Caesalpinioideae, Leguminosae) Na Floresta
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Estudo taxonômico do gênero Chamaecrista Moench. (Caesalpinioideae, Leguminosae) na Floresta ... 73 Estudo taxonômico do gênero Chamaecrista Moench. (Caesalpinioideae, Leguminosae) na Floresta Nacional de Silvânia, Goiás, Brasil Alessandro Oliveira de Souza & Marcos José da Silva Universidade Federal de Goiás, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Botânica, Campus Samambaia II, CP. 131, 74001-970, Goiânia, GO, Brasil. [email protected] Recebido em 26.VI.2014. Aceito em 19.V.2015 RESUMO – Chamaecrista Moench. possui distribuição Pantropical e é o maior gênero da subfamília Caesalpinioideae, tribo Cassieae, subtribo Cassiinae, com cerca de 330 espécies, das quais 266 são americanas. Este gênero tem no Brasil um dos seus centros de diversidade com 256 espécies. Este trabalho objetivou executar o levantamento taxonômico do gênero Chamaecrista na Floresta Nacional de Silvânia, Goiás, por meio de excursões mensais a área de estudo para coleta de material botânico e observação dos espécimes em campo. Foram encontradas 16 espécies, diferenciadas pela forma de crescimento, presença ou ausência de nectários e tricomas glandulares, número e forma dos folíolos. Estas espécies ocorrem em cerrado sensu lato e são comuns em pelo menos duas regiões brasileiras. Palavras-chave: cerrado, diversidade, taxonomia ABSTRACT – Taxonomic study of the genus Chamaecrista Moench. ( Leguminosae, Caesalpinioideae) in the Silvânia National Forest, Goiás, Brazil . Chamaecrista Moench. with Pantropical distribution is the largest genus of the subfamily Caesalpinioideae, tribe Cassieae, subtribe Cassinieae with about 330 species, of which 266 are American. This genus has in Brazil one of its diversity centers with 256 species. This study aimed to perform a taxonomic study of the genus Chamaecrista in the Silvânia National Forest, Goiás, through monthly trips to the study area to collect botanical material and to observe specimens in fi eld. Were recognized 16 species, differentiated by growth form, presence or absence of nectaries and glandular trichomes, number and shape of the leafl ets. These species occur in Cerrado sensu lato and are common in at least two regions in Brazil. Key words: cerrado, diversity, taxonomy INTRODUÇÃO bractéolas no pedicelo, androceu actinomorfo e frutos elasticamente deiscentes (Irwin & Barneby 1982), Chamaecrista é o maior gênero da subfamília caracteres estes que o difere dos gêneros Cassia L. e Caesalpinioideae, com cerca de 330 espécies de Senna Mill. O estudo fi logenético de Conceição et al . distribuição pantropical, sendo 266 delas americanas (2009) revelou o monofi letismo do gênero e também (Lewis 2005). O Brasil é o principal centro de o para ou polifi letismo de algumas de suas seções. diversidade do gênero com 256 espécies, a maioria Embora haja informações sobre a diversidade de (207) endêmica (Souza & Bortoluzzi 2015) e dispersa Chamaecrista no bioma Cerrado, estudos taxonômicos especialmente em áreas de cerrado e de campos abordando a fl ora desse bioma são escassos, sendo os rupestres da porção central e nordeste do país. trabalhos de Dantas & Silva (2013), Iglesias