DUAS PALAVRAS António Avelãs

Propriedade, Redacção e Administração Federação Nacional dos Professores Rua Fialho de Almeida, 3 1070-128 LISBOA Tels.: 213819190 - Fax: 213819198 Provérbios e Aforismos E-mail: [email protected] Home page: http://www.fenprof.pt

Director: Paulo Sucena

Chefe de Redacção: Luís Lobo In cauda venenum

Conselho de Redacção: António Avelãs e Manuel Grilo (SPGL), António Baldaia (SPN), Fernando Diziam os romanos que o fim Vicente (SPRA), Nélio de Sousa (SPM), Luís Lobo (SPRC), Manuel Nobre (SPZS), Teresa Chaveca era sempre o mais difícil. Vários (Ensino Superior) responsáveis pelo Ministério da Coordenação: José Paulo Oliveira Educação levaram demasiado à [email protected] | [email protected] letra este aforismo. Tal foi o caso Paginação e Grafismo: Tiago Madeira do então secretário de Estado Composição: Idalina Martins e Lina Reis Jorge Lemos (Governo PS, 1997) Revisão: Inês Carvalho que garantia faltar apenas 1

Impressão: SOCTIP - Sociedade Tipográfica, S.A. (um) artigo para concluir um di- Estrada Nacional, nº 10, km 108.3 - Porto Alto ploma que permitiria o acesso 2135-114 Samora Correia Tiragem média: 68 000 ex. aos complementos de formação Depósito Legal: 3062/88 ICS 109940 a um número não muito grande de docentes em exercício a quem O “JF” está aberto à colaboração dos professores, mesmo quando não solicitada. A Redacção reserva- oficialmente não era reconhe- se, todavia, o direito de sintetizar ou não publicar quaisquer artigos, em função do espaço disponível. cido o nível de bacharel ou não Os artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. lhes era reconhecido para pros- seguimento de estudos. Passados Membros anos, continua a faltar só o tal da FENPROF artigo. E quem se lixa, quem é? SINDICATO DOS PROFESSORES DA GRANDE LISBOA R. Fialho de Almeida, 3 - 1070-128 Lisboa Cantas bem Tel.: 213819100 - Fax: 213819199 E-mail: [email protected] mas não me alegras Home page: www.spgl.pt

SINDICATO DOS PROFESSORES Desde 1998 que o ME diz que se encontra DO NORTE Há sindicatos de quem Edif. Cristal Park quase concluído o diploma que cria os quadros R. D. Manuel II, 51-3º - 4050-345 Porto das escolas de Música e de Dança dos Tel.: 226070500 - Fax: 226070595 nunca se ouviu falar, de E-mail: [email protected] Conservatórios, passo necessário para que se Home page: www.spn.pt abram concursos para o seu preenchimento e outros não se conhece SINDICATO DOS PROFESSORES DA REGIÃO CENTRO para que os docentes possam ser chamados à qualquer acto eleitoral, R. Lourenço Almeida de Azevedo, 20 profissionalização. Por várias vezes foi noticiada 3000-250 Coimbra há uns tantos em que Tel.: 239851660 - Fax: 239851666 a sua publicação. Até à data, tem sido só E-mail: [email protected] Home page: www.sprc.pt fumaça... o número de sócios deve SINDICATO DOS PROFESSORES coincidir com o dos DA ZONA SUL Dois pesos, duas medidas, Av. Condes de Vil’Alva, 257 7000-868 Évora ou como a justiça tem os olhos tortos dirigentes… Tel.: 266758270 - Fax: 266758274 E-mail: [email protected] O que se passa com a proliferação de SINDICATO DOS PROFESSORES DA REGIÃO AÇORES sindicatos de professores brada aos céus. Há Mas a quem ele decidiu levantar problemas, R. João Francisco de Sousa, 46 sindicatos de quem nunca se ouviu falar, de ainda por cima injustificados, de modo a tentar 9500-187 Ponta Delgada - S. Miguel Tel.: 296205960 - Fax: 296629498 outros não se conhece qualquer acto eleitoral, reduzir os créditos para o trabalho sindical, Home page: www.spra.pt há uns tantos em que o número de sócios deve foi...à FENPROF, exactamente à associação SINDICATO DOS PROFESSORES sindical que tem menos professores “desta- DA MADEIRA coincidir com o dos dirigentes. Consta até que Edifício Elias Garcia, R. Elias Garcia, um se constituiu roubando os ficheiros a outro cados”, cujos sindicatos fazem eleições públicas, Bloco V-1º A - 9054-525 Funchal Tel.: 291206360 - Fax: 291206369 e que haverá dirigentes que pertencem” concorridas, nas próprias escolas. Não é de E-mail: [email protected] Home page: www.smembers.netmadeira.com/spm/spm legalmente” (!) aos dois...O número de professo- certeza pelos nossos lindos olhos... res “destacados” a tempo inteiro nestes É malhar enquanto o ferro está quente SINDICATO DOS PROFESSORES NO ESTRANGEIRO simulacros de sindicatos é elevadamente É o que é preciso fazer aproveitando as Sede Social: Rua Fialho de Almeida, 3 1070-128 Lisboa absurdo, tornando urgente uma intervenção expectativas que sempre se criam quando surge Tel.: 213833737 - Fax: 213865096 moralizadora. Tudo isto o poder finge ignorar. um novo governo...Os tais 100 dias de graça... E-mail: [email protected]

2 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 Questões SUMÁRIO para discussão Maria João Silva (pág. 7)

A formação nas ESEs Cristina Mesquita Pires (pág. 7) CONCURSOS 2005/2006 Instabilidade nas escolas e penalização Formação inicial de professores 4 dos jovens professores vieram para ficar… e de educadores de infância Filomena Teixeira (pág. 8)

DOSSIER FORMAÇÃO DE PROFESSORES Formação inicial de professores: Seminário organizado pela FENPROF: Lisboa, 17 e 18 de Março algumas notas 6 Depoimentos (págs. 7 a 13 e págs.19 a 24) Maria Luísa Veiga (pág. 9) A formação de professores, hoje: AGRUPAMENTOS DE ESCOLA alguns apontamentos para As razões de um inquérito uma questão sempre actual 14 (Manuela Mendonça) Manuel Matos (pág. 10) Necessidades de formação e avaliação INQUÉRITO DA FENPROF de desempenho, dos interfaces A realidade dos Agrupamentos implícitos e necessários 15 Vito Carioca (pág. 11)

Tópicos para uma reflexão sobre NO ALVO a formação de professores Desemprego aumentou em Janeiro de língua materna 25 Isabel Pires de Lima (pág. 13)

ENCONTRO GALEGO-PORTUGUÊS Formação contínua de professores: DE EDUCADORES PELA PAZ das mudanças no discurso à mudança 26 Setúbal, 15 a 17 de Abril nas práticas António Leite (pág. 19)

Eu…na minha escola INQUÉRITO DA FENPROF César Rocha (pág. 20) 27 Reorganização Curricular do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico Um dia toda a formação de professores será feita desta maneira… JANELA ABERTA João Paulo Janicas (pág. 20) O Sr. Lino Ferreira… 34 (Mário David Soares) Desafios do novo milénio na formação inicial de professores Pedro Francisco González (pág. 21) AGENDA CULTURAL Desafios para a formação inicial Jazz em 6 cidades portuguesas. Rede Nacional de Novo Circo. do professorado em Espanha Novo álbum dos 38 Ana Mampaso Martinez e Antonio Maldonado Rico (pág. 22)

Os desafios para a formação inicial dos docentes do Secundário Estella Acosta Pérez (pág. 23)

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 3 CONCURSOS 2005/2006 Instabilidade nas escolas e penalização dos jovens professores vieram para ficar…

concurso para os educadores de limitar o número de docentes que poderão infância e docentes dos ensinos candidatar-se na 1ª prioridade do concurso básico e secundário, que se inicia no externo, exigindo-lhes que o tempo de Carta ao Presidente próximo dia 7 de Março, não tem serviço obtido em 2002/2003 e/ou 2003/ O qualquer vaga nos quadros de zona 2004 tenha sido prestado na qualidade de da República pedagógica - situação inédita desde que profissionalizados e apenas em estabe- estes quadros foram criados - e apresenta lecimentos de educação ou de ensino um insignificante número de vagas para os público do Ministério da Educação. “O Secretariado Nacional da quadros de escola – são criadas pouco mais FENPROF vem, por este meio, expor uma de 4000 vagas, propondo-se o encerra- Excluídos situação que considera grave, solici- mento de mais de 7000 lugares, alerta o tando a Vossa Excelência que se digne Secretariado Nacional da FENPROF. Excluem-se, assim, abusivamente, da 1ª analisá-la e intervir no processo em Tal situação terá, como consequência, prioridade do concurso, todos os docentes causa, em tempo útil, se considerar que prossegue a Federação Nacional dos profissionalizados que tenham prestado tal se justifica. Professores: serviço docente em estabelecimentos do Trata-se de uma situação relativa ao • O agravamento da precariedade de ensino público em período anterior à concurso de professores para o próximo emprego dos candidatos mais jovens, na realização da profissionalização e todos os ano lectivo, que está neste momento no medida em que, dificilmente algum conse- que, mesmo profissionalizados, tenham seu início e cuja fase de apresentação guirá ingressar nos quadros. prestado serviço em estabelecimentos de de candidaturas decorre entre o próximo • A manutenção da situação de instabi- educação e ensinos públicos de outros dia 7 de Março e 15 de Abril, tendo o lidade dos docentes dos quadros que ainda ministérios. Ficam assim excluídos todos os respectivo aviso de abertura sido estão colocados longe das suas residências, docentes que prestaram serviço, a título de publicado na II Série do Diário da na medida em que, no actual quadro, exemplo, no ensino superior público, na República de 11 de Fevereiro. dificilmente conseguirão mudar de escola. Casa Pia, no Colégio Militar, em estabe- Constata-se assim que o referido • O aumento do desemprego docente, lecimentos prisionais, em unidades hospi- concurso, que diz respeito à colocação atingindo não só muitos professores que talares e, eventualmente em estabeleci- de professores para o próximo ano estão contratados no presente ano lectivo, mentos de ensino das regiões autónomas. lectivo, terá alguns dos seus momentos mas também os novos candidatos que Também os docentes declarados inca- decisivos já sob a responsabilidade do concluem este ano a sua formação inicial. pacitados para o exercício de funções próximo Governo. • A redução de oferta pública de ensino docentes pelas juntas médicas são impe- Acontece que a não serem tomadas e educação em vastas regiões do interior didos de se apresentarem a concurso, tendo- rapidamente medidas que o evitem, do país, particularmente na educação pré- -lhes sido retirado pelo Ministério da designadamente no que respeita ao -escolar e no 1º ciclo do ensino básico. Educação o direito à mobilidade consagrado aviso de abertura que contém aspectos Por outro lado, o aviso de abertura do no Estatuto da Carreira Docente, através do em que não se respeita a legislação em concurso, publicado em 11 de Fevereiro Aviso de Abertura do concurso. Esta vigor – Dec-Lei nº 35/2003, de 27 de desrespeita em alguns aspectos a legislação situação é tanto mais injusta quando se Fevereiro, com as alterações que lhe vigente, nomeadamente o nº 2, a) do artigo trata de docentes com dificuldades acresci- foram introduzidas pelo Decreto-Lei nº 13º do Decreto-Lei nº 20/2005 de 19 de das publicamente reconhecidas. A salva- 20/2005, de 19 de Janeiro, todo o seu Janeiro “1ª prioridade – indivíduos qualifi- guarda do interesse, legítimo, das escolas e desenvolvimento irá ser inquinado, cados profissionalmente para os nível, grau dos alunos deverá ser garantida através de pondo em causa a sua plena legalidade de ensino e grupo de docência a que se mecanismos que tornem claro que esta e normalidade, criando situações que candidatam que tenham prestado num dos “mobilidade” não anula a necessidade de irão prejudicar professores, educadores, dois anos imediatamente anteriores ao con- ser, nessa mesma escola, colocado um escolas e em consequência os próprios curso funções em estabelecimentos de docente em condições de assegurar o alunos e suas famílias. educação ou de ensino públicos”, recu- serviço lectivo e não, à custa da retirada de De facto, no seu ponto 2.7 o aviso perando algumas interpretações ensaiadas direitos aos docentes em causa. de abertura não respeita o que está nos últimos concursos, com as conse- A FENPROF exige que o ME cumpra a legislado sobre a matéria no artº 13º do quências nefastas que são públicas, observa Lei, única forma de manter a serenidade a FENPROF, que acrescenta: necessária para que o processo de concur- Dec-Lei 35/2003, que regulamenta o O Ministério da Educação pretende, sos para 2005/2006 decorra com nor- referido concurso.” através do aviso de abertura do concurso, malidade. 23/2/2005

4 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 EDITORIAL Paulo Sucena (Secretário Geral da FENPROF)

Lutar pela mudança

povo português infligiu, no passado dia 20 de política que vise o progresso e o desenvolvimento de Fevereiro, uma pesada derrota à Direita e às suas Portugal. políticas. Os resultados das eleições legislativas A FENPROF e os seus Sindicatos manter-se-ão, apontam para a necessidade de o novo Governo intransigentemente, nas suas posições de colaboração O operar claras mudanças nos principais eixos activa e leal com o Governo na definição das políticas orientadores da política dos Governos PSD-CDS/PP. educativas e na execução de todas as medidas que Ao dar a vitória à esquerda os eleitores não só contribuam para a melhoria do funcionamento das condenaram a política da/de direita como exigem escolas, da qualidade do ensino, do sucesso escolar dos implicitamente do novo Governo a adopção de uma alunos e do êxito profissional e social dos docentes. Em estratégia que vise a justiça social, o progresso e o simultâneo, promoverão o combate sério e frontal a reforço da democracia, perigosamente golpeada pela quaisquer estratégias ou decisões do poder político actuação dos anteriores Governos. inequivocamente recusadas pela classe docente. Esta nova situação, para a qual a FENPROF, os seus A propósito de classe docente, seria bom que o novo sindicatos e os professores em geral muito contribuíram Governo desse um passo de gigante e assumisse, sem com a sua luta e a firmeza com que defenderam posições tergiversações, um comportamento, sem margem para contrárias às incrementadas pelo Governo, gerou na dúvidas, de quem sabe distinguir as organizações maioria dos portugueses fundadas expectativas e um sindicais que representam verdadeiramente a classe das halo de esperança. que não têm qualquer significado neste vasto grupo Dito de outro modo: sobre o novo Governo pende a profissional e muitas vezes atentam contra o prestígio exigência de abertura de novos caminhos políticos e do sindical, pilar imprescindível da isto significa rupturas com o passado e não retoques democracia. político-sociais feitos com cores menos escuras no que O Conselho Nacional da FENPROF aprovou, na sua de gravoso herdou da Direita. reunião de Novembro de 2004, uma carta reivindicativa Todos sabemos que as pressões externas do neo- conhecida em todas as escolas, e o Secretariado -liberalismo vão continuar a fazer-se sentir e obrigam Nacional, na sua reunião de Março, vai aprovar uma os governantes a traçar estratégias com grande coragem Resolução político-sindical contendo alguns eixos política no sentido de incentivar os portugueses e os prioritários que, no entendimento da FENPROF, deveriam trabalhadores, em particular, a contribuírem para retirar ser tidos em conta pelo Governo na planificação da sua o país da apagada e vil tristeza em que a Direita política política para a área da Educação. Por outro lado, já estão e os poderosos interesses económico-financeiros o aprovadas várias iniciativas de dimensão tão relevante mergulharam. como a Conferência do Ensino Superior e o Debate sobre Já estamos todos à espera dos sinais de mudança: o a Formação de Professores e assumida uma estratégia Código do Trabalho aí está a exigir uma profunda revisão; de diálogo com as escolas e os docentes que visa o a fraude e a evasão fiscais reclamam um combate eficaz; permanente esclarecimento e mobilização da classe o Serviço Nacional de Saúde e a Segurança Social docente porque a esperança, por si só, não transforma clamam por efectivas melhorias; o papel do Estado a realidade. Mas será sempre uma forte motivação para necessita de ser repensado em moldes contrários ao do a acção. Nada nos é dado, tudo se conquista o que slogan “menos Estado, melhor Estado”; a estagnação implica movimento e luta e não abulia e indiferença. dos salários exige a prossecução de políticas que Vamos todos estar atentos às primeiras medidas a promovam uma justa distribuição do rendimento; a serem anunciadas pelo Governo do Partido Socialista subversão operada na Administração Pública implica o porque elas serão o prelúdio e o prenúncio (etimolo- pôr-se fim às políticas de privatizações e à assunção gicamente, “que anuncia”) do rumo das suas políticas. por parte do Estado dos chamados deveres sociais; a Para as analisar um parâmetro de avaliação nos basta: escola pública tão mal tratada pelas políticas anteriores a aproximação ou afastamento da vontade de mudança impõe-se como um foco incontornável de qualquer expressa nos resultados eleitorais de 20 de Fevereiro.

