, avaliou. que tenho contato, a tendência é que talvez 80% migrem para dia 13. “Eu represento dois milhões de pessoas e, dos líderes candidato à Presidência pelo PSB, em umacidente aéreo no do ex-governadorraldo Eduardo até a morte Campos,então tolo, quedavapraticamente como oapoioaoPastor certo Eve - após- o afirmou PT”, do governo ao relação com desgaste um dou muito. As nossas expectativas não foram supridas. Houve integrou umgrupode apoio a Dilma em 2010. “O quadro mu Fonte da Vida é comandada pelo Apóstolo César Augusto, que Com templos em cerca de 500 municípios brasileiros, a Igreja Campos (PSB)à Lançamento da Agência Brasil -

59 - Em suaspalavras: matado Eduardo Campospara MarinaSilva setornar presidente doBrasil. PSB. Segundoele,nomeioevangélico era comumouvirqueDeustinha da de apoio dos evangélicos quando Marina Silva assumiu a chapa do Rousseff, AécioNeves edaprópria MarinaSilva. Dilma de candidaturas das foco era que mesma da – a nacional – 54% população C classe na estava Pastor do eleitorado do parte maior A nal. perdia completamente a chance de crescer para 10% do eleitorado nacio- Data Popular. Em sua avaliação, coma chegada de Marina, Pastor Everaldo Presidência da República, segundo Renato Meirelles, presidente do Instituto Marina era vistauma alternativa como real dos evangélicos assumirem a já declarava apoio à Marina em um eventual segundo turno das eleições. acidente, achapadoPSBcontava com20%. do acidente fatal, tinha 9% das intenções de voto. Duas semanas depois do votos nulos e brancos, assim o de indecisos. como Eduardo Campos,antes candidatos chamados nanicos perderam 3% no total. Diminuiu o número de co, passou a 1%. Dilma Rousseff e Aécio Neves perderam 4% cada um, e os do ex-governador3% e 4% das intenções de voto de Pernambu até a morte Em entrevista concedida à pesquisa, Pastor Everaldo fala sobre a per- mas Everaldo, a Pastor fiel publicamente mantinha-se Malafaia Silas ligou dizendo que em uma região estava com 11%. Em Santa entre vez 8% e 10%. Em SãoPaulome o próprio Alckimin certa sas eu passava.vários Em estados as pesquisas me davam Eduardocom Campose já tinha passado. algumas pesqui- Em agosto,né? Entãoestava bem,estava tecnicamente empatado pesquisas. Eu estava indo bem nas pesquisas, até aquela data, as pessoas normalmente tendem a apoiar quemestá bem nas do Eduardobrado Campos.Ela vinha num ritmoe com a morte Ô, Christina, olha só. Acampanha,ela teve um ritmoquefoi- manifestou. A DeuséAmorsempre semantémdiscreta. miro [Santiago,daIgreja Mundial do Poder de Deus] não se votaria mas não manifestaem mim, esse apoio assim. Valde mente paravez, ninguém.Uma emmeugabinete, declarou que Internacional da Graça, oRR SOARESnão manifesta publica- do governo pra Rede Record, não tinha me apoiar.como A A IURDnãopodiameapoiar. Tinha ministério e recebe verba - - 69 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 70

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 eo“novo lugardosevangélicos” 2.2 Fimdacampanha camada social em queos evangélicos provocam maior aversão. de Marinaera dejovens declassemédia urbanaeescolarizada,justamentea votantes dos majoritário perfil o indicavam, pesquisas as Conforme motivo. pelo mesmo bém perdeu apoio popular ao longo da campanha, em parte, pela exploração políticadesua identidadereligiosa.parte, MarinaSilva tam- sendo pouco conhecido pelo público, já tinha uma rejeição alta, causada, em raldo. Isso significava um grande desafio para sua campanha, já que, mesmo ma Rousseffcomoacandidatacommaiorrejeição, seguidaporPastor Eve- ções. Arrecadou, aofinal,R$233.100,00. mais. Doscandidatos nanicos,suacampanhafoiaquerecebeu maisdoa- passou agravitar emtornode 1%das intenções de voto enãose reergueu exposição na e a entradaTV de Marina Silva na disputa, Pastor Everaldo do Pastor era de 4% no Brasil e 6% no Rio de Janeiro. Com o início de sua Genro (PSOL) – 1,55%. No início da campanha, ototal de intenções de voto Aécio Neves (PSDB) –33,53% –,MarinaSilva –, (PSB) – 21,32% – eLuciana 41,61% – (PT) Rousseff Dilma de atrás lugar, quinto em ficou e votos, Sua rejeição subiu ao longo da campanha: as estatísticas apontavam Dil- Pastor Everaldo teve 0,75% dos votos válidos, o equivalente a 780 mil (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). queles queamamtátudoresolvido, né? sabe eleição. Agente que tudocolaboracomo para o bemda- da ritmo o quebrou ali aquilo porque... amigos aos fidelidade pesquisas. Então, os amigos... e a gente não podia impor essa nas estava mal quem apoiar de dificuldade com ficavam soas a sul, leste a oeste. Complica. Aspes foi umacoisa de norte o Eduardo Campos para a Marina ser presidente”. Então,isso pra“Não, Deus matou 13%. Então aíosirmãosqueeuouvia: ro lugarnas pesquisas. O Aécio estava22%, 23%, com baixou comeu todo mundo, né? Passou até a Dilma e ficou em primei- na a irmãMarinana exposição... tantomídia. Aquela é que ela sema- uma ficou acidente, naquele Eduardo o faleceu quando no Rio de Janeiro mesmo o Pezão me ligava dizendo... Então, regiões... várias enfim, Sul, do Grosso Mato Minas, Catarina,

- claramente, assumiraPresidência da República. Emsuaspalavras: da para estapesquisa,Pastor Everaldo revela queagora aestratégia delesé, que otribunalestava politizandoajustiça.Noentanto, ementrevista realiza - gélica criticavam daCunha; LeiteLopes,2012), alegando suaatuação(Vital exaltavam o papel exercido pelo STF, integrantes da Frente Parlamentar Evan- feto anencéfalo. Enquanto movimentos sociais e parlamentares de esquerda igualitário e a garantia da interrupção da gravidez em casos de gestação de alguns direitos alvos de disputa no Congresso Nacional, como o casamento político-sociais noBrasil. O Poder Judiciáriovinhagarantindo oavanço de Rousseff, o STF assumiu o papel social de garantidor do avanço deagendas te Lula e que se estendeu durante o primeiro mandato da presidente Dilma do segundo Num mandatoprocesso que do ganhou presenforça- a partir STF, através daAssociaçãodeMagistrados dofortalecimento Evangélicos. políticos evangélicos estivessem visando também a ocupação de lugares no ao Executivo. Emnossapesquisa,levantamos ahipótesedequelideranças e estratégicapresidência anunciava: atribuídapelosevangélicos aimportância 2016 apontapara oquelançamento dacandidatura dePastor Everaldo à com adefesa eampliação de direitos para minorias estavam de outro. lado e aqueles que se identificam com a esquerda e com pautas mais afinadas pode serconsiderada adireita liberal eadireita conservadora estavam deum que o com identificam se que grupos outros e evangélicos os dividido: estava o Brasil que de sinais dava eleições das fim O turno. primeiro do final ao força antagonismo direita/esquerda se acentuou ao longo da campanha, ganhando turas e de adesão ferrenha a outras. O sentimento de intolerância explodia, e o do para a exposição de sentimentos de repulsa em relação a algumas candida- da de Marina Silva na disputa, tornou a campanha mais emocional, colaboran- O desenrolar dosfatos políticosnacionaisaolongodosanosde2015 e deEduardo Campos,alémdeproduzirConcomitante aisso,morte aentra- (Entrevista realizada Pastorcom Everaldo em 24 de agosto de 2015). à presidente DilmaRousseff,queprecisava sair]. precisa é o cabeça.Acabeçaestá mudar inchada [referindo-se escolher entre os indicados e depois o crivo doSenado.O que te. Aí as associações indicam e é prerrogativa do presidente bros para o STF]. Nós temos que mudaré o cabeça, o presiden depois em uma sabatina no Senado [para indicação de mem A lei éclara. Éindicaçãodopresidente da República que passa - - 71 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 72

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 no segundo turno dasEleições2014 2.3 Pastor E como reação aocrescimento dacorrupçãodurante ogoverno Dilma. Aécio a apoio o Everaldojustificou (PSC-SE). Amorim Eduardo senador o e líder do PSDB na Câmara, deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA), duas legendas,o deputadoeleito como MarcoFeliciano (PSC-SP), oentão 2014, Everaldo e Aécio se reuniram com parlamentares e dirigentes das declarou apoio ao candidato do PSDB, Aécio Neves. Em 08 de outubro de e umsenador, eaIgreja Batista,com9deputados edoissenadores. Em seguida, temos a Igreja Universal do Reino de 11 Deus, com deputados número maior nominação com derepresentantes, somando 30 deputados. no total, por53deputados. representado, estado Gerais, Minas de número mesmo seis, – são gélicos 30 que conta com cadeiras, tem 20% de sua bancada composta porevan- Das 70 cadeiras de São Paulo, 14 são de deputados evangélicos. O Paraná, Deputados, ou seja, um terço, são ocupadas porintegrantes ativos na FPE. federação, 16 das 46 cadeiras do estado do Rio de Janeiro na Câmara dos gam aocongresso essa por termosdesua divisãounidades via. Empor da movimentação é recorrente, e muitos dos parlamentares evangélicos che- o início, número era menor,– de mas foi aumentandoa subida com de suplentes. Essa senadores 4 e federais deputados 84 com conta FPE a te, outrado queemqualquer eleição desde da Frente.a formação Atualmen relação aopleito anterior e que mais evangélicos foram eleitos em 2014 queapresentamosRodovalho nocapítuloanterior. nacarta diferentes projetos políticos, alcançando olugarprofetizado/orientado por entrevista à pesquisa, a FPE se transformou em um player dos assuntosao “Reino”, queconcerniriam disse comoPastorEveraldo em Evangélica (FPE). De político heterogêneo,grupo reunido somente em torno se lançar àpresidência inauguravanova uma fase da Frente Parlamentar cadeiras nos legislativos nacional, estatuais e municipais, a estratégia de No segundoturnodas eleições presidenciais de 2014, Pastor Everaldo anteriores,em composições Assim como aAssembleia de Deus é ade- Vale dizer que o número de candidatos evangélicos aumentou 40% em Se diferentes lideranças religiosas focavam anteriormente o alcancede veraldo eovoto evangélico disputado por

- ml. Acessoem14 de Maio2016. noticias-eleicoes-2014,453476/pastor-everaldo-descarta-ocupar-cargo-no-governo-caso-aecio-venca.sht 60 frontariam amoral cristã. políticos e líderes religiosos protetoracomo de minorias sociais que con- mem de bem”, um“homemde família”, enquanto Dilma era vista por alguns sar Augusto, daIgreja Fonte da Vida.Aécioera prestigiado“ho- um como de RobsonRodovalho, bispodaIgreja Sara Nossa Terra; edoapóstolo Cé- apóstolo Renê Terra Nova, líderdoMinistério Internacional da Restauração; gélicos no segundo turno. Ele contou como apoio de Pastor Everaldo; do Disponível em http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/especiais/eleicoes-2014/2014/10/21/ Tanto AécioNeves quanto Dilma Rousseff buscaram apoio dos evan- exterior, para todos criaroportunidades osbrasileiros”. pararetomar extirpar a corrupção, a credibilidade do país no bres e mais necessitados e dos empreendedores. É omelhor tes motivos”, salientou. “Vemos nele a opção de cuidar dos po- a optar por AécioNeves. Foi um dos principais e mais relevan- volvendo oPT aliados. “Isso nos impulsionou eoutros partidos pôs a base do atual governo, foi motivada pelas denúncias en Segundo ele, político doPSC,que já a mudançade com rumo dente Dilma se mostrou. Além de ser um cara casado, com para diálogo “Eledo que é a uma presipessoa mais aberta - Agência OGlobo Foto: Jorge William/ Aécio Neves. o candidato peloPSDB, Pastor Everaldo apoia turno daseleições2014, Após derrota noprimeiro 60 - - - 73 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 74

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 bro de2014. uol.com.br/politica/noticias/1630708-evangelicos-aderem-a-campanha-de-aecio. Acesso em 14 de Outu- 62 61 opção pelospobres, pelajustiçasocial. políticas sociais dos 12 anos degoverno doPT aumamensagemcristãde nistro da Secretaria Geral era Carvalho, da Presidência, Gilberto associar as chamado de Jesus para cuidar dos ‘mais pequeninos’”. A estratégia do Mi- ao “responder em evangélicos dos “impressiona”firmeza se a que com diz intitulados “Mensagem de Dilma aos Evangélicos do Brasil”. Nele, Dilma porDilma em visita à Assembleia de Deus do Brás (SP), imprimiram 10 mil encartes feita declaração uma com panfletos de milhões dois de Além público. esse para específico campanha de material um preparando licos, de 2014. uol.com.br/politica/noticias/1630708-evangelicos-aderem-a-campanha-de-aecio. Acesso de 14 de Outubro Fonte: Portal UOL Eleições/Estadão. Data da Matéria: Fonte:14 de Outubro Portal de 2014. Disponível em UOL Eleições/Estadão. Data da Matéria: Fonte:14 de Outubro Portal de 2014. Disponível em http://atarde. De fato, Dilma Rousseff tentou uma aproximação com líderes evangé ção, vem comessahipocrisia”. é contra as nossas crenças e valores. Chega na hora daelei aceite apoiá-la. “Durante quatro anos, o PT votou em tudo que o meio evangélico, Malafaia disse duvidar que qualquer pastor Sobre a possibilidade de Dilma tentar uma aproximação com ria em Cristo, e que fez campanha para Everaldo no 1.º turno. rente anti-Dilma, Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitó - Eles se juntarão aolíder evangélico mais empenhado na cor cobra César Augusto. e queremosé um ponto posicionamentos”, muito importante Isso homossexuais aafasta(dosevangélicos), comcerteza. grama degoverno dapetista.“A entrada deDilmaemprol dos pro- o formular a ajudou so”, 2010 em que Rodovalho, afirma filho, ter família, uma história de vida mais coerente, é religio- que édaIgreja Batista sitados”, diz o prefeito deUberlândia, Gilmar Machado(PT), na igreja porprovérbios. Quemfala para osmudose os neces Vamos mostrarrepresenta quem mais o queagente aprende “No 1.º era mais difícil por causa da Marina. São dois políticos. 62 . 61 http://atarde. - - - - cialmente as percebidas repentinascomo e, talvez por isso mesmo, ameaçadoras”. (Miskolci, 2007, p. 103). pânicos morais,cido como relaçãodo medosocial com às mudanças, espe aqueles que emergem a partir 63 cos morais morais manobradeixariam de seruma meio deacionar pâni políticaeum estivesseemprego, com boa, de qualidade, saúdeas e educaçãopautas população e que estavam todos sensíveis a isso. Caso a vida das pessoas tão de frisar que o governo de Dilma havia sido ruim para o conjunto da fazia do apoiodosevangélicos aos candidatos, Pastor Everaldo fazia ques- tal compromisso emtodo onossomandato eoreafirmamos agora”. nenhuma iniciativa queafronte a família”. Prosseguia dizendo: “Honramos não ter descumprido ocompromisso assumido em 2010 de “não promover quisas deopinião. do público evangélico, o qual repetia a acusação moral nas ruas e em pes imagem queganhouforça aolongodacampanhae“colou” emboaparte da pelos cristãos. Tentavam apresentar Dilma mentirosacomo e hipócrita, avanço dedireitosdireção emuma moral supostamente oposta àdefendi pobres” diante do salientada pela campanha de Dilma perdia importância Malafaia, entre as lideranças evangélicas midiáticas, a “opção do PT pelos mídia evangélica e na grande mídia. Como vimospela declaração de Silas não parava de crescer, e era mencionada em blogs e sites da campanha, na campanha de Aécio porlíderes midiáticos evangélicos e cantores gospel ser o voto evangélico, cientistas políticos chamavam atenção para a im- “Analiso a polêmica pormeiodo mecanismode resistência e controle da transformação societária conhe- Embora a questão moral sempre rondasse a abordagem que a mídia No material alvoque tinha como opúblicoevangélico, Dilmaalegava A despeito de todos a adesão à esses e outros esforços de articulação, Embora o foco da mídia e até das campanhas presidenciais parecesse realizada com Pastor Everaldo em24 deagosto de 2015). dapopulaçãoquequeromelhorpara oBrasil.parte (Entrevista hora dovoto, nãotemcor, nãotemcrença. O evangélico éuma Estamos todos no mesmo barco, é tudo a mesma coisa. Na Precisa deliberdade para empreender, para desenvolver opaís. Ele pagaimposto, precisa deescola,saúde,segurança pública. Vocês têm que entender que o evangélico é um cidadão comum. 63 emedossociais. - - - - 75 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 76

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 ro.htm. Acessoem18deOutubro de2014. com.br/2014/noticias/2014/10/17/catolicos-ou-evangelicos-quem-pode-decidir-a-eleicao-no-rio-de-janei- o teto baixo” marca ele tem o piso alto, religiosa começa muito muito bem, mas forte, res Sociais no Brasil”. Sobre isso, ele disse: “Quando o candidato tem uma Romero Jacob, um dos autores do “Atlas da Filiação Religiosa e Indicado- disputa, devido ao“piso alto” dessescandidatos, conformeanalisaCesar da longo ao intensificando se foi só evangélicos líderes de apoio o e sos a rejeição em torno de um candidato. Porém, a disputa pelos votos religio- identidade evangélica é ativada pelos opositores como meio de aumentar se para 46,3%. Noâmbito estadual,comoveremos nocapítuloseguinte,a fluminen- população da 80,6% passaramde católicos os período, mesmo a médiadoestadomaiorquenacional,de13,3%. Enquanto isso,no Rio de Janeiro, mas chegaram a 15,8% em 2010, segundo o IBGE, tornando joritários. Em 1980, os evangélicos eram 3% da população do estado do para aeleiçãodecandidatos evangélicos para oExecutivo. gargalo um representou sempre que o evangélica, identificação forte com dessa parcela do eleitorado. Muito numerosa, ela não vota em candidatos ao qualse refereo “voto como silencioso dos católicos”, devido à discrição –, praticante não o – mesmo católico voto do perfil o brasileiro”,traça do do voto CarlosAlmeida,autor católico. dolivroportância Alberto “O voto 64 Fonte: Portal UOL Eleições. Data da matéria: 17 de Outubro Fonte: de 2014. Disponível Portal em http://eleicoes.uol. Mesmo com o crescimento deles no Brasil, os católicos ainda são ma- 64 . do RiodeJaneiro em2014 a eleiçãopara governador torno doreligioso: Agenciamentos em Capítulo 3 que desenvolveremos a seguir. cundária nas disputas que se dão naquela esfera. É essa a discussão presentes noplanonacional, ou,ainda,queseapresentam deforma se- siderando queelapodeiluminaralguns elementos quenãosefazem as eleições para governador do estado do Rio de Janeiro em 2014, con- elementos desseoutro trazidos enfoque.Para apartir tanto, analisamos daCunha;Lopes,2012), bemcomoprocurar(Vital apreender osnovos e descontinuidadesdaquiloquepudemosinvestigar nessesembates estaduais, procurando em uma escala observar maior as continuidades guns dos tensionamentos e arranjos que se (re)produzem em pleitos rativo, configurando-se como duascontrovérsias dealcance nacional. possível notar, não permaneceram localizados em nenhum ente fede- de direitos dasmulheres edapopulaçãoLGBT. Tais embates, comofoi sobretudo, porsetores evangélicos quesecontrapunham àampliação osdiscursosemovimentosem 2011, observando protagonizados, aoProgramaporte Escola SemHomofobia,doMinistériodaEducação, disputas queculminaram nasuspensãodaprodução domaterialdesu- naseleiçõesparado aborto aPresidência daRepúblicaem2010 eas de dois debates públicos nacionais a controvérsiapartir da temática Diante disso, nesta edição da pesquisa optamos por escrutinar al- daCunha;Lopes,2012), analisamosaEm pesquisaanterior(Vital

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 ema “Quadrilha” 2014, a jornalista Paula Cesarino Costa estabeleceu relaçãouma entre opo- e LilicasoucomJ.Pinto Fernandes quenão tinha entrado nahistória”. Joaquim suicidou-se Maria ficoupara tia, Raimundo morreu dedesastre, Teresa para oconvento, João foipara osEstadosUnidos, Que nãoamava ninguém. Que amava Lili Que amava Joaquim Que amava Maria Que amava Raimundo 66 65 3.1 Oscandidatos, eascampanhas ospartidos br/colunas/paulacesarinocosta/2014/06/1465245-quadrilha-eleitoral.shtml. Acesso em 07 de Julho de 2014. de Janeiro, senador/aePresidente/a daRepúblicaem2014.Elaafirmou que envolviamdas a formação chapas para governador doestado do Rio para governador de2014, segundo turnodaeleição Anthony Garotinho apoia Fonte: “Joãoamava Teresa Em colunaveiculada pelo jornal Anthony Garotinho e Foto: Pablo Jacob/ Rosinha Garotinho) Marcelo Crivella no Clarissa Garotinho, Folha deSãoPaulo. Data da matéria: 05 de Junho de 2014. Disponível em Agência OGlobo lações Crivella,com que divide o voto dos evangélicos com que juraa Dilma, amor que apoiaLindbergh, quetem boas re- irmão de Sérgio Cabral, que inventou a candidatura de Pezão, de Drummond Andrade. queestá Aécio, sem candidato, se diz O Rio vive confusãodigna do poema“Quadrilha”, deCarlos Marcelo Crivella, para adireita: (Da esquerda 07/10/2014 65 , de Andrade,Carlos Drummond e as alianças eleitorais

Folha de São Paulo em 05 de junho de http://www1.folha.uol.com. 66 : lo Crivella (PRB), acertou-se com o candidatolo Crivella do (PRB),PR acertou-se candidaturas de Anthony Garotinho (PR), Lindbergh Farias (PT) e Marce- tado Miro Teixeira comas após intensa articulação (PROS), cujo partido, ranjos modificaram a composição daschapas, alterando ocenário eleitoral. (re)ar- de série uma campanha, da oficial início do antes ainda publicação, -politico/post/pros-negocia-apoio-garotinho-540501.html. compunham ogoverno deDilma Rousseff(PT)emfavor deGarotinho (PR)teriasidoprimordial. ao arrepio dalegislação,têminício. doencerramentoa partir dopleito anterior. Étambémquandoas campanhas eleitorais, ainda que realizadas que podemseriniciadas, inclusive, partidárias, das negociações earticulações dedicado às conformações tempo um de apenas trata se Não disputa. em cargos aos concorrerão que chapas e alianças as definem a então deputada Lilian Sá (PROS). Segundo a coluna Panorama Político (PSB) para o Senado Federal, dos seus próprios quadros, lançando, a partir ciações, oPROS deixoua candidaturachapa com de compor de Romário 69 68 67 cer abancadanoCongressonas a coligação eleições com proporcionais”. Lindbergh ofereceu a vice para Miro Teixeira, preferiu fortale mas o partido de Garotinho] paranúmero emplacarummaior de deputados na Câmara. o PROS considerou “que esta é a melhor alternativa [coligar-se com o PR o tempo de propaganda de do PROS, cercaTV de 1 minuto e 20 segundos, de Ilmar Franco, se Garotinho, Lindbergh Farias e Crivella procuravam obter ral chapas que concorreriam, faz um interessante retrato do cenário pré-eleito- Fonte: OGlobo.Data da matéria:24/06/2014. Disponível em http://blogs.oglobo.globo.com/panorama À concretização dessa aliança, segundo alguns jornais na época, a atuação de ministros petistas que pré-eleitoral Chama-sedeperíodo que os meses e semanas que antecedem as convenções dos partidos 67 Entre os nomes citados, houve a retirada da pré-candidatura do depu- A coluna, publicada a quase um mês do prazo final para a inscrição das das inscrição a para final prazo do mês um quase a publicada coluna, A fluminense naquele momento. No entanto, nas semanas seguintes à sua o deputadoRomário(PSB),quelidera pesquisas. de idas e vindas,Cabral vai entrarpara emcampo tentar driblar A disputa pela única vaga aoSenadoprometeDepois emoção. nada nopoemaeconquistaoamormaiscobiçado. para surgir J. alguém como Pinto Fernandes, que aparece do Num cenário de fragmentação eleitoral, o clima é adequado apoiasse ninguém. Campos, queé aliado de Marina que apoia Mirose como não Garotinho, que já foi da base de Dilma, mas flerta com Eduardo 68 . Durante tais nego- 69 - , 79 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 80

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 para MarinaSilva (PSB). Teixeira (PROS), por outro lado, fazia, de forma independente, campanha Garotinho, tinha AécioNeves (PSDB) candidatocomo nopleito federal. Miro da coligação “Aliançapartido Republicana e Trabalhista”, encabeçada por da coligação de Dilma Rousseff (PT), mas oPTdoB,faziam parte terceiro para eleição na que, destacar presidência, a PROS e PR oportuno Por é fim, Anthony Garotinho derrotado porMarcello Alencar(PSDB). Quatro anos depois,compondo correu pela primeira vez ao governo do estado do Rio de Janeiro, sendo dos Goytacazes por duas vezes (1989-1992 e 1997-1998). Em 1994, con- o PDT e, com o apoio de Leonel Brizola, elegeu-se prefeito de Campos do setornou militantedoPT. Três anosdepois,noentanto, migrou para dialista emsuacidadenatal,ocupaçãoqueatéhojedesempenha. ra- como atuação pela sobretudo, filhos. conhecido, nove Tornou-se de pai Janeiro eatual prefeita de CamposdosGoytacazes, Rosinha Garotinho, é Fluminense. Evangélico,a ex-governadora casadocom do Norte doRiode nho, nasceu em 18 de abril de 1960, em Camposdos Goytacazes, município Foto: Lucio Bernardo Jr. / minirreforma eleitoral (PL Discussão doprojeto da Câmara dosDeputados 6397/13). Dep.Anthony A primeira filiação partidária de GarotinhoA primeira aconteceu em 1980, quan- filiação partidária Anthony William Matheus de Oliveira, Anthony conhecido como Garoti- Garotinho (PR-RJ), 22/10/2013 . suas alianças, apoiando o então deputado Romário como candidato ao Sena- de inscrição das chapas, o candidato petista incorporou o PSB no arco de cional. Apesar desses arranjos do encerramento com o PROS, perto do prazo políticas quesustentavam acandidatura deDilmaRousseff(PT)noplanona- de costuras PR, deixando seu fazia candidatoparte sem a aliança –o acerto oPT,indicavam, seupróprio partido, estimulouacoligaçãodoPROS como rou obter o apoio do PROS e não obteve sucesso. Segundo diversos analistas Fernando Pezão. Luiz de reeleição à contrapondo se apoiá-lo, a passou campanha, da final tia, estava “sem comando”. Após tersido ultrapassado por Crivella na reta investimento nasegurançaforte ações, alémdeum pública,áreainsis que, anunciavamúltimos oito anos. Seus discursos, portanto, oretorno de tais nos desqualificados e abandonados sido teriam afirmava, segundo que, – a “importância” e “qualidade” dos programas sociais conduzidos por eles campanha citava as realizações da sua gestão e a de Rosinha, ressaltando das críticas endereçadas aos dois mandatos de Sérgio Cabral, ao longoda primeiro turnoemterceiro lugar,mais de1,5 milhões com de votos. Além todos oscandidatos: 694milvotos. No ano seguinte, foi eleito deputado federal, obtendo a maior votação entre Sérgio Cabral (PMDB), Garotinho deixou o PMDB em 2009 e se filiou ao PR. cretaria Estadual de Governo. Apósdivergências o então com governador 2006, Em já no últimoanodomandato de Rosinha, assumiuaSe- partido. no mesmoano,migrou para oPMDB, assumindo a presidência estadual do em 2003, o ex-governador assumiu a Secretaria Estadual de Segurança e, cessão de Anthony e foi eleita noprimeiro turno.Comavitória de Rosinha, nesse colocação pleito. No mesmo ano, Rosinha Garotinho lançou-se à su- paratruída em grande o segmento parte evangélico, conquistou a terceira 2002, concorreu àPresidência da República. Com umacampanhacons- governador do estado. uma aliançamaisampla,queincluíaoPT, oPSBePCdoB,foieleito Como osenadorMarcelo Crivella, Lindbergh Farias (PT)tambémprocu - Em 2014, concorreu novamente ao governo estadual, terminando o 2000, Em após divergências Brizola,com trocouo PDT pelo PSB e, em - 81 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 82

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Lindbergh Farias ardo Campos/MarinaSilva (PSB)eEduardo Jorge (PV). uma candidatura própria à Presidência da República – respectivamente, Edu- PCdoB eoPV, doex-jogadordefutebolpossuíam sendoqueesseeopartido do. Além do PT e do PSB, a coligação “Frente ainda contavaPopular” com o tar seus próprios feitos no SenadoFederal e na gestão municipal de Nova tas críticas às gestões anteriores de Sérgio Cabral (PMDB), além de ressal mil votosAo colocado. longodacampanha,fez –tornando-se o quarto mui- nacional doPMDBàeleição deDilmaRousseff). leição deSérgio Cabral noRiodeJaneirode retribuirforma como oapoio razão dealianças nacionais entre apoiariaaree PT- ePMDB (seu partido governo doestado em2014, cargo queabrirade disputar mão em2010 em 4 milhões de votos, candidato passou a ser considerado para um forte o da gestão municipal para concorrer aoSenadoFederal. Eleitomais de com na Baixadaçu, Fluminense, sendo reeleito em2008. Em 2010, licenciou-se mais com de 80 mil votos. Dois anos depois, foi eleito prefeito de Nova Igua- seguiu se eleger. vaga de vereador do município do Rio de Janeiro, mas também não con- deputado, masnãoobteve êxito. Naeleiçãoseguinte,em2000, pleiteou a tornar-se presidente da UNE. Em 1998, filiado ao PSTU, tentou se reeleger pelo PCdoB deputado federal do Rio de Janeiro, para onde se mudara ao presidente Fernando Collor, ganhouprojeção nacional.Em1994, foieleito ras pintadas”, que tomou as ruas em apoio ao impeachment do então do-se, doisanosdepois,presidente dainstituição. direito. Na UNE, incialmente, secretário-geralatuou como em 1990, tornan- de Estudantes quando reingressou na mesma universidade para o curso de na Universidade Federal da Paraíba, Lindbergh presidiu o Diretório Central União Nacional dos Estudantes (UNE) na época em que estudou medicina da Membro PCdoB. ao filiado era já anos dezesseis aos e esquerda de nal Em 2014, finalmente, disputa o governo do estado, obtendo quase 800 quase obtendo estado, do governo o disputa finalmente, 2014, Em Em 2001, filiou-se ao PT, sendo eleito deputado federal no ano seguinte, Nesse momento, como um dos líderes de destaque do movimento “ca- Nascido em 1969, Lindbergh Farias é oriundo de uma família tradicio- - Francisco Dornelles (PP). governador nachapaencabeçadapor Pezão, vaga quefoiocupadapor de Lupi, o PDT perdeu a prerrogativa de indicação do candidato a vice- fazer oposiçãoaosgovernos doPT no plano federal. Comolançamento eles não apoiariam Cesar Maia por seu “histórico político”partido, e por a mesmacoligação,lançarCarlosLupi aoSenado Federal. Segundoo do eleitoral, foi apresentada como a razão para o PDT, que compunha partidárias. outras articulações Cesar Maia como candidato oficial da aliança ao Senado, modificou ainda o PSDB, o PPS, o SD e o DEM. Esse último, ao indicar o ex-prefeito do Rio que se opunham ao PT no partidos plano federalde importantes – como presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani, e pela adesão à coligação atuaçãodo apresentado nacolunadajornalista,mastambémpelaforte apenas poreventuais relações entre Sérgio Cabral eocandidato, como ram outras quatro candidaturas nopleito nacional. (PMDB, PP, PSC, PTB, PSL, PPS, PTN, DEM, PSDC, PRTB, PHS, PMN, PTC, PRP, PSDB, PEN, PSD e SD), apoia- cio Neves (PSDB) Aé- – e TemerMichel Dilma, de vice o pertencia qual ao partido, seu por principais candidaturas nacionais,adeDilmaRousseff(PT)–apoiada comasduas indicado pelacolunistaPaula CesarinoCosta, articulou-se cipar dacampanhadeMarcelo Crivella. Anthony Garotinho,assim No segundoturno,como passouaapoiareparti baixo. surpreendentemente considerado desempenho, seu justificaria que fora “rifada” e pela presidenta, que buscava por seu partido a reeleição – o interpretaçãonha, uma noperíodoera comum ade que suacandidatura no RiodeJaneiro, retribuídosela por em diferentes atividades de campa da por sua campanha. Emrazão dos múltiplos apoios recebidos por Dilma ção de sua imagem com a do ex-presidente Lula foi outra estratégia aciona- além em educação, do fato de ter sido líder dos “caras pintadas”. A vincula- SublinhavaIguaçu. sobretudo as obras de infraestrutura eosinvestimentos 70 Além disso, outros partidos da Coligação“O Rio em primeiro quecontava lugar”, Além disso, outros18 com agremiações partidos A definiçãodacandidatura deMaia,àsvésperas doinícioperío- Encerrando o quadro eleitoral, a candidatura de Pezão (PMDB), como 70 . A dissidência em apoio a Aécio não fora capitaneada - - 83 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 84

