Entrevista Com O Vampiro : Do Romance Gótico Ao Filme De Terror / Por Vanessa Da Conceição Davino De Assis
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA E CULTURA LINHA XI - ESTUDOS DE TRADUÇÃO CULTURAL E INTERSEMIÓTICA ENTREVISTA COM O VAMPIRO: DO ROMANCE GÓTICO AO FILME DE TERROR por VANESSA DA CONCEIÇÃO DAVINO DE ASSIS Orientadora: Profa. Dra. Elizabeth Ramos SALVADOR 2012 VANESSA DA CONCEIÇÃO DAVINO DE ASSIS ENTREVISTA COM O VAMPIRO: DO ROMANCE GÓTICO AO FILME DE TERROR Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura, da Universidade Federal da Bahia da Universidade do Estado da Bahia, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Letras. Área de concentração: Estudos de Tradução Cultural e Intersemiótica. Orientadora: Profa. Dra. Elizabeth Ramos Salvador 2012 Sistema de Bibliotecas - UFBA Assis, Vanessa da Conceição Davino de. Entrevista com o Vampiro : do romance gótico ao filme de terror / por Vanessa da Conceição Davino de Assis. - 2012. 169 f. : il. Orientadora: Profª Drª Elizabeth Ramos. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras, Salvador, 2012. 1. Rice, Anne, 1941. Entrevista com o vampiro - Adaptações para o cinema e vídeo. 2. Cinema e literatura. 3. Intertextualidade. 4. Tradução e interpretação. 5. Semiótica. I. Ramos, Elizabeth. II. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Letras. III. Título. CDD - 813 CDU - 821(73).3 A Sayachan e Kyo, pelos momentos de felicidade plena. A minha família, meu grande patrimônio. Aos mestres do terror, pela inspiração e pelas lições grotescamente sublimes. AGRADECIMENTOS A todos os colegas, professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da UFBA que colaboraram de diversas maneiras para a elaboração desta dissertação. As professoras do DLG - Sílvia Anastácio, Eliana Franco e Elizabeth Ramos, que em suas disciplinas de Graduação, me apresentaram às infinitas faces da tradução. Ao professor Décio Torres por inicialmente ter me aceitado como sua orientanda e, mais tarde, ter-me colocado sob a orientação de sua colega Elizabeth Ramos. Ainda sou grata ao professor, por suas valiosas discussões sobre o Gótico e adaptações fílmicas do gênero realizadas na disciplina de Graduação LETD13 - A Tradição Literária de Língua Inglesa e suas Adaptações Cinematográficas, ministradas no ILUFBA. A Carol Custódio e Lenísia Marques, que me auxiliaram de diferentes formas no processo de seleção para o curso de Mestrado Acadêmico. A Ingrid Maria pelo seu companheirismo e incentivo durante o período de elaboração desta dissertação. Aos alunos da disciplina de Graduação LETC87 – Prática da Versão Escrita do semestre de 2011.1 da UFBA, que tornaram minha experiência de tirocínio docente estimulante e enriquecedora. Ao grupo TemPós que foi essencial para obtenção dos meus créditos de publicação. A Vivian Davino, que me introduziu às Vampire Chronicles e influenciou meu apetite pelo horror. A Viviane Davino, por me acompanhar em tardes intermináveis de estudo e pesquisa, e aos meus pais, Vanda e Francisco, pois sem eles, eu não estaria aqui. Enfim, agradeço especialmente à professora Elizabeth Ramos pelo privilégio de sua orientação, por acreditar em meu potencial e me conduzir a mais uma conquista acadêmica. Expresso minha gratidão a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta dissertação. My feeling having cast both Brad and Tom was, basically that in a strange way the world of a vampire is not that different from the world of a massive Hollywood star. You’re kind of kept from the daylight, from the harsh daylight, you live in a strange kind of seclusion. Every time you emerge a tremendous ripple runs through people. The effects these characters had, the way Anne Rice described them in the book was like that. Lestat would enter a room and an invisible stone had dropped into a pool. To me, it was an interesting metaphor. The star is a vampire, the vampire is a star. As well as that, they are eternally youthful, or they’re condemned to be eternally youthful. There was a little dance going on in my mind in that regard as I was making the movie. Neil Jordan RESUMO Esta dissertação investiga as estratégias tradutórias presentes na releitura da obra Entrevista com o Vampiro (1976) da escritora norte-americana Anne Rice, para o roteiro cinematográfico homônimo (1994) do diretor irlandês Neil Jordan. Partindo da hipótese de que a linguagem cinematográfica não replica a linguagem literária, mesmo porque são artes diferentes, invalidando, assim, qualquer comparação entre as duas sob a perspectiva da hierarquização, discutiremos os códigos fílmicos que transformaram o conteúdo verbal do romance gótico num filme de terror. Baseadas em teóricos dos Estudos da Tradução como Roman Jakobson (1959) que adotou o termo tradução intersemiótica ou transmutação para a interpretação dos signos verbais por meio de sistemas de signos não-verbais, Gideon Toury (1995) que concentra sua pesquisa na obra traduzida para observar o processo que determina sua concretização e Rosemary Arrojo (2003) que desconstrói a idéia de estabilidade e autenticidade na tradução, examinamos