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 5 FORMAÇÃO DE PROFESSORES FENPROF realiza Seminário, Instituto Franco-Português, Lisboa Olhar de frente a Formação de Professores

uase 20 anos após a aprovação da Que perspectivas desenvolve a formação sobre essas mudanças que se tomou a Lei de Bases do Sistema Educativo de professores no âmbito de combates decisão de organizar um Seminário que e quase 5 após significativas fundamentais da sociedade portuguesa às possa colocar as grandes questões e as alterações ao regime jurídico da baixas qualificações dos trabalhadores, ao opiniões de alguns dos protagonistas da Q formação de professores, somos abandono e insucesso escolares ou às baixas Formação de Professores em Portugal, necessariamente obrigados a ques- performances dos nossos alunos em com- desafiando toda a comunidade educativa tionar-nos sobre o caminho entretanto paração com os de outros países europeus? a pronunciar-se sobre esta tão im- percorrido. A FENPROF considera que chegou o portante área. O que mudou na formação inicial de tempo de olhar de frente os problemas que Nos dias 17 e 18 de Março, em Lisboa, docentes? Quem a realiza e em que se colocam à formação de professores. professores de todo o país poderão parti- condições? Reconhecendo que os professores e cipar na primeira grande iniciativa após as Que resposta dá hoje a formação educadores realizam o seu trabalho com legislativas de 2005 que trará para primeiro organizada pelos diversos centros de uma grande insuficiência de recursos, a plano o debate sobre a formação de formação contínua às necessidades dos FENPROF entende, porém, que há mudanças professores. Debate esse que se inicia com professores e educadores e das escolas? e práticas que não podem sem que a a publicação de 13 textos de outros tantos Que especializações se fazem em escola e os seus docentes sofram a sua autores especialistas, esperando desta Educação, em Portugal, e que inserção têm influência. forma contribuir para a fundamentação das no exercício da profissão docente? É a pensar na necessidade de se reflectir opiniões dos leitores. CR

Seminário “Percursos e Desafios da Formação de Professores” Programa Dia 17 de Março de 2005 Dia 18 de Março de 2005 Manhã (09h30 – 12h30) Manhã (09h30 – 12h30) Abertura: Paulo Sucena (Secretário-Geral Tema: Formação inicial – perspectiva da FENPROF) histórica e avaliativa da situação Tema: Competências científicas e técni- Prelectores: João Pedro da Ponte (Faculdade cas, éticas e profissionais dos docentes de Ciências – Universidade de Lisboa), Luísa Prelectores: Maldonado Rico e Ana Mam- Veiga (Vice-presidente do Instituto Poli- paso (Universidade de Madrid) e Villegas técnico de Coimbra) e Fátima Paixão (ESE (Colégio de Professores do Chile/CUT). de Castelo Branco) Moderação: Ana Gaspar Moderação: Isaura Madeira 11h30 – Pausa para café 11h00 – Pausa para café 11h45 – Debate 11h15 – Debate Tarde – (14h30 – 17h00) Tarde (14h30 – 17h00) Tema: Formação Contínua – Avaliação da Tema: Competências para o Séc. XXI Situação Prelectores: Manuela Esteves (Faculdade de Prelectores: Ângela Rodrigues (Faculdade Psicologia e Ciências da Educação – de Psicologia e Ciências da Educação de Universidade de Lisboa), Luísa Alonzo Lisboa, Presidente do IIL), David Rodrigues (Universidade do Minho) (Faculdade de Motricidade Humana – Moderação: Conceição Dinis Universidade Técnica de Lisboa) e Maria 15h30 – Pausa para café José Sá Correia (Centro de Investigação 15h45 – Debate DTFF-Universidade de Aveiro). 16h30 – Encerramento Moderação: Lurdes Hespanhol 16h00 – Pausa para café 16h15 - Debate

6 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 Questões A Formação nas ESE Escolas de formação de professores e, para discussão simultaneamente, como centros de inves- tigação pedagógica, o que determinava um ormar para que sistema? - Que sistema comprometimento com a produção de de ensino básico e secundário? Quais investigação que fomentasse a qualidade e as implicações da estrutura do sistema a inovação nos contextos educacionais. de ensino para a formação de pro- Não seria, de todo, verdade dizer-se que fessores dos vários ciclos de ensino? as ESEs não cumpriram este objectivo, mas F parece-nos importante problematizar as Subsistema(s) formador(es) - Em que subsistema(s) do ensino superior se inte- dinâmicas que foram desenvolvidas em grará a formação - inicial e contínua - de torno deste propósito. Lutando contra o professores dos vários níveis e ciclos de estatuto de menoridade, o seu corpo ensino? Por que razões? docente procurou, ao longo das últimas Estrutura de formação e planos curri- décadas, o reconhecimento da sua função culares - Qual a estrutura do(s) ciclos(s) de investigadora e formadora. A busca deste estudo na formação de professores? Quais status quo foi feita, não raras vezes, à custa os perfis profissionais em que se baseia tal da subordinação dos princípios pedagógicos estrutura? Qual o ciclo de estudo que transversais, aos princípios do modelo habilita para o exercício da profissão? Que monotemático, desvalorizando o conhe- cimento das realidades profissionais para ligações entre os cursos de formação de eflectir sobre as Escolas Superiores professores para os diferentes ciclos de as quais formam. A lógica disciplinar que é de Educação através do olhar de imposta pela departamentalização em que ensino? Que áreas de formação e que quem vivencia uma realidade creditação relativa nos planos curriculares? assenta o modelo de formação das ESEs implica um distanciamento crítico, contraria a lógica da formação dos edu- Modelo integrado e formação peda- já que a acção que se desenvolve gógica complementar - Qual o modelo para R cadores de infância e dos professores do 1º em cada contexto é sempre uma forma ciclo do ensino básico, na sua dimensão a formação de professores? Deverão coexistir única e específica que os actores, agindo vários modelos? Para o mesmo nível de educacional generalista. Esta concepção nas limitações de uma racionalidade disciplinar conduz à apropriação por parte ensino? Para diferentes níveis de ensino? circunscrita, encontram para regular a sua “Bolonha” e a sociedade do conhe- dos formandos de uma lógica de comparti- cooperação e para gerir a sua inter- mentação dos saberes a nível curricular que cimento - Será possível conciliar as dependência estratégica. exigências de competitividade e os objecti- não favorece a perspectiva transdisciplinar, Isto significa que na nossa reflexão é induzindo-os a uma visão distorcida da vos de qualidade coexistentes em “Bo- impossível generalizar as interpretações lonha”? Que estruturas e processos são acção pedagógica a desenvolver nestes bem como hierarquizar de uma forma níveis de educação. necessários para a qualidade de moda- estável os factores que condicionaram lidades de ensino não presencial? Quais os Ora, é do nosso entendimento que a for- (condicionam) ou promoveram (promovem) mação de qualidade só poderá desenvolver- riscos, desafios e garantias que o processo o desenvolvimento das ESEs a nível de “Bolonha” oferece aos direitos e deveres -se se tivermos em conta a complexidade nacional. Por outras palavras, entendemos, educacional, que se realiza num de- dos docentes do ensino superior? que as ESEs não são nem simplesmente o Classificação de curso e concursos de terminado contexto social, ideologicamente reflexo das dinâmicas organizacionais locais situado. Esta assunção do acto educativo professores - Como validar a classificação (com os mecanismos de regulação, interio- de curso em função da qualidade da como um acto complexo que envolve rização de valores, conflitos e sobressaltos diferentes dimensões exige que ele seja formação adquirida? Será desejável que a profissionais que fazem a história de cada classificação de curso seja a única classi- pensado em contexto real. As ESEs, ao uma delas) nem muito menos o reflexo das proporcionarem a integração dos formandos ficação a considerar para concurso? características de uma cultura nacional. Acreditação dos cursos e habilitação nos contextos profissionais, devem aspirar Existem entre estes diferentes níveis do à sua compreensão e, sobretudo, à sua profissional - Quem deve conceder a habi- jogo, interferências, contradições que não litação profissional dos professores? Com base melhoria. Neste sentido, entendemos que nos permitem extrapolar de uma realidade tem havido dificuldades em valorizar a em que processo(s) e desempenho(s)? Quem para outra. deve acreditar os cursos? Com base em que formação e a co-formação, pelo que seriam Assim, salvaguardada a devida distância de considerar estratégias formativas, que critérios e instrumentos? Como garantir a propomos compreender os saltos e sobres- continuidade do processo de acreditação? se desenvolvam a partir de projectos em saltos das ESEs tendo em conta: o seu papel contexto com equipas transdisciplinares de Avaliação dos cursos - O que deverá na promoção da qualidade e inovação ter de comum com outros cursos? E de docentes das ESEs. Esta forma de organizar educacional; no progresso e no bem estar a formação poderia trazer verdadeiros específico? Que critérios para a composição das regiões e das populações, bem como os das comissões e subcomissões de avaliação? benefícios para a comunidade educativa, dilemas em torno da sua especificidade. uma vez que favoreceria o aparecimento de Importa lembrar que no Programa Maria João Silva | ESE Porto linhas de investigação-acção, de nível Preliminar as ESEs se concebiam como transdisciplinar.

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 7 FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Outra questão que se levanta relaciona- formador deverá ter em consideração: as de previsão sobre o desenvolvimento do -se com a complementaridade de funções características sociais do acto educativo; as sistema Educativo Português, como um que deve existir entre as ESEs e as escolas condicionantes que o determinam e as espaço de encontro de áreas de formação. cooperantes, é indispensável assegurar uma finalidades que o justificam. O inevitável alargamento, por áreas de formação e um estatuto específicos aos As ESEs têm dado um importante conveniência, pode conduzir à criação de docentes do ensino não superior a quem são contributo para esbater as assimetrias cursos sem sustentação em termos do acometidas responsabilidades na formação. regionais, possibilitando um melhor apro- mercado de trabalho, com critérios e A estes formadores tem sido exigida veitamento dos recursos locais e, aumen- designações díspares e incapazes de dar uma qualificação básica: a habilitação tando as expectativas profissionais dos respostas às verdadeiras necessidades locais académica e pedagógica que lhe confere a jovens das localidades onde estas foram e nacionais. profissionalização. Qualquer docente nestas implementadas. Sem ideias conservadoras ou anti- condições é, potencialmente, um formador, Reconhecemos, também, o grande expancionistas entendemos que as ESEs o que equivale ao não reconhecimento da esforço investigacional que os docentes das deveriam alicerçar a sua especificidade nas especificidade da função. ESEs têm feito sobre problemáticas de necessidades das regiões e populações É um facto que ao longo dos anos, fruto âmbito regional e local, apesar de em muitos promovendo em diálogo com outros de um grande empenho pessoal dos casos não ter havido até agora a capacidade parceiros o desenvolvimento sustentado a próprios, se foram formando bons forma- prospectiva, a flexibilidade e a decisão de partir de dentro. Tal como referem alguns dores, simplesmente, muito desse esforço adaptar os seus estudos às necessidades autores, seria um processo de (trans)formar- tem sido inglório e grande parte do capital emergentes das comunidades onde estão -se para (trans)formar. Este processo que de experiência desperdiçado, pois, ser-se inseridos. Daqui decorre que a relação das tem como principal adversário a resistência formador hoje não significa sê-lo amanhã. ESEs com as comunidades não deve cingir- à mudança exigiria uma modificação da O processo de formação fica mais pobre com -se a uma mera contemplação, antes pelo filosofia das ESEs levando-as a tornarem- o desperdício do “saber de experiência feito” contrário, elas devem constituir-se como -se diferentes para além do presente. acumulado por estes profissionais dedi- espaços de diálogo e de convergência de Mas para que esta reflexão ultrapasse a cados, que não vêem reconhecido, nem interesses que promovam o desenvolvi- dimensão retórica, implica que cada um dos pelas instituições nem pelo ministério, o seu mento sustentado das comunidades. actores se envolva na construção de soluções empenho, esforço e investimento na sua Uma outra questão em torno das ESEs a partir das potencialidades próprias, formação. Por isso, entendemos que seria relaciona-se com a sua vocação educa- (re)descobrindo e (re)definindo quotidiana- importante definir, para os formadores do cional. Inicialmente criadas para responder mente formas de acção inovadoras. ensino não superior, um perfil profissional, às necessidades da formação de professores, que respeite as exigências científicas e constituem-se hoje, fruto de algumas vi- Cristina Mesquita-Pires | Escola Superior técnicas da função. A definição do perfil de cissitudes, entre as quais destacamos a falta de Educação de Bragança

Formação Inicial de Professores e de Educadores de Infância

s novos desafios que hoje nos são duração de 2 anos. Apesar disso, não há colocados, em Portugal, designa- consenso quanto à designação e aos graus damente a implementação do a atribuir em cada um dos ciclos na “Processo de Bolonha”, remetem- formação2. Independentemente do que O -nos para a necessidade de uma venha a ser estabelecido parece-me ser de profunda reestruturação dos actuais exigir, inequivocamente, uma Formação currículos do Ensino Superior. É neste Inicial de Professores e de Educadores de contexto que urge repensar a Formação Infância, altamente qualificada, que permita Inicial de Professores e de Educadores de a construção de saberes e o desenvol- Infância. Neste sentido, vários pareceres1 vimento de competências de actuação, têm vindo a ser produzidos, divulgados e tendo em vista, no futuro, uma intervenção discutidos publicamente. eficaz, nomeadamente ao nível das funções, No caso concreto da Formação Inicial cada vez mais diversificadas e complexas, de Professores e de Educadores de Infância, que estes profissionais têm de desempenhar na ausência actual de uma definição clara nas escolas, jardins de infância ou creches. do modelo a implementar, tudo parece Assim sendo, que formação inicial de indicar que o 1º ciclo de formação venha a Professores e de Educadores de Infância? A ter a duração de 3 anos e o 2º ciclo a meu ver, competirá às Instituições de Ensino

