Mariana Fernandes Brito Qorpo-Santo, Zé Limeira E
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1 MARIANA FERNANDES BRITO QORPO-SANTO, ZÉ LIMEIRA E CAMPOS DE CARVALHO À LUZ DO ABSURDO Goiânia, Julho de 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGUÍSTICA QORPO-SANTO, ZÉ LIMEIRA E CAMPOS DE CARVALHO À LUZ DO ABSURDO Mariana Fernandes Brito Dissertação de Mestrado apresentada para submissão ao exame de defesada Área de Concentração Estudos Literários e da Linha de Pesquisa Poéticas da Modernidade e da Contemporaneidade, do Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Goiás, sob a orientação do Prof. Dr. Jamesson Buarque de Souza. Goiânia, Julho de 2018 Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG. Brito, Mariana Qorpo-Santo, Zé Limeira e Campos de Carvalho à luz do absurdo [manuscrito] / Mariana Brito. - 2018. 159 f. Orientador: Prof. Dr. Jamesson Buarque de Souza. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Letras (FL), Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, Goiânia, 2018. Bibliografia. 1. Absurdo. 2. Literatura brasileira. 3. Qorpo-Santo. 4. Zé Limeira. 5. Campos de Carvalho. I. Buarque de Souza, Jamesson , orient. II. Título. CDU 821.134.3 2 BANCA TITULAR DO EXAME DE DEFESA _______________________________________________________________ Prof. Dr. Jamesson Buarque de Souza (Orientador/Presidente – PPGLL/FL-UFG) _______________________________________________________________ Profa. Dra. Maria da Glória Magalhães dos Reis (Membro Titular – POSLIT/UNB) _______________________________________________________________ Profa. Dra. Tarsilla do Couto Brito (Membro Titular –FL-UFG) 3 Agradecimentos A CAPES, pela bolsa de auxílio à pesquisa fornecida durante os 24 meses de realização do mestrado; Ao Prof. Dr. Jamesson Buarque, pela orientação e paciência que teve com esta orientanda durante todo esse tempo; À Profa. Dra. Goiandira Ortiz e à Profa. Dra. Tarsilla do Couto, pela contribuição preciosa de ambas durante o exame de qualificação deste trabalho; Aos amigos e às amigas, que me ampararam nos momentos de adversidade dos últimos dois anos; A D. Irineia Silva e D. Iclea Brito, pelo auxílio financeiro, pelo exemplo de resistência e generosidade sempre dado por ambas; E a Aparecida Silva de Melo Brito, minha mãe: existência sobrenatural e concreta, porque sempre e de todo modo amor – sentimento mais absurdo experimentado pelo ser humano. 4 Dedicatória A todos que procuram por seus antípodas. 5 Resumo Investigamos o absurdo a partir dos sentidos a ele conferidos, procurandodescreversistematicamente seu conceito para observá-lona Literatura Brasileira, abrangendo seu período de desenvolvimento que vai de meados do século XIX ao longo do século XX, contudo, com ênfase em três autores em três gêneros literários distintos. Não se tem uma linha traçada nesse sentido nos estudos literários de obras brasileiras. Propusemo- nos, então, aliar conceitualmente em torno do absurdo autorescomo: Aristóteles, Nietzsche, Bakhtin, Deleuze, Camus, Umberto Eco, Antonio Candido, Hobsbawm, Ítalo Calvino, Szondi, Sartre, Décio Pignatari, Auerbach e Martin Esslin entre outros.A partir disso, pudemos observar o absurdo na literatura em solo brasileiro, apesar da restrição a três autores. Não conseguimos nos apoiar somente na fortuna crítica e na teoria desenvolvida por autorias brasileiras sobre o absurdo, por isso tivemos de recorrer a autorias estrangeiras, para empregá-las a nosso favor. Desse modo, fizemos com que Nietszche nos desse um cenário juntamente com Hobsbawm e Antonio Candido, no sentido filosófico e histórico que considera a Modernidade como objeto de observação. Em paralelo, empregamos Bakhtin, abordando Rabelais, e recorremos a Aristóteles, ainda para fundar o cenário, fornecendo bases teóricas e arqueológicas para a discussão sobre os gêneros literários e o hibridismo grotesco de estilos em associação com o absurdo. Sabemos, a partir dos nomes deferidos, o que fundamenta nossa subjetividade, nossa história e nosso modo de viver, que nossas escolhas são consequências diretas do século XX. Nesse período do cenário, apontamos para a questão reflexiva do absurdo valendo-nos de quem muito se dedicou a ele. Sartre e Camus servem de base para o raciocínio existencial e, mais especificamente, absurdo, respectivamente, e Calvino os ilustra de maneira bastante pontual. Também partimos da relação entre esses três para discutirmos algumas acepções, sem deixar de contrariar o falso entendimento de que o absurdo é uma criação originária e pertencente à França, inclusive, um dos autores do corpus serve de contestação disso: Qorpo-Santo. Esse escritor não só antecipa bastante o que cem anos depois se chamaria de Teatro do Absurdo, marcando o Brasil no mapa da corrente subterrânea onde vive o absurdo e suas autorias representantes, como também compartilha de uma dificuldade considerável na tentativa de se fazer reconhecido, com os outros dois autores de nossa 6 seleção brasileira: Zé Limeira e Campos de Carvalho. O primeiro precisou driblar seu analfabetismo, seu status de anônimo, o