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 L em torno das “conquistas” e “avanços” obtidos nos últimos oito anos. municípios dointerior estado”, acampanhadePezão articulou-se experiência comoprefeito edopapelde“interlocutor dosprefeitos e abril de2014, candidatando-se àreeleição nomesmoano.Alémdasua Obras deInfraestrutura doEstado doRiodeJaneiro. coordenador disso, atuou como daCoordenadoria Executiva dosProjetos e Rocinha) e pela do Arcoconstrução Metropolitano do Rio de Janeiro. Além plexo do Alemão, em Manguinhos, no Pavão-Pavãozinho/Cantagalo e na do chamado PAC Favelas (obras de infraestrutura e urbanização no Com dual de obras – entre outras ações, a secretaria era responsável por obras nos deSérgio Cabral secretário(PMDB), quandotambématuoucomo esta ciais daquele ano. então secretário, renunciou aocargo para disputaraseleiçõespresiden- mido a titularidade da pasta no ano seguinte, quando Anthony Garotinho, verno edeCoordenação pelagovernadora RosinhaMatheus,tendoassu- governo do estado. Em 2005, foi nomeado subsecretário estadual de Go- interlocutor dosinteresses dosmunicípiosdointeriornaAlerjejunto ao do Estado do Rio de Janeiro (Apremerj) por dois períodos, atuando como Sérgio Cabral eque teve seu nomepopularizadono pleito de 2014. nheciam quandoconcorreu avice-governador nachapaencabeçadapor através do Piraí Digital que foi apresentado aos eleitores que o desco- dos principais“cartões devisita” dopolíticopara opúblicoemgeral. Foi uma sériede premiações nacionais e internacionais, além de ter sido um públicos da cidade. A iniciativa, amplamente reconhecida, garantiu a ele ção do projeto “Piraí Digital”, que garantia de internet em espaços a oferta 2000. Assuasgestões ganharam projeção emdecorrência daimplanta- eleito vereador pelaprimeira vez emPiraí noanode1982. empresas. Foi consultor de empresas na iniciativa privada antes de ter sido 1955, Luiz Fernando Pezãoem economiae administração é formado de uiz Fernando Pezão Após a renúncia de Cabral, assumiu o governo do estado em 04 de Nos períodos de 2007-2010 e 2011-2014 foi vice-governador dos gover- Pezão aindafoiPresidente daAssociaçãodePrefeitos dosMunicípios Em 1996, tornou-se prefeito domesmomunicípio,sereelegendo em Nascido no município de Piraí, no Sul Fluminense, em 29 de março de - - ção deDilmaRousseff(PT)para aPresidência daRepública. rabo preso”. O PRB de Crivella, vale destacar, acoliga- tambémcompunha candidatura “diferente”, que“tinha aliança o povo”com e que“não tinha e televisão, por outro lado fornecia o argumento de que se tratava de uma seus adversários, limitava acampanhanohorário eleitoral gratuito de rádio datura Se isso, em comparação sem outroqualquer com apoio partidário. o PRB, lançou sua candi- Seu partido, por coligações com outros partidos. os quatro principais candidatos, apenas Crivella não obteve êxito ao buscar lhões de votos (55.78%). Crivella, foiconsagrado governador doestadocommaisdequatro mi- dar prosseguimento. Após concorrer no segundo turno com Marcelo estado eunião),àqual,segundoasuacampanha,apenaselepoderia sucedida relação entre astrês instânciasadministrativas (município, quanto esses aspectos, vale destacar, era a apresentação de uma bem- infraestrutura eas UnidadesdePolícia Pacificadora (UPP). Tão central nador figuravam em seus materiais de campanha, como as obras de rentes aspectos dagestãoemqueatuoucomosecretário evice-gover- Apesar da alta rejeição ao governador Sérgio Cabral no período, dife- Encerr ado esse período de negociações e articulações políticas, entre ado esse período de negociações e articulações org/licenses/by/3.0/br/ tps://creativecommons. Licença CCBY 3.0BR. ht Agência Brasil Foto: Fernando Frazão/ da CostaAbreu) e General JoséAlberto Crivella, Marcelo Crivella Sylvia JaneHodge (Da esquerda para direita: segundo turno confirmado para o entrevista, apósser Crivella (PRB),concede de Janeiro, Marcelo de governador doRio O candidato aocargo

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Marcelo Crivella inclusive inciativas anteriores nas quais se envolveu: o projeto de habitação de programas sociais para a população mais pobre do estado, destacando deixou apastapara concorrer aogoverno fluminense. gestão de Dilma Rousseff, cargo queexerceu até o ano de 2014, quando para arejeição a seu nome. Em2012, assumiu oMinistério daPesca na religioso esse constituía um dos mesmo principais pertencimento motivos outra maneira,uma espécie de barreira como aoseu crescimento, dado que população, notadamente, segmentos entre os evangélicos, funcionava, de ao mesmotempoqueapresentava e legitimava seu nome para setores da analistas políticos, sua identidade religiosa desempenhava um duplo papel: da cidade do Rio de Janeiro em 2016. Nesses pleitos, segundo diversos turas a cargos majoritários, foireeleito para oSenadoem2010 e prefeito RepublicanoBrasileiroca, o Partido (PRB). com outras lideranças políticas, como o então vice-presidente da Repúbli- o senador fundou,emsetembro de2005, juntotância também no partido, grandefigura impor- de (PL-RJ), Rodrigues Bispo ex-deputado o religiosa, viam o PL e o responsável pela orientação política de sua denominação de Crivella. Após a divulgação de denúncias que envol- mesmo partido destacar que o vice-presidente, o empresário mineiro José Alencar, era do noCongressode Lula Nacional–vale elíderdabancadadoseupartido Liberal (PL), comcerca de3,2 milhõesdevotos. Foi vice-líderdogoverno primeira vez, foieleito senadordoestadoRiodeJaneiro peloPartido Em 2002, quando se candidatou pela mais curta. tória político-partidária diversos livros eálbunsdemúsicagospel. IURD no continente africano porquase dez anos, sendo também autor de bispo Edir Macedo, líder e fundador dessa denominação. Foi missionário da o tio, seu de influência por (IURD) Deus de Reino do Universal Igreja da par dista em sua juventude, mas, em 1977, com vinte a anos, partici começou ceu no Rio de Janeiro em 9 de outubro de 1957. Frequentou a Igreja Meto - do Reino de Deus (IURD), engenheiro civil, cantor e compositor gospel. Nas No pleito aquianalisado, Crivella enfatizava, sobretudo, a importância Desde então, permanece nessa legenda, pela qual, entre outras candida- Entre os quatro principais candidatos, Crivella era o que tinha a traje- Marcelo Bezerra Crivella é político, bispo licenciado da Igreja Universal - - ardo-paes-chama-de-bacanal-eleitoral-acordo-entre-pmdb-psdb-e-dem/. Acessoem23deJunho2014. pelo cientistapolíticoRicardo Ismael cava asuareeleição. O pano defundodessas foi resumidocomposições apoiavam e foram apoiados pela presidenta Dilma Rousseff (PT), que bus - tornouo pleito noRiodeJaneiro singular: os quatro principais candidatos rias no país,embaralhava ainda maisesse característicacenário uma que partidá das tradicionais e desacertos articulações e vindas, dos acertos ser representadosum “bacanal como eleitoral” alianças o pleitoe apoiosdaquele período, estadual e o nacional poderiam produzido pelo prefeito Eduardo das Paes (PMDB). Segundo ele, a partir campanha, outro enquadramento interessante para pensar o período foi 3.442.713 de votos, oequivalente a 44.22% dos eleitores do segundo turno. governador reeleito Luiz Fernando Pezão (PMDB). Marcelo Crivella obteve turno de uma eleição, sendo, no entanto, superado por seu oponente, o em quecongrega. Pela primeira vez,o segundo oparlamentaralcançou atuação nãoéorientada sua identidade por religiosa ou emfavor daigreja cia de uma postura “republicana”, dado que ela seria exemplo de que sua comoevidên- cargos públicos em anterior experiência sua de afirmação das ações militaresas sociais. Outracom ênfase de suacampanhaera a da “recuperação ainda a importância das UPPs”, defendendo a articulação terior do nordeste, através da Fazenda Nova Canaã. O candidato destacava e urbanização em favelas chamado Cimento Sociale a sua atuação no in 72 71 neiro/2014-06-30/politica-do-rio-esta-sem-rumo-diz-cientista-politico.html. Acesso em 01 de Julho de 2014. Fonte: Fonte: Além da metáfora da “Quadrilha”, de Paula Cesarino Costa, feita na pré- O Dia. Data da matéria: 30 de Junho de 2014. Disponível em http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-ja tinho eCrivella. Garo- Lindbergh, ele, entre fichas suas distribuindo ficaria não Rio, do governador atual do vitória na plenamente confiasse abriria seu palanque para Aécio. Da se mesma forma, Dilma que Dilma venceria,Se Pezão jamais tivesse 100% de certeza muito grandeHá umaincerteza relação com aessas eleições. Veja. Data da matéria: 22 de Junho de 2014. Disponível em 72 daseguintemaneira: 71 http://veja.abril.com.br/politica/edu . Alémdas intensas idas - - - - 87 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 88

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 campanha eleitoral, deve-se mencionar que tais alianças conformavam-se, tendo do mesmo modo, em vista ganho eleitoral racionalmente elaboradas” de] estratégias e, emtodos,estratégias de [apartir de expansão partidárias em] base [com noutros, ideológicas, afinidades de] partir [a casos, alguns retomadopor Miranda (2013, p. 71), as “emcoligações são conformadas, federal) e ao Senado Federal. Como destacado por Souza(1983, p. 160), posição das coligações aospleitos proporcionais (deputados estadual e impacto causavam queosprojetos nacom político-partidários-pessoais relativas aos executivos estadual e federal, ainda embaralhava o cenário o de outro ângulo, parecer relativamente esdrúxulas. Além dessas dinâmicas congruentes o plano ser como com nacional, observadas poderiam, a partir quesobdeterminados enquadramentosdo estado. Articulações poderiam governo ao concorreriam que chapas das definição na e alianças de ção 74 73 ascensão deMarinaSilva como candidata entre outros de Eduardo fatores, Camposeaconsequente a morte com – experiências que, no decorrer da campanha nacional, se potencializaram, pleito daquele início no produzidos sentimentos os compreender de eficaz não seja nossa intenção essa causar sensação, ela forma pode seruma nha provocado uma espécie de tonteira no leitor. É isso mesmo! Ainda que e eleitoraisções partidárias já pareça um tanto confusa ou mesmo quete como “quatro cabrais”, em alusão aoex-governador do estado, Sérgio Cabral. que,em debatena Carvalho, Bandeirantes,TV sereferiu aosquatro adversários sintetizado na campanha eleitoral pelo candidato do PSOL, Tarcísio Motta de e asuabaseparlamentarnaAssembleiaLegislativa (Alerj).Esseelemento foi compuseramtinha Pezão como vice, em 2010,o governo como seus partidos dbergh (PT)eCrivella (PRB) nãoapenasapoiaram areeleição deCabral, que quando se candidatou, pela primeira vez, como vice-governador (2006). Lin- dogrupopolíticodeGarotinho, obtendooapoiodeambos Rosinha (PR),parte ças em eleições anteriores. Pezão foi secretário estadual durante o governo em algum momento compuseram o mesmo espectro político/cerco de alian- era marcada quando se lançava luz para as administrações estaduais. Todos Complementaraessas racionalidades e estratégias, e transversal e à aos arranjos político-partidários Comoexaminamosemcapítulosanteriores. O que se de viu foia diferentescombinação estratégias na composi Imagino que somente a recuperação de alguns aspectos das negocia- A proximidade entre essesquatro candidatos, domesmomodo,também 74 73 . . - - - das suassemelhanças,diferenças edoespaçoquedisputam: torno em oponentes dos representativas falas colhe e embate o define sa es2014/2014-08-04/disputa-pelo-mesmo-voto.html. Acessoem05de Agosto de2014. 3.2 Oscandidatos eosseuspertencimentos 75 to dascandidaturas. ampliação do tempo disponível para o programa eleitoral gratuito e das fontes privadas para o financiamen veremos aseguir, foicentral nodiscursodeumdoscandidatos. apenas nas avaliações de acadêmicose jornalistas, como mas também, torno desse eleitorado. Tal previsão, abemda verdade, não estava presente o fato é que se previa umaintensa disputa entre os dois candidatos em –, ouainda pela (esperada) adesão desse eleitorado às suas candidaturas, al e atuações que se considerava estar direcionadas às igrejas evangélicas por posicionamentos considerados conservadores no espectro moral-sexu é, – isto públicas atuações suas às característicos são que elementos por gélicos”. Seja pelo conhecimento público das suas identidades religiosas, Igreja Universal do Reino de Deus, eram identificados como “políticos evan- Garotinho (PR), daIgreja Presbiteriana, e Marcelo Crivella (PRB), bispo da tados. Entre os quatro candidatos apresentados principais, como Anthony resul dos definição na assumir poderia religiosa identidade) a (ou esfera no estado do Riode Janeiro levantaria que a outra questão:aimportância Fonte:O Dia.Data da matéria:04 de Agosto de 2014. Disponível em http://odia.ig.com.br/eleico Em reportagem publicadanojornalODia reportagem Em Na fase pré-eleitoral examinada acima, já se anunciava que a campanha R$ 1. Eu ajudei a construiraliança que fez o governo federal se resumem a restauranteaté são importantes, e a farmácia trabalho em parceria. Ele, não. Por isso os projetos dele, que “Eu nuncaescolhi o Cabral para sermeusucessor. Ele,sim.Eu governador seresumem aofato deserem evangélicos. dor, Edir Macedo,Crivella diz que as semelhanças o ex- com (...). Bispo licenciado da Igreja Universal e sobrinho dofunda- Garotinho e Crivella, adotaram umtom diferente do habitual sobreQuestionados pelo DIA suas diferenças e semelhanças, bres doeleitorado. MesmopúblicodeCrivella. (...) tem baseeleitoral entre evangélicos e ascamadasmaispo- Líder nas últimas pesquisas de intenção de voto, Garotinho 75 em04 de agosto, CaioBarbo- - - - - 89 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 90

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Candidatos eColigações– (PR) -Coligação“Aliança PHS, PRP, PPS,PPL,PSL Marcelo Crivella (PRB)- (PMDB) –Coligação“O Republica Trabalhista” Rio emprimeiro lugar” Luiz Fernando Pezão PSDB, PMN,SD, DEM ,PEN, PTN,PTB,PTC Eleição estadualRJ Anthony Garotinho (PT) –Coligação “Frente Popular Lindberg Farias PMDB, PSD, PP Sem coligação PT, PCdoB PR, PROS PT doB PSDC PRTB PSC PRB PSB PV

PR, PROS,PDT, PCdoB,PRB) Coligação “Com a força do Coligação “Comaforça do povo” (PT, PMDB,PSD, PP, Dilma Rousseff (PT) - Apoiava acandidata Apoiava acandidata Apoiava acandidata Apoiava acandidata Coligação oficial Coligação oficial Coligação oficial Coligação oficial

gação “Muda Brasil” (PSDB, gação “MudaBrasil” (PSDB, Aécio Neves (PSDB)-Coli PMN, -SD, DEM, PEN, PTN, PTB, PTC, PTdoB) Apoio dissidente Coligação oficial Coligação oficial Recebia oapoio do candidato

Marina Silva (PSB)-Coligação“Uni dos peloBrasil” (PSB, PHS,PRP, Coligação oficial Coligacão oficial PPS, PPL,PSL)

- Coligação Eduardo oficial Jorge (PV)

Coligacão Everaldo Pastor oficial (PSC)

Coligacão (PRTB) Fidelix oficial Levy

Coligacão Eymael (PSDC) oficial

Candidatos eColigações– (PR) -Coligação“Aliança PHS, PRP, PPS,PPL,PSL Marcelo Crivella (PRB)- (PMDB) –Coligação“O Republica Trabalhista” Rio emprimeiro lugar” Luiz Fernando Pezão PSDB, PMN,SD, DEM ,PEN, PTN,PTB,PTC Eleição estadualRJ Anthony Garotinho (PT) –Coligação “Frente Popular Lindberg Farias PMDB, PSD, PP Sem coligação PT, PCdoB PR, PROS PT doB PSDC PRTB PSC PRB PSB PV

PR, PROS,PDT, PCdoB,PRB) Coligação “Com a força do Coligação “Comaforça do povo” (PT, PMDB,PSD, PP, Dilma Rousseff (PT) - Apoiava acandidata Apoiava acandidata Apoiava acandidata Apoiava acandidata Coligação oficial Coligação oficial Coligação oficial Coligação oficial

gação “Muda Brasil” (PSDB, gação “MudaBrasil” (PSDB, Aécio Neves (PSDB)-Coli PMN, -SD, DEM, PEN, PTN, PTB, PTC, PTdoB) Apoio dissidente Coligação oficial Coligação oficial Recebia oapoio do candidato

Marina Silva (PSB)-Coligação“Uni dos peloBrasil” (PSB, PHS,PRP, Coligacão oficial Coligação oficial PPS, PPL,PSL)

- Coligação Eduardo oficial Jorge (PV)

Coligacão Everaldo Pastor oficial (PSC)

Coligacão (PRTB) Fidelix oficial Levy

Coligacão Eymael (PSDC) oficial

91 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 92

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Prosperidade”, umdosvetores docrescimento dadenominação frequentada pelocandidato. outras, por Lima (2010), Gomes (2011) e Mafra (2002), constitui um dos pilares da chamada “Teologia da aproxima, emmuito, das pregações realizadas nos púlpitos daIURD. Talabordado,como formulação, entre ração elaborada por Crivella relaçãocom a si próprio e ao Garotinho, “Ele pensa pequeno. Eu, grande”, se 76 que pode ter sido adotada por Garotinho nesses comentários torna-se um se referir aeleapenascomo“sobrinho dobispo Macedo”. Aestratégia vamente a Crivella, Garotinho, dessavez, omiteonomedomesmo,para Edir Macedo, “tio do candidato”. Na mesma postagem, ao se referir no- em seguida,seuparentesco comofundador da denominação,oBispo Crivella ébispodaIgreja Universal doReinodeDeus(IURD),destacando, Ao comentar a notícia do jornal pastor eledeveria saberquenaBíbliaestáescrito quementirépecado”. religioso de ambos parado pertencimento dizer de forma irônica: “Como Na matériadojornalODia,Garotinho chamaCrivella depastor eparte no destacar um aspecto que aproxima as duas citações trazidas acima. Pezão. A respeito do seuconfronto- com o primeiro, no entanto, é oportu não apenasmira acandidatura deCrivella, mas,aomesmotempo,ade relação para aconquistaeleitoral. Empostagemdoex-governador, ele e identidadereligiosa aolongodopleito, reforçava dessa aimportância na ausênciadosenador, migraria emsuadireção. do estado, mas sim de dividir o eleitorado evangélico – que,supostamente, não estaria concorrendo ao pleitoa intenção de com se tornar governador que,para ele, procuravaa articulação atingi-lo. Marcelo Crivella, na verdade, dato Crivella, o ex-governador Garotinho, em diversas ocasiões, denunciava Ainda que não possamos nos aprofundar na análise deste aspecto, vale ressaltar quetal crítica/compa A recorrente apresentação doscruzamentos entre intençãodevoto Em seu esse blog, dialogando com cenário de disputa entre ele e o candi- investir milhões no Rio.Elepensa pequeno. Eu, grande” que mentirépecado”, dizodeputado. pular. Como pastor ele deveria saber que na Bíblia está escrito que voua UPP efalando acabarcom mal dorestaurante po- “Não vou fazer com ele o que ele tem feitodizendo comigo, tou o confronto. Mas mandou umrecado irônico ao senador. Garotinho, quese apresenta teólogo presbiteriano,como evi- voca Crivella. O Globo, do mesmo modo, lembra que 76 , pro- - es-para-as-aliancas-sao-um-mercado-persa.html. comunidade iurdiana noestado”. Senado Federal e, mais precisamente, a com exigência de um número de votos que extrapola de longe a no representação pela disputa da especificidade a com relacionada está estratégiascertamente nas rença não mencionou o cargo eclesiástico nos programas televisivos, nem seus vínculos coma IURD. Essa dife- da Câmara dos Deputados e da Assembléia Legislativa religiosa, do estado enfatizaram Crivella a pertença de sua tradição religiosa. Distanciando-se também de seus ‘irmãos de fé’, que nas disputas pelas cadeiras fiéis dos eleitoresalém paraseus de leque o ampliar para contribuiu Ferreira.certamente Manoel Fatoque modelo tradicional do políticoevangélico, quenopleito de 2002 foi encarnadopelo seu concorrente o Pastor estratégias traçadasdas acertadas pela IURD. Contudo,não se pode ignorar queosenador se distancia do tos/políticos religiosos: “A surpreendente votação de Crivella é resultado da capacidade de mobilização e em pleitos anteriores pouco mais compreensível se considerarmos aquela adotada por Crivella 79 78 77 Ver em http://oglobo.globo.com/brasil/bispo-incita-fieis-boca-de-urna-por-crivella-em-nova-iguacu-14122529. IURD. pela disponibilizada) (ou disponível estrutura da beneficiar-se e/ou acoplar-se parecia lado, outro por em Nova Iguaçu”, publicada em 03 de outubro de 2014, a estratégia da campanha, em nível local e cotidiano, ral. Segue umtrecho: aborda tais questões e avalia o impacto delas em seu desempenho eleito- sua vinculação comaIURD. seu nome pelo eleitorado religioso – em especial, é o seu pertencimento nos debates eleitorais, um dos aspectos que fundamentam a rejeição do diosos daseleiçõesindicamqueumasuasfragilidades ou,comodito de que avaliações públicas realizadas por marqueteiros, políticos e estu- persa’”, publicada pelo jornal ‘mercado um são alianças as para negociações as que afirma “Crivella ria cimento religioso. Arespeito retomar desses aspectos,a maté- éoportuno um político cujaatuaçãoé como necessariamente vinculada aoseu perten imagem quepretende desconstruir fundamenta-se na sua caracterização diferentetar deforma em geral,daquela que, imagina-se representado. A Frisamos o “publicamente”, pois, como evidencia a matéria “Bispo incita fiéis à boca de urna para Crivella Crivella para urna de boca à fiéis incita “Bispo matéria a evidencia como pois, “publicamente”, o Frisamos ipnvl m http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-07-11/crivella-afirma-que-as-negociaco em: Disponível Machado(2006, p. 81) explicitouessa estratégia como ela se se dá ecomo diferencia de outros candida- Publicamente foi ultrapassado na reta final eficou de fora do segundo turno. vezes, em2004 e2008. Em2006, aotentarogoverno do estado, por não conseguir emplacar. Para prefeito, foi derrotado duas Deus éconhecidopelaboaavaliação noiníciodopleito, mas queda naspesquisas.O bispodaIgreja Universal doReinode vantamento do Ibope, Crivella disse não temer uma possível Empatado tecnicamente com Garotinho e Pezão no último le- 78 , Crivella umesforço performa contínuopara se apresen 77 (Machado;Mariz,2004; Machado,2006) eofato O Dia em 11 de julho de 2014 79 , emqueele - - - 93 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 94

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 tinho.com.br/lartigo.aspx?id=17188 -pedido-de-votos-oracoes-13761732. Garotinho (PR): Disponível em http://oglobo.globo.com/brasil/irmao-garotinho-envia-carta-eleitores-com 82 81 80 citado ocandidato Lindbergh Farias nota da coluna Panorama Político, do jornal datos eodebatesobre o“voto evangélico” comoalvos, comentou uma (PT) era alvo de uma série de postagens em redes sociais que apresenta- cenário era ainda mais complexo. Naquele mesmo período, Lindbergh Farias empreendemos aqui. to docandidato poucosetransformou, reforçando ainterpretação que adversários dePezão no pleito, buscando amesmapolarização (e seusefeitos) indicada no corpo do texto. poderia levá-lo aosegundoturnodaseleições acreditava, que, – estratégia Pezão Fernando Luiz de a forte, mais como Pezão, polarizando o pleito ao redor de sua candidatura e daquela vista tar a adesão a seu nome diante da ampla rejeição às gestões de Cabral e único adversário efetivo (e/ou competitivo) de Pezão. Ele buscava aumen- o voto evangélico”, orientava sua estratégia de modo a constituir-se o como defender que a candidatura de seu adversário tinha como finalidade “dividir Vale destacar que Crivella e Lindbergh, por caminhos distintos, também procuraram se apresentar os principais Fonte: Blog do Garotinho. Data da matéria: 03 de Agosto de 2014. Disponível em Estratégia similar, pedir orações a eleitores, também foi adotada, segundo esta matéria, pelo candidato Cerca deduassemanasantes,noentanto, aindatendoosdoiscandi- Apesar dessaintensadisputaentre “os doiscandidatos evangélicos”, o Além de procurar acionara rejeição já conhecida a Crivella, Garotinho, ao senador, entre eles o “Cimento Social”ea“Lei doMotoboy”. religioso deladoecitava projetos quetinhaemplacadocomo dia: “orem por mim” na vida religiosa do candidato. Para essas pessoas, Crivella pe- Baixada que se aproximavam de Crivella mostravam interesse Com mais de 1,3 milhão de evangélicos, muitos eleitores da minuiu. Destavez, vai serdiferente”, acredita. reconhecimento desse trabalho que meu índice de rejeição di- ministro daPesca mostrou queisso é mito. Eé por causado governaria para a igreja. Minha trajetória no Senado e como tinha um índice de rejeição alto. As pessoas achavam queeu “Eu começava bemnas pesquisas, mas nãodecolava porque . Acessoem23de Junho de2016. 80 . Ao microfone, o bispo deixava o discurso 82 . Comopoderá servisto, oargumen- O Globo, em que também era 81 . http://www.blogdogaro- Cunha eLopes(2012). lprime.com.br/pt-rejeita-silas-malafaia/. de 63 cultos paraquatro meses já participou se aproximar dos evangélicos”. Ver emhttps://noticias.gospe informa: “Lindbergh é o candidato doPT ao cargo de Governador doEstado do Rio de Janeiro e nos últimos de umprocessode Deus Vitória mais amplo. Matéria do dia 25 denovembro emCristo éparte de 2011 blogspot.com.br/2012/04/carta-aberta-ao-senador-lindbergh.html. lafaia. Não há problema em ter apoio dele, isso não se nega. Mas não era preciso foto uma dos dois juntos”. e prefeito dacidade de Maricá, teria avaliado: “Pegou malnoPT afoto doLindbergho [pastor com Silas] Ma- PT da reaçãodestacar quegrande veio degrupos e militantesdopróprio parte conhecimento eampliaçãodosdireitos sexuaisereprodutivos. Éimportante segmentos religiosos, emdetrimento dagarantia deseuengajamento nore- costais como provas de seu compromisso eleitoral com aqueles mesmos em eventos públicos e em igrejassua participação e/ou com líderes pente- vam suaatuaçãonadiscussão/tramitação doPLC 122 87 86 85 84 83 ele concluía: a foto do seu futuro oponente e do pastorapós compartilhar da ADVEC, respeito dessa “visita” foi o pré-candidato Garotinho (PR). Em seu blog, em siteseredes sociais(religiosos ounão)naquelemês. lado a lado, em posição queremete a uma oração, foilargamente difundida homofobia aocrimederacismo. Para sabermais,ver VitaldaCunha;Lopes(2012). ção dosenador setorescom evangélicos ção doevento, emqueLindbergh e o líder da ADVEC, Silas Malafaia de 2013 à Assembleia de Deus Vitória emCristo (ADVEC). A foto de divulga- Para uma caracterização mais detida desse líder religioso, ver capítulos anteriores desse livro ouVital da Ao noticiar esse evento, o site evangélico de notícias Gospel Prime indica que a presença na Assembleia http://setorial-lgbtptrj. em Ver período. no divulgada e produzida foi LGBT setorial do oficial nota Uma segundo noticiário especializado Àépoca, evangélico,no mundo opresidente do diretório estadual do PT Trata-se de umainiciativa parlamentar, oriundada Câmara dos Deputados, que propunha a equiparação da 84 Além dossetores indicadosacima,outro ator queseposicionoua Um episódio central na ampla repercussão de uma (suposta) aproxima- , sobretudo, dos militantes dos setoriais de mulheres e LGBT ver comosprincípioscristãos. evangélico e sempre defendeu posiçõesquenãotêmnada a meio político do Rio sabe perfeitamente que Lindbergh não é do senador Lindberghformação Farias (PT). Todo mundono minha igreja presbiteriana, não fala nada dessa falsa trans com religião, só porque eu frequentava o culto dominical da ca em que eu era governador, me acusava de misturar política incrívelAcho que aimprensa do Rio de Janeiro, quena épo- 86 foi uma “visita” feita em outubro 83 noSenadoFederal 85 do partido. 87 - , estão - 95 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 96

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 gh-farias-visita-advec-pr-silas-comenta/. Acessoem25deJulho2016. 88 interior doPT (tambémindicadas pornósacima): as ações de aproximação realizadas pelo senador e suas repercussões no tários a respeito doevento esuas circunstâncias, mencionando, inclusive, bas deLindbergh]”. que realizava “umaoraçãopara Deussuavidaefamília[am- abençoar próprioSilas Malafaia. Ele destacou Fonte: Verdade Gospel. Data da matéria: 16 de Outubro de 2013. http://www.verdadegospel.com/lindber- Além de indicar a razão e o momento da foto, Malafaia tece seis comen Os comentários de Garotinho, horas depois, tiveram umaresposta do misturar políticacomreligião, entãooqueé? lico para enganar o povo. Se isso não é enganação e não é evangé de finge-se agora Lindbergh votos, ganhar para Mas tão, tenho que interceder por ele. Se o governador Sérgio Ca- mesmo quenãoseja o meucandidato, pela cris - Bíblia, como eleições cada um vota em quem quiser. Depois que se ganha, 3) Nós, evangélicos, temosqueentender que naépoca das protocolos. oração façouma ou não, ela. por Aprendi a honrar e obedecer Qualquer autoridade que chegar na minha igreja, eu gostando diante deDeusnossoSalvador”. toda a piedade e honestidade; Porque isto é bom e agradável nência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em emi- deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por móteo 2 1-3: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, quese façam 2) Tenho aprendido com a Bíblia o que está escrito em 1 Ti no púlpito. domingo (13). Não deu uma palavra se quer, sentoutampouco Lindbergh esteve em dois cultos da nossa igreja neste último 88 queafoto foitirada nomomento em - - - se destina a Crivella – e/ou ainda ao seu suplente, do mesmo partido e denominação religiosase destina a Crivella que Crivella. – e/ou ainda ao seu suplente, do mesmo partido eMarcelo Crivella (PRB-RJ) –, épossível(sem partido-BA) crer queessa crítica deSilas Malafaia também 89 por (supostamente) misturar religião e política e procuram explicitar que fensiva diante de um aspecto: ambos destacam que são alvos de críticas noataque, que ainda respectivamente, aCrivella/Lindbergh eaGarotinho, nade- permanecem eMalafaia, Garotinho reflexões, suas Em ligiosa. anteriormente, alguns aspectos se evidenciam nessa disputa eleitoral-re- Como apenas três senadores se identificam como evangélicos – Magno Malta (PR/ES), Walter Pinheiro Walter (PR/ES), Malta Magno – evangélicos como identificam se senadores três apenas Como A partir dos comentários de Silas Malafaia e das trazidasinformações A partir CREVER ASNEIRA! GRANDE OPORTUNIDADE DE FICAR QUIETO E PARAR DE ES TEM POLÍTICO DITO EVANGÉLICO POR AÍ QUEPERDEUUMA e intercedi poreleepelasuafamília. nenhuma insinuação de pedirvotos pra ele, simplesmente orei deu uma palavra na minha igreja, não sentou no púlpito, não não fiz Farias Lindbergh reitero, vez uma mais finalizar, Para 6) pessoas enãoempartidos. “apanhou” um bocadodoPT. É porisso que digo que voto em gélicos que ficaram quietinhos ficaram que gélicos contra essa aberração, e lá existem outros senadores evan- foi Lindbergh Farias que medefendeu na tribuna do senado co Federal, tirando osenadorMagnoMalta que éevangélico, gay medenuncioude maneira caluniosa ao Ministério Públi da vidacristã é agratidão. Quando o ativismo importantes 5) Aprendi também coma Bíblia que umadas coisas mais é dodiabo(João8.44). inverdades. Deviam aprender Jesus com que diz que a mentira dizem cristãoseestão em seus na política,põem blogs esites na verdade nunca ouvi ele dizer que era. Mas alguns que se 4) Lindbergh não esteve na minha igreja evangélico,como e interceder ehonrá-lo. Quetipodecristãosomosnós? tenho nada ele com e quero distância dele), sou obrigadoa bral chegar na minha igreja (diga-se de passagem que eu não 89 . Por essa posição, Lindbergh - - 97 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 98

