O Chefe: a Vida De Robert Baden- Powell
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O CHEFE: A VIDA DE ROBERT BADEN- POWELL Do original: THE CHIEF: THE LIFE STORY OF ROBERT BADEN- POWELL. London: Wolfe Publishing Ltd., 1975 (edição revisada). Primeira publicação em 1924, sob o título The Piper of Pax, pela casa C. Arthur Pearson Ltd. Eileen Kirkpatrick Wade Versão para o português (Brasil) de Fernando Antônio Lucas Camargo ESTA É UMA OBRA INDEPENDENTE; NÃO É UMA OBRA OFICIAL DA UNIÃO DOS ESCOTEIROS DO BRASIL OU POR ELA AUTORIZADA. Aos Escoteiros de hoje Para a rua o flautista caminhou, Sorrindo, de início um leve sorriso, Como se soubesse que mágica dormia Naquele momento, em sua flauta silente. E o flautista avançou, E as crianças o seguiram. (Robert Browning, tradução livre) Esta é epígrafe do livro original. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos Grupos Escoteiros a que pertenci/pertenço: Grupo Escoteiro São Francisco de Assis (17º/MG – São Lourenço), Grupo Escoteiro Duque de Caxias (52º/MG – Belo Horizonte) e Grupo Escoteiro do Ar Padre Eustáquio (7º/MG – Belo Horizonte). O TRADUTOR Fernando Antônio Lucas Camargo ingressou no Movimento Escoteiro em 1983. Conquistou o Nível Avançado como Escotista (Ramo Pioneiro) em 1991, como Dirigente de Formação em 2007 e como Dirigente Institucional em 2012. Atua na Equipe Regional de Formação de Minas Gerais desde 1991, com direção e participação em cursos, elaboração e revisão de manuais de treinamento de recursos adultos. É graduado em Pedagogia (Universidade Federal de Minas Gerais), pós- graduado em Gestão de Recursos Humanos e Mestre em Educação. Credenciado no Exército Brasileiro como proficiente nos idiomas inglês e italiano. Habilitado pelo Exército Brasileiro como gestor de Comunicações militares, montanhista (11º Batalhão de Infantaria de Montanha) e Assessoria ao Comando e Estado-Maior (U.S. Army Sergeants Major Academy). Integrou o 2º contingente do Batalhão Brasileiro (fevereiro a agosto de 1996) na Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola (UNAVEM III). Verteu para a língua portuguesa The left handshake: the Boy Scout Movement during the War, 1939-1945, de Hilary St. George Saunders, e The Scouts’ book of heroes: a record of Scouts’ work in the Great War, de F. Haydn Dimmock. Obras publicadas: • Um romancista em campanha: Taunay na Guerra do Paraguai. São Paulo: Baraúna, 2010. • Jogando para a segurança: jogos para treinamento em segurança do trabalho. São Paulo: Nelpa, 2010 (coautoria com Miguel Augusto Najar de Moraes). • Comida de aventura: alimentação em atividades de campo. Rio de Janeiro: Livre expressão, 2012. PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA Em uma tarde de janeiro, recebi, com grande alegria e honra, o inesperado convite para prefaciar a obra O Chefe: A Vida de Robert Baden- Powell, traduzida pelo grande amigo Fernando Antônio Lucas Camargo. Trata-se da primeira tradução para o português (Brasil), pelo que tenho conhecimento, da obra The Chief: the life story of Robert Baden- Powell, de Eileen Kirkpatrick Wade. Para todos os membros do Movimento Escoteiro, e também para seus admiradores, conhecer a vida de B-P, como carinhosamente é tratado pelos Escoteiros, tem um caráter especial. Durante muitos anos, em especial no Escotismo brasileiro, houve grande carência de literatura sobre a vida de B-P, sendo a sua autobiografia, Lições da Escola da Vida, publicada em uma versão resumida, apenas em 1991. Desta forma, ter acesso à presente obra, originalmente escrita por uma pessoa que conviveu com o Fundador do Escotismo, lança luz sobre aspectos até então pouco conhecidos sobre a vida de Baden-Powell. Não serão poucos os leitores que irão se surpreender com as suas aventuras e peripécias. Como tenho também por área de interesse a história do Movimento, a disponibilidade desse texto em língua pátria, por alguém que conhece história, a vida militar e o Escotismo, cria oportunidade para mais leitores compreenderem a personalidade e os feitos do Fundador. Fernando Camargo é pesquisador meticuloso e um exímio escritor, que, longe de apresentar uma tradução direta do livro publicado por Eileen Wade, lançou mão de extensa pesquisa, buscando compreender os fatos narrados por Wade também na visão de outros escritores. São inúmeras notas, que permitem ao leitor conhecer não apenas aspectos da vida de B-P, mas explorar os locais e entender as situações pelas quais passou. Historiador por vocação, Fernando Camargo nos presenteia com a tradução de O Chefe: A Vida de Robert Baden-Powell, que é um verdadeiro convite a todos os amantes do Escotismo, para conhecer um pouco mais sobre a vida do Fundador, que se confunde com a própria história do Movimento Escoteiro. Sempre Alerta! Orlando Paixão Salgueiro Chefe IM – Região de Minas Gerais O CHEFE: A VIDA DE ROBERT BADEN-POWELL INTRODUÇÃO À VERSÃO BRASILEIRA Em minha vida Escoteira, li algumas obras de Baden-Powell e outras sobre ele. Obviamente, a primeira fonte para conhecer o Fundador do Movimento Escoteiro