Narrativas Midiáticas Contemporâneas
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Organizadores Demétrio de Azeredo Soster Fabiana Piccinin Narrativas Midiáticas Contemporâneas Sujeitos, Corpos e Lugares Santa Cruz do Sul 2019 Editora Catarse Ltda Rua Oswaldo Aranha, 444 Bairro Santo Inácio Santa Cruz do Sul/RS CEP 96820-150 www.editoracatarse.com.br facebook.com/editoracatarse Copyright© dos autores N234 Narrativas midiáticas contemporâneas: sujeitos, corpos e lugares [recurso eletrônico] / Organizadores Demétrio de Azeredo Soster, Fabiana Piccinin - Santa Cruz do Sul: Catarse, 2019. 296 p. : il. Texto eletrônico. Modo de acesso: World Wide Web. 1.Narrativa (Retórica). 2. Jornalismo. 3. Comunicação de massa. 4. Jornalismo – Aspectos políticos. 5. Mídia social. I. Soster, Demétrio de Azeredo. II. Piccinin, Fabiana. III. Rede de Pesquisa Narrativas Midiáticas Contemporâneas. ISBN: 978-85-69563-40-2 CDD: 808 Bibliotecária responsável: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406 Capa, projeto gráfico e diagramação: Mirian Flesch de Oliveira Revisão: Nexus Acadêmico Edição: Demétrio de Azeredo Soster CONSELHO EDITORIAL Ada Cristina Machado Silveira (UFSM) Ana Paula da Rosa (Unisinos) Antonio Fausto Neto (Unisinos) Demétrio de Azeredo Soster (Unisc) Ernesto Söhnle Jr. (Unisc) Eugenia Barichello (UFSM) Eunice Piazza Gai (Unisc) Fabiana Piccinin (Unisc) Fernando Resende (UFF) Gastón Cingolani (Universidad Nacional de las Artes – UNA – Argentina) Jairo Getúlio Ferreira (Unisinos) Jesús Gallindo Cáceres (Benemérita Universidad Autónoma de Puebla – México) João Canavilhas (Universidade de Beira Interior – Portugal) Jorge Pedro de Souza (Universidade Fernando Pessoa – Portugal) Mario Carlón (Universidade de Buenos Aires – UBA – Argentina) Marcos Fábio Belo Matos (UFMA) Natalia Raimondo Anselmino (Universidade Nacional de Rosario – UNR – Argentina) Pedro Giberto Gomes (Unisinos) Raquel Recuero (UFPel) Walter Teixeira Lima (Umesp) SUMÁRIO Apresentação 7 Jorge Pedro de Souza Prefácio 16 Demétrio de Azeredo Soster Fabiana Piccinin Parte I - Narrativas do outro 18 Narrar o outro migrante: a apreensão das relações espaciais na narrativa 19 jornalística Gabrielle de Paula Cida Golin Comunicação popular: a narrativa jornalística por outras mãos 33 Luiz Henrique Zart Afetivações, amorosidade e autopoiese: sinalizadores para narrativas 47 sensíveis de destinos turísticos, em perspectiva ecossistêmica Maria Luiza Cardinale Baptista Robôs contadores de histórias: análise de um chatbot educativo 62 Emílio Sant’Anna Jéssica Santos Martha Lopes Renato Essenfelder Pela ingovernabilidade da narrativa: graça e exceção no jornalismo 81 Raquel Wandelli Biografias de vivos: reconfigurações narrativas da escrita biográfica 94 Rodrigo Bartz Parte II - Narrativas da resistência 108 O jornalismo opinativo como narrativa de resistência ao panóptico virtual 109 que mira a educação no governo Bolsonaro Eduardo Ritter Carolina Ritter Corpos de 1968: Movimento estudantil e utilização da morte na resistência 124 à ditadura militar Leylianne Alves Vieira O sentido dos direitos (não) humanos: narrativas midiáticas 140 protagonizadas por Jair Bolsonaro Patricia Regina Schuster Os suicídios de Mitchell e Christine: do vazio total ao rascunho objetivo 152 Ébida Santos Victor Lemes Cruzeiro Parte III - Narrativas diversas 165 Entre vídeos e estantes: a narrativa da crítica literária dos booktubers 166 Arthur Breccio Marchetto As narrativas de bicicleta como fenômeno midiático e a emergência do 181 narrador midiatizado Demétrio de Azeredo Soster A midiatização e a reconfiguração narrativa do imaginário 197 Ricardo Luís Düren As organizações sob a ótica narrativa: reflexões e perspectivas de 216 investigação Larissa Conceição dos Santos Titulação e polissemia: análise dos processos de metaforização e 228 transcriação da narrativa jornalística na seção "esquina", da revista Piauí Maurício Guilherme Silva Jr. Narrativas e Fotojornalismo: mapeamento de comunicações coordenadas 240 na SBPJor Diogo Azoubel Corporeidade como ato de complexidade em jornalismo 258 Mayara de Araújo Narrativas do viajar e do ser viajante em livros-reportagem produzidos por 275 estudantes de Jornalismo José Carlos Fernandes Myrian Del Vecchio-Lima Quem são os autores 290 Narrativas Midiáticas Contemporâneas: Sujeitos, Corpos e Lugares APRESENTAÇÃO Tem o leitor em mãos o terceiro livro da Rede de Pesquisa em Narrativas Mediáticas Contemporâneas (Renami). Organizado por Demétrio de Azeredo Soster e Fabiana Piccinin, é um livro coletivo que contribui para mapear, no Brasil, este campo de pesquisa. Adequadamente intitulado Narrativas Midiáticas Contemporâneas: Sujeitos, Corpos e Lugares, vive de uma pluralidade de abordagens, expressa em dezoito capítulos, escritos por 25 pesquisadores. O livro incide, principalmente, sobre