8 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 Superior, no quadro da sua autonomia, a suas práticas profissionais, aquando dos voluntariado, que lhes permitam par- elaboração de currículos que proporcionem estágios, mediante a criação de Centros ticipar solidária e democraticamente aos futuros profissionais uma formação de Recursos, nas Instituições de For- com os outros, experienciando a vivên- cultural, científica, didáctica e organi- mação; cia da cidadania. zacional, de grande qualidade, específica e iv. A dinamização, nas Instituições de 1 Parecer do MCIES – Área de conhecimento em contexto, que vise o desenvolvimento Formação dos referidos Centros de “Formação de Professores” elaborado por João das suas competências de acção-investi- Recursos – materiais e humanos– que Pedro da Ponte (Universidade de Lisboa), Luís Sebas- gação-reflexão, mediante: constituam um verdadeiro apoio aos tião (Universidade de Évora) e Manuel Miguéns (ESE Portalegre). Parecer do CCISP – Área de conhe- i. O intercâmbio de saberes e práticas en- professores em formação mas também cimento “Formação de Professores” elaborado por tre as Instituições de formação de aos profissionais de educação que, no Albertina Palma (Instituto Politécnico de Setúbal), Professores e de Educadores de Infância “terreno”, com elas exercem a sua acção, Ana Paula Cardoso (Instituto Politécnico de Viseu), e os profissionais de Educação que em estreita colaboração e cooperação; António Manique (Presidente da ARIPESE), José desenvolvem a sua acção em escolas, v. A articulação entre as componentes Manuel Silva (Instituto Politécnico de Leiria), Mª de jardins de infância ou creches, isto é, científica, didáctica e de prática peda- Lurdes Serrazina (Instituto Politécnico de Lisboa) e em Centros Educativos; gógica/estágio, não só através da comple- Mª Luísa Veiga (Instituto Politécnico de Coimbra) ii. A concepção, desenvolvimento e avaliação, mentaridade dos projectos curriculares, 2 O parecer do MCIES opta pela designação conjunta, de projectos de investigação- mas também, e necessariamente, através “Técnico de Educação” no final do 1º ciclo de formação. O parecer do CCISP por “Licenciado em acção-formação, com vista à resolução de do envolvimento dos professores das áreas Educação”. Ambos admitem a designação de problemas/dificuldades concretos/as com científicas nas actividades de orientação “Educador de Infância”, “Professor do 1º ou do 2º que os Centros Educativos se deparam, que e supervisão. Ciclo do Ensino Básico”, no final do 2º ciclo de os afectam e que requerem um esforço Por último, penso que também com- formação. O grau académico a atribuir em cada articulado de todos, na sua superação e na petirá às Instituições de Formação, o um dos ciclos de formação é, pois, diferente nos melhoria da realidade em questão; estabelecimento de protocolos de dois pareceres. Assim, os Professores e Educadores iii. A concepção e elaboração, pelos colaboração com outras Instituições da de Infância serão Licenciados, no parecer do MCIES futuros profissionais de Educação, de comunidade, com fins culturais, sociais e Mestres no parecer do CCISP. materiais didácticos diversos e espe- e de desenvolvimento profissional, cíficos, adequados aos destinatários, que proporcionando aos futuros Professores Filomena Teixeira | Escola Superior de possam constituir um acervo e um e Educadores de Infância, o envol- Educação – Instituto Politécnico de Coimbra [email protected] suporte eficaz ao desenvolvimento das vimento em acções de formação e Formação Inicial de Professores (FIP): algumas notas

uitas são já as ideias organizadas de que a escola foi destronada enquanto sobre a formação inicial de local privilegiado de informação e professores, assentes, natural- formação. mente, num vasto e diverso Ora, o desafio primordial e insubstituível M conjunto de concepções de da educação/formação é, justamente, ensino, de aprendizagem, de professor, de favorecer uma assimilação crítica e curriculum, de construção da profissio- seleccionada dessa informação, per- nalidade docente, de escola e de finalidades mitindo aos alunos e formandos que ela do processo educativo. se transforme em saber (do domínio do Contudo, quantas vezes, de modo ter), leve à construção de conhecimento simplista e redutor, se foram rejeitando (enquanto saber vivido e integrado por algumas teorias, paradigmas e modelos de cada sujeito) e, finalmente, facilite a formação, sem necessariamente se terem produção de competências. explicitado prioridades educacionais e • Tal desafio só se poderá concretizar, fundamentos epistemológicos que supor- particularmente no caso da FIP, se esta tassem a mudança de orientações. não se acomodar à mera acumulação Por impossibilidade de aqui discutir de saberes (e, mesmo estes, de que posições sobre a matéria, apresentarei ordem e com que nível de integração?), somente alguns princípios e pressupostos ainda que alguns deles transformados dos contextos, e que, certamente, que a delimitam: em conhecimento. constituirão a base do desenvolvimento • A explosão da informação e a rapidez A FIP tem que ir mais longe, favorecendo das competências socioprofissionais que da sua circulação e caducidade obri- a construção de competências escolares caracterizarão a sua identidade como gam-nos a viver numa sociedade do que os futuros professores mobilizarão professores. “efémero”, conduzindo à perigosa ideia na escola, em função da singularidade • O processo formativo apresenta con-

FEVEREIRO/MAEÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 9 FORMAÇÃO DE PROFESSORES

tornos de desenvolvimento individual positivista dos modelos de racionalidade conhecimento na acção, reflexão na (construção da pessoa do professor), de técnica da formação, em que se privi- acção, reflexão sobre a acção, reflexão desenvolvimento social e de desenvol- legiam relações unidireccionais do sobre a reflexão na acção. vimento profissional. Por isso, a FIP, ainda formador para o formando e onde a • Este movimento da prática reflectiva que com especificidades, integra-se no teoria domina a prática, num ciclo assenta na concepção de professor universo da educação de adultos, aceitando sequencial física e temporalmente como ser autónomo, que se questiona o pressuposto de que o adulto continua a desfasado. como pessoa, que interpela o seu desenvolver-se ao longo da vida. • A reflexão constitui, hoje, a raiz dos quotidiano profissional, que identifica • A FIP deve ser encarada como um movimentos de investigação em torno as suas concepções, que constrói e verdadeiro processo de investigação, do desenvolvimento profissional dos reconstrói significados, e que submete como é, igualmente, a intervenção do professores. Por isso se fala tanto da ne- todos os dados a um permanente professor no exercício da profissão, a cessidade de uma FIP onde essa reflexão processo de reflexão. qual decorre num meio complexo, sin- se pratique, de modo a promover gular, mutante e imprevisível. competências fundamentais exigidas ao Maria Luísa Veiga | Vice-Presidente do Esta perspectiva opõe-se à lógica professor, que podem resumir-se assim: Instituto Politécnico de Coimbra A formação de professores, hoje: alguns apontamentos para uma questão sempre actual

formação inicial de professores caso, deixa frente a frente os”“clientes” depara-se, de há alguns anos a esta menos competitivos por degradação do parte, com algumas dificuldades produto… estruturais de funcionamento, en- Ora, por muito que nos custe reconhecê- A tre as quais avulta a da ausência -lo, o mundo do ensino é hoje um mundo de qualquer sistema de controlo e de muito pouco apetecível e é inútil esperar reconhecimento da sua qualidade. Este que o problema seja resolvido por obra e problema admite uma complexidade graça do que se chamou em tempos a crescente à medida que proliferam as “vocação”. Vistas assim as coisas, as futuras instituições de formação, sobretudo gerações de candidatos a professores privadas, onde uma boa parte dos pro- tenderão a ser caracterizadas por défices fessores, especialmente do 1º ciclo, vêm de formação cultural, social e escolar cada sendo formados nos últimos dez a quinze vez mais acentuados, o que implica que, do anos. ponto de vista da formação, se reclamem Como é sabido, a habilitação para o medidas susceptíveis de contrariar os efeitos exercício da profissão docente vem depen- previsíveis. dendo, apenas, da obtenção dum diploma São algumas dessas medidas que aqui de estudos superiores, cuja qualidade se propõem, sabendo-se entretanto que tais profissional pressupõe-se garantida, escolar revelado e em função das vagas medidas serão necessariamente discutíveis genericamente, na natureza do currículo de estabelecidas. Essa é a lógica dominante, em face da delicadeza da questão. Alguns formação, logo que reconhecido por por exemplo, no processo de formação de princípios gerais terão que ser postulados, despacho administrativo do Ministério da grande parte dos professores do Ensino tais como o princípio da diferenciação (ou Educação. A tentativa de contrariar esta Básico. não) da formação conforme os níveis de prática, nomeadamente através da criação Neste quadro, não se estranha que as ensino. de entidades independentes, como era o facilidades “oferecidas” pelas instituições de Se diferenciação, como? caso do INAFOP, não foi por diante… formação se traduzam numa selecção so- - Dois níveis de ensino – Básico A facilidade administrativa da formação cial baixa, o que significa também, frequen- (incluindo Educação de Infância) e Secun- vai de par com a facilidade de acesso aos temente, uma diminuta competência dário? respectivos cursos, uma vez que não há cognitiva e cultural. Importa reflectir esta - Três níveis de ensino – Educação de critérios mínimos a satisfazer no que realidade para intervir nela e transformá- Infância, Básico e Secundário? respeita a conhecimentos específicos em -la, antes que ela contribua para uma Nota: A questão da diferenciação (ou não) função das respectivas áreas de formação, degradação irreversível da profissão e dos é uma questão muito complexa: ela não acontecendo frequentemente que as valores de que ela é suposto ser penhor. depende apenas de factores objectivos, como próprias áreas de formação não são Porque se é política e moralmente sadio não seriam os de natureza cognitiva, técnica ou determinadas à partida pelos candidatos, haver selecção social, já o não será se isso social), mas, e especialmente, de natureza mas ocorrem já no interior do processo de resultar da aplicação dos mecanismos do subjectiva (factores sócio-históricos, iden- titários…). formação curricular em função do mérito puro jogo da oferta e da procura que, neste

10 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 Dentro de cada nível, admitem-se dois instituições de formação, ao longo do se particularmente sensível numa lógica ciclos? 1º ano, em função dos défices cognitivos de formação dominada pela estrutura - Um de formação comum (três anos?) detectados. orgânica do Departamento, onde o - Outro de formação específica? (dois anos?) 3 – Desde o 1º ano de formação e ensino da especialidade científica e - No ciclo de formação específica, será independentemente dos níveis de ensino técnica tende a auto-bastar-se com de introduzir uma forte componente que estejam em causa, o currículo deveria alguma (ou até muita) auto-suficiência profissional comprometida com a opção integrar problemáticas transversais relativamente a outras disciplinas de profissional futura. comuns das experiências escolar e so- outros departamentos… - (Atenção ao processo de Bolonha: para cial, relativas ao domínio profissional 5 – Introdução dum ano de indução efeitos de negociação com o Ministério, a área (abandono escolar, disciplina, autoridade, profissional, correspondente ao 1º ano da Formação de Professores, coordenada por delinquência, multiculturalidade da de prática profissional autónoma. Este J. Pedro Ponte, propôs cinco anos de formação: sociedade portuguesa…). ano de indução implicaria o seguimento três mais dois). 4 – Organização curricular articulando as do trabalho do novo professor por parte - Para o Secundário, admite-se que a três componentes de formação (cien- da instituição de formação (ou da parte comum do 1º ciclo seja menos extensa tífica específica, pedagógica e prática) instituição da área da colocação do novo que nos outros dois níveis, compreendendo segundo um processo de compensação professor) através de equipas itinerantes a formação geral (sociológica e pedagógica). crescente em busca do equilíbrio das que organizariam entre si uma rede de Assumidos os princípios, definem-se partes: - do maior peso inicial da apoio e de integração sócio-comunitária algumas medidas mínimas: componente científica específica para do novo profissional. Este ano de 1 – exigir aos candidatos a professores, um maior peso pedagógico/didáctico e indução comportaria um plano de como forma de suprir défices de prático no último ano, dedicado ao trabalho cooperativo visando a dina- formação, a frequência de grupos estágio supervisionado, enquadrado por mização das comunidades escolares, disciplinares pertinentes do Ensino seminários científicos e psicopedagó- segundo um regime de parceria com as Secundário (que incluíssem sempre gicos. Este pressuposto apela a uma comunidades locais. Seria estimulada a Português e Matemática, uma disciplina interdisciplinaridade tanto vertical como produção dum relatório escrito, tendo das Ciências Sociais, outra disciplina das horizontal, isto é, a uma prática de em vista a divulgação das experiências Ciências Físico/Naturais). formação que torne interpelantes os formativas e as potencialidades locais 2 – Em alternativa ao ponto 1 (caso não contributos da componente científica de desenvolvimento e formação. se exigisse formação específica mínima (das diferentes disciplinas teóricas en- no Secundário) a frequência de currículo tre si) e os contributos das outras Manuel Matos | Faculdade de Psicologia de recuperação organizado pelas componentes. Esta preocupação torna- e Ciências da Educação da Universidade do Porto Necessidades de formação e avaliação de desempenho, dos interfaces implícitos e necessários

s novas missões da escola e, com chuck e Moroney, cits por Witkin, 1984) Com efeito, perante a variedade de estas, as dos professores, têm consideram que os conceitos de necessidade definições de necessidade (Rodrigues, 1991; exigido a todas as entidades que e de análise das necessidades são conceitos Witkin, 1984), podemos, como Barbier e gravitam em torno do eixo da vazios, sem fronteira conceptual e que à Lesne (1986), remetê-las para dois registos A formação de professores (Imig e custa do seu uso frequente e polissémico, fundamentais. Um primeiro, próximo de Switzer, 1996) um esforço de reflexão e de perderam sentido preciso, requerendo, por ideia de exigência, com conotação objecti- reforma orientados para a satisfação de isso, ter sempre acoplado um adjectivo. vista, postula a existência objectiva da novas necessidades de formação. E, à Assim, falamos de necessidades básicas, de necessidade. Outro, de conotação subjecti- diversidade de situações a que o professor necessidades autênticas, de necessidades vista, definindo a necessidade como o deve responder, corresponde uma diver- sentidas, de necessidades normativas, etc… sentimento daquela exigência, restringe a sidade de conhecimentos e capacidades, que Alguns chegam a propor que nos desfa- sua existência ao universo daquele ou deverão ser suporte na sua formação. çamos do conceito de necessidade dado que daqueles que a sentem. Entre as características apontadas na nunca designa uma classe definida de Podemos dizer que a análise de necessi- literatura ao conceito de necessidades a coisas. Moroney (cit. Por Witkin, 1984) dades de formação para os primeiros é uma ambiguidade é certamente a mais consen- observa ainda que na maior parte da operação de determinação de necessidades, sual. Guba e Lincoln (1985) referem-se legislação social o conceito surge em ou seja, o investigador, armado com mesmo ao seu carácter escorregadio. Muitos contextos discursivos tão gerais que perde procedimentos rigorosos, procura descobrir autores (e.g. Mattimore-Knudson, Misan- todo o valor operativo. “como as coisas realmente são” (Guba e Lin-

