Luís De Camões”
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DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA, ARTES E HUMANIDADES DOUTORAMENTO EM HISTÓRIA UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE LISBOA “LUÍS DE CAMÕES” O OLHAR DO IMPÉRIO INGLÊS SOBRE A CIDADE DE LISBOA NOS GUIAS DE VIAGEM MURRAY, 1850-1890 Francisca RiJarda Aristóteles Giandini Orientadores: Professor Doutor José Maria Amado Mendes Professora Doutora Marta Macedo Número da Candidata: 0020140096 Dezembro, 2020. Lisboa. Para D. Rita. Para Giovanni e Artur. 2 Agradecimentos Em Janeiro de 2014, após uma análise do cenário brasileiro no ano de Copa do Mundo e de governo da Presidente Dilma Roussef, percebi que o Brasil passaria por momentos muito desafiadores, porque ousara mexer nas estruturas arcaicas de poder. A luta das classes sociais brasileiras seria acirrada e penderia para o retrocesso político, económico e social. Nesse momento, decidimos alterar a estratégia da nossa história particular: mudar de país. Escolhemos três países prioritários que poderiam nos receber: a Itália, por ser a nossa segunda pátria, França e Inglaterra. Após uma rápida análise dos cenários económicos e políticos destes países percebemos que não seriam as melhores escolhas. Portugal, ao fazermos os comparativos de alguns países europeus devidos na construção de cenários, recorrentemente aparecia em indicadores por nós considerados importantes. E escolhemos Portugal como nosso próximo país de moradia. Com este preâmbulo quero expressar o meu agradecimento e confiança neste país, e nesta cidade, que tão bem nos acolheu. Agradeço à Universidade Autónoma de Lisboa, por ser partícipe direta e inequívoca desta escolha ao facultar-me o acesso a uma bolsa de estudos e por uma acolhida generosa de seus professores, notadamente Professores Armando Carvalho Homem, Miguel Figueira de Faria, José Amado Mendes. Nos momentos mais desafiadores da investigação, para estes professores eu dirigia um pensamento de agradecimento. À Elsa Nora, por todos os colaboradores da UAL, meu agradecimento. Aos Arquivos John Murray, JMA, sigla em inglês, nas pessoas de David McClay, até 2016 Diretor do JMA e Helen Symington, Assistente de Coleções Especiais do JMA. À família de John Murray III por ter organizado e facultado aos investigadores tão rico material. O meu processo de doutoramento não poderia acontecer sem a participação de pessoas generosas. Em Roma, a Congregação das Missionários de Imaculada (PIME), me acolheu durante o período que estive a pesquisar na Universidade de Roma Tor Vergata. À família Giandini, meus agradecimentos especiais. Ao Professor Onésimo Teotónio Almeida pelas indicações pertinentes. À Doutora Maria Estela Gonçalves, do Departamento de Planeamento da Câmara Municipal de Lisboa. Aos 3 funcionários da Biblioteca Nacional de Lisboa e do Arquivo da Torre do Tombo, meu muito obrigada. Às amigas Dra. Ticiana Gadelha, pela escuta dos desafios e Dra. Joana Angélica, pelas primeiras sistematizações da tese. Ao Dr. Eduardo de Alencar Arraes, pela paciência das correções em português e inglês. Às Embaixadoras do Clube Mulheres de Negócios de Portugal por terem percebido os meus momentos de absoluta ausência. Do Brasil, meus agradecimentos especiais aos professores Frederico de Castro Neves, Maurício Vieira, Silvana Batista, Renata Dantas Mercadante. A generosidade acadêmica do Professor Doutor José Amado Mendes foi sempre para mim, neste período de convivência, um elevado farol. Sou grata por ter tido como orientador o Professor Amado Mendes. À professora Doutora Marta Macedo, foi quem me fez brilhar os olhos para este tema como algo relevante. O rigor acadêmico de pesquisadora fez-me refletir sobre o objeto e fonte da minha tese sob novas perspectivas que levaram-me a um mergulhar mais crítico sobre os “Murray’s Guidebooks”. Obrigada! Aos meus afetos mais caros: D. Rita, minha mãe, por continuar a ser meu maior exemplo de lucidez. Giovanni, meu Amor, pelo suporte absoluto à concretização dos nossos sonhos. Nos momentos dos maiores desafios eu sei que posso contar com sua presença e ação. Artur, filho querido, é um privilégio ser sua mãe, neste tempo. 4 Resumo Em 1836 a editora John Murray publica o primeiro Handbook for Traveller on the Continent antecipando-se, em um ano, a ascensão da Rainha Vitória ao trono inglês. Assume-se, a partir de então, como organizador e condutor das narrativas comparativistas de progresso, do desenvolvimento e da modernidade, do império, por meio do inglês que viaja. Estabelece a série guionista que desenvolverá narrativas imperiais para os espaços urbanos em quase todos os continentes, exceto América do Sul. Nossa investigação apresenta uma análise do início do turismo organizado e serial tendo por objeto, e fontes privilegiadas, as publicações do Handbook for Travellers in Portugal. Section. Lisbon, entre 1855 e 1887. A série, em cinco edições, representa o olhar expressivo de poder “brando”, cultural e ideológico, do império britânico sobre a cidade de Lisboa, ao estabelecer o que é digno para o viajante inglês. A pesquisa contribui, de maneira pioneira em língua portuguesa, para o reconhecimento de personagens importantes para a história do turismo e para análise crítica do guia de viagem moderno. A investigação, para tal, apoia-se nas fontes quantitativas e qualitativas do Arquivo John Murray (Biblioteca Nacional da Escócia). Palavras-chaves: Lisboa, viagens século XIX, Murray’s Handbook, turismo, Karl Baedeker. 