Mulheres Negras Em Durban: As Lideranças Brasileiras Na Conferência Mundial Contra O Racismo De 2001
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1 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS MULTIDISCIPLINARES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA SIBELLE DE JESUS FERREIRA Mulheres negras em Durban: as lideranças brasileiras na Conferência Mundial contra o Racismo de 2001 Brasília - DF Novembro de 2020 2 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS MULTIDISCIPLINARES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA SIBELLE DE JESUS FERREIRA Mulheres negras em Durban: as lideranças brasileiras na Conferência Mundial contra o Racismo de 2001 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania, da Universidade de Brasília, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Direitos Humanos e Cidadania, da Linha de pesquisa 3 - Direitos Humanos, História, Memória, Políticas Públicas e Cidadania. ORIENTADORA: Prof.ª. Drª. Vanessa Maria de Castro Brasília - DF Novembro de 2020 3 Sibelle de Jesus Ferreira Mulheres negras em Durban: as lideranças brasileiras na Conferência Mundial contra o Racismo de 2001 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania, da Universidade de Brasília, como requisito obrigatório para obtenção do grau de Mestre em Direitos Humanos e Cidadania, da Linha de pesquisa 3 - Direitos Humanos, História, Memória, Políticas Públicas e Cidadania. Aprovada em 30 de novembro de 2020. BANCA EXAMINADORA: ________________________________________ Profa. Dra. Vanessa Maria de Castro (orientadora) ________________________________________ Profa. Dra. Renísia Cristina Garcia Filice (examinadora interna) ________________________________________ Profa. Dra. Ana Flávia Magalhães Pinto (examinadora externa) ________________________________________ Prof. Dr. Wanderson Flor do Nascimento (suplente) Brasília, 30 de novembro de 2020. 4 AGRADECIMENTOS O caminho percorrido até chegar na escrita do presente trabalho, com percalços e alegrias, conquistas e decepções, limitações e amplas reflexões, no fim se tornou para mim uma experiência de autoconhecimento. Concebo que essa pesquisa envolveu várias pessoas além de mim, tanto desde os primeiros momentos da escrita do projeto até as inúmeras revisões e mensagens de motivação de pessoas próximas. Escrever uma dissertação em 2020, um ano com uma série de acontecimentos tanto por conta do avanço da Covid-19 no mundo quanto por outros eventos pessoais, foi um desafio não só pela complexidade do isolamento social, mas também pelo cenário da pesquisa brasileira. Nesse sentido, algumas limitações da pesquisa também estão contextualizadas nesse momento de transformação mundial. Ainda assim, ser uma pesquisadora negra escrevendo sobre a questão racial no Brasil é uma motivação pela preservação da nossa própria existência no registro da história. Agradeço primeiramente à minha família e à minha ancestralidade que estiveram presentes em toda minha trajetória. Esse trabalho não é apenas uma conquista minha, mas também dos meus familiares que sempre me encorajaram a estudar e seguir meus objetivos. Ao meu círculo de amigos que acompanharam desde o processo de inscrição na entrada do mestrado até ao envio mensal de capítulos para sugestões, sem vocês a minha escrita não teria evoluído desde a graduação. Às videochamadas realizadas entre março e outubro entre amigos, família e psicóloga, que contribuíram para sanar o processo solitário da escrita acadêmica. À minha orientadora Vanessa, que desde o nosso primeiro encontro até a última revisão me encorajava a escrever sobre o que realmente me movia e me ensinou a ser uma futura docente engajada. À Edna e Lúcia que se dispuseram a participar dessa pesquisa, que além de serem grandes referências, me fizeram ter certeza de estar no caminho certo. À Deise e Creuza que também contribuíram com o tema através de conversas descontraídas e com acolhimento imediato. Às professoras Renísia e Ana Flávia que fazem parte do grupo de mulheres que são exemplos de representatividade feminina negra na elite acadêmica, ter meu trabalho avaliado por elas não significa apenas validação e sim reconhecimento. Sem a presença dessas mulheres, essa dissertação não teria vida. Agradeço também à geração de militantes e intelectuais negras e negros que possibilitaram um arcabouço denso sobre o tema e inclusive a minha entrada no ensino superior através da conquista das cotas raciais nas universidades públicas. Aos meus colegas do mestrado, que mesmo nas distâncias e dificuldades, estavam sempre dispostos a se ajudar e me 5 inspiraram nessa jornada da pós-graduação dos direitos humanos. Às inúmeras pessoas com quem conversei para conseguir contatos, bibliografias e tirar dúvidas do desenvolvimento que uma investigação de mestrado requer. À minha