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 11 escola, através da contextualização efectiva subsequentes do processo global de das acções e conteúdos a desenvolver, tendo formação docente, num ciclo que se como base um projecto de formação (re)ajusta, e no qual a avaliação do contínuo, onde se identificam situações e desempenho é, simultaneamente, condicio- problemas quotidianos vividos na prática nante e condicionada. A lógica presente profissional e no contacto com o educando; assenta no pressuposto, de que o sistema • A formação deverá respeitar o iso- de avaliação constitui fonte relevante de morfismo de princípios e práticas, impli- informação acerca da necessidade indi- cando a escolha de modalidades que vidual, contextualizada no todo organiza- facilitem a concretização deste princípio, cional pois, e na opinião de Cruz (1998:60) nomeadamente a conquista da autonomia, “(…) permite recolher dados sobre os a partilha do “poder” na gestão da avaliação eventuais desvios entre o desempenho coln, 1989:8), relatando os factos, neste do processo formativo. exibido e o desempenho desejado, identi- caso as necessidades de formação. Para os O”postulado”fundamental do percurso ficando-se as áreas críticas de intervenção.” segundos, trata-se de uma operação de a desenvolver é o de que a formação se deve construção de necessidades, isto é, trata- centrar nas práticas profissionais dos Vito Carioca | ESE de Beja -se de fazer emergir, essencialmente através professores, em contextos reais de activi- da palavra, as necessidades. dade. Neste quadro configurador, a análise Referências A expressão “análise de necessidades” de necessidades constitui um instrumento BARBIER, J. e LESNE, M. (1986). L’analyse dês besoins en formation.’Paris: Robert Jauze. designa então um processo rigoroso, que se de apoio, dinamizador da reflexão indi- CRUZ, J. (1998). Formação Profissional em Portu- quer científico, que, dando a possibilidade vidual do docente em torno do seu percurso gal. Lisboa: Edições Silabo, Lda. de sondar o que faz falta ao formando e/ou (profissional reflexivo), das limitações e GUBA, Egon e LINCOLN, Y. (1989). Fourth Gen- à instituição permitirá organizar racional- fragilidades identificadas, dos “pontos eration Evaluation. London: Sage GUBA, E. e LINCOLN, Y. (1985). Effective Evalua- mente a formação, estabelecendo os fortes” presentes no seu desempenho. Este tion. Improving the usefulness of evaluation results objectivos mais pertinentes e as estratégias pressuposto deverá favorecer, simultanea- throught responsive and naturalistic approaches. 4ª ed. mais adequadas (Kaufman e Herman, 1991). mente, a assunção de que a formação é San Francisco: Jossey-Bass Pub. O carácter rigoroso do objecto “necessi- indissociável do desenvolvimento profissio- KAUFMAN, R. e HERMAN, J. (1991). Strategic Planning in Education. Lancaster: Technomic Pub. dades de formação” assume, assim, validade nal e que não constitui uma mera estratégia IMIG, D. e SWITZER, T. (1996). consistente, em modelos de formação adaptativa em resposta aos requisitos “Changing Teacher Education Programs. Restruc- contínua de docentes, suportados por extrínsecos de desenvolvimento da carreira, turing Collegiate-Based Teacher Education”. In: John princípios, a saber: assumindo-se como uma necessidade Sikula (Ed). Handbook of Research on Teacher Educa- tion. Second Edition. New York: McMillan, pp. 213-226. • A formação suportada no diagnós- implícita na regulação do desempenho. RODRIGUES, Ângela (1991). Necessidades de tico de necessidades específicas e Nesta linha de pensamento, o binómio Formação. Contributo para o estudo das necessidades consciencializadas pelo professor em identificação de necessidades de formação- de formação dos professores do ensino secundário. contexto de trabalho, em ordem à aquisição avaliação de desempenho enquadra um Dissertação de Mestrado apresentada na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universi- e aprofundamento de competências pro- todo sistémico, perfeitamente articulado e dade de Lisboa. fissionais; faseado pois, em nossa opinião, o primeiro WITKIN, B. (1984). Assessing Needs in Eductional • Formação centrada na instituição/ determina, em grande medida, as fases and Social Programs. San Francisco: Jossey Bass Pub.

Seminário: Percursos e Desafios da Formação de Professores Instituto Franco-Português, dias 17 e 18 de Março de 2005

Ficha de Inscrição

Nome

Morada Tel.

Sindicato Sócio nº

Escola Ciclo de Ensino

Necessita de transporte? Sim Não Necessita de alojamento? Sim Não

Enviar ao Sindicato até ao dia 08 de Março de 2005 Dispensa de serviço ao abrigo do Desp. Nº 185/92, de 18 de Setembro

12 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 Tópicos para uma reflexão sobre a formação de professores de Língua Materna

aparece nesta perspectiva não como uma via exclusiva de acesso ao estudo da literatura, mas antes como um espaço privilegiado para estudar a língua e aspectos do seu funcionamento. Claro que esta presença do texto literário não inibe a presença, sobretudo nos programas de Língua, de outras tipologias discursivas que de resto muitas vezes confinam em situação de hibridismo com o discurso literário. Por isso é de atentar no ponto de vista de J.P. Adam quando diz que “A literatura é uma prática discursiva entre outras mas uma prática discursiva particularmente interessante. Entre a análise do discurso dito” ordinário’ e a do discurso literário, parece-me necessário instaurar um movi- mento de vai-vem, na medida em que o estudo de uma dá muitas vezes a conhecer alguma coisa do discurso da outra.” Só haverá vantagens em explorar, 1. O consenso em torno da importância dos professores de língua materna, tendo elucidando, as características das diversas da língua como valor patrimonial (final- em conta de modo particular as seguintes modalidades discursivas até porque, quanto mente reconhecido na Lei de Bases do vertentes, a montante e a jusante. mais aprofundado for o conhecimento da Património Cultural (Lei nº 107/2001); como A montante: língua quotidiana, mais capacidades se valor social – a sua competência é 1. Apetrechar mais e melhor no domínio adquire para descobrir os modos como o potenciadora de sucesso escolar, profissio- da Pedagogia da leitura (nomeadamente escritor explora no texto literário as nal, pessoal e de prática de uma cidadania da leitura recreativa apostando no Projecto virtualidades da língua, mais apto se fica consciente e crítica; como–valor identitário Individual de Leitura); para retirar da leitura maior prazer estético. a nível individual e colectivo, na medida em 2. Apetrechar mais e melhor no domínio Por outro lado, atentar na exploração que permite estruturar o pensamento e da Pedagogia dos discursos de modo a que criativa que a escrita faz das potencialidades aceder ao conhecimento e comunicar, o professor se torne mais capaz de escapar da língua ajuda a entender certos meca- devendo o cidadão conhecer o seu funcio- ao manual entendido como livro de nismos do seu funcionamento que seriam namento como conhece o funcionamento instruções, fazendo dele tão só um guião e bem mais difíceis de compreender sem o do seu corpo ou a história da comunidade se torne mais ágil a fomentar e dinamizar a contacto com o texto literário. onde vive; como–valor económico, poten- transversalidade do ensino da língua ma- A jusante: ciador de expansão económica. terna; Ao nível da formação continuada do 2. A tomada de consciência cada vez 3. Apetrechar mais e melhor no domínio professor, mais aguda de quanto a língua é um capi- da Didáctica da Língua e da Literatura, 1. apostar em actividades que incen- tal simbólico muito desigualmente reclamando a inseparabilidade do ensino da tivem os próprios professores à leitura distribuído, havendo uma correlação Língua e da Literatura. “Não se trata de recreativa, através de actividades do tipo estreita entre a literacia ou a iliteracia ensinar língua mais literatura ou de ensinar Comunidades de Leitores, descolando-os funcional e a origem sócio-cultural do língua e depois literatura, mas de ter das leituras programaticamente estabe- cidadão. consciência de que faz parte da com- lecidas. Impõem que se trate as questões de petência do falante e está nela fundamente 2. apostar no reforço/actualização da ensino da língua com redobrada atenção enraizada desde as fases mais precoces da sua formação ao nível das aludidas Peda- desde a educação pré-escolar (que ganha aprendizagem linguística a capacidade de gogias da leitura e dos discursos e da na promoção da igualdade neste domínio explorar as amplas virtualidades cognitivas Didáctica da língua e da literatura. particular relevância) até ao ensino e lúdico-catárticas de uma relação auto- secundário e reclamam que com urgência télica com a língua.””– como lembra Isabel Pires de Lima | Professora se atente de modo inovador na formação Fernanda Irene Fonseca. O texto literário Catedrática da Universidade do Porto

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 13 AGRUPAMENTOS Agrupamentos de Escolas Manuela Mendonça (Membro do Secretariado Nacional da FENPROF)

mente a obrigatoriedade da concordância O processo de (re)constituição Enviar respostas ao Inquérito para: dos municípios com as soluções propostas. de agrupamentos de escolas, Depois de ter realizado, em 2003, um SINDICATO DOS PROFESSORES realizado no final do ano estudo de avaliação sobre o processo de DA GRANDE LISBOA (re)constituição de agrupamentos, a R. Fialho de Almeida, 3 - 1070-128 Lisboa lectivo 2002/2003 nas regiões Tel.: 213819100 - Fax: 213819199 FENPROF propõe-se, agora, através de um E-mail: [email protected] Norte e Centro do país, tradu- questionário, recolher dados sobre a Home page: www.spgl.pt ziu-se na imposição de um organização e funcionamento dos agru- pamentos, assim como conhecer a opinião SINDICATO DOS PROFESSORES DO NORTE modelo de formato único, dos professores e educadores sobre a Edif. Cristal Park assente em mega-agrupa- vantagens e/ou desvantagens da integração R. D. Manuel II, 51-3º - 4050-345 Porto da sua escola/jardim num agrupamento. Tel.: 226070500 - Fax: 226070595 mentos de escolas. Numa iniciativa agendada para o 3º E-mail: [email protected] Home page: www.spn.pt período, a FENPROF divulgará as conclusões FENPROF contestou fortemente deste estudo, que apresentará também ao SINDICATO DOS PROFESSORES esse reordenamento da rede esco- próximo Governo, exigindo uma avaliação DA REGIÃO CENTRO lar, tendo oportunamente denun- institucional do impacto no terreno desta R. Lourenço Almeida de Azevedo, 20 3000-250 Coimbra ciado um sem número de ilega- nova realidade organizacional e soluções/ Tel.: 239851660 - Fax: 239851666 lidades e irregularidades cometidas alternativas para os problemas que vierem E-mail: [email protected] Apela administração educativa. Ainda a ser identificados. Home page: www.sprc.pt recentemente, o Provedor de Justiça se SINDICATO DOS PROFESSORES DA ZONA SUL pronunciou também sobre esse processo, Av. Condes de Vil’Alva, 257 considerando que o Ministério da Edu- 7000-868 Évora cação não respeitou os requisitos Tel.: 266758270 - Fax: 266758274 legais para a constituição de E-mail: [email protected] agrupamentos, nomeada- SINDICATO DOS PROFESSORES DA REGIÃO AÇORES R. João Francisco de Sousa, 46 9500-187 Ponta Delgada - S. Miguel Tel.: 296205960 - Fax: 296629498 Home page: www.spra.pt

SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA Edificío Elias Garcia, R. Elias Garcia, Bloco V-1º A - 9054-525 Funchal Tel.: 291206360 - Fax: 291206369 E-mail: [email protected] Home page: www.smembers.netmadeira.com/spm/ spm

SINDICATO DOS PROFESSORES NO ESTRANGEIRO Sede Social: Rua Fialho de Almeida, 3 1070-128 Lisboa Tel.: 213833737 - Fax: 213865096 E-mail: [email protected]

Disponível também on-line em www.fenprof.pt

14 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 INQUÉRITO A realidade dos Agrupamentos de Escola Depois de preenchido, recortar pelo picotado e enviar para a morada do repectivo sindicato. A resposta a este inquérito também pode ser realizada em www.fenprof.pt

1. IDENTIFICAÇÃO

AGRUPAMENTO______

CONCELHO______DISTRITO______

DRE______CAE______Data da constituição do Agrupamento (mês e ano)______

2. DADOS PROFISSIONAIS

2.1. Nível de escolaridade a que pertence

Educação Pré-Escolar ❏ 1ºCEB ❏ 2ºCEB ❏ 3ºCEB/SEC ❏ SEC ❏ 2.2. Tempo de serviço (em anos)

0-5 ❏ 6-10 ❏ 11-15 ❏ 16-20 ❏ 21-25 ❏ 26-30 > 31 ❏ 2.3. Actualmente, desempenha cargos em órgãos da escola/agrupamento?

Sim ❏ Não ❏ Se assinalou sim, indique quais os cargos que exerce ______

______

3. AVALIAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DO AGRUPAMENTO

3.1. SITUAÇÃO AO NÍVEL DOS RECURSOS, nos vários sectores de educação ou ensino

Educação Pré-Escolar 1º CEB 2º/3º/Sec

Mt. boa

Boa

Razoável

Mt. Má

Mt. boa

Boa

Razoável

Mt. Má

Mt. boa

Boa

Razoável

Mt. Má DOCENTES HUMANOS NÃO DOCENTES ORÇAMENTAIS EQUIPAMENTOS ESPAÇOS FÍSICOS MATERIAIS PEDAGÓGICOS APOIO A PROJECTOS créditos de Pré - Escolar / 1ºCEB horas para exercício de cargos 2º, 3º CEB/SEC. OUTROS ......