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 próxima seçãodocapítulo. atuação em defesa de PezãoSilas Malafaia passa a (ou contrater uma forte Crivella). Trataremos disso na “ser evangélico” deumsujeito oculto noseutexto medida, questionando a própria experiência religiosa,faz, em ou certa o um breve ensaiohermenêuticopara defender oevento retratado, comoo elabora apenas não e “quietinho”, ficando defesa, sua em sair sem gay” silêncio de Crivella no Senado, onde o deixara ser atacado pelo “ativismo pelo queGarotinho chamou de“enganação”. Malafaia, aliás, questionao deSilasMalafaia,tãoresponsávelportamento quanto ocandidato doPT transformação” de Lindbergh e o consequente questionamento do com- que naBíblia estáescrito quementirépecado”), arevelação da“falsa ironia de Garotinho direcionada a Crivella (“como pastor ele deveria saber evangélicos”). de qualificadorepresentante dessa fala ou desse grupo/identidade(“os lico, mas, ao mesmo tempo, também de protagonista, de principal ou tenticidade da fé decadaum,da experiência religiosa comoevangé- emerge uma espécie de competição em torno da legitimidade ou au- falas direcionadas asieaosoutros, issoé,aosoponentesemquestão, da contraposiçãotre os sujeitos entre mencionados acima. A partir as também podeserlidaporessachave. exercício dos seus mandatos no Senado Federal e no Ministério da Pesca obliterar religioso,a (suposta) bem como laicidade no seu pertencimento de de Crivella estratégia própria A mistura. essa fizeram) (ou fazem não 91 90 taram seuapoiodurante todo operíodoeleitoral, foram SamuelMalafaia, osten que e lidera que igreja da membros é, isto oficiais, candidatos Seus o pleito, opastor Silas Malafaia não pareceu tãopróximo docandidato deputado efuturo pré-candidato Garotinho. recuperação da sequência de eventos, é possível identificar como o então Se no primeiro turnomanteve-se mais discreto e/ouafastado das disputas no estado, nosegundo turno Issoseevidencia nositens2,3,4enocomentáriofinaldesuacarta. É sob tal perspectiva, portanto, que a podemos já observar ressaltadaÉ sob tal perspectiva, portanto, Além dessaselaborações, evidencia-se disputa en- outra importante A despeito da defesa que faz de Lindbergh nesses comentários, durante 90 –que,através dessa 91 - . datura oficialdaigreja à vereança, oex-chefe degabinetedoirmãoSilasMalafaia, Alexandre Isquierdo. Eduardo Paes concorreu àsuareeleição,a candi- abrigou obteve oapoiodolíderdaADVEC,e seupartido a candidatura de lações’, seu visando correligionáriofortalecer naquele pleito. Na eleição de 2012, quando de Malafaia e Lindbergh está na atuaçãodeEduardo Paes o pastor(PMDB), quem com mantém‘boas re- emqueforam eleitospartidos peloDemocratas (DEM). https://noticias.gospelprime.com.br/assessor-malafaia-evangelicos-pt/ para o RJ.”. Matéria “Assessor de Silas Malafaia quer aproximar evangélicos do RJ ao PT”, disponível em evangélica para coordenar aofensiva novoto evangélico. (...)Vou apoiá-loporque hoje é amelhoropção pré-candidato e organização de aogoverno.umaequipe partidárias Aminha atuação será nas articulações tacou: “Estou cedido pelo Pr. Silas Malafaia para política do SenadorLindbergh Farias, fazer a articulação para tentar aproximá-lo dos setores evangélicos.fala sobreuma Em tais atribuições, ohojedeputadodes contro de Silas Malafaia e Lindbergh Farias – Sóstenes Cavalcante teria sido nomeado assessor do senador deforças eoembate comaIURD 3.3 Segundo turno: arecomposição seu e irmão candidato a deputado estadual, e Sóstenes Cavalcante 94 93 92 Rio SemHomofobia para ogoverno doestado ambos lançados pelo PSD coordenador de eventos daADVEC e pleiteante a vaga na Câmara Federal, Social eDireitos Humanos, cujaprincipal inspiração foioPrograma Brasil da Secretaria Estadual de viduais, Assistência Coletivos e Difusos, parte Rio deJaneiro, deresponsabilidade da Superintendência dos Direitos Indi federal Eduardo Cunha(PMDB). líderes evangélicos,importantes bem como o deputado como Homofobia, progressistas, responsáveis, entre outras ações, pelo Programa Rio Sem reeleição, reunia em sua gestão e no leque de seus apoiadores setores mais o governador,Na de composição sua coligação partidária, que buscava a do iníciosegundoturnotornou-se protagonista desses embates. a partir ra, afastada das controvérsias envolvendo arelação entre religião e política, Ainda que não tenhamos Aindaque precisas informações a respeito disto, umadas hipóteses para oafastamento Nãoapenas os dois, mas tambémovereador Alexandre Isquierdo, citadona próxima nota, trocaram os en- polêmico ao anterior – portanto, 2013 de setembro de 20 de notícia em Prime Gospel site o Segundo O Rio Sem Homofobia (RSH) programaO é um Rio SemHomofobia dogoverno doestado do Se no primeiro turnoa candidatura manei- de Pezão manteve-se, de certa 94 93 . , oficialmente coligado com Pezão na disputa na Pezão com coligado oficialmente ,

92 , ex- - - 99 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 100

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 O Globo críticas, o pastor foi exonerado do cargo após conceder entrevista ao jornal osa emrelação àcausaLGBT eaosdireitos humanos.Diante de muitas em sua campanha, além de apresentar uma pauta altamente preconceitu- Ezequiel assumiadeclaradamente posturauma lesbo/homo/transfóbica ápice de uma série de descasos e da falta de atenção do Estado,já que derepresentantesque gerou LGBT. muitas críticas por parte os centros de atendimento foram fechados, apenas atendendo emergências, o meses de salários – sob a justificativa da crise financeira no estado. Com isso, com a demissão de 65 dos 85 funcionários devido ao atraso de mais de três tados. Em menos de três meses na pasta, o Programa RSH foi desmantelado, Depu- dos Câmara na PMDB do líder do definição a para eleição a visava que a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, em articulação pastor Ezequiel Teixeira, da Mulher Brasileira então no Partido (PMB), assumiu só para essegrupoespecífico,maspara toda apopulaçãofluminense. pesquisas acadêmicas e informação acerca da temática LGBT, voltada não no monitoramento e avaliação de políticas públicas, produção de dados, e cológico social a essa mesma população.Alémdisso, o programa atua Cidadania, espaços destinados à realização de atendimento jurídico,psi lhimento da população LGBT por telefone, e os Centros de Referência da público e gratuito Cidadania, um serviço deatendimento, orientaçãoeaco uma câmara técnicacomafinalidadedeelaborar oRioSemHomofobia. tão de Sérgio Cabral no Rio de Janeiro, foirealizado um ato públicocriando de 2007, Dia Internacional do Orgulho LGBT, ainda no primeiro ano da ges lançado Sem Homofobia,em2004 pelo governo federal. No dia 28 de junho 95 cas envolvendo tal aspecto no primeiro turno, é o fato de sua coligação ter tido em sua campanha, apesar da sua distância das controvérsias e polêmi- tos-humanos-do-rio-diz-acreditar-na-cura-gay-18688104. Acesso em06deAgosto de2016. Fonte: Segundo militantes do movimento LGBT, a nomeação do pastor foi o O programa passou por umperíodoconturbado noiníciode2016, quando o Entre queoRSH os oferece,diversos serviços se destacam o Disque Um dado que talvez exemplifique a força que atores religiosos podem ter O Globo. Data da matéria:17 de Fevereiro de2016. http://oglobo.globo.com/rio/secretario-de-direi 95 , naqualrevelou suacrença na“cura gay”. - - - - gralidade do programa eleitoral do dia 11 de outubro dedicou apenas trinta segundos para “descontruir” o seu adversário. A inte nho doBispoMacedonogoverno?”. seu adversário durante o segundo turno, ocupaa tela: “Você querosobri- que sintetiza a abordagem que a campanha de Pezão faria a respeito do seguida, encerrando essa apresentação de trinta segundos, uma pergunta, em Crivella para tentar governar o nosso estado. Mas a escolha é sua!”. Em confia Macedo Bispo trazidas,dito:“O imagens é de narrasequência a que debate indicadonosegundocapítulo deste livro. quatro, Garotinho; dois,Crivella; daaliançadeLindbergh. eumera parte a Frente, a compor seis foram que apoiavam eleitos Pezão; partidos por a compor Frente Parlamentar Evangélica: dos 14 eleitos que passariam sido a que mais elegeu deputados os quais, na Câmara Federal, passaram 99 98 97 96 culados à denominação religiosa principal líder dessa igreja, Edir Macedo, e vários outros parlamentares vin- retratar aligaçãoentre Crivella, a Igreja Universal do Reino de Deus,seu tio e apresentação de uma série de imagens relacionadas entre si, procurando “campanha dedesconstrução” do adversário. O programa se inicia a com pela campanha de Pezão. A partir da“denúncia”pela campanha dePezão. A partir (ex)pastor deum que se até hoje – haja vista o próprio recurso a forte ela, quase vinte anos depois, bida pelo telejornal em 1995, cujarepercussão permanecerelativamente “peço licença para apresentar uma matéria vinculada pelo Jornal Nacional”. “é que oeleitoresteja bem informado”. importante Nasequência,concluiu: voz parade quetratamos. alocução Segundoele,para eleger o governador, dio é apresentado pelo mesmo ator que,no programa anterior, emprestou a episó O finalidade. essa tiverameleitoral, justiça pela disponibilizados tos do PMDB nomunicípioe no estadodo Rio de Janeiro, houve uma intensaaproximação com a Igreja Católica. à quefoiusadacontra MarinaSilva (PSB) no primeiro turno Alémdessaproximidade dePezão comsetores evangélicos, é fundamentaldestacarque,durante asgestões Ver em https://www.youtube.com/watch?v=8lKw76aCjXc. Oprograma estádisponível emhttps://www.youtube.com/watch?v=8BrhyDtYy98. Arespeito dorecurso a essa estratégia,as repercussõesbem como à candidatura de Marina Silva, ver No segundoepisódio da nova etapa do pleito, acampanhadePezão não A matériamostrada noprograma eleitoral antiga, exi é umareportagem Em seu primeiro programa eleitoral, Pezão recorre a estratégia similar 98 . Entre as afirmações do locutor oculto locutor do afirmações as Entre . 99 , ouseja, os dez minu- 97 , achamada 96 - - - 101 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 102

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 nhecido como“chute nasanta”. que, meses antes, protagonizara oepisódio que se tornou amplamente co é feita referênciauma reportagem, àpresença do pastorSérgio Von Helder, junto a outros membros da igreja, em tom festivo e jocoso. Ainda nessa Nova Iorque logoapósumculto –aqui,oBispo Macedo protagoniza a cena, recebidas pela sede a contagemdodízimoe das de bem como ofertas Vieira, Laprovita IURD, à ligado parlamentar um beneficiara que 2” “caixa um de existência da falam que cenas ainda Há fiéis. aos junto recursos de na uma técnica de ministração de cultos que repercutiria na maior captação defutebol,ensi deumapartida cena emqueoBispo Macedo, nointervalo avz mi “oiiaoa d oiio úlc tna io ou – sido tenha pública opinião da “mobilizadora” mais a talvez mando dadenominação.Entre as gravações recuperadas pela reportagem, tes atividades de lazer, viagens e brincadeiras de diversos membros do co desligava da IURD na época 100 Chute naSanta “espírito” tornara-se umimperativo aosseusmovimentos. nunciante dizia: “O espírito de mercantilismo tornou-se uma constante da Igreja”. A centralidade desse novo grupos religiosos,grupos inclusive evangélicos. A amplarepercussão docasona motivo de indignação não somente dos católicos, mas também de outros religiosa. A atitude dopastor,um insulto vista como àimagemdasanta, foi posteriores ao episódio, destacou osperigos do aumento daintolerância tão desgraçado?”. universo, Ele pode ser comparado a um bonecodesse, tão feio, tão horrível, da, o bispo perguntou aos telespectadores: “Será que Deus, o Criador do de criticando oquechamou “adoração da imagem” ou “idolatria”. Em segui Durante a transmissão, Von Helde proferiu chutes e socos contra a imagem, Rede Record, tendo ao seu lado umaimagemde Nossa Senhora Aparecida. o programa daFé televisivo, transmitido Despertar em rede nacional pela conhecido nacionalmente “chutecomo na santa”. O religioso apresentava ficou que episódio o protagonizou Helde Von Sérgio Deus de Reino do sal Em sua justificativa para o rompimento com a IURD e à divulgação daquelas gravações, o ex-pastor de- ex-pastor gravações, o daquelas divulgação à e IURD a com rompimento o para justificativa sua Em O acontecimento provocou umareação negativa da mídia, que, nos dias Na madrugada dodia 12 de outubro de 1995, o bispo da Igreja Univer- 100 , umasequência de imagens mostra diferen- seja a – - - - - Pastor Silas Malafaia se referiu a ele “bispo”,como frisando que“não existe da pelo corrida governo doestado. Antes de fazer sua pergunta a Crivella, o do segundo turno, indicou que esse seria o tom adotado nessa nova etapa de Sá em 08 de outubro, poucosdias antes do início do programa eleitoral controle que possuem sobre outros meios de comunicação. envolvia não apenasCrivella, aIURDeoBispoMacedo,mas RecordTV eo – que consórcio desse protegido estava ninguém que demonstraram licos, veremos aseguir, asfalasdeseusirmãosfé, ouseja,deoutros evangé - lável” deampliarseupoderecontrole sobre toda arealidade social.Como operam em diversas esferas, movidos por uma espécie de “ânsia incontro- ideia dequeCrivella, seutio–oBispo Macedo –eaIgreja deambos,aIURD, dela no programativas produzidas a partir eleitoral parecem tentar vender a que sedáentre política,religião edinheiro. Aexibiçãodamatériaeasnarra- do acionamento desse vídeo emergeno programa a partir de Pezão: é aquele mento é possível destacar outro entrecruzamento provocador de ruídos, que em relação à vinculação entre religião e política no primeiro turno, neste mo- riormente tratamos dos cuidados tomados por Crivella, Garotinho e Malafaia autonomia individualeàintegridadesocial”(Giumbelli,2002,p.295). tal ponto queé em torno dela que aparecem preocupaçõesassociadas à de referenciaispartir também de parâmetrosjurídicos como teológicos. A compreensão, “está a relação entre religião e dinheiro, questionada tanto a dacontrovérsia acercaque participam daIURD”.Para ele, no centro dessa Brasil’ pelas várias personagens tornou-sediagnóstico umcompartilhado na santa”, Giumbelli (2002, p. 410) defende que “a ‘mercantilização da fé no controversa, de a acusação “ser como uma seita” ouainda opróprio “chute bre os diferentes elementos que a que tornavamcompunham, a IURD em si minou comsua condenação adoisanose meses de prisão,em1997. discriminação religiosa, ensejandonumprocesso judicialcriminalquecul- de vilipêndio de símbolo religioso e por incitação pública de preconceito e missão daRedeRecord fossecassada. imprensa fez que se com sugerisse até mesmo quea concessão de trans O debate promovido pela revista Se Giumbelli(2002) destacaarelação entre religião edinheiro eseante- Refletindo não apenas sobre essa reportagem de 1995, mas também so- A consequência do evento foi o indiciamento de Von Helde pela acusação Veja, aOAB-RJ e aUniversidade Estácio - 103 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 104

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 acreditar emvocê, jáquevocê obedeceàsordens doBispoMacedo?” irmãos de fé, como é que as pessoas de outros segmentos religiosos vão tas”. Por fim, perguntou ao candidato: “Se vocês não consideram nem seus cedo”,pastores “tem colocado fora derádios e cachorros como vira-laTVs Eledestacouainda que aIURD,dormir”. cujo“líder é oseu tio, oBispo Ma- informa tação daprimeira estratégia adotada pela campanha dePezão. Segundo pregar o evangelho nesse estado,porque tãoquerendo meprivar disso”. grama, motivada por uma “causa nobre”: garantir que ele tenha “a liberdade de pro - no participação sua justificou e Pezão para votos pediu Deus, de Poder do bispo ou pastor licenciado” 103 102 101 imagem quedesejava passarcomocandidato: o estadodoRiodeJaneiro”, oapóstolo Valdemiro Santiago de Pezão (PMDB). Após saudar a todos e “pedir as bênçãos de Deus para todo trita a esse debate, ganhando espaço principalmente nos programas eleitorais ação da IURD e da “expulsão” de outros atores do campo religioso não ficou res- Ver em https://www.youtube.com/watch?v=xpXVUeLZepo. Ver emhttps://www.youtube.com/watch?v=H2DmyF-IKkE. ComoCrivella tambémcostumava seapresentar. A inclusão da fala de Santiago, na verdade, correspondia a uma adap- Em sua resposta, mais uma vez, Crivella inclui os elementos centrais da A questão da utilização dos meios de comunicação por evangélicos, da atu- do por qualqueroutro interesse, qualquer outro interesse. vou permitirqueointeresse públicodomeuestadosejasubleva - uma coisa: de maneira nenhuma, como governador do estado, da Igreja Universal do Reino de Deus. (...) Agora eu quero garantir a mim. Não tenho absolutamente nada a ver com as decisões Suas mágoas, seus recalques, suas frustrações, leve a Deus, não Sou senador do meu estado e durante dois anos fui ministro. (...) nho interferência nisso,nãotenhonenhumainterferência nisso. Mentiroso é você! E o que eu quero dizer é o seguinte: não te- seus interesses! [“Mentiroso”, interrompeu o pastor Malafaia]. As pessoas conhecem as ligações suas com esse governo; e O Globo na notícia “Após ataques, Pezão muda o tom da campanha 101 e que tal entendimento “é conversa pra boi 103 , da Igreja Mundial , daIgreja Mundial 102 . - com os evangélicos” 106 105 104 Cunha, ao ressaltar o risco de Pezão perder votos entre o eleitorado evangélico, caso insista num discurso os ataquesfeitos Crivella, por mas sematacaraIgreja. Qualquer questão políticadeve ser revidada — disse os com evangélicos”, publicada em 15 de outubro de 2014, é relatado: “— Defendo que ogovernador retribua o deputadoEduardo Cunha (PMDB). Na matéria d’O Globo “Após ataques,Pezão muda otomda campanha nistração atorfeita desse a se posicionar foi campo Outro pelo Bispo demeios comunicação. importante fez críticas à IURD como instituição, mas sim à figura de sua liderança, o Bispo Macedo, e à utilização/admi razão religioso, manifestou-se de seu pertencimento contrariamente à estratégia, esclarecendo quenunca a Luiz Fernando Pezão. naquela colocado disputa. Por outroquarto lado, o apoiode Romário, senador eleitor naquele pleito, foi dado cos-14249786#ixzz4GWdizfR6. contradiziam. Além disso, o apoio recebido de Anthony Garotinho evangélicos”, a divulgação de notícias as como que veremos a seguir o curso, umdiscursoqueeu tenha destinado para a minha igreja ou para os senador anos e ministro,como dois como nãoapresentei uma lei, um re- de Pezão àIURDpoderiamterproduzido junto aoeleitorado evangélico. ligioso tinha objetivocomo reduzir efeitos negativos queosataques iniciais ao tipo de enfrentamento adotado sua imagempolítica. ainda sua mais atuação religiosaresistente de ao seu esforço de apartar sinalizaria uma espécie de “aliança evangélica”, tornava aopinião pública Em determinado momento, até mesmo Silas Malafaia, um dos protagonistas dos ataques a Crivella em AlémdeGarotinho, terceirono primeiro colocado turno,Crivella ainda obteve o apoiode Lindbergh Farias, Ver emhttp://oglobo.globo.com/brasil/apos-ataques-pezao-muda-tom-da-campanha-com-os-evangeli Se, emresposta Crivellaàs acusações, costumava repetir queem“dez No interiordacampanhadePezão, amanifestação devozes contrárias 104 , de 15 de outubro de 2014, a participação do líder re, de 15 de outubro- de 2014, a participação 106 não impediu que a estratégia perma- org/licenses/by/3.0/br/ tps://creativecommons. Licença CCBY 3.0BR.ht Agência Brasil. Foto: Fernando Frazão/ 05/10/2014. entrevista àimprensa Pezão (PMDB),concede Janeiro, Luiz Fernando governador doRiode para ocargo de O candidato àreeleição 105 , que - - - 105 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 106

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 debate final daquele pleito, o site UOL, no dia 24 de outubro de 2014, informa: programa eleitoral dos dois candidatos e retoma os embates ocorridos no necesse ativa durante todo osegundoturno.Emmatériaqueavalia oúltimo tem uma religião definida, ninguém gosta de ver a instituição Igreja ser atacada. Crivella tem atacado e atacado tem Crivella atacada. ser Pezão temderevidar, Igreja desdeque nãoincluaaIgreja”. instituição a ver de gosta ninguém definida, religião uma tem político-religioso. — Independentemente de denominação, seja católico, evangélico, até não mesmo quem de propostas, no entanto, foi preterida pela troca de acusações. bate dacampanha,realizado pela rede Globo. Aapresentação Nesta quinta-feira (23) oscandidatos doúltimode- participaram quando era adolescente. no interior do Rio, que lembrou que ele já falava em ser prefeito de uma amigade infância do governador, ex-prefeito de Piraí, que votariam nocandidato. Umdos blocos foigravado aolado pessoas de diversas religiões etonalidades de pele dizendo mais as conquistas do governo. Ele apresentou umvídeocom Já Pezão agradeceu aoseleitores e prometeu ampliarainda Copa dasConfederações eaJornadaMundialdaJuventude. segurança dosgrandes eventosa Rio+20, dacapital, como a do Exército no Rio e foi responsável por planejar as ações de pequena biografia do militar. O general comandou a 1ª Divisão litar!”, disse Crivella na aoapresentarTV uma um vídeocom mi- o Chamei fiz? eu que O militar. o Chamam fazem? que o zem? Chamam o militar? Quando precisam defender a nação, “Quand da CostaAbreu. brar a campanha e apresentou seu vice, o general José Alberto nador e candidato doPRB, Marcelo Crivella, optou porrelem- Pezão (PMDB), aproveitou para agradecer aos eleitores, o se quanto ogovernador e candidato àreeleição, Luiz Fernando programas dohorário eleitoral gratuito aquetêmdireito. En- Janeiro apresentaram nesta sexta-feira (24) os dois últimos A dois dias das eleições, os candidatos ao governo doRio de e Pezão agradece eleitores Em últimoprograma, Crivella apresenta vice, o precisam reforçar asegurança, oqueas pessoas fa- - capítulo, nos leva a crer que a proximidade do general do exército com nha deCrivella, quandointerpretada emdiálogocoma discussãodeste candidato avice-governador em distintaspeçaspublicitáriasdacampa- do engajamento desse reafirmação a e lembrança recorrente A eleitoral. Janeiro, não deve como ser secundária observada no interior da disputa zação daJornadaMundialJuventude, que ocorreu em2013 noRiode personagem que desempenhou papel estratégico na organização e reali tes contra seu nome entre os católicos. Apresença em sua chapa de um 107 sição nãodeve serlidacomo uma“banalidade” ouuma“coincidência”. aproximação entre asbancadasevangélicas e dabalanosúltimosanosnoCongresso Nacional,tal compo datos avice-governador emsuas respectivas chapas quadros militares. Considerando a ampla e contínua clusão desse livro, chamaatenção queCrivella e Garotinho, “os candidatos religiosos”, candi- tenham como feita, entre outras razões do vicedesuachapa,ogeneral daCosta Abreu, podetersido José Alberto definição a que destacar vale pleito, do etapas duas nas adversários seus tenha sido sob colocado tais termos por Crivella, ou por qualquer umde to no processo que consideramos eleitoral. importante Ainda que isto não Aindaque,nos limites desse não seja capítulo, possível realizar esta análise, seráque indicada na con- Antes de encerrarmos este capítulo, é importante destacar umaspec- Antes de encerrarmos este capítulo, é importante dor obteve 40,57%dosvotos válidos, eCrivella, 20,26%. enquanto Crivella tem 45%. No primeiro turno,o atual governa- Datafolha apontaram quePezão tem 55% dos votos válidos Nesta quinta, pesquisas divulgadas pelos institutos Ibopee de inauguração dotemplodaIurd, emSãoPaulo. mou Crivella, referindo-se à ida de Pezão, em julho, ao evento afir- elogiando”, e saco puxando Salomão) (de Templo no lá ódio”. “Não tem que discutir Edir Macedoporque você esteve va “tentando fazer uma guerra entre religiões” e “pregando o O senador, por sua vez, disse que o atual governador esta para oEstado”, declarou opeemedebista. representa a Igreja Universal do bispo Macedo. Éumperigo acusado porPezão de ser “testa de ferro” de Macedo. “Você e sobrinho do líder da igreja, bispo Edir Macedo, Crivella foi Bispo licenciado da Iurd (Igreja Universal do Reino de Deus) 107 , como forma de reduzirforma , como as resistências existen - - - - 107 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 108

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 naseleiçõesno RiodeJaneiro 3.4 Sobre definiçõesejogosdeacusação companheiro dechapa. qualificava individualmente, mas que poderia conceder valor similar a seu do PRB, aomenospodesertomada comoumelemento quenãoapenaso segmentos católicos, se não foi decisiva para sua escolha na composição buscava areeleição peloPSDB: eleitorais de Carlos Lupi, então candidato pelo PDT, da Távola, e Arthur que dor. Destacamos, respectivamente, as falas apresentadas nos programas chado eMariz (2004, p. 38-39) recuperam os“ataques” sofridos pelo sena vez e elegeu-se senador, foi alvo Ma- dessa mesma estratégia. Em artigo, citamos noinício deste capítulo. Em2002, quando concorreu pela primeira Crivella, ele como mesmo avaliou no trecho de notícia do jornal essas questões parece todaacompanhar a trajetória de político-partidária 2014, de fato, não representa uma grande novidade, afinal, o confronto com A recuperação dos embates em torno da candidatura de Crivella em suplente do Crivella é irmão do bispo Macedo. Nada tenho dato ao senado, o Bispo Crivella, que, aliás, é parente dele. O político. A seita do bispo Macedo tem um candi- tem partido ligiões convivem em harmonia. Deus não é mercadoria, nem político. Felizmente, no Brasil,gião como partido todas as re - da Távola vai falar do perigo do ódio religioso e do uso da reli- ARTHURDA TÁVOLA: Artur reflexão, Senador de o dia “Neste tores como arrecadar mais dinheiro dos fiéis”. pas- aos ensinando telejornais pelos divulgadas vídeos de fitas pensamentos do Bispo Edir Macedo”, o tio dele, que aparece em de Nossa Senhora. Crivella também escreveu um livro, “Os 501 anos atrás, um colega dele chocou o Brasil chutando a imagem ma diário na da IgrejaTV Universal. A mesma onde, alguns TV progra- um por conhecido ficou Crivella Macedo. Edir Bispo do é umdoschefes. EtemcomosuplenteEraldo Macedo,irmão Bispo Edir Macedo, aquele da Igreja Universal, da qual também que anda enchendo as ruas de propaganda... Ele é sobrinho do LUPI: “Você tem o direito de saber quem é esse Marcelo Crivella,

O Dia que - o senador serve” Euque serve. faço questão de separar os evangélicos da organização que candidatura e a organização dele. Os apoios que teve,se como comporta à reeleição destacou:“A gente começa a mostrar o que está por trás da 109 108 Disponível emhttps://www.youtube.com/watch?v=98HlCNr5gj8. -pezao-volta-comentar-ligacao-entre-crivella-igreja-universal-14205105 nal, já havíamos examinado esse tema quando tratamos das eleições pre - afi- fatoatenção, o nossa estaremé opostosa de campos chamou em que e livre de disputas é uma simplificação e um erro metodológico. Porém, não permite afirmar, tomar “os evangélicos” como um grupo coeso, homogêneo Lopes, 2012), embasada por ampla literatura especializada que assim nos enfrentamento aocandidato doPRB. no – evangélicos de específico, em – religioso campo próprioatores do de desse pleito. Noentanto,nossa atenção odecisivo chamou protagonismo a respeitoinformações de) Crivella novidadenão consistem,emsi,uma grama eleitoral tá-las, a campanha de Pezão acionava os mesmos elementos em seu pro - e à do consequente informação dever de suas candidaturas em apresen vinculadas a respeito dooponente sob a retórica dodireito dos eleitores Fonte: Ver, exemplo, por afaladocandidato queinaugura oprograma eleitoral do dia 14 de outubro de 2014. Como destacamos na edição anterior dessa pesquisa (Vital da Cunha; destacamos Como na edição anteriordessa pesquisa (Vital Assim de cristão e de senador pelo Rio.” comaminharesponsabilidadeFaço decidadão, estealerta, do, mas milionário. O Brasil não pode abrigar o ódio religioso. a sua bancada separatista. É um fundamentalismo retrógra - naseleiçõespara elegertes comomilitantes,gastafortunas gente prega oódioreligioso emseustemplos,usacren- relação ao projeto de poder do Bispo Macedo. Cuidado! Essa ter uma também no Senado. (...) Alerto o povo fluminense em haver formadoumabancadanaCâmara Federal, agora quer de rádio e televisão em todo o Brasil e no exterior e depois de jeto de poder deuma seita expansionistaque compra redes contra a pessoa de Marcelo Crivella, tenho sim contra o pro- O Globo. Data da matéria: 10 de Outubro de 2014. http://oglobo.globo.com/brasil/em-campanha como Lupi da e Arthur Távola qualificam as informações por eles 108 109 . Em entrevista. Em exemplo,ao jornalODia,por ocandidato . Nesse sentido, os ataques contra (ou a revelação de . Acesso em 11 de Outubro de 2014. - 109 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 110

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 disputas docamporeligioso disputa eleitoral, maneira, sãoconstituídos por esses como lados, de certa são: dessa vez, atores evangélicos não apenas assumem ladosdistintos na sidenciais de 2010 (Ibidem). O pleito de 2014, no entanto, traz outra dimen- 110 do nossoargumento. suas fronteiras e tipos delimitaçõesideais como um recursoweberianos, como disponível à apresentação as reconhecendo noções, essas a recorremos metodológico, erro outro em incorreríamos e simplificação a Frente Parlamentar Evangélica, atéautilizaçãodeespaçosmidiáticos. como da moral sexual de espaços de e a ocupação podercompartilhados, volvem aquele segmento religioso, que abarcam desde discursos emtorno do é mesmo modo, também um elemento das disputas que en- -partidária, política a que evidente ficaria mas político, espectro o para papel mesmo municipais etc. De outra maneira, nosegundo turno, ela desempenharia o e nacionais definições as campanha, de financiamentos para privados sos eleitoral, das chapas proporcionais, o fortalecimento a questão dos recur o temponoprograma – como as candidaturasram e os partidos fortalecer mento entre os diversos existentes no meio das negociações que procu é possível observar, queareligião se ele mais constitui um como portanto, ção em diferentes contextos. Tomando do primeiro turno, as articulações pelos sujeitos e/ouforçastais “mundos”como emintera são articulados - religiãonômenos sociais, como modo e política, mastambémoimbricado melhor não apenas as esferas com as quais, em geral, abordamos os fe- compreender e conceituar procurando abordagens, nossas qualificarmos centrados ou oriundosdocampo religioso são enunciados etratados. pleito –,énoplanodascandidaturas aopleito queembatescaracterísticos, do segundo turno – mas também em algumas cisões na primeira etapa do Podemos concluir isso, pois, sobretudo ao longo so pelo político-partidário. dulação dessaconexãotambémpodeserlidacomoaprivatização doreligio- estatal oudopolíticopelaesfera religiosa, aquipodemossugerirqueamo - entre religião epolíticacostumamdenunciaraprivatização dopúblico, do to que,emgeral, nasdisputaseleitorais. seobserva Seascríticas àrelação Evitando incorrer em estabilizações daquilo que é “política”, “religião” etc., dado que essa seria outra Esse aspecto ou melhor, revela a importância, a necessidade de melhor movimen- ao inversão uma de respeito a refletir vale que sentido nesse É 110 . - - - política noBrasil contemporâneo pensar osevangélicos nasociedadee Reavaliando categoriassociais- Conclusão: Capítulo 4 num centro decristalizaçãonovas crenças. definidas em volta das quais os homens voltarão a unir-se e que se tornarão mar maisclaramente consciênciade simesmas,traduzir-se emfórmulas obscuras quenosvão formandoconseguirão, maiscedooutarde, to- mulas existentesexprimedemodoasatisfazer-nos. Masestasaspirações encontrar?Aspiramos elevadamais justiça uma a fór- das nenhuma que intensa vida que se elabora e procura as suas vias de saída que acabará por profundezasMas queméquenãosenteque,nas dasociedade,háuma tratados neste livro. destacada marca a perspectiva de atores sociais envolvidos nos eventos espécie de retórica da perda que envolveria a narrativa durkheimiana aqui mados porqueas fontes encobririam contidas de calor na sociedade. Essa existencial e moralmente para perturbadores osindivíduos,sãoassim cha- centralidade na vidasocial. Esses períodos frios,vistos peloautorcomo ais e divindades estariam sob aameaçade desvanecerem oude perderem xão sobre o quechamade “períodos frios” da história, nos quais velhos ide Nessa passagem da obra de Émile Durkheim, acompanhamos sua refle Durkheim, Émile –“A eaação”social ciência como - - 111 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 112

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 111 de fatos einformações, exacerbandomedos,produzindo pânicos. vés de mecanismos de resistência e controle da transformação social explorando ambiguidades e distorção tam mudanças em seus padrões de moralidade. Nelas, atores sociais com interesses diversos atuam atra- a imagem da tradição como corrente que amarra e contém fluxos é impor é fluxos contém e amarra que corrente tradiçãocomo da imagem a vida social, mas que também produzem e coação opressão. Nesse sentido, sibilitam previsibilidade, condição fundamental para oestabelecimento da a tradição de fatos opera sociais que geram porque a partir pos- conforto, tes da tradição. deve-se Diante disso, ponto como assumir que de partida, esperança de legitimação de demandas até então contidas sob as corren- se estabelecem emlarga escala,esses momentos representam também a possam sercontrolados. Paralelo a isso, ao medoepânicomoral o intuito processos deconter que de conduzi-losmodo ou emcurso frios”, comodizia Durkheim, medos sociais podem ser manipulados com co” (Mills, 1969, p.17-18). Nesses contextosou nos“períodos de mudança todos osseus valores estiveremsentem emjogo, a ameaçatotal do pâni problema crise–seja tam uma como pessoal ou questãopública.Ese -estar. Quando os estimam, mas sentem que estão ameaçados experimen não sentem que sobre eles pesa qualquer ameaça,experimentam o bem por diferentes grupos, pois “quando valores as pessoas estimam certos e nhamos no Brasil e no mundo na atualidade, medos são experimentados acompa que o e Durkheim reflete qual o sobre período o como tal tórica, Foto: Zeca Ribeiro/Câma Licença CCBY 3.0BR.ht tps://creativecommons. org/licenses/by/3.0/br/ SegundoMiskolci (2007), os pânicosmorais emergem emsituações nas quais as sociedades experimen Evangélicos ecatólicos religiosa, 05/06/2013. Em períodosde transformaçãosocial que podemganhardimensão his fazem manifestação a favor daliberdade ra dosDeputados - - 111 que ------– tudo isso é constitutivo da vida social. A fixidez está mais nas propos- nas mais está fixidez A social. vida da constitutivo é isso tudo – ao longodesuashistórias pessoais.Impermanência,trânsito, mobilidade siderarmos a mobilidade de atores entre diferentes modos de atuação pelos sujeitos queatuamdeumououtro modo. ativadosdessas um mínimodenominadorcomum ações e dos repertórios sões ethos de mundo, universo incomensurável de mixes disponíveis, pessoais de repertórios vi- de existência dos atores em questãosãovariadas, resulta oque em um analítico que tais produções viabilizam. As possibilidades e as condições contemporâneo. Noentanto, épreciso levar emconsideração opotencial clusive em nossa divisão deatuaçãoevangélicosdos modos no Brasil dinamizadora davidasocial. determinada experiência do cristianismo marcadoracomo de identidade e os papéis sociais estabelecidos e suas denominações e à centralidade de “tradição”, a com conflito em entram que sociais pautas às tocante no sas deatoresdem, sim,ao comportamento sociais integrados a redes religio missão, de um lado, e pentecostais e neopentecostais do outro. Correspon de Frestonartigo (1994), ou à divisão entre evangélicos históricos oude à divisão emondas do pentecostalismo no Brasil, encontrada notãocitado não correspondem Da mesma forma, diretamenteridade, renda ou partido. uma correspondência direta entre os tipos de ação e classe social, escola - há não seja, – ou socioeconômicos perfis por definem se não que e duta, pos de ação desses religiosos, correspondentes a três modalidades de con- brasileira nas últimas décadas. Propomos aqui que há pelo menos três ti ções pela centralidade que assumiram em diferentes esferas da vida social e oquedesejam. so analisar o que mobiliza os atores, quem são eles, se como apresentam ção deles. Vive-se um momento de disputas sociais intensas, mas é preci- paixõesde sociedade que causam –seja pela consonância, seja pela nega e garantia dedireitos deminoriaspolíticasnoBrasil eem outros países. políticos e religiosos militam, se contrapondo a demandas pela ampliação tante, pois é em nomeda manutenção de valores tradicionais que vários Outra evidência metodológica aserdestacadaénecessidade decon- Reconhecemos oslimites metodológicosgeneralização, de qualquer in Os evangélicos são um gruporeligioso plural, alvo de nossas investiga todosEm oscasos analisados projetosnesta observamos publicação, etc.. Tendo isso em vista,nossa proposta épensar ------113 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 114