et al. Morfologicamente o gênero pode ser reconhecido (2011), Irwin (1964) e Irwin & Barneby (1978, 1982), pelas fl ores amarelas assimétricas, com um par de os principais na porção central do país. IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 70, n. 1, p. 73-88, junho 2015 74 SOUZA, DE A.O. & SILVA, DA M.J. Tendo em vista a diversidade de Chamaecrista & Cowan (1976). A terminologia morfológica das e sua representatividade no cerrado sensu lato, estruturas vegetativas e reprodutivas baseou-se em este trabalho objetivou executar o levantamento Irwin & Barneby (1982). taxonômico deste gênero na Floresta Nacional de Silvânia, Goiás, Brasil. RESULTADOS E DISCUSSÃO MATERIAL E MÉTODOS Chamaecrista Moench, Meth. pl. hort. Bot. Marburg. 272, 1794. A Floresta Nacional de Silvânia (FLONA- Subarbustos a arbustos eretos a prostrados, Silvânia) é uma Unidade de Conservação, situada com indumento de tricomas variados, viscosos ou no município de Silvânia, em Goiás e possui uma não. Estípulas geralmente persistentes de forma e área de aproximadamente 487,37 ha. Seu clima é consistência variadas. Folhas paripinadas, alternas Aw (Köppen 1948) com temperatura média de 23ºC, dísticas ou espiraladas, sésseis ou pecioladas com distribuído em dois períodos, sendo um chuvoso 2–55 pares de folíolos; pecíolo e raque com ou sem de outubro a março e outro seco e frio de abril a nectário extrafl oral. Racemos, panículas, fascículos setembro. A vegetação compreende campo sujo, ou fl ores solitárias, axilares, supra-axilares, cerrado sensu stricto, cerradão, fl oresta semidecidual terminais ou mais raramente opostas às folhas. Flores e de galeria sobre uma altitude média de 900 m. diclamídeas, pentâmeras, assimétricas; pedicelo Foram realizadas excursões mensais de maio com um par de bractéolas; cálice dialissépalo e de 2012 a agosto de 2013 para coleta de material corola dialipétala com pétalas amarelas ou amarelo- botânico e observação das populações em campo. alaranjadas, sendo a interna falcada, oblonga ou O material coletado foi herborizado conforme as assimétrica contornando os estames ou interpondo- recomendações de Mori et al. (1989) e encontra-se se entre eles; androceu com cinco ou dez estames depositado no Herbário UFG. As identifi cações foram férteis, isomórfi cos ou subisomórfi cos, anteras feitas por meio de literatura especializada (e.g. Irwin basifi xas, maiores que os fi letes, indumentadas & Barneby 1978 e 1982) e as descrições baseadas lateralmente e com deiscência poricida; ovário séssil, no estudo dos espécimes coletados e ou depositados estilete ligeiramente oblíquo ao androceu. Legume nos herbários UFG e UB (Acronômios segundo plano-compresso, elasticamente deiscente. Sementes Thiers et al . 2014), e constam de comentários sobre geralmente retangulares a trapezoidais, castanho- a distribuição geográfi ca, ambientes preferenciais claras a escuras e lustrosas. e fenologia. As ilustrações foram executadas com Na FLONA-Silvânia o gênero Chamaecrista auxílio de estereomicroscopio Zeiss, com câmara está representado por 16 espécies, as quais podem clara acoplada, inicialmente a lápis e posteriormente ser reconhecidas pela chave a seguir, e distribuídas em nanquim sobre papel vegetal. Os nomes