Viagem Ao Desconhecido: Desventuras Na Obra Reunida De Campos De Carvalho
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L Edevaldo Candido de Morais VIAGEM AO DESCONHECIDO: DESVENTURAS NA OBRA REUNIDA DE CAMPOS DE CARVALHO PROGRAMA DE MESTRADO EM LETRAS Teoria Literária e Crítica da Cultura São João del-Rei Junho de 2015 1 L Edevaldo Candido de Morais VIAGEM AO DESCONHECIDO: DESVENTURAS NA OBRA REUNIDA DE CAMPOS DE CARVALHO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação: Mestrado em Letras da Universidade Federal de São João del- Rei, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Letras Área de Concentração: Teoria Literária e Crítica da Cultura Linha de Pesquisa: Literatura e Memória Cultural Orientadora: Professora Doutora Eliana da Conceição Tolentino PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO: MESTRADO EM LETRAS Teoria Literária e Crítica da Cultura 2 Junho de 2015 3 Programa de Mestrado em Letras Dissertação intitulada Viagem ao desconhecido: desventuras na obra reunida de Campos de Carvalho, de autoria do mestrando Edevaldo Candido de Morais, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores: __________________________________________ Professora Doutora Eliana da Conceição Tolentino – PROMEL/UFSJ – Orientadora ___________________________________________ Professor Doutor André Monteiro Guimarães Dias Pires – FACLET/UFJF ____________________________________________ Professora Doutora Melissa Gonçalves Böechat – FIH/UFVM _____________________________________________ Professor Doutor Anderson Bastos Martins Coordenador do Programa de Mestrado em Letras da UFSJ PROMEL/UFSJ São João del-Rei, junho de 2015 Praça Dom Helvécio, 74 – Dom Bosco, São João del-Rei - MG, 36301-160 tel.: (32) 3379-2422 4 A um fantasma que vi dia desses, a um sobrevivente que ouvi, ao Ivo que viu a Uva, a/o leitor/a interessado/a. 5 6 Agradecimentos Agradeço ao gênio de Campos de Carvalho que me inspirou com sua literatura em um intento acadêmico a seu respeito, contando-me por vezes histórias absurdas, mas que me soaram demais verdadeiras e dignas de relatar aqui. À minha orientadora, Eliana, pela paciência com o desenvolvimento desse texto que qual o objeto que o prenuncia, se esbarra em labirintos quase intermináveis, desde a teoria ao romance carvalhiano em si - a mim também, quem sabe, tão confuso quanto. Agradeço a ela sobretudo pela carinho, amizade e atenção com que desempenha seu papel de orientadora comigo, desde sempre, ao que me parece. Aos amigos, velhos, novos, de sempre, para sempre, agradeço-os pela paciência em ouvir minhas divagações a respeito do “perigoso” sujeito que li em Carvalho (e pela paciência com tudo o mais): Aline Drummond, Laís Maria, Ir, go, Luciano, Ana Paula, Gustavo, Ana Elisa, Débora, Jackeline, Carlinha. Ao amor que me trouxe até esse mineiro escritor sobre o qual me debruçaria no mestrado, ao amor que me acompanha nesse trajeto, nessa dissertação que se segue. Aos meus pais, Luiza e José, meus irmãos, Edemilson e Edinei, mais do que queridos, minha outra parte, pelo que investem em mim, desde sempre, não só financeiramente, mas antes por tentar sempre, e sempre, aprender e ensinar da mesma forma. Como me ensinaram muito, sobre questões nem sempre acadêmicas, a eles devo esse compromisso, inclusive contratual, de lhes retornar em ensinamento, em conhecimento, o que eu porventura experenciar, estudar, enfim, na minha trajetória misteriosa de vida. À CAPES e à Universidade Federal de São João del-Rei, que sempre me acolheram nesse sonho e ambição de se aventurar pelas letras: bolsista desde o início de minha travessia acadêmica, ainda graduando, como bolsista de extensão, agradeço imensamente ao Mestrado em Letras da UFSJ (PROMEL) e ao CNPq, por acreditar no projeto que aqui se transfigura em texto (aparentemente) definitivo. 7 “Ao vermes...”. Não, não partirei para o óbvio, apesar de querer algum efeito parecido. Quero agradecer, finalmente, à conjunção astrológica que contingentemente me pôs para escrever uma dissertação, e também por poder existir, de se pegar, e fazer parte disso, essa coisa louca, indecifrável, que se chama vida. Valeu! 