O Filme “Os Rapazes Da Banda”: Um Estudo Sobre Homossexualidades E Masculinidades No Contexto Dos Anos 1970

Total Page:16

File Type:pdf, Size:1020Kb

O Filme “Os Rapazes Da Banda”: Um Estudo Sobre Homossexualidades E Masculinidades No Contexto Dos Anos 1970 O FILME “OS RAPAZES DA BANDA”: UM ESTUDO SOBRE HOMOSSEXUALIDADES E MASCULINIDADES NO CONTEXTO DOS ANOS 1970 Carlos Frederico Bustamante Pontes1 Resumo: O objetivo geral do trabalho é refletir sobre e avaliar em que medida o cinema de temática de gênero e (homo)sexualidades, em particular nos anos de 1970, representou e também contribuiu para a constituição e afirmação do movimento homossexual, inicialmente, bem como para a posterior formação do movimento LGBT. Na pesquisa em questão, observei a importante influência que este cinema pode ter no caminho da desconstrução dos modelos hegemônicos de corporeidade, sexualidade e comportamento de gênero. Para tanto, realizei uma contextualização sócio-histórica e uma análise fílmica do longa-metragem estadunidense “Os Rapazes da Banda” (The Boys in the Band, 1970), que se originou de uma peça de teatro off-Broadway de 1968. Ao observar a contingência social em que o filme foi produzido e exibido, a relação desta com a análise do longa- metragem e o caráter crítico que o mesmo teve naquele período nos EUA e no Brasil, concluo o estudo avaliando que o cinema de temática LGBT pode ser um manancial importante de estudo enquanto elemento de prática social e favorecedor de processos de subjetivação. Palavras-chave: Cinema LGBT. Homossexualidades. Comportamento de gênero. Masculinidades. Introdução “Como um filme mudou a história do movimento LGBT” (COHEN, 2015, tradução minha)2. Este é o título de chamada da matéria da Revista Time, on line, publicada em 17 de maio de 2015, sobre os quarenta e cinco anos do lançamento, nos EUA, do longa-metragem The Boys in the Band (1970). Em português o filme tem como título “Os Rapazes da Banda” e estreou no Brasil também em 1970. A direção do filme é de William Friedkin3. O roteiro do longa-metragem “Os Rapazes da Banda” foi concebido a partir de uma peça de teatro off Broadway4 escrita por Mart Crowley e que estreou em Nova Iorque no dia 14 de abril de 1968. O espetáculo, dirigido por Robert Moore, teve como curiosidade o fato de que o mesmo elenco da montagem compôs também o casting do longa-metragem, sendo esta a única exigência dos produtores do filme (PERRONE, 2013). No Brasil, entre o final dos anos 1960 e início dos 70, a peça teve duas produções, uma menos conhecida, de Irismar Bustamante, cuja exibição foi comprometida pela censura da Ditadura Militar, e uma mais mencionada e produzida por John 1 Professor do Curso de Teatro da Universidade Federal de São João del-Rei/UFSJ e Doutorando do Programa de Pós- Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas/PPGICH, Florianópolis, Brasil. 2 How One Movie Changed LGBT History (COHEN, 2015). 3 Diretor estadunidense premiado, William Friedkin (1935-) completou 81 anos em 29 de agosto de 2016. O cineasta dirigiu filmes importantes e conhecidos, tais como “O Exorcista” (1973) e o polêmico “Parceiros da Noite” (Cruising, 1980), este último também de temática homossexual. 4 Espetáculos mais alternativos, realizados e apresentados fora do mainstrean da Broadway. 1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X Herbert e Eva Wilma. Esta segunda produção contou no elenco com atores consagrados, além do próprio Herbert, como Walmor Chagas, Raul Cortez, Antonio Pitanga, Denis Carvalho, Tony Ramos, Paulo Padilha, Benedito Corsi e Osmar Prado (LEKITSCH, 2011). O espetáculo estreou em São Paulo, no Teatro Cacilda Becker, e foi dirigido por Maurice Vaneau, com fotografias de Vânia Toledo (PERRONE, 2013). Por que um filme mudou a história do movimento LGBT? O lançamento do longa-metragem “The Boys in the Band”, em 17 de março de 1970, é um marco artístico e político importante, pois até dois anos antes de sua produção, Hollywood vivia sob a égide da “ideologia do silêncio” motivada pela “ideologia do