História , Memória E Patrimônio
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Universidade e lugares de memória Reitor Aloísio Teixeira Vice-Reitora Sylvia da Silveira de Mello Vargas Pró-Reitora de Graduação Belkis Valdman Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Ângela Uller Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Carlos Antônio Levi da Conceição Pró-Reitor de Pessoal Luiz Afonso Henrique Mariz Pró-Reitora de Extensão Laura Tavares Prefeito da Cidade Universitária Hélio de Mattos Alves Coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura Beatriz Resende Coordenadora do Sistema de Bibliotecas e Informação Paula Maria Abrantes Cotta de Mello Série Memória, documentação e pesquisa, 2 Universidade e lugares de memória Organização Antonio José Barbosa de Oliveira UFRJ / FCC / SiBI Sistema de Bibliotecas e Informação (SiBI/UFRJ) Copyright FCC-SIBI/UFRJ, 2008 Impressão Walprint Gráfica e Editora Capa e Diagramação Guilherme Tomaz Organização Antonio José Barbosa de Oliveira Revisão Antonio José Barbosa de Oliveira Nilce Nunes Lima Revisão de Referências Elaine Baptista de Matos Paula Eneida de Oliveira Os conceitos emitidos neste livro são de inteira responsabilidade dos autores Ficha catalográfica elaborada pela Divisão de Processamento Técnico – SiBI/UFRJ Universidade e lugares de memória / organizado por U58 Antonio José Barbosa de Oliveira. – Rio de Janeiro: Universi- dade Federal do Rio de Janeiro, Fórum de Ciência e Cultura, Sistema de Bibliotecas e Informação, 2008. 320 p. : il. ; 21cm. -- (Memória, documentação e pesquisa) ISBN: 978-85-7108-328-8 1. Universidade-história. 2.Memória coletiva – Congressos. 3. Memória coletiva - Universidade. I. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fórum de Ciência e Cultura. Sistema de Bibliotecas e Informação. II. Série. CDD: 378.10981 Aos autores Sumário Apresentação Aloísio Teixeira 13 História, Memória e Patrimônio Manoel Luiz Salgado Guimarães 17 História, memória e instituições: algumas reflexões teórico-metodológicas para os trabalhos do Projeto Memória SiBI / UFRJ 41 Antonio José Barbosa de Oliveira Memória, Discursos e Instituições Diana de Souza Pinto 63 Memória, preservação e uso das edificações históricas da UFRJ Maria Ângela Dias 81 Museu da Escola Politécnica: o espaço de construção da memória da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro Heloi José Fernandes Moreira e Luiz Antonio Salgado Neto 95 Museu da Química Professor Athos da Silveira Ramos: a memória da Química no Rio de Janeiro 115 Júlio Carlos Afonso Quando um museu dá samba: a popularização do Museu Nacional da UFRJ no carnaval carioca 127 Regina Dantas O Museu D. João VI da Escola de Belas Artes da UFRJ: memória institucional Angela Ancora da Luz 145 Arquitetura e acervos x Acervo de arquitetura Elizabete R. de Campos Martins , João Cláudio Parucher e Cláudio M. Viana 157 Memória do trabalho, memória sindical, memória política: o Arquivo de Memória Operária do Rio de Janeiro Elina G. da Fonte Pessanha e Marcos Aurélio Santana Rodrigues 171 O Centro de Documentação da Escola de Enfermagem Anna Nery Maria da Luz Barbosa Gomes e Sandra Cristina Demetrio de Moraes 191 A Escola de Música da UFRJ e suas coleções especiais André Cardoso 203 O PROEDES – Programa de Estudos e Documentação Educação e Sociedade: origens e desenvolvimento Maria de Lourdes de Albuquerque Fávero 221 Perfis e trajetórias dos professores universitários do curso de História no Rio de Janeiro Marieta de Moraes Ferreira 235 A preservação da memória através das coleções pessoais depositadas na UFRJ: o caso da Coleção Afonso Carlos Marques dos Santos 269 José Tavares da Silva Filho, Rosane Cristina de Oliveira e Andréa Côrtes Torres O Acervo INEP na UFRJ : 30 anos... e muita história pra contar Maria Cristina Rangel Jardim 279 Arquivos de Cultura Contemporânea: uma experiência de pesquisa e documentação Cristina Barros Barreto 291 O SINTUFRJ e a memória dos servidores técnico-administrativos em Educação Ana Maria Ribeiro 303 Os Autores 315 13 Apresentação Não poderia haver local mais apropriado para a realização da abertura do II Seminário Memória, Documentação e Pesquisa — A Universidade e os seus lugares de Memória — promovido pelo SiBI do que o Salão Dourado deste histórico prédio da Praia Vermelha. Aqui, protegido pela estátua de D.Pedro II imberbe, e encarando a estátua de José Clemente Pereira (também conhecido como José Pequeno) — provedor da Santa Casa de Misericórdia, que foi quem doou este terreno ao imperador para que aqui fosse construído um hospital, um asilo de loucos, o Hospital de Alienados de Pedro II. Estas estátuas já estavam aqui quando o Reitor Pedro Calmon assegurou a posse deste espaço para a Universidade do Brasil no final dos anos 40 do século passado, tendo sido preservadas. E estão aqui até hoje como símbolo da continuidade histórica desse espaço que é um importante lugar da memória de nossa Universidade. O local escolhido tem um significado simbólico muito grande, porque vivemos hoje, na universidade pública federal brasileira, e em