Schleswig, 1647, De @Paul Fleming
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA (Área de concentração: Metafísica) AS ORIGENS HISTÓRICAS DO ZARATUSTRA NIETZSCHEANO: O ESPELHO DE ZARATUSTRA, A CORREÇÃO DO “MAIS FATAL DOS ERROS” E A SUPERAÇÃO DA “MORTE DE DEUS” Edrisi de Araújo Fernandes Natal, RN 2003 ii EDRISI DE ARAÚJO FERNANDES AS ORIGENS HISTÓRICAS DO ZARATUSTRA NIETZSCHEANO: O ESPELHO DE ZARATUSTRA, A CORREÇÃO DO “MAIS FATAL DOS ERROS” E A SUPERAÇÃO DA “MORTE DE DEUS” Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Filosofia Orientador: Prof. Dr. Juan Adolfo Bonaccini Natal, RN 2003 iii EDRISI DE ARAÚJO FERNANDES AS ORIGENS HISTÓRICAS DO ZARATUSTRA NIETZSCHEANO: O ESPELHO DE ZARATUSTRA, A CORREÇÃO DO “MAIS FATAL DOS ERROS” E A SUPERAÇÃO DA “MORTE DE DEUS” Dissertação apresentada e aprovada em 29 de setembro de 2003 BANCA EXAMINADORA: ____________________________________________________________ ORIENTADOR: Prof. Dr. JUAN ADOLFO BONACCINI - UFRN ____________________________________________________________ MEMBRO: Prof. Dr. MIGUEL ANTONIO NASCIMENTO - UFPB ____________________________________________________________ MEMBRO: Profa. Dra. MONALISA CARRILHO DE MACEDO - UFRN ____________________________________________________________ SUPLENTE: Prof. Dr. ABRAHÃO COSTA ANDRADE - UFRN Natal, RN 2003 iv Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCHLA Divisão de Apoio ao Usuário Fernandes, Edrisi de Araújo. As origens históricas do Zaratustra nietzcheano: o espelho de Zaratustra, a correção do “mais fatal dos erros” e a superação da “morte de Deus” / Edrisi de Araújo Fernandes. – Natal, 2003. 353p. Orientador: Prof. Dr. Juan Adolfo Bonaccini. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. 1. Filosofia - Tese. 2. Metafísica (Filosofia) - Tese. 3. Ética (Filosofia) - Tese. 4. Nietzsche, Friedrich Wilhelm - 1844-1900 - Crítica e interpretação - Tese. 5. Zoroastrismo - Tese. I. Bonaccini, Juan Adolfo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. III. Título. RN/UF/BSCH CDU 111(043) v AGRADECIMENTOS Este trabalho teria sido bem mais difícil e menos prazeroso sem a ajuda e o incentivo de alguns professores: Markus Figueira (Filosofia Antiga e Helenismo), Oscar Bauchwitz (Filosofia Medieval e Neoplatonismo), Sérgio Lima (Filosofia Medieval e Filosofia da Religião) e Monalisa Carrilho (Filosofia do Renascimento) - todos da UFRN - e finalmente (se bem que sem importância menor) do professor Tadeu Verza (Filosofia Iraniana, Filosofia do Mundo Islâmico), da Universidade de Maringá. A paciente, minuciosa, harmoniosamente tolerante e severa orientação do professor Juan Bonaccini (Filosofia Alemã e Filosofia Moderna), da UFRN, aproximou-me mais do coração da filosofia no enlevo do gosto pela leitura tanto dos clássicos (imprescindíveis!) quanto das obras raras. Agradecimentos são devidos à minha família, pela compreensão dos sacrifícios empenhados na execução desta laboriosa tarefa acadêmica, e pelas horas tomadas a si, e também aos meus colegas de pós-graduação, pelo apoio, amizade e sugestões de leitura. Finalmente, agradeço ao princípio vital que é indistintamente conhecido como Ahura-Mazdâ, Yhvh, Allah, o Uno ou Deus (ashhado an la ilaha illa’llah!), “Aquilo” que nunca morre, pois constitui a própria vida. vi "Friedrich Wilhelm Nietzsche, antigo professor de filologia nos anfiteatros helvéticos, acreditou ser o apóstolo, ou fundador, da religião do Retorno; esperava que o secreto porvir a enriqueceria de prodígios, de venturas, de adversidades, de mártires, de teólogos, de heresiarcas, de entusiasmos, de dogmas, de bibliotecas. Não razonou: afirmou; sabia que remotos apologistas vindicariam cada uma de suas palavras. Condescendeu a um livro mais pobre que ele; pressentiu que outros supririam o que ele calava. Não se rebaixou à tarefa servil de nomear seus precursores - tampouco os versículos do Corão enumeram as fontes que alimentaram seu lúcido caudal. Não declinou da ambigüidade: prodigou voluntárias contradições para que o porvir as reconciliasse." (Jorge Luis Borges, "Nietzsche. El Propósito de 'Zaratustra' " La Nación [Buenos Aires], 15/10/1944) vii RESUMO A partir de um atento exame das relações do Zoroastrismo com a tradição ocidental, bem como a partir de uma detalhada e crítica leitura da obra nietzscheana, este trabalho pretende mostrar o que o personagem “Zaratustra”, seus discursos e pensamentos poético-filosóficos e passagens correlatas de diversas obras de Nietzsche, espelham enquanto representações de uma filosofia que colhe, direta ou indiretamente, contribuições da tradição zoroastriana ou das suas derivações (na tradição judaico-greco-cristã, e ademais em toda a tradição filosófica ocidental). Municiada com essas contribuições, e com a interpretação que delas se faz, a filosofia nietzscheana questiona toda a tradição de pensamento do Ocidente, propondo a sua substituição por uma nova atitude diante da vida. Esse trabalho pretende mostrar também de que maneira a constituição do Zaratustra nietzscheano ganhou corpo, nos escritos do filósofo alemão, junto com a idéia de fazer, de um personagem homônimo do antigo profeta iraniano (Zaratustra ou Zoroastro, o fundador do Zoroastrismo), o arauto daquele importante texto que pretendeu “levar a língua alemã à [sua] máxima perfeição”, enfeixando e levando a um clímax profético-poético condizente com o “sentido da Terra” as idéias-chave de Nietzsche sobre a correção do “mais fatal dos erros” e sobre a “morte de Deus”. Procedeu-se a uma minuciosa investigação de razões e modos de a constituição do Zaratustra nietzscheano ter se espelhado no seu homônimo iraniano (seções 1.1 a 1.6), e um levantamento da obra nietzscheana sugeriu inquestionáveis relações com a tradição zoroastriana, no mais das vezes através das repercussões desta. Essas relações foram contextualizadas, em diversas instâncias (seções 2.1 a 2.3.2), no âmbito do “mais fatal dos erros”, “a criação da moral” na ocasião mesma de sua transposição para o plano metafísico (Ecce Homo, “Por que sou um destino”, 3). Mediante uma avaliação das possíveis circunstâncias e repercussões da “morte de Deus”, as relações da obra nietzscheana com a tradição zoroastriana foram investigadas (seções 3.1 a 3.7), permitindo a compreensão desse acontecimento como componente essencial e trágico desenlace da correção do “mais fatal dos erros”. Palavras-chave: Zaratustra, Zoroastro, Zoroastrismo, Avesta, Nietzsche, Metafísica, Moral, morte de Deus. viii ABSTRACT Through a careful examination of the relationship between Zoroastrianism and the Western tradition, and a detailed and critical reading of the writings of Nietzsche, this work aims at showing to what extent the character “Zarathustra”, his discourses and poetical- philosophical thoughts, and related passages from many distinct Nietzschean works, directly or undirectly reflect a philosophy that harvests contributions from the Zoroastrian tradition or its headways (in the Judeo-Greco-Christian tradition, and furthermore in the whole Western philosophical tradition). Supplied with this provisions, and with the interpretation cast upon them, Nietzschean philosophy questions the entire Western tradition of thought, and proposes its replacement by a new attitude towards life. This work also intends to show the way the Nietzschean Zarathustra was built up, in the writings of the German philosopher, together with the idea of making, out of the namesake character of the ancient Iranian prophet (Zarathushtra or Zoroaster, the founder of Zoroastrianism), the herald of that important text that intended to “bring the German language to its highest perfection”, clumping together, and leading to a prophetic-poetic climax consonant with the “meaning of the Earth”, Nietzsche’s key ideas about the rectification of the “most fatal of errors” and about the “death of God”. An elaborate investigation has been pursued after the reasons and manners of the building up of Nietzsche’s Zarathustra mirroring its Iranian namesake (sections 1.1 to 1.6), and a survey of the works of Nietzsche has suggested unquestionable relations with the Zoroastrian tradition, mostly through the Jewish, Greek or Christian repercussions of this tradition. These relations have been put in context, in many framings (sections 2.1 to 2.3.2), in the ambit of the “most fatal of errors” - the - “creation of morals” in the very occasion of its transposition to metaphysics (Ecce Homo, “Why I am a destiny”, 3). Through an evaluation of the possible circumstances and repercussions of the “death of God”, the relations between Nietzsche’s writings and Zoroastrian tradition have been investigated (sections 3.1 to 3.7), allowing the understanding of this event as an essential component, and tragic outcome, of the rectification of the “most fatal of errors”. Keywords: Zarathustra, Zarathushtra, Zoroaster, Zoroastrianism, Avesta, Nietzsche, Metaphysics, Morals, death of God. 1 SUMÁRIO SEÇÃO PÁGINA INTRODUÇÃO 02 1 - DE COMO A CONSTITUIÇÃO DO ZARATUSTRA NIETZSCHEANO ESPELHA-SE NO PROFETA IRANIANO HOMÔNIMO 09 1.1 - O ZOROASTRISMO E SEU PROFETA ZARATUSTRA 09 1.2 - A PÉRSIA DE ZARATUSTRA E SUA “DESCOBERTA” PELOS ALEMÃES 25 1.3 - O ZARATUSTRA IRANIANO: UM FILÓSOFO? - O QUE DIZ A HERANÇA