isolamento do sertão nordestino e mais outros fatores, para transformar-se no mito paraibano que é hoje. Já Campos de Carvalho emerge de décadas em décadas, e não consegue alcançar mais que a corrente alternativa dos Estudos Literários brasileiros. Decerto que, após certo tempo passado desde o lançamento de suas obras, já podemos o considerar um autor reconhecido, de certa forma, mas ainda assim de contracorrente. Em geral, esses três nomes, respectivamente no teatro, na poesia e na prosa de ficção, habitam o submundo a que recorre toda autoria que escolhe expor ou plasmar ideias incômodas, como o é a falta de sentido que há em tudo, de modo a dizer, conforme os princípios da patafísica formulados por Albert Jarry, que (quase) nada é sério, assim como a seriedade pode ser tratada de maneira jocosa. Palavras-chave:Absurdo; Literatura Brasileira; Qorpo-Santo; Zé Limeira; Campos de Carvalho. 7 Abstract We investigate the absurd from its meanings, trying to describe its concept systematically to observe it in the Brazilian Literature, from the mid-nineteenth century throughout the twentieth century, however, with emphasis on three authors in three literary genres. There isn’t a line in this perspective in the Brazilian Literary Studies. We proposed to ally conceptually about the absurd these authors: Aristotle, Nietzsche, Bakhtin, Deleuze, Camus, Umberto Eco, Antonio Candido, Hobsbawm, Italo Calvino, Szondi, Sartre, Décio Pignatari, Auerbach and Martin Esslin andmore. From this, we observe the absurd in the Brazilian Literature, despite the restriction to three authors. We couldn’t rely only on the critical fortune and theory developed by Brazilian authors about the absurd, so we had to resort to foreign authorship to use them. In this way, we join Nietszche in the same scenario with Hobsbawm and Antonio Candido, in a philosophical and historical sense regarding Modernity as an object of observation. In parallel, we employ Bakhtin, approaching Rabelais, and we resort to Aristotle, still about the setting, providing theoretical and archaeological bases for the discussion of literary genres and the grotesque hybridism of styles in association with the absurd. We know, from the deferred names, what underlies our subjectivity, our history and our way of living, that our choices are direct consequences of the twentieth century. In this, we pointed to the reflexive question of the absurd, using those who dedicated much to it.Sartre and Camus serve as basis for existential and, more specifically, absurd reasoning, respectively, and Calvino illustrates them quite punctually. We also start from the relationship between these three to discuss some meanings, while countering the false understanding that the absurd is an original creation and belonging to France, even one of the authors of the corpus serves as a contestation: Qorpo-Santo.This writer not only anticipates what a hundred years later we would call the Theater of the Absurd, marking Brazil on the map of the subterranean current where the absurd lives and its authorships representatives, but also shares a considerable difficulty in trying to become recognized, with the other two authors: Zé Limeira and Campos de Carvalho. The first had to dribble its illiteracy, its status of anonymous, the isolation of the Northeastern backlands and other factors, to become the myth of Paraiba that he is today. Campos de Carvalho emerges from decades to decades, 8 and cannot achieve more than the alternative current of Brazilian Literary Studies. Certainly, after some time since the launch of his works, we can already consider him an author recognized, in a way, but still of countercurrent. In general, these three names, respectively in drama, in poetry and in novel, inhabit the underworld to which all authorship chooses to expose or express uncomfortable ideas, as is the lack of meaning that exists in everything, in order to say, according to the principles of pataphysics formulated by Albert Jarry, that (or almost) nothing is serious, just as seriousness can be treated in a humorous way. Keywords:Absurd; Brazilian Literature; Qorpo-Santo; Zé Limeira; Campos de Carvalho. 9 SUMÁRIO Agradecimentos, 3 Dedicatória, 4 Resumo, 5 Abstract, 7 À GUISA DE APRESENTAÇÃO, 11 CAPÍTULO 1 – Em torno do absurdo, 17 1.1 Estudo vocabular do termo, 17 1.2 Estudo etimológico do termo, 27 1.3 O absurdo à luz de Nietzsche e Bakhtin, 37 1.4 O absurdo à luz de Camus e Deleuze, 52 CAPÍTULO 2 – O drama do absurdo de Qorpo-Santo, 76 CAPÍTULO 3 – A absurda poesia de Zé Limeira, 101 CAPÍTULO 4 – A ficção absurda de Campos de Carvalho, 128 CONSIDERAÇÕES INTERMINADAS, 151 REFERÊNCIAS, 154 10 MOTE Sábado fez quinta-feira, Domingo fez três semanas, Que pariu a porca um burro, Mas com vinte e cinco mamas. (Sapateiro Silva, fins do século XVIII ou entre início e meados do XIX) À GUISA DE APRESENTAÇÃO 11 Há oito anos a pesquisa que trouxe a esta dissertação se iniciava com a tentativa de falar sobre o absurdo dentro da obra de um repentista paraibano. Essa curiosa associação nos levou a tentar outros autores.