desvio” (GUIMARÃES, 2004) da norma e dos bons costumes da família puritana e tradicional norte-americana. “Por décadas a homossexualidade não aparecia inteiramente nas telas. A partir de 1930, um Código criado pela Motion Picture Producions foi aplicado até 1968 proibindo o retrato da ‘perversão sexual’” (COHEN, 2015, tradução minha). Este Código, que ficou conhecido como o “Código Hays” por ter sido redigido pelo representante desta associação, um advogado e político republicano Willian H. Hays, vigorou durante trinta e oito anos e silenciou qualquer menção mais explícita sobre as questões homossexuais no cinema hollywoodiano. “Os Rapazes da Banda” é o primeiro filme de temática homossexual produzido depois do início da mudança desta rígida censura aos filmes. O Código, incorporado pelos estúdios de cinema dos EUA depois de alguns anos, foi forçado a ser implementado também por setores conservadores e religiosos, que ameaçaram um boicote aos filmes caso os produtores não seguissem à risca as regras de se cortar toda e qualquer cena que contivesse a insinuação mais ou menos explícita relacionada à temática homossexual (masculina e feminina), dentre outras temáticas (EPSTEIN, FRIEDMAN, 1996). O Código de Hays condenava nos filmes situações que envolvessem beijos de língua, cenas de sexo, sedução, estupro, aborto, prostituição, escravidão (de brancos), nudez, aborto, obscenidade e profanação. O termo homossexual, ainda que não citado, provavelmente se encaixava nesta última proibição (SILVEIRA, 2011). Assim, a produção e exibição do filme “Os Rapazes da Banda” inaugura um novo momento na cultura cinematográfica norte-americana (e não só nesta em função de sua abrangência de veiculação), que, ao integrar-se ao advento da liberação sexual entre os gays nos anos de 19705 e à 5 Ver o documentário Gay sex in the 70’s (2005) de Joseph Lovett. 2 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X constituição e afirmação do movimento homossexual6, vão favorecer o início de uma perspectiva mais igualitária, no âmbito dos direitos civis reivindicados pelos movimentos sociais, que se fortalecerão com o tempo naquela sociedade influenciando outros países e inclusive o Brasil. A partir do final dos anos 60, o movimento gay buscava acabar com o sistema que marginaliza a homossexualidade. Os ativistas gays se articulavam com os movimentos de liberação dos direitos dos negros e das mulheres então atuantes, e este movimento americano se expandiu para o mundo e influenciou os grupos gays brasileiros (TREVISAN, 2007 apud SANTOS, 2008, p.21). No documentário “Celuloide Secreto” ou “O Outro Lado de Hollywood” (Celluloid Closet, 1996), realizado a partir da pesquisa do ativista gay Vito Russo7, o roteirista norte-americano Barry Sandler disse que, na época, quando viu “Os Rapazes da Banda” e embora não fosse ainda assumido, o que mais gostou foi ver que os gays estavam sendo mostrados com um grande sentido de camaradagem que ele nunca havia visto antes (EPSTEIN, FRIEDMAN, 1996). Este sentido de grupo relatado pelo roteirista se dá em função da situação apresentada pelo filme: o encontro de amigos que se reúnem para a comemoração do aniversário de um deles (contexto central da narrativa) e os desdobramentos relacionais que vão evoluir a partir deste encontro. O roteiro do longa-metragem, ao propor que os homossexuais (os personagens do filme e os atores sociais reais) saiam do silenciamento, da invisibilidade, do isolamento social e da solidão, apresenta-se como um arauto das questões homossexuais daquele país e momento histórico específico e as torna visíveis, possibilitando que aquela comunidade, até então excluída, observe-se através da obra e, consequentemente, autoconheça-se e reflita. A mediação deste autoconhecimento se dá pelos diálogos dos personagens uns com os outros ao longo da narrativa. Mesmo que as situações apresentadas se deem, como no caso de um filme, no âmbito da ficção, o/a espectador/a, no caso homossexual, tem a oportunidade de se identificar com os comportamentos e diálogos ali representados e, desta forma, ver-se na tela percebendo-se também como parte da sociedade que o exclui e invisibiliza. Isto permite a este/a um voltar-se para si de forma que, a partir deste momento, ele/a poderá caminhar rumo a uma contínua e crescente reflexão sobre os diferentes contextos vivenciados no filme e o consequente e necessário enfrentamento de tais situações de opressão em sua própria vida ao conscientizar-se das mesmas. 