dos nas seções: Absus (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & autores foram abreviados segundo Brummitt & Barneby (6 spp.), Chamaecrista Moench. (7 spp.) e Powell (1992) e das obras de acordo com Stafl eu Xerocalyx (Benth.) H.S. Irwin & Barneby (3 spp.). Chave para as espécies de Chamaecrista )ROKDVTXDQGRSUHVHQWHDSHQDVQDEDVHGDSODQWD&EDVLIROLD ¶)ROKDVSHUVLVWHQWHVHGLVWULEXtGDVXQLIRUPHPHQWHDRORQJRGRVUDPRV 3HFtRORHRXUDTXHFRPQHFWiULR 1HFWiULRVQRSHFtRORHQDUDTXH&JODQGXORVD ¶1HFWiULRVDSHQDVQRSHFtROR )ROtRORVFRPYHQDomRSDUDOHODFiOLFHFRPGXDVVpSDODVODWHUDLVPHQRUHVHFRP QHUYXUDVSDUDOHODVHSURHPLQHQWHVH[WHUQDPHQWH )ROKDVFRPSDUGHIROtRORV&GLSK\OOD ¶)ROKDVFRPSDUHVGHIROtRORV IHERINGIA, Sér. Bot.,)ROtRORVRERYDLVFRPODUJXUDPDLRUTXHPPQHFWiULRHVWLSLWD Porto Alegre, v. 70, n. 1, p. 73-88, junho 2015 GR± PPFRPSU&GHVYDX[LL ¶)ROtRORVHVWUHLWDPHQWHHOtSWLFRVRXREODQFHRODGRVFRP ODUJXUDGH± PPQHFWiULRVpVVLO&ODQJVGRUI¿L ¶)ROtRORVFRPYHQDomRSDOPDGDFiOLFHFRP VpSDODVOLJHLUDPHQWHGHVLJXDLV H FRPQHUYXUDVUHWLFXODGDVHLPSUHVVDV 5DPRVIUDFWLÀH[RV )ROKDVFRP±SDUHVGHIROtRORVHVWDPHV&ÀH[XRVD ¶)ROKDVFRP±SDUHVGHIROtRORVHVWDPHV&SDUYLVWLSXOD ¶5DPRVUHWRV 1HFWiULRHVWLSLWDGRSHGLFHORPDLRUTXHPP GH FRPSU &WULFKRSRGD ¶1HFWiULRVpVVLOSHGLFHORPHQRUTXHPPGHFRPSU&QLFWLWDQV ¶3HFtRORHRXUDTXHVHPQHFWiULR 3ODQWDVVHPWULFRPDVJODQGXODUHVIROKDVFRPDSHQDVSDU GHIROtRORV ÀRUHV HPIDVFtFXORVRXVROLWiULDVHVWDPHV&URWXQGLIROLD ¶3ODQWDVFRPWULFRPDVJODQGXODUHVDRPHQRVQDVWHUPLQDo}HVGRVUDPRVMRYHQV HLQÀRUHVFrQFLD IROKDVFRPRXPDLVSDUHVGHIROtRORV ÀRUHVHP UDFHPRVRX SDQtFXODVHVWDPHV )ROKDVFRPUDURSDUGHIROtRORV 3ODQWDVHUHWDVIROtRORVGLYDULFDGRV 5DPRVSHFtRORHUDTXHHVSDUVRVHWXORVRYLVFRVRVHQmRFHURVRV IROtRORVFLOLDGRVHWXORVRVFRPPDUJHPHVSHVVDGDLQÀRUHVFrQFLDFRPDWp FPFRPSU&RUELFXODWD ¶5DPRVSHFtRORHUDTXHJODEURVH FHURVRVIROtRORVQmRFLOLDGRVFRP PDUJHPQmRHVSHVVDGDLQÀRUHVFrQFLD±FP FRPSU & FODXVVHQLL ¶3ODQWDVGHFXPEHQWHVIROtRORVDVFHQGHQWHV )ROtRORV±FPFRPSUPHPEUDQiFHRV SRXFRRXQmR GLIHUHQFLDGRVGRUVLYHQWUDOPHQWHSpWDODVDODUDQMDGDV&IDJRQLRLGHV ¶)ROtRORV±FPFRPSUFRULiFHRVFRQVSLFXDPHQWHGLIHUHQFLDGRV GRUVLYHQWUDOPHQWHSpWDODVDPDUHODV&FDPSLFROD ¶)ROKDVFRP±SDUHVGHIROtRORV )ROtRORVGLYDULFDGRVRYDLVDVXERUELFXODUHVHJODEURVHPDPEDVDV IDFHV & SROLWD ¶)ROtRORVDVFHQGHQWHV REORQJRVHSXEHVFHQWHRXVHWXORVRYLVFRVRVHP SHORPHQRVXPDGDVIDFHV&QHHVLDQD )ROKDVTXDQGRSUHVHQWHDSHQDVQDEDVHGDSODQWD&EDVLIROLD ¶)ROKDVSHUVLVWHQWHVHGLVWULEXtGDVXQLIRUPHPHQWHDRORQJRGRVUDPRV 3HFtRORHRXUDTXHFRPQHFWiULR 1HFWiULRVQRSHFtRORHQDUDTXH&JODQGXORVD ¶1HFWiULRVDSHQDVQRSHFtROR )ROtRORVFRPYHQDomRSDUDOHODFiOLFHFRPGXDVVpSDODVODWHUDLVPHQRUHVHFRP QHUYXUDVSDUDOHODVHSURHPLQHQWHVH[WHUQDPHQWH )ROKDVFRPSDUGHIROtRORV&GLSK\OOD Estudo taxonômico do gênero Chamaecrista Moench. (Caesalpinioideae, Leguminosae) na Floresta ... 75 ¶)ROKDVFRPSDUHVGHIROtRORV )ROtRORVRERYDLVFRPODUJXUDPDLRUTXHPPQHFWiULRHVWLSLWD GR± PPFRPSU&GHVYDX[LL ¶)ROtRORVHVWUHLWDPHQWHHOtSWLFRVRXREODQFHRODGRVFRP ODUJXUDGH± PPQHFWiULRVpVVLO&ODQJVGRUI¿L ¶)ROtRORVFRPYHQDomRSDOPDGDFiOLFHFRP VpSDODVOLJHLUDPHQWHGHVLJXDLV H FRPQHUYXUDVUHWLFXODGDVHLPSUHVVDV 5DPRVIUDFWLÀH[RV )ROKDVFRP±SDUHVGHIROtRORVHVWDPHV&ÀH[XRVD ¶)ROKDVFRP±SDUHVGHIROtRORVHVWDPHV&SDUYLVWLSXOD ¶5DPRVUHWRV 1HFWiULRHVWLSLWDGRSHGLFHORPDLRUTXHPP GH FRPSU &WULFKRSRGD ¶1HFWiULRVpVVLOSHGLFHORPHQRUTXHPPGHFRPSU&QLFWLWDQV ¶3HFtRORHRXUDTXHVHPQHFWiULR