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 como extremista, conservadora eprogressista. consolidadas, queremos enfatizar os três tipos de ações que identificamos classificações ou sociais perfis que do mais finais, considerações nestas desejado, a estigmatização de grupos inteiros de religiosos. Sendo assim, classificações consolidadas pode ter ainda como in resultado, certamente as Enfatizar consolidadas. classificações as que do atual configuração a humanista. O tipo de açãoqueexecutam émais interessante para pensar e ilustrado opensamento a vanguarda, crítica, a com identificados mais em oposição aos protestantes ou evangélicos de missão, que estariam pentecostais conservadores,como fundamentalistas e nãohermeneutas eneo- pentecostais colocar insuficiente achamos filosofia, e história tica, res trabalhos de tantos colegas da sociologia, antropologia, ciência polí- no Brasil” (2012) – até aqui e,evidentemente, nos consistentes e revelado- ção de parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e de LGBTs pesquisa – que resultou no livro “Religião e Política: uma análise da atua- cos no Brasil hoje. confrontação dascategoriasqueestãopostaspara pensarosevangéli- longo dahistória dahumanidade,eoquepretendemos éjustamentea tas analíticasenasconceituaçõesdoquenocotidianodosindivíduosao 4.1 Açõesextremistas camente, em especial, pelos movimentos sociais e porpolíticos defensores fundamentalistas, mencionados acimacomo sãotratadostal como publi- suas práticas intolerantes atudoquedifere daleitura bíblica. conduzidas por esses pastores e que atuam diretamente na reprodução de sa meio de promoçãoprópria e de suas igrejas; e por membros de igrejas ousãoamplamente conhecidos porfazeremTV de sua intolerância religio res midiáticos”, que desfrutam de grande espaço em programas de rádio e ças da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso Nacional; por“pasto- (2010), consideramos adotados por lideran extremistas comportamentos - rizado extremista.como Seguindo as pistas propostas por Lindgren Alves política, em redes ou na de economia etc.,pode comunicação ser caracte- Com base nas análises que viemosproduzindo desde nossa primeira Na chave analítica que propomos, é insuficiente considerarmos os tipos dos tipos Um de açãoevangélicos no espaçopúblicohoje,seja na - - to àviolência materialcontra ooutro, como nocasodopastor que invadiu e próprias mãosaquelesqueagememdesacordo comsualeitura bíblica. nipulação de uma perspectiva fundamentalista com vistas a punir com as mento extremista evangélico aqui analisado seria caracterizado pela ma- radicais para- alcançarobjetivos políticos” (Alves, 2010, p. 32). O comporta desprovido designificaçãomaisprofunda” (Alves, 2010,p.32). secular, de que muitos tiveram a experiência algo invasivo,como amoral e damentalismos seria um “grande desapontamento e medo da modernidade condição to dooutro, dodiferente, está posta,masaviolência contra eles não éuma ou alcançarão umarevelação.- Aexpectativa de mudança docomportamen e respeitar-lhes achando sempre, é verdade, que umdia ou serão punidos tos. Esses fundamentalistas podem conviver com amigos e parentes gays - comportamen tais modificará que o pessoais, histórias suas de momento ser punidos pela providência divina ou vão ter uma revelação em algum recriminada porDeus, mas compreenderem queosnela incorrem vão pre são violentos. Podem achar, por exemplo, quea prática homossexual é tem na maioria das religiões, mas, destaca Alves (2010, p. 32), nem sem- uma característica intrínsecaaofundamentalismo. ao evolucionismo científico darwinista. A incitação à violência, então, não é manifesta principalmente na defesaoposição por bíblico,do criacionismo lismo evangélico atual, noBrasil e noexterior, o católico, assim como se teralmentedessa mesma fé. O fundamenta- seguida pelos que partilham leiturauma históricade Cristo edefendem verdade aBíblia como aserli de textos sagrados, emsentidoliteral observando-os (Alves, 2010, p.23). muitas vezes literalistas)com seriamaqueles que rejeitam a interpretação lar, eaoIluminismo,emgeral. osfundamentalistas (confundidos Portanto, dos dogmas em contraposição- ao chamado liberalismo cristão, em particu afirmação à então, correspondeu, termo O primordiais.narrativas suas em cristãos devem se ater aos fundamentos da fé cristã, contidos na Bíblia e viriadoentendimentoao séculoXIX, puritanoanglo-americanodequeos dos direitos humanos.Apalavra “fundamentalista”, cujaorigemremonta A noção de “punir com as próprias mãos” aqui utilizada diz respeito tan- Já o extremismo, emtermosmais gerais, advogaria ousode “medidas Movimentos assemelhados ao fundamentalismo de origem cristã exis Fundamentalistas, nessa são atoresconcepção, sociais que nãofazem do fundamentalismo. O que há de comum aos fun- sine qua non dofundamentalismo. O que hádecomum - - 115 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 116

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 transforma o ataque aleatório em violência é a orientação moral da conduta ao outro poderia ser tomado como uma ação psicótica ou um acidente. O que toda violênciafísicaéassociadaàmoral. Nãofosseassim,oataque que expusemos são formas de violência direta e, valeportamentos lembrar, escolhas, masnãoélivre para escolherasconsequências” Umasegundaplacadiz:“Vocêpela suaprópria morte”. élivre para fazer suas dois deverão porcausadesseato nojento, sermortos elesserão responsáveis da igreja a seguinte frase: “Se um homem tiver relações com outro homem, os Sauípe,litoral daBahia,queexpôsnafachada blia deSalem,Porto norte Janeiro destruiu imagenssagradas emumtemploreligioso docandomblénoRiode 114 113 112 tui ocernedaagressão doponto devista dasvítimas”(Oliveira 2008, p.135). com que a dimensão moral da violência seja pouco elaborada e mal compreendida, mesmo quandoconsti ideia do uso ilegítimo da força, ainda que frequentemente este aspecto seja tomadodado, fazendo como mera abstração. Sempre que se discute a violência um problemacomo social tem-sereferência como a Acesso em22deJulho2016. brasil/2016/07/igreja-na-bahia-defende-publicamente-que-gays-sejam-assassinados-001026931.html. Tupirani daHora Lores eofielAfonsoHenriqueforam presos em2009acusadospelainvasão. no Catete, pelo pastor e por membros da igreja evangélica Nova Geração de Jesus Cristo, em2008. O pastor que teve grande repercussão: ainvasão equebra de30 imagens religiosas no Centro EspíritaCruz deOxalá, evangélico se revela em conluios políticos com a finalidade de fazer valer fazer de finalidade a com políticos conluios em revela se evangélico Licença CCBY 3.0BR.ht Ato contra aIntolerância tps://creativecommons. Câmara dosDeputados, org/licenses/by/3.0/br/ “Aliás, arriscaria dizer que na ausência da ‘violência moral’, a existência da ‘violência física’ seria uma Fonte: Blasting News. Data da matéria:21 de Julho2016. Disponível em http:// br.blastingnews.com/ São inúmeros os casos registrados no Rio de Janeiro e em outros estados, mas destaco aqui umcaso Além dos comportamentos acima descritos, oextremismoAlém dos comportamentos religioso Religiosa emfrente à Foto:Laycer Tomaz/ 112 Agência Brasil 21/05/2014. , como o que incita à violência, caso do pastor da Igreja Batista Bí- - 113 . Ambososcom- 114 . - estaria sofrendo pelaConstituiçãoFederal a defesa bíblico do criacionismo e se contrapõe aos ataques que a Bíblia presidida pelo deputado federal Givaldo Carimbão (PROS-AL), que declara políticos que estão na coordenação direta da Frente Parlamentar Católica, sua “verdade cristã” custo. aqualquer entre Isso pode ser observado os 115 rios daFrente aeutanásiaeocontrole doavanço sãooaborto, daideologiadegênero nasescolas. redação daleital qual disposta no site daCâmara dos Deputados: nismo cristão em todas as escolas da rede pública e privada do país. Segue a de lei, do PL8099/2014 que defende a obrigatoriedade do ensino do criacio- público, segundonossaproposta? Essedeputadoéautor, entre outros projetos majoritariamenteextremista noespaço ouconservador um comportamento Direitos HumanoseMinoriasdaCâmara dosDeputados,viriaapresentando O deputado federal Marcos Feliciano (PSC-SP), ex-presidente da Comissão de zão, doconsensoedalei.Voltaremos aessareflexão posteriormente. tral da democracia liberal, que é a extinção do antagonismo pela via da ra- (Mendonça; Vieira Júnior, 2014, p. 107). Critica, desse modo, umponto cen- privilegiar, preferencialmente, oconsenso e a decisão técnica ou racional” e conflitos dos arestas as aparar deve democracia boa “a que prevê que liberal ideal ao portanto, contrapõe, se Rancière barganha. de e financeiro não sãonecessariamente os mais numerosos, masosquetêmmais poder nesses Lembrandocasos, ma “vence o mais forte”. ainda que o mais forte, proposta, ideia ouinteresse sobre as demais. Estaria caracterizada a máxi- em tornode uma proposta, todas masàpredominância as partes de uma de governo. Nessa perspectiva, oconsenso não equivaleria aoacordo de recer as relações de poder e a dominação que formam base desse regime o consenso é umafantasia da democracia, umfetiche visaria que obscu que (2004), Rancière afirma como ainda, aqui lembrar Vale 2012). Lopes, maioria e não de todos, da Cunha; vimos na pesquisa como anterior (Vital social. Produzem “consensos” e afirmam que a democracia é o governo da dominância dessas crenças e valores em seureligiosogrupo e no âmbito nãomedemesforços paraque assim se comportam garantir ou obtera dicais, intolerantes e violentos em relação às diferenças. Os atores sociais Em entrevista a uma rádio católica, ocoordenador da FPC, criada em2015, disse que os temas prioritá- Que outros casos à serviriam reflexão sobre o extremista? comportamento A ação extremista se caracterizaria, porposicionamentos ra portanto, - 115 . - 117 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 118

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 gioso evangélico, mas não é suficiente para analisar a ação social desses social ação a analisar para suficiente é não mas evangélico, gioso grupo e sua unidade vistas com à obtenção de ganhos políticos imediatos. Câmara –momento noqualsuperdimensionam sua força política como defensorescomo mesmo, isso por ora laicidade–, – e, da na maioria como Católica, ora como mais um gruposocial como outros presentes na política tualmente, minoria perseguida como e privilegiadapouco diante da Igreja rentes projetos políticos,sociais e de poder. Assim,apresentam-se, contex- sociais e motivações e os dos demais através de jogos que ocultamdife- atençãomar para atentativa de construir equivalências entre seus lugares de nosso ponto de vista sobre a religião na escola pública, mas vale cha- defesa a aqui cabe Não pública. arena na conflito em vista de pontos sim não haveriadesses políticos e seus apoiadores, mas extremismo porparte Logo, iluminista. científico, discurso ao atribuído ser poderia geral muito deste livro, operamos tambémna defesa de um ponto de vista que de modo bo”concordarpor ou a posiçãodesses com deputados, quenós,autores Giumbelli, 2011, 2009), incita violências, intolerâncias, conflitos. longo de pelo menos duas décadas (Miranda, 2015, 2014; Lui, 2016, 2014; inúmeras pesquisas que apresentam os embates religiosos nas escolas ao dela. religiosoAparentemente e insensívelmoldar a ordem às social a partir tar Evangélica, pretende impor a todos os cidadãos a visão de um segmento O fundamentalismo é uma perspectiva que dá base ao extremismo reli Um leitor atento poderiadizer, pordesejar “advogadoagir como do dia- Esse projeto, como os de autoria de outros deputados da Frente Parlamen- Art. 3ºEstaleientra emvigornadatadesuapublicação. Art. 2ºOchefe doPoder ExecutivoArt. regulamentará estalei. cognitivamente ambasasdisciplinas. conhecimento de fonte diversa a fim de que o estudante avalie ao estudante, analogamente ao evolucionismo, alternância de § 2º – didaticamente o ensino sobre criacionismo deverá levar supremo de todo universo e de todas as coisas que ocompõe. criador ções dequeavidatemsuaorigememDeus,como § 1º – Os devemconteúdos referidos incluir no- neste artigo vadas deEnsino,conteúdossobre criacionismo. 1º Fará da gradeArt. nas Redes curricular Públicas e Pri- parte

- ser umdireito docidadão. protestantes e 38% dos católicos concordam quea posse de arma deveria mento ao armamento pessoal no Brasil, 27,7% dos pentecostais, 30% dos incre- ao Quanto – 46,4%. maior bem foi aprovação de índice o católicos, 35,3% dos pentecostais e 36,1% dosprotestantes concordaram. Entre os evangélica. 2014, Em perguntados sobre a instituição da pena de morte, te Parlamentar Evangélica vai, muitas vezes, contra as posições da massa desta publicação revelam que a agenda defendida por políticos da Fren to extremista, mas não se manifestam publicamentecontra essas posições. se sentir representados- pelos políticos e líderes religiosos de comportamen fortalecer a sanha de poder e de imposição de valoresfortalecer de interesse ditos conservadores no Congresso Nacional meio de como tem esforços em coibir o direito de minorias, nem se imiscuem em grupos literalistas, anti-hermeneutas. Noentanto,já dito, como isso nempor inves ses e etnografias, podemos depreender que há uma massa de pentecostais atores em diferentes contextos sociais. Se considerarmos diferentes análi 118 117 116 4.2 Açõesconservadoras muitas vezes, seomitemdiantedoextremismo cientista políticojá citadoemmomento anterior nestapublicação. ais eram de57%autodeclarantes católicos, 19%depentecostaise9%evangélicos demissão. 17%; e,osevangélicos 2013, de missão,5%.Em pesquisa segundo dadosdeumadoDatafolha, os percentu - BBB” –boi,bíbliaebala. referidas conservadorascomo ou de direita, que tinha anunciada “bancada pela sua mídia como formação giões” (Alves, 2010). noção de que vivemos uma “guerra de civilizações” ou uma “guerra de reli talismo veme violência, como ocorrendo no Brasil e no exterior, devido à atençãomar para anecessidadeequivalentes de nãotercomo fundamen - fundamentalistas ou hermeneutas; podem ser de confissão pentecostal, pentecostal, confissão neopentecostal ouprotestante de ser podem hermeneutas; ou fundamentalistas versidade entre demodosserconservador osevangélicos: podemser tituir o tipo deaçãomajoritária entre evangélicos no Brasil hoje.Háumadi- Vale dos conservadores lembrar religiosos no Brasil queamaiorparte é católica, segundo César Jacob, Dados do Censo do IBGE de 2010 mostram queos católicos eram 64% dos brasileiros; os pentecostais, de interesses Comonacombinação entre parlamentares de frentes distintas no Congresso Nacional Pesquisas do Datafolha de 2014 e 2015 citadas em capítulos anteriores O segundo tipo de posicionamento seria o conservador, que pode cons- 117 . Demodogeral, resistem àsmudançase, 118 . Nesses casos, podem não . Nessescasos,podemnão 116 . Queremos cha- - - - - 119 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 120

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 119 nadas e de direita alie pessoas reflexivos a violentos,não e fundamentalistas a pentecostais nações, buscamos desencorajar o reforço de estereótipos que associam os ou nocondicionamentosocioeconômicos dos sujeitos daação àsdenomi- muito menossubalternoasuasdenominaçõesdoquesecostumapensar. evangélicos há uma década (Machado, 2006), eles atuam, então, de modo Conforme mostrou Maria das Dores Campos em obra seminal sobre os me seus interesses financeiros e de pertencimento a outros grupos sociais. 2013, 2006; entre outros), enquanto vão atuando em outras agendas confor aumentarem da Cunha,Lopes, 2012; Natividade, seucapital político (Vital do seueleitoradoral quelhes parte à maior conecta para se elegerem e acham que“a homossexualidadedeve serdesencorajada portoda sociedade”. evangélicos pentecostaise46,2% entre osprotestantes (Datafolhade2015) pentecostais na sociedade (Datafolha de 2014) e 41,9% entre parlamentares sociedade e no Congresso Nacional: 40,3% entre protestantes e 44,9% entre sexualidade, háumagrande sincronia entre o que pensam osevangélicos na no Brasil, com 67,6% contra 34,9% do parlamento em geral. No tema da homos- tecostais são os que mais apoiam a ampliação da legalização do uso de armas evangélicos, 14/10/2015. Foto: AlexFerreira /Câ Noçãoanalisadade modoseminalporReginaNovaes nolivro “EscolhidosdeDeus”,1985. Presidente daCâmara, (https://creativecom Com essa proposta de foco em ações e não exaustivamente em perfis em exaustivamente não e ações em foco de proposta essa Com Estrategicamente, os parlamentares evangélicos ativam aagenda mo Entre os parlamentares, apesquisadoDatafolhade2015 revela que ospen- mara dosDeputados comitiva depastores dep. Eduardo Cunha mons.org/licenses/ (PMDB-RJ) recebe by/3.0/br/ ) - - 119 . Paralelamente a isso, concordamosdiferentes com - - - amoladores defacas lenta de extremistas como evangélicos, podemos dizer que se comportam nem estãosempre emconcordância comaviolência. mente dos extremistas, não são sempre perpetradores de ações violentas direita, tradicionalmente associadas às elites – e,diferenteeconômicas dela” para osqueintegram segmentos populares e expressam opiniões de grupos sociais diversos – vejam recentemente a alcunha de “direita- morta conservadores têm diferentesportamentos motivações, se manifestam em estigmas e localizando um “mal” em um ator social específico. Afinal, com políticos e sociais em relação a este ou aquele grupo religioso, reforçando comportamentos atribuem que e pública agenda na estão que definições cício de limpeza moral de gruporeligioso,qualquer mas de repensarmos as conservadoras do queos pentecostais. Não se trata aqui de fazer umexer- como identificadas mais posturas assumir podem protestantes e tólicos pela sociedade. Mais ainda, buscamos enfatizar que, entre religiosos, ca- circulando estão conservadoras ideias que afirmam que sociais cientistas 120 4.3 Açõesprogressistas a nós,estranho aumacondiçãohumanaplenamente viva (Baptista,1999, p.46)’” (Lopes, 2014,p.85). e enfraquecem a vítima, reduzindo-a a pobre coitado, cúmplicedoato, carente de cuidado, fraco e estranho prefeitos, padres, psicanalistas etc. Destituídos de aparente artistas, crueldade, tais aliados amolam a faca trados emdiscursos,textos, falas, modos de viver, modosde pensar que circulam entre famílias,jornalistas, sem rostos que preparam osolo para esses sinistros atos. Sem cara ou personalidade, podem ser encon- tista (1999) nos diz: ‘O fio da faca que esquarteja, ou o tiro certeiro nos olhos, possui alguns aliados, agentes conservadores noespaçopúblico,sobretudo napolítica.Os evangélicos pro- minorias e pela postura extremistas crítica quanto e aos comportamentos contribuem para o omitem sistematicamente diante da açãode extremistas evangélicos e/ou dores de facas a minorias (LGBT, mulheres, negros, indígenas, quilombolas). Já os arem politicamente a barrarde modo oavanço de alguma agenda referente cias e acirram ou produzem conflitos ao proferirem seus discursos e ao atu- que os extremistas praticam direta ou indiretamente violências e intolerân- ses seriam os que proferem discursos de ódio. Porém, oquepropomosé “Essa metáfora é retirada do texto “A atriz,opadre e a psicanalista: os amoladores de facas”, emqueBap- No caso dos que se omitem de modo sistemático em relação à ação vio- O comportamento progressistaO comportamento pode ser caracterizado pela defesa de , na formulação que apresentamos, na formulação aqui, sãoaqueles que se silenciamento deevangélicos progressistas. (Lopes, 2014) 120 . Naprimeirado autor, formulação es amola- - - - 121 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 122

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 nos daCâmara Federal emmarço de2013: federal Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Huma criticava osevangélicos que se posicionaram contra a escolha do deputado evangélica deveriam “ficar em casa”. Naquele contexto específico, Everaldo “os riam ou fortaleceriam outros”, e os que estariam em oposição à agenda Pastor Everaldo salientou em entrevista à pesquisa, suas ações contribui- das drogaspró-legalização e pró-população do aborto, LGBT. Conforme mirem posicionamentos políticos semelhantes ao de ativistas de esquerda da membresia e das instituições por assu dos e/ou silenciados por parte com apoio de suas denominações. Em muitos casos, são ainda recrimina- ideias, já que muitas vezes os evangélicos assim identificados não contam meio de sobrevivênciatem nas redes e profusãosociais um importante de isso frágil no sentidodaprodução de identidade e subjetividade. por nem mas fluida, dinâmica uma seguindo um, de mais integrarem comum contudo, sua referência principal de ação política-religiosa são os coletivos – é integrantes desses grupos têm também seus próprios canais de comunicação, em suas cidades; e estabelecem contato com coletivos internacionais. Vários ático; fazem reuniões regulares com os integrantes de coletivos que residem vigílias; organizam campanhas de conscientização com frases de apelo midi- blica. Outros integram coletivos que promovem eventos como seminários e críticas aoextremismo evangélico econservadorismo presentes naarena pú- modo maisindependenteesecomunicamatravés desiteseblogs,fazendo e da garantia dos direitos humanos para minorias no Brasil. Alguns atuam de da Bíblia, são, no geral, hermeneutas, e se posicionam em favor da ampliação situada historicamente leitura uma fazerem por identificados são gressistas Em ambos os casos, observa-se que esse comportamento progressista que esse ambos oscasos,observa-se comportamento Em (Entrevista realizada comPastor Everaldo em24deagosto de2015) que serassim. é assim.Vai pra eleição,vai ganharvoto evai pra lá.Sótem eu respeito, né? Ou então vai pro voto. Elege. No parlamento opiniões suas têm que Já lá... casa em ficado ter Deviam aí? comissão. Foi muita genteboa,entre aspas.Estágravando dizendo queoMarco Feliciano nãopoderiaserpresidente da foram lá, evangélicos do Brasil inteiro, se dizem evangélicos, quando o Marco Feliciano foi para presidência da comissão, evangélicas, dizem se que pessoas que estarrecido fiquei Eu - - 121 em 07deJulho 2014. carta amplamente veiculada em sites e blogs evangélicos. Nela alertava: amplamenteveiculada em sites e blogs evangélicos. Nela alertava: carta também acha”. O deputadofederal Arolde deOliveira (PSC-RJ)produziu uma nós queachamosodecreto umgolpe,colunista daVeja , umnãoreligioso, marem sua contrariedade ao decreto, como quem diz: “olha aí, não somos só avaliação negativa do colunista da revista contra odecreto, chamando-odeditatorial. Emblogsevangélicos, citavam a construção de valores de cidadania e deinclusãosocial”. a para deficiência, de ou econômica social, condição e religião sexual, tação e respeito à diversidade de etnia, raça, cultura, geração, origem, sexo, orien- valorização da educação para cidadania ativa e “solidariedade, cooperação que utilizatecnologiasdeinformaçãoecomunicação.Previa-se aindaa social–mecanismodeinteração social departicipação ca eambientevirtual ral, mesadediálogo,fóruminterconselhos, audiênciapública,consultapúbli- comissão de políticas públicas, conferência nacional, ouvidoria pública fede- gestão pública” eserrepresentada através deconselhopolíticaspúblicas, to e na avaliação de programas e políticas públicas e no aprimoramento da sociedade civil poderia atuar “na formulação, na execução, no monitoramen- nistração pública federal easociedadecivil”,conforme texto do decreto. A e asinstânciasdemocráticas dediálogoeaatuaçãoconjuntaentre aadmi- osmecanismos ção Social(SNPS)“com earticular oobjetivo defortalecer - Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participa Nacional de Participação 2014, de autoria da então presidente Dilma Rousseff. Ele instituía a Política sicionamentos divergentes emtorno do decreto nº 8.243 de23 demaio Disponível em http://juliosevero.blogspot.com.br/2014/07/lideres-evangelicos-reivindicam.html. Acesso Políticos da Frente Parlamentar Evangélica se manifestaram publicamente Outra controvérsia que teve repercussão no meio evangélico foram os po- do Lula, comunista de carteirinha Carvalho, que é o Gilberto depois dopartido, comandado pelosegundohomem maisforte perigoso. É o grande projeto do PT para amordaçar a Nação, tantes legítimosdopovo odireito delegislar. Écomplicadoe zuela… Cria os conselhos populares usurpando dos represen- os Conselhos Soviets, em Cuba, na China e também na Vene- medida foi feita demaneira similar na Rússia, conhecido como Isso ameaçaademocracia. Éocomeçodeumaditadura. Essa Veja, Reinaldo Azevedo, para legiti- 121 . 123 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 124

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 suas metas ditatoriais” doras edaraoPT esquerdistas apoioevangélico eoutros para partidos Missão Integral, éfazer oposiçãoaevangélicos composturas- conserva 124 123 122 assim comoossites oprincipal crítico docapitalismo.cado como Para saber mais, acessar as recentes obras de René Padilla, identifi sociólogo e filósofo economista, Marx, Karl de obras nas fundado é que diz-se críticos, seus Entre da prática irrestritate. Disseminam a importância de Deus, do amor tal o fezcomo Jesus Cristo emserviços. social, psicológica e espiritual a todos, atenção especial com aos mais necessitados socioeconomicamen outros países Latina. da América Baseia-seevangelismo emum que pregue aPalavra eofereça assistência PNPS ação extremista e conservadora em apoio ao por produzirem uma carta aqui comoprogressistas. Elesforam alvo doataquedosevangélicos de identificamos que evangélicos os com medida, grande em também, mas ro evangélico Julio Severo mostraram-se indignados com o decreto, implantar banheiros para “terceiro sexo nasescolas”.Emsuaspalavras: visa descaracterizar ademocracia, reproduzirmodelo venezuelano um e pletou, produzindo ou acentuando medos sociais vigentes, que o decreto durante a entrevista, disse: “é apolíticade conselhos”. Então, Everaldo com presente estava que assessor, Seu tratava. se que do prontamente tificou maiores teólogos latino-americanos vivos e o grande divulgador da Teo - tegral http://juliosevero.blogspot.com.br/2014/07/lideres-evangelicos-reivindicam.html. Acesso em 07/07/2014. A Teologia da Missão Integral é inspiradora do trabalho de diferentes igrejas evangélicas no Brasil e em segueemanexo nestapublicação. Acarta O deputadoArolde deOliveira (PSC-RJ),Pastor Everaldo eobloguei- Quando perguntamos ao Pastor Everaldo sobre o PNPS, ele não iden 123 122 (Entrevista realizada comPastor Everaldo em24deagosto de2015) homem eterceiro sexo. Éissoaíqueelesquerem fazer. e acabou. Ele diz que tem que botarbanheiro aí pra mulher, um conselho na escola e dizerisso quetem que colocar aqui Você votapraconselho popular ali botar um e aíquer botar O representante legal do povo hoje é o Parlamento brasileiro. na Venezuela e tudo que descaracteriza os representantes. Isso é criar umgoverno paralelo, forças paralelas tem como não. Amaiorianão concordouisso. com posição dopartido, Ah, conselhos populares. Eu achoisso absurdo.um Não éuma : “A linha desses líderes evangélicos, que seguem a Teologia da . Foram “acusados” de marxistas e de integrantes da Missão In- www.ultimato.com.br 124 . Interessante que René observar Padilla, um dos e www.gospelmais.com.br - - - - de René Padilha, é possível ler: no sitedarevista Ultimato para olivro “O queéaMissãoIntegral?”(2009), cional com vistas à influência política institucional. Em sinopse produzida para umavidanoamor, justiçaeperdão emenosemcrescimento institu- igrejas ligadasàMissãoIntegral devem estarmaisvoltadas aoincentivo logia deMissãoIntegral nosúltimos35 anos,defende justamentequeas 125 valores dademocracia liberal. Há gruposcriadosrecentemente eoutros que Sagradas. Apelamaodireito, aoperdão, àreconciliação, àconsciência eaos vra, essescoletivos reforçam afundamentaçãodesuas açõesnasEscrituras seus rituais, estética egramáticas. católicos, os significariam que – “nós” ao relação em “outros” os como preconceito generalizado emrelação aosevangélicos noBrasil, tratados extremistas econservadores vem causandonapolíticanacional,alémdo decorre, em grande medida, do impactode social que o comportamento tes. O silenciamento na da grandeprodução acadêmica mídia e por parte identificar-lhes monoliticamente aos extremistas no poder e aos intoleran- culturais edeesquerda tendemanegligenciaressesatores sociaispor inteiros,somente demodoresidual. movimentos Segmentos artísticos bém poroutros atores sociais, como agrande mídia, que lhes dáespaço extremista e conservador,comportamento como já mostramos, mas tam- frem inúmeras deevangélicos tentativas de desilenciamento porparte zes, não se comunicam publicamente por outra via. Esses coletivos so- paraFacebook estes é grupos uma que, das muitas mais veimportantes - faixas etárias e denominações. Embora usem diferentes plataformas, o massãointegrados porevangélicosção eestéticavirtual, dediferentes Disponível em: http://www.ultimato.com.br/loja/produtos/o-que-e-missao-integral. Datadeacesso: 23/07/2016 Acusados por seusopositores evangélicos de não conhecerem a Pala- Os coletivos progressistas têmumamarca jovem emsuacomunica- âmbito comunitário nifestar e a justiça, o amor tanto emâmbito pessoalem como ma- e Deus de reino do valores os encarnar sim mas fluente, propósito não é chegar a ser grande, rica oupoliticamente in ja quese comprometea missãointegral com entende que seu “O Em Que é Missão Integral?”, René Padilla mostra queaigre- 125 . - 125 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 126

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Evangélica Nacional de Ação Social atuação noBrasil, dentre osquaispodemoscitar:RedeFale; –Rede RENAS de uma comunicação em rede. São inúmeros pos os a coletivospartir com existem há décadas e vêm renovando ao longo dos tem- sua participação 126 4.4 E Ambiente; Coletivo Novos Diálogos;eMovimento Negro Evangélico. Felipe Camarão; -AssociaçãoCristã de Defesa AROCHA e Estudo doMeio Avalanche MissõesUrbanas;ALEF–AssociaçãodeLíderes Evangélicos de cial; MI – Missão na Íntegra; MUG – Missão Urbana Gravataí; Rede Miqueias; tas Independentes; REPAS – Rede Evangélica Paranaense de Assistência So- das Entidades e Projetos Assistenciais ligada à Convenção das Igrejas Batis- Gerais; IDE –Instituto deDesenvolvimento Evangélico; FEPAS –Federação Água Branca; Rede Viva - RJ; Rede Evangélica do Terceiro Setor de Minas Cristãs do Brasil; Missão na Íntegra; Rede Ibab Solidária – da Igreja Batista Movimento Evangélico Progressista; CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Coletivo #entrenós; Movimento #namissão;Movimento SPInvisível; MEP– e Negros Cristãos;VisãoMundial;Frente Evangélica peloEstadodeDireito; do Brasil; EPJ – Evangélicos pela Justiça; Afrokut – Rede Social de Negras dantes, de ovelhas a evangélicos passariam a ter na política nacional: de demandados a deman- ao mesmo tempopremonitório e propositivo emrelação ao papel que os Bispo Robson Rodovalho, líder daIgreja Sara Nossa Terra, assumirumlugar panhamos atéhoje,tanto nocontexto estadual quanto no nacional. gioso – ganhou destaquenaseleições 2014 e teve repercussões queacom- ênfase denossaanáliseneste livro é na apresentação destesegmento reli - propomos chamar de ciedade e de democracia. Esse perfil so- de evangélico projeto um frente à levar de meio como político perfil um de conformação a sobre refletir interessa-nos hoje, Brasil no evangélicos de torno das “bandeiras da vidae da família”, mas destacava queseria neces em evangélicos dos unificação a afirmava Rodovalho Nela, carta. da título Ver deEva daRENAS” “Incidência políticaevangélica: Scheliga (2015). notasa partir O desdobramento do dos fatos ocorridos desde as eleições faz a carta Além da discussão em torno de diferentes modalidades de atuação social vangélicos como players, liberalevangélico conservador , tendo em vista que a “antes pedintes, hoje negociadores”, no como players 126 liberal religioso conservador – que, aqui, ; ABUB – Aliança Bíblica Universitária ; ABUB – Aliança Bíblica Universitária - e a família fossem usados como justificativa paracomo tama- usados ato de fossem político um família a e entre osparlamentares e,elesesperavam, comsuasbasespolíticas. secular, da unidade e da diversidade; um códigoqueestabelecia contato ultrapassa os limites e fronteiras do público e do privado, do religioso e do e se legitimavamdenunciando uma coesãoque sob comum, um código das muitas visões de mundo, esses discursos se conectavamque, à parte da Câmara, odeputadofederal Eduardo Cunha(PMDB-RJ). Ficouevidente vezes, e a palavra Deus foi usada 75 vezes, inclusive pelo então presidente vezes durante os pronunciamentos. Famílias e filhos(as) foram citadas 270 dente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados foram citados apenas 18 fundamentaram oencaminhamento de processo de impeachment da presi gravotosresponsabilidadedos de que parlamentares,fiscal crimes dos os cipalmente durante a votação doimpeachment na Câmara dos Deputados. do Congresso. Ainda assim, a enunciação moral e religiosa foi notória, prin- tista as lidou com pautas que mobilizam a base evangélica dentro e fora religiosas, nem se restringiam ao desagrado com a forma quea gestão pe- o processo. As motivações desses parlamentares não eram meramente pelos parlamentares evangélicos, teve neles atores fundamentais em todo pedimento de Dilma Rousseff nãotenha sido orquestrado exclusivamente tariam contra osqueapoiavam inicialmente. Embora, evidentemente, o im- lhes foram feitas. Uma mãoteria que lavar a outra, caso contrário, se vol- político para condizentes com as promessas exigir comportamentos que licos anunciavam seu crescimento quantitativo e o aumento doseu capital ciais seria diferente do que vinha acontecendo até então. Os líderes evangé Não émaispedir. Énegociar, compromissar”. pleitos dos fiéis no programa de ação dos candidatos que decidirem apoiar. as lideranças evangélicas “ganham mais força e respeito paraos colocar de alianças naquelas eleições e nas seguintes. Desse diz na modo, carta, governo do PT, aos evangélicos para assim um alerta como a formação o com desagrado ao referência uma faz-se – aqui, votos seus buscarem se reconhecimento cujo grupo, não deveria se restringir ao momento de conseguir oapoiodesse segmento. Dessa anunciavaforma, a força des de fim a dela além para compromissos firmassem políticos os que sário Havia uma“condição de possibilidade” que permitia que a moral, Deus Segundopesquisa veiculada no HuffpostBrasil após análise da ínte O recado estava dadoeoqueviesse a acontecerpós-eleições presiden - - - - - 127 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 128