6 Minhas referências ao movimento homossexual se devem ao fato de que, inicialmente, a afirmação de tal movimento não incluía, em sua denominação, outras perspectivas político-identitárias relacionadas à orientação sexual e à identidade de gênero que vão se afirmar posteriormente dando origem ao movimento LGBT. 7 The Celluloid Closet: Homosexuality in the Movies (1987) 3 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X Quando a personagem expressa a si mesma [como é no caso do filme analisado], a narrativa pode assumir diversas formas: diário íntimo, romance epistolar, memórias, monólogo interior. Cada um desses discursos procura presentificar a personagem, expondo sua interioridade de forma a diminuir a distância entre o escrito [o filmado] e o “vivido” (BRAIT, 1987, p. 61). “O filme ajuda a que a comunidade gay se torne culturalmente visível durante um momento em que estão se abrindo discussões sobre a homossexualidade que ainda era um tabu”, destaca Sascha Cohen (2015)8. Mesmo que a obra não proponha um ideário de integração harmonioso entre os personagens de uma comunidade em recém-processo de constituição e afirmação, os apontamentos duros que os personagens fazem uns para os outros sobre questões de sua afetividade e sexualidade, propõem uma autoanálise também do espectador/a, quer seja este/a homossexual ou não exclusivamente, ao se identificar com o representado ao longo da narrativa. A obra em análise Em “Os rapazes da banda”, o contexto de sentimentos negativos e autodepreciativos entre os personagens durante a narrativa é bastante explicitado com a chegada desestabilizadora de Alan (Peter White), um amigo supostamente hétero de faculdade do anfitrião Michael (Kenneth Nelson).
Recommended publications
  • Heteronormativity, Penalization, and Explicitness: a Representation of Homosexuality in American Drama and Its Adaptations
    Heteronormativity, Penalization, and Explicitness: A Representation of Homosexuality in American Drama and its Adaptations by Laura Bos s4380770 A thesis submitted to the faculty of Radboud University Nijmegen in partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Arts Radboud University 12 January, 2018 Supervisor: Dr. U. Wilbers Bos s4380770/1 Table of Contents Abstract 2 Introduction 3 1. Homosexuality in Twentieth-Century America 5 1.1. Homosexuality in the United States: from 1900 to 1960s 5 1.1.1. A Brief History of Sodomy Laws 5 1.1.2. The Beginning of the LGBT Movement 6 1.1.3. Homosexuality in American Drama 7 1.2. Homosexuality in the United States: from 1960s to 2000 9 1.2.1 Gay Liberation Movement (1969-1974) 9 1.2.2. Homosexuality in American Culture: Post-Stonewall 10 2. The Children’s Hour 13 2.1. The Playwright, the Plot, and the Reception 13 2.2. Heteronormativity, Penalization, and Explicitness 15 2.3. Adaptations 30 3. Cat on a Hot Tin Roof 35 3.1. The Playwright, the Plot, and the Reception 35 3.2. Heteronormativity, Penalization, and Explicitness 37 3.3. Adaptations 49 4. The Boys in the Band 55 4.1. The Playwright, the Plot, and the Reception 55 4.2. Heteronormativity, Penalization, and Explicitness 57 4.3. Adaptations 66 Conclusion 73 Works Cited 75 Bos s4380770/2 Abstract This thesis analyzes the presence of homosexuality in American drama written in the 1930s- 1960s by using twentieth-century sexology theories and ideas of heteronormativity, penalization, and explicitness. The following works and their adaptations will be discussed: The Children’s Hour (1934) by Lillian Hellman, Cat on a Hot Tin Roof (1955) by Tennessee Williams, and The Boys in the Band (1968) by Mart Crowley.