a impossibilidade da fidelidade no deslocamento do livro para tela, à medida que identificamos a mescla de narrativas anteriores diluída em intertextos que se entrelaçam com a criatividade dos artistas envolvidos na adaptação. Ao apontar as narrativas que ecoam, influenciam e alimentam a obra de Jordan, atestamos que tais histórias partem de fontes múltiplas, heterogêneas, sem uma origem única, fato que comprova que até mesmo a obra de partida consiste numa colcha de retalhos. Teóricos como Gerárd Genette (2006) que trata da intertextualidade como a presença de um texto em outro, Tiphaine Samoyault (2008), que trata dos diálogos e mosaicos de citações que constroem textos nos rastros de outros textos e Robert Stam (1979) que estende a abordagem de Genette para o universo fílmico ao considerar a adaptação uma ramificação intertextual que não alude apenas ao romance no qual foi inspirado, mas possivelmente a outros que vieram antes dele, nos proporciona ferramentas valiosas para a efetuação da nossa análise. A ação de interpretar ou reescrever a história gótica nos leva a aludir o ato do tradutor/cineasta com o do vampiro, já que o tradutor “sangra” sobre sua obra ao mesmo tempo em que “bebe” de diferentes veias a fim de dar vida ao seu produto audiovisual e o vampiro além de drenar sua vítima, também a alimenta com seu sangue sobrenatural, tornando-a imortal. Para desenvolvermos a metáfora tradução/vampirização, o filósofo Jacques Derrida (2006) e a autora Cristina Rodrigues (2000) nos oferecem reflexões que elucidam a idéia da alternância de empréstimos ou sucessivas suplementações realizadas no universo vampiresco, contribuições que prolongam a eternidade das criaturas da noite a cada geração. Ao tempo em que descrevemos a trajetória da entidade vampiresca desde suas raízes folclóricas à sua ascensão a ícone pop, ressaltamos as revisitações ou atualizações que o bebedor de sangue sofreu, através dos meios de comunicação. Apoiadas em autores como J. Gordon Melton (2011) e Rosemary Guiley (2005), verificamos que a ficção vampiresca seja ela fílmica ou literária, está longe de obter seu descanso definitivo, ou ser indiferente a presença dos vestígios de sangue derramado por predecessores que marcaram o palimpsesto vampírico ao longo dos séculos. Palavras-chave: Cinema. Literatura. Intertextualidade. Vampirização. Tradução Intersemiótica. ABSTRACT This dissertation investigates the translation strategies present in the rereading of American writer Anne Rice’s Interview with the Vampire (1976) for the homonymous screenplay (1994) by Irish director Neil Jordan. Assuming that film language does not replicate the literary language does, since they are different kinds of art, and any comparison between the two from the perspective of hierarchy should be invalidated, we discuss the filmic codes which transformed the verbal content of the Gothic novel in a horror film. Based on the theories of Translation Studies scholars, such as Roman Jakobson (1959) who adopted the term intersemiotic translation or transmutation for the interpretation of verbal signs by means of non-verbal signs systems, Gideon Toury (1995) who focuses his research on the translated work in order to observe the process that leads to the final translated product and Rosemary Arrojo (2003) who deconstructs the idea of stability and authenticity in translation, we examine the impossibility of fidelity in the dislocation of the book to the screen, as we identify a mixture of previous narratives diluted in intertexts which entwine with the creativity of the artists involved in the adaptation. By pointing out stories that resonate, influence and nurture Jordan‘s work, we testify that these multiple source stories are heterogeneous and without a single origin, fact that proves that even the source text is made of a patchwork quilt. Theorists such as Gerárd Genette (2006) who regards intertextuality as the presence of a text in another, Tiphaine Samoyault (2008), who discuss the mosaics of quotations and dialogues that build texts after the track of prior texts and Robert Stam (1979) who extends Genette’s approach to the film universe as he considers adaptation a sort of intertextual branch that besides alluding to the novel on which it was inspired, it also possibly feeds on other texts which came before it, provides us valuable tools for the rendering of our analysis. The action of interpreting or rewriting the Gothic story leads us to relate the act of the translator/filmmaker with the act of the vampire, since the translator “bleeds” on his work as well as “drinks” from different veins in order to give life to his audiovisual product, and the vampire drains and feeds his victim with his supernatural blood to make his prey immortal. To develop the metaphor translation/vampirization, the philosopher Jacques Derrida (2006) and author Cristina Rodrigues (2000) provide us reflections which elucidate the idea of alternating loans or successive supplementations made in the vampire universe, contributions that extend the eternity of the children of the night each generation.