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 família, comotemocorridonoEstadodeSãoPaulo” 13 de junho,acadadois dias três pessoas são assassinadas em brigasde casa. Nãoé possível seguir uma rotinarevelou em que,como aFolha em tenha e se comprometa valores com que permitamrever a vida dentro de paragélicos aquele que, além desse acerto a vida fora de casa, também das famílias, “dentro de casa”. Sendo assim, “terá a preferência dos evan- industrial e melhorias na área de saúde, mas também que interfiram na vida namentais que permitamoincrementoo desenvolvimento da economia, anunciavapolítica, como obispoRodovalho,ações gover eles por clamam - chamar de uma “cultura pentecostal” brasileira da Cunha, 2016). Na (Vital nificativos na agenda atual, gerando um do fortalecimento que poderíamos (Novaes, 2016), é inegável que ela tem nos evangélicos atores sociais sig sa sociedade é muito anterior aocrescimento dos evangélicos na política Se é verdade que a impregnaçãonha importância. religiosa cristã em nos- 127 4.5 Doliberal aoliberal conservador religioso 06 deJulho2014. com.br/opiniao/2014/06/1476384-robson-rodovalho-antes-pedintes-hoje-negociadores.shtml. Acesso em manuscritos deEdmund Burke (1729–1797). teveclássico, conservadorismo como seuregistro maisrepresentativo nos e respeito à autoridade. Alguns consideram queessa reconhecidaforma, binação de princípios baseados na tradição estabelecida, valores religiosos sófica dos séculosXVIII e XIX, o conservadorismo tinha como marca a com político-filo- produção servador,Na históricas.são esquerda de e direita de sas daviolênciaedovícioemdrogas. seu arranjo nuclear e pela nopapel mudança da mulher nasociedade, cau desestruturação da família, motivada, pela mudança em em grande parte, internacional. Numa perspectiva evangélica, esses problemas têm base na estaríamos vivendo na atualidade, tanto em um contexto nacional quanto interferindo no que fornecessário para conter as diferentes anomalias que cialmente justo,competitivoeconomicamente emoralmente impecável, so- governo um fazer de desafio o encarar de capaz político, de ideal tipo Fonte: As controvérsias em torno do que definiria o perfil político liberal e con liberal político perfil o definiria que do torno controvérsiasem As O liberal conservador evangélico seria, nesse sentido, espécie uma de Folha de São Paulo. Data da matéria: 26 de Junho de 2014. Disponível em http://www1.folha.uol. 127 . - - - - América Latina “revolucionária”. cionamentos políticos, integrados a ações presentes em outros países da servadores os que se como contrapõem aoForo de São Paulo e seus posi - con- liberais a esses refere-se específico, contexto No identificados. estão qual o com ou filiam se qual ao geral mais quadro um comportamentos, política parcial dos atores sociais indicando, se não a totalidade de seus tação de acusação nos contextos para em análise, servem a localização mos que essas categorias analíticas na Ciência Política assumem cono parlamentares considerados liberais conservadores para a nossa pesquisa, hoje seria possível localizar um grande número de tam napolíticahojecomo“liberal conservador”. peza moral” dos “verdadeiros” liberais em relação aesses quese apresen entre princípioseideologias liberais e conservadoras e defendem“lim uma enxergam que contradição a afirmam Assim, conservadorismo. ao relação liberais, para promoverespécie uma de limpeza moral do liberalismo em inúmeros intelectuais, economistas, administradores e outros profissionais tes do Instituto Liberal, presididoRodrigo Constantino por eintegrado por manifesto “Porque de Hayek, nãosouconservador”, é usada por integran - famoso no contida ideia, Essa socialista. ou conservador – liberal, político perfil um por ocupado era vértice cada que em equilátero triângulo um rou liberais do século XX e integrante da Escola Austríaca de Economia, elabo - socialismo, Friedrich August Von autores Hayek, um dos mais importantes liberalismomeio termoentre seria um direita/conservadorismo eesquerda/ e ideologicamente dos conservadores e a ideia com de que o portamental em regras morais religiosas. em preceitos políticocalcado ou seja,comportamento um tradicionais e dos mo econômico liberais burkeano,uma formade com conservadorismo exemplo,por América, atradição conservadora liberal alinha o individualis doras com posturas liberais em questões morais. Nos Estados Unidos da considerados “conservadores liberais”, por combinarem- políticas conserva de centro-direita(2012), na Europa, podem ser dos partidos grande parte rando princípios liberais político. Segundo Krouwelao conservadorismo ocidental passou a adotar ideias econômicas do livre mercado, incorpo Como o próprioComo pastor Everaldo demonstrou ementrevista concedida Em completo desacordoessa com noção queaproxima os liberais com Ao longo do tempo, contudo,a maioria dos conservadores no mundo . Embora reconheça------129 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 130

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 129 128 observatory-elites.org. zemcientistas- politicos-10132071 destino perdeu força, adireita teria ganho integrantes mais “barulhentos”, político de7milcongressistas entre 1945e2010 docomportamento penho da da observação direita no parlamento a partir pesquisa alguns. divulgada em2013, Em resultado da análise do desem - de Eduardo Cunha, Marco Feliciano e Arolde de Oliveira, para citar somente gélicos no setor de radiodifusão, através de programas regulares os como de parlamentaresteressante, evan já que sabemos da intensa participação - urbana, ligada ao empresariado eaosetor Aconexãoéin de comunicação. cleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira, a direita se tornou mais ção emPolíticas Públicas da Universidade Federal do Paraná e líder do Nú- conformariam oexato perfilda “nova direita”. família nuclearedocontrole social sobreda mulher. ocorpo Sendoassim, mando com a demanda por avanços sociais que ameaçariam a tradição da evangélicoscavaleiros como aconteroapocalipse que estaria se aproxi mento de suas representações. São identificados por evangélicos e por não inclusive, uma possibilidade de com suas comunicação bases e o fortaleci oportunidades, nessas identificando constrangimento, sem bandeiras sas desses parlamentaresna mídia.Grandecomo anuncia a defesa parte des gresso, ganham espaçoentre seus pares na Câmara e no Senado,assim Pelo contrário, a como maioriado Con- justamente porque se comportam posicionamentos em defesa “da família” e “da vida” no Congresso Nacional. parlamentares evangélicos não são minoria em termos de vários dos seus Disponível em www. em ver Brasil no políticos perfis sobre outras e citada aqui pesquisa a íntegra na acessar Para Por outro lado, afirma Codato, se a ameaçadora figura do coronel nor- coronel do figura ameaçadora a se Codato, afirma lado, outro Por De acordo AdrianoCodato, com professor do Programa dePós-Gradua- Como demonstramos na pesquisa passada e nesta enfatizamos, os o empresariado ésuperioraosruralistas. dominante e empresário eraurbano residual na direita. Agora, tipicamente ruralista. No passado,proprietário rural era otipo reita tipicamente ruralista. No passado, proprietário rural era do Sudeste, de gravata borboleta. Houve uma inversão na di- bacharel do e Nordeste do coronel do perfil daquele sai Você http://oglobo.globo.com/pais/manifestacoes-reforcaramdiscurso-da-direita-no-brasil-di . Acessoem26de Setembro de2013. 129 128 , Codato concluique: - - - - - do pesquisador: que se pronunciamsem constrangimento Nas noespaçopúblico.palavras 130 evangélicos que confrontavamLGBT, apopulação dizendo que,se quises em 2014. ticipação Social O segundo, àdeclarações de políticos elíderes ao Decretovimos naoposição conselhos ecomitês,como fóruns, dePar- popular pormeio de tornaria desnecessária a ampliação da participação parlamentaresverdadeiros como representantes da vontade dopovo, oque casos que exemplificam bem essa concepção. O primeiro, a afirmação dos e não de todos, a conforme inspiraçãomais forte, liberal sugeriria. Há dois do governo pelo definiria se entendem a como tal representativamocracia delas mencionadas nesta publicação, de que a defesa veemente da de- não tanto assim. Marina Silva, cabeoesforço públicoliminar de se mostrar à esquerda, mas como progressista, mais perfil um apresentavam ou apresentam que licos vedor e organizador da vida pública e privada. Então, aos políticos evangé pro- a ideia com de um Estado das forte, pautas morais, mas se conforta são chamados a se explicar diante de seu eleitorado, queaprecia a defesa no site do Instituto Liberal. Por outro, os “liberais conservadores religiosos” divulgados, por exemplo, não e se conservadorismo misturam, vide artigos liberalismo que mídia na liberaislado, afirmam um de Executivo.Assim, ao econômico” representa um desafio a mais para candidaturas confessionais gélicos, o mix claro entre “conservadorismo moral e político” e “liberalismo discutimos forme no segundo capítulo desta no casodos publicação, evan- na defesa de bandeiras identificadas como conservadoras e de direita. Con- ranças religiosas evangélicas e católicas assumem centralidade midiática o quevemcia com nocontexto se observando político atual,noquallide Idem. Os parlamentares evangélicos têm dado muitas demonstrações, várias O caráter barulhento ao qual Codato se refere tem grande correspondên “contra tudoissoqueestáaí”,para utilizaraexpressão. e autoritarismo.Agora adireita no Brasil reaçãoé uma ética nazismo da segunda guerra mundial,fascismo,integralismo direita.como Porque a direita no Brasil era em geral militar, do Hoje ela [a direita] perdeu avergonha socialdese assumir 130 - - - - 131 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 132

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 ção davontade do valoriza- de princípio um é contrário, pelo mas, definidas, instituições com pá-las. Sendo assim, para Rancière, a “democracia não é um regime político eestéticas sem atentativarepertórios de controlá-las, regulá-las ou extir dissenso seria valorizar contrariedades, diferenças, aemergência detemas, pretenda ogoverno como detodos deve fundar-senodissenso: admitir o uma ideologia do consenso. Rancière defende que uma democracia que se do consenso – em termos marxistas, o que poderia ser apresentado como fetiche do partir a social vida da policialesca pacificação de tentativa a e seria expressão de um modelono qual vige a dominação de algumas ideias representativa, nessa chave de análise, pautada num ideal de consenso, que liberalismo nãotemrelação diretaliberdade. com Ademocracia liberal duramente questionado por diferentes segmentos sociais. Rancière conclui pós-passeatas de 2013, nas quais o sistema representativo brasileiro foi te dessecrítico regime, o autor ganhou grande espaço na mídia nacional que Jacques Rancière (2004, 2012) faz à democracia liberal emtermos estratégicos e não emtermosdemaioria social. mais fortes noção dedemocracia, dessavez, privatista, comogarantidora davontade dos da vontade da maioria; por outro, se contrapõem a essa maioria, ativando outra mocracia representativa, os políticos devem ser atores centrais para a garantia posicionamentos. Por umlado,essesparlamentares defendem que,emumade- pectivas dedemocracia ativadas situacionalmente comorecurso para legitimar socialmente relevante. de impedimentobloco um maioria, formando aoavanço deuma questão os parlamentares evangélicos se posicionam contrariamente à vontade da nacional nãodesestimula da população a homossexualidade, parte maior mossexualidade deve ser desencorajada por toda sociedade”.se Logo, a Datafolha de 2014, somente 27,4% da população nacional acha que“a ho- maior de representantes para o parlamento. Segundo dados do Instituto número um elegessem que homofobia –, da criminalização tratavada que 122/2006, PLC do questão na – como agendas suas em conquistas sem 131 jacquesranciere-sobre-os-movimentos-de-ocupacao-e-a-democracia/. Acessoem20de Agosto de2014. Fórum. Data da matéria: 17 de Janeiro de 2012. “Entrevista com Jacques Ranciere sobre os movimentos de e ocupação a democracia”. Fonte: Revista Nesse sentido, o comportamento desses parlamentares reforçaNesse sentido, ocomportamento acrítica Destacamos especialmenteessesdoiscasosporcolocarem emrelevo pers- demos” . (Mendonça;Vieira Júnior, 2014). http://revistaforum.com.br/blog/2012/01/entrevista-com- 131 . Notadamen- - 133 132 evangélica na Constituinte 1986-1988. Não estão se naturalizando, longe em campanhas sucessivasda então chamada bancada desde a formação rotinizando se vão mas pleito, cada em específicas dinâmicas ganham tos diferenças, fronteiras e limites entre grupos e reflexões. Esses agenciamen - e,aomesmotempo,deestabelecimentomeio deacusação dade como de cas, foram mobilizadas por diferentes atores sociais na política e na socie- evangéli sobretudo religiosas, como identificadas agendas e gramáticas peachment da presidente perspectivas,Dilma como Rousseff, observamos cas aserem implementadas. das políticas públi- consideração da justiça principal social norteador como há os que vejam problema nas propostas liberais e excludentes e na des em relação aosoutros, sejadebairro,Perseu Abramo, de categoriaprofissional oupartidário. 2005. no Brasil. Nesse contexto, contudo,as mesmas pesquisas destacam que oassociativismo religioso é maior em 20denovembro de2015. sistas’” Disponível em http://www.genizahvirtual.com/2015/10/foro-de-sao-paulo-e-o-perigo.html. Acesso Foro de São Paulo tem “cheiro de enxofre” e dispersa “peidos de satanás” Brasília e pelo Foro de São Paulo. Sealguns evangélicos apontamqueo projetos políticos tão distintos quanto aqueles representados pelo Foro de mo tempo,por sua diversidade interna, que eles vêm sendo disputados por eleitorescomo congregados e formadores de redes de opinião e, aomes- ao longo desta publicação. É justamente pela identificação dos evangélicos chment e ao avanço de pautas sociais ou liberais,demonstramos conforme na sociedade, assumemposicionamentos distintos emrelação aoimpea- te todo oprocesso de contestação política do mandato de Dilma Rousseff, curados porpolíticosemcampanhas. suas agendas de interesse, assim por líderescomo religiosos quando pro - ativada pelos políticos evangélicosde maiorias na em tornoformação de gação e mobilização a partir das igrejas gação e mobilização a partir vão aderir, baseandosuaforça nagrande capacidade quetêmdecongre- quem a escolher de condição na afirmam-se Rodovalho, Robson de carta a sul do país. Como vimosna pos sociais em campanhas políticas de norte religiosa, os evangélicos continuam sendo disputados por diferentes gru Expressões contidas na matéria “Foro de São Paulo e o perigo representado pelos ‘Evangélicos progres base Como em diferentes pesquisas qualitativas e quantitativas, o declínio do associativismo observa-se Ao longo do processo eleitoral de 2014 e nos debates em torno do im- Embora na mídia os evangélicos duran tenham tido grande- importância A despeito de não haver umarelação necessária entre voto e identidade 132 . Essa é uma mercadoria política 133 - - - , - 133 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 134

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 social, que estimulam historicamente intolerâncias eviolências. liberais conservadores. É preciso discutir sentimentos difusos em um plano nexões com segmentos politicamente identificados como conservadores ou evangélicos ou alguns grupos nominais de evangélicos que estabelecem co- vas. Evidentemente, doponto devistaanalíticoeativista,nãobastafocaros perspecti- diferentes de preservação e existência da reflexo como dissenso tadas em um ideal liberal de sua mitigação, mas como percepção positiva do se suceda possa ser de maior aceitação e valorização de diferenças não pau- ideias temsecontraído. Que nocursoespiral davidasocial,omomento que contraposições políticas saudáveis. O espaço público como local da troca de ponibilidades intelectuais e políticas de escuta mútua e de crescimento de do queadefesa damotivação religiosa. defensore como maioria, da“tradição ameaçada” se torna maisimportante entre os conservadores, de se apresentar vocalizadorcomo davontade da o crivo do Senado. O que precisa mudar é o cabeça. A cabeça está inchada”. do STF] e é prerrogativa do presidente escolher entre os indicados e depois é o cabeça,presidente.que mudar Aí as associações indicam [Ministros entrevista Em ser alcançado. à pesquisa, PastorEveraldo disse: “Nós temos a identificar na luta pela “cabeça”, ou seja, pelo Executivo, o objetivo maior a ganharam maisespaçorecentemente, os evangélicosquando começaram elementolegitimador bíblicocomo de ações, ora a tradição. Esses jogos e revelação de jogosocultação de motivações,a partir ora ativando o idealizada e que estaria se perdendo. Busca-se afirmar um posicionamento e lideranças religiosas fatoscomo datradição –oresgatetradição deuma em um jogo que produz as agendas e a moralidade defendidas por políticos avizinham. a todo vapor – não há pacificação, pelo contrário, muitas disputas ainda se disso. As agressões e tentativas de controlardesse ocurso processo estão Os tempos frios que vivemos, como disse Durkheim, têm inviabilizado dis- Para chegarà“cabeça”, aestratégia de se apresentarmais um como A religião, aocontrário doquepossa parecer, pode ir perdendo espaço Recife: Fundação JoaquimNabuco,2011. anildo; ANDRADE, Péricles. (Org.).Religião e Cidadania ______. Só Deus resolve: desafios evangélicos à ordem mundana. In: BURITY, Jo- Religião eEspaçoPúblico.SãoPaulo: Attar Editorial, 2003. Patrícia. Imagens religiosasBIRMAN, e projetos para ofuturo.(Org.). In:______. trópolis, RiodeJaneiro: Vozes, 2006. nata; FAUSTINO, Teixeira. (Org.). AsreligiõesBrasil no : continuidades e rupturas. Pe- Luiz Religião: trânsitoBENEDETTI, Roberto. ou indeferenciação?. In: MENEZES, Re Janeiro: Campus,1992. BARBOSA, Lívia. Jeitinhobrasileiro de ser maisigualque os outros. Riode ouaarte en Europe del’Ouest. AUBRÉE,Marion. Unnéo-pentecôtisme brésilien parmi les populations immigrées zes, 1986. Hugo.Igreja ASSMANN, eletrônica e seu impacto na América Latina. Petrópolis: Vo- Prismas, 2016. conflito. e ARAÚJO, Christina Vital da. Religião Melvina; CUNHA, Brasileira eCiênciasSociais-vol. 25n°72.2010. ALVES,José Augusto Lindgren. Coexistência cultural e“guerras de religião”. Revista 2000. movimentos sociais latino-americanos: novas leituras. Belo Horizonte: Editora UFMG, ALVAREZ, Sonia;DAGNINO, Evelina; (orgs). ESCOBAR, Arturo lis: Vozes, 2006. Faustino.TEIXEIRA, (Org.). ______. A expansão pentecostal: circulação e flexibilidade In: MENEZES, Renata; Nome, 2009. ALMEIDA, Ronaldo. ______. p. 03-08,2004. Mídia, pluralismo______. e atitude política.Democracia Viva, Riode Janeiro, v. 22, ALDÉ, Alessandra. Aconstruçãodapolítica Bibliográficas Referências Como vota obrasileiro. SãoPaulo: Xamã,1998. A Igreja Universal e os seus demônios. SãoPaulo: Terceiro Anthropologie eSocieté,Quebec,v. 27.n.1,2003. As religiões noBrasil: continuidades e rupturas. Petrópo . RiodeJaneiro: FGV, 2004. . SãoCristovão: Editora UFS; Cultura epolíticanos Curitiba: Editora - - 135 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 136

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 “ deRobsonRodovalho:Carta Anexo 1 cristão façasua escolhacommaiorconhecimento decausa. de ordem, apenas de colaboração para que, noseu livre-arbítrio, oeleitor de nossas igrejas quais as nossas opções em cada eleição. Não há relação esse espírito quenós,líderes cristãos,devemos apresentar aos membros para o próximo nada diferente do que buscamos para nós mesmos. E é com duzir e representar, prima pelo respeito ao outro, fundamentalmente pensar nos anos80, a igrejaformação, Sara Nossa Terra, quetenho ahonra decon- conduzidas por líderes que mantêm seu rebanho em cabrestos. Desde sua promissar. dos candidatos quedecidirem apoiar. Nãoémais pedir. Énegociar, com mais força e respeito para colocar os pleitos dos fiéis no programa de ação mento evangélico“ como candidatura do pastor Everaldo revela clara mudança de posição doseg nome temsidodiscreta, conformeasmaisrecentes pesquisas. fato que,aomenos nessa antessala do pleito,do eleitorado aopção seu por não de um consenso entre líderes evangélicos e suas denominações. E é por isso”. pelo apoio donosso segmento será“além com disso”, enão“pelo menos sição para torná-las realidade. compromissoEntão, qualquer quese faça e dafamília.Por suafé cristã, ocandidato trazpressuposto como dispo- candidatura chega aopleito que comprometidaas bandeirascom da vida de nossafé cristã.Em2014,noentanto, ocenáriomudou. partilham que fiéis dos votos de milhares dos busca em conosco firmados compromissos esquecidos vermos eleitos, os definidos logo tão mamos, didatos nos anos de eleições. também Da já mesma forma, nos acostu- Antes pedintes,hoje negociadores” É ingênuo quempensa evangélicoo mundo multidões informes, como Mas a discussão que aquise propõe independe da sua viabilidade. A A candidatura do Pastor Everaldo (PSC) nasceu de seu próprio partido, O fundamental é que, neste ano, os evangélicos têm a opção de uma de can- do calendário dos ministérios evangélicos o cortejo Já faz parte player ” do jogo político.Suas lideranças ganham - - sassinadas embrigasdefamília,comotem ocorrido noEstadodeSãoPaulo. como revelou aFolha em13 dejunho,acadadoisdiastrês pessoassãoas- tam rever a vida dentro de casa. Não é possível seguir uma rotina em que, vida fora decasa,tambémtenhaesecomprometa comvalores quepermi- em segurança. sem frear o crescimento, de estratégia e força para o cidadão de bem viver inflação a conter para medidas de saúde, da reestruturação de industrial, O projetospaís clamapor de consumo. efetiva delogística,uma política pliação deprogramas assistenciais e daascensão da classe D aomercado visivelmente distante–esedistanciacadavez mais. rumo do desenvolvimento e da prosperidade, uma rota da qual o país está de alicerce permite reunir asforças necessárias para recolocaro Brasil no tipo esse Somente cidadãos. nos florescer fazer precisamos que essência seguimos e da perseverança com que buscamos sua realização. Eis aí a que princípios dos significado o amplificar fará projeção Essa embate. do dade, respeitados comocidadãos,nãonúmero devotos. Só que agora reconhecidos pela efetiva representação que temos na socie- que nuncaestamos dispostos adebater, doprocesso eleitoral. aparticipar natural, masnãoobrigatório,de votoopção como para osegmento, maisdo 141 milhões de votantes. nome esse Com dispondodeum capital, mesmo alizado disponível, estamos falando em cerca de 31 milhões de votos entre para o universo doeleitorado existente em julho de 2013, o dadomais atu- éramos 22,2% naquele ano. Seprojetarmosda população esse percentual ROBSON RODOVALHO Terá a preferência dos evangélicos para aquele que, além desse acerto a O Brasil de hoje precisa e merece ter uma gestão que vá além da am- O nome doPastor Everaldo vai entrar emtrajetória ascendente ao longo O número deevangélicos cresce acadadia.Segundoocensode2010, 58, físico,ébispoepresidente daigreja evangélica Sara Nossa Terra. je-negociadores.shtml www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/06/1476384-robson-rodovalho-antes-pedintes-ho- Fonte: Folha da São Paulo. Data da matéria: 26 de Junho de 2014. Disponível em . Acessoem06deJulho2014. , http:// 145 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 146

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Entrevista comSilasMalafaia Anexo 2 em suacontapessoalno Twitter terça-feira, xuais a elegerem mais deputados do queos evangélicos. Na manhã desta homosse- causas pelas ativistas os desafia e sociedade da diversos tos seff e oPT estão dandoum“tiro na cabeça” aotentarem agradar segmen logo agora”. O líder religioso também afirmou que a presidente Dilma Rous- apoiar Marina Silva (PSB) em umprovável segundo turno, se ela não “levar em umprovável segundoturno. para discussão do grupo e foi modificado. Ainda assim, os direitos os para assim, os Ainda modificado. foi e grupo parado discussão ficou responsável por essa parte e exageraram. Aí, provavelmente, voltaram seus programas inteiramente. Delegaram para suas equipes. O PSB-LGBT lido tenham eles que desafio eu e Marina e Dilma Aécio, Chamem debate? tudo oqueativismo gaya favor, for eusoucontra. Quem é que trouxe o falaram quenãovão apoiar. Eles que sãointransigentes. Ideologicamente, gays ativistas os correção, uma fizeram eles porque Só acredito. que tudo turno éMarina.Por isso,meuvoto édelaemoutro momento. de palavra,um homem meuvoto é dele. Mas quem deve ir para o segundo for contra aDilma,amigo doEveraldo eutambém sou.Sou há 30 anos, sou um segundomomento? turno e Marina Silva (PSB) no segundo. Por que apoiar Marina somente em RIO - Em entrevista ao GLOBO, o pastor Silas Malafaia confirma que vai que confirma Malafaia GLOBO,Silas pastorao entrevistao Em - RIO Em entrevista ao GLOBO, líder religioso confirma apoio para Marina Silva Vejasão osincoerentes. quem O programa daMarinanãocontempla O queosenhorachoudamudançadoprograma deMarina? Se duvidar, nemvai paraMarina leva osegundoturno. logoagora. Quem primeiro no (PSC) Everaldo Pastor o apoiar vai que declarou senhor O Malafaia publicou seu apoio a Marina Silva, no segundo turno, segundo no Silva, Marina a apoio seu publicou Malafaia . - mas para deixar legado. Ela não podementirdepois. um Outra coisaéo fato Everaldo, Levy... Sóse forDilmacontra Luciana Genro que voto nulo. quem forcontra a Dilma, eu tambémsoucontra. Pode ser Marina, Aécio, de vista, é moral! político. Repito: Éoesgotamento de poder de um partido candidata. Écandidatadopovo. Eu interpreto o pensamento dessa maioria. pensam iguaisanós,sãomaisde20%. Jádeuamaioria.Marinanãoéminha do IBGE de 2010. Os católicos praticantes, que nestestemas defendo represento. Cerca de 25% a 27% da população é evangélica, segundo dados da população, as mas mesmas isso que não grandequer dizer que eu a parte eleições. Covardes. Hipócritas.Éopoderpelopoder. pastoré otárioeevangélico éidiota. Vão tomarsurrauma históricanessas prometem benefícios para as igrejas evangélicas? Dilma e o PT acham que de governo. Anunciamque vão retomar este projeto e ao mesmo tempo seguimos isso, derrubar querem retomar?O PT não fez isso nesses 12 anos monstrado omonte de aberração jurídicaqueexiste nele. Depois que con- PLC 122 (projeto quecriminaliza a homofobia).Ele já foi discutido e foi de- vela para Satanás e uma para Deus. Olha a incoerência: querem retomara dir osbenefíciosdaIgreja Católica para asevangélicas? gar sãoeles(osativistasgays). mas temdez para osgays. Os intolerantes são eles. Quem nãoquerdialo- eles. com O programa dela não temnenhuma linha do pensamento cristão gays lá (no programa de Marina) ainda estão grandes e eu nãoconcordo A postura deMarina. AMarinadiz que nãoécandidata para reeleição, O queteagradou nacandidatura deMarina? O maior escândalo é de do corrupção PT. Então é moral! Deste ponto A campanhaestásetornando moral? Não soufalsohumildeenempensoque“o cara”. Minhasopiniõessão O senhorvirou umafigura central nessaseleições... a cabeça deles mesmos. Acendemuma Estão dando tiro e vão acertar E sobre o anúncio de que a presidente Dilma Rousseff prometeu expan - 147 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 148

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 para queestasquestões sejamdiscutidaslá(noCongresso). evangélica da história. Os ativistas gays que elejam seus representantes disse que Marx é melhor queJesus? Nós vamos eleger a maior bancada tra coisa é a ideologia. É um jogo ideológico de oposição poderoso. Quem é judaico-cristão. Tudo nele é judaico-cristão. Umacoisa é a religião, ou apoiamos, é um jogo muito malandro da esquerda. Nosso modelo ocidental líticas lugar.em qualquer Essa ideia, exemplo,por deestado laico,quenós definir aeleição? econômica. Fizeram.de bom? ter distribuição Nãotemcomo de renda sem estabilidade fizeram nada PTnão o e PSDB o que dizer Quer passado. o negar não dela Em uma sociedade Em livre, as pessoas podem buscarsuas convicções po- pode questões essas a relação em candidatos dos posicionamento O faia-13806542. Acessoem02deSetembro de2014. globo.com/brasil/dilma-o-pt-acham-que-pastor-otario-evangelico-idiota-diz-silas-mala- Fonte: O Globo. Data da matéria: 02 de Setembro de 2014. Disponível em http://oglobo. - PolíticaNPS) Social(P Nacional deParticipação da Frente Parlamentar E Manifesto deevangélicos contra aposição Anexo 3 participado de diversos espaços de participação socialnas últimas déca- dediversos espaços departicipação participado cessária. ReinholdNiebuhr sível; mas a inclinação dohomempara a injustiça torna a democracia ne tar publicamentesobre taldecreto. socialviemosnosmanifestidas as diferentescom de participação formas guns senadores desta casa. Pastores e lideranças evangélicas comprome as tantas manifestações contrárias à PNPS que foram verbalizadas por al- há décadas deespaçosformaisparticipação nós quetemosparticipado (PNPS), através do Decreto 8.243/2014. Causou estranheza a muitos de Presidência Social da República lançou a Política Nacional de Participação Prezados deputadosedeputadas, DEPARTICIPAÇÃO SOCIAL do Congresso Nacional. te Parlamentar Evangélica, o manifesto mandadoa todos os parlamentares Nós, membros de diferentes igrejas e organizações cristãs que temos paraA capacidade dohomem praticar ajustiça torna ademocracia pos- NãoHáDemocracia!Sem Participação Durante o evento Social, de 21 a 23 de maio, a Arena de Participação EVANGÉLICOS DIVULGAM CARTA DEAPOIOÀPOLÍTICA NACIONAL Assunto: Enviada em:terça-feira, 1dejulho201416:27 SocialManifestoDe: Participação [mailto: [email protected]] Abaixo, transcrevo, conforme me foi enviado hoje oficialmente pela Fren vangélica sobre a

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 cracia através social,nos de compromediferentes- formas de participação e organizações quetêm contribuídopara denossa demo- ofortalecimento ticipação dasociedade cristãos civil. Como e cristãs de diferentes igrejas para garantir políticaspúblicasquesejamefetivas. Social (PNPS) amplia a capacidade da sociedade de incidir Participação cluindo lideranças evangélicas, não percebamque aPolítica Nacionalde sociais básicosetc. de ética na política e transparência na gestão pública, oacesso a serviços nosso paísasuperar problemas estruturaisa desigualdade, afalta como nas Jornadas de Junho, que deseja mudanças reais e profundas que levem a sociedade brasileira vem demonstrando também recentemente, como de formulaçãopolíticaspúblicasnoperíodopós-redemocratização. robora queasociedade brasileira se apropria cadavez mais dos processos além de audiências e mais recentemente as plataformas online, o quecor social as como conferênciastes mecanismos de e participação conselhos, direta. bilidade departicipação cracia que garante participativa aos cidadãos e cidadãs brasileiros a possi Constituição de 1988 veio, por suavez, consagrar instrumentos de demo demandas da própria sociedade brasileira nas suas lutas democráticas. A das políticas públicas no Brasil não énova, equese constituiu através das políticas comonasuaprestação decontas. das elaboração na critérios e prioridades das definição na tanto cidadania nando assim a permanente interaçãoe diálogoentre opoderpúblicoea toda a administração pública federal, conforme define o decreto, proporcio- da sociedade civil na construção de políticas públicas em de participação cia brasileira é aperfeiçoada comagarantia da utilização dos mecanismos procedimento pação socialcomo de governo. Acreditamos queademocra- passo no sentido de institucionalizar a partici lamentação um importante Social(PNPS). ConsideramosPolítica Nacional de Participação esta regu- das, nos posicionamos em favor do Decreto 8.243/2014 que regulamenta a Afirmamos que a democracia se faz e se constrói no dia a dia com a par- Por isso, surpreende-nos que alguns setores da sociedade brasileira, in nos mecanismos institucionais, Em consonância esta com participação Nos últimos anos vimos o uso mais regular e sistematizado de diferen É preciso lembrar que a democratização do processo de construção ------Emerson Meira daSilva, –2014. SINPRO-ABC,CONAE Gerhard Fuchs, RedeEvangélica RENAS NacionaldeAçãoSocial,CEDECA-PR. gresso daONUsobre Prevenção doCrimeeJustiça Criminal. Ana MariaF. S.deG.Santos, Federação Brasileira deDireitos Humanos,13ºCon Aldo Cardoso, EPJ –Evangélicos pelaJustiça,CONSOCIAL. e3conferênciasSão Roque,CMAS domesmo. Maria do BarrosCarmo Comunidade Evangélicade Carvalho, Vale da Benção em Tábata Mori,Igreja Presbiteriana, Conferência dePP Juventude. Hiranildes Valentina Lobo, PIB em Santo Hilário, Conferencia Municipal de Mulheres. Juventude (2008). Caio Marçal, Rede FALE e Igreja Batista da Redenção (MG), Conselho Nacional de Flávio Conrado, VisãoMundial,DiálogosSociaissobre Rio+20eAgenda Pós-2015. Nacional deJuventude (2009-2011). Márcia Brandão Rodrigues Aguilar, Aliança Bíblica Universitária do Brasil, Conselho Daniela Frozi, ConselhodeSegurança RENAS, AlimentareNutricional. do Adolescente. Klênia César Fassoni, Editora Ultimato, Conselho Municipal de Direitos daCriançae Rev. HelioSalesRios,IPBeSINPRO-ABC,CONTEE. Janeiro –CONIC-Rio. Pra. Lusmarina CamposGarcia, Conselho de Igrejas Cristãs do Estado Riode Pr. ChristianGillis,Igreja Batista -BeloHorizonte. giosa. Pra. Romi Márcia Bencke, CONIC, Comitê Nacional de Respeito àDiversidade Reli Criança eAdolescente,VisãoMundial. Pr. Welinton Pereira daSilva, secretário nacional do FórumNacional dos Direitos da lho deSegurança AlimentareNutricional. Pr. Ariovaldo Ramos dosSantos, EPJ – Evangélicos Pela Justiça, CONSEA–Conse Assinam: tiça, liberdade e solidariedade, valores evangélicos que decidimosencarnar. mais democratizado para queatenda aos ideais de dignidade humana, jus- continuaremoscomo lutando para que o Estado brasileiro seja cada vez temos edeclaramos quenãovamos abrirmãodessa prerrogativa assim - - - 151 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 152