    [Show full text]
  • The Boys in the Band: L'opera Teatrale Manifesto Del Movimento Gay, Al
    VENERDì 7 FEBBRAIO 2020 A distanza di cinquant'anni dalla nascita del Movimento LGBT (giugno 1969, New York, Greenwich Village) e dopo le sei anteprime tenutesi a giugno allo Spazio Teatro 89 di Milano, inizia a breve la sua avventura per The Boys In The Band: l'opera i teatri italiani The Boys In The Band, l'opera teatrale del commediografo teatrale manifesto del movimento americano Mart Crowley, diventata manifesto del Movimento stesso. gay, al Teatro Nuovo di Milano dal 14 al 16 febbraio 2020 Pietra miliare della storia del teatro - prima commedia a tematica gay per il grande pubblico - questo testo viene per la prima volta proposto al pubblico italiano grazie alla traduzione e all'adattamento di Costantino della Gherardesca, che lo produce accanto a Giorgio Bozzo, il regista. The Boys In The Band andò in scena per la prima volta al Theatre Four di CRISTIAN PEDRAZZINI New York il 14 aprile del 1968 e, contro ogni previsione, rimase in cartellone per 1001 repliche fino al 6 settembre del 1970, divenendo così un punto di riferimento, un luogo di ispirazione per le prime grandi battaglie del Movimento omosessuale americano che ebbero inizio nel 1969. Un vero e proprio fenomeno di costume, uno spettacolo [email protected] precursore dei tempi in grado non solo di anticipare i fermenti sociali, SPETTACOLINEWS.IT politici ed artistici della comunità Lgbt, ma anche di conservare la propria forza negli anni e di essere oggi più che mai un'opera di strettissima attualità. Nel 1970 la commedia divenne anche un film per la regia di William Friedkin che in Italia uscì nelle sale con il titolo "Festa di compleanno per il caro amico Harold".
    [Show full text]
  • Traduzione Di Costantino Della Gherardesca Regia Di Giorgio Umberto Bozzo
    Traduzione di Costantino della Gherardesca Regia di Giorgio Umberto Bozzo Prima nazionale Giovedì 13 giugno 2019 SPAZIO TEATRO 89 Via Fratelli Zoia 89 - Milano THE BOYS IN THE BAND è un’opera teatrale del commediografo americano Mart Crowley, andata in scena per la prima volta al Theatre Four di New York il 14 aprile 1968, rimanendo in cartellone per 1.001 repliche sino al 6 settembre 1970. Viene considerata una pietra miliare nella storia del teatro perché è stata la prima commedia a tematica gay scritta per il grande pubblico. Inoltre, al suo debutto, ebbe sorprendente successo e consenso di critica e pubblico. Molti furono i personaggi famosi che non persero l’occasione di vedere in scena i nove ragazzi omosessuali della band di Crowley. Tra questi Marlene Dietrich, Groucho Marx e lo stesso sindaco di New York, John Lindsay. Per capire la portata del successo di The Boys non si dimentichi che stiamo parlando della fine degli anni Sessanta e che il movimento omosessuale americano non avrebbe iniziato faticosamente le proprie battaglie che l’anno successivo, nel 1969, in seguito ai disordini alla Stonewall Inn di New York. In questa pièce Crowley fa un ritratto genuino e schietto di un gruppo di amici omosessuali, analizzando i rapporti interpersonali anche alla luce del disagio determinato dalla pressione sociale. Quella che inizia come una sapida commedia presto si trasforma in un acido gioco al massacro, che obbliga i protagonisti a confrontarsi dolorosamente con le proprie nevrosi, in uno scontro crudo e violento, specchio della difficoltà di accettare sé stessi. Dalla pièce nel 1970 venne realizzato un film con la regia di William Friedkin, uscito nelle sale italiane col titolo Festa per il compleanno del caro amico Harold.