3.1.1. Se achar necessário, justifique/identifique as situações. ______

3.1.2. Os recursos materiais e financeiros das escolas aumentaram com a constituição do agrupamento? Sim ❏ Não ❏ Observações______

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 15 3.1.3. As verbas atribuídas pelas autarquias (Câmara Municipal e/ou Junta de Freguesia) correspondem às necessidades dos jardins de infância e das escolas do 1º CEB? Sim ❏ Não ❏ Observações______

3.1.4. Para a quantificação dessas verbas, é ouvido o agrupamento? Sim ❏ Não ❏ Observações______

3.1.5. No caso de estas verbas não serem suficientes, a escola sede do agrupamento disponibiliza outras verbas?

Sim ❏ Não ❏

Observações______

3.1.6. As escolas do 1º CEB passaram a dispor de apoio coadjuvado por parte de professores do agrupamento (por exemplo na língua estrangeira, educação física, educação musical…)? Sim ❏ Não ❏ Observações______

3.2. AUTONOMIA DO AGRUPAMENTO

3.2.1. Após a constituição do agrupamento, a resolução de problemas com a administração educativa (central e regional) Permaneceu idêntica ❏ Está facilitada ❏ Está dificultada ❏ Observações______

3.2.2. A resolução de problemas dos estabelecimentos que constituem o agrupamento processa-se hoje de forma Idêntica ❏ Mais fácil ❏ Mais difícil ❏ Observações______

3.2.3. Se é educador(a) de infância ou professor(a) do 1º CEB, responda também a esta questão. O seu jardim de infância/escola perdeu capacidade de decisão em questões relativas ao seu funcionamento quotidiano? Sim ❏ Não ❏ Explicite______

3.3. ÓRGÃOS DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO E ESTRUTURAS INTERMÉDIAS

3.3.1. O funcionamento das estruturas pedagógicas (Conselho Pedagógico, Departamentos Curriculares, Conselhos de Docentes,...) Permaneceu idêntico ❏ Melhorou ❏ Piorou ❏ Explicite______

3.3.2. A nova realidade, com um maior número de reuniões, tem permitido obter melhores resultados na concretização dos seus objectivos? Sim ❏ Não ❏

3.3.3. No caso de a participação em reuniões exigir deslocações de mais de 5 km, o agrupamento paga as despesas de deslocação? Sim ❏ Não ❏ 3.4. REPRESENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR E DO 1º CEB

3.4.1. Na sua opinião, como é que os educadores de infância e professores do 1ºCEB estão representados nos seguintes órgãos:

Educação Observações 1º CEB Pré-Escolar ______

______

______

______

Sub - - Representados

Devidamente Representados

Sub - - Representados

Devidamente Representados ______Conselho Executivo Conselho Pedagógico ______Assembleia ______

16 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 3.4.3. Na sua opinião os educadores de infância e os professores do 1º CEB sentem-se representados nos órgãos de administração e gestão do agrupamento? Sim ❏ Não ❏ Explicite______

3.4.4. Considera, pela sua experiência, que as questões relativas à Educação Pré-Escolar e ao 1º CEB têm merecido um tratamento adequado nos órgãos de administração e gestão? Sim ❏ Não ❏ Explicite______

3.5. ENVOLVIMENTO NO PROJECTO EDUCATIVO Assinale com um x, tendo em conta a escala de 1 (nenhum envolvimento) até 5 (muito envolvimento):

Intervenientes na construção do Projecto Educativo do Agrupamento 1 2 3 4 5 Educadores de infância Professores do 1º ciclo do ensino básico Professores dos outros sectores de ensino Alunos Pessoal não docente Pais e encarregados de educação Autarquias Interesses sócio-económicos e/ou culturais Outros...

4. AVALIAÇÃO DA CONCRETIZAÇÃO DE OBJECTIVOS 4.1. A criação dos agrupamentos, pelo ME, foi acompanhada pela formulação de diversas intenções e objectivos. Com base na sua experiência concreta, indique que opinião tem sobre o grau de realização de cada um dos seguintes objectivos e intenções, numa escala em que 1 representa nenhum grau de concretização e o 5 elevado grau de concretização. 1 2 3 4 5 1. Aumentar a comunicação entre as escolas e docentes do Agrupamento ❏❏❏❏❏ 2. Acabar com o isolamento das escolas ❏❏❏❏❏ 3. Melhorar o conhecimento de cada ciclo e o seu processo de funcionamento ❏❏❏❏❏ 4. Melhorar a informação sobre os alunos ❏❏❏❏❏ 5. Permitir a construção de um Projecto Educativo comum ❏❏❏❏❏ 6. Melhorar a articulação curricular entre ciclos ❏❏❏❏❏ 7. Rentabilizar os recursos humanos do Agrupamento ❏❏❏❏❏ 8. Rentabilizar os recursos materiais das escolas do Agrupamento ❏❏❏❏❏ 9. Criar condições para o aumento da qualidade das aprendizagens ❏❏❏❏❏ 10. Diminuir problemas de adaptação dos alunos na transição de ciclos ❏❏❏❏❏ 11. Aumentar a participação dos pais na vida da escola ❏❏❏❏❏ 12. Aumentar as possibilidades para o cumprimento da escolaridade obrigatória ❏❏❏❏❏ 13. Combater a exclusão social ❏❏❏❏❏ 14. Criar condições para que se concretize a autonomia ❏❏❏❏❏ 15. Facilitar as tarefas administrativas ❏❏❏❏❏ 16. Aumentar a interacção com a(s) Junta(s) de Freguesia, Câmara Municipal e grupos locais ❏❏❏❏❏ 17. Aumentar o convívio entre alunos ❏❏❏❏❏ 18. Favorecer a coordenação e a coerência dos percursos escolares dos alunos ❏❏❏❏❏ 19. Promover a partilha de experiências entre docentes ❏❏❏❏❏ 20. Facilitar o trabalho cooperativo entre docentes do mesmo ou de diferentes ciclos ❏❏❏❏❏ 21. Outros. Quais?______❏❏❏❏❏

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 17 4. BALANÇO FINAL Face à realidade vivida na sua escola/agrupamento, que opinião tem sobre as questões seguintes:

5.1. Para o exercício profissional dos educadores e professores, a criação do agrupamento

Não provocou mudanças ❏ Causou inconvenientes ❏ Trouxe vantagens ❏

5.2. Para o percurso escolar e sucesso dos alunos, a constituição do agrupamento

Não provocou mudanças ❏ Causou inconvenientes ❏ Trouxe vantagens ❏

5.3. Tendo em conta a sua experiência, qual(ais) a(s) principal(ais) vantagem(ns) da existência do agrupamento? ______

5.4. Tendo em conta a sua experiência, qual(ais) a(s)’principal(ais) desvantagem(ens) da existência do agrupamento? ______

5.5. Concorda com a existência do agrupamento?

Sim ❏ Não ❏

5.5.1. Em caso afirmativo, face aos problemas identificados em 4.1., que propostas apresenta para melhorar o seu funcionamento? ______

5.5.2. Em caso negativo, o que propõe em alternativa? ______

6. OUTRAS QUESTÕES Se pretender acrescentar a sua opinião sobre alguma perspectiva não contemplada no inquérito, utilize este espaço: ______(Nota – Algumas das questões que fazem parte deste inquérito foram adaptadas do “Inquérito para a Avaliação Externa dos Agrupamentos de Escolas do Porto”, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.)

18 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 FORMAÇÃO DE PROFESSORES Formação Contínua de Professores: das mudanças no discurso à mudança nas práticas

formação de professores (e de • Os CFAE são, de facto, um recurso de uma • Qual o impacto real da formação na outros profissionais da educação) é associação de escolas, entendida como tal mudança de atitude dos professores e na um eixo estruturante da construção pelas escolas e pelos professores? melhoria da qualidade da educação? de um sistema educativo de quali- • A estrutura e rede de CFAE é adequada Como observar essa melhoria e como A dade. Após mais de uma década de aos objectivos a atingir (recursos humanos, tornar público esse facto? (um dos generalização do acesso à formação autonomia financeira)? Estaremos a falar principais problemas da educação pública contínua, por parte dos docentes do nosso da mesma realidade quando é certo que é consentirmos que as nossas escolas país, importa olhar de forma crítica para a existem CFAE com menos de 100 pro- sejam unicamente notícia pelos maus situação e reflectir sobre se algumas das fessores e outros com mais de 2500, motivos, ao mesmo tempo que nos afirmações repetidas ao longo de doze anos quando se encontram planos de formação demitimos de publicitar as boas práticas) ainda fazem sentido ou perderam todo o anuais que contemplam 5 acções e outros • Existe alguma relação entre a tipologia contacto com a realidade. mais de 50? dos CF e as áreas e domínios de formação? Uma dessas afirmações é a que coloca • A formação organizada pelos CFAE resulta Se não, deveria existir? De que forma? A a principal ênfase na obtenção de unidades das necessidades das escolas/agrupamentos existência de várias tipologias de centros de crédito para progressão na carreira. É e dos professores? Como compreender que de formação (de associação de escolas, hoje reconhecido de forma consensual que enquanto algumas escolas se organizam de associações profissionais, do ensino o modo de vinculação estabelecido entre a para planear o seu percurso de formação superior, etc.) deveria proporcionar, por formação contínua e a progressão na outras se alheiam de todo o processo um lado, diversidade de oferta e, por carreira, baseado na obtenção de unidades colocando-se numa perspectiva de consu- outro, alguma especialização em função de crédito, oculta o direito dos docentes à midores (muitas vezes insatisfeitos) da do perfil da entidade formadora. É esta a formação, enfatizando os efeitos adminis- formação do respectivo CFAE? Teremos nós realidade, ou, pelo contrário, e de uma trativos da formação contínua muito para consciência da situação privilegiada vivida forma geral, todos oferecem mais ou além do desejável. No entanto é também em Portugal no que diz respeito à capa- menos o mesmo, saturando e empobre- verdade que esse está longe de ser o prin- cidade de os docentes organizarem a sua cendo a oferta? cipal problema no âmbito da formação própria formação? Estaremos à espera que • É aceitável que o percurso de formação contínua e constitui ele próprio uma cortina nos retirem esse direito para depois nos de um docente possa ser completamente de fumo que dificulta a percepção de outros queixarmos amargamente do facto? divorciado da realidade educativa em que constrangimentos e alimenta um discurso • Qual a motivação que leva os professores se insere e sem que os órgãos pedagógicos cristalizado de mera reivindicação sindical. à formação? A progressão na carreira, o da escola possam ser ouvidos, e não ser No pouco espaço disponível não é reconhecimento de necessidades (indi- no momento do levantamento de necessi- possível aprofundar os vários males que viduais ou grupais), as necessidades criadas dades e com as limitações atrás referidas? afligem a formação contínua nem enaltecer pelo sistema? Não será verdade que um Seria admissível que as escolas tivessem as virtudes que teve e tem. Procurarei, de número muito significativo dos docentes uma palavra a dizer quanto às temáticas forma sintética, lançar algumas dúvidas que participa na formação apesar de não (não as acções) de formação obrigatórias talvez sirvam para posterior debate. necessitar de obter unidades de crédito? para os professores? Partindo do princípio que a formação (no Centro de Formação João de Deus dos Muitas das perguntas anteriores têm contínua é (ou deverá ser) um direito e um cerca de 750 docentes que, no ano de respostas óbvias, outras nem tanto. Em todo dever de todos os docentes ao longo de 2004, frequentaram acções de formação, o caso é chegado o momento de, sem todo o seu percurso profissional e de que a 38% não necessitavam de créditos). preconceitos, reflectir sobre o que existe por formação contínua assenta nos contextos • Como resolver o problema dos créditos forma a podermos ser parte activa e educativos das escolas e dos agrupamentos mantendo a formação como direito e pertinente na tomada de decisões que se de escolas, adequando-lhes as temáticas e dever de todos os docentes ao longo de avizinham. Tenhamos uma certeza, se não as modalidades e estabelecendo a ligação toda a carreira? Como vincular aqueles nos empenharmos, se insistirmos em velhos aos Projectos Educativos; lembrando ainda docentes que a partir da conclusão da chavões e se com isso nos contentarmos, que os Centros de Formação de Associação formação inicial se acham senhores de estaremos a prestar um péssimo serviço aos de Escolas (CFAE) criados no início da todo o conhecimento e, portanto, dispen- professores e à educação. Será cumprido o década de 90, com o objectivo de enquadrar sados da formação contínua? ritual da negociação (muitas vezes mera a formação contínua de professores, junta- • Como entender que seja possível a alguns audição) e quem tem o poder de decidir, mente com os centros de associação de professores ficarem dispensados da forma- decidirá. O seminário pode ser um bom professores e o ensino superior, conheceram ção (o 9º/10º escalão pode corresponder a momento para nos tornarmos mais inter- uma evolução, que não sendo uniforme, em um período de 10 a 16 anos de carreira)? venientes e actuantes. muito tem contribuído para o desen- Devemos aceitar que embora o direito se volvimento da formação de professores, mantenha, o dever seja apagado como se o António Leite | Director do Centro coloco algumas interrogações: docente tivesse atingido a perfeição? de Formação João de Deus

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 19 FORMAÇÃO DE PROFESSORES Eu… na minha escola

ma das discussões que atravessou correspondia, maioritariamente, à formação sor? Não. Apenas pressupõe que ele seja o debate sobre a formação contí- solicitada (à procura). Julgo, contudo, que capaz de os negociar – áreas, modalidades, nua prendeu-se com o papel a esta relação só se equilibrará no dia em que prioridades, expectativas – no interior da desempenhar pelas entidades o processo formativo não estiver depen- sua escola. Deste modo, as escolas poderiam U formadoras, em especial os CFAE dente, apenas, do interesse pessoal do pro- ter os seus planos de formação como (centros de formação de associação de fessor, individualmente considerado. Para resposta às suas necessidades e objectivos, escolas), na procura do equilíbrio entre a além de saber se a formação do pessoal cumprir a sua autonomia; os centros de oferta e a procura. Recordo que estes fo- corresponde às suas necessidades de formação assumiriam a sua identidade ram acusados de apresentarem autênticos desenvolvimento, devemos, também, própria de centros de recursos ao serviço cardápios de formação, servida à la carte, a perguntar-nos se a formação do pessoal das escolas associadas; os formadores não que os professores, consumidores exigentes, corresponde às necessidades da sua escola teriam a iniciativa e monopólio do processo, acediam, entre desabafos, acusações e e/ou, ainda, se os seus (do pessoal) mas seriam a dimensão humana e especia- sugestões, e consoante o gosto e o apetite objectivos formativos (o seu plano individual lizada dos recursos… Em vez de uma lógica do momento. Isto é, a relação estava viciada de formação, lembram-se?) são formulados consumista do objecto-acção, nego- uma vez que a formação estava dependente a partir (ou em consonância) com os ciaríamos em torno do projecto. Estou da oferta dos centros e não da procura objectivos da escola. Enquanto se mantiver convicto de que o equilíbrio entre a procura (necessidade) dos professores (entretanto o esta dependência unilateral do interesse individual e a necessidade “organizacional” universo dos consumidores alargou-se). individual, não é possível encontrar (colectivamente procurada e definida), teria Como resultado da concertação e equilíbrio nesta relação. reflexos e impacto na qualidade da forma- esforço de todos (Prodep, Conselho Cientí- Como fazer, então? Uma pequena, que ção. Enquanto isto, por mais sensibilização, fico, CFAE…) assistimos ao aumento da não nova nem recente, sugestão: metade esforço e trabalho de campo que os CFAE oferta (novamente esta tendência!) de “no- das unidades de crédito que o professor façam, tudo continuará ao sabor do vas modalidades”– oficinas de formação, necessita para progredir na carreira deve momento: do dia, da hora, do mês, do local, círculos de estudo, projectos… - numa ilusão resultar de formação proposta pela sua da companhia… colectiva de que a tendência se estava a escola. inverter e de que a formação oferecida Isto contraria os interesses do profes- César Rocha | E.S. Águas Santas (Maia)

Um dia toda a formação de professores será feita desta maneira…

s professores (que, nessa altura, Internet, por telemóvel ou, em áreas mais serão chamados gestores de apren- passíveis de codificação específica, por dizagens) receberão, periodica- simples mensagem sms. mente, nas suas caixas de correio, Mas a modalidade de maior sucesso e O o menu de acções de formação, em rentabilidade será, sem dúvida, o revolu- campanhas de ofertas de ocasião e pacotes cionário conceito take away-drive in. de oportunidades. Nessa altura, em que todos os gestores Haverá um sem número de combinações de aprendizagens (hoje ainda denominados à escolha. professores) farão a sua prestação de As menos avançadas consistirão ainda serviços em regime exclusivo de itinerância em entregas por formadores motorizados – – assegurando assessoria info-técnica ao um processo ainda pouco eficaz, em termos percurso de aprendizagem que várias de rapidez e de custos, pois há que contar dezenas de futuros profissionais (neste com o transporte personalizado ao domicílio momento, designados por alunos) desen- – ou no consumo directo em tutorial cen- volverão pelo método da consola multi- ters (assim se chamarão os centros de média, em cada uma das células dos mega- formação), servido por formadores de mesa, agrupamentos educativos – nessa altura, certificados e de uniforme impecavelmente dizia, todo o gestic (abreviatura pela qual, trajado pelas normas da UE. os alunos do futuro designarão, suma- Já com outro nível de eficiência, riamente, os professores do futuro, ou seja, aparecerão as entregas à distância, pela os gestores-de-tecnologias-de-informa-