segunda casa nesta capital que é a Universidade de Brasília, que me inseriu no mundo de questionamentos, saberes, crescimento e afetos desde 2013. Especialmente à existência do Laboratório de Estudos Afrocentrados em Relações Internacionais (LACRI UnB), que mesmo após participar de sua fundação tem estado presente na minha vida acadêmica e se tornando um quilombo para tantos outros alunos. Saber que sou inspiração para outras pessoas me faz reconhecer o quanto é importante batalhar para estar em vários espaços. Espero um dia talvez voltar para somar na área de relações internacionais e direitos humanos. Agradeço imensamente pelo suporte através da bolsa de pesquisa da CAPES, que tornou possível a realização de mais uma pesquisa no Programa de Pós-graduação em Direitos Humanos e Cidadania. Além de agradecer a todas as pessoas que estiveram de alguma forma em contato comigo e com a minha pesquisa, gostaria de dedicar esse trabalho para todos os futuros pesquisadores que escolhem falar de si para construir ciência, pois apenas construindo uma nova narrativa sobre nós mesmos podemos contestar as estruturas hegemônicas que impedem nossa liberdade intelectual. Dedico também à todas as mulheres negras que estando na militância ou não, ergueram espaços de resistência com seu sangue, lágrimas e suor, às educadoras que dentro e fora da sala de aula que instigam aprendizados imensuráveis, a todas escritoras negras que criaram pertencimento através de suas palavras e obras. Se estou nesse espaço agora é porque muitas vieram antes de mim. Por fim, dedico esse trabalho a todas e todos que buscam compreender melhor o passado para construir novas perspectivas de futuro. 6 “nem todo mundo vai compreender isso tudo que você é o que não significa que você deva se esconder ou se calar o mundo tem medo de mulheres extraordinárias” - Ryane Leão 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Linha do tempo da Conferência de Durban...................…....…………..…...……35 Figura 2 - Pôster oficial da Conferência de Durban ............................…………………...…37 Figura 3 - Logo oficial da Conferência em inglês...…………………………..……...……...38 Figura 4 - Mesa de abertura da Conferência Nacional no Rio de Janeiro em julho de 2001..43 Figura 5 - Mesa do secretariado da conferência com Mary Robinson discursando........……47 Figura 6 - Edna Roland …..………………………………………………………...…..……53 Figura 7 - Lúcia Xavier……………………………………………………………...…..…...60 Figura 8 - Registros durante a Conferência de Durban na África do Sul em 2001.......…..…95 Figura 9 - Registros durante a Conferência de Durban na África do Sul em 2001…...…....102 Figura 10 - Edna Roland na conferência dando entrevista ao CULTNE……..…………….124 Figura 11 - Lúcia Xavier durante a Conferência de Revisão da Plataforma de Durban …...130 Figura 12 - Marcha Nacional das Mulheres Negras em Brasília no ano de 2015………….132 8 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AMNB Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras CEAP Centro de Articulação das Populações Marginalizadas CECF Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo CEDAW Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination Against Women (Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres) CERD Committee on the Elimination of Racial Discrimination (Comitê sobre Eliminação da Discriminação Racial) CFEMEA Centro Feminista de Estudos e Assessoria CULTNE Acervo da Cultura Negra EACDH Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos ECO-92 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento de 1992 ECA Estatuto da Criança e do Adolescente ENMN Encontro Nacional de Mulheres Negras IBASE Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas IPCN Instituto de Pesquisa das Culturas Negras LGBTI Lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e intersex MNU Movimento Negro Unificado ONG Organização Não-Governamental ONU Organização das Nações Unidas Prepcon Conferências Preparatórias RMAA Red de Mujeres Afrolatinoamericanas y Afrocaribeñas SEPPIR Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial UnB Universidade de Brasília USP Universidade de São Paulo WCAR World Conference Against Racism 9 RESUMO O presente trabalho apresenta a participação de mulheres negras brasileiras na III Conferência Mundial contra o Racismo, que ocorreu entre agosto e setembro de 2001 na cidade de Durban, na África do Sul. A partir da contextualização histórica do evento, busca-se refletir como se deu a participação da sociedade civil no âmbito internacional e os limites existentes do ativismo no sistema ONU. O foco na experiência e trajetória do movimento de mulheres negras em Durban é feito a partir das falas de duas mulheres que participaram ativamente na conferência, são elas: Edna Roland e Lúcia Xavier. O relato oral por parte delas foi fundamental