    [Show full text]
  • UNIVERSITY of CALIFORNIA Los Angeles Queering
    UNIVERSITY OF CALIFORNIA Los Angeles Queering Black Gay Historiography: Performance, (Mis)Identifications, and Possibilities A dissertation submitted in partial satisfaction of the requirements for the degree Doctor of Philosophy in Theatre/Performance Studies by Thomas Howard Fitzgerald 2013 ABSTRACT OF THE DISSERTATION Queering Black Gay Historiography: Performance, (Mis)Identifications, and Possibilities. by Thomas Howard Fitzgerald Doctor of Philosophy in Theatre and Performance Studies University of California, Los Angeles, 2013 Professor Sue Ellen Case, Chair This dissertation will examine black gay theatre/ performance in the United States from 1970 to 2010. My intent is to establish a genealogy of black gay performance by situating performance strategies of visibility employed by black gay men in the late 20th century utilizing various performance genres such as revue, theatrical biography, the “event” and history play. Specifically, I am interested that this writing act as a discursive in interrogating the historiography of the tactics of black gay visibility in contrast to and in concert with traditional heterosexual black masculinities where the overall effort was to distinguish a queer black aesthetic separate from the white gay project. My research is necessarily involved with both gay and black performances in this period, since a study of black gay performance practices cannot be pulled away from the black experience in America. Identity politics is the conduit to self- empowerment for black and gay liberation movements, for similar reasons. Accordingly, the project study will concentrate on three areas: (1) social trends and historiography, (2) select black gay performances in this period, and (3) theories of queer and racial identification.
    [Show full text]
  • À Luz De Uma Revolta: a Festa E O After De the Boys in the Band
    DOI: http://dx.doi.org/10.5007/ 2175-8026.2021.e75488 À LUZ DE UMA REVOLTA: A FESTA E O AFTER DE THE BOYS IN THE BAND Markus Volker Lasch1* Renato Barreto Pereira1** 1Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil Resumo Este artigo analisa a transformação na recepção crítica da peça The Boys in the Band, de Mart Crowley, enfocando-se o período transcorrido entre o lançamento da peça, em 1968, e sua versão cinematográfica, em 1970. Parte-se de uma breve contextualização e análise dos aspectos pioneiros da obra e de suas adaptações, assim como de suas reavaliações suscitadas pelos acontecimentos históricos circundantes, em especial à Revolta de Stonewall, marco para o Movimento LGBTQI+, ocorrida em 1969. No contexto de análise da recepção do texto original de Crowley, serviram de apoio reflexões de Hans Robert Jauss sobre o horizonte de expectativas dos leitores e aquele suscitado por uma obra literária. Palavras-chave: Teatro; Cinema; Movimento Gay; Adaptação; Horizonte de expectativas. IN LIGHT OF A RIOT: THE PARTY AND AFTER-PARTY OF THE BOYS IN THE BAND Abstract This article analyzes the transformation in the critical reception of the play The Boys in the Band, by playwright Mart Crowley, and of its cinemato- graphic version, focusing on the short period between the launch of the play in 1968 and the film in 1970. It starts with a brief historical contex- tualization and an analysis of the pioneering aspects of the work and its adaptations, as well as its critical reevaluations raised by the weight of the surrounding historical events, in particular the Stonewall riots, an impor- tant milestone for the LGBTQI+ Movement worldwide, which took place in 1969.