8 Resumo Fantasma ou literatura menor: Campos de Carvalho e sua obra além do tempo Ainda que pareça incongruente relacionar a literatura de Campos de Carvalho, a teorizações que viriam acontecer décadas depois acerca de autores e artistas europeus, como aquelas em torno de contemporaneidade, sobrevivência e literatura menor, há bastante similitude aí, entre diversos conflitos que se dizem contemporâneos e as personagens e os enredos algo fragmentários dos sujeitos que desfilam na escrita frenética de Carvalho. As diversas dissertações que se seguiram à publicação dos quatro livros do escritor mineiro em 1995 indiciam o curioso interesse exercido por esses livros que acontece só agora, e que não raro foram vistos como “malucos”, inacessíveis, incompreensíveis ou meramente reproduções à brasileira do surrealismo de época. Agora, seriam exemplares de um texto de marginalidade flagrante que denuncia diversos aparelhos ideológicos que se mantêm na sociedade, e que mantêm da mesma forma espaços de reclusão social e, claro, ideológica, com seus fantasmas por atormentar, pois que tudo sabem, e nos quais tudo coincide. Atentarmos à obra de Carvalho, desta forma, não é apenas prestigiar algo que é tão importante quanto qualquer manifestação cultural e se retificar diante de uma obra que, por motivos diversos, acabou por se empoeirar em estantes de livros jamais lidos, amaldiçoados que foram. A Lua Vem da Ásia (1956), Vaca de Nariz SutilI (1961), A Chuva Imóvel (1963) e O Púcaro Búlgaro (1964) podem ser percebidos como retratos literários de um tempo de tensão e de revisionismos que ajudariam a elucidar muito do que se discute hoje em dia, acerca de novas subjetividades, novos espaços de cultura, novas emergências liminares. Mas não só, é claro. Os personagens sem nome de Carvalho – que por vezes possuem diversos nomes e genealogias – são bastante similares aos sujeitos em crise de nosso tempo sem parâmetros – ou de revisão, fantasmas destes -, de modernidade líquida. Mas líquida não apenas em razão daquilo tudo que teria surgido de diferente e que não encontra tempo hábil para se solidificar: são também 9 sujeitos que atravessam o tempo em busca de uma gramática própria, que seja flexível aos seus devires e às suas próprias estórias, agora passíveis de serem narradas, ainda que esses o façam de maneira fluida e aparentemente desarranjada, e que esta seja incapaz de superar a experiência traumática de sua origem rasurada. Palavras-chave: Campos de Carvalho, Literatura Menor, Sobrevivência, Contemporaneidade, Literatura Brasileira. 10 Abstract Journey into the unknown: misadventures in the Campos de Carvalho gathered works. Although it seems incongruous to relate Campos de Carvalho literature to theorizations that would happen decades later about Europeans authors and artists, such as those around contemporary, survival and minor literature, there‟s enough similarity among those. The characters and the plots reveal something fragmented from the subjects that pass in the Carvalho‟s frantic writing. The many essays that followed the publication of four books of the mineiro writer in 1995, indicates its curious interest exercised by these books that comes to happen only now, and that often were viewed as "crazy", inaccessible, incomprehensible or merely reproductions of a brazilian surrealism. Now would be copies of pulp words exposing ideological systems that remain in society and which maintains the same way spaces of social commitment and of course, ideological, with its ghosts haunting it because is all they know, and which all coincide. Seeing the work of Carvalho, in that way, it‟s not only a way to honor something that is as important as any cultural event and testify that. For so many reasons, these books ended up in dust as never read books. They were cursed. A Lua Vem da Ásia (1956), Vaca de Nariz Sutil (1961), A Chuva Imóvel (1963) and O Púcaro Búlgaro (1964) can be seen as literary portraits of a time of tension and revisionisms that would help clarify a lot of what‟s discussed today, about new subjectivities, new spaces for culture, new emergencies injunctions. Not only that. The nameless characters of Carvalho, which sometimes have different names and genealogies, are very similar to the people in crisis of our fickle time of liquid modernity. But liquid not just because of what would have emerged from different and which has no time to solidify: they‟re also subjects who cross time 11 in search of its own grammar, that must be flexible to their becomings and their own stories, now that is possible to tell them, although these do so flowing and seemingly unsettled way, and that it is unable to overcome the traumatic experience of her scrabble origin. Keywords: Campos de Carvalho, Minor Literature, Survival, Contemporaneity, Brazilian Literature. 12 Sumário 1. Iniciais Considerações....................................................................................16 2. Aparição.........................................................................................................25 3. CAPÍTULO I: O espírito à espreita..................................................................27 1.1 O fantasma das ditaduras: a ditadura civil-militar do Brasil e da Moral.......................................................................................................41 1.2 Perseguidos, loucos e renegados: apresentando Campos de Carvalho..................................................................................................44 4. CAPÍTULO II: A literatura de Campos