20 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 ção-e-comunicação-de-aprendizagens) serão imensas, em múltiplas combinações como um dever que não necessita de disporá da possibilidade de, no regresso a pré-definidas. Os professores do futuro incentivos externos, sejam eles os créditos casa e sem sair da sua viatura de trabalho, poderão escolher o pack de formação ao seu ou qualquer outra obrigação de funcionário. encostar na fila drive in do tutorial center gosto, o mesmo conteúdo reinventado em É certo que é também preciso que as políticas da sua área de residência, passar os olhos diversos acompanhamentos e embalagens façam a sua parte (e, já agora, dá jeito que pelo menu electrónico, encomendar no – sem os constrangimentos impostos por os governantes percebam de educação)… primeiro guiché, ao capricho do dia, peculiaridades disciplinares e contextuais, Nessa altura, sim, talvez caminhemos digitando o código da acção desejada no ou pela exigência de qualquer esforço de não no sentido da ficção descrita, mas rumo ecrã (acreditado pela entidade competente), participação e trabalho extra da sua parte, a outra utopia, em que a formação de e receber no segundo guiché, três metros como hoje ainda sofremos -, pois, nessa professores seja assumida, por cada pro- adiante, o pack rápido e hiperenergético da altura, todos os futuros profissionais em fessor, como um projecto contínuo, formação pedida. aprendizagem (actualmente chamamos essencial à sua profissão, contextualizada Depois, já em casa, enfim cumpridas as alunos) aprenderão da mesma maneira e já na sua escola e na sua prática, colaborativo, obrigações domésticas e familiares, o pack não será preciso sequer inventar a educação. digno de quem acredita que a profissão que digital será inserido na consola multimédia Nota simples de rodapé: escolheu é a mais bela tarefa… específica, para uma sessão de formação Este cenário de ficção não será real creditada, by order e individualizada. quando os professores apostarem na João Paulo Janicas | Director do Centro As variedades à disposição no menu formação como um direito a levar a sério e de Formação de Professores Ágora (Coimbra) Desafios do novo milénio na formação inicial de professores

udanças aceleradas, economias comprometido com este tempo. globalizadas e insensíveis, a A formação de profissionais da educação pobreza, o analfabetismo persis- deve privilegiar uma organização social das tente, as guerras, a violência con- aprendizagens, entendida como a cons- M tra as minorias, os ataques ao trução e reconstrução de uma cultura, ambiente, etc., são realidades de hoje que pedagógica e profissional (assente em exigem o posicionamento e a intervenção valores consensuais nas sociedades demo- da escola. cráticas), que propicie o trabalho de As sociedades democráticas actuais aprender, a participação dos formandos na apresentam à educação exigências nestes produção de conhecimento e que sublinhe diversos planos que ainda não foram nem a dimensão de intervenção social dos total nem satisfatoriamente respondidas. futuros docentes. Perspectivas diversas de sociedade, que Uma formação que evidencie coerência assentam em diferentes concepções antro- entre os princípios e valores que defende e pológicas, sugerem ou induzem a cons- persegue e os meios que utiliza para atingir trução de respostas enquadradas em esses fins. Isto é, uma coerência isomórfica estruturas pedagógicas nem sempre atentas entre a pedagogia da formação e a peda- à valorização e reconhecimento da pessoa. gogia escolar que propugna. Muitas delas subordinadas a leituras Uma formação atenta à evolução, às meramente económicas (ou economicistas) mudanças e à realidade da sociedade, da por sobre outras mais acorde com a tecnologia e da ciência. Ou seja, com dignidade humana. flexibilidade suficiente para agir com Por isso, é fundamental a aposta numa respostas originais aos problemas que se formação inicial de professores que vise o lhes apresentam e para tomar iniciativas, desenvolvimento de um profissional com imaginação e criatividade. autónomo, plenamente integrado no grupo Um sistema universitário ou poli- Uma formação, não necessariamente de pares, que decide criticamente sobre o técnico que ainda se organiza numa obediente ao “sistema”, capaz de sonhar seu espaço de intervenção social, através perspectiva não apenas medieval mas com uma outra sociedade melhor e com da participação na construção do currículo mais da Grécia clássica, centrado no meios para a realizar. e pela orientação que imprime a pedagogia discurso do mestre rodeado pelos discí- em que assenta o seu trabalho profissional pulos cuja função principal é a de ser Pedro Francisco González | Departamento e que responde perante à comunidade pelas meros ouvintes, não irá contribuir para o de Ciências da Educação da Universidade consequências do seu trabalho profissional. perfil de um profissional da educação dos Açores

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 21 FORMAÇÃO DE PROFESSORES Desafios para la Formación Inicial del Profesorado en España

l proceso de Convergencia de las Titulaciones Universitarias en el marco del Espacio Europeo de Educación Superior de Grado y E Postgrado ha de tener un importante efecto en el diseño de las nuevas titula- ciones de formación inicial de los docentes de Ed. Infantil, Ed. Primaria y Ed. Secundaria en España. En primer lugar, las titulaciones universitarias de los Maestros y Maestras a pesar de ser impartidas en Facultades, tienen el carácter de Diplomatura de 3 años. Por esa razón, habrán de ser sometidas a un nuevo diseño, que conjuge por una parte la estructura europea de títulos de grado/ postgrado, y por otra, las nuevas nece- diversos de expertos docentes en las pudiera alcanzarse a través de uno de los sidades educativas derivadas de los cambios distintas áreas, y, posteriormente fueron cuatro itinerarios formativos vinculados a en el currículo. Además las Diplomaturas valoradas por otros docentes universitarios. cada uno de los perfiles profesionales más de Maestro que se imparten en las Univer- Como resultado de este análisis, se consi- importantes. Este título de Grado tendría sidades Españolas se articulan en torno a deró que esta nueva titulación de Licen- 240 créditos ECTS, de los cuales una parte un siete especialidades que, en cierto ciado-Maestro de Ed. Infantil, debe tener importante (en torno a un 25%) corres- sentido, están desajustadas respecto a la un carácter básicamente generalista, pondería a la formación especializada en oferta de puestos de trabajo. En segundo aunque el estudiante pueda configurar una cada itinerario. Se propone que las Univer- lugar, la actual formación inicial del parte de su currículo con materias opcio- sidades oferten a cada estudiante la profesorado de Ed. Secundaria nales de Ed. Artística, Psicomotricidad, posibilidad de cursar de forma “enca- – que en la mayoría de las Universidades Atención a la Diversidad, etc. psulada” uno de estos cuatro itinerarios: Ed. se realiza de forma inadecuada, sin cambios Un estudio realizado por la Conferencia Física, Ed. Musical, Lengua Extranjera y desde la Ley de Educación de 1970 de Decanos para recabar las opiniones de Atención a la Diversidad/Necesidades – también deberá ajustarse a estas directivas los Maestros Y Maestras en activo sobre las Educativas Especiales. europeas y probablemente se estructure en torno actuales necesidades formativas, puso de Una vez finalizado del proceso, la a un Postgrado/Master Oficial. manifesto que para el nivel de Ed. Primaria, mayoría del profesorado de las actuales Respecto a la Formación de los Maes- eran necesarios diferentes perfiles profesio- especialidades de Maestro, criticaron por tros, la Conferencia de Decanos de Ma- nales a partir de competencias docentes insuficiente esta propuesta de formación, gisterio ha propuesto una nueva estructura comunes – como tutores – para todos los lo que ha dado está dando lugar a un de titulaciones de grado de Maestro de Ed. Maestros. Los perfiles profesionales estaban importante debate en el seno de las Infantil y Primaria, en base al estudio de articulados en torno a la competencia Universidades y que deberá resolverse con las competencias genéricas, educativas y docente específica en algunas de las la publicación antes del mes de junio de docentes de los principales perfiles pro- siguientes especializaciones: Ed. Física, Ed. 2005 del nuevo catálogo de titulaciones – fesionales en Ed. Infantil y Primaria. Se Musical, Lenguas Extranjeras y Ed. Especial. incluidas las de Maestro – y de los sugiere la existencia de dos titulaciones de Todo ello sin menoscabo de las compe- contenidos básico de estos títulos comunes formación inicial de 240 créditos ECTS. tencias docentes en las materias del a todas las universidades. Para el nivel de Ed. Infantil, se propone currículo que las leyes educativas españolas Se abre por tanto, en nuestro país, un un título de Grado de Maestro de Ed. reconocen a todos los Maestros en las proceso de reestructuración de la formación Infantil, como profesional con competencias materias de Lengua (español/y/o lengua inicial de los docentes muy importante, que docentes en todo el periodo 0-6, sugiriendo propia de cada comunidad autónoma, i.e, además coincidirá con la reforma de la Ley una estructura formativa basada en el galego, euskara, catalá, etc), Matemáticas, Orgánica de Calidad en la Educación (LOCE) dominio de competencias psicopedagógicas Conocimiento del medio y Ed. Plástica. y la propuesta de crear un Estatuto de la específicas de esta etapa, así como Posteriormente, como en el caso de Ed. Función Pública Docente. competencias didácticas en el aprendizaje Infantil, se elaboró y valoró un conjunto de Ana Mampaso Martínez y Antonio y desarrollo durante el periodo 0-3 y de competencias docentes específicas de cada área del currículo, por distintos expertos. Maldonado Rico | Facultad de Formación de forma específica en el ámbito del currículo Profesorado y Educación Universidad de la etapa 3-6. El proceso de definición de Finalmente, se propuso un único titulo Autónoma de Madrid estas competencias fue encargado a de Grado de Maestro de Ed. Primaria que

22 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 Los desafíos para la formación inicial de los docentes de secundaria

a formación inicial del profesorado su tarea docente indagando críticamente comprender sus procesos de aprendizaje, de secundaria comparte con la sobre al realidad, como defienden desde pues se puede acumular todo el saber formación inicial y permanente de Paulo Freire a Stenhouse, J. Elliot ó Zeichner psicológico y psicopedagógico del universo, todo el profesorado los desafíos desarrollado por muchos especialistas sin lograrlo. (5) L originados en los profundos cambios españoles (4) es evidente que tanto los d) El desafío pedagógico de aprender un económicos, sociales, políticos y culturales contenidos como la metodología de la ejercicio profesional de los más complejos, que nos ha tocado vivir. Analizados por formación inicial deben cambiar radical- cambiantes y de mayor responsabilidad que activa y por pasiva los afectos de las nuevas mente. existen en la actualidad. Sin verdades realidades productivas, las nuevas relacio- Tanto las metas de Delors como ese absolutas, sin técnicas mágicas, sin recetas nes laborales, el impacto de las nuevas modelo profesional marcan un camino de uniformes, poder trabajar en un contexto tecnologías ó de los medios de comu- profundas transformaciones en la formación complicado, dinámico, con contradicciones nicación, los cambios en el papel socia- de los docentes en general, que en la e incertidumbres. Un universo psicosocial e lizador de la familia, que llevan a la formación inicial del profesorado de institucional con dificultades propias y necesidad de revisar de manera profunda secundaria se convierten en un gran desafío, ajenas, donde el trabajo en equipo se el modelo profesional, el sentido de la que podemos subdividir para el análisis; convierte en ineludible. (6) enseñanza ó la organización de los centros. a) El desafío epistemológico de las Si estamos convencidos de la conce- Ha cambiado el mundo, ha cambiado el disciplinas: la acumulación de información pción de la investigación-acción como la alumnado, debe cambiar el profesorado y las instituciones educativas. (1) La extensión de este artículo nos obliga a centrarnos en aspecto más concretos, por lo cual citaremos las referencias oportunas de autores para ampliar aquello que no desarrollemos. El primer desafío sobre el cual debe- ríamos reflexionar críticamente es el modelo profesional, qué docente queremos formar, qué docente necesita esa sociedad con todos esos retos de los que tanto se habla. Si se han convertido en un lugar común las metas educativas de Delors: aprender a aprender, aprender a conocer, aprender a ser, aprender a hacer y a vivir juntos, sencillamente necesitamos un docente que sepa, quiera y pueda emprender ese nuevo modelo de aprendizaje. Si todo el mundo apuesta por los docentes como agentes de las reformas y de los cambios, muchos han demostrado ya que es imprescindible abandonar los modelos academicistas ó tecnológicos. (2) Ahora aparece como solución mágica la formación por compe- se contradice con la necesidad de producir más adecuada también debemos considerar tencias, que la mayoría de las veces puede conocimientos si no se encara la propia como grandes desafíos no sólo la selección convertirse en un modelo tecnocrático-ins- disciplina desde el punto de vista de su de los contenidos de la formación inicial, trumental de entrenamiento que no desarrollo epistemológico, de la cons- sino la metodología de la enseñanza y el permitirá la profunda autonomía e inda- trucción del conocimiento científico. papel del practicum. gación crítica que necesitarán los futuros b) El desafío sociológico de la com- Por consiguiente, constituye el reto más docentes. (3) prensión de la realidad social, el entorno, importante de las instituciones de for- El segundo desafío, por consiguiente, las instituciones, el sentido de la educación mación inicial de los docentes de secun- viene dado por la necesaria coherencia en- para la sociedad, el papel de las instituciones daria, no sólo qué aprenden sino cómo, no tre el modelo profesional y el currículo de educativas. sólo la teoría sino la práctica, su interre- la formación inicial. Si nos definimos por c) El desafío psicológico de ser capaz lación y su incardinación en la realidad de un profesional reflexivo, capaz de articular de entender a adolescentes y jóvenes, de los centros educativos de enseñanza