5 Abstract In 1836 John Murray III published the first “Handbook for Travellers on the Continent”, anticipating, in one year, the rise of Queen Victoria to the English throne. The guidebook is as organizer and conductor of the narratives of progress and modernity for the English travellers. Since then, it has established the imperial narratives from urban spaces on almost all continents, except Latin America. The investigation presents a critical analysis of the beginning of organized serial tourism. The series “Handbook for Travellers in Portugal. Section I: Lisbon”, published between 1855 and 1887, represent the expressive gaze, cultural and ideological power, of the British empire over the city of Lisbon. The research contributes, in a pioneering way in the Portuguese language, to the recognition of characters in the history of tourism and to a critical analysis of the modern travel guide. The investigation is supported by the Murray Archives sources (National Library of Scotland). Key words: Lisbon, 19th century travel, Murray’s Handbook, tourism, Karl Baedeker. 6 Sumário Introdução ............................................................................................................................... 13 Parte 1: Estado de Arte Capítulo I: O Olhar Imperial Inglês dos Guias de Viagem Murray, entre 1850-1890 1.1 Turismo Moderno: o olhar da diferença ............................................................................. 22 1.2 O olhar inglês em perspectiva comparativa e de confronto .............................................. 28 1.3 Imagens ideológicas projetadas na construção da cidade turística ................................... 31 1.4 Londres: cidade, império e nostalgia.................................................................................. 34 Capítulo II: A Mundivisão do Império Inglês presente no Murray’s Handbook for Travellers 2.1 Viagem e alteridade ........................................................................................................... 37 2.2 O “Eu” e o “Outro” confrontados no espaço da cidade moderna ..................................... 47 2.3 Handbook for Travellers: estandartes desbravadores de cidades ...................................... 52 2.4 Império e subalternidades: Ultimato a Portugal ................................................................ 55 2.5 O moderno e o antigo em representações urbanas ............................................................ 65 2.5.1 A busca por autenticidade na viagem moderna .................................................. 71 2.5.2 O poder em movimento sobre as cidades ........................................................... 73 2.6 O turismo em larga escala: o desejo de distinção de um império ..................................... 76 Parte II: Handbook for Travellers in Portugal Capítulo III: O Guia de Viagem e a Construção do Turismo Moderno Inglês 3.1 Estratégia editorial e ideológica para o produto Handbook for Travellers ........................ 83 3.2 Extensão mercadológica do negócio do turismo inglês .................................................... 97 3.3 O Editor Karl Baedeker ................................................................................................... 105 7 3.3.1Quando Baedeker superou Murray ................................................................................ 109 3.3.2 A questão do plágio no guia de viagem ............................................................ 112 3.4 Discurso, prática e fragmentos: um desafio para investigadores .................................... 115 Capítulo IV: Os Homens à frente do Handbook for Travellers in Portugal. 4.1 As Gerações Murray e o início, meio e fim dos Handbooks for Travellers .................... 118 4.1.1 John Murray I e II: os pioneiros ........................................................................ 121 4.1.2 John Murray III e IV: os continuadores ............................................................ 123 4.2 Os construtores do turismo inglês para Portugal ............................................................. 124 4.3 Um autor e os revisores do Handbook for Travellers in Portugal ..................................