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Bruno deSouzaFerreira, Igreja Presbiteriana doBrasil. André Luiz daSilva, Cívico,Conferência de Transparência eControle Social. Luiz ClaudioOliveira dosSantos, PIBPonto Chic,Conferência deJuventudes. Nacional deJuventude –CONJUVE. Ana Elizabete Barreira Machado,AliançaBíblica Universitária do Brasil, Conselho Luciney CoutinhoLuz, Igreja BatistadaGraça, AssistênciaSocial. José CarlosOliveira Costa,Sinpro-ABC. Anivaldo Padilha, Koinonia. RedeFALE,Renan Porto, 4ªConferência MunicipaldeJuventude deUberaba-MG. reitos Humanos. Hernani Francisco daSilva, Afrokut –Rede Social deNegras e Negros Cristãos, Di Alexandre deOliveira Demidoff,AGU. Estado deSãoPaulo sobre Políticas PúblicasdeJuventude. Pr. Reinaldo Vieira Lima Junior, Primeira Igreja Batista em SãoPaulo, Conferência do cação. Rafael Simões Vaillant, Igreja Batista em Guarapari, Conferência Municipal de Edu- Pr. ClemirFernandes, RENAS. Braga,Mauri deCarvalho ISJB/CESAMMG. do AdolescenteRiodeJaneiro. Sueli Catarina de Visão Carvalho, Mundial, Fórum Estadual de Direitos da Criança e David Fehrmann, Tree ofLife, REPAS. - E Integrantes daFrente Parlamentar Anexo 5 Nome Weliton Prado Stefano Aguiar George Hilton Elizeu Dionizio Fabio Garcia Professor VitorioGally Eliziane Gama Cleber Verde Fábio Sousa João Campos Max Filho Carlos Manato Sérgio Vidigal Ronaldo Fonseca Ronaldo Martins Irmão Lazaro Tia Eron Erivelton Santana Márcio Marinho Sérgio Brito Hissa Abrahão Silas Câmara André Abdon JHC Alan Rick vangélica no Congresso N acional MG MG MG MS MT MT MA MA GO GO ES ES ES DF CE BA BA BA BA BA AM AM AP AL AC UF PMB PSD PROS PSDB PSB PSC PPS PRB PSDB PRB PSDB SD PDT PROS PRB PSC PRB PEN PRB PSD PDT PRB PP PSB PRB Partido Igreja Batista Igreja Quadrangular Igreja Universal doReinodeDeus Assembleia deDeus SaraNossa Terra Assembleia deDeus Assembleia deDeus Assembleia deDeus Igreja Fonte daVida Assembleia deDeus Igreja Presbiteriana Igreja Maranata Igreja Batista Assembleia deDeus Assembleia deDeus Igreja Batista Igreja Universal doReinodeDeus Assembleia deDeus Igreja Universal doReinodeDeus Igreja Batista Aliança Evangélica Assembleia deDeus Assembleia deDeus Internacional daGraça Igreja Batista Denominação 153 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 154

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 Jair Bolsonaro Alexandre Serfiotis Sales Roberto Ezequiel Teixeira Altineu Côrtes Marcos Soares Francisco Floriano Benedita daSilva Cabo Daciolo Arolde deOliveira Áureo Rosangela Gomes Leonardo Quintão Sóstenes Cavalcant Washington Reis Eduardo Cunha Clarissa Garotinho Rejane Dias Anderson Ferreira Pastor Eurico Toninho Wandscheer Marcelo Belinati Edmar Arruda Fernando Francischini Delegado Takayama Chistiane Yared Aguinaldo Ribeiro Josué Bengtson Júlia Marinho Franklin Lima Lincoln Portela

e RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ PI PE PE PR PR PR PR PR PR PB PA PA MG MG MG PSC PMDB PRB PTN PMDB DEM DEM PT PTdoB PSC SD PRB DEM PMDB PMDB PR PT PR PHS PROS PP PSD SD PSC PR PP PTB PSC PP PRB PMDB Assembleia deDeus Igreja Fazei Discípulos Igreja Universal doReinodeDeus Igreja deNova Vida Assembleia deDeus Igreja Internacional daGraça Igreja Mundial doPoder deDeus Igreja Presbiteriana Evangélico nãodeterminado Igreja Batista Igreja Metodista Igreja Universal doReinodeDeus Assembleia deDeus Igreja deNova Vida Assembleia deDeus Igreja Presbiteriana Igreja CristãdaFamília Assembleia deDeus Assembleia deDeus Igreja Presbiteriana Assembleia deDeus Igreja Presbiteriana Assembleia deDeus Assembleia deDeus Igreja Quadrangular Igreja Batista Igreja Quadrangular Assembleia deDeus Igreja MundialdoPoder deDeus Igreja Batista Igreja Presbiteriana *Atualizada em25desetembro de2016. Antônio Jácome SENADOR AtaídesSENADOR Oliveira MarceloSENADOR Crivella WalterSENADOR Pinheiro MagnoMalta SENADOR Pastor JonyMarcos Laercio deOliveira Fausto Pinato Eduardo Bolsonaro Alves Roberto Vinicius Carvalho Bruna Furlan de LucenaRoberto Paulo Freire Edinho Araujo Nascimento Gilberto Antonio Bulhões Missionário JoséOlimpio Jefferson Campos Jorge Tadeu Marco Feliciano Geovania deSá Carlos Andrade Jhonatan deJesus Lindomar Garçon Nilton Capixaba Marcos Rogério Luiz CarlosHeinze Carlos Gomes Ronaldo Nogueira Onyx Lorenzone TO RJ BA ES SE SE SP SP SP SP SP SP SP SP SP SP SP SP SP SP SC RR RR RO RO RO RS RS RS RS RN PSDB PRB S/P PR PRB SD PP PSC PRB PRB PSDB PV PR PMDB PSC PRB DEM PSD DEM PSC PSDB PHS PRB PRB PTB DEM PP PRB PTB DEM PTN Evangélico não determinado Igreja Universal doReinodeDeus Igreja Batista Igreja Batista Igreja Universal doReinodeDeus Igreja Presbiteriana Congregação CristãdoBrasil Igreja Batista Igreja Universal doReinodeDeus Igreja Universal doReinodeDeus Congregação CristãdoBrasil Igreja Brasil para Cristo Assembleia deDeus Igreja Presbiteriana Assembleia deDeus Igreja Universal doReinodeDeus Igreja MundialdoPoder deDeus Igreja Quadrangular SaraNossa Terra Assembleia deDeus Assembleia deDeus Assembleia deDeus Igreja Universal doReinodeDeus Assembleia deDeus Assembleia deDeus Assembleia deDeus Igreja Luterana Igreja Universal doReinodeDeus Assembleia deDeus Igreja Luterana Assembleia deDeus 155 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 156

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 e liberdades laicasno Brasil contemporâneo Sessão Extra: Religião,direitos favor do fortalecimento dademocraciafavor dofortalecimento brasileira. des laicas, relacionando-o às atuais incidências públicas desse grupo em do movimento ecumênico pela defesa dos direitos humanos e das liberda- noqualse propõe a analisar o posicionamento histórico umartigo bui com sando movimentos sociais, religião e democracia. Nesta publicação, contri- de Brasília/UnB, vem desenvolvendo pesquisas desde seu mestrado anali grama de Pós-Graduaçãoem Antropologia daUniversidade Social/PPGAS conservadores. direita ecompartidos social e político, um elemento de agregação de setores identificados com a vadores evangélicos e acentralidade da “bandeira dafamília” nodebate neoconser- de político perfil o enfatizando décadas, últimas das brasileiro Globo, apresenta um ensaio sobre as transformações no cenário religioso de – Grupopesquisa em Mídia, Religião e Cultura – e colunista do jornal Social da Universidademunicação Metodista de São Paulo e líder do MIRE ões nostribunaiseemtemáticassociaisrelevantes. dois magistrados muito críticos quanto à natureza da presença das religi de sileiroa participação naatualidade.contamos com Naquela publicação, bra- público espaço no religião da geral mais tema o sobre reflexão a para a rede de interlocutores de diferentes do ISERe colaboram, a meios, partir toras que não integraram a equipe inicial da pesquisa, mas que integram a Fundaçãocom de au- a contribuição Heinrich Böll, contamos aquicom mulheres e de LGBTs no Brasil” uma análise da atuação de parlamentares evangélicos sobre direitos das Tatiane doutoranda dos Santos Duarte, em Antropologia Social doPro- Nesta, Magali Cunha, professora do Programa de Pós-Graduação em Co- Nesta sessão, seguindo a estrutura“Religião dapublicação ePolítica: , também resultado de parceriauma do ISER

O - - servadorismo evangélico nasmídiasno Brasil gênero, religião epolítica no contexto doneocon “É preciso salvar afamília”: 134 Genebra/Suíça. Cristã, seção Latina América (WACC-AL), e é colaboradora do Conselho Mundial de Igrejas, com sede em Culture), é representante da Universidade Metodista de São Paulo na Associação Mundial de Comunicação Integra a Associação Internacional Mídia, Religião e Cultura (International Association Media Religion and Eclesialde Comunicação (ECLESIOCOM), ligada à Cátedra e Unescode Desenvolvimento.Comunicação e líder do Grupo de Pesquisa Mídia, Religião e Cultura (MIRE). É coordenadora da Conferência Brasileira intensa de lideranças defensoras de ideias e posturas explicitamente con- da primeira década doséculo XXI, tem sido alcançada visibilidade mais e na esfera da virada pública. Chamaa atenção que, emespecial a partir segmentoestímulo cristãoe a como disputas de poder no campo religioso cos nas mídiasreligiosas e não-religiosas fonte de como visibilidade desse religiosas, sejamdeconsumobensoulazer eentretenimento. especialmente desenhados parae serviços atender às suas necessidades torna os cristãos um segmento de produtos de mercado, pormeioda oferta crescimento domercado dareligião e oavanço domarketing religioso, que mais espaços de poder na esfera de algumas igrejas; (4) o pública por parte da evangélica (Frente Parlamentar Evangélica) nítidos e com projetos por com a consequente consolidação da banca- gélicos na política partidária, desse grupo nas mídias digitais; (3) de a maior ocupação espaço dos evan- nas dos diferentesmídias tradicionais e a extensa segmentosparticipação ção da presença das igrejas evangélicas, majoritariamente pentecostais, queda do númerolação evangélica de católicos; (2) a amplia- e uma forte o cenário do cristianismo, ao provocar umcrescimento explosivo da popu um sem-número de igrejas autônomas ou autóctones, o que transformou doramoentre si: (1) o fortalecimento pentecostal, o surgimentocom de interligados fenômenos quatro de articulação a nelas identificar Podemos aatençãodopúblicointeressadodos naacademia e chamado no tema. Professora do Programa de Pós-Graduaçãoda Universidade emComunicação Metodista de São Paulo Esta reflexão volta seu olhar à intensificação da presença dos evangéli dos presença da intensificação à olhar seu volta reflexão Esta estu intensificado têm Brasil no religioso quadro no Transformações Magali doNascimento Cunha 134 - - - - 157 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 158

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 E nos últimoscincoanosemseuscontextos midiatizados. ênfase cesso, com em situações emtorno dotema“gênero” destacadas pro- esse sobre refletir busca texto Este gênero. e humanos direitos para e a 2000, potencialização com ade abertura políticas públicas voltadas culturais que oBrasildos anos tem experimentado, emespecial a partir que emergeneoconservadorismo, reaçãocomo às transformações socio- tempos, emqueareligião temcomoaliadosomercado eastecnologias. servadoras aos novos e que se apresentam modernas, pertencentes como mencionado aumento de visibilidade de lideranças conservadoras que se política. vidual esocial),entre elasaparticipação das sociais (resultante da espiritualização das questões da existência indi deman - isolamento das de e afirmar) se buscam que minorias (própriasde da mesma ação de missionários), também anticatólicas e antiecumênicas (3) pelas posturas de negação das manifestações culturais do país (fruto pioneiros missionários que vieram do sul dos EUA ao Brasil); doséculo XIX na busca da salvação da alma (influência do puritanismo e do pietismo dos do texto sagrado cristão,a Bíblia; (2) por umaênfase na piedade pessoal Brasil: (1) uma leiturapor predominantemente fundamentalista (literalista) o segmento,formam osevangélicos são historicamente reconhecidos no vadores. Independentemente das peculiaridades dos distintos grupos que em comumdiscursosconservadores do ponto devistada dinâmica social. sas que ultrapassam até mesmo os arraiais evangélicos, essas pessoas têm Além davisibilidadequeastransforma emautoridades/referências religio- pel tornaram-se membros dabancadaevangélica noCongresso Nacional. ços depoderna esfera pública: pastores, pastoras, cantores ecantoras gos- explícito.conservadorismo seusespa - Lideranças midiáticastêmfortalecido cado eastecnologias,masqueserevelam defensoras deposturas deum aosnovos tempos,emqueareligião temcomoaliadosomer- pertencentes visibilidade mais intensa de lideranças evangélicas que se apresentam como cos doneoconservadorismo evangélico no Brasil Podemos identificar uma nova face do conservadorismo religioso, um religioso, conservadorismo do face nova uma identificar Podemos O neoconservadorismo evangélicoO neoconservadorismo – “neo”, justamente devido aojá conser- traços fortes tem evangélicos dos identitária configuração A fenômenoUm configurase que instigado 2010 tem anos nos a reflexões: - reeleitos em novos pleitos e ganham mais espaço e legitimidade. Portanto, são conservadores como identificados outros tantos e esse representa”–, Humanos eMinorias daCâmara dosDeputados (2013) – “Feliciano não me colha doPastor MarcoFeliciano presidente como da Comissão de Direitos vulgados em manifestações presenciais e nas redes sociais quando da es em estádiosdefuteboleinúmeras postagensemmídiasdigitas. um elemento significativo: a identificação de não poucos casos de racismo e, mais recentemente, Rachel Sheherazade, no SBT. Soma-se nesse quadro Bandeirantes; Marcelo Rezende, na Rede Record; Luiz Pondé, na Cultura;TV naldo Azevedo, na revista Jabour, Alexandre Garcia Pereira, eMerval nas OrganizaçõesRei Globo; essas perspectivas,fenderemé o exemplo como de Arnaldo abertamente tura noticiosa,temdadoamploespaçopara analistas e comentaristas de- proprietários, e que, pelo menos na última década, em especial na cober mente alinhadas a valores e políticas conservadoras, dado o perfil dos seus verno doPT anível nacional. Brasil. Segundo esses discursos, esse seria o verdadeiro propósito dogo- ingredientecomo uma possível ameaça de tomaro comunismo conta do legislação que responda a essas demandas. Alguns apelos ainda tomam Trabalhadores (PT) assumiu de em mais 2002, espaços paracom abertura sexual, reforçados pelas ações do governo federal dos desde que oPartido movimentos civis por direitos sexuais e pelo enfrentamento da violência “é preciso salvar a família”. Em sua visão, a família está sob a ameaça dos em destaque têm captado apoio para além do círculo religioso com o mote (Estado mínimo e elogios ao livre mercado), as personagens evangélicas mossexuais) e de princípios caros ao liberalismo na política e na economia eocontrole da natalidade e a favoraborto daassistência psicológica aho- sonaro (PSC-RJ). Com discursos dentro do ideário da moral cristã (contra o à candidatura à presidência do deputado federal ultra-conservador Jair Bol militar e livremandando intervenção posse de armas e explicitando apoio da presidente Dilma Rousseff, no período de 2014 a 2016, com grupos de- pública brasileira, nos observado recentes movimentos pró-impeachment tro de posturas de um contexto de fortalecimento conservadoras na esfera den estar – parece tempos novos dos representantes como apresentam Constatar esses aspectos é refletir que, apesar dos tantos slogans di- slogans tantos dos apesar que, refletir é aspectos esses Constatar Todoesse processo temamediaçãodas mídias noBrasil, historica Veja; José Luiz Datena e Boris Casoy, no Grupo ------159 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 160

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 caro para atradição judaico-cristã-ocidental:asexualidade. no campo da legislação e das políticas públicas voltados para um tema tempo presente no Brasil está ancorada na reação emtornodos avanços lógicas emcursonasociedadebrasileira. ideo- há quemse sinta representado, o queindica o pesodas articulações A bandeira da“salvação dafamília” Sistema de Único Saúde (SUS); oregistro das uniões estáveis de casais a do cônjuge; realização da cirurgia parada morte mudança de sexo pelo declaração de Imposto de Renda; o recebimento de pensão do INSS depois preferem ser chamados); a inclusão do companheiro ou companheira na mo sexo; ousodo“nome social” (nome pelo qual travestis e transexuais pela população LGBT, tais a como: adoção de crianças por casais do mes- República. Vários direitos foram conquistados,marcadamente desde 2008, e Minorias e de Políticas para Mulheres, ambas ligadas à Presidência da seff (2011-2016),foram quando criadassecretarias de Direitos Humanos sidente Luiz Inácio Lula da Silva (2002-2010) e a presidente Dilma Rous- dos dos governos do Partido Trabalhadores,especial, a partir com o pre- tornos dosdireitos das mulheres LGBT.e da população Isso ocorreu, em cubanos participantes do cubanos participantes programa governamental Foto: GabrielaKorossy / Câmara dosDeputados Audiência públicasobre Médicos. Presidente da a situaçãoesuposta CDHM, dep.Pr. Marco humanos demédicos É nesse sentido que atônica evangélico dodiscurso neoconservador no No Brasil contemporâneo, foram experimentados muitos avanços em violação dedireitos Feliciano (PSC-SP), denominado Mais 02/10/2013. to, osmovimentos feministas e LGBT são identificados como inimigos. ção dafamília”, interpretada comobaseda sociedadeedavida.Nessecontex- como alvos a serem combatidos, por representarem um processo de “destrui- especialmente noquedizrespeito aosdireitos reprodutivos. sido defendidos nos espaços legislativos e executivos do poderpúblico, feministas, no entanto, demandammais espaço para temas que nãotêm tas, os como direitos concedidos às empregadas domésticas. Movimentos sexual em toda rede pública desaúde;eosavanços nas questões trabalhis crime hediondo; o atendimento imediato às mulheres vítimas de violência no campo da saúde e da justiça; o reconhecimento dofeminicídio como Mulher Brasileira para atendimento de diferentes demandas de mulheres políticas de prevenção e combate à violência contra a mulher; a Casa da que prevê punição mais ampla a agressores de mulheres, além de diversas em casamentos civis. união estável homossexual; e a conversão de uniões estáveis homoafetivas sexuais; o benefício de licença-paternidade a um pai adotivo quevive em os direitosmilitar, ebenefíciosdeum casais heteroscom já ocorria como - cônjuge domesmosexo na identidade militar, permitindoacesso a todos pendentes em planos de saúde e de previdência; a inclusão do nome além doaval de tornarem-seças e pensões (alimentícia ou pormorte), de- homossexuais, o que permite que essas pessoas tenham acesso a heran- religiosos e repercutida nas grandes mídias noticiosas, foi consolidada Esses avanços têm sido interpretados por grupos religiosos conservadores As mulheres também conquistaram direitos,a Lei como: Maria da Penha, A partir dessa perspectiva amplamente exposta veículospor midiáticos A partir (Deputado Federal Pastor Marco Feliciano) . vegeto emorro. so pensar. Setirarem omeupoderde pensar, eunão vivo. Eu liberdade intelectual. A minhaliberdade deexpressão. Eu pos- sexual deles, que é secundária, temqueser permitida a minha lutam pela liberdade sexual deles. Só queantes da liberdade contra a minha liberdade de pensamento e de expressão. Eles o seu estilo de vida e sobrea sua condição E eles mim. lutam Existe uma ditadura chamada [...] ‘gayzista’. Eles querem impor - 161 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 162

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 pelo apoio conservador a Marcopelo apoio conservador Feliciano no caso de 2013, decidiu lançar naro (PP). Dali em diante, tornou-se slogan eleitoralembalado doPSC,que, católicos romanos, além de parlamentares não-religiosos, Jair como Bolso apoio de evangélicosgrupos de distintas denominações e de segmentos liderada pelopastorde 2013. A articulação Silas Malafaia contouo com Família Tradicional e a Liberdade de Expressão, em Brasília, em 5 de junho por contadeaçõesgovernamentais federais. dos eemvídeonumaretóricado terror de queas famílias estão em risco da FPE Damares Alves, que passaram a falar e disseminar materiais redigi pessoas ligadas à Frente Parlamentar Evangélica a (FPE), advogadacomo campanha ganhouforça entre gruposreligiosos a açãode também com e estácriminaliza a homofobia “congelado” naCâmara dosDeputados. A posição contra ocasamento gay, eoProjeto oaborto deLei 122/2006, que expressão, liberdade religiosa, da família tradicional e da vida” para marcar presidentecomo da CDHM. Assumia-se o lema “em defesa da liberdade de de 2013 a escolhadodeputadofederalcom partir pastor Marco Feliciano tação tem raízes na campanha eleitoral de 2010, mas ganhoupotência a tico Silas Malafaia a com bandeira da “salvação da família”. Essa movimen- liderada pelo deputado federal Pastor Marco Feliciano e pelo pastor midiá- uma campanhaentre evangélicos grupos conservadores, destacadamente Foto: Zeca Ribeiro/Câma Evangélicos ecatólicos religiosa ,05/06/2013. A campanha ganhou visibilidade a com realização da Manifestação pela fazem manifestação a favor daliberdade ra dosDeputados - - - pílula do dia seguinte). Há outros seis projetos correlatos sobre a questão poderá receber medicamentos (tendoalvo como que não a forem abortivos só ela que define e legal aborto sobre orientações receba mulher a que da, só então, ser atendida a mulher em umaunidade de saúde. O PL veta, ain exigência de boletimocorrência dedelitoexame decorpo edeum para, de definição a com estupro, de vítimas mulheres por abortos de alização re- dificultara visa PL O 2015. em comissão em aprovado foi (PMDB-RJ), Rosário (PT-RS), o PL 7582/2014, desde entãoemtramitação em comissões. ton Dias (PT-PI). Um novo projeto foi apresentado pela deputada Maria do Senador (evangélico) MagnoMalta(PR-ES)epeloSenador(católico) Welin- dezembro de 2014, quando foi arquivado, por conta de ações lideradas pelo homossexuais. contra Aprovado na Câmara em 2006, o PL arrastou-se em trâmite pelo Senado até discriminatórias ações – homofobia a criminaliza putados para inviabilizaravotação deumprojeto, oProjeto deLei122/2006, homem eumamulher. um entre exclusiva união a como família de definição a prevê que (PR-PE), do deputadofederal e pastor daAssembleia de Deus Anderson Ferreira destacado é o Estatuto da Família (Projeto de Lei 6583/2013), de autoria apresentado pelo deputado evangélico Pastor Eurico (PSB-PE). Outro texto foi retirado de discussão pelo autor em2013, mas em maiode 2014 foi re- desenvolvimento humano.O projeto 234/2011, depois de muitos protestos, naturaltender que qualquerorientaçãosexual deve do ser vista parte como deixou deconsiderar ahomossexualidade doençaem1990, en como por vo de curar a homossexualidade. A OMS (Organização Mundial de Saúde) (CFP), de 1999, para que psicólogos promovam tratamento com o objeti resoluçãoanulação de uma instituída pelo Conselho Federal de Psicologia lico e presidente da FPEJoãoCampos(PSDB-GO), propõe, emresumo, a “Projetocomo da Cura Gay”. Apresentado pelo deputado federal evangé em evidência é oProjeto deDecreto Legislativo n.234/2011, conhecido de obstáculos a outros projetos na ampliação de direitos.dos textos Um Congresso Nacional e tomadode projetos aforma de lei conservadores ou Foi também motede vários candidatos ao Legislativo nas eleições de 2014. candidato próprio àPresidência da República em 2014, o PastorEveraldo. O Projeto de Lei 5.069/13, do deputado (evangélico) Eduardo Cunha Os grupos religiosos têm conseguido ainda trabalhar na Câmara dos De- Estas pressões têm repercutido na atuação da bancada evangélica no - - - - 163 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 164

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 direitos degênero. Opadre escreveu emseusespaçosmidiáticos: tólicos e evangélicos, cunhada para tratar pejorativamente a noção e os de efeito em guerras verbais explicitadas em espaços midiáticos por ca- instituição social”. “Ideologia de gênero” tornou-se assim nova expressão esquerda que pretende, utilizando o sistema escolar, abolira família como de idealizada, em conjunto fundações internacionais, com pelos partidos [marxista], técnica nova “uma como “gênero” define que Tempesta, Orani utilizado pela primeira vez pelo Arcebispo Católico do Rio de Janeiro D. os próximos 10 anos. do poder executivo, que criava o PNE – Plano Nacional de Educação para cese de Cuiabá (Mato Grosso – Brasil), contra o PL 8035/2010, de origem da Igreja Católica RomanaPaulo Ricardo deAzevedo Júnior–Arquidio- cação. Ele representou uma “cruzada”, assumida nas mídias pelo Padre Plano NacionaldeEducação enosPlanosEstaduaisMunicipais de Edu- em oposição à inclusão do tema “gênero” como elemento transversal no em sintonia com ações de lideranças religiosas evangélicas e católicas foi aprovada emcomissãoeaguarda votação emplenário. questionarem regras ou leis junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). A PEC ções religiosas de caráter nacional na lista de instituições autorizadas a sidente da FPE deputado João Campos (PSDB-GO), que inclui as associa- proposição da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 99/2011, do pre- minalização dasmulheres. aguardando discussão/votaçãodo aborto quenitidamente promovem a cri- Padre Paulo Ricardo foi o propagador do termo “ideologia de gênero”, Um destacado movimento reacionário se deu no Congresso Nacional Essas ações, entre outras que estão em tramitação,a culminamcom lia fundamentada nauniãoentre umhomemeumamulher. relaçãonão possuemqualquer famí de uma a formação com sexualidadecomo normal todas as formas de vida sexual que de gênero. (...) Todos os alunos serão obrigados a aprender ideologia nova a segundo educados serão filhos nossos anos tagonista no Brasil. Se oPlano aprovado,for nos próximos dez organizaçõespor internacionais, é atualmente o principal pro- natural. Éanova revoluçãosocialista de que oPT, orientado máquina armadapara a demolição e a destruição da família O sistema educacional brasileiro será transformadoem uma - os movimentos feministas: espaços nas mídias, a existência de grupos inimigos desse modelo, como o autoridade”.homem como O pastor aproveita para denunciar, em seus “(...) Deus criaumaorganização nessa instituição chamada família,coloca Silas Malafaia reafirma o modelo patriarcal como o que deve ser defendido: divina, instituição como filhos, e mulher homem, por formada tradicional, putado André Moura (SE), líder do PSC na época. Alémde valorizar a família de 2012, foi proferido discurso pelo pastor Silas Malafaia, a convite do de- à da criação data, realizada na Câmara dos Deputados em 20 de novembro deputado Leandro Sampaio(PPS/RJ). Em sessão solene em homenagem de outubro,resultado da aprovaçãodo Projeto deLei (PL) 3.905/2008, do 2012, já havia sidoinstituído oDia Nacional de Valorização daFamília, 21 lia, zoofilia, homossexualismoeetc.” pedofi- incesto apoiam eles sociedade, a assusta não que o falam só livre, tagens sobre otemaemmídiassociais: “A ideologia de gênero apoiaosexo naro representam uma parcela conservadora da sociedade brasileira, é pos- de suapresença emespaçosdiversos emtodas asgrandes mídias. dos evangélicosstatus mo de porta-voz brasileiros, tamanha a incidência mídias. O pastor Malafaia obteve das grandes mídias noticiosas até mes- o que evidencia que esses personagens ganham um tratamento afável das liciano, Silas Malafaia e outros desses líderes simpatia, são exibidos com gumentos. Até mesmo em game shows e programas de humor, Marco Fe - esses grupos garantam a umpúblicomais amplo aexposição de seus ar- paço dado nas grandes mídias (não-religiosas), já como referido, para que repercutem essas abordagens. No entanto, chamaa atenção oamploes Toda a“cruzada” está fundada na“defesa da famíliatradicional”. Em Em concordância, o Pastor Silas Malafaia escreveu, entre inúmeras pos- Portanto, retomandoPortanto, a constatação de que Feliciano, Malafaia e Bolso As mídias religiosas, dos grupos quelideram a serviço tais processos, vai acontecernasgerações futuras, odesarranjo social. a desconstrução dessa família nuclear. Enós vamos ver oque e heteronormatividade da desconstrução a família, da figuras as destruir querem agora E (...) autoridade. significa que o nir defi sabem não elas e homem ao pertence autoridade a que Tem algumasfeministas que se assustam quando agente fala - - - 165 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 166

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 grupos nainternet: de notícias Gospel Maise amplamente repetida em vários cada pelo portal defendido por lideranças religiosas,explicitado como nesta matéria, publi- noticiosas, páginas e contas em mídias sociais) reproduzem oconceito de Televisão, emque foitratado comoumdosprincipaiscandidatos. ganhou destaque entre os entrevistados do Jornal Nacional, da Rede Globo em 2014, o candidatocom à Presidência da República Pastor Everaldo, que ca, explica a “boavontade”Marco midiática com Feliciano, Silas Malafaia e, Câmara dosDeputadosEduardo Cunha. pelo senador evangélico Magno Malta (PR/ES) com apoio do presidente da redução damaioridade penal assumida pelas mídias noticiosas e liderada taque hoje. Exemplo pode ser tomado tambémda ampla campanha pela lismo veiculado pelas grandes mídias e as lideranças evangélicas em des jorna- o entre afinidade a portanto, Reforça-se, locais. e regionais políticas sil é controladofamiliaresgrupos por vinculado às tradicionais oligarquias do status Isso quo. corresponde ao fato de que o sistema de mídia noBra- cessão de direitos às classes desprivilegiadas, atuando pela manutenção avanços nas relações políticas os com movimentos sociais e reage à con- midiático se revelaconservadorismo o noticiário desprezacomo na forma as reações aos avanços no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, o e “agradado”. tornado mais visíveis e serem um segmento de mercado a ser considerado pretar ainda essa “boa-vontade” ofatocom de os evangélicos terem se em torno de Silas Malafaia entre os próprios evangélicos. É possível inter conteúdos das mídias. Essa noção elucidaria a indiferença às polêmicas emite e produz quem e líderes esses entre afinidade uma reconhecer sível Inúmeros espaços midiáticos evangélicos e católico romanos (mídias Esse intercâmbio,possibilitado pela midiatização da religião edapolíti evangélicoSe oneoconservadorismo suas tem marcascomo na política querem ser tratados. (...) A ideologia de gênero, contrariamente mulher éumaescolhapessoal, devendo assim,decidirem como nas escolas, os alunos passariam a aprender que ser homem ou implementada se que, dizer significa isso prática, Na biológica. sociais, culturais de suaconstituição eafetivas, enãoapartir de suas experiências al de uma pessoa seja construída a partir A ideologia de gênero, em resumo, prega que a identidade sexu- - - - Mídias como armascontra osinimigos crição dolivro oferecida pelositeda Editora Central Gospellê-se: preservar aética judaico-cristã sobrefoi fundada”. aqualAmérica Nades organização lobista que representa igrejas e as bases que trabalham para dente da Traditional Values Coalition [Coalizão Valores Tradicionais], “uma plan to changeAmerica”, dopastor estadunidense Louis P. Sheldon, presi de”. Éumatradução e adaptação dooriginal “The agenda: the homossexual livro “A estratégia: o plano dos homossexuais para transformar a socieda- Pastor Silas Malafaia, que agrupadiferentes veículos midiáticos, lançou o lia”. Asmídiassociaissãoespaçoprivilegiadopara tal,masnãooúnico. nicacionais armasna“guerramidiáticos como contra osinimigos da famí evangéliconeoconservadorismo é o desenvolvimento de processos comu de educação de oito Estados excluem ‘ideologia degênero’”. 25 de junho de 2015, no caderno Educação, com o título “Por pressão, planos siderados avançados, como a de gênero” acabasendoassumidopelonoticiário,atémesmodejornaiscon- com o movimento religioso revela-se conservador quando o termo “ideologia mídias grandes das afinidade A texto. do gênero a referência a retirado rem que sancionaram seus Planos Estaduais de Educação até junho de 2015 te- de Educação em2014. Ocorreu aindadedeputadosoito dos13 estados Nacional ter reprovado a inserção da temática de gênero no Plano Nacional A Editora Central Gospel, da Associação Vitória emCristo (AVEC), do O no que se atual pode contextoobservar doreacionarismo movido pelo A ofensiva conservadora nessafrente teve efeito aponto deoCongresso ch] Engels”, afirmou o especialista Alberto Monteiro . Monteiro ch] Engels”,afirmouo especialistaAlberto Propriedade e do Estado’, finalizado postumamente por [Friedri- último livro escrito porMarx,intitulado‘A Origem daFamília, da revolução comunista. Esta doutrina foi claramente exposta no que, semaaboliçãoda família, nãopoderá ser levada adiantea ra de todas as opressões é constituída pela própria família,e estrutura social. É doutrina de Marx a noção de que a primei- da familiar instituição a abolir finalidade por tem e marxista to a discriminaçãocontra minorias.Elatemorigemnomovimen- combater finalidade por tem não ativistas, seus dizem que ao Folha de S.Paulo. A Folha publicou matéria em - - - - 167 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 168