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 23 FORMAÇÃO DE PROFESSORES CGTP-IN propõe discussão das questões estruturais secundaria. Significa desarrollar un proceso de colaboración entre las universidades y los da Segurança Social centros y para ser coherentes debiera ser un proceso conjunto de investigación-acción. Carvalho da Silva apontou o combate à Implicando a los centros y al profesorado en reforma precoce e à “economia clandestina”, ejercicio, para enriquecer su desarrollo que não traz verbas para a Segurança So- profesional y sus propios procesos de reflexión cial, como pontos a resolver antes de se crítica. Significa que el profesorado universitario colocar em cima da mesa o aumento da debe estar comprometido con el modelo y idade para a reforma. orientar el proceso de aprendizaje de los futuros O secretário-geral da CGTP, Car- Relativamente às pré-reformas, Carvalho docentes para superar modelos anteriores. valho da Silva, afirmou que o aumento da Silva salientou que estas foram incen- Hasta aquí el margen de utopía que nos da idade da reforma, defendido pelo tivadas “para servir os interesses desses que permitimos, pero hay indicios en algunos planes líder do PSD, só pode ser discutido agora defendem o aumento” do tempo. de estudios de los Cursos de capacitación ó depois de resolvidas as questões Carvalho da Silva referiu, ainda, a títulos de especialización, hay diferencias en estruturais da Segurança Social. necessidade de uma “discussão profunda Europa en las fórmulas organizativas ó la “Quando se quer falar das questões sobre o financiamento da Segurança Social estructura de los estudios. La homologación del do sistema de Segurança Social de e a estrutura geral de acesso às reformas”. Espacio Europeo de educación superior encarará forma séria e responsável não se pode Se estas questões fossem levadas em el debate, pero entre postgrado ó carrera falar da idade da reforma de forma linha de conta “possivelmente toda a gente docente desde el principio, habrá condicionantes isolada”, disse à Lusa o sindicalista, podia ir para a reforma aos 65 anos”, disse históricos y económicos de nuestras sociedades acrescentando que os cabeças de lista o sindicalista, acrescentando que não se que definirán el modelo ó los modelos. Si se do PS e PSD se esqueceram de referir pode “impor mais sacrifícios aos mais definen por competencias tendremos que no debate de ontem à noite as “ques- desprotegidos e pobres”. (…) Lusa, 4/02/ profundizar en las competencias claves (llaves tões estruturais”. 2005 en otros idiomas: chiave, clé ó key) que profundicen en la autonomía, el trabajo en equipo, la responsabilidad, la iniciativa, el TEM A PALAVRA… impulso a los cambios, la indagación crítica, la comprensión de la diversidad y un largo etcétera. O Centro de História de Além-Mar é uma Para que no se difuminen entre las competencias unidade de investigação da Faculdade de Ciências Sociais excesivamente genéricas ó las técnicas. Para que e Humanas que presta apoio aos mestrados e doutora- se vayan definiendo las distintas funciones de mentos na área da História dos Descobrimentos e da los distintos puestos de trabajo necesarios en Expansão Portuguesa, dentro do Departamento de História. secundaria y por consiguiente los distintos O CHAM desenvolve investigações relacionadas com a perfiles profesionales, que permitan abandonar presença portuguesa no mundo nos séculos XV a XVIII, el principio de que todo el mundo vale para todo numa perspectiva tanto quanto possível interdisciplinar e de história comparada, en la enseñanza, en una sociedad capaz de prestando particular atenção às histórias das regiões com que Portugal manteve diversificar e innovar a ritmos vertiginosos. contactos. En suma, nuestro mayor desafío es poder Informações - Secretariado: Céu Diogo. Abertura: 09h30 -17h30. Torre A, 6º andar, enseñar a aprender a aprender, a conocer, a ser, gabinete 612. Telefone: 00 351 217972151. Fax: 00 351 217977759. Faculdade de Ciências a hacer, a vivir juntos, a nuestros futuros Sociais e Humanas, Avenida de Berna, 26 C 1069-061 Lisboa. E-mail: [email protected] docentes, para que puedan actuar poniendo en juego todos sus registros posibles, ideológicos, intelectuales, práxicos, emocionales, sociales y Erasmus: nova candidatura na U. da Beira Interior culturales. Para que sepan, quieran y puedan reproducir este nuevo modelo y no caer en la O Gabinete de Programas e Relações Internacionais da Universidade da Beira Interior repetición de los modelos que han vivido. (UBI) está a efectuar uma nova candidatura aos cursos intensivos de língua Erasmus (EILC - Erasmus Intensive Courses) para preparação linguística de estudantes Erasmus (1) Ver: J. C. Tudesco, J. M. Esteve, A. que venham estudar em Portugal durante o ano lectivo 2005/2006. O curso terá dois Hargreaves níveis - inicial e intermédio - e decorrerá de 1 de Agosto a 2 de Setembro de 2005. E- (2) Como Angel Pérez Gómez mail: [email protected] (3) F. Ângulo Rasco (4) J. Gimeno Sacristán, F. Imbernón, J. Contreras y otros 3º Ciclo de colóquios (5) B. Aucouturier “Despertar para a Ciência” 2005 (6) M. A. Santos Guerra Agenda: 23 Março 2005 | Os desastres de Sofia e as estruturas do acaso Estella Acosta Pérez | Lic. en Ciencias de la Dinis Pestana (Faculdade de Ciências Universidade de Lisboa) Educación. Profesora Asociada del Título de 20 Abril 2005 | O que é ser complexo ? Especialización Didáctica de la Universidad Rui Vilela Mendes (Grupo de Física-Matemática, Universidade Técnica Autónoma de Madrid. Profesora de secundaria, de Lisboa) especialidad Psicología-Pedagogía. Local: Auditório 2 Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 18 horas.

24 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 DIA INTERNACIONAL DA MULHER

À semelhança de anos ante- riores, o SPRC realiza um En- contro/Debate por ocasião da no alvo comemoração do Dia Interna- cional da Mulher. Sob o tema “O Papel da Mulher na Educação das Socie- Desemprego aumentou dades” a Direcção do SPRC de- em Janeiro cide deixar registada a neces- sidade de maior reconheci- mento do papel da Mulher, O número de desempregados inscritos nos nomeadamente na Educação, e da abolição de todas as formas de discriminação de Centros de Emprego aumentou 4,1 por cento que continuam a ser alvo. Tradicionalmente a mulher tem sido a principal responsável em Janeiro, face ao mesmo mês de 2004, para pela educação dos filhos e tem exercido a profissão docente, o que lhe confere uma cerca de 4783 mil desempregados. O desem- responsabilidade acrescida na formação de jovens, mas a sociedade em geral continua, prego de longa duração continuou a aumentar. ainda hoje, a desrespeitar os direitos da mulher, tornando-a a principal vítima de violência O número de desempregados inscritos nos doméstica, do trabalho precário, do analfabetismo. Centros de Emprego aumentou 4,1 por cento Será o destino?... Falta de empenhamento na defesa dos seus direitos?... Incapacidade em Janeiro, o que significa mais 18.997 para mudar o tradicionalmente estabelecido?... São estas questões e algumas outras indivíduos sem emprego que no mesmo mês de que o SPRC se propôs debater, juntamente com convidadas(os) de Angola, da Ucrânia e 2004. especialistas em estudos sobre as mulheres. Segundo os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, no primeiro mês de 2005 estavam inscritos nos centros de emprego do Continente e Regiões Autónomas, 483.447 CONCURSO desempregados. Em termos mensais, o aumento foi de 3,1 por cento, o equivalente a mais 14.495 Águas Livres desempregados que no mês de Dezembro. O Serviço Pedagógico Águas Livres, do Museu da Desemprego de longa duração Água, apresentou a 8ª edição do Concurso Águas Livres acentua peso que este ano colocará o Teatro dos Fantoches e a Moda no centro das atenções. O desemprego de longa duração - pessoas As turmas das escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico à procura de emprego há 1 ano - registou novo são desafiadas a criarem uma peça de fantoches, devendo a história inspirar-se numa aumento, com mais 10,6 por cento de inscritos temática ligada à água. As turmas do 2.º Ciclo deverão apresentar um projecto para em Janeiro de 2005 face a Janeiro de 2004. uma passagem de modelos, feitos com materiais da natureza ou reciclados, sobre o «O desemprego de longa duração acentua, tema da água, sublinha a Direcção do Museu. assim, o seu peso relativo na estrutura do Os três melhores projectos de cada ciclo serão seleccionados a participar numa desemprego, ao atingir 41,7 por cento em grande final a realizar-se no dia 1 de Junho de 2005, num dos núcleos do Museu da Janeiro de 2005, contra 39,3 por cento no mês Água. As escolas do 1.º Ciclo representarão as suas peças de fantoches e as escolas do homólogo de 2004», avança o IEFP. 2.º Ciclo apresentarão as suas passagens de modelos. O prazo de entrega das propostas do concurso termina no dia 18 de Março de 2005 e deverão ser enviadas para: Con- Centrais sindicais pedem curso Águas Livres, Rua Diogo do Couto, n.º1, 3.º frente, 1100-194 Lisboa. As escolas novas políticas económicas podem candidatar-se a uma das quatro Bolsas de Projecto (duas bolsas para cada ciclo) no valor de 1000 euros cada e poderão apresentar projectos de trabalho Perante os números apresentados pelo IEFP, relacionados com “O papel da ONU no mundo” ou “A importância da educação no as centrais sindicais renovam o alerta para a Desenvolvimento Sustentável” até ao dia 6 de Maio de 2005. criação de novas políticas económicas. Todas as informações em: museudaagua.epal.pt Em declarações à TSF, José Ernesto Cartaxo, da CGTP, diz que os números revelam a urgência de mudar o rumo económico do país. O sindicalista diz ainda não entender como SEM PAPAS NA LÍNGUA… é que os números só agora foram divulgados quando o hábito é serem divulgados mais cedo. “Subir a idade da reforma para os 70 anos (aos 50 um trabalhador começa a ser tratado Também a UGT manifestou preocupação pelos superiores e colegas como um estorvo), aumentar os horários laborais (…), congelar perante o elevado número de desempregados. os salários líquidos (enquanto a inflação os baixa) como defendem certos especialistas Ouvido pela TSF, Barbosa de Oliveira diz que (que preservam, no entanto, para si retribuições e reformas milionárias) apenas estes dados são o aviso sério para o novo desarticulará o mecanismo social que a humanidade vem, penosamente, construindo Governo e para a aposta que vai ter de fazer. no sentido de tornar a existência mais digna e solidária.” Fernando Dacosta , “Terrores Brancos”, Visão nº 625, 24/2/2005 TSF, 25 de Fevereiro ‘05

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 25 INICIATIVA Setúbal, 15, 16 e 17 de Abril de 2005 (Novotel) XVIII Encontro Galego e XI Encontro Galego-Português de Educadores pela Paz

stá mais uma vez convocado o diversificados, jogos cooperativos e danças encontro anual de educadores e do mundo. educadoras para a Paz Galegos e “É um encontro para saber dos nossos Portugueses. Desta vez tem lugar em projectos, das nossas ilusões, dos nossos E Portugal, na cidade de Setúbal. A problemas e dificuldades na construção de organização é assegurada por: Educadores/as um mundo mais pacífico e mais justo”, pola Paz-Nova Escola Galega; Dto. de Pedagoxía prometem os organizadores. e Didáctica das CC.EE da Universidade da Mas, esta reunião tem outro elemento Coruña; Movimento dos Educadores pela Paz de vital importância como é a constituição de Portugal (MEP); e Grupo de professores/ da Associação Galaico-Portuguesa de educadores da Moita/Barreiro educadores/as pela Paz (AGAPPAZ), tal como Tal como vem sendo habitual nos foi aprovado no anterior Encontro. Uma nº2 , Rua dos Açores, 2835-112 Baixa da Encontros, será uma boa ocasião para proposta que “pretende fortalecer este Banheira; Tel/Fax:. 21 2021321 (Helena escutar e debater com conferencistas e movimento transfronteiriço que iniciámos Proença); EB1 nº3 do Barreiro, Tel.: 21 participantes os grandes temas que nos há mais de 12 anos e que, além do mais, 2079343 (Teresa Ferreira); EB1 nº7 do afectam, como é o caso da agenda hege- quer ser um dos apoios fundamentais para Barreiro, Tel.: 21 20158628 (Cândida mónica que provavelmente será relançada constituir a rede ou Associação Ibero- Santos), Email: [email protected] após a vitória dos republicanos nos EUA. Americana de Educadores/as para a Paz.“ GALIZA: Nova Escola Galega (NEG): Tel/ Para além das conferências e dos de- Em www.fenprof.pt encontra todos os Fax: 981.56 25 77; Email: [email protected]; bates, o Encontro reserva parte do seu pormenores e o programa completo desta Dto. de Pedagoxía e Didáctica: Tel. 981 16 tempo para a realização de oficinas/ateliers iniciativa, incluindo os ateliers. Mais 70 00. Ext. 1743 ou 1867, Fax: 981 16 71 e apresentação de experiências, com informações: 53 (a atención de Xesús Jares); Email: apresentação de materiais pedagógicos PORTUGAL: EB1/JI da Baixa da Banheira [email protected]

Ficha de Inscrição XVIII Encontro Galego e XI Encontro Galego-Português de Educadores pela Paz

Nome e apelidos: Morada: Localidade: C.P. - Telef: E-mail: Local de trabalho/escola: Área ou disciplina que lecciona/trabalha: Se vais apresentar alguma experiência/comunicação indica o título: Atelier em que te inscreves (as vagas preenchem-se por ordem de chegada da inscrição) 1ª Opção: Título do atelier 2ª Opção: Título do atelier Partilho alojamento com: Recebes o boletim NOVAPAZ?: Sócio/a de: OBSERVAÇÕES:

26 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 27 Depois de preenchido, recortar pelo picotado e enviar para a morada do repectivo sindicato:

28 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 JANELA ABERTA Mário David Soares (Membro do Secretariado Nacional da FENPROF)