    [Show full text]
  • HOMOSEXUALITY on the SPANISH STAGE: BAROMETER of SOCIAL CHANGE Rutgers University El Público, Federico García Lorca's Daring
    HOMOSEXUALITY ON THE SPANISH STAGE: BAROMETER OF SOCIAL CHANGE PHYLLIS ZA TLIN Rutgers University El público, Federico García Lorca's daring, surrealistic treatment of homosexual lave, was written in 1930 but not published until 1976; it received its world premiere at the Théatre de l'Europe in Milan in December 1986, finally reached the Spanish stage in Ja- nuary 1987, and was reportedly slated for performance in New York the following fall (Sagarra). In January 1988 it was the play chosen by Jorge Lavelli to inaugurate the ThéAtre National de la Colline in Paris. Larca (1898-1936), whose assassination was doubtless promp· ted as much by his sexual preference as by his political views, considered the play temporarily unperformable. He reportedly told bis friend Rafael Martínez Nadal that «in ten or twenty years it will be a great success» (qtd. by Londré 28). His prediction was off by sorne four decades, but he had no way of knowing the extent of sexual repression that was to come under the Franco regime ( 1939- 1975 ). During the long reign of nacionalcatolicismo in Franco Spain, homosexuality was not only prohibited by moral and religious beliefs but also by the legal code. Indeed, the gradual liberalization from the SOs to the 60s to the 70s in sorne aspects of official cen- sorship and repression notwithstanding, a 1970 law actually dealt with homosexuals more harshly than the 1954 law that it replaced (Alonso Tejada 217-24; Anabitarte and Lorenzo 19). In democratic Spain, legal reform carne relatively quicky. Al- -7- ESPAÑA CONTEMPORÁNEA though a divorce law was not approved until 1981 and the 1983 law legalizing abortion was very restrictive, homosexuality had al- ready been decriminalized by 1978.
    [Show full text]
  • Lavender Notes
    Lavender Notes Improving the lives of LGBTQ older adults through community building, education, and advocacy. Celebrating 25+ years of service and positive change October 2020 - Volume 26 Issue 10 Hosea Turner A long-term volunteer in the Lavender Seniors Friendly Visitors Program – honored at our Silver Anniversary last November – is this month’s featured LGBTQ+ senior. He has spent much of his adult life volunteering with various Bay Area causes – and continues to do so. Hosea Turner, born May 1950 in Cleveland, Ohio, had what he describes as an “amazing” childhood. “I was raised by a foster mother who spoiled me rotten,” Hosea recalls. “I never wanted for anything, since she provided a stable home, a secure living environ-ment, community and much socializing with family and friends. Because my birth mother felt unable to care for me and work at the same time, my foster mother agreed to take care of me temporarily. I never really knew my biological father, although my natural mother told me he held me once when I was an infant.” Subsequently, his birth mother married his stepfather, after which his only brother – four years younger – was born. “The original plan was that my mother and stepfather would come and get me after they were married,” Hosea says, “but child welfare authorities had other ideas. It seems my stepfather had a checkered past, so they were unwilling to let them reclaim me. Fortunately, his mother and my foster mother were friends, so I’ve always remained in contact with my bio-Mom, although I’ve generally called my foster mother ‘Mom’ for most of my life.” His stepfather wound up back in prison for several years, until Hosea was 16.
    [Show full text]
  • Off-Broadway Classic Timely, Or Bad Play? EIU's Theater Department Self-Respect
    Off-Broadway classic timely, or bad play? EIU's Theater Department self-respect. Even by many who flash and bite, even if, with the has wound up an eight-perfor­ initially found it amusing and en­ passage of time, it has lost most of mance run of "The Boys in the tertaining, Crowley's play was its shock value. some ofit is lost in Band," the 1968 Mart Crowley Carl eventually damned as a negative, the Eastern staging, because the play about homosexuals, directed Lebovitz stereotypical guilt-trip. actors race their line to the point by C.P. Blanchette. With all the Today the play seems dated, a of unintelligibility. And those to-do right now about gays in the Lebovitz is period piece about the internal­ lines should be delivered with a military and gays in general, reviewer-at­ ized guilt and self-hatred of eight certain among of camp and high Eastern couldn't have picked a large for the homosexuals. "You show me a style. This is, after all, queer Journal Gazette better time for this revival. Or, and Times­ happy homosexual," says drawing-room. In those days, from the standpoint of gays, at Courier. Michael in the play's most famous when closeted gays were with least, a worse play. line, " and I'll show you a gay their peers, they would act like This is the one in which eight , corpse." For heterosexual audi­ queers. It was their ways of com­ homosexuals gather at a Manhat­ works about homosexuality. ences who may never have met a ing out for a while.