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 tidade das solteiras resguardocomo para o homemideal, na perspectiva pastora e missionária não prega a abstenção de sexo, mas defende a cas- o Ministério Sarah Sheeva,base em Goiânia. com Entre os evangélicos, a ções pastorais sobre sexualidade. Em 2013, a pastora deixou a ICI e criou cesas, atividade voltada para socialização de mulheres solteiras e orienta Igreja Celular Internacional (ICI) e no ano seguinte criou o Culto das Prin- e Baby do Brasil), em 2010 foi ungida e consagrada Pastora Aspirante da Gomes Pepeu cantores dos (filha artistas de família em Nascida Sheeva. “salvação dafamília”. so Mulheres e Homens Diante do Trono, emquese reforça a dimensão da família tradicional. O sucesso do congresso levou à realização doCongres lhes foi destinada por Deus boas como esposas e mães, defensoras da modernas e bem-cuidadas naaparência, mas nãoaperderem olugarque liderada por Ana Paula Valadão. Aqui,as mulheres são convocadas a serem Mulheres Diante do Trono, promovido pela banda gospel Diante do Trono, tos encontros atualmente voltados para mulheres, o Congresso como de sas, vastacom repercussão nas mídias sociais. Entre eles estão os mui- pelas mídias religio desses conteúdos, amplamente cobertos partilham Destaque e sucesso tem também a pastora e cantora gospel Sarah Há ainda os eventos realizados por celebridades midiáticas, que com semelhança deDeus. plano diabólico para destruir o ser humano, feito àimageme da terra e luz do mundo, denunciar o pecado e combater esse sal como cristãos, aos cabe E abominação. como identificam a Palavra de Deus e a lei moral com queoCriadornos dotou que desejam a legitimização de padrões de comportamento legalização do casamento entre pessoas do mesmosexo. Eles rem nãoé apenas tolerância ao homossexualismo, respeito e a promíscuas. O que os homossexuais e seus apoiadores que- radicar a estrutura moral da sociedade e promover relações nas; ela tem sido implodida pela estratégia gay, quevisa er- sofrido apenas com oaumento do divórcio e das crises inter -estar social. Porém, afamília nas últimas décadas não tem bem do angular pedra a é essa — filhos e mãe Pai, civilizada. Desde o início,a família temsido a base de uma sociedade - - - - - qualquer violênciadegênero. da do corpo mulher e contratas, de tantas décadas, pela todalibertação e assim, a pastora caminha na contramão das lutas de movimentos feminis dagens conservadoras pelas grandes mencionado acima. E, mídias, como e programas femininos não-religiosos, dadaaabor na linha da abertura amplificação nos espaços da internet. Ela já participou de vários talk-shows dade do seu discurso para o públicomais amplo nas grandes mídias e sua sucesso de Sarah Sheeva nas igrejas evangélicas é reforçado O pela publici - homem. ao submissa e auxiliadora como dela afirmação a e tentação fonte de prazer e realização, a culpabilização veículoda mulher como de a ele relacionados é a repressão a negação da do corpo, sexualidade como submete ao“comando” dopríncipe. tro dospadrões de beleza predominantes na sociedade ocidental, e quese da construção de uma imagemde mulher quecuidade sua aparência, den Indicações conclusivas dos nostemposporvir. midiatizada vãoque marcarnovas tendências e merecem seracompanha violência de gênero. Sãomovimentos da dinâmica sociopolítica e religiosa garantia de direitos sexuais e reprodutivos e de ações de enfrentamento à na retórica doterror (“querema família”) acabarcom pelo impedimento da dades religiosasplataformas baseadas e ganha da política,com o espaço lação à sexualidade da e mulher rompeao corpo as fronteiras das comuni país –isso porque a pregação da moralidade religiosa conservadora em re- religiosas. São personagens processode um semprecedentes na vidado alçadas ao caráterfundamentalista e puritano, e,portanto, de autoridades de crédito dopúblicoevangélico,nas formadas bases do protestantismo áticas, responsáveis pela disseminação desses conteúdos, sãoportadoras evangélico neoconservadorismo hojeemevidência. Ascelebridades midi- amplo de produções e interações midiáticas que expressam os ecos do A base do conteúdoCulto das Princesas e dosseminários ecursos Os exemplos acima descritos são extratos de um universo muito mais - - - - - 169 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 170

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 trovérsias berdades democráticas. ências de valores religiosos para a agenda dos direitos humanos e das li influ- as sobre e religioso pluralismo e liberdade laicidade, sobre reflexões Introdução na construçãodademocracia brasileira A militância política degruposecumênicos 137 136 135 mais oumenosheterogênea deproposições” (p.178). rede uma Latour, em sugere como decomposto, ser pode ator cada controvérsias das etnografia uma Em quais os processos de tradução quetransformam osentido da linguagem ordinária em umproblema social. mica” ou “divergência”. Trata-se de entender “um como conjunto de fatos é reunido em um debate público, (Campos, 2010). política sempre estiveram intimamente relacionados na sociedade brasileira – inclusive, os protestantes o uso da palavra. ‘Novidade’ assim está grafada para indicar ironia, visto quereligiões cristãs e espaços da [email protected] E-mail: feministas. epistemologias e etnografia reprodutivos; e sexuais direitos e gênero e direitos humanos; religiões e espaço públiconoBrasil contemporâneo; justiça, relações e igualdade de pesquisa: atuação política de grupos cristãos; implicações entre estado laico, democracia, liberdades civis puta teológica, política e histórica nesse campo marcado pela primazia masculina patriarcal. Interesses de política do movimento ecumênico e as posições e demandas de algumas mulheres em processos de dis atuação de espaços nos gênero de igualdade da e justiça da torno em controvérsias as etnograficamente da Universidade por umaperspectivade Brasília/UnB. epistemológica feminista, Norteada sua tese analisa mília”. Doutoranda em Antropologia SocialdoPrograma de Pós-Graduação emAntropologia Social/PPGAS da relação entre retóricapartir religiosa e a constituição de projetos de leis “a favor davida,Igreja e da fa- política de parlamentares evangélicos analisou a participação na CâmaraUnB. Sua dissertação Federal a logia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/PPGAS da Universidade de Brasília/ brasileira. Essa ‘novidade’ religião e política em nossa sociedade e seus efeitos para a democracia entrereconfigurações relações as das transformaçõese as permanências, tou grande uma e variada produçãoacadêmica sobre a historicidade, as da instituição da Assembleia Nacional Constituinte/ANC em 1987, susci- costais na política institucional brasileira, das eleições de 1986 e a partir muito recentemente, balizados por argumentos científicos e pela linguagem políticos entre grupos quedefendem direitos morais inalienáveis – todavia, Sigoaquiaproposta de Montero (2012), segundo a qualacontrovérsia ultrapassa o sentido de “polê- Utilizo aspas simples para gírias e apelidos, emprego de sentido irônico oupara com indicar desconforto Licenciada em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/UFRRJ. Mestre em Antropo Igualmente, o espaçopúblicobrasileiro tem sido convulsionado porcon- A entrada de grupos vinculadosàs religiões pentecostais e neopente Tatiane dosSantos Duarte 137 , marcandode disputa campo de narrativas um e deprojetos 136 sociológica tem contribuído para importantes sociológica tem contribuído para importantes 135 tatianedosantos-

- - - - cos, comênfasenosdireitos sexuaisereprodutivos. Por meiodessasinves- publicamente pela defesa da laicidade e das liberdades e direitos democráti- 138 sociais e em sítios da vivem ocontrassenso diáriodeprincípiosideais,passei abuscarnasredes nos diferentes espaçosdeatuaçãoreligiosa epolítica. vivenciam esses valores de modo contrastivo e não atômico (Tarde, 2007) tucionalidade religiosa,grupos e pessoas como mas pela religiosasforma lores mais pluralistas” (Robbins, 2013) não comunicados apenas pela insti “va - e monistas” mais “valores com relações suas e secular de definições amplamente formada porvalores religiosos. Por isso, é preciso entender as não está plenamente vinculada a valores seculares, sendo, pelo contrário, sendo laico (nosentido de não confessional), a sociedade brasileira ainda 2014). (Duarte, contradições e porosidades sem e coesas filiações enquanto democratas não há laicos ereligiosos, conservadores e progressistas oumoralistas e e das garantias democráticas Leite, 2013). Por constitucionais certo, (Vital; jurídica – e grupos que defendem a plena efetivação dos direitos humanos Apenas aspas duplas: citações bibliográficas, conceitos meus ou de outras pesquisadoras e pesquisadores. pelo meu campo de pesquisa e também para expressar categorias de outros campos sociais e analíticos. em itálico para categoriasêmicasefalas das interlocutoras da pesquisa, de outras pessoas que circulam Utilizo apenas itálico: palavras e locuções emoutros idiomas ou expressões latinas. Aspas duplas e grifo Seguindo esta perspectiva de 2015) que até os “mais crentes” (Duarte, consideraro Estadobrasileiromesmo que, Nesse cenário, éimportante internet 138 por grupos cristãos que se posicionassem por grupos cristãos que se posicionassem Câmara dosDeputados Foto: / Alexandra Martins 27/03/2013. Audiência Pública, da CDHM,durante (PSC-SP) napresidência dep. Pr. Marco Feliciano contra apermanênciado Manifestantes protestam - 171 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 172

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 de modoreforçaras desigualdades de gênero emdiversos espaços.Por no espaço público brasileiro mapear minimamente quais eram os posicionamentos atuais desse grupo nicas e sobre ahistória domovimentobrasileiro. ecumênico Era importante institucionais nas redes sociais sobreinformações as instituições ecumê nico brasileiro. Passei, então, a buscar em sítios da de incidência política domovimentodo campo inserção ecumê emparte jas Cristãs/CONIC, sede com em Brasília/DF, de onde iniciei minha a partir vinculadas aomovimento ecumênico com asquaispoderiamecomunicar. tidas e da minha rede de pessoas relacional, consegui contatos importantes 140 139 corpos esexualidades. seus sobre poder e controle exercer de fim a forjadas restritas religiosas moralidades de legislação a sem feminismos laicos, elas reafirmam, em algumas instâncias, a efetivação dos direitos sexuais e reprodutivos outorgou a submissão e a inferioridade feminina na igreja, na casa e na sociedade. Aliadas também aos res sendo, pois, recurso hermenêuticoe epistemológico de contraposição aopatriarcado teológicoque dinâmica dosprocessos deprodução delegitimidade” (Montero, 2012,p.177). construir abstratamente um modelo da rede de circulação de categorias de modo a compreendermos a dade, assim, enquanto categoriaanalítica permite “tornar visíveis as relações entre sujeitos de discurso e de modo geral,de modo ateologia patriarcal dadas as devidas diferenças entre as igrejas nas adesões aesses temas, nicos lidaremas compautas políticas e as perspectivas feministas. Guar ecumê grupos de dificuldade certa ainda diferenciar,há se procura quais e das próprias igrejas cristãs. Desse se aproximandomodo, daqueles dos lina, patriarcal e clerical, assim a como ampla maioria dos grupos cristãos tucionalidade, o movimento ecumênico continua a ter uma faceta mascu pesquisa foi possívelde campo, perceber que,especialmente em suainsti vinculados ao movimento ecumênicobrasileiro. Entretanto, no decorrer da reuniõesfóruns, eoutros espaços nosquaisatuampessoas e coletivos dade religiosa edireitos humanos. da democraciatrução e no fortalecimento até temas laicidade, como liber desde grupos, a abordagem teológicasobre o papel das religiões na cons- Esse primeiro mapeamento apontou para diversas distinções entre esses servadores’, a como Frente Parlamentar 2011). Evangélica/FPE (Duarte, estudos antropológicossetores com religiosos cristãos considerados ‘con- As teologias feministas têm impacto profundo nas subjetividades religiosas e políticas dessas mulhe- socie - da esferas outras com contraposição em discursos de fluxos por constituído é público espaço O Essa primeira aproximação me conduziu ao Conselho Nacional de Igre- Desde agosto de 2014, venho realizando trabalhoem eventos, decampo 139 que poderiamser contrastados aos meus 140 aindaecumênico impacta ocampo internet e em páginas ------po emfavordademocracia dofortalecimento brasileira. liberdades laicas, relacionando-o às atuais incidências públicas desse gru históricodo movimento pela defesa ecumênico dos direitos humanos edas 2013; Montero, 2012). egarantiae naformulação dos direitos humanos(Steil; Toniol, 2012; Dias, estiveram envolvidosdireta deforma na promoçãodos direitos individuais militar (Dias, 2014; Brito, 2010; 2014). E, noperíodode redemocratização, atuaramção, setores com católicos ‘progressistas’ na lutacontra aditadura - liberta da teologia pela influenciados 60, anos Nos sociais. injustiças as das liberdades e dos direitos democráticos e contra as desigualdades e a construção da democraciaa construção brasileira enquanto “ das, omovimento brasileiro ecumênico produziu para efeitos importantes o bemviver na“ do projetoquanto profético tambémpartícipes de comprometimento com exemplo, emsuaprópria história, da qual as mulheres foram excluídas en profético coma O comprometimento ecumênico vento damodernidade (Bencke, 2014) sendo fruto das inquietações que Diante desse quadro, este artigo se propõeDiante analisar desse o posicionamentoquadro, este artigo Mesmo marcadaessas por contradições ideológicas e políticas profun- O ecumenismo moderno foi influenciado pelos ideais iluministas do ad- do iluministas ideais pelos influenciado foi moderno ecumenismo O 2014a, p.46-47. Nancy Cardoso, teóloga,“Ecumenismo: coceira nopúbisedádiva”, civilizatória hegemônica. de seulugar depodernaformulação não aceitamabrirmão ecumenismo érechaçado eindesejado nas igrejas cristãs que de, postura política diante do mundo todo habitado. Por isso, o pergunta por umoutro mundo possível. O ecumenismo é atitu tãos ou diálogo judeus com e O muçulmanos! ecumenismo é a outras que oecumenismoé muito mais que unidade dos cris- (econômicas) eosarranjos/valores essas (ecologia). Épor e normas as desafiar e questionar pode daí, partir a e, bitantes, perguntaQuem éecumênico pelos viventes, o conjunto dosha- Casa comum asa comum” asa C “ ” (Duarte, 2016). ” (Duarte, voz profética

” na defesa - - - 173 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 174

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 cultural dos povos nativos. Desse o projetomodo, missionário protestante não havia logrado êxito porque não havia conseguidorealizar a mudança dores. À época, os protestantes consideravam quea evangelização católica coloniza- países dos imperiais iniciativas pelas influenciado branca e trica 2014, p. 22), sendo guiadas pelo projeto de cristandade universal eurocên - tempo: osterritórios latino-americanoseram espaçosdedomíniocolonial. jeto de unidade cristã às concepções políticas, éticas e ideológicas de seu cia cultural católica nocontinente. Essa iniciativa marcava aadesão do pro- influên histórica a contra assim, concorrendo, evangelizadas, serem a nas se constituiu como fórum de definição da partilha das terras latino-america- 44) que marcam o pensamento filosóficoocidental e os pensamentos religiosos cristãos até hoje. 44). Ou seja,“modelos colonialistasesexistas”(p. interpretativos ocidentaishegemônicosemsuaspertenças (p. de poder” presença sua efetivam do Primeiro e Um do ocidentais as pretensões que e científico filosófico impactos coloniaisnocristianismoeecumenismo, oquedepoiselaformulou(2014a) na ideiade“discurso os apontou (1996) Cardoso Nancy coloniais. perspectivas as considerando processos esses sobre refletido nismo moderno, as missões e os protestantismos na América Latina no início do século XX, pouco se tem uma faceprotestante, europeia, marcadamente anti-católica o idealdeunidadecristãtambémseforjouporfiliaçõesahegemonias. nas e aos dogmas religiosos. Todavia, nesse contexto de diversas rupturas, Bíblia, a discutirosproblemas dasociedade e arealizar críticas às doutri- eclesiais de suas igrejas. Em seguida, esses grupos passaram a estudar a estruturas das margens às diálogo, do espírito o aprofundar de fim a ções uma aspiração pela unidade entre cristãos,leigos e leigas criaram associa de Direitos e guiados nos a por Estados Carta Unidos (1791). No século XIX, a Declaraçãocomo dos Direitos do Homeme do Cidadão na França (1789) econômicas e fomentaram novas paraformulações as relações humanas, surgiram provocaram que noséculoXVIII, estruturas políticas, sociais e 142 141 testantes quedivergiam quanto aopapel daigreja nasociedadeeocaráter desuavocação missionária. vinculados ao então nascente fundamentalismo cristão (cf. Cordeiro, 2009; Dias, 2009) e de setores pro- e católicos. Comoaponta Bencke (2014), o ecumenismo emsua nascente lidou oposições de com setores ciativas tinham, contudo,um tom anticatolicismo. Porém, as disputas não eram apenas entre protestantes uma unidade cristã que atendesse ao diálogoe não aos dissensos (Teixeira; Dias, 2008). Todas essas ini trico grupos ecumênicos no início do século passado eram de caráter eurocên- (2014) de que os imaginários missionários que balizaram os projetos de mente vinculada aos projetos missionários. Sigo a “suspeita Apesardavasta literatura produzida, principalmente,pelateologiaeas ciências dareligião sobre oecume- Na década de 1920, muitas conferências cristãs foram realizadas com o objetivo de e formar formalizar Assim, as missões protestantes seguiriam “roteiros coloniais” (Souza, No início do século XX, a proposta de unidade entre os cristãos tinha 142 . Segundo o autor, a Conferência Missionária de Edimburgo (1910) 141 ” de Souza e estrita - - - - tã se concentraram em prol da justiça e da paz entre os povos os requisitos deleitura para alivre interpretação bíblica (Bencke, 2014). visto protestante, doutrina da expansão a concretizar de fim a alfabetização Brasil, asmissõesprotestantes sealçaram emprojetos educacionais ede a ummodelodesociedademodernaeeducaçãoculta(Souza,2014). No ta missionária calcada em um modelo de cristandade civilizacional vinculado des missionáriasqueatuavam naAméricaLatina,deuseguimento àpropos- salvaria doestágiodebarbárie. testantismo anglo-saxônico de cultura superiore de caráter civilizatório os peus estavam emumestágio de inferioridade civilizacional, assim, o pro- euro- não povos os tempo: seu de ideia outra por influenciava se também 145 144 143 muitas igrejas doOrienteedeigrejas ortodoxas recém-autônomas deregiões anteriormentecoloniais. de o afluxo com 1960 de a década durante modifica se CMI perfil o modo, Desse ocidental. e protestante dos, eatédealgumassuasComissões (Cunha,2009). deduasassembleias do CMI,primeirotais participaram observadores como e mais adiante convida- como uma expressão dacomunhãoeucarísticaentre oscristãos nível internacional as mais diversas igrejas e denominações cristãs como dade humanaedeestruturas sociais mais igualitárias e justas, reunindo a o comprometimento de atuar enquanto agente promotor da paz, da digni novasprerrogativas para o mundopós-guerra. Desde então, o CMI tem assumido de afirmação da bojo no mulheres, das direitos os estão quais os de direitos humanos, entreSendo criado,pois, no mesmoperíodo da Carta ganha organizacional,forma teórica e conceituaçãoexpressão política Genebra, Suíça, bases da formação do Conselho Mundialde Igrejas/CMI. nico de Igreja na Holanda e, em 1946, o Instituto Ecumênico de Bossey, em (Teixeira; Dias, 2008). Dessetrabalho, em 1938, formou-se oConselhoEcumê- que fosse normativo para as igrejas, sem se constituir em uma “superigreja” Em 1937, iniciam-seosprimeiros esforços deconstruçãoumorganismo as questões de batismo, eucaristia, ministério e interpretação das escrituras. mento deumabasedoutrinalcomumentre oscristãos,especialmentesobre cada Igreja passou a discutir e sobrenão ortodoxas) (ortodoxas o estabeleci- Hoje, participam do CMI igrejas protestantes e Hoje, também algumas participam pentecostais e ortodoxas e indepen Sua primeira assembleia contou147 com igrejas-membros e tinha uma faceta ainda predominantemente de setores Há que se ressaltar pentecostais também a no participação ecumenismo. Líderes pentecos Durante o períodoentre asguerras mundiais,ospropósitos deunidadecris- Nesse sentido,oCongresso doPanamá (1916), coordenado porsocieda- Apenas com a criação do CMIem1948 a criação Apenas na com Holanda, oecumenismo 145 . 143 . Para isso, 144 - . - - 175 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 176

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 convidando lideranças de outras igrejas desuasAssembleias anuais’” para participar (p. 195). da ‘busca da ideais os com unidade entre todos oscristãos’pelabandeira doecumenismo,procurando aproximar-se dosprotestantes e comprometimento seu afirmava CNBB a ecumênicas relações das âmbito no reagiu com veemência no sentido de que aquele espaço religioso fosse, exclusivamente, católico. Entretanto, do o governo do presidente Geisel intentou construir uma ‘catedral ecumênica’ em Brasília, a cúpula da CNBB momentos visando à permanência de interesses institucionais em detrimento das outras igrejas. Afinal, quan- particular, em certos CNBB, em a ele negociavaoficiais, com comunicações de meio regime,por ao crítica da com oregime ditatorial, especialmentedemodoagarantir oseustatusdereligião hegemônica. “A despeito opositores à ditadura militar. Como ponderou Brito (2009), a oficialidade católica dialogou de diversas formas início da aproximação de católicos ao movimento ecumênico,especialmen líticas-ideológicas em suas Igrejas (Brito, 2014; Teixeira; Dias, 2008). É o na Conferência do Nordeste (1962) propuseram mudanças teológicas e po- novo posicionamento se adere às reflexões teológicas dos ecumênicos que 148 147 146 missão deMissãoeEvangelismo. Romana/ICAR continua não sendo membro, apenas parceira doCMI na Comissão de Fé e Ordem e na Co- pentecostais membros,como de diversos países do continente, masnenhuma brasileira. A Igreja Católica dentes, nenhuma brasileira. NoConselho Latino-Americano de Igrejas/CLAI ocorre o mesmo:há igrejas ção comavidae arealidade políticaesocial. base católica, queeram grupos de laços comunitários e propunham- umaleitura popular bíblica em articula motivocomo daaproximação mútua” entre oscristãos(Dias, 2007, as eclesiais 13), comunidades como de doideal religioso do “Cristomoviam lutas encarnadonopobrepela justiça epela dignidade humana apartir defesa devalores democráticos. promoveu de assessoria, e documentação publicações para serviços da os movimentos sociais a partir clusive aliançascom a setores acadêmicos e católicos progressistas), que, apoiada nas bases do CMI, ações católicas romanas para apromoçãoda transformação social base. A Teologia é a veia ideológica que passa a guiar as da Libertação pelos opção pobres”, pelas juventudes e pelas comunidades eclesiais de declarando oposiçãoaonovo regime militar brasileira (1964-1985). Nem todos os religiosos se posicionaram pos formaram o quadrocontra que teve a ditadura papel importante civil- cristãs para debater a realidade político e social do continente. Esses gru de espaços de construção ecumênicos diálogo entre diferentes tradições reaglutinada em1965noCentro Evangélico deInformação/CEDI da em1964 e seus membros perseguidos,dentro efora das Igrejas, sendo to, 2014; Dias, 2014). A Confederação Evangélica do Brasil foi desmantela Muitos deles foram denunciados porseus pastores ou irmãos de Igreja (Bri o autoritarismo do novo regime, vindos, inclusive, de suas bases religiosas. gados aomovimentobrasileiro ecumênico insurgiram contra aviolência e De todo modo, não é possível distinguir de forma radicalmente oposta os grupos enquanto apoiadores e Nessa a propostaépoca, latino-americana era oecumenismode base efetivado porinstituições que pro- O Centro Ecumênicoerade Informações/CEDI a entidade de posição ecumênicamais consistente (in Do Concílio Vaticano II, a Igreja católica conclama pela primeira vez “a Na América Latina, o CMI atua desde a década de 1960 fomentando a 146 , noentanto, muitos integrantes li 147 . 148 . Esse ------ado, em nível internacional, na promoçãodos direitos humanos atu- tem Conselho o então, Desde humanos. direitos dos significados dos acerca ecumênico consenso o expressando Conselho, do oficial posição 1975, na Assembleia do CMI em Nairóbi, Quênia, isso foi assumido como eram consequências de estruturas injustas que exploravam os pobres. Em pela Libertação”, reconheceu-se que as violações dos direitos individuais lidade Cristã”. Em sua Seção V, que tratava das “Estruturas Injustas e Lutas cional do CMI na Áustria, sob o lema “Os Direitos Humanos e a Responsabi campo damoral sexual(Machado,2010;Steil; Toniol, 2012). dos direitos humanosse da defesadeslocou dos direitos individuais para o perspectiva, aliada à davidadigna para osmaispobres, adefesa católica dade humana dos presos políticos e das vítimas do regime militar. Dessa da defesa de direitoste a partir humanos centradas na proteção da digni 151 150 149 Kerk in Actie (Holanda). Essas agências financiam outros organismos ecumênicos no Brasil. Hoje, segundo Aid (Inglaterra), KatholischeJungschar (Áustria), Fastenopfer (Suíça),Die Arbeit von Adveniat (Alemanha), diante dereveses climáticos,bemcomonareflexão teológicaenacomunicação alternativa. busca de condições de vida dignas para populações histórica e culturalmente vulneráveis, ação emergencial ações políticas de promoçãode direitos e justiça socioambientais, de educadoresformação populares, Koinonia– Presença Koinonia,Ecumênica realiza e Serviço. que tenho também acompanhado mais de perto, e Educativa Ação a Instituto Socioambiental, o desmembra três entidades: se em CEDI o 1995, Em ficação. pastorais sociais e às comunidades e igrejas, acompanhando seus trabalhos e realizando cursos de quali- de Educação PopularPaulo doeducador Freire, aentidade prestaaos movimentos serviço populares, às à evangelizaçãode Serviços e foi à fundado em popular/CESEEP 1982. educação Inspirado na proposta que implementa projetosde Serviço/CESE, de educação e geração de fonte de renda. O Centro Ecumênico Dessa experiência surge o Centro de Estudos Bíblicos/CEBI. Em 1973, é criada a Coordenadoria Ecumênica que propõe umanova do triângulo hermenêutico (Realidade –Bíblia – Comunidade). leitura bíblicaapartir 1979, biblistas católicosa formulam metodologia da Leitura Popular da Bíblia, inspirada em Paulo Freire, crianças, adolescentes, jovens, Em famílias e comunidades eclesiásticas nessa cidade e em Fortaleza. diálogo Leste-Oeste. entre os refugiados, os imigrantes e os pobres. Durante a Guerra Fria, oCMI proporcionoupara umfórum o de cooperação internacional dos direitos humanos e o cuidadoda CMI para concretizar a vocação proféticao bem-estar do ecumenismocom membros doCMInaAssembleiadeVancouver, Canadá,em1983. Igrejas pelas ratificado humanos direitos dos pauta a com profético misso da vocação essencial de suas igrejas-membroparte (Dias, 2013) –compro- Igreja da Suécia, Pão para Protestante o Mundo–Serviço para o Desenvolvimento (Alemanha), Christian Diaconia é fundada em 1967 no Rio de Janeiro e em 1980 se transfere para o Recife/PE, atuando com Apósa guerra, oCMIincentivou os ministérios de desenvolvimento das igrejas e continua esse trabalho Em 1974, Em o temadosdireitos humanosfoitratado naconsulta interna A partir da década de 70, entidades são criadas no BrasilA partir o apoiodo com “Casa comum” pormeio da promoçãoda justiça social e 150 . Essas organizações são financiadas por agências 151 ese relacionamde ecumênico nocampo 149 como - - - 177 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 178

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 religiosa do queocompromisso político ecumênico (Bencke, 2014). muitas vezes, seus representantes expressam localmente mais a identidade Conselho nascomunidadesdasIgrejas queointegram, justamenteporque, do Conselho.Essaquestãotambémimpactaacapilaridadedasações sobre determinadas pautas, logo, elas podem aderir ou se opor às propostas 2014), especialmente porque cada Igreja-membro tem um encaminhamento (Bencke, eclesiástico ecumenismo um expressar por dificuldades encontra Brasil/IECLB e a Igreja Metodista/IM (Bencke, 2014), o CONIC no Luterana Confissão de Evangélica Igreja a Romana/ICAR, Apostólica ca ais domovimento ecumênico. das incidências públicas atu- parte que tenho mais acompanhado de perto viço distintas, formas possuindo variadasde organização, formas missão e ser- 154 153 152 da renda das instituições ecumênicas advém de a projetosmaior parte de cooperação comessas agências. sigualdade social. Por isso, há a previsão de uma retirada paulatina de recursos entre 2017 e 2018. Todavia, que tem sido privilegiada, umavez de que há a que oBrasilconcepção superou a pobreza, embora não a de- relatos, o financiamento está bem escasso, pois a maioria dos recursos está sendo destinada para a África, Cunha (2009)eBrito (2009)abordam outras tensõesnoecumenismo brasileiro aolongodesuahistória. controversa diz respeito àpossibilidade do CONIC estabelecer outrasdiálogo com religiões, não cristãs. e se retirou de todos os espaços ecumênicos em quea Igreja Católica Romana estivesse. Outra questão de algumas Igrejas em aceitarem a presença católica romana. AIgreja Metodista saiu do quadro doCONIC dificuldade grande pela postergada foi CONIC do criação a (2014), Bencke Segundo ecumênicas. ações e Brasil/IECLB eaIgreja Metodista/IM. no Luterana Confissão de Evangélica Igreja a Brasil/IEAB, do Anglicana Episcopal Igreja a Reformada/ICR, ráveis ecomunidadesempobrecidas. Igrejada Evangélica deConfissão Luterana Brasil/IECLB, no se ação cuja socialmentevulne - grupos volta a cia política e de prestação a como Federação de serviços, Luterana de Diaconia/FLD, criada pelo Conselho como odereconhecimento dobatismoeodehospitalidadeeucarística. do CONIC ção aproximou asigrejas e promoveu acordos epactos mútuos, dos mais pobres e na defesa dos direitos humanos. Nesse sentido, a cria- desde os anos 60 em projetos de lutas sociais e políticas pela vida digna ximação de setores de igrejas cristãs, distantes doutrinalmente, engajadas ao povo brasileiro. Para Brito (2009), do a CONICformação advém da apro - profundasão decomunhão emprol testemunho deum público de serviço a partir da perspectiva de confissão da fé comum em Jesus Cristo e na mis- Um dos dissensos diz respeito à presença da Igreja Católica Romana no Conselho e em outros espaços Cristã Igreja a Romana/ICAR, Apostólica Católica Igreja a membros como afirma fundação de ata Sua Nos anos 2000, as Igrejas organizaçõesformam ecumênicas próprias com omesmoescopode incidên Em 1982, após um longo processo de articulação entreEm 1982, a após Igrejaum longo processo Católi de articulação - Entretanto, esse engajamento é também marcado por tensões 152 . Vou mecentrar dessa instituição apenas no CONIC, porque é a partir 153 é fundado 154 , pois , pois - 108) de bem viver da sociopolítico paraa “agenda cumprir ética de Jesus” (Teixeira; Dias, 2008, p. narrativas econceituais 2001), inclusive intelectual, o ecumenismoémarcadodiversas por disputas nomeado FEACT –Brasil. incidência política para o ano da seguinte. ACTHoje o Fórum Ecumênico faz parte Alliance sendo então de prioridades as estabelecem e decorridas anuais atividades as sobre reflexionam que em anuais ões testemunho ecumênico que contribua para a dignidade e os direitos humanos. Para isso, realiza reuni - através de ações de cooperação que favoreçam o diálogo entre culturas religiosas a fim de promover um e organizações ecumênicas. Criado em 1994, o o campo Fórumecumênico Ecumênico busca fortalecer conia (“ no movimento de Jesus, as iniciativas ecumênicas se alicerçam pela dia- e de todas viverem de forma digna. Sob oprisma da unidade referenciada contribuir para a contestação das ordens que violamosdireitos de todos têm se posicionado no espaço públicoe em outros cenários de modo a dos direitos humanos,comoveremos aseguir. 157 156 155 Presbiteriana IndependentedoBrasil/IPI eaIgreja Siriana. Ortodoxa a Igreja de Antioquía/ISOA Sírian Ortodoxa e,doFórumdo CONIC participa Ecumênico ACT Brasil, a Igreja do Brasil/IEAB e a Igreja PresbiterianaUnida/IPU) e a Igreja Católica Romana/ICAR.Alémdas supracitadas, Anglicana Episcopal Igreja a Luterana/IECLB, Confissão de Evangélica Igreja a (como históricas testantes pio daunidade,cujadataçãohistórica émaisrecente. (Ver Teixeira; Dias,2008,p.23-26). parceria,ao outro amor (Dt 10.19)” (p. 1). Já o movimento ecumênicoé a concretização histórica do princí- ao outro eàdiversidade (Gn2.18) e resulta emaceitação,respeito, diálogo,responsabilidade a criação, com princípio cristão expresso pelo verbo “bíblico-teológicoda unidade da criação de Deus que chamaaovalor parceriaoutros com organismos ecumênicos em do maisconcretamente em incidências públicas e campanhas virtuais, de pronunciamentos públicos,todavia, nosúltimosanos,ele tem se engaja o posicionamentocriação, doCONIC tem se dado especialmente a partir as questõescom da vida política, social brasileira.e econômica Desde sua comum” representação. Éuma deigrejas, mas estritamente preocupada da cuidado de ecumênico público testemunho ao fidelidade como por conta de sua atuaçãoem favor da dignidade e dos direitos humanos CONIC tem impactado positivamente político e o camposocial brasileiro âmbito da política e das incidências públicas do movimentoO ecumênico. seus quadros apenas igrejas cristãs Além das organizações do movimento e parceiros, ecumênicoas igrejas participam denominadas pro - Para Cunha (2009), é difícil ecumenismo‘igual equacionar a’ movimento poisoikumeneé ecumênico, um Muitas organizações ecumênicas participam do Fórum Ecumênico Muitas organizações composto ecumênicas participam por igrejas, conselhos Ao longo da história, instituições e pessoas vinculadas ao ecumenismo Essa diversidade de ideias e posicionamentos produzem efeitos no Ao longodessa história, as organizações ecumênicas possuíram em vir aomundopara”), akoinonia servir oikumene 156 . . Como todo campode discurso (Bourdieu, 157 , pois o surgimento do ecumenismo (comunhão) eoengajamento 155 , emprol da democracia e “Casa - 179 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 180