particular em nossa Universidade Federal do Rio de Janeiro, um momento único de nossa história. E a possibilidade de realizarmos um seminário como esse, em que voltamos nosso olhar para a memória, para o passado portanto, exige de nós que olhemos tam- bém para o futuro. Passado e futuro são referências muito fortes na vida dos homens e das mulheres. Mas passado e futuro se ligam por aquilo que é mais fugidio, aquilo a que chamamos de presente. O presente é alguma coisa que se esvai continuamente. Amanhã o hoje será ontem e, portanto, já será passado. E, se o presente é importante quando olhamos para o passado, também o é quando pensamos no futuro. O presente pode ser uma conclusão renova- dora da trajetória anterior ou pode ser uma simples continuidade 13 de alguma coisa da qual temos pouca consciência e pouca capa- cidade de intervir. Ao mesmo tempo o presente é o momento em que tomamos decisões que influenciarão significativamente na construção dos dias que virão. Pensar o passado é certamente pensar a história e pensar a história não é pensar o passado somente como coisa vivida, mas sobretudo como coisa pensada. Quando olhamos a história da nossa universidade, reverencian- do os lugares de sua memória, nos defrontaremos com uma história de êxitos e de fracassos, uma história de conquistas e carências. Certamente, se cada um de nós, nos pequenos espaços que ocupa- mos em nossa universidade, pensarmos o passado, seremos capazes de lembrar de um sem fim de micro-histórias de êxito. Na trajetória histórica dos quase noventa anos de nossa Universidade, alcança- mos inúmeros êxitos nestes microespaços. Mas, ao olharmos para a universidade como instituição que tem uma macro-história e não apenas um somatório de micro-histórias, observaremos que essa imensa coleção de microêxitos não redundou num macroêxito. Não há dúvida de que somos uma das universidades mais importantes do país. Uma grande universidade que se destaca pela qualidade de seu ensino de graduação e de pós-graduação, bem como pela pesquisa e por suas iniciativas no campo da extensão. Mas, ainda assim, quando medimos o que fazemos pelo critério da eficácia social da nossa ação, deveremos reconhecer que estamos ainda muito longe de uma história verdadeiramente exitosa. A uni- versidade que temos hoje, qualquer que seja a composição do seu corpo discente, ainda é uma instituição de elite num país carente de educação, carente de iniciativas inovadoras, carente de uma universidade que seja capaz de abrigar no seu interior, não uns poucos jovens, mas muito mais jovens do que os que hoje têm acesso a ela. Olhar a história por este duplo olhar, o olhar da micro-historia dos êxitos individuais dos pequenos grupos e o olhar apurado da macro-história, da eficácia social de nossa ação, nos faz ter a certeza 14 15 de que é preciso aproveitar esse momento único, este presente fugidio que se esvai a cada minuto, para construirmos alguma coisa nova na UFRJ. Nós estamos aqui reverenciando a memória e os espaços de memória, mas, ao mesmo tempo, temos que olhar para o amanhã, definindo se este amanhã será apenas uma reprodução do passado, de um passado permeado de micro-histórias de êxitos, ou se será o amanhã de uma universidade nova, aberta, democrática, crítica, humanista, capaz de se defrontar e resolver os problemas da integração dos conhecimentos e da universalização do ensino superior. Entre este passado com suas glórias, conquistas, vitórias, fracassos e carências e esse amanhã que está em aberto, encon- tra-se o hoje, o presente e os nossos desafios. E é neste hoje que precisamos tomar as nossas decisões. Reproduziremos o passado ou construiremos uma universidade nova, diferente da que temos? Espero que este seminário, ao aprofundar o conhecimento que temos da nossa instituição, dos seus espaços e da sua memória, possa contribuir não só para uma maior consciência do que fomos, mas, sobretudo, para criar uma nova consciência daquilo que temos que ser. Aloísio Teixeira Discurso de abertura do II Seminário Memória, documentação e pesquisa. A universidade e os seus lugares de Memória. SIBI/UFRJ 15 de abril de 2008 – Fórum de Ciência e Cultura 14 15 17 História , Memória e Patrimônio Manoel Luiz Salgado Guimarães 1. O problema Em recente e instigante livro publicado acerca dos desafios contemporâneos para a escrita da História, o historiador francês Christophe Prochasson1 argumenta que estaríamos sob um novo regime de escrita, segundo o qual, ao historiador de ofício seria exigido cada vez mais uma escrita submetida aos ditames dos afetos, sejam eles derivados de engajamentos políticos específicos, de crenças particulares ou mesmo derivados de um convite à indivi- dualidade do historiador. Este seria instado a mostrar-se através do seu texto, postura bastante diversa daquela que o obrigava a escon- der-se por trás da pesquisa científica. Esse novo regime emocional, segundo as palavras do historiador francês, supõe determinados constrangimentos às narrativas do passado assim como fazem um apelo à dimensão cada vez mais autoral do texto historiográfico.