    [Show full text]
  • Cultural Hegemony and Self- Repression in the Boys in the Band
    THE STATE AS THE INTRUDER: CULTURAL HEGEMONY AND SELF- REPRESSION IN THE BOYS IN THE BAND Simone Aramu Independent Scholar ABSTRACT When white straight lawyer Alan enters the all-gay birthday party that his long-time acquaintance Michael organized at his place for his friend Harold, he steps into a place where homosexuality is allowed and protected and masculinity parodied. He discovers an heterotopia situated in the city of New York in the late 60’s, out of its norms and far from the police raids against gay people. This article discusses the intrusion of Alan in Michael’s home, in Mart Crowley’s play The Boys in the Band, as an understanding of the dynamics of control and intimidation perpetuated by the State against gay men at that time. It considers the reactions of the gay members of the party, as consequence of the intrusion, under the critical lenses of Michel Foucault’s biopolitical theory together with the concepts concerning hegemonic masculinity from Queer Studies literature. Keywords: Queer Studies, Crowley, Cultural Hegemony, Gay Representation and Power Relations INTRODUCTION he Stonewall Riots were only few months away when Mart Crowley’s The Boys in T the Band was first produced on the New York stage by Richard Barr and Charles Woodward on the 14th of April 1968 at Theatre Four, Off-Broadway, after it was first performed in the January of the same year at the Playwrights’ Unit. Only ten days had passed since the assassination of Martin Luther King Jr., but the necessity of advancing human rights had already been fermenting throughout the decade in the United States.
    [Show full text]
  • The Drink Tank 397 Movies 3
    MOVIES 1970 - 2014 The Drink Tank 397 Movies 3 The Movies of Our Lifetime These are some of the films I love from my lifetime. Not nearly as many as the previous ones, largely because I’ve written about them so often before, but here be the ones that tend to change my life, if only in a little way. 1 December 2014 Editors SECTION 1 Chris Vanessa THE MOVIES James 2 1970 to 2014 The Films Chris Loves 1776 - A Musical The Adventures of Buckaroo Bonzai - Sci-fi The Usual Suspects - American Indy Cinema Italian for Beginners - Dogme95 3 The Boys in the Band A Review by Bob Hole The Boys in the Band (released March 17, 1970) Directed by William Friedkin [The Exorcist; The French Connection] Written by Mart Crowley (play and screenplay) 4 Starring: Kenneth Nelson – Michael Frederick Combs – Donald Cliff Gorman - Emory Laurence Luckinbill – Hank Keith Prentice – Larry Peter White - Alan McCarthy Reuben Greene - Bernard Robert La Tourneaux - Cowboy Tex Leonard Frey – Harold I finally saw this movie in order to write this piece. My gay card has been punched. And anyone who hasn't seen it – and I don't just mean any gay men – should run out and rent, download, gett, borrow, this movie. What the hell was I thinking not having seen it? The action takes place roughly in real time, at a party thrown by Michael (Kenneth Nel- son; Hellraiser; Nightbreed) for birthday boy Harold (Leonard Frey; The Magic Christian; Fid- dler on the Roof). Invited to the party are their friends, all of them gay residents of New York.