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 comprometimento de fazer “ 2014, p. 18), mas de disputa política, talvez sua única universalidade seja o travessia (Souza, 2014,p.15). pluralidades se que vinculam efazem doprojeto ecumênicomovimento e formulações teóricas do que em pensá-las através dos encontros entre as ges, 2014) e outros interlocutores estão menos engajados emproduzir ou de macroecumenismo. Todavia, minhas companheiras intelectuais (Bor- outras religiões, denominadas diálogo interreligioso (Teixeira; Dias, 2008) distintas daquelas realizadas pessoas de com e cristãs, sendo,portanto, cristãos entre relações às restrito ficou ecumenismo termo o modo, Desse Jesus Cristoelemento como central da vivência dos valores do Evangelho. tevepropósito como abuscadaunidade entre as pessoas seguidoras de 158 Estatuto doDesarmamento. resultou noProjeto Brasil: Nunca Mais vimentonas últimas ecumênico décadas: mobilizaçãopara adenúncia e registro dos crimes detortura que É o que veremos a seguir. movimento socialengajadosociopoliticamente “pela defesa de direitos ”. configuramovimentose enquantoo ecumênico sentido, Nesse ça epaz”. que o compõem a fim de transformar o mundo habitado no “ que dialoga com a sociedade e as margens das estruturas das o ecumenismo é movimento de rupturas, de dissensos, de contradições, a sua etimologia nem tanto – tanto nem etimologia sua a política eideológica,épolifonia, em suaacepção se o termoecumênico, Mas, paz. a e social justiça da humanos, direitos dos afirmação da busca metem a“ da vidapolíticaesociedade zações sociais,demodoaincidirpublicamenteem questões candentes bém com outras expressões religiosas e distintos movimentos e organi- em dialogarcomsuascomunidadesdefé egrupos ecumênicos,mastam- fora de construir pontes, não muros, pois estão, sobretudo, preocupadas ao longodesuahistória, sentidoaseusditos efeitos. habitada Apenas para ações fruto citar alguns dos esforçosexemplos tambémde setores de importantes do mo Sendo oecumenismonãoapenas um “conceito polissêmico” (Brito, Talvez por isso, as pessoas com que tenho dialogado acionem a metá- ”, é a utopia que pulsa no movimento ecumênico e que tem dado, Casa comum ”, alimentado pela teologia da dignidade humana em , com o apoiodoConselho , com Mundial de Igrejas e mobilização contra o denúncias prof(éticas) oikoumene 158 . Por issomesmo,diantedetalpolifonia, é “ casa comum ” das mazelas que aco ” ou “ reino dejusti- toda aterra eclesias - - ético coma O comprometimento ecumênico quando as ações estão mais vinculadas às institucionalidades eclesiais, tativos hegemônicos e fundamentalistas (Cardoso, 2014a), especialmente dospovos indígenas econtra asintolerânciasdefesa religiosas. em negras, das juventudes genocídio do fim pelo res, das identidades de gênero, dos direitos sexuais e reprodutivos das mulhe- publicamente pela defesa da laicidade do Estado,pluralismo religioso, habitada escopo desuaatuaçãopolítica,seguindo a utopiada “ daconstrução Como em todoComo mesmo quehaja aderências grupo, a modelos interpre- Nos últimos anos, o movimento ecumênicobrasileiro tem pluralizado o ecumenismo”, 2014b,p. 94-95. Nancy Cardoso, teóloga, “A alegria é a prova dos nove: antropofagia e áimara, ipeju”. uma fome transcultural, transtribal. Catiticatiti, imaranotiá, noti- Porqueem toda fomede tupinambá égrande parte... demais. É ecumênico é assim estar “ expelir segundo critérios diferentes dos critérios tribais. Ser veem tudo de fora, julgamtudo de fora, e decidem ou absorver tamanho da taba.Excomungados e lúcidos. Os tupinambás: guia pela grande fome do tupinambáse se O guia pelocheiro,arrisca, ecumenismo se [...] recebê-lo noestômago etransformá-lo. que equivale, emlínguadeantropófago,a mastigaroalimento, negar, preservar e transcender tambéma sua própria tribo:o caetés de igrejas que nãose deixam comer.é Serecumênico ecumenismo que nos interessa é tupinambá e não os rituais minha identidade. é Ser ecumênico ser nômade. Inacabado.O nicos para saber que eu não souooutro, para ter da noção mas para desfazê-la erefazê-la. comemos paraNão formarnossaidentidade ” justiça com a todos os seus viventes, incidindo e se posicionando asa comum” asa C “ oikosque não se deixa reduzir ao em casa no mundotodo,exilado Comi-o: nãosomosecumê

– diz Rouanet, - terra 181 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 182

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 mente contra a instrumentalização da religião na política e em defesa do não apenas na sociedade,mas,principalmente, na agenda política legislativa. exclusivos morais valores seus de influência a aumentado e espaço mais tado na sociedade brasileira, com setores religiosos ‘conservadores’ que têm conquis- religiões das e Estado do papel do definições pelas e sociais valores pelos mas também se insere em um campo de disputa de narrativas não apenas teológicas, do estado, ao pluralismo religioso e à própria democracia. Esse posicionamento um contexto de aumento das intolerâncias religiosas e de ameaças à laicidade ecumênico temseposicionadodeformamaisincisiva noespaçopúblicoem movimento o décadas, últimas nas refluxo um de apesar mesmo, isso Porleira. através dodiálogoentre aprofecia religiosa easquestões davidapolíticabrasi- tadas por essa perspectiva da construção do projeto da “ com esemvivências religiosas, que compõem igualmente aRede. experiências depessoascomdiversas expressões defé eespiritualidade, propõe um encontro ecumênico entre do diálogo entre pluralidades a partir contra as mulheres na sociedade. A Rede Ecumênica da Juventude/REJU em comunidadesreligiosas através derodas deconversa sobre asviolências pessoas viventes na “ gando com elas, a fim de promover justiça, igualdade e direitos para todas as conia “ movimento,mo emconstante andança eemtravessia (Souza, 2014,15) de por privilegiar as pessoas vinculadas nesse projeto de fazer do ecumenis- incidências públicas promovidas por entidades ecumênicas, mas primando e das dinâmicas relacionais e inclusivas cludente, se aproximando de entre-lugares interculturais, dos afetos plurais há também aqueles e aquelas que se afastam dessa universalização ex 159 ências relacionais daspessoas eentre aspessoascomquaisestou emdiálogo,ounão. próprias. Nesse sentido, tenho procurado das subjetividades e das experi entender o ecumenismo a partir minhas as e pessoas demais das classificatórias, caixinhas as explodiram inalienáveis mim a direitos de prol em engajamentos por e ideias de pluralidades pela afetações, e afinidades de relações por marcadas tão delimitada. As experiências e vivências concretas – chamadasecumênicasounãoentre as pessoas alidade arte, 2016) formal, institucional, de discursos oficiais, de documentos e de pactos, de uma “ uma de pactos, de e documentos de oficiais, discursos de institucional, formal, 2016) arte, conversações Iniciei a pesquisa a partir quetenho de “grandeum campo denominado como Iniciei a pesquisa a partir política ecumênica” (Du- Nesse cenário, omovimentotem se ecumênicoposicionadopublica- As incidências políticas mais recentes do movimento ecumênico estão orien- – Por exemplo, Koinonia ” que discursa em eventos e reuniões. Mas eu não ‘observava’ em campo essa definição de forma de definição essa campo ‘observava’em não eu Mas reuniões. e eventos em discursa que ” ecumênica queincideemcomunidadestradicionais deterreiro, dialo- ” entre particularidades indistintas. ” entre particularidades terra habitada”. Também incidência realiza importante Presença Ecumênica e Serviço afirma uma afirma Serviço e Ecumênica Presença 159 . Tenho diversasacompanhado ”, mas Casa Comum”, mas alta intelectu dia- - - - educação nero, identidades de gênero e identidades sexuais nos planos municipais de a discussão sobrecomo a incorporação dosdebates sobre relações de gê- próprio movimento e, ecumênico emespecial, nas comunidades religiosas, palestino epelofimdosconflitos bélicosna FaixadeGaza. gras, contra acriminalizaçãodosmovimentos sociais, a favordo território cia religiosa, contra a repressão policial e o genocídio das juventudes ne- política do agronegócio e o genocídioindígena, contra os atos de intolerân- LGBTTs, a cultura do estupro e as violências contra as mulheres, contra a mocrática e contra contra a corrupção, as violências contra as populações lei da chamada “ nal, às propostas de flexibilização e terceirização do trabalho, ao projeto de políticas especialmente nas seguintes pautas atos, missões e campanhasvirtuais, Estado laico através de pronunciamentos, notas de repúdio, celebrações, 161 160 contribuir para aconstruçãodeum paísjusto para todos etodas”. a recusam se que “vozes fundamentalistas as contra posicionamento um publicamente afirmou humanos, de Batistas, CEBI,CLAI-Brasil, Diaconia, FLD, Igrejas a IEAB e como outros organismos de defesa de direitos pelas principais organizaçõesREJU, Feact-Brasil, ecumênicas dopaís,como CONIC,Koinonia, CESE, Aliança as questões políticas. não guiadas pelas lógicas de mercado e, principalmente, por umdiálogoprofundoa sociedade e com com responsável através de afirmação da valores de individualistas, éticosenão construção a relações justase exortava para o compromisso ético e profético de cristãos e de cristãs a com promoção de uma sociedade (Amós 5.24). A campanha tratava o saneamento básico direitocomo humano universal e, desse modo, dade”,lema “Quero tendo como ver odireito brotarfonte e correr como ajustiça qual riachoquenãoseca” aentidademente com católica alemã Misereor, pelo tema “‘Casa e norteada Comum’, nossa responsabili organizada pelo CONIC e por seus parceiros CESEEP, Visão Mundial e Aliança de Batistas do Brasil junta criaturas divinas. Na quaresma de 2016, foi lançada a Campanha da Fraternidade Ecumênica/CFE de 2016, comunidade cristã a se engajar em um desenvolvimento sustentável e integrado com a criação e com as climática foi a Encíclica do Papa Francisco LaudatoSí: sobre ocuidado da CasaComum ,que exortava a ciando omodelode desenvolvimentoinjusto. socioeconômico em prol Outra dajustiça açãoimportante ganizações das Nações Unidas/ONU, o CMI realizou em 2015 uma “Peregrinação por Justiça e Paz” denun de muitas incidências, mesmo quenão relacionadas ao escopoda minha vadores’ dasociedade. a ideologiade gênero”, assim outrascomo igrejas cristãs e setores ‘conser- ativamente do movimentoque participa se ecumênico,pronunciou“ doras de controvérsias no movimento ecumênico. Por exemplo, a CNBB, de gênero e feminismo são desestabilizadoras de consensos e prolifera- Entretanto, o“Manifesto das religiosas e dos religiosos por umaescola laica, inclusiva e plural”, assinado Or- pelas organizada Clima, do Conferência pela proposta ambiental justiça de pauta pela Influenciado Alguns desses posicionamentos públicos causaram divergências no Desde agosto de 2014, quando iniciei meu trabalho participei de campo, 160 161 : contrariamente ao projeto de lei pela redução da maioridade pe- . Aliás, todas as pautas e questões que envolvem as temáticas cura gay ” e do Estatuto da família, pela reforma política de- contra - - - 183 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 184

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 setores dasociedade nico tem se pronunciado em prol da democracia e se aglutinado a outros tese, que tangenciavam essas pautas. Nesse cenário, omovimento ecumê 162 são Pró-Democracia noCongresso. Setores ecumênicos apoiaram a Frente Parlamentar em Defesa da Democracia e pela Legalidade e a Comis- democracia Frente Brasil Popular. Acampanhase chamava “ integrando as iniciativas da ComissãoPró-Democracia noCongresso e da servadora”. Aprimeira foicoordenada pelo FórumEcumênico ACT Brasil, pela legalidade democrática e contra o quese tem de chamado “ temente, o movimento ecumênicopromoveu duas ações correlacionadas das desigualdadessociais promoçãoe a garantia de direitos sociais e humanos e com a superação mudanças na política econômica e comprometimento do governo com a vor da reforma agrária e da desmilitarização das polícias. Também cobrou violências aos jovens negros e aos povos indígenas, se posicionando a fa- Igualmente, mostrou a preocupaçãocom o modeloeconômicoe com as humanos, às pluralidades e às políticas de promoçãoda paz e da justiça. menismo pelo respeito à democracia, à diversidade religiosa, aos direitos ecu- do e Conselho do vocação a afirmou CONIC do presidente o ocasião, giosos a fimdeapoiarocumprimento domandato dapresidenta eleita. Na por liderançasformado de e movimentosreli sociais, intelectuais, artistas NIC, a compôs representação do Conselho na Frente Brasil Popular, grupo pam domovimento ecumênico. às igrejas que partici de gruposepessoas pertencentes grande parte Evangélica/FPE e dossetores ‘conservadores’ religiosos,de assim como namentos são contrassensuais ao posicionamento da Frente Parlamentar e política em nossa sociedade. Igualmente, considero queesses posicio- das religiões em umEstado laico e outras formas de relação entre religião mênicos emfavor para da democracia analisar os sãopapéis pertinentes polarização ideológica, compreendo que os posicionamentos ecu- forte to, deumrecrudescimento denarrativas fundamentalistas e fascistas e de Como a Frente Brasil Popular e a Frente Povo SemMedo,compostaspordiversos movimentos sociais. Em marçoEm de 2016, quando oquadro políticoatual se delineava mais for dezembroEm de 2015, o bispo anglicano Flávio Irala, presidente do CO Em umcontexto políticode ameaça aoEstadoDemocrático de Direi ” e ocorreria entre osdias 31 de março e 07 de abril. Para par- 162 “ contra ogolpe . ”. Religiosas ereligiosospela onda con------“ a adesão de grupos e pessoas através da “ atuado em rede e nas redes através de campanhas que objetivam promover destacar que o movimentonamento ecumênico tem político. Éimportante com a ticipar, apessoa deveria “ tares que respondem a processos por atos e de que apoiam corrupção leis FLD lançou nota em repúdio ao uso de conceitos religiosos por parlamen- esta Nação foi feitoele tambémpor ao abrirasessão: “ Eduardo Cunha,disse: “ seus votos favoráveis ao impeachment. Ao votar, opresidente da Câmara, ram um dos privilegiados pelas deputadas e deputados nas justificativas de outros movimentos sociais. to continuou ecumênico enredado em prol da democracia juntamente com Até o diada votação doprocesso daabertura de impeachment, omovimen- da Democracia” da presidente Dilma Rousseff aos participantes. e a carta e, em seguida, foi lido o “Manifesto de Religiosas e Religiosos em Defesa so. Após essas falas, foi entoada umabençãoecumênicapela democracia do democrático elaicogarantiria a liberdade religiosa e opluralismo religio Esta- um apenas que assim, Afirmaram, intolerânciareligiosa. de casos os fala e se posicionaram emdefesa da democracia, mastambémrecordaram balhadores Rurais Sem Terra/MST. e derepresentantes doSindicato dosPetroleiros edoMovimento dos Tra - (PT-DF), Benedita da Silva (PT-RJ), Chico Alencar e Jean Wyllys (PSOL-RJ) tradições doato, participaram alémdeparlamentares comoÉrika Kokay Nacional como seus organizadores. Cerca de 300 religiosos de diversas sileira JustiçaePaz daCNBB eoComitêPró-Democracia doCongresso ocupou umdosplenáriosdaCâmara, tendooCONIC, aComissãoBra- pessoas que trabalham na casa, “ algumas Segundo março. de 30 dia do tarde da final no Deputados, dos ligioso, programado para acontecer no Auditório Nereu Ramos da Câmara postadas No dia da votação doprocesso, os argumentos de conteúdo religioso fo- As representações da diversidade religiosa presentes tiveram espaçode A segunda açãofoio ato em defesa da democracia, decaráter interre- hashtag ” e“ ”. Deus, a Bíblia e referências aos familiares tomaram a cena. A compartilhadas #religiosxspelademocracia, “ Que Deus tenha misericórdia desta Nação postar” postar” ”. uma foto públicaemsuas redes sociais o Cunhaproibiu”. Desse modo,o ato publicando” assim seu posicio- visibilização” das incidências Que Deus esteja protegendo ”. O apelo - 185 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 186

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 culadas aomovimento Analisei ecumênico. as cinco entrevistas até agora gas, cientistas da religião e de outras áreas do conhecimento e pessoas vin- da publicação de entrevistas com lideranças religiosas, teólogos e teólo- as relações entre “religiões e democracia” em seu sítio de ciedade brasileira. novos dados para o debate sobreacadêmico o papel das religiões na so- cracia e de laicidade e dos papéis das igrejas nesses processos, trazendo demo- de definições das discussão de locais incidências em mobilizados coletivosreflexão esses pela mentados modo, Desse continuam teológica. prometidos adefesa com dos direitos humanos,mas,sobretudo, sãoali com sociais movimentos com parcerias a e políticas filiações a culados também tinhacapilaridadeentre setores nãoreligiosos. lademocracia eobjetivava chegaraostrending topics do Twitter, visto que campanha seguia aproposta de adesão e de visibilidade da #religiosxspe (Coordenadoriacional da CESE Ecumênica nas redes de Serviço) sociais. A esta #nãoemnomedeDeus fotoou então “compartilhar” na página institu preciso “postar” uma foto no perfil pessoal das redes sociais com a era isso, Para Estado. do leis e políticas em religiosa justificativa qualquer a o repúdio e a laicidade para reafirmar religiosas diferentesconfissões de mentares. A campanha propunha adesão e posicionamento de pessoas parla- de ações justificar para Bíblia da e Deus de nome do mentalização campanha em defesa da democracia e do Estado laico contra a instru moral”, oFeact-Brasilautojustificação lançou, nodia 20 de abril, mais uma Espírito Santo a Belém da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e a Pastoral Popular Luterana/PPL. preceitos de um Estado democrático. Outras entidades também publicaram notas de repúdio, como o Sínodo a instrumentalizaçãodafé narepresentação política”, alaicidadeeopluralismo exortando religioso como contrárias às minorias 163 conteúdos políticos. uso de conteúdos religiosos, reforçando afalta de argumentos jurídicose ou não,e organizações civis e intelectuais lançaram notas de repúdio ao diversidades”. Várias outras organizações, religiosas ou não,ecumênicas muitas de país um É cristã. nação uma é Brasil não que “o afirmando tado, No dia 25 de abril, a REJU (Rede Ecumênica da Juventude) lançou nota “Pela laicidade do estado e contra Nesse bojo, o CONIC iniciou recentemente de um fórum debates sobre Esses posicionamentos públicosdomovimentoestão ecumênico vin- Seguindo oargumento trazido pela FLD de que“ 163 . Igualmente, a nota reafirmava a laicidade do Es- do laicidade a reafirmava nota a Igualmente, . Deus não éobjeto de internet , a partir , a partir hashtag - - - - - democracia e dos direitos individuais. Mas, desde que nãoseja “ das religiões no espaçopúblicopodecontribuirpara da ofortalecimento disponibilizadas e, de modo geral, há o entendimento de que a participação pação unilateral” (teólogo luterano) de “ giosas com seu tempo, de abertura ao diferente,giosas com seu tempo, de abertura de respeito à pluralidade e, 2014; Montero, 2012;Stel; Toniol, 2012). assim a como própriados direitos formulação humanos (Machado, 2010; trazidas pela a liberdademodernidade, como religiosa (Giumbelli, 2002), estiveram relacionadas com a formação da sociedade e com as definições entre elas as e com demais instituições e grupos sociais, visto quesempre feita Àsreligiõespor mim]. caberia contribuir para o fomento de diálogos depósito enclausurado, é uma fé que seca, que perde o sentido” [transcrição tros valores. Para ela, “ atuam e se posicionam socialmente e, para tal, precisam dialogar ou- com religiosas devem constantemente criticar seus postulados e os modosque fé é dúvida. Não existe fénão é certeza, sem dúvida fala no SeminárioLGBTT no Congresso Nacional, em maiode 2015, que “ formulados noOcidente. não para imposições seria propulsora de princípios democráticos, tal como sua temporalidade. Nesse sentido, a vocaçãoecumênica para o diálogo e as questões fundamentaisem omundo da vidahumanadialoguemcom sobre reflexões suas que garantindo teologias, suas em ética a resgatar dências fundamentalistas buindo, assim, para “ laridades e os contraditórios sejam também atendidos pelo Estado, contri- diálogo para “ paracontribuam democrática aconstrução devem construircaminhosde religiosos equenãopensamnapluralidade dasociedade. grupos certos apenas privilegiem ou beneficiem projetos com compatível princípioéticoaluta pela justiça tem como e pela não é igualdade, logo, ga metodista). Nesse sentido, para ateóloga presbiteriana, ocristianismo de privilégios faz a no Estado,como Frente Parlamentar Evangélica (teólo presbiteriana) e quenãoobjetive concorrero histórico com status católico As entrevistas apontaram para aproposta de diálogo das tradições reli sua em pastoraBencke,CONIC, afirmou executivasecretáriaRomi do A Segundo o teólogo luterano, integrante da REJU, para que as religiões visualizar igualdade na diferença superar os extremos de uma sociedade injusta e de ten uma fé que não dialogaé uma fé que é igual aum ”. Para outro teólogoluterano, as religiões devem tendências exclusivistas - ”, garantindo que as particu ”, porisso, as tradições ” (teóloga uma ocu fé fé - - - - 187 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 188

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 por “ efeitos eosfeitos dademocracia e asinterfaces edalaicidade produzidas das religiões e seus feitos e efeitos na modernidade, mas também sobre os espaço público a necessidade de se pensar não apenas sobre as interfaces riversalidade”, afirma. processo, ocristianismo tambémprecisará “ mente garanta pública.E,nesse formasplurais devidaeparticipação de um paradigmaque ela “ seja construída a partir a manutenção das desigualdades e das subalternidades, assim, é preciso outras”. Isso porque nosso modelodedemocracia tem contribuído para sigualdade” e que o cristianismo deve aprender a ser “ deve ser radicalizada através de enfrentamentos dos “ esse queparece terressonância nasociedade. desigual e violenta que subalterniza e não pluraliza. Projeto hegemônico sociedade de modelo o e privilégios seus manter de fim a representação tores religiosos continuam adisputar vorazmente os espaços políticosde Estado, videquea“ a teóloga, é preciso transformar a qualidade das relações entre religião e um doselementos dereprodução da subalternidade entre nós”. Assim, para “ ta, a religião cristã foi e continua sendo “ metodis- teóloga a disse história, nossa refletir. Em relevante considerado a violênciaeasdiscriminações. universalista e de viés hegemônico cristão que fomenta para a indiferença, um Estadolaicopormeiode narrativas pluralistas contrapostas à narrativa taramas crenças como e seus valoreso espaço públicoem podem ocupar valores culturais 2013). Desse ressalmodo, de toda a sociedade (Duarte, 2) – nosentido deconversar– osvalores com religiosos forjadoscomo uma vez que se negam “ema colocar termosrelativos” (Segato, 2004, p. ção política pretende minar outras ‘verdades’ e definições para a sociedade, se opuseram radicalmente ao monopólioreligioso cristão, cujaparticipa de que nãoseja gerenciada por crenças monistas. e convicções Para isso, especialmente, de reforçoda laicidade parasocieda- de uma aconstrução o cristianismonunca deixou deserreligiãodo estado isso mesmo, e, por Essa assertiva trazEssa assertiva para das religiões no o debate sobre a participação democracia a que afirma teóloga a que perspectiva essa seguindo É Todavia, umadas entrevistas tocouem umponto sobre o qualtenho padrões da modernidade ocidental, racional, iluminista,capitalista, he- nossa laicidade é apenas um ‘verniz’ agência de colonialidade respirar adiversidade eaplu- pluriversal” que real- mecanismos de- uma religião entre ”. E,porisso, se ”, pois, - - - terossexual e branca 164 Inconclusivas dade deumverbo religioso homogeneizante e etnicamente heterogênea também está impressa pela violenta coloniali vida pública, pois não se pode desconsiderar quenossa sociedade religiosa das atuação de limites na religiões dos sobredefinição bate de critérios os em umcontexto de extremas incomunicabilidades e intolerâncias e pelo de- religiões das papéis os sobre reflexão pela interessado se têm ecumênico rismos, asdesigualdadeseinjustiças. pluralismos de modo a concretizar uma sociedade que supere os autorita- ter ainda encontrado uma “ Brasil, democráticaa forma de organização política do Estado parece não manifestem quaisquer grupospodemedevemque se manifestar no espa tivam garantir benesses e privilégios apenas para alguns grupos. Embora ção política da religião proliferadora de ódios e discriminações e que obje- cia comaintegralidade dacriaçãodeDeus. tico eéticode promoçãode uma sociedade justa e fraterna emconsonân- tendem que as religiões cristãs devem assumirocomprometimento profé- do “ mento da democracia e da agenda de direitos humanos enquanto valores da vida política brasileiragrupo tem participado defendendo o fortaleci que visamàpromoçãoda oikumene do bemcomum hegemônicas e socioeconômicas defensora de sociopolíticas mudanças políticacalcadanacontestaçãodas ordens departicipação forma uma por sobre aantropologia”, 2001,p.155. luz “Nova Geertz, Clifford elas. sem funcionar consegue dificilmente Mas, encená-la sem atrama. O mundo nãofuncionaapenas através das crenças. nâmica “real” “subjacente”, émenosencenarapeçasemopríncipe doque Comoéocasoda Rede Ecumênica daJuventude (REJU). Por isso mesmo,alguns coletivos e pessoas vinculadas ao movimento O movimento ecumênicotemse posicionado contra a instrumentaliza doespaçopúblicoprimando O movimentotem participado ecumênico Deixar a religião fora disso tudo, excetosintoma como ouíndice da di- testemunho público cristão” emummundoplural. Por isso en mesmo, ”, como explicitou”, como ateóloga.Especialmente porque, no conversação ” adequada entre os monismos e os 164 . . Desse esse modo, - - - - - 189 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 190

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 crença. Asreflexões acadêmicas sobre essedebatesãodiversas de formas outras e crenças não por opções como e confirmações) ções, substitui reconfigurações, retornos, dispersão, (mobilidade, diferenciados dinâmicas emovimentoscomo depessoas, crenças e posicionamentos assim unitários, (Hervieu-Lèger,religiosos novoséculo princípios há 1999), de uma “ordem moral moderna” (Taylor, 2010) na paisagem social deste as definições trazidas pela modernidade secular. Mesmo diante do advento crenças e suas relaçõesas condições (históricascom e contextuais) e com e conversações comvalores seculares. se as como igual religiõesmodo, fossem incapazes de comunicabilidades de e, política da participar pudessem não ou esferas outras a confinados (Taylor, 2010). se, Como na modernidade, valores religiosos tivessem sido ões e política não podem ser entendidas por uma“história das subtrações” religi entre as relações sobre reflexões as que assinalam que religiosas filosofias argumentostrazidosde de partir a Estado do laicidade a fendem (Cardoso, 2014a). Considero, paraas posições ecumênicasde- isso, como entre-lugaresum que deseja também (re)verberarunitário um homogêneo espaço públicoporaproximações e afastamentos relacionais e não como dade da civilização europeia diante das alteridades periféricas coloniais. da distinção radical entreuma concepção moderna forjada a partir a centrali- do secular foram construídas também em relação ao discurso religioso e por definições as que desconsiderado ter parece acadêmica perspectiva Essa religiosos, desconsiderando seus efeitos para ‘além’ das esferas religiosas. crítica ao campo acadêmico, que relegou o discurso teológico aos espaços de suas crenças religiosas‘modernos’ para, a partir por exemplo, fazer uma de imagem” (Latour, 2002). Nesse sentido, invocam a legitimidade de valores Evangélica, osgruposecumênicospropõem também“ir tes’ e ‘relativistas’, como diriamosparlamentares daFrente Parlamentar liberdade religiosa, poisnenhumdireito éabsoluto. podem imporaoconjunto dasociedade seus valores e crenças emnomeda ço públicode uma democracia, consideram queos religiososgrupos não 165 Ver, exemplo, por Giumbelli (2008), Cipriani (2012) e Joas (2015), que apontam para as relações entre Há então que se avaliar as modificações e reificações sofridas pelas sofridas e reificações modificações as avaliar se que então Há Tenho procurado domovimentono ecumênico entender a participação Visto que o espaço público tem sido palco de controvérsias entre ‘cren- além das guerras 165 . - - 166 moralidade evalores modernosereligiosos. Pós-Graduação emHistória Social,Universidade Federal Fluminense,Niterói, 2014. militar do Brasil, 1964-1985. 405p. Tese (Doutorado emHistória) – Programa de ______. Rural doRiodeJaneiro, Seropédica, 2010. de Pós-Graduação emHistória (Estado e Relações de Poder), Universidade Federal militar no Brasil (Mestrado (1962-1982). emHistória)206p. Dissertação –Programa BRITO, André de Souza. Fermento damassa de Fora, 2014. Graduação emCiênciasdaReligiãoUniversidade Federal deJuiz deFora, Juiz (Mestrado)ção dos agentes – eclesiais. Programa140 p. Dissertação em Pós- BENCKE, RomiMárcia. Ecumenismo, valores sociaise modernização: Referências Bibliográficas ter vozes privilegiadas noespaçopúblicobrasileiro. grupos cristãos ‘fundamentalistas’ e ‘progressistas’, uma vez que são as religiões cristãs que continuama ciedade” (Montero, 2012, p. 144). Aqui, estou tomando sua comparação me referenciando à distinção entre em seitas e que, consequentemente, deveriam ser excluídas do círculo da aceitabilidade em qualquerso- aqueles incapazes deexercê-lo crentes e não crentes): aqueles que aptos a desempenhar papel ‘positivo’ e dois distantes e incomunicáveis grupos de religiosos (e eu diria também de dentes, concordoMontero com (2012) não ser possível distinguir apenas colonialistas e exclu- de pertenças de também foram construídas a partir amuletos, mas,politizá-los. adornaram a lar. Amuletos adornaram as religiões assim amuletoscomo (Latour, 2002) seus Fomospescoços. todos embruxados(Borges, 2014) nesta era secu- damentos absolutos e se recusam aperceber osamuletos queadornam que Nele creem. nãoapenas os quecreem Assimcomo verbalizam fun- impenetrável e abstrato, a-históricoe ‘irrelacional’, cuja posse seja daqueles Racional Científico, Laico, espaço um há não pois modernas, ordenações rar religião antítese como da modernidade e as crenças antíteses como das Acomparação da autora é entre as religiões cristãs e entre aquelas “imbuídas de magia ou organizadas Todavia, considerando que a Por isso, continuo ‘acreditando’ 2014) ser improdutivo conside- (Duarte, “Cristianismo ateu” episteme moderna. Talvez seja tempo de não mais purificar mais não de tempo seja Talvez moderna. : o Movimento Ecumênico nas malhas da repressão 166 episteme . : ecumenismo emtempos de ditadura e a doutrina política da laicida a percep- - 191 Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 192

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Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014 cas públicas​ É cientista | Paulo Victor Leiteopes Email: o direito demulheres edeLGBTs noBrasil”​ deparlamentares evangélicose Política: análise uma sobreda participação social e favela. entre gênero, sexualidade, as religião,articulações violência, Estado, classe de pesquisa dedicados às temáticas de segurança pública, religião​ egrupos laboratórios não-governamentais, organizações em profissional Universidade do EstadoRiodeJaneiro (LIDIS/UERJ). Te​ tório Integrado em Diversidade Sexual e de Gênero, Políticas e Direitos da Cidadania da Universidade Cândido Mendes (CESeC/UCAM) e do Labora- de Janeiro (UFRJ). É pesquisadordoCentro deEstudosSegurança e mestre e doutor emAntropologia Social na Universidade Federal do Rio

[email protected]​​ social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), , onde, a partir de diferentes, onde, a partir metodologias, procura investigar ​​É, junto com Christina Vital da Cunha, autor do livro “Religião (2012). m experiência e ​políti - Coordenação editorial Projeto gráfico e diagramação Marilene de Paula Beto Paixão

Revisão Impressão Bruna de Lara Gráfica Stamppa Karina Merencio Leandro Uchoas Tiragem 1.000 exemplares Pesquisa iconográfica Karina Merencio Leandro Uchoas Esse livro foi financiado com recursos da Fundação Luzia da Silva Heinrich Böll e a pesquisa foi uma colaboração das Foto da Capa instituições Boll e Iser. É permitida a reprodução Shutterstock.com parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

Fundação Heinrich Böll Instituto de Estudos da Religião (ISER) Rua da Glória, 190/701 – Glória Ladeira da Glória, 99, Glória Rio de Janeiro - RJ – Brasil Rio de Janeiro CEP 20.241-180 CEP 22.210-010 +55 21 3221 9900 +55 21 2555 3782 [email protected] [email protected] www.br.boell.org www.iser.org.br

C972r Vital da Cunha, Christina; Lopes, Paulo Victor Leite; Lui, Janayna.

Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014. Christina Vital da Cunha, Paulo Victor Leite Lopes, Janayna Lui. – Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böll: Instituto de Estudos da Religião, 2017.

196 p.

ISBN 978-85-62669-21-7.

1. Religião - Política. 2. Eleições. I. Vital da Cunha, Christina. II. Lopes, Paulo Victor Leite. III. Lui, Janayna. IV. Título.

CDD 261.83