O Senhor Lino Ferreira

uando me deram a incumbência de Regional de Educação do Norte. Dir-me-ão escolares. Premonitório, dirão alguns, escrever para o JF esta crónica - grande coisa! - não fosse eu saber que o começar a construção de uma carreira de mensal a que, com alguma pompa, senhor Lino Ferreira, para além desta tão sucesso com as construções escolares... foi dado o título de Janela Aberta, elevada função, tem outros dotes que Depois entra na Direcção Regional do Norte disseram-me que eu poderia dis- poucos de nós, que levamos a vida só a vivê- como relações públicas ou lá como se traduz Q correr de um modo pessoal sobre -la, somos capazes de imaginar. a expressão “public relations”. Sempre a os temas que julgasse terem algum interesse O senhor Lino Ferreira tem levado a vida subir (era nessa época o caminho de subir), para os professores. E aqui começa a minha pelo o caminho que entende ser o melhor passa a Sub-Director Regional ou, para não primeira dificuldade: o que interessa o para os seus interesses: se antes o caminho diminuir a dignidade do posto com o título senhor Lino Ferreira aos professores? Mas era para cima e agora é para baixo, o senhor de Sub, a director regional adjunto. afinal quem é o senhor Lino Ferreira para Lino Ferreira saberá encontrar as virtudes Finalmente, quando o PSD sobe ao poder lá merecer uma crónica de alguém, nem que da descida quando antes afirmava que era chegou o senhor Lino Ferreira a Director seja deste vosso amigo e colega que não é, a subida que nos levava ao céu; se antes o Regional. nem porventura algum dia será, nenhum caminho era para a esquerda e agora é para Teria o senhor Lino Ferreira chegado já perito na arte da escrita? a direita, o senhor Lino Ferreira saberá dizer ao topo? Como, se ainda havia para subir Mas eu vou esclarecer. que tanto faz seguir por um lado como pelo postos como director geral, subsecretário O Senhor Lino Ferreira é o actual Director outro e que o ziguezague nunca foi defeito de Estado, secretário de Estado, minis... que levasse alguém à prisão; se o caminho (bom, não sejamos tão cruéis)? era vice e agora é versa, o senhor Lino Era legítimo ao senhor Lino Ferreira O que eu nunca aceitarei, Ferreira salta do vice-versa para o versa- sonhar (e lutar). Mas não é que, quando tudo vice ou o contrário. E até o contrário do parecia correr bem, o povo português resolve nem admitirei, é que o contrário que é a verdade suprema… ir às urnas e passar o caminho da direita para senhor Lino Ferreira se meta O senhor Lino Ferreira vai achar este a esquerda quando o senhor Lino Ferreira escrito muito insultuoso. Não porque se estava a caminhar certinho na direita! com o meu Sindicato. Aí esteja a fazer um retrato demasiado cruel Experiente e perspicaz, o senhor Lino ter-me-á sempre à perna do senhor Lino Ferreira, mas apenas porque Ferreira antecipou a mudança e resolveu lhe chamo de senhor e não de doutor como, mostrar ao novo dono como é capaz de de- nem que seja nesta pobre julga ele, deve ser o tratamento de qualquer fender uma coisa e o seu contrário se o dono croniqueta afinal senhor director (nem que seja apenas re- e as circunstâncias assim o exigirem. E, para gional e só do norte). o mostrar, resolveu meter-se com o meu desperdiçada como cera com Ora, para me livrar da ira do senhor Lino Sindicato. O meu Sindicato, o SPN. E isso fraco defunto, se me é Ferreira, quero aqui afirmar que utilizo a eu não perdoo ao senhor Lino Ferreira. Posso expressão “senhor Lino Ferreira” como aceitar que se pareça com o animal que permitida uma linguagem tradução literal da frase “Monsieur Lino muito bem escolher para exercer a sua tão tétrica. Ferreira” expressão que na gentil língua capacidade de mimetismo, posso aceitar francesa se aplica a todos os Presidentes, que obrigue a mulher a dias, o porteiro, o ministros e outras grandes personalidades arrumador de carros a chamar-lhe doutor, como o senhor José Manuel Barroso, posso até aceitar que o próximo governo, presidente da Comissão Europeia, tal como tal como o anterior e o anterior do anterior atestam Racine, Corneille, Molière e todos lhe continuem a dar de comer através do os jornais que actualmente se pu- salário de funcionário público privilegiado… blicam por essa Europa. Posso até, embora isso me custe mais, que continue a achar que tudo o que faz é a Das Construções Bem da Nação. Mas o que eu nunca à DREN aceitarei, nem admitirei, é que o senhor Lino Ferreira se meta com o meu sindicato. Aí O senhor Lino Ferreira ter-me-á sempre à perna nem que seja começou a sua fulgurante nesta pobre croniqueta afinal desperdiçada carreira de “servidor pú- como cera com fraco defunto, se me é blico” nas construções permitida uma linguagem tão tétrica.

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 29 AGENDA CULTURAL InJAZZ - Jazz em Português Seis cidades portuguesas receberão os Os intervenientes no InJAZZ foram es- melhores compositores e intérpretes nacionais colhidos com base em dois critérios chave - de jazz. No total, o InJAZZ - Jazz em Português qualidade artística irrefutável e intensa e regu- engloba a realização de 60 eventos: 36 concer- lar actividade musical. Ficarão, indiscuti- tos, 6 workshops, 6 feiras de discos, 6 exposições velmente, presenças adiadas para uma próxima e 6 concertos didácticos. Múltiplas actividades edição. Músicos, que tal como os eleitos, que contribuirão para a criação de um ambiente poderiam figurar nesta lista e só não o fazem de festa e discussão em torno de uma das por não ser possível, nunca, incluir todas as linguagens musicais que melhor reflecte o hipóteses. fervilhar da cultura contemporânea. Nesta edição participam as formações: Afonso Pais Trio, Bernardo Sassetti solo, Carlos De Alcobaça a Famalicão, passando por Barretto “Lokomotiv”, Filipe Melo Trio, João Paulo Aveiro, Évora, Faro e Montemor-o-Velho solo, João Paulo / Paulo Curado / Bruno Pedroso urante o mês de Abril de 2005 vai - “As Sete Ilhas de Lisboa”, Kiko “Raw”, Mário decorrer a primeira edição do InJAZZ - Cada uma das cidades que abraçou este Delgado “Filactera Redux” e Quinteto Mário Jazz em Português. Esta iniciativa, de projecto (Alcobaça, Aveiro, Évora, Faro, Montemor- Santos “Bloco de Notas”. que falaremos também na próxima o-Velho e Vila Nova de Famalicão) terá três dias O InJAZZ - Jazz em Português é uma edição, surge da vontade de criar um consecutivos do melhor jazz nacional, com dois organização da Lado B e do JACC - Jazz ao Centro D festival de jazz à escala nacional que concertos em cada dia; período durante o qual Clube. sirva três propósitos fundamentais: a promoção decorrerá um workshop com os músicos do Filipe Para mais informações, por favor contactar: do jazz português e respectivos músicos; a Melo Trio, uma feira de discos organizada pela Margarida Gonçalves - tlm. 963501624 descentralização da oferta musical do género e CleanFeed/Trem Azul, estará patente uma exposição [email protected] criação de sinergias múltiplas com a conjugação de fotografia de Anabela Trindade dedicada ao tema Pedro Côrte-Real Santos (director InJAZZ) de vontades e esforços a nível nacional, fazendo “Jazz em Português” e será realizado um concerto tlm. 916428897 do festival um fenómeno de grande adesão. didáctico orientado para os mais jovens. [email protected]

Arte Música Literatura CCB: escultura e bailado “Faluas do Tejo”: o novo trabalho dos Madredeus Manuel Gusmão recebe num interessante prémio Vergílio Ferreira O novo CD dos referência fadista, que aliás sempre foi projecto de Rui Chafes Madredeus, notada no trabalho dos Madredeus. 2005 e Vera Mantero “Faluas do Te- Uma influência reconhecida por jo”: é “o tributo Pedro Ayres Magalhães “mais do De regresso ao seu local de "ori- do grupo à sua ponto de vista temático e literário gem", o Centro Cultural de Belém, cidade” e com- que do ponto de vista formal”. em Lisboa, onde decorreram os plementa o anterior trabalho do “Sabemos o que é o fado, quem são primeiros trabalhos de montagem grupo, disse à Lusa Pedro Ayres os fadistas, conhecemos o meio e e ensaio antes de seguir para a Magalhães. Em declarações à sabemos que não pertencemos a esse Bienal de São Paulo/2004, a obra agência afirmou ainda que o grupo mundo, estamos à parte, somos outra conjunta do escultor Rui Chafes e “queria prestar um tributo a Lisboa” coisa”, frisou Pedro Ayres Magalhães. da bailarina e coreógrafa Vera que, apesar de ser pano de fundo O músico e autor da maioria das Mantero pode agora ser apreciada em todos os discos, nunca surgiu de canções deste novo álbum referiu O escritor e professor universi- no CCB até 17 de Abril, de terça- forma evidente. ainda “que nunca o grupo, em tário Manuel Gusmão foi este ano feira a domingo, das 10h00 às “Apesar de Lisboa ser o nosso cartão palcos internacionais se aproveitou galardoado com o prémio literá- 19h00. As apresentações de Vera de identidade, em 90 canções ou se apresentou como novo fado rio Vergílio Ferreira, instituído Mantero no mês de Abril de- gravadas, só em `O céu da Mou- ou algo a ver com fado”. pela Universidade de Évora. A correrão nos dias 2,3,9,10, 16 e 17, raria’, surge a palavra Lisboa”, disse. “Nós somos outra coisa, cantamos o atribuição do prémio ao ensaísta sempre às 17h00. Segundo o fundador do grupo, Mundo da saudade que Teixeira de eborense foi decidida por unani- O projecto, intitulado "Comer o “Faluas do Tejo” e “Amor Infinito” Pascoaes tão bem definiu no princípio midade pelo júri, composto por Coração", mereceu rasgados elogios - que o antecede - constituem do século passado. Mas nesta cosmo- professores universitários de do público e da crítica no Brasil, e “duas colecções de canções que visão saudosista, há a liberdade da Lisboa, Porto e Évora e pelo crítico baseia-se numa escultura em ferro são figura e fundo, sendo uma obra contemporaneidade”, rematou. literário Eduardo Prado Coelho. de grandes dimensões, "animada" musical (longa) no seu todo que Os Madredeus definem-se por um Instituído em 1997 pela Universi- pela actuação da bailarina. não cabia num disco”. cancioneiro próprio a que aliam a dade de Évora, este prémio tem O Instituto das Artes é o responsável Por outro lado, Pedro Ayres Ma- encenação - “todo o Madredeus é um como objectivo galardoar um pela organização da iniciativa. galhães “gostava de ter um disco poema vivo e aceitamos a autor de língua portuguesa, no com uma falua na capa, memória encenação” - explicou Ayres Magalhães. âmbito da narrativa e/ou ensaio. portuguesa de outros tempos”. A voz do grupo, Teresa Salgueiro, Sendo um disco dedicado a Lisboa, surge como eixo desta “oficina de é também notória uma maior canções”. |Lusa

30 JORNAL DA FENPROF FEVEREIRO/MARÇO 2005 Rede Nacional de Novo Circo Exposição no Museu de História Natural SEM REDE - rede portugueses e estrangeiros, contribuindo para a sua “Plumas em Dinossáurios! nacional de pro- formação, através de residências artísticas. gramação de Novo Ao unirem-se recursos artísticos, técnicos e Afinal nem todos se extinguiram” Circo, assim se de- financeiros torna-se possível a circulação mais Os Dinossáurios extinguiram-se signa a mais jovem frequente de espectáculos desta forma de arte todos ou alguns evoluíram estrutura cultural contemporânea e suas vertentes. Esteja atento. transformando-se em que surgiu em Por- Neste semestre diversas instituições programam Aves? A resposta per- tugal, envolvendo os seguintes espectáculos: maneceu enterrada na treze instituições: La Voix de la Mouette (Franck Dinet); Charanga China durante 124 mi- A Oficina (Guima- (Circolando); Cavaterra (Circolando); La Vertige du lhões de anos mas pode rães); ACERT (Tondela); Câmara Municipal de Papillon (Cie. Feria Musica); L’ Oratório d’Aurélia agora ser encontrada. Por Santa Maria da Feira /Feira Viva; Casa das Artes (Victoria Thierrée Chaplin); Janei (Cia Metzger/ isso, o convite do Museu de Famalicão / Vila Nova de Famalicão; Centro Zimmerman / de Perrot); Kiang (Cia. Galouma). Nacional de História Natu- Cultural de Belém (Lisboa); DEVIR (Faro); Rivoli Afinal o que é o Novo Circo? ral aqui fica: visite esta Teatro Municipal (Porto); Teatro Académico de Gil O Novo Circo nasceu em França nos anos 70. exposição e verifique por si Vicente (Coimbra); Teatro Aveirense (Aveiro); As grandes tendas e a presença de animais deixam próprio que as Aves são, na realidade, Teatro Municipal de Bragança; Teatro Municipal de existir, dando lugar ao destaque das artes do Dinossáurios vivos. de Faro; Teatro Municipal de Vila Real; e Teatro espectáculo, em que os “números” ou as proezas A exposição está aberta ao público no Viriato (Viseu). físicas, o nariz do palhaço, as lantejoulas dão lugar átrio do Departamento de Mineralogia O objectivo desta união é promover, fomentar a dramaturgias, em que os cenários, música, e Geologia do MNHN até 30 de Abril e estimular uma oferta mais diversificada de escrita, luzes, figurinos, identificam o projecto no de 2005, todos os dias das 10h às 18h, espectáculos de qualidade na área do novo circo, seu conjunto. na R. da Escola Politécnica, 58 1250-102 promovendo a sua circulação no território nacional. Nesta arte, a dança, a música, o teatro, entre Lisboa. Contactos: Tel.: 213 921 848 Fax: 213 O intuito é também sensibilizar públicos para esta muitas outras disciplinas fundem-se num só 905 850 E-mail: [email protected]. URL: forma de arte contemporânea, assim como espectáculo. | boa união, newsletter de infor- www.mnhn.ul.pt possibilitar a troca de experiências entre artistas mação do Teatro Viriato (Fev. 2005)

Teatro Efeméride World Press Photo XIII Feira da Galiza em Abril HANS CHRISTIAN ANDERSEN (1805-2005) Foto de drama do tsunami em Santiago de Compostela 200 anos do nascimento do escritor vencedora

Um mercado dinamarquês de artes cé- nicas com No próximo dia 2 de Abril, comemoram-se 200 anos `stands' para do nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian profissionais Andersen. de teatro são O Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB) a novidade da não pode deixar de se associar esta homenagem XIII Feira do internacional, dedicada a um autor da literatura infantil A fotografia a cores de uma mulher junto Teatro de Galicia, a realizar em Abril em que é já universal. São do mundo inteiro as crianças ao corpo de um familiar vítima do Santiago de Compostela, disse hoje à agência que, mesmo sem nunca terem ouvido falar no nome do maremoto na Ásia, da autoria do indiano Lusa fonte da organização. autor, conhecem, como amigos de longa data, o Patinho Arko Datta da agência Reuters, ganhou Converter a feira num ponto de encontro entre Feio, a Sereiazinha ou o Soldadinho de Chumbo... esta sexta-feira o World Press Photo criadores, programadores, distribuidores e Durante todo o ano de 2005, convidamos, pois, as 2004, anunciou a organização. público à semelhança do que aconteceu em bibliotecas públicas, os professores, os pais, os A foto vencedora, que mostra uma mulher 2004 com a XII Feira, são objectivos da iniciativa, animadores, a juntarem-se ao grupo dos leitores do com os braços levantados para o céu junto ao acrescentou a mesma fonte. grande escritor dinamarquês para contar, ler em voz corpo de um familiar, foi tirada na aldeia de O Teatro Principal, o Salón Teatro, o Teatro Galán, alta, ou oferecer as suas histórias. Cuddalore, no estado indiano de Tamil Nadu, a Sala Yago e a Sala Nasa, todos em Santiago de Para o próximo mês de Abril vai o IPLB organizar uma a 28 de Dezembro, dois dias após o tsunami. Compostela, são os locais de apresentação das série de actividades de animação à leitura ligadas aos O fotógrafo da Reuters, Arko Data, vai receber peças, funcionando a sede da feira, recepção, o personagens e à vida de H. C. Andersen. o prémio monetário no valor de 10.000 euros mercado de artes cénicas e as mesas-debates na Entretanto, sugerimos às instituições e uma nova máquina fotográfica. Fundação Gonzalo Torrente Ballester. públicas ou privadas que tenham igual- “A foto de Datta é realista, histórica e muito A XIII Feira de Teatro de Galicia é uma iniciativa mente programado iniciativas centradas emotiva”, disse Kath Ryan, editora de fotografia do Instituto Galego das Artes Escénicas e no universo do autor, que nos enviem do New York Times Magazine e membro do Musicais, em colaboração com a Consellería de os seus calendários para serem júri da 48ª edição da World Press Photo. Cultura, Comunicación Social e Turismo da divulgados no site do IPLB. Para tal, A fotografia vencedora foi seleccionada Xunta de Galicia. utilize o seguinte endereço de um conjunto de 69.190 enviadas a A feira, que habitualmente conta com a electrónico: [email protected] concurso por 4.266 fotógrafos de 123 participação do grupo português O Bando, é países. World Press Photo/EPA. dirigida por Víctor López Carbajales. |Lusa

FEVEREIRO/MARÇO 2005 JORNAL DA FENPROF 31