    [Show full text]
  • RECONSIDERING the PLAYS of ROBERT CHESLEY Rebecca Lynn Gavrila, Doctor of Philosophy, 2014
    ABSTRACT Title of Dissertation: ‘THAT WASN’T JUST A PARTY:’ RECONSIDERING THE PLAYS OF ROBERT CHESLEY Rebecca Lynn Gavrila, Doctor of Philosophy, 2014 Dissertation Directed by: Dr. Faedra Chatard Carpenter School of Theatre, Dance, and Performance Studies “That Wasn’t Just A Party: Reconsidering The Plays of Robert Chesley” is a reclamation project that is placing Robert Chesley as a significant voice of Gay and Sexual Liberation in the Post-Stonewall gay theatrical canon. As the majority of his plays were both unproduced and unpublished, this project serves to introduce a contemporary, mainstream audience to the dramatic writings of Robert Chesley. Chesley is best known for writing the first full-length AIDS play to be produced in the United States, Night Sweats. Unlike his contemporaries, Larry Kramer and William Hoffman, Chesley never saw his work cross-over into the commercial mainstream in part because of his commitment to staging graphic gay sex scenes. Sadly, Robert Chesley would become a victim of the AIDS crisis, dying in 1990. The political and artistic ideologies represented by Chesley’s works are currently under-acknowledged within the gay American theatre canon. By exploring Robert Chesley and the way his work addressed the ideals of Sexual Liberation I am contributing to the discourse of gay cultural criticism and gay theatre history. The current gay theatre canon lacks a figure that represented this political ideology within his theatrical texts. ‘THAT WASN’T JUST A PARTY:’ RECONSIDERING THE PLAYS OF ROBERT CHESLEY By Rebecca Lynn Gavrila Dissertation Submitted to the Faculty of the Graduate School of the University of Maryland, College Park in partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor of Philosophy 2014 Advisory Committee: Dr.
    [Show full text]
  • N.Y. Oks Gay Marriage Page 4
    MAKING THE BOYS WINDY CITY THE VOICE OF CHICAGO’S GAY, LESBIAN, BI AND TRANS COMMUNITY SINCE 1985 JUNE 29, 2011 VOL 26, NO. 38 PAGE 31 TIMES www.WindyCityMediaGroup.com N.Y. OKs gay marriage page 4 HOWARD BROWN’S CHANGES PAGE 10 A tale of two Prides page 15 -Crowd control a problem as 750,000 GLAAD MEMBERS attend Pride Parade RESIGN PAGE 8 -Tires slashed on 51 floats but no delay in start time DYKE MARCH PAGE 36 REVIEW: ‘THE HOMOSEXUALS’ PAGE 30 Main photo by Tracy Baim; right photo by Kat Fitzgerald, www.MysticImagePhotography.com SPECIAL PRIDE WEEKEND PHOTO COVERAGE pages 18-21, 36-40, 44-47 2 June 29, 2011 WINDY CITY TIMES WE’RE PROUD TO BE PART OF THE COMMUNITY VISIT JEWEL-OSCO FOR THE VERY BEST IN FRESH PRODUCE, FRESH MEAT AND EVERYTHING YOU NEED WINDY CITY TIMES June 29, 2011 3 this week in WINDY CITY TIMES Evanston Subaru in Skokie NEWS ENTERTAINMENT/EVENTS HOt N.Y. passes marriage-equality act 4 Scottish Play Scott 27 HOt #1 N.Y. vote and GOP candidates 5 Theater reviews 28 HOt SUBARU Obama disappoints 6 Knight: Making the Boys 31 DEALER GLAAD members resign 8 Pop Making Sense 32 AT&T; Nedzil dies; Hanover 9 Parade, Pridefest pics 36 IN ILLINOIS Howard Brown’s changes 10 Billy Masters 51 2008 Stabbing; bar’s racist incident 14 on Every New Subaru 2009 Parade crowd out of control 15 OUTLINES 2010 AIDS @ 30 22 Real estate; classifieds 48 LLOOOOKK FFOORR UUSS IINN TTHHEE PPAARRAADDEE 2011 Views: Baim; letter 26 Calendar Q 50 † HIV+ man: Jail denied meds 33 Sports: Lopez, Force wins 52 Revenue blocks joint filings 34 Tunney; South African minister 34 Photos on cover (left, from top): Making the Boys photo courtesy of Susan Bedusa; Photo of Ja- mal Edwards by Kat Fitzgerald; Jarrett Barrios photo; Chicago Dyke March photo by Mel Ferrand; Photo from The Homosexuals by Jonathan L.
    [Show full text]