Lições Do Rio Grande Caderno Do Aluno 2º E 3º Anos Do Ensino Médio
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Querido(a) Aluno(a): É com alegria que colocamos em suas mãos, assim como na de todos os alunos dos anos finais do ensino fundamental e médio das escolas estaduais, o Caderno do Aluno com atividades a serem desenvolvidas em sala de aula, sob a orientação dos professores. Os Cadernos são diferentes de acordo com a série em que você está. Há um para as 5ª e 6ª séries, outro para as 7ª e 8ª séries do ensino fundamental, um terceiro Caderno para os alunos do 1º ano e outro ainda para os 2º e 3º anos do ensino médio. Em todos eles há atividades de todas as chamadas “matérias”, que agora estarão reunidas em áreas do conhecimento. Essas áreas são as do Referencial Curricular da Secretaria de Estado de Educação, que são as mesmas do ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências da Educação de Jovens e Adultos, que desde 2002 funciona como um exame supletivo de ensino fundamental e médio, e do novo ENEM – Exame Nacional de Ensino Médio, ambos do MEC. As áreas do conhecimento são: • Linguagens: Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira Moderna (Inglês ou Espanhol), Educação Física e Arte; • Matemática; • Ciências da Natureza: Biologia, Física e Química; • Ciências Humanas: História, Geografia e, no ensino médio, Sociologia e Filosofia. Nosso objetivo é contribuir para que as aulas possam ser mais interessantes e os professores se sintam mais satisfeitos ao darem aula para você. Esperamos que você goste deste Caderno. Ele é uma das iniciativas que tomamos para construir uma Boa Escola para Todos. Bom trabalho! Mariza Abreu Secretária de Estado da Educação Sumário 07 Língua Portuguesa e Literatura 29 Língua Estrangeira - Espanhol 41 Língua Estrangeira - Inglês 55 Artes 57 Artes Visuais 59 Música 63 Dança 66 Teatro 71 Educação Física 83 Matemática 109 Biologia 123 Física 133 Química 145 Geografia 157 História 181 Sociologia 201 Filosofia Ensino Médio o o 2 e 3 anos Ana Mariza Ribeiro Filipouski Diana Maria Marchi Luciene Juliano Simões O lugar social da arte Nesta unidade, você e seus colegas vão ter a oportunidade de pensar sobre um monte 99 de coisas legais, como a poesia e o grafite, entre outras formas de arte. Ao mesmo tempo, você está sendo convidado a colocar sua voz na roda, especialmente por escrito. De que jeito? Expressando sua opinião e fazendo-a valer, isto é, tornando sua opinião ouvida ou lida, rebatida ou aceita. Vamos lá? O que é arte? Pra que serve a arte? Para começar a conversa Poesia, pintura, arquitetura, teatro, música, dança – essas são algumas das várias mani- festações da arte. E já que a arte pode revelar-se de múltiplas maneiras, podemos concluir também que há entre essas expressões artísticas pontos em comum e pontos específicos ou particulares. Dentre os pontos em comum, o principal é a possibilidade de o artista recriar a realidade, transformando-se, assim, em criador de mundos, de sonhos, de ilusões, de verdades. O artista tem, dessa forma, um poder mágico em suas mãos: o de moldar a realidade segundo suas convicções, seus ideais, sua vivência. O poeta e crítico de arte brasileiro Ferreira Gullar diz o seguinte: A arte é muitas coisas. Uma das coisas que a arte é, parece, é uma transformação sim- bólica do mundo. Quer dizer: o artista cria um mundo outro – mais bonito ou mais intenso ou mais significativo ou mais ordenado – por cima da realidade imediata. GULLAR, Ferreira. Sobre a arte. Rio de Janeiro/São Paulo: Avenir/Palavra e Imagem, 1982. Apud DE NICOLA, José. Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1999, p.11. Clichetes, Philadelpho Menezes. Observe o exemplo acima. Você reconhece a imagem? Ela parece com o quê? Olhe novamente, agora com mais cuidado, observando os detalhes. Ela é exatamente o que você pensou? O que ela tem de diferente? Se você analisar a imagem, descobrirá, num símbolo do consumismo mastigado – a caixa de chicletes Adams –, ironi- camente mascarados a foice e o martelo, estilizados no “C” de “Chicletes”! A informação inesperada, com uma boa dose de humor, causa estranheza, enriquece e cria novas possibili- dades de leitura, não é? www.lucianopires.com.br/idealbb/ files/anuncio_chicletes.jpg Pois é, o “achado” do autor, aqui, nesse poema-montagem, foi encontrar, em um elemento corriqueiro, algo que extrapola sua função cotidiana, deslocando-o de seu habitat, fazendo 10 com que atue num novo contexto. Glossário Philadelpho Menezes nasceu em São Paulo, em 1960. Destacou-se tanto na área acadêmica (foi professor do programa de pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC/SP), quanto na produção de eventos cul- turais e artísticos. Morreu em um trágico acidente de carro, em julho de 2000. Produção de