narrativas não ficcionais. Em particular, sobre narrativas jornalísticas. Orientando-se o jornalismo para a exposição da verdade dos factos, para o relato objetivo de determinadas singularidades do passado recente, as narrativas jornalísticas, mesmo quando recorrem a técnicas da ficção literária ou visual, encontram-se entre as mais evidentes narrativas não ficcionais que fluem quotidianamente nas sociedades contemporâneas. Sendo essas narrativas problemáticas, merecem análise e pesquisa científica. Inclusivamente, para que se possam propor e discutir os conceitos, também eles problemáticos, de verdade, facto e objetividade. Esta obra coletiva persegue, precisamente, esse objetivo – contribuir para a análise das narrativas não ficcionais e, em particular, das narrativas jornalísticas. Na busca de sentido para a sua existência, os humanos produzem e consomem narrativas. Ora, como já alertava George Orwell no seu célebre romance 1984, quem controla as narrativas, sejam estas as mediáticas, nomeadamente as jornalísticas, sejam estas as da história, tem um enorme poder de controlo sobre a sociedade. Talvez, na atualidade, as redes sociais tenham, nas sociedades livres, obstaculizado esse controlo – ainda que outros males resultem das narrativas descontroladas que por aí pululam. Ainda assim, o estudo das narrativas, dos discursos que circulam socialmente, é fundamental para se desvelarem as relações de poder e os mecanismos sociais e comunicativos de ação-reação, incluindo aqueles que podem ser encarados como mecanismos de domínio e resistência. E esse estudo é tanto mais importante nos tempos que correm. A humanidade estará, talvez, a viver uma mudança de ciclo, mas não de um ciclo curto. A crise atual é muito mais do que a repercussão da crise económica iniciada em 2008. A perda da centralidade europeia no mundo e a revolução digital são transformações de ciclo longo que só têm equiparação na ascensão da Europa à condição de “centro do mundo” e na revolução da imprensa, ambas ocorridas há cinco séculos, ou na Revolução Industrial, iniciada na alvorada de Oitocentos. A tecnologia, ontem como hoje, coloca os seres humanos sob pressão, ou mesmo ameaça – não apenas no que respeita à perda 7 Narrativas Midiáticas Contemporâneas: Sujeitos, Corpos e Lugares de empregos para robôs, mas também perante o desenvolvimento hipoteticamente ameaçador da Inteligência Artificial, conceitos que são abordados num dos textos deste livro. Ao mesmo tempo, vivenciamos algo inédito: um tremendo impacto da humanidade sobre o clima do planeta, a ponto de colocarmos em risco a existência da nossa própria descendência. Quem, perante estas transformações de mudança de ciclo, fabricar narrativas a que as pessoas adiram, em busca de sentido para as suas vidas e para o que lhes está a suceder, sobretudo quem mastigue narrativas que proponham receitas fáceis e prêt-à-porter, tem, como temos presenciado, uma via facilitada de acesso ao poder. Se as pessoas precisam de soluções, precisam, igualmente, de sentido. Daí o potencial e o perigo das narrativas e a necessidade premente do seu estudo. Para que os seres humanos do presente possam celebrar um novo contrato com o planeta e com as gerações futuras. Um novo contrato que é urgente e desafiante e que necessita de ser sustentado por narrativas de humanidade e generosidade e de compromisso com a natureza, sem perda das liberdades. A narrativa não ficcional existe desde que seres humanos começaram a contar a outros seres humanos determinadas singularidades ou sequências de singularidades do passado, mais antigo ou mais recente, com ambição de verdade. Narrar é, pois, algo inerente à humanidade e, num certo sentido, tão antigo quanto a própria humanidade. Narrar torna a humanidade humana. Perante o caos do mundo, que não tem qualquer sentido a priori, os seres humanos procuraram encaixar as suas experiências individuais e coletivas de vida em enquadramentos suscetíveis de dar, a posteriori, sentido a esse mesmo mundo. A narrativa tem por detrás essa força, esse desejo, quiçá, essa necessidade humana, derivada da angústia, de impor sentido a uma realidade caótica e sem sentido a priori. Narrar é, pois, uma forma de impor discursivamente, por meio de dispositivos como as palavras e as imagens, sentido ao mundo. As primeiras narrativas humanas que sobreviveram ao tempo são, principalmente, literárias e ficcionais, mesmo quando inspiradas por alguns factos reais. As obras fundadoras da literatura ocidental, a Ilíada e a Odisseia, ou mesmo a Epopeia de Gilgamesh e vários dos livros bíblicos constitutivos do Antigo Testamento, podem, entre outros, ser citados como exemplos de narrativas ficcionais que, misturando factos e mitos, contribuíram para que os povos dessem sentido ao seu mundo. Essas narrativas legaram à posteridade o seu conteúdo excecional, que nos