é sua autobiografia, Lições da escola da vida, cuja primeira edição brasileira (1991) foi, por motivos de custos editoriais, simplificada; quando li o texto original, percebi quantas passagens saborosas haviam sido cortadas. Já no século XXI, finalmente publicou-se uma edição integral em português brasileiro. Nesse ínterim, pude ler a biografia escrita por Tim Jeal, que, complementando a autobiografia, ajudou a desmitificar o Fundador. A obra do Chefe Boulanger, O Chapelão, trouxe outras perspectivas desse personagem que levou a vida como um “homem-garoto”. Ficou a curiosidade de conhecer o que outros, como William Hillcourt, Winston Churchill (Grandes homens do meu tempo) e Eileen Wade, disseram sobre “Lord Bathing-Towel”. Do mesmo modo que aconteceu com The left handshake e com The Scouts’ book of heroes, conheci esta obra ao garimpar na página The Dump, da Associação Escoteira do Canadá (www.thedump.scoutscan.com). Li-a, e constatei ser um ótimo complemento para Lições da escola da vida, ainda mais que a Sra. Wade obteve muito do que registrou nas próprias anotações pessoais de B-P. Baden-Powell não foi nem santo, nem super-herói. Foi um homem inteligente, perspicaz e versátil, espirituoso, e que soube lidar de forma criativa com as várias situações que se lhe depararam. Nasceu e viveu no apogeu do Império Britânico, educado na moral vitoriana. É importante ter isto em mente quando lemos que ele tinha servos na Índia, ou que os nativos tinham menor prioridade para as rações em Mafeking, ou ao ler suas considerações sobre sexo no Escotismo para rapazes ou no Caminho para o sucesso. É preciso considerar, ainda, que ele era militar; por conseguinte, apesar de ter aproveitado as oportunidades que teve para se divertir ou desenhar/pintar paisagens, sua vida não era um passeio. Seu trabalho era comandar homens – pela força legal e pelo exemplo – para manter a ordem no Império, mesmo que isso significasse matar outros ou arriscar-se a ser morto (na profissão militar, a morte é uma hipótese de trabalho). E, não obstante, B-P, graças à sua curiosidade e disposição para aprender, desenvolveu uma notável abertura de pensamento em questões como relações entre os povos e religiosidade. A Sra. Eileen Wade relatou que assumiu seu primeiro emprego em 1914, como taquígrafa e datilógrafa na sede da Associação Escoteira, acompanhando, assim, os primeiros anos do Movimento Escoteiro; dentro de um ano, estava casada com o Major A. G. Wade, então Secretário de Organização do Movimento e posteriormente Secretário de Gestão Conjunta. Veio a ser a secretária confidencial do Fundador e, com a morte deste, continuou a sê-lo para Lady Olave. Viu a família de Baden- Powell crescer e continuar, e viu sua “família expandida”, o Movimento Escoteiro, estruturar-se e fortalecer-se – de início, apoiado na carismática figura de B-P, e logo conquistando a institucionalização que o levaria a sobreviver, não apenas ao Fundador, mas também às duas grandes provas que foram as Guerras Mundiais. A Sra. Wade escreveu a biografia de B-P com o título The Piper of Pax1, publicada em 1924. Em 1957, publicou 27 years with Baden- Powell; escreveu, também, a biografia de Lady Olave. A edição revisada que ora se traduz, de 1975, agregou observações da Sra. Wade nos anos posteriores ao passamento de B-P. Verter uma obra de um idioma para outro não é o que se poderia chamar “brincadeira de criança”. Há expressões idiomáticas, jogos de palavras e trocadilhos que por vezes podem ser perdidos, ou ficar sem graça fora do seu contexto original. Além disso, há expressões típicas do final do século XIX e primeira metade do XX, que podem ser dificilmente 1 Jogo de palavras. Pipe pode ser gaita ou cachimbo. Um tocador de gaita-de-foles é um bagpiper. Um Peace pipe é o “cachimbo da paz”. O flautista de Hamelin, em inglês, é um piper, tocador de gaita. Assim, B-P seria um flautista de Hamelin da paz (pax, em latim), novamente num jogo de palavras com Pax Hill, sua última residência na Inglaterra. traduzíveis; pode haver, ainda, expressões que expressem uma visão de mundo que hoje poderia ser considerada “incorreta”, mas que à época era considerada “normal”. O trabalho de tradução, ou versão para outro idioma, necessita mais que substituir uma palavra por outra: é preciso entender toda a mensagem, o “espírito” de uma frase, ou até de um parágrafo inteiro, para, então, expor essa ideia no nosso vernáculo. Fez- se a adaptação na medida do possível e, quando preciso, adicionaram-se notas explicativas – especialmente para contextualizar alguns dos episódios vividos pelos personagens, ou para esclarecer alguma situação caracteristicamente militar ou peculiar ao período. Como muitas vezes acontece a quem alcança notoriedade, B-P e o Movimento que criou são alvos tanto de enaltecimento quanto de ataques. B-P mesmo dizia, quanto à espiritualidade, que, pelas manifestações dos observadores, acreditava ter alcançado a justa medida, pois uns diziam que o Escotismo tinha religião de menos, e outros, que tinha religião demais..