texto Você concorda que isso é arte? Se é, qual a sua função? Só divertir ou enfeitar? O que Philadelpho Menezes provoca em quem lê/vê o seu poema-montagem? Escreva um texto curto, sintetizando o que você pensa a esse respeito. Torne claro seu ponto de vista e selecione argumentos que o fundamentem, a partir da leitura atenta da obra e de suas experiências com obras de arte. Tenha em mente que seus interlocutores são seus colegas, especialmente aqueles que têm opiniões distintas da sua. Quando estiver pron- to, leia-o para a turma e depois entregue-o para o professor. Cabe no poema Preparação para a leitura Forme grupos com cinco participantes e respondam às seguintes questões: O que é poesia? Que poemas cada um conhece e por que os nomeia assim? Anotem alguns títulos de poemas, versos ou nome de poetas de que vocês lembrarem como exemplo de poesia. Depois, relendo as anotações e refletindo sobre suas características, registrem também por que motivo vocês os consideram poesia/poetas. A seguir, indiquem um relator para socializar as observações do grupo, conforme orienta- ção do professor. Para refletir Poesia ou poema? Os dicionários definem poesia como “a arte de criar imagens, de su- gerir emoções por meio de uma linguagem que combina sons, ritmos e significados”. O poema é definido como “obra, em verso ou não, em que há poesia”. Logo, ao falar em poema, nos referimos ao pró- prio texto e, ao falar em poesia, tratamos da arte, do fazer poético. Leitura oral Conforme a orientação do professor, leia o poema “mar azul” (GULLAR, 2000. p.97) e tente expressar o que ele evoca para você: “ao ler este texto, o que me vem à mente?”. Anote as suas conclusões e depois socialize com os colegas as associações que você fez. mar azul mar azul marco azul 1111 mar azul marco azul barco azul mar azul marco azul barco azul arco azul mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul Glossário Você ficou pensando em o que é exatamente evocar? Veja a definição: evocar ♦ verbo transitivo direto 1 chamar (algo, ger. sobrenatural), fazendo com que apareça Ex.: evocou todos os santos que conhecia para ajudá-lo naquela hora transitivo direto 2 tornar (algo) presente pelo exercício da memória e/ou da imaginação; lembrar Ex.: <saudoso, evocava a infância com frequência. Estudo do texto Forme dupla com um colega, apreciem o texto novamente, observando com atenção as suas características, e respondam às questões propostas: 1. Esse texto é um poema? Por quê? 2. Do ponto de vista formal, o texto apresenta alguns aspectos que o aproximam do movimento que, no Brasil, foi chamado concretista, apresentado no glossário. Depois de lê-lo, respon- da: que traços o poema possui que podem aproximá-lo do movimento concretista? O poema “mar azul” é de autoria de Ferreira Gullar. Vocês conhecem esse poeta? Sabem alguma coisa a respeito do autor? Leiam a nota biográfica do poeta. Glossário Ferreira Gullar (1930): maranhense, destacou-se na poesia social e en- gajada feita no Brasil nas décadas de 1960 a 1970, no contexto do regime militar no Brasil e das ditaduras latino-americanas em geral. Antes disso, em 1956, participou da primeira exposição de poesia concreta e, depois, do grupo neoconcreto carioca. É dessa fase o poema “mar azul”. Atualmente, Ferreira Gullar publi- ca regularmente crônicas em jornal. movimento concretista: a poesia concreta propõe o poema-objeto, em que se utilizam múl- tiplos recursos: o acústico, o visual, a carga semântica (ou os significados), o espaço tipográfico e a disposição geométrica dos vocábulos na página. Para os concretistas, que se organizaram como grupo na década de 50, o movimento era um ataque à produção poética da época, que os poetas jovens acusavam de verbalismo, subjetivismo, falta de apuro e incapacidade de expres- sar a nova realidade gerada pela revolução industrial. Observavam uma “crise do verso”, que correspondia a uma crise geral do artesanato diante da revolução industrial. 3. Depois de saber um pouco sobre o poeta, é possível estabelecer relação entre a biogra- fia de Ferreira Gullar e o “mar azul”? Em que época ele foi escrito? As características formais identificadas, a liberdade que ele buscou ao compor o poema, estão vinculadas ao contexto de produção? Por quê? Leitura silenciosa e leitura oral 12 Agora leia silenciosamente este outro poema do mesmo autor. Observe as palavras utiliza- das pelo poeta, as repetições, a segmentação das estrofes, as imagens criadas. Lembre-se: no poema, tudo é significativo! Ouça-o em seguida, com atenção, a partir da leitura de um colega. Enquanto escuta, pense no seguinte: 1. Este poema causa impacto em você? Por quê? 2. É um texto sonoro? 3. É um texto sobre o mundo que você conhece? Não há vagas O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos.