PLANO DE REPARAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO RIO PARAOPEBA

Rompimento das Barragens B1, B4 e B4-A do Complexo Paraopeba II da Mina Córrego do Feijão

Programa de Educação Ambiental de e Bacia do Rio Paraopeba

PEABP

Versão 2

Brumadinho/MG

Outubro/2020 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Índice PARTE 1...... 7

Apresentação...... 8 1.1. Contextualização, justificativa e regulamentação...... 9 1.2. Objetivos...... 100 1.3. Público-alvo ...... 100 1.4. Estrutura do PEABP ...... 100 1.5. Cronograma...... 120 1.6. Estimativa dos recursos financeiros previstos...... 122 1.7. Equipe e responsáveis técnicos...... 123 1.8. Considerações finais...... 124 1.9. Referências bibliográficas...... 125

PARTE 2: PROJETOS EXECUTIVOS...... 130

Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJMA)...... 131

Projeto Coletivos Educadores Municipais...... 149

Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores...... 166

2 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Lista de Anexos ANEXO 1 – Síntese de reuniões de revisão do PEABP (Comitê Pró- Brumadinho)

ANEXO 2 – Evidências Objetivas do PEABP

ANEXO 3 – Proposta Metodológica de Diagnósticos Socioambientais Participativos (DSP)

ANEXO 4 – Modelo de Relatório de Acompanhamento do PEABP

ANEXO 5 – Estudo da Metodologia de Divisão de Recursos do PEABP

ANEXO 6 – Currículos

Lista de Figuras Figura 1-1 – Área de Estudo do meio socioeconômico.

Figura 1-2 – Número de projetos de educação ambiental por município.

Figura 1-3 – Número de projetos por categoria temática.

Figura 1-4 – Periodicidade dos projetos.

Figura 1-5 – Projetos contínuos por município.

Figura 1-6 – Projetos pontuais por município.

Figura 1-7 –Temas projetos contínuos – Brumadinho.

Figura 1-8 – Temas projetos pontuais – Brumadinho.

Figura 1-9 – Tipo de financiamento dos projetos.

Figura 1-10 – Público atendido pelas prefeituras e órgãos estaduais.

Figura 1-11 – Distribuição de programas e projetos ambientais nos municípios de interesse.

Figura 1-12 – Programas e projetos de educação ambiental por empresas.

Figura 1-13 – Programas e projetos de educação ambiental por setor de atividade do empreendimento.

Figura 1-14 – Educação ambiental como espaço integrador.

Figura 1-15 – Principais executores dos projetos de educação ambiental (%).

Figura 1-16 – Número de matrículas na área de estudo.

Figura 1-17 – A Pesquisa-Ação-Participante na educação ambiental.

Figura 1-18 – O desenho estratégico do PEABP.

Figura 1-19 – O Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP).

Figura 1-20– PEABP: estratégia coletiva de constituição da Rede de Educação Ambiental da Bacia do Rio Paraopeba.

3 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Figura 1-21 – A educação ambiental no Plano de Reparação Socioambiental.

Figura 1-22 – Atuação em rede.

Figura 1-23 – Etapas de participação social no contexto do PEABP.

Figura 1-24 – Mapa de divisão dos municípios por regiões – Editais.

Figura 1-25 – Avaliação estruturada com base no modelo input-output- outcomes-impacts.

Figura 1-26 – Modelo de indicadores para o Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba.

Figura 2-1 – Divisão de regiões – editais.

Figura 2-2 – Eixos orientadores do Cardápio de Aprendizagem do Projeto.

Figura 2-3 – Divisão das regiões de abrangência – Editais.

Figura 2-4 – Eixos orientadores do Cardápio de Aprendizagem do Projeto.

Figura 2-5 – Divisão de Regiões – Editais.

Lista de Quadros Quadro 1-1 – Municípios da área de estudo.

Quadro 1-2 – Planos e programas do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba.

Quadro 1-3 – Informações do roteiro de pesquisa – Educação ambiental nos municípios da Área de Estudo.

Quadro 1-4 – Categorias temáticas e ações de educação ambiental nos municípios da Área de Estudo.

Quadro 1-5 – Informações do roteiro de pesquisa – Meio ambiente no município.

Quadro 1-6 – Informações do roteiro de pesquisa – Sala Verde.

Quadro 1-7 – Salas Verdes na Área de Estudo.

Quadro 1-8 – Informações do roteiro de pesquisa – Educação ambiental em Unidade de Conservação.

Quadro 1-9 – Informações do roteiro de pesquisa – Educação ambiental no licenciamento ambiental.

Quadro 1-10 – Categorias temáticas e ações de educação ambiental executadas.

Quadro 1-11 – Objetivos das UC, de acordo com a categoria de manejo.

Quadro 1-12 – Educação ambiental nas Unidades de Conservação na Área de Estudo.

Quadro 1-13 – Unidades de Conservação e ações de educação ambiental.

4 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Quadro 1-14 – Tipos de licença – Resolução Conama nº 237, de 1997.

Quadro 1-15 – Etapas de licenciamento e Programa de Educação Ambiental.

Quadro 1-16 – Relação de estudos analisados.

Quadro 1-17 – Ações de educação ambiental identificadas na Área de Estudo.

Quadro 1-18 – Potenciais parcerias para o PEABP.

Quadro 1-19 – Organizações da sociedade civil nos municípios.

Quadro 1-20 – Juventude entre 15 a 29 anos na Área de Estudo.

Quadro 1-21 – Presença de Conselho Municipal da Juventude na Área de Estudo.

Quadro 1-22 – Número de estabelecimentos de ensino na AE.

Quadro 1-23 – Estabelecimentos de acordo com o nível de ensino ofertado por município.

Quadro 1-24 – Número de docentes por município.

Quadro 1-25 – Número de matrículas por município, 2015 a 2018.

Quadro 1-26 – Ações de EA nos municípios envolvidos no PEABP.

Quadro 1-27 – Legislação sobre educação ambiental básica, federal e de .

Quadro 1-28 – Objetivos, metas e indicadores do Programa de Educação Ambiental da Bacia do Rio Paraopeba.

Quadro 1-29 – Cronograma de atividades do Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP).

Quadro 1-30 – Responsáveis técnicos e equipe necessária.

Quadro 2-1 – Resultados esperados do Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJMA).

Quadro 2-2 – Monitoramento do Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente.

Quadro 2-3 – Resultados esperados do Projeto Coletivos Educadores Municipais.

Quadro 2-4 – Monitoramento do Projeto Coletivo Municipais Educadores.

Quadro 2-5 – Estrutura dos módulos.

Quadro 2-6 – Resultados esperados do Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores.

Quadro 2-7 – Monitoramento do Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores.

5 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Lista de Tabelas Tabela 1-1 – Valores orçamentais do Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba.

Tabela 2-1 – Quantitativo de pessoas formadas, coletivos constituídos e projetos implementados.

Tabela 2-2 – Quantitativo de jovens envolvidos diretamente pelo Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente.

Tabela 2-3 – Valor de fomento por município/ciclo para a implementação do Projeto.

Tabela 2-4 – Quantitativo de pessoas formadas, coletivos constituídos e projetos implementados.

Tabela 2-5 – Quantitativo de pessoas envolvidas diretamente pelo Projeto Coletivos Educadores Municipais.

Tabela 2-6 – Valor de fomento por município/ciclo para a implementação do Projeto.

Tabela 2-7 – Quantitativo de profissionais formados e projetos implementados.

Tabela 2-8 – Quantitativo de escolas, professores e número de vagas.

Tabela 2-9– Quantitativo de projetos por ciclo.

6 PLANO DE REPARAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO RIO PARAOPEBA

Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba

PEABP

PARTE 1 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE BRUMADINHO E BACIA DO RIO PARAOPEBA (PEABP)

Apresentação O programa foi concebido e estruturado para facilitar e catalisar o desenvolvimento do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba, por meio de espaços de diálogo, processos formativos e integração com as ações dos demais programas, a partir da construção coletiva de conhecimentos e do fortalecimento do tecido social. Busca-se assim, contribuir para a ampliação do capital social em cada município de atuação na bacia do rio Paraopeba.

O programa visa contribuir para a minimização dos impactos sociais identificados a partir do rompimento das barragens B1, B4 e B4-A, tais como o sofrimento vivenciado pela população e o consequente aumento dos problemas psicológicos e psicossociais, a restrição do acesso a água, os danos causados às relações das pessoas com os lugares1, a perda das relações de vizinhança, o comprometimento do sentimento de pertencer a um lugar conhecido, a desestabi- lização social, a fragilização do tecido social, a perturbação das atividades rotineiras e aumento do incômodo à população, o surgimento ou aumento de doenças, as dificuldades em lidar com as questões relacionadas ao trabalho e a fragilização da identidade laboral, além de questões econômicas, como perda de produção, de patrimônio, entre outras, e o consequente aumento dos conflitos socioambientais. Busca, ainda, contribuir para o envolvimento das pessoas nas ações de recuperação ambiental e social, em sinergia com as ações de engajamento, investi- mento social, relacionamento com comunidades, recuperação ambiental, relacionamento ins- titucional, comunicação, epidemiologia, patrimônio histórico e cultural e fomento econômico.

O PEABP tem como objetivo principal articular pessoas e instituições constituindo uma rede de educação ambiental, propiciando espaços de diálogo e aprendizagem sobre as realidades locais, construção coletiva de conhecimentos e vivências que se materializam em projetos de intervenções educadoras (projetos socioambientais), a partir da formação continuada em temá- ticas socioambientais e de fortalecimento das organizações sociais.

Nesse sentido, o programa soma-se às ações de reparação da bacia do rio Paraopeba como instrumento de mobilização social estruturando o exercício da cidadania, mediante a constru- ção de redes colaborativas de caráter socioambiental, a partir da ação dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente, Coletivos Educadores Municipais, Organizações da Sociedade Civil e parcei- ros governamentais e da sociedade civil que atuarão em rede.

O Programa foi inicialmente protocolado junto ao Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba, em outubro de 2019. A partir de fevereiro de 2020, foi iniciado o processo de diálogo com os órgãos do estado de Minas Gerais, por meio do Comitê Gestor Pró-Brumadinho – responsável pela coordenação das ações governamentais para a repara- ção socioeconômica e socioambiental – e a VALE S/A, com a participação da prefeitura de Brumadinho. Durante o período, com a contribuição de todas as instituições participantes do processo, houve o amadurecimento da proposta, ora apresentada em sua segunda versão. A síntese desse processo compõe o ANEXO 1.

1 Para Tuan (1980), topofilia é o elo afetivo que existe entre a pessoa e o lugar ou ambiente físico, fortemente ligada à consciência do passado e das lembranças, que são elementos constitutivos dos valores em relação ao lugar de histórias e vivências.

8 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Esta segunda versão do Programa é composta de duas partes. A primeira parte trata do PEABP como um todo, incluindo a contextualização e o diagnóstico de educação ambiental no terri- tório de atuação do PEABP, os objetivos, as metas e os indicadores do Programa. A segunda parte contém os três projetos executivos propostos no âmbito do PEABP, que contemplam a educação ambiental não formal (Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente – CJMA e Projeto Coletivos Educadores Municipais – CEM) e a educação ambiental formal (Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores).

Os anexos deste documento serão apresentados em um volume específico.

Este programa foi elaborado por Patrícia Garcia da Silva Carvalho, Bruna Graziela Martins e Emiliane Rezende, responsáveis pela execução do PEABP na VALE S/A, por Valéria Crivelaro Casale (consultora pela Nativa Socioambiental), com contribuições da equipe da Arcadis.

1.1. Contextualização, justificativa e regulamentação

O presente item é dividido em três subitens.

O subitem 1.1.1, “Contextualização”, traz o panorama sobre a área em que se propõe a reali- zação do PEABP – a área de estudo relativa ao Meio Socioeconômico do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba –, a partir de dados, informações e análises con- tidos no capítulo 1, Diagnóstico Pretérito, e no capítulo 2, Caracterização Pós-Rompimento e Avaliação de Impactos, além das análises provenientes de estudos produzidos por outras insti- tuições de pesquisa, realizados concomitantes ao Plano de Reparação, contratados e disponibi- lizados pela VALE S/A. Também faz parte deste subitem a análise do estágio de implementação da educação ambiental no território, realizada a partir de pesquisa sobre as ações que ocorrem ou ocorreram nos 22 municípios que compõem a Área de Estudo (AE) do Plano de Reparação.

No subitem 1.1.2, “Justificativa” é apresentado o papel da educação ambiental como ação es- truturante e catalisadora do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba, por meio do Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP).

Finalmente, o subitem 1.1.3, “Regulamentação” traz o conjunto de medidas legais ou regu- lamentares que regem a temática, e que se constituem, em consonância com os elementos teóricos e conceituais, como a base para a implementação do PEABP.

1.1.1. Contextualização Para a contextualização da Área de Estudo (AE) são considerados dois cenários temporais distin- tos: antes e depois do rompimento das barragens B1, B4 e B4-A, em Brumadinho-MG. Essa área pode variar de acordo com as necessidades de cada componente ambiental ou social analisado.

O PEABP seguirá a mesma AE do meio socioeconômico do Plano de Reparação, composta por 22 municípios, pertencentes à bacia hidrográfica do rio Paraopeba, conforme indicado no Quadro 1-1 e na Figura 1-1, sendo a área definida considerando os seguintes critérios:

9 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

• Municípios que fazem parte da bacia hidrográfica do rio Paraopeba, a jusante de Brumadinho. • Municípios banhados pelo rio Paraopeba ou a 1 km de suas margens. • Municípios da bacia hidrográfica do rio Paraopeba banhados pelo reservatório da Usina Hidrelétrica Três Marias. • Municípios inseridos na faixa de até 10 km de distância das margens do rio Paraopeba, com comunidades rurais potencialmente utilizadoras das águas do rio.

Quadro 1-1 – Municípios da área de estudo.

Municípios Estimativa Pop. 2018*

Betim 432.575

Brumadinho 39.520

Cachoeira da Prata 3.616

Caetanópolis 11.495

Curvelo 79.625

Esmeraldas 70.200

Felixlândia 15.235

Florestal 7.386

Fortuna de Minas 4.387

Igarapé 42.246

Inhaúma 6.228

Juatuba 26.484

Maravilhas 7.904

Mário Campos 15.207

Mateus Leme 30.798

Papagaios 15.543

Pará de Minas 93.101

Paraopeba 24.375

Pequi 4.379

Pompéu 31.583

São Joaquim de 30.989

São José da 4.927

* Estimativa Populacional: fornece estimativas do total da população dos municípios e dos estados, com data de referência em 1O de julho, para o ano calendário corrente. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2010 e 2018. Elaboração: Arcadis, 2019.

10 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Figura 1-1 – Área de Estudo do meio socioeconômico.

Fonte: ANA (2019), IBGE (2015) e ESRI (2015). Elaboração: Arcadis, 2020.

11 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Observando o cenário pós-rompimento é que se estabeleceu a importância da construção do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba, e sua lógica consiste em, a partir da análise da condição da bacia antes do rompimento (baseline), avaliar os efeitos imedia- tos, intermediários e de longo prazo ocasionados pelo rompimento das barragens e definir um conjunto de atividades para a reparação da bacia, contendo ações emergenciais e outras, de curto, médio e longo prazos. Além disso, o Plano prevê um modelo de governança que engloba todas as partes interessadas e um processo de acompanhamento e avaliação de resultado dos procedimentos de reparação ao longo do tempo, por meio de indicadores de realização, de re- sultados e de impacto. Nesse sentido, constitui-se em um plano vivo, pois o conceito de gestão adaptativa utilizado prevê o planejamento e a melhoria contínua de processos e produtos, por meio da sucessiva reaplicação de uma avaliação crítica para alcançar resultados melhores.

O Plano de Reparação, que teve sua primeira versão protocolada junto aos órgãos públicos estaduais e ao Ministério Público em outubro de 2019, é composto por:

• Capítulo 1. Diagnóstico Pretérito (baseline) das condições socioambientais da bacia do rio Paraopeba, contendo dados e informações anteriores ao rompimento. • Capítulo 2. Caracterização Pós-Rompimento e Avaliação de Impactos. A metodologia utili- zada para a Avaliação de Impactos inclui a perspectiva de análise dos serviços ecossistê- micos, com o objetivo de vislumbrar maior assertividade na identificação e restauração so- cioambiental, de maneira que o modo de vida da sociedade impactada seja restabelecido. A avaliação de impactos segue as recomendações da International Union for Conservation of Nature – IUCN (SANCHEZ et al., 2018), que ressaltam a importância de se fazer uma análise integrada, adotando uma linha de base no passado (situação pretérita, apresentada no Capítulo 1) que, comparada à caracterização da situação posterior, permite estabelecer a relação com o rompimento da degradação proveniente do rompimento das barragens. Sempre que possível, consideram-se dados quantitativos coletados nos levantamentos e monitoramentos que vêm sendo realizados desde o dia do rompimento, e que possam tra- duzir a dimensão dos impactos. • Capítulo 3. Plano de Ação para remediação, reparação, restauração e compensação dos impactos na bacia do rio Paraopeba, que integra as diversas ações emergenciais e plane- jadas para serem executadas em curto, médio e longo prazo. Cabe ressaltar que o PEABP, assim como os outros Planos, Programas e Projetos elaborados, fazem parte deste capítulo. • Banco de Dados para apoio ao monitoramento das ações de reparação.

O rompimento das barragens da Mina Córrego do Feijão ocorreu no dia 25 de janeiro de 2019, no município de Brumadinho. O acontecimento causou impactos de alta magnitude e diversas formas de perdas e danos, que transformaram e desestruturaram abruptamente as condições e modos de vida da enorme quantidade de pessoas que vivem ou viviam nas áreas afetadas, como nas localidades Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira, em Brumadinho, e nos agru- pamentos sociais localizados em outros municípios ao longo da calha do rio Paraopeba, à jusante de Brumadinho, até a foz do rio no reservatório de Três Marias.

Embora se reconheça que a dimensão e complexidade das perdas e danos econômicos decorren- tes do rompimento da barragem de rejeitos B1, somada aos rompimentos das barragens de sedi- mento B4 e B4-A, sejam calculáveis, o que mais repercutiu por vários dias e meses, repetidamente nos meios de comunicação e mídias sociais, e continua a marcar a vida das pessoas afetadas,

12 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 foram as perdas de vidas e as transformações abruptas no cotidiano daqueles que permaneceram vivos, questões da ordem do intangível e incalculável. Ao longo da pesquisa de dados sobre os impactos do rompimento, quase todos os materiais consultados narram os danos e transformações causados às pessoas. Nessa realidade, não existe separação entre natureza e cultura, o impacto provoca mudanças nos meios físico, biótico e social, alterando a paisagem do território, tal como é percebido e vivenciado pelos moradores locais ao longo do rio Paraopeba. Apresenta-se abaixo um resumo do diagnóstico pré e pós-rompimento que subsidiarão o conhecimento socioeconômico do território2 dos 22 municípios que serão prioritários no desenvolvimento das ações do PEABP.

1.1.1.A. Antes do rompimento das barragens: panorama da área de estudo A bacia hidrográfica do rio Paraopeba localiza-se na região central do estado de Minas Gerais, com uma superfície territorial de 13.643 km², inseridos nos biomas da Mata Atlântica e do Cerrado. A nascente do rio Paraopeba está localizada no extremo sul da Serra do Espinhaço, no município de /MG, e sua foz na confluência com o rio São Francisco, no re- servatório da Usina Hidrelétrica Três Marias.

Abrange, total ou parcialmente, o território de 48 municípios mineiros, com população residente estimada em 2,6 milhões de habitantes (IBGE, 2018), sendo que 19 deles integram a Região Metropolitana de (RMBH), considerada o centro político e econômico de Minas Gerais, onde se desenvolvem atividades ligadas à indústria, finanças, serviços, comércio, mi- neração, turismo e construção civil.

A história de ocupação do território da bacia reflete a própria história do estado de Minas Gerais, que, desde o século XVII, por ocasião da descoberta do ouro na região, tem na mine- ração uma atividade que marca a constituição de muitos de seus municípios e das relações sociais ali estabelecidas. No caso de alguns municípios da AE que se encontram localizados numa das principais áreas de mineração, conhecida como Quadrilátero Ferrífero3, não foi dife- rente4. Tal histórico contribuiu para a configuração social e econômica atual desses municípios e, em particular, de Brumadinho, que constitui um município representado por uma rede de relações, de macro e micro dependência, pautado pelas atividades da mineração.

Em relação às regiões de localização dos municípios da AE, aqueles presentes no alto Paraopeba têm maior dependência econômica da atividade minerária (exploração do minério

2 Importante destacar que se considera, neste diagnóstico da área de estudo, as categorias de espaço geográfico e território como inseparáveis, uma vez que o território é formado a partir do espaço e este, por sua vez, na concep- ção de Milton Santos, diz respeito ao lugar onde as relações sociais estão presentes. As relações sociais fazem parte desse espaço geográfico e, esse espaço só faz sentido por meio das ações humanas estabelecidas nele. Entende-se, ainda, que a análise geográfica do conceito de território pressupõe compreender o espaço a partir de relações de poder, o que permite observar as controvérsias identificadas na área de estudo em questão, sobretudo em relação à dependência da mineração, bem como as diferentes representações (por meio da análise do discur- sos presentes nas narrativas contidas nos documentos do INPuT (2019); Synergia (2019) e Fundação Dom Cabral (2020)), de diferentes atores e interesses, que o contexto de reparação tem trazido à tona. 3 Quadrilátero Ferrífero, localizada no centro-sul do estado de Minas Gerais, é a maior região do Brasil em produ- ção de minério de ferro. Conta com aproximadamente 7 mil km2 e mais de 30 municípios inseridos nessa área, sendo responsável por 60% de toda a produção nacional de minério de ferro. Disponível em: https://qfe2050. ufop.br/. Acesso em: 20 mar. 2020. 4 Os municípios da Área de Estudo que estão inseridos na região do Quadrilátero Ferrífero são: , Brumadinho, Igarapé, Mário Campos, e São Joaquim de Bicas. Disponível em: https://qfe2050.ufop.br/municii- pios-do-qfe. Acesso em: 20 mar. 2020.

13 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 de ferro, prioritariamente), que, por consequência, se reflete nas diferentes dimensões das relações sociais e espaciais. O médio Paraopeba destaca-se por ter a maior concentração populacional da bacia e pela importância e diversificação da economia, que é baseada na exploração do minério de ferro, na industrialização e na produção agropecuária, com realce para a produção de hortifrútis, que abastece, inclusive, a capital Belo Horizonte. Na região do baixo Paraopeba, a extração de minerais não metálicos, como areia, argila e ardósia, é impor- tante fonte de renda, assim como outras atividades econômicas ligadas à extração vegetal, silvicultura e produção animal, possuem importância em muitas economias municipais.

Em geral pode-se perceber a mineração como foco da atividade econômica da maioria dos mu- nicípios da AE, com exceção de , que não desenvolveu nenhum tipo de atividade de mineração entre 2010 e 2016. Outras atividades desenvolvidas na região de análise são: extra- ção de areia, realizada especialmente nos municípios e Esmeraldas (médio Paraopeba); produção de ardósia (maior produção brasileira), especialmente em , , Pompéu, Paraopeba, Caetanópolis e Felixlândia; depósitos de argila, nos municípios de Esmeraldas, Inhaúma, e Felixlândia; e indústria automobilística e de pe- tróleo, em Betim.

Cabe destacar Brumadinho como o município mais dependente economicamente da atividade minerária, dada a rede de dependência criada por outros setores, como o de serviços e finanças públicas para com a mineração. Em 2010, Brumadinho ocupava o 6º lugar entre os municípios mineradores de Minas Gerais, movimentando o valor de operação mineral de 1.996 bilhões de reais (NAHAS, 2014: 49, apud INPUT, 2019). Para um município de população estimada em 40.103 habitantes, de acordo com a última do IBGE (2019), a atividade minerária aparece como principal fator de desenvolvimento local, considerando o repasse de recursos para o poder público e a geração de empregos. É comum ver famílias inteiras subordinadas à relação com a mineração, seja na forma direta (empregos na própria VALE S/A ou em outras mineradoras da região, e/ou como prestadores de serviços terceirizados) ou indireta, no setor de serviços. Nesse sentido, de acordo com dados do INPuT (2019), o município todo sofre com as oscilações na demanda por commodities, bem como com suas cotações de mercado que são determinadas por fatores econômicos de escala global.

A forte dependência de repasses de recursos intergovernamentais é outro perfil observado na economia dos municípios em questão, uma vez que a maioria deles são de pequeno porte de- mográfico. Os sete municípios localizados no médio Paraopeba (Fortuna de Minas, Cachoeira da Prata, Pequi, São José da Varginha, Inhaúma, Florestal e ) possuem os menores valores de Produto Interno Bruto (PIB) entre os municípios da área de estudo e, também, os menores valores de PIB per capita. Neles, a economia é fortemente dependente da participa- ção da administração pública, chegando a 50% em Cachoeira da Prata e 45% em Fortuna de Minas, no ano de 2016. Esse perfil contrasta com Betim, que possui a maior população entre os 22 municípios da AE e se destaca por ter uma economia diversificada, com amplo complexo industrial e de serviços.

Em relação às condições de vida na AE, os principais índices que sinalizam sobre o acesso ou ausência de bem-estar e qualidade de vida para população, tais como os Indicadores de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e de Vulnerabilidade Social (IVS), apresentaram, no período de 2000 a 2010, significativo avanço, com aumento do indicador de desenvolvimento

14 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 humano e diminuição no índice de vulnerabilidade social. No entanto, o IDHM ainda é carac- terizado como “mediano” na maior parte dos 22 municípios analisados, o que aponta para ne- cessidade de maiores investimentos em políticas públicas, inclusive associadas ao combate à vulnerabilidade social, visto que, apesar de a maioria dos municípios serem classificados como de “baixa vulnerabilidade”, existem situações de “média vulnerabilidade”, inclusive em Betim. O município de Esmeraldas (médio Paraopeba) é o único do território classificado como de alta vulnerabilidade, além de possuir, juntamente com Pequi, Papagaios, Felixlândia e São José da Varginha, condições críticas em relação à saúde.

Os indicadores relacionados às condições de vida repercutem variáveis que, se verificadas isoladamente, refletem alguns avanços ocorridos em todo o território nacional. Considerando- se especialmente o componente educação, como exemplo, tem-se a diminuição das taxas de analfabetismo em todos os grupos etários e o aumento da escolaridade.

Apesar das altas taxas de urbanização, verificadas tanto nos municípios da bacia hidrográfica do rio Paraopeba, quanto naqueles inseridos na área de estudo, verifica-se que cerca de 60% do território refere-se a tipologias de uso e ocupação da terra descritas como mosaico de pas- tagens e agricultura. A produção agropecuária tem relevância, em particular para os núcleos ou agrupamentos sociais, muitos deles localizados ao longo do curso do rio Paraopeba. Destaca- se a relação de comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas) e rurais com os serviços ecossistêmicos. Serviços ecossistêmicos são os benefícios que os ecossistemas fornecem à sociedade (HASSAN et al., 2005). Tais benefícios são divididos em quatro categorias5, sendo que no Plano de Reparação foram consideradas as três primeiras.

Cada serviço ecossistêmico pode fornecer diferentes benefícios para manutenção da qualidade de vida de seus beneficiários, dependendo de como e para quais fins os beneficiários utilizem os ecossistemas. Esses benefícios estão relacionados a saúde, segurança, cultura e subsistência. Foram identificadas 65 comunidades na bacia do rio Paraopeba, considerando os 22 municípios da AE, em uma faixa de 10 km às margens do rio Paraopeba, e todas aquelas inseridas no muni- cípio de Brumadinho, independentemente da distância geográfica em relação ao rio. Das 65 co- munidades identificadas, 28 estão localizadas no município de Brumadinho e, destas, seis comu- nidades localizam-se dentro das sub-bacias dos ribeirões Ferro-Carvão e Casa Branca e quatro são comunidades tradicionais remanescentes de quilombo. Foram identificadas, ainda, mas três comunidades tradicionais: Comunidade Quilombola de Pontinha, em Paraopeba, Comunidade Quilombola Ariranha, em Cachoeira da Prata, e uma comunidade indígena dos povos Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe, da aldeia Naô Xohã, em São Joaquim de Bicas.

Em relação à região das sub-bacias do ribeirão Ferro-Carvão, destaca-se a supressão de ve- getação nativa como um dos fatores que mais influenciam a perda de biodiversidade e da ca- pacidade dos ecossistemas de proverem benefícios à sociedade, interferindo na qualidade de vida dos pequenos agricultores e na valorização dos saberes tradicionais.

5 (I) serviços de provisão, que são aqueles que suprem energia ou matéria para o desenvolvimento da sociedade, como alimentos, matéria-prima e água doce; (II) serviços de regulação, relacionados à capacidade de um ecossis- tema de regular processos naturais, como controle de vetores, a qualidade do ar, dos fluxos de água e do solo; (III) serviços culturais, que são bens não materiais que a sociedade usufrui da natureza, como lazer, turismo e expe­ riências espirituais; e (IV) serviços de suporte, que mantêm habitat dos seres vivos e sua diversidade genética.

15 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Atualmente, a vegetação nativa recobre 29,23% da bacia do rio Paraopeba, sendo dividida em formações campestres (2,47%), savânicas (5,58%) e florestais (21,18%) dos Biomas Mata Atlântica e Cerrado, em diferentes estágios sucessionais e de conservação. Por outro lado, em escala mais local, a cobertura de vegetação nativa é mais preservada e ocupa mais de 60% da área mapeada (sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão, a metade inferior da sub-bacia do ribeirão Casa Branca e trechos junto ao rio Paraopeba). Essas sub-bacias representam a região menos fragmentada da bacia do rio Paraopeba, sendo o padrão de conservação de vegetação coinci- dente com a conformação dos terrenos menos propícios à agricultura e pastagem.

Apesar do histórico de supressão vegetal, ainda se verifica uma alta diversidade de espécies, relacionada à heterogeneidade de ambientes e fitofisionomias encontradas. A importância da conservação da biodiversidade na bacia do rio Paraopeba para Minas Gerais foi reconhecida em 2005, com a definição das áreas prioritárias para conservação da ictiofauna (a jusante do rio Betim), para herpetofauna (alto rio São Francisco e região do Espinhaço Sul), avifauna (região de Florestal e Espinhaço Sul), mastofauna (porção leste da região de , a porção oeste da Serra do Rola-Moça). Em particular, a sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão está inserida no Quadrilátero Ferrífero, que compreende uma área prioritária classificada como de Especial Importância Biológica e prioritária para investigação científica.

A bacia do rio Paraopeba abriga 41 Unidades de Conservação (UC) de proteção integral e de uso sustentável. A integridade e a complexidade da vegetação e das áreas protegidas são fa- tores que influenciam a composição e abundância da fauna existente.

O território também abriga 732 bens culturais materiais e 121 imateriais. Foram identificados 374 sítios arqueológicos, sendo que pelo menos metade desses sítios são relacionados ao período colonial da região, e 126 estão localizados em Brumadinho. Foram identificadas 244 cavidades naturais subterrâneas, das quais 80 estão localizadas em Brumadinho.

O uso das águas do rio Paraopeba é compatível com o contexto socioeconômico regional, com seu aproveitamento pelo setor industrial, de mineração, geração de energia elétrica e abastecimento público por meio de outorgas. Foram identificados pontos de captação de água para uso público (Brumadinho, Pará de Minas e Paraopeba). As águas também são utilizadas por usuários não ou- torgados para dessedentação animal, irrigação e uso doméstico por agrupamentos sociais.

De modo geral, o índice de qualidade da água apontava como “Média” para o rio Paraopeba e “Boa” para o ribeirão Ferro-Carvão, apesar de apresentarem não conformidades para o manga- nês e ferro dissolvidos, característicos da geologia local e provenientes do run-off da atividade minerária. Adicionalmente foram observadas não conformidades para bactérias de origem fe- cal e fósforo total. Em particular, para o rio Paraopeba, também foram observadas não confor- midades para alumínio dissolvido, chumbo total, sólidos suspensos e turbidez.

As não conformidades associadas às bactérias de origem fecal podem ter relação com o déficit no atendimento de saneamento básico, especialmente em relação ao esgotamento sanitário. Dos 22 municípios da AE, seis não possuem cobertura de rede geral de esgoto ou pluvial para cerca de 70% dos domicílios. As não conformidades de fósforo total estão associadas, além dos esgotos sanitários, à presença da pecuária extensiva, especialmente no baixo rio Paraopeba.

A perda de vegetação nativa ao longo dos anos, associada ao déficit de saneamento básico e construção de barramentos ao longo do rio, afeta a integridade ecológica dos ecossistemas

16 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 aquáticos. Observa-se a presença dominante de espécies generalistas, algumas espécies não nativas e cianobactérias potencialmente tóxicas, embora os resultados ecotoxicológicos de amostras de água (de 2001 e 2018) tenham evidenciado poucos efeitos de toxicidade.

Apesar das diversas fontes de degradação dos ecossistemas aquáticos, a pesca configura-se como serviço ecossistêmico da bacia, não é permitida para fins comerciais, mas representa importante potencial de fonte alimentar e reprodução cultural para as comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas), e comunidades rurais (agrupamentos diversos, assentamentos e acampamentos). A pesca amadora também é fonte de lazer e representa atrativo turístico no baixo Paraopeba, onde há atividade de aquicultura, atividade referente ao manejo e comercialização do minhocuçu, que atende aos pescadores e turistas da região, vendendo as iscas para pesca no chamado Shopping da Minhoca, formado por barracas ao longo da BR-040, entre os municípios de Curvelo e Caetanópolis.

Adicionalmente, observa-se a presença de organismos de importância médica, como o cara- mujo Biomphalaria sp. e o bivalve Melanoides tuberculata, insetos vetores de ampla distribui- ção no território brasileiro, como o Aedes aegypti, e insetos dos gêneros Culex, Lutzomyia e Phlebotomus. O diagnóstico sobre as condições de saúde dos 22 municípios da área de estudo do meio socioeconômico demonstrou que as taxas de incidência das doenças relacionadas a tais vetores seguem o padrão de distribuição do estado de Minas Gerais.

Além dos usos da medicina convencional, existe o uso das ervas medicinais, sobretudo pelas co- munidades tradicionais presentes na AE. Tais usos atualizam, no presente, os conhecimentos e va- lores culturais ancestrais, especialmente no jeito de lidar e interagir com a natureza, que representa um saber específico, passado de geração em geração. Parte das comunidades identificadas na AE planta itens de subsistência nos quintais, como milho, feijão, arroz, mandioca, araticum, pequi, mexerica; assim como ervas, condimentos e plantas, entre elas algumas que atualmente se con- vencionou chamar de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs)6. Essa sabedoria também reflete a percepção e os diversificados usos que, em geral, as comunidades fazem das plantas encontradas no bioma local, com valor etnobotânico, para prevenção e tratamento de saúde.

Por fim, o panorama socioambiental da bacia do rio Paraopeba indica a importância desta ba- cia para a sociedade mineira, tendo sido verificado o alto grau de antropização e dependência econômica, principalmente da mineração, ao longo da ocupação do território, e evidenciada a grande preocupação com a conservação e preservação dos ecossistemas, com a criação de mais de 40 áreas, que recebem algum grau de proteção ambiental, por toda a bacia.

1.1.1.B. O cenário depois do rompimento das barragens O rompimento das barragens da Mina Córrego do Feijão foi considerado um dos maiores im- pactos socioambientais recentes do Brasil, provocando 259 óbitos e 11 pessoas desapareci- das7, em números oficiais conforme dados da Defesa Civil de Minas Gerais, tendo causado imediatamente a mudança na vida das pessoas e nos ambientes físico e biótico.

6 Segundo Rocha et al. (2018), PANCs são plantas pouco usuais na dietética habitual de grande parte da po- pulação, mas conhecidas das comunidades tradicionais há muito tempo, inclusive considerando seu potencial alimentício e medicinal, fazendo parte do seu cotidiano. 7 De acordo com o Boletim Estadual de Proteção e Defesa Civil divulgado no dia 10 de setembro de 2020 pela Defesa Civil de Minas Gerais. Disponível em: http://www.defesacivil.mg.gov.br/index.php/defesacivil/boletim-de- fesa-civil. Acesso em: 10 set. 2020.

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O impacto no ambiente redobra e/ou potencializa a violência e a desestruturação, que repre- sentam a sensação inesperada de ver o seu modo de vida obrigatoriamente transformado de uma hora para outra e o sentimento de expectativa diante de um futuro incerto. A desorgani- zação da vida – ou sua disruptura, como pontuou a análise do INPuT (2019) sobre este cená- rio – atingiu diretamente Brumadinho e principalmente três comunidades: Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira e Pires. Ainda que não afetadas diretamente pela lama de rejeitos, outras populações localizadas fora de Brumadinho também tiveram a vida desorganizada, aquelas que tinham nos recursos da natureza, principalmente na água do rio Paraopeba e nos serviços ecossistêmicos, um elo essencial de produção e reprodução cotidiana do seu ethos social.

Além da apreensão do que significou tamanho desastre para o ambiente, busca-se compreen- der o efeito do rompimento sobre a vida das pessoas e quais as estratégias para levar adiante o processo de ressignificação/reparação do território, diante de um cenário ainda em suspensão, no qual afloraram sentimentos contraditórios, controversos, discursos dissonantes e diferentes representações da realidade, percebidas no campo do discurso (ou narrativas como foram nome- adas pelos documentos do INPuT (2019), da Synergia (2019) e da Fundação Dom Cabral (2020), uma vez que envolvem diferentes atores sociais e interesses. Para Bourdieu (2001), essas di- ferentes representações revelam um espaço simbólico – campo de negociações e disputas de poder –, onde diferentes atores buscam validar e legitimar seus interesses.

O rompimento das barragens provocou a dispersão de 12 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro em uma área de 300 hectares. Esse impacto gerou danos à cobertura do solo, aos recursos hídricos e à vegetação.

Os principais cursos d’água atingidos pelos rejeitos provenientes das barragens foram o ribeirão Ferro-Carvão (curso d’água mais impactado), afluente pela margem direita do rio Paraopeba, e o próprio rio Paraopeba, o que resultou em alterações na qualidade da água.

Não houve alteração da disponibilidade hídrica do rio Paraopeba, mas, houve diminuição da qua- lidade da água8, havendo suspensão de seu uso, em estado bruto, para abastecimento humano, dessedentação de animais e utilização agrícola, o que implicou restrição ao acesso e afetou direta- mente a população ribeirinha, especialmente naquilo que diz respeito a suas atividades rotineiras e cotidianas relacionadas ao consumo doméstico (limpeza, higiene e hidratação), e aos pequenos e médios proprietários, como a dessedentação animal e a irrigação das plantações. Para minimizar os danos, em atendimento à determinação do Governo do Estado de Minas Gerais, a VALE S/A iniciou, logo após o rompimento, o fornecimento de água para as comunidades afetadas.

Houve impacto na distribuição de água nos municípios de Pará de Minas, Paraopeba e Caetanópolis, que captavam parte da água utilizada para abastecimento público no rio Paraopeba. Em Brumadinho, houve a destruição de dois poços profundos localizados no Parque da Cachoeira. Também houve prejuízos ao sistema de captação local e abastecimento na comunidade indígena das etnias Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe, localizada na região noroeste de São Joaquim de Bicas, que conta com 40 famílias e cerca de 200 pessoas.

8 A Nota de Esclarecimento 9 – Desastre Barragem B1, de 31 de janeiro de 2019, assinada pelas Secretarias de Estado de Saúde (SES-MG); de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad); e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) do estado de Minas Gerais, comunicou à população que o trecho entre a con- fluência do ribeirão Ferro-Carvão com o rio Paraopeba até Pará de Minas apresentava riscos à saúde humana e animal e os órgãos não indicavam a utilização da água bruta do rio Paraopeba para qualquer finalidade.

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A redução da qualidade da água do rio Paraopeba provocou a proibição da pesca de espécies nativas, tanto para subsistência quanto esportiva, pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), por meio da Portaria Estadual nº 16, de 28 de fevereiro de 2019, decisão justificada pelo:

desastre ocorrido, em 25 de janeiro de 2019, quando do rompimento das barragens de rejeitos da mina do Córrego do Feijão no município de Brumadinho, em Minas Gerais, e a gravidade dos impactos ambientais resultantes, que incluem supressão, degradação e fragmentação de habitat da ictiofauna em larga escala; mortandade de peixes; alteração de teias tróficas; possível impac- to sobre o grau de ameaça de extinção de espécies; comprometimento da estrutura e função dos ecossistemas aquáticos e dos ecossistemas terrestres a eles associados na bacia do rio Paraopeba; o papel que as populações de peixes dos tributários desempenharão na recuperação do ecossistema. (Portaria Estadual nº 16/2019)

O rompimento das barragens atingiu diretamente a vegetação de uma área restrita do municí- pio de Brumadinho, mais especificamente a sub-bacia do ribeirão Ferro-Carvão e seu entorno imediato. A vegetação e a flora no restante da bacia hidrográfica do rio Paraopeba não sofre- ram alterações significativas ou identificáveis até o momento da conclusão dos estudos do capítulo 2 (Caracterização Pós-Rompimento e Avaliação de Impactos do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba).

Dentre as 41 Unidades de Conservação que se inserem total ou parcialmente na bacia hidro- gráfica do rio Paraopeba, apenas duas têm relações diretas com os impactos causados pelo rompimento das barragens da Mina Córrego do Feijão: a Área de Proteção Ambiental Estadual Sul Região Metropolitana de Belo Horizonte (APA Sul RMBH) e a zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça (PESRM). Houve, ainda, interferência do rompimento das barragens nas duas Reservas da Biosfera9 que abrangem parte da bacia do rio Paraopeba, a da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (zona de amortecimento e zona de transição) e a da Serra do Espinhaço (zona de amortecimento e zona de transição).

Com relação à fauna, observou-se que indivíduos foram diretamente atingidos pelo extravasa- mento dos rejeitos, tanto em áreas naturais quanto antrópicas. Houve também a perda direta de habitat, representando a redução de áreas potenciais de abrigo, alimentação e reprodução.

As transformações nos meios físico e biótico provocaram alterações na paisagem do território, tal como é percebida e vivenciada pelos moradores locais. As mudanças abruptas, causadas pelo rompimento das barragens, geraram desorganização dos mais variados níveis e das mais diversas ordens nas relações interpessoais, principalmente das famílias que perderam seus entes queridos, familiares, amigos e vizinhos. Além disso, tais transformações incidiram direta- mente na economia e nas relações de trabalho, e na relação íntima dos grupos sociais afeta- dos com a paisagem e o lugar, territórios onde a vida acontece cotidianamente.

No município de Brumadinho ocorreram as maiores transformações na vida das pessoas e nos espaços ligados ao território. Ali houve o óbito, o ferimento e o desaparecimento de pessoas, o soterramento de várias edificações, incluindo residências e estruturas da própria VALE S/A, de áreas produtivas, acessos viários e demais estruturas urbanas. Criou-se uma situação de

9 Instrumento de gestão territorial integrada dos recursos naturais. Conceito criado em 1972 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), foi reconhecido pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº 9.985/2000) como modelo de gestão que visa à conservação.

19 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 emergência e tensão que imediatamente modificou a rotina dos moradores e que irámar- car as suas relações topofílicas e a memória coletiva10. Os locais impactados diretamente em Brumadinho foram as localidades de Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira e Pires.

A dor e o sofrimento pela perda de familiares, amigos, vizinhos, conhecidos, e também a perda das moradias, dos animais de estimação, entre outras situações, como desabrigo e migrações, forçadas ou não, culminaram na desestabilização sociocultural e psicossocial da população. Uma vez que, para a maioria das pessoas afetadas, o sentimento de pertencimento e de identi- dade foi abalado com essas perdas, assim como com a supressão das referências socioespa- ciais, que são materiais, mas sobretudo culturais e simbólicas, e estarão para sempre guarda- das na memória coletiva. Os que viviam nas proximidades da mina que rompeu e sobreviveram serão, sempre, testemunhas do desastre.

Verificaram-se, então, em decorrência do rompimento da barragem, casos relacionados a pro- blemas psicossociais; perda da identidade laboral; destruição de edificações industriais e resi- denciais; desabrigo de moradores; soterramento de áreas agrícolas e de pecuária, com perda de áreas e de produção de culturas diversas e de gado; danos à infraestrutura, com suspen- são do abastecimento de água, de energia elétrica e interdição de acessos; paralisação das operações na Mina Córrego do Feijão, impactando diretamente na economia local e regional; suspensão de aulas; aumento de trânsito de veículos e de pessoas, com profundas alterações no ritmo de vida da população local, nas relações sociais locais e nas relações entre os grupos sociais e seu ambiente; perda de acesso à água do rio Paraopeba; e aumento da demanda por serviços públicos associados à emergências, como Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, saúde, serviços assistenciais, segurança e habitação, especialmente nos municípios de Brumadinho, Mário Campos, Betim (destaque para a Citrolândia) e São Joaquim de Bicas.

Os efeitos econômicos do rompimento das barragens afetaram os territórios locais, mas tam- bém o nível regional e até mesmo o nacional. No caso da mineração, a redução nos níveis de produção de minério e, consequentemente, a diminuição de outras atividades da cadeia produ- tiva foram imediatas, tanto em razão da destruição das estruturas locais pela lama de rejeito, quanto pela paralisação de outras unidades produtoras da VALE S/A.

A produção de hortaliças, de outras culturas agrícolas e da pecuária também foi afetada dire- tamente pelos rejeitos da mineração, que inundou áreas de produção, principalmente as pro- priedades rurais adjacentes ao ribeirão Ferro-Carvão até a confluência com o rio Paraopeba, soterrando plantações e criações. Produtores que não tiveram suas áreas atingidas sofreram o impacto de ter sua produção associada à área que sofreu impacto do rompimento das bar- ragens, logo, com risco de contaminação, o que gerou perda de mercado para seus produtos.

Outra cadeia produtiva diretamente impactada é a do turismo, em razão da modificação da paisagem e das belezas cênicas, um dos principais atrativos para visitação, sobretudo em Brumadinho, que teve impacto imediato. Contudo, espera-se que essa cadeia seja uma das responsáveis pelo reaquecimento da economia do município.

Ainda, outro aspecto relacionado ao rompimento é o risco de aumento de insetos vetores de doenças. Pesquisadores da Fiocruz, por meio de nota técnica, indicaram que:

10 Para Maurice Halbwachs (1990), as memórias individuais se constituem por meio dos “quadros sociais da me- mória”, que funcionam como pontos de referência para aquilo que o indivíduo vai chamar de lembrança.

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as alterações ecológicas provocadas pelo desastre podem promover a transmissão de esquistos- somose, principalmente se levado em consideração que grande parte do município de Brumadinho e municípios ao longo do rio Paraopeba não é coberta por sistemas de coleta e tratamento de esgotos. (ROMÃO et al., 2019: 9)

Na Ação Civil Pública (Autos nº 5000053-16.2019.8.13.0090), instituída pela Força-Tarefa Brumadinho, há recomendação de “medidas de prevenção contra surtos de doenças transmitidas por vetores, como a dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela, devem ser adotadas, como a vacinação contra a febre amarela e o controle de vetores como o mosquito Aedes” (ACP, 2019: 73).

O cenário posto pós-rompimento pode ser compreendido, também, por meio da perspectiva de “disruptura”. Disruptura é o nome dado àquilo que provoca desorganização, desestruturação e/ ou descontinuidade (BENYAMAR, 2006, apud INPuT, 2019). Nesse sentido, o rompimento das barragens é uma disruptura que tem a ver menos com o fato do acontecimento em si, e mais com os sujeitos sociais que o viveram – e ainda vivem seus efeitos –, à medida que a disruptura não é estanque e que também causa desorganização da vida das pessoas e das relações so- ciais, que precisam ser tão ressignificadas quanto o território em si. Este conceito utilizado pelo INPuT (2019), para apreensão das controvérsias presentes no território pós-rompimento, será, em outros momentos, referenciado neste texto, uma vez que corrobora a percepção/análise contida no Plano de Reparação.

Tal cenário de fragilidade e desorganização das relações sociais, diante da dimensão do im- pacto vivenciado e do ritmo intenso de ações emergenciais de salvamento e de mitigação, provocou forte comoção no país e foi exaustivamente televisionada na mídia nacional, ganhan- do destaque, também, internacionalmente. A comparação com o rompimento da barragem do Fundão, de propriedade da Samarco, consórcio entre as empresas BHP Billiton e VALE S/A, no município de Mariana, também no estado de Minas Gerais, foi inevitável, fato que contribuiu para ampliação do debate sobre legislação, fiscalização, método construtivo de barragens e a efetividade dos planos de emergência para desastres similares.

Esse cenário pós-rompimento aponta para a importância de se refletir sobre a dimensão his- tórica, como a dependência da mineração, que está sendo trazida à tona nos discursos de diferentes atores envolvidos no processo de reparação, mesmo sendo os impactos sentidos de forma diferenciada em cada município ou, até mesmo no próprio município de Brumadinho, onde se observou, por meio do trabalho do INPuT (2019), diferenças significativas nas narrati- vas de pessoas ligadas a Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira e Pires. Cada comunidade apresentou uma especificidade, um perfil, durante as narrativas, uma vez que a fala permite aos interlocutores transitarem entre passado, presente e futuro, dando significados às suas re- presentações e anseios frente ao que estão vivendo. Essas narrativas dão contorno à história do lugar, como aponta Le Goff (1996) quando diz que as noções contidas nas narrativas mis- turam mutuamente: tempo e espaço, suporte e sentido, tradição e modernidade, inesperado e intenção, lembrança e esquecimento.

Para as populações que vivem ao longo da calha do rio Paraopeba, o receio, o medo, a insegurança chegaram junto com as notícias das proporções do rompimento, no mesmo dia 25 de janeiro de 2019, na hora do almoço. Antes mesmo de a pluma de rejeitos se aproximar, as pessoas que têm com o rio algum tipo de relação – seja de dependência, seja de identidade – foram tomadas pela expectativa de não saber o que poderia acontecer e sobre que tipo de impactos seriam gerados em suas vidas.

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A repercussão da notícia e o temor em relação ao futuro não acometeu apenas os moradores da calha do rio Paraopeba, mas também moradores que vivem próximos a algum tipo de barragem, porque o ocorrido passou a povoar o imaginário social11, por medo de viverem algo análogo.

1.1.1.C. Reparação O contexto de reparação12 é de difícil mensuração, pois nele misturam-se todos os danos causados pelo acontecimento e todos os direitos e deveres que se desenham perante esta situação do ponto de vista sociocultural, institucional e legal.

No contexto de pós-rompimento sobressaltam os efeitos ligados ao elo afetivo que existe entre a pessoa e o lugar e que estão essencialmente ligados ao conceito e à dimensão de topofilia, o qual reconhece o sentimento de pertencimento, identidade e segurança emocional das pes- soas com o território ao qual pertencem. Assim, pode-se afirmar que a dimensão topofílica foi profundamente afetada, provocando rupturas e esgarçamentos multidimensionais na vida das pessoas e comunidades atingidas.

As relações topofílicas aparecem nas narrativas trazidas pela Cartografia Social das Controvérsias, realizada em Brumadinho pelo INPuT (2019). Ao longo do texto é possível perceber as marca- ções dos lugares de memória, identificadas nas falas dos entrevistados, e ver o quanto essas memórias individuais são também coletivas e como elas retratam a mineração enquanto elemen- to constitutivo da trajetória e história de vida das pessoas ligadas diretamente ao acontecimento, principalmente os moradores de Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira e Pires.

Num cenário de destruição e disrupturas essas memórias são revisitadas e se misturam às sensações do presente, transitando pelos espaços perdidos e pela falta de sentido para lidar com a própria vida após tantas perdas. As lembranças do passado, atualizadas com as refe- rências do presente, são chamadas de “quadros sociais da memória” por Halbwachs (1990).

O contexto de inquietação sobre as faltas que se fizeram presentes – falta de informação, falta da tranquilidade, que se dizia existente na cidade, falta de saber quando se voltará para casa, do que poderá acontecer –, principalmente nos dias seguintes ao rompimento, propicia a elaboração do passado pelas lentes do presente e por isso é possível observar tantas narrativas que transitam entre sentimentos paradoxais de gratidão e fúria em relação à VALE S/A. Tanto a gratidão quanto o furor têm a ver com a imagem que as pessoas constroem sobre a empresa. A gratidão em geral está associada aos significados que os moradores atribuem ao emprego na VALE S/A e o ódio por achar que esse emprego representa a dependência que pode levar à destruição da vida.

Essas controvérsias, paradoxos e, talvez, nexos entre história de vida, disruptura e processo de reparação, para a cartografia social, vão além de marcar espacialmente o passado, o presente e o futuro dessas pessoas no território. Ela se propõe a ser a cartografia das palavras (INPUT,

11 Imaginário social é uma categoria de análise das Ciências Humanas e diz respeito a um sistema de símbolos presentes no cotidiano dos indivíduos que atribuem valor real e concreto às coisas ou às suas percepções sobre as coisas. 12 Segundo Beristain (2010: 7, 11 e 16), a reparação, quando relacionada à perda dos direitos humanos fundamen- tais, sobretudo em situações de desastres, calamidades etc., compreende aspectos fundamentalmente ligados à plenitude e dignidade da vida das pessoas. Em contextos de reparação deve-se considerar o que reparar, como reparar, em que pensar, a quem considerar e o que fazer, uma vez que a reparação é um processo de transfor- mação, com contextos específicos e um antes e depois.

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2019: 38), ou seja, das representações sociais, que dão significado aos efeitos sentidos pelo acontecimento e à nova relação cotidiana estabelecida. Para Berger e Luckmann (1997: 35), “a vida cotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pelos homens e subjetivamente dotada de sentido para eles na medida em que forma um mundo coerente”.

Sendo assim, o referencial teórico da cartografia das controvérsias (LATOUR, 2005, apud INPUT, 2019), é utilizado pelo INPuT para pesquisar não a veracidade dos fatos ou narrativas em si, “mas sim como os atores constroem um mundo comum e quais são os arranjos para que algumas posições prevaleçam sobre outras...” (INPUT, 2019: 17), aproxima-se das explicações socioantropológicas, uma vez que, para a sociologia, todas as formas de pensamento ou de interpretação das coisas/fatos são construídas socialmente e podem ser compreendidas, na perspectiva antropológica, por meio das teias de significações estabelecidas em uma determi- nada cultura (GEERTZ, 1989).

Neste sentido, toda controvérsia captada nos discursos, chamados de narrativas nos estudos do INPuT (2019); da Synergia (2019) e da Fundação Dom Cabral (2020), revelam a cultura por trás das representações (narrativas). Em Brumadinho, particularmente, essa cultura está ligada à dependência e subordinação do município à mineração.

O contexto da reparação pode também trazer outras controvérsias, como informações desen- contradas e sensação de falta de informação, somando-se à construção de um imaginário negativo em relação a Brumadinho – município marcado pela tragédia, pelo luto –, gerando evasão, topofobia13 e produzindo uma ideia de estigmatização do território, paradoxalmente ao surgimento de processos de valorização do território e, consequentemente, das identidades e dos lugares. Pode haver ainda, ações ligadas à valorização da memória, caminhando para um processo chamado por Andreas Huyssen (2000) de “cultura da memória”. Não se descarta, também, o surgimento do fenômeno de gentrificação14, quando as mudanças em determinada localidade provocam a valorização monetária do espaço, alterando suas características socio- culturais e seus usos, gerando expulsão de populações de baixa renda.

Em resumo, o contexto de reparação traz os desafios de lidar com fatores objetivos e sub- jetivos. Há impactos concretos sobre o rio, os ambientes, o território, os modos de vida dos

13 Topofobia consiste na atribuição de significado negativo a determinado espaço, baseado no elo afetivo negativo en- tre o indivíduo e o seu espaço de vida, seu lugar. Desvalorização, não pertencimento, e mesmo, vivência de senti- mentos de medo em relação ao lugar. Segundo Tuan (1983) do conceito de topofobia deriva e decorre o sentimento de topocídio, isto é, a morte, aniquilamento deliberado de lugares. Nesse sentido, tanto topofilia quanto topofobia implicam reconhecimento de espaços e lugares associados à paisagem mental, construída por representações simbólicas que envolvem a dimensão afetiva e imagética, que pode ser individual e, também, coletiva. 14 O termo “gentrificação” vem do conceito degentrification , criado pela socióloga Ruth Glass e, depois, reinterpre- tado, também, por outras áreas do conhecimento, como geografia, antropologia, arquitetura, economia e estu- dos ligados à planejamento e gestão urbana. Na sua origem o termo versa sobre os processos de mudança das paisagens urbanas e aos usos e significados que as populações dão às áreas/zonas antigas das cidades, vistas como degradadas e que passam a atrair e serem habitadas por moradores de alta renda. Nesse sentido, o pro- cesso de gentrificação passa a ser classificado como sociocultural e econômico, na perspectiva do geógrafo Neil Smith e da socióloga Sharon Zukin, ao conectar a ideia de gentrificação aos processos atuais de requalificação dos usos do espaço. Tais processos, em geral, são acompanhados da expansão do turismo, valorização do mer- cado imobiliário, grandes investimentos na região, o que tornaria esses locais mais valorizados, expulsando a população antiga, que consequentemente não acompanharia o aumento do padrão de vida, assim como não se identificariam com o novo estilo de vida local. Disponível em:http://ea.fflch.usp.br/conceito/gentrifica%C3%A7% - C3%A3o. Acesso em: 27 mar. 2020.

23 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 atingidos, a economia regional. Igualmente, haverá de se tratar de sentimentos, e sentimentos controversos como apontou o INPuT (2019), também com a reelaboração do imaginário coleti- vo, de acordo com a Synergia (2019), com o desafio de dar voz ao maior número de pessoas, garantindo o restabelecimento da confiança rompida junto com a barragem, como indica a Fundação Dom Cabral (2020).

O Plano de Reparação Socioambiental, do qual o PEABP faz parte, surge neste contexto e visa, de acordo com Beristain (2010: 7, 11 e 16), compreender os aspectos fundamentais liga- dos à plenitude e dignidade da vida das pessoas atingidas, buscando, no cenário específico da reparação dos impactos decorrentes do rompimento das barragens B1, B4 e B4A, considerar o que reparar, como reparar, em que pensar, quem considerar e o que fazer, nesse que é um processo de transformação, com contextos específicos e um antes e um depois.

Em retrospecto, o processo de reparação começa já no dia 25 de janeiro de 2019, quando a VALE S/A criou o Comitê de Resposta Imediata e de Ajuda Humanitária15, e o Ministério Público de Minas Gerais instituiu a Força-Tarefa16 para atuação nas áreas Criminal, Meio Ambiente, Direitos Humanos, Saúde, Patrimônio Público, Educação, Defesa das Crianças e Adolescentes.

Em 26 de fevereiro de 2019 foi criado, pelo Governo do Estado de Minas Gerais, o Comitê Gestor Pró-Brumadinho, com o objetivo de “coordenar as ações estaduais de recuperação, mi- tigação e compensação dos danos causados à população dos municípios atingidos pelo rompi- mento” (Decreto Numeração especial nº 176, de 26 de fevereiro de 2019). Posteriormente, den- tro da estrutura organizacional da VALE S/A, foi constituída a “Diretoria Especial de Reparação e Desenvolvimento”, com equipe dedicada exclusivamente às ações de mitigação, reparação e compensação dos impactos17.

O Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba começou a ser construído diante dessa conjuntura, por iniciativa da VALE S/A, a partir de abril de 2019, com o objetivo de remediar, reparar, restaurar e compensar os efeitos dos rompimentos. Como dito ante- riormente, o Plano visa estabelecer uma condição mais saudável e sustentável para a bacia, baseado em uma restauração sistêmica e na gestão adaptativa, que procura definir e redefinir estratégias de reparação discutidas e validadas com as partes interessadas e afetadas. O Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) é um dos Programas propostos no Plano de Reparação.

O Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba está composto por 13 pla- nos e 49 programas, sendo 4 planos e 9 programas associados ao meio físico, 4 planos e 12 programas ao meio biótico e 5 planos e 25 programas ao meio socioeconômico e um programa geral referente aos impactos cumulativos e sinérgicos, de acordo com o Quadro 1-2. Dentre os

15 Comitê “criado no dia 25 de janeiro para consolidar todas as ações emergenciais, de qualquer natureza, relacio- nadas aos atingidos pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão”. Disponível em: http://www.vale. com/brasil/PT/aboutvale/news/Paginas/Vale-nomeia-executivo-para-grupo-de-resposta-imediata.aspx. Acesso em: 16 ago. 2020. 16 Disponível em: https://www.mpmg.mp.br/comunicacao/noticias/mpmg-e-orgaos-publicos-instituem-forca-tarefa- -para-fazer-frente-a-tragedia-em-brumadinho.htm. Acesso em: 23 jul. 2020. 17 Além das ações de reparação relacionadas ao desastre da Mina Córrego do Feijão, a Diretoria coordena ações com as comunidades das zonas de autossalvamento (ZAS) e de segurança secundária das barragens que tenham seus níveis de emergência elevados para 2 ou 3. Mais informações em: http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/ news/Paginas/vale-cria-diretoria-para-acelerar-reparacao-aos-atingidos.aspx. Acesso em: 2 ago. 2020.

24 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

25 programas associados ao meio socioeconômico, 12 são relativos ao patrimônio histórico e cultural e um programa do meio biótico faz parte do Plano de Dinamização de Territórios Rurais (Programa de Conservação e Recuperação de Nascentes).

Os planos voltados para o meio físico estão vinculados aos monitoramentos da água, sedimen- tos, solos e ar. No meio biótico, os planos envolvem a restauração da biodiversidade aquática e terrestre e a proteção à fauna.

No meio socioeconômico, existem um plano e um programa direcionados a apoiar a imple- mentação do Plano de Reparação Socioambiental, o Plano de Comunicação e o Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP). O Programa de Monitoramento Sociodemográfico fornecerá informações que poderão alimentar outros programas do Plano. O Plano de Apoio à População Atingida, juntamente com os programas de Ressignificação do Território, de Saúde Integral e Coletiva, Proteção e Conservação dos Patrimônios Histórico, Cultural e Arqueológico complementam as propostas de cunho social.

Para a interface dos aspectos sociais, ambientais e econômicos foram propostos dois planos: de desenvolvimento econômico e de dinamização dos territórios rurais. Em relação aos aspec- tos econômicos, associados especificamente à atividade minerária, previu-se um programa que avaliará os impactos sobre os direitos minerários.

Dois programas são multidimensionais e abordam os impactos cumulativos e as obras de recu- peração das infraestruturas públicas impactadas, ambos de caracterização e monitoramento.

Percebe-se assim, e também por meio dos objetivos listados por Plano e Programa no Quadro 1-2, que os planos e programas envolvem sobretudo restauração, recuperação, repa- ração, proteção, monitoramento e conservação do patrimônio histórico, cultural e ambiental, além do desenvolvimento social e econômico18.

Quadro 1-2 – Planos e programas do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba.

Planos e Programas Objetivo

Plano de Monitoramento da Qualidade de Água Superficial e Acompanhar a evolução temporal e espacial da Sedimento qualidade das águas superficiais e sedimentos nos cursos de água afetados pelo rompimento e Programa de Monitoramento Emergencial da Qualidade da Água obras; levantar dados qualitativos sobre pontos Superficial e Sedimento (PME) antes da passagem da pluma; atender órgãos reguladores e Autos de Fiscalização; integrar análises Programa Especial de Monitoramento da Qualidade das Águas e e monitoramentos de forma a otimizar pontos, dos Sedimentos do Reservatório de Três Marias e Entorno (PMQS parâmetros e frequências de amostragem e que os Três Marias) resultados também contribuam na avaliação da biota Plano de Monitoramento das Obras Emergenciais – Qualidade das aquática e na recuperação da bacia hidrográfica. Águas Superficiais, Sedimentos e Efluentes (PMO)

Programa de Apoio à Biodiversidade (PAB)

Programa de Monitoramento Sedimentológico

18 A primeira versão do Plano de Reparação Socioambiental foi protocolada em outubro de 2019. Na proposta de reparação é previsto o debate com os vários atores do processo. Os dados sobre os programas (capítulo 3), ora apresentados, referem-se a essa primeira versão, ainda não discutida e/ou aprovada pelos órgãos públicos.

25 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Planos e Programas Objetivo

Plano de Caracterização, Reabilitação e Monitoramento da A Nota Técnica nº 2/FEAM/DOCUMENTACAOB1/2019 Qualidade do Solo e da Água Subterrânea solicita a apresentação deste Plano, “com o intuito de caracterizar e monitorar os solos e a água subterrânea Programa de Caracterização dos Solos e propor ações de intervenção/remediação, quando forem identificados níveis de contaminação que Programa de Avaliação e Monitoramento da Capacidade Hídrica e possam causar riscos ao meio ambiente e à saúde da Qualidade da Água dos Aquíferos humana”. Programa de Gerenciamento de Rejeitos Carreados pelo Rompimento da Barragem B1

Plano de Monitoramento da Qualidade do Ar Apresentar as diretrizes que possibilitem o controle das emissões de material particulado e gases de combustão por meio de procedimento operacionais e ações específicas, bem como propor um monitoramento da qualidade do ar e sua avaliação, conforme Relatório Técnico GESAR nº 8/2019 emitido pela FEAM. Elaboração de inventário e estudo de dispersão atmosférica. Elaboração de análise química e morfológica da poeira.

Plano de Restauração da Biodiversidade e Ecossistemas Apresentar ações que concernem à restauração de Aquáticos Impactados habitat aquáticos, bem como a execução de ações fora das áreas diretamente e indiretamente afetadas. Programa de Prevenção à Introdução de Espécies Exóticas

Programa de Renaturalização de Leitos e Margens

Plano de Restauração da Biodiversidade e Ecossistemas Recuperar as áreas de ecossistemas degradados Terrestres Impactados e/ou alterados da bacia do ribeirão Ferro-Carvão de forma a restabelecer as características físicas, Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) biológicas e sociais o mais próximo das condições originais pretéritas à degradação, para a consequente Programa de Compensação Legal recuperação de suas funções ecológicas e serviços ecossistêmicos.

Plano de Ação para Proteção à Fauna Mitigar os impactos incidentes sobre a fauna doméstica e silvestre, em decorrência do rompimento Programa de Reabilitação e Reintrodução de Animais Silvestres das barragens B1, B4 e B4-A da Mina do Córrego do Feijão. Programa de Resgate Emergencial de Ictiofauna

Programa de Resgate Emergencial de Animais Silvestres e Domésticos

Programa de Prospecção, Resgate e Monitoramento de Abelhas Nativas

Plano de Monitoramento da Biodiversidade Avaliação e monitoramento dos efeitos do rompimento da barragem B1 e das obras emergenciais, sobre a Programa de Monitoramento da Biota Aquática biota terrestre e aquática na bacia do Rio Paraopeba, além de acompanhar a efetividade das ações de Programa de Monitoramento da Biota Terrestre recuperação em implantação. Programa de Monitoramento de Ecotoxicidade e Bioacumulação

Programa de Monitoramento de Macrófitas Aquáticas Flutuantes Livres

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Planos e Programas Objetivo

Plano de Comunicação para o Plano de Reparação Possibilitar que os diversos públicos interessados Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba tenham acesso às informações relacionadas à mitigação, reparação e compensação dos danos causados pelos rompimentos das barragens da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais. Criar e implantar novos canais de comunicação entre a VALE S/A e a sociedade – em especial a população atingida pelo rompimento das barragens, garantindo acesso aos diversos aspectos relacionados ao Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba, às medidas a serem adotadas para reparar, restaurar, restituir e remediar os danos causados, de maneira preventiva e proativa. Promover e possibilitar a participação dos públicos de interesse, contribuindo para a construção de uma comunicação eficiente e transparente.

Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Formar uma rede de educação ambiental na bacia do Rio Paraopeba (PEABP) rio Paraopeba voltada para a melhoria da qualidade de vida das populações por meio da promoção de diálogos e de sinergia entre o Plano de Reparação Socioambiental e as ações de educação ambiental municipais, a partir da construção de espaços coletivos de intervenção educadora e fortalecimento das estruturas de participação social.

Programa de Ressignificação do Território Fortalecimento dos vínculos de pertencimento e de identidade, por meio da reelaboração da percepção e significados que os moradores atribuíram um dia, e atribuem agora, ao território e sobretudo à vida “interrompida” ou “suspensa”, após o rompimento das barragens da Mina Córrego do Feijão, por meio da envolvimento efetivo da comunidade na escolha e participação das ações socioculturais, obras de reconstrução de alguns lugares de memórias – uma vez que uma parte não poderá ser reconstruída – e ações relacionadas aos outros programas socioambientais previstos no Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba.

Plano de Dinamização de Territórios Rurais* Reparar e compensar os impactos no território rural, promovendo a melhoria da qualidade/ Programa de Apoio Técnico para Reestruturação das Atividades quantidade da água do rio Paraopeba, da qualidade Rurais de vida da população rural pela reorganização dos sistemas produtivos, do fornecimento de serviços Programa de Segurança Hídrica em Comunidades Rurais ecossistêmicos, a estruturação institucional e Programa de Conservação e Recuperação de Nascentes ** intersetorial, e a ressignificação do território.

Programa de Gestão de Serviços Ecossistêmicos

Programa de Saúde Integral e Coletiva Restaurar e promover a saúde integral e coletiva das populações atingidas pelo rompimento das barragens B1, B4 e B4-A do Córrego do Feijão com ações de curto, médio e longo prazos.

Fomentar e promover ações de educação permanente em saúde integral e coletiva para profissionais, gestores da saúde e áreas afins, como meio ambiente, assistência social, e educação, bem como para lideranças comunitárias para a melhoria da promoção da saúde da população nos territórios.

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Planos e Programas Objetivo

Plano de Apoio à População Atingida Garantir a reparação social e contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, famílias Programa Referência da Família e comunidades atingidas pelo rompimento das barragens B1, B4 e B4-A do Córrego do Feijão por Programa de Assistência Integral aos Atingidos (PAIA) meio de ações divididas em dois programas a saber: Programa de Assistência Integral aos Atingidos (PAIA) e o Programa de Referência da Família, provendo assistência e atendimento sistemático e continuado.

Plano de Desenvolvimento Econômico Visa o restabelecimento dos níveis de emprego e renda e da atividade econômica, nos municípios da Programa de Retomada da Economia e Desenvolvimento Regional área de estudo, por meio da execução de ações que contemplem as principais cadeias produtivas Programa de Monitoramento da Dinâmica Econômica impactadas pelo rompimento das barragens B1, B4 e B4-A, buscando alternativas para o desenvolvimento destas cadeias produtivas e de outros segmentos econômicos. Visa ainda monitorar a dinâmica econômica da área atingida por meio de um Sistema de Monitoramento de Indicadores, e o empoderamento dos proprietários rurais atingidos para que estabeleçam suas atividades produtivas em novo patamar.

Programa de Monitoramento Sociodemográfico Analisar as alterações sociais (desenvolvimento humano e municipal, vulnerabilidade social, saúde, assistência social, habitação, segurança) e demográficas, decorrentes do rompimento das barragens e/ou pelas medidas de mitigação, como obras e indenizações emergenciais, e acompanhá-las, por meio de indicadores sociodemográficos, propondo, quando couber, ajustes e complementações nas ações a serem desenvolvidas pela VALE S/A no âmbito do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba e/ou órgão públicos – no que tange a políticas públicas.

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Planos e Programas Objetivo

Plano de Proteção e Salvaguarda do Patrimônio Histórico e O Plano de Proteção e Salvaguarda do Patrimônio Cultural Histórico e Cultural segue a legislação brasileira de proteção ao patrimônio cultural e as avaliações sobre Programa de Levantamento Arqueológico e Histórico os impactos ocasionados sobre os bens culturais em decorrência do rompimento das barragens B1, B4 e Programa de Resgate Arqueológico B4-A da Mina Córrego do Feijão e obras emergenciais Programa de Monitoramento Arqueológico de reparação das bacias do rio Paraopeba e do ribeirão Ferro-Carvão. Este plano foi elaborado pela Programa de Musealização Arcadis para a VALE S/A, tendo como objetivos principais apresentar ações e medidas para o controle, Programa de Inventário de Bens Culturais de Natureza Material e mitigação e, em última instância, de compensação dos Imaterial impactos ao patrimônio cultural e promover a proteção, salvaguarda, valorização e difusão do Patrimônio Programa de Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial de Cultural Brasileiro. Brumadinho

Programa de Registro da Memória

Programa de Registro Fotográfico e Audiovisual do Patrimônio Cultural Material e Imaterial

Programa de Resgate da Memória das Comunidades Afetadas

Programa de Monitoramento do Patrimônio Cultural

Programa “Patrimônio Turístico Visto de Cima”

Programa de Educação Patrimonial

Programa de Ações para conservação do Patrimônio Como procedimentos preventivos, serão realizadas Espeleológico análise de relevância espeleológica das cavidades Fecho do Funil III e IV; Realização de imunização preventiva nos animais domésticos.

Programa de Acompanhamento e Monitoramento das Obras de Visa monitorar e acompanhar o processo de Recuperação das Infraestruturas Públicas Impactadas recuperação das infraestruturas públicas impactadas pelo rompimento das barragens B1, B4 e B4-A, como os sistemas de abastecimento de água, as vias e acessos, as instalações de energia elétrica e outras consideradas públicas.

Programa de Caracterização dos Impactos sobre os Direitos Contribuir para o dimensionamento real dos impactos Minerários no setor minerário e para a continuidade de suas atividades, a fim de que ocorram de forma segura e sustentável, além de garantir que sejam realizadas as devidas compensações financeiras aos afetados pelos impactos causados neste setor.

Programa de Caracterização e Monitoramento de Impactos Subsidiar a caracterização dos principais impactos Cumulativos cumulativos decorrentes do rompimento das barragens B1, B4 e B4-A da Mina Córrego do Feijão, bem como dos empreendimentos localizados na bacia do rio Paraopeba, bem como dos provenientes da interação com os impactos dos outros empreendimentos da bacia; além de realizar o monitoramento desses impactos.

Elaboração: Arcadis, 2020.

OBS.: * O Plano de Dinamização de Territórios Rurais é resultado de organização interna dos quatro programas listados, estes já protocolados. **O Programa de Conservação e Recuperação de Nascentes faz parte do Plano de Dinamização de Territórios Rurais, porém trata-se de um programa de compensação.

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1.1.1.D. Diagnóstico da educação ambiental na área de estudo 1.1.1.D.a. Aspectos metodológicos Com a finalidade de diagnosticar o status da educação ambiental nos municípios que com- põem a área de estudo do meio socioeconômico do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba, optou-se por realizar levantamento exploratório na internet e, a partir dos dados coletados, analisar a situação atual e as potencialidades para o PEABP.

Para a realização da pesquisa foram elaborados cinco roteiros distintos: i) educação ambien- tal no município; ii) meio ambiente no município; iii) sala verde; iv) educação ambiental em Unidade de Conservação; v) educação ambiental no licenciamento ambiental. Cada um dos roteiros foi adequado a uma planilha no Excel, de modo a facilitar o filtro dos dados e permitir, posteriormente, a complementação de dados e informações, transformando-se em ferramenta de trabalho para o PEABP. Além dos roteiros, a pesquisa apresenta o perfil da educação nos 22 municípios integrantes da AE, com dados da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) sobre o número de escolas, matrículas e docentes.

O primeiro roteiro (educação ambiental no município) foi direcionado para o levantamento das ações de educação ambiental no âmbito de cada um dos 22 municípios da área de estudo, realizadas prioritariamente na última década. Contudo, este não foi um critério excludente, em razão da significância da ação/tema ou da ausência de informações atualizadas sobre o pro- grama/projeto ou ação pesquisado.

O levantamento foi realizado no período compreendido entre os dias 5 e 16 de março de 2020. A composição dos dados do roteiro de pesquisa está apresentada no Quadro 1-3

Quadro 1-3 – Informações do roteiro de pesquisa – Educação ambiental nos municípios da Área de Estudo.

Dado Conteúdo desejado

Município Nome do município pesquisado

Existência ou referência a programa/ Se há ou não projeto/ação de Educação Ambiental (EA)

Data de início Data de início da ação

Status Se o programa/projeto/ação pesquisado está em andamento ou finalizado

Vínculo com processos de Licenciamento Se o programa/projeto/ação pesquisado possui vínculo ou não com processos Ambiental de licenciamento ambiental

Executor Instituição responsável pela execução do programa/projeto/ação pesquisado

Nome do programa/projeto/ação Com que nome é divulgado o programa/projeto/ação

Categoria Temática Em qual categoria temática se enquadra*

Histórico Breve relato das ações e resultados

Público-alvo A qual público-alvo o programa/projeto/ação pesquisado se destina

Em que âmbito geográfico acontece o programa/projeto/ação pesquisado. Se Abrangência local, municipal, estadual, regional, nacional, internacional

Periodicidade Se pontual ou contínuo

Parcerias Identificação das parcerias realizadas

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Dado Conteúdo desejado

Financiamento Se público, privado ou público e privado

Contatos Responsável, endereço, telefone e e-mail

Observações Recomendações e/ou impressões do pesquisador

Fonte Links pesquisados Nota: *os programas/projetos/ações foram agregados por temas, conforme indicado adiante (Quadro 14 – Categorias Temáticas e Ações de Educação Ambiental nos Municípios da Área de Estudo). Elaboração: Arcadis, 2020.

Para obtenção dessas informações foram pesquisados os sites oficiais das 22 prefeituras municipais da área de estudo. Por meio do portal meioambiente.mg acessaram-se quatro órgãos estaduais:

• Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) • Instituto Estadual de Florestas (IEF) • Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) • Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam)

Também foi realizada consulta junto à Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), à Agência Peixe Vivo e aos Comitês de Bacias Hidrográficas do São Francisco e do Paraopeba.

No âmbito da administração federal foram consultados os sites do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Ainda, foram consultados sites de Organizações Não Governamentais (ONG) com atuação no território, universidades, institutos de pesquisa, além de jornais eletrônicos.

A Plataforma MonitoraEA19, parte do Sistema Brasileiro de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas e Projetos de Educação Ambiental, do Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA), é uma ferramenta digital que visa facilitar o monitoramento e a avaliação de políticas e projetos de Educação Ambiental, mediante acesso digital às informações sobre projetos existen- tes em todo o território nacional. No estágio atual de implantação não há informações disponíveis sobre os municípios da área de estudo. No entanto, a Plataforma MonitoraEA tem potencial para ser um locus de informação muito importante, à medida em que for sendo alimentado.

Após a coleta das informações sobre a educação ambiental nos municípios procedeu-se à análise dos programas, projetos e ações, identificando-se os temas pertinentes e promovendo seu agrupamento em categorias temáticas, conforme apresentado no Quadro 1-4.

Quadro 1-4 – Categorias temáticas e ações de educação ambiental nos municípios da Área de Estudo.

Categorias temáticas Tipo de ação

Agroecologia Fortalecimento da produção familiar agroecológica e alimentação saudável.

Arte-educação, cultura, meio Ações ligadas a expressões culturais. ambiente e cidadania

19 Plataforma MonitoraEA, disponível em: https://www.funbea.org.br/plataforma-monitoraea/. Acesso em: 13 abr. 2020.

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Categorias temáticas Tipo de ação

Arborização Plantio de mudas em espaços públicos (praças, escolas, parques, ruas).

Conservação e Biodiversidade Estímulo à recuperação, conservação e proteção ambiental.

Palestras, cursos, oficinas, seminários, workshops, para professores, outros Cursos de capacitação profissionais e alunos.

Gestão Ambiental Construção de planos estratégicos e práticas sustentáveis.

Gestão de Resíduos Promoção da destinação correta de resíduos e coleta seletiva.

Recursos Hídricos Cuidado, proteção e conservação dos recursos hídricos, em especial nascentes e mananciais.

Saúde Prevenção e cuidados com a saúde.

Atividades pontuais com o objetivo de aproximar o público da temática ambiental, por Sensibilização socioambiental exemplo: vivências na natureza, eventos, campanhas educativas.

Sustentabilidade e geração de renda Uso adequado de espécies e materiais com a finalidade de geração de renda. Elaboração: Arcadis, 2020.

Entendeu-se como importante para o diagnóstico da educação ambiental na área de estudo, saber como se encontra estruturada institucionalmente a gestão ambiental em cada um dos mu- nicípios. Para tanto, procedeu-se à consulta nos sites oficiais dos municípios, onde se obtiveram os dados para preenchimento da planilha que seguiu o roteiro apresentado no Quadro 1-5.

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Quadro 1-5 – Informações do roteiro de pesquisa – Meio ambiente no município.

Dado Conteúdo desejado

Município Nome do município pesquisado

Meio ambiente na estrutura municipal (Secretaria Em qual secretaria ou órgão da administração municipal estão a gestão responsável pelas ações de meio ambiente) ambiental e as ações de educação ambiental

Conselho de Meio Ambiente Há ou não conselho municipal de meio ambiente instituído

Regulamentação do Conselho Instrumento legal que institui o conselho

Se existe Política/Plano Municipal de Educação Ambiental e se há Plano Municipal de Educação e a educação menção à educação ambiental no Plano Municipal de Educação. Em ambiental caso positivo, breve descrição.

Fonte Links pesquisados

Elaboração: Arcadis, 2020.

Com relação à estrutura presente nos municípios vinculada à educação ambiental, procedeu-se ao levantamento da existência de Salas Verdes no âmbito do Projeto Salas Verdes do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Criado no ano de 2000 e gerenciado pelo MMA, o projeto incentiva a implantação de espaços socioambientais, com o objetivo de constituí-los como Centros de Informação e Formação Ambiental20. Para a pesquisa se- guiu-se o roteiro, conforme o Quadro 1-6.

Quadro 1-6 – Informações do roteiro de pesquisa – Sala Verde.

Dado Conteúdo desejado

Município Nome do município pesquisado

Sala Verde Nome da Sala Verde

Instituição responsável Nome da instituição, pública ou privada, responsável pelo projeto

Contatos Responsável, endereço, telefone e e-mail

Fonte Links pesquisados

Elaboração: Arcadis, 2020.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente a dimensão básica de qualquer Sala Verde é a disponibilização e democratização da informação ambiental, colaborando para a construção de um espaço, que além do acesso à informação, ofereça a possibilidade de reflexão e construção do pensamento/ação ambiental.

Nas pesquisas realizadas foram localizadas quatro Salas Verdes, duas em Betim e duas em Brumadinho, chanceladas pelo MMA. Das quatro salas, duas estão sob a gestão das prefeitu- ras, e duas são gerenciadas por organizações não governamentais em Betim e Brumadinho, como apresenta o Quadro 1-7.

20 Salas Verdes, disponível em: http://bibliotecasalaverde.blogspot.com/p/o-que-e-sal-verde.html. Acesso em: 20 abr. 2020.

33 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Quadro 1-7 – Salas Verdes na Área de Estudo. Município Sala Verde Instituição Responsável

Betim Espaço de Ação e Transformação Prefeitura Municipal de Betim

Betim Verde Estar Missão Ramacrisna

Brumadinho Meta Sala Verde Prefeitura Municipal de Brumadinho

Brumadinho Sala Verde Inhotim Instituto Inhotim Elaboração: Arcadis, 2020.

Com o objetivo de identificar os projetos de educação ambiental desenvolvidos nas unidades de conservação (UC), identificaram-se, primeiramente, as UC existentes na área de estudo. Para tanto, foram utilizadas as informações geradas no Capítulo 1 – Diagnóstico Pretérito, do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba. As UC foram ali identi- ficadas a partir de buscas bibliográficas e pelos sites do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IDE-Sisema) e estudos apresentados aos órgãos ambientais na região da bacia do rio Paraopeba.

Para o levantamento específico das ações de educação ambiental em UC foram consultados os instrumentos legais de criação das UC, os sites das instituições responsáveis pela gestão, os portais eletrônicos de prefeituras e os canais de mídia eletrônica.

O levantamento coletou os dados, conforme roteiro sintetizado no Quadro 1-8.

Quadro 1-8 – Informações do roteiro de pesquisa – Educação ambiental em Unidade de Conservação. Dado Conteúdo desejado

Unidade de Conservação Nome da UC

Grupo Proteção integral ou uso sustentável

Âmbito da administração Municipal, estadual ou federal

Município Nome do município(s) abrangido(s) pela UC

Bioma Mata Atlântica ou Cerrado

Descrição Projeto de EA Breve relato das ações e resultados

Contatos Responsável, endereço, telefone e e-mail

Observações Recomendações e/ou impressões do pesquisador

Fonte Links pesquisados

Elaboração: Arcadis, 2020.

Para conhecer os projetos de educação ambiental vinculados aos processos de licenciamento ambiental localizados na área de estudo, procedeu-se à pesquisa no Sistema Integrado de Informação Ambiental (Siam). Na primeira etapa do trabalho filtraram-se, prioritariamente, os municípios de Brumadinho, Betim, Mário Campos e São Joaquim de Bicas. Numa segunda etapa, foram selecionados processos de licenciamento relacionados às categorias de empre- endimento de maior porte, especificamente linhas de transmissão (LT), hidrelétricas (UHE), pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e mineradoras.

34 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

A partir da identificação dos processos, foram priorizados e selecionados aqueles relacionados às Licenças de Operação (LO), de Instalação (LI) e Prévia (LP), nesta ordem. Cada processo de licença de atividade abre para consulta de 15 a 200 documentos. Nestes, os pareceres úni- cos e os relatórios de condicionantes devem ser checados na busca por relatórios dos PEA, resultando numa busca extensa e completa sobre o assunto.

O Quadro 1-9 apresenta o tipo de dado coletado, constantes no roteiro pré-estabelecido para o levantamento da educação ambiental no licenciamento ambiental.

Quadro 1-9 – Informações do roteiro de pesquisa – Educação ambiental no licenciamento ambiental.

Dado Conteúdo desejado Empreendedor Nome da empresa em processo de licenciamento

Empreendimento relacionado Tipo de empreendimento: UHE; PCH; LT; Mineração etc.

Tipo de licença Se o projeto é atrelado à Licença Prévia (LP); Instalação (LI); Operação (LO)

Licenciamento Âmbito: estadual ou federal

Nome do Programa de Educação Ambiental Com que nome é divulgado o programa/projeto/ação (PEA)

Período Data inicial e final do projeto

Municípios que abrange Nome do município(s) abrangido(s) pelo PEA

Tema Em que categoria temática se enquadra

Público-alvo A quem se destina

Periodicidade Se pontual ou contínuo

Objetivo Qual o propósito do projeto

Ações/Metodologia Breve relato das ações e resultados

Referências normativas IN 02 (Ibama) ou DN Copam (estado)

Observações Recomendações e/ou impressões do pesquisador

Fonte Links pesquisados Elaboração: Arcadis, 2020.

O perfil da educação nos municípios baseia-se em informações do Capítulo 1 do Plano de Reparação, a partir da pesquisa no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e traz dados sobre a estrutura educacional (quantidade de escolas muni- cipais, estaduais, federais e privadas na área urbana e rural) e número de matrículas no ensino básico (infantil, fundamental e médio) nos 22 municípios da área de estudo, além da relação do número de professores em atividade nas escolas municipais, estaduais, federais e privadas, na área urbana ou rural, dos 22 municípios em questão.

Adicionalmente aos dados coletados a partir dos levantamentos pela internet, houve o registro de informações que foram obtidas por telefone ou presencialmente. Isso aconteceu em duas situa- ções distintas. Quando não se obtiveram informações sobre as ações de determinado município houve contato direto, via telefone, da VALE S/A com a prefeitura, representada pelas Secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde, ou a partir de visitas das áreas de Educação Ambiental, Relacionamento com Comunidades, Relacionamento Institucional e Vigilância Epidemiológica. Outras informações foram identificadas em reuniões inseridas nas ações preliminares do PEABP, conforme será descrito adiante. Ao final, tem-se que, dentre os 22 municípios da área de estudo, apenas em Pequi não foi possível obter informações, até o momento.

35 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Finalmente, considera-se importante apresentar alguns aspectos relacionados ao presente estudo:

1. A utilização da internet como ferramenta para as consultas permitiu a obtenção de dados e informações em curto espaço de tempo, o que possibilitou a apreensão de um panorama da educação ambiental no território.

2. O levantamento secundário tem um caráter exploratório, e será aprimorado mediante o contato direto com os atores, via telefone, nas reuniões de articulação do PEABP, ou na realização dos Diagnósticos Socioambientais Participativos (DSP).

3. Uma das limitações da consulta pela internet diz respeito à falta de estrutura e de atualização dos sites, sobretudo os portais das prefeituras. Foram identificados trabalhos e projetos rea- lizados ou em execução que não são divulgados naqueles espaços, limitando as possibilida- des de parcerias, financiamentos, replicação de ações exitosas para outras prefeituras etc.

1.1.D.b. Diversidade das ações de EA no território Os resultados obtidos nos levantamentos realizados via internet e complementados por con- sultas diretas realizadas pela equipe do PEABP-VALE S/A e pelas áreas de Relacionamento Institucional e Relacionamento com Comunidades, também da VALE S/A, permitiram a cons- trução de uma base de informações para dar suporte a visões estratégicas, considerando a realidade dos fatos e eventos em educação ambiental que ocorrem nos 22 municípios que compõem a área de estudo.

Foi identificado o total de 103 projetos de educação ambiental no território. O município com maior número de projetos foi Brumadinho (26,21% ou 27 projetos), seguido por Betim (12,62% ou 13 projetos) (Figura 1-2). No município de Pequi não foi localizado nenhum programa/proje- to/ação relacionado à educação ambiental.

Figura 1-2 – Número de projetos de educação ambiental por município.

120 103 100

80

60

40 27 20 13 8 6 5 5 5 5 4 6 1 2 3 1 1 1 2 3 0 2 2 1 0

Elaboração: Arcadis, 2020.

36 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

A Figura 1-2 permite observar a seguinte composição, segundo a quantidade de programas/ projetos/ações: a. os municípios de Brumadinho (27) e Betim (13) têm a maior quantidade de programas/ projetos/ações; b. um grupo intermediário, liderado por Curvelo (8), e seguido imediatamente por Pará de Minas e Caetanópolis (6); e depois aparecem Esmeraldas (5), Felixlândia (5), e Inhaúma (5); e c. o grupo com menor número, composto por Mário Campos (4), Fortuna de Minas e Paraopeba (3); Florestal, Papagaios, Pompéu e São Joaquim das Bicas (2); Cachoeira da Prata, , Maravilhas, Mateus Leme e São José de Varginha (1), e Pequi (0).

O levantamento permitiu, inicialmente, a configuração do Quadro 1-10 que apresenta os pro- gramas/projetos/ações de Educação Ambiental agrupados de acordo com a categoria temática proposta após a coleta das informações.

Quadro 1-10 – Categorias temáticas e ações de educação ambiental executadas.

Número de Categoria temática Ações ações

Fortalecimento da produção familiar agroecológica e cardápios de alimentação Agroecologia 1 saudável, cultivo de hortas e compostagem nas escolas.

Oficinas de teatro, circo, capoeira, música e artesanato, além de atividades como Arte-educação, contação de histórias e exibição de vídeos educativos (Cine Guará). cultura, meio 3 Promoção de visitas guiadas e troca de informações sobre acervo de artes, ambiente e botânica e meio ambiente. cidadania Estímulo à preservação de tradições culturais, patrimônio e ambiente natural.

Arborização 9 Plantio de mudas em espaços públicos (praças, escolas, parques, ruas).

Promoção de atividades para prevenção e combate às queimadas rurais e urbanas.

Criação de Ecomuseu.

Conservação e Informação sobre conservação ambiental na Serra da . 10 biodiversidade Readaptação à vida silvestre de aves para posterior soltura no habitat natural.

Manejo adequado do minhocuçu.

Estímulo à proteção ambiental das veredas.

Curso de Palestras, cursos, oficinas, seminários, workshops, para professores, outros 5 Capacitação profissionais e alunos.

Construção de Plano Estratégico para gestão – Desenvolvimento Sustentável.

Construção de Plano Estratégico para Gestão – Educação Ambiental.

Gestão Ambiental 5 Adoção de práticas sustentáveis na administração pública.

Apoio às cidades rumo ao desenvolvimento urbano de baixo carbono.

Adoção de práticas sustentáveis na administração pública.

37 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Número de Categoria temática Ações ações

Atividades para promover a destinação correta de resíduos e a coleta seletiva (gestão de resíduos).

Gestão de Resíduos 10 Reaproveitamento de material reciclável. Estímulo à coleta seletiva e doação de alumínio.

Atividades para recuperação e revitalização da lagoa de dejetos.

Ações de cuidado, proteção e conservação de nascentes e mananciais.

Identificação de problemas e potenciais a partir da unidade territorial Bacia Hidrográfica.

Informação sobre equilíbrio climático no Brasil e no mundo.

Promoção do uso racional e sustentável da água (conservação da qualidade da Recursos Hídricos 19 água).

Ações de informação e capacitação sobre temas ambientais diretamente relacionados aos recursos naturais.

Esclarecimentos sobre a cobrança do uso da água – Comitê de Bacias.

Recuperação hidroambiental.

Prevenção e cuidados com animais peçonhentos.

Saúde 4 Prevenção da saúde.

Informação sobre plantas medicinais.

Informação sobre temas como lixo, degradação, água etc.

Informação sobre os temas ambientais mais importantes para o município.

Prestação de serviços à comunidade e atividades de lazer, cultura, educação ambiental, esportes

Sensibilização para a importância da água na manutenção da vida. Sensibilização 34 Vivências na natureza, eventos, campanhas educativas. Socioambiental Informação sobre conservação da água.

Estímulo à preservação ambiental.

Abraço para promover a conservação da lagoa recém revitalizada.

Atividades pontuais: palestras, cursos, vivências na natureza, oficinas, blitz seminários, workshops, exposições, doação de mudas.

Promoção da geração de renda (de catadores) por meio de coleta de óleo de Sustentabilidade e 3 cozinha e produção de sabão. Geração de Renda Estímulo à conservação de espécie nativa para geração de renda (pequi)

Elaboração: Arcadis, 2020.

A análise do Quadro 1-10 aponta que a maioria dos projetos estão na categoria denominada “Sensibilização Socioambiental”. Conforme indicado no item 1.1.D.a, “Aspectos metodológi- cos”, essa categoria temática inclui atividades pontuais que têm o objetivo de aproximar o pú- blico da temática ambiental lato sensu ou de algum tema específico. Muitas vezes vinculam-se a momentos específicos como Semana ou Dia do Meio Ambiente, Aniversário do Município, Dia da Árvore, Dia Mundial da Água etc. As ações compreendem palestras, vivências práticas, oficinas, cursos rápidos, workshops, trilhas, blitz ambiental, exposições e feiras.

38 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Na trajetória de implantação da Educação Ambiental, encontram-se na literatura diferentes dis- cursos e diversas maneiras de concebê-la e praticá-la. Correntes de longa tradição denomina- das de Naturalista, Conservacionista e Recursionista, partilham da concepção de meio ambien- te focada na natureza, no recurso ambiental, numa percepção naturalista e antropocêntrica.

Constata-se ainda, nessas correntes, a tendência acentuada de pensar a educação ambiental de forma pontual, a prática pela prática, sem levar em consideração a problematização, sem a compreensão do que e para que se faz determinada intervenção.

Por conseguinte, cabe destacar que o PEABP se ancora na corrente da Educação Ambiental Crítica, que tem explícita sua concepção de meio ambiente focada nas múltiplas dimensões do ser humano em interação com o conjunto de dimensões do meio ambiente, o pertencimento, a responsabilidade, a possibilidade de transformação individual e coletiva. A educação ambiental nessa corrente é estruturada e desenvolvida de maneira contínua, transversal e transdisci- plinar, voltada para a formação do indivíduo crítico, capaz de efetuar uma leitura do mundo contextualizada histórica, social e politicamente, compreendendo suas relações com a questão ambiental, e ainda, capaz de se mobilizar, se empoderar e desencadear uma ação transforma- dora e ativa nos ambientes aos quais pertence.

A Figura 1-3 permite a visualização da distribuição do número de programas/projetos/ações pelas categorias temáticas.

Figura 1-3 – Número de projetos por categoria temática.

Sustentabilidade e Geração de Renda 3 Sensibilização Socioambiental 34 Saúde 4 Recursos Hídricos 19 Gestão de Resíduos 10 Gestão Ambiental 5 Curso de Capacitação 5 Conservação e biodiversidade 10 Arborização 9 Arte-educação, cultura, meio ambiente e… 3 Agroecologia 1

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Elaboração: Arcadis, 2020.

Com relação a temas específicos, observa-se que ações vinculadas aos “Recursos Hídricos” são as mais numerosas, com a identificação de 19 projetos, desenvolvidos em 13 municípios. São projetos de proteção e conservação de nascentes e mananciais, promoção do uso racional e sustentável da água. Esse tema pode denotar maior mobilização do público, decorrente da preocupação em relação à qualidade e à quantidade da água, além de demonstrar iniciativa das instituições públicas e/ou privadas voltadas a esse tema.

Trata-se de um ponto importante para o PEABP, tanto em termos de cardápio de aprendizagem como de potenciais parcerias, posto que um dos principais impactos decorrentes do rompimen- to das barragens B1, B4 e B4-A é justamente relacionado à restrição do acesso à água ao lon- go do curso do rio Paraopeba, e que um dos eixos estruturantes do cardápio de aprendizagem

39 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 do PEABP no contexto dos projetos dos Coletivos Jovens, Coletivos Educadores e Formação de Educadores e Gestores, denominado “Dinâmica Ecológica do Nosso Território”, insere-se no âmbito da reparação, com o objetivo de permitir o diálogo com os jovens, junto às comuni- dades e atores sociais, sobre os impactos e danos causados pelo rompimento das barragens, e sobre os programas e ações do Plano de Reparação Socioambiental. Além do tema Recursos Hídricos, esse eixo aborda também os temas de Resíduos Sólidos, Bacia Hidrográfica, Minério- dependência e Valorização dos aspectos territoriais e da Biodiversidade.

No que tange aos recursos hídricos, deve-se fazer referência ao rio Paraopeba como elemento identitário para as populações, que vai além da questão da segurança hídrica, remetendo-se à valorização do rio na paisagem.

Importa destacar o Programa Pró-Mananciais, desenvolvido desde 2017 pela Copasa, em Minas Gerais. Este programa, classificado na categoria de Recursos Hídricos, mantém ações preventi- vas com o objetivo de evitar a degradação, por meio do cuidado, da proteção e da recuperação das águas e dos pequenos cursos d’água, desde a sua nascente, até o ponto de captação. Em 2020 são 224 municípios em Minas Gerais fazendo parte desse programa, nove deles, Betim, Brumadinho, Esmeraldas, Felixlândia, Florestal, Igarapé, Maravilhas, Mateus Leme, Paraopeba e São Joaquim de Bicas, estão inseridos na área de estudo do Plano de Reparação.

A atuação do Programa Pró-Mananciais representa um importante instrumento de mobilização social, sendo suas ações voltadas para a consolidação de parcerias com comunidades locais, po- der público, representantes de escolas públicas, órgãos estaduais e ONG, entre outros. No caso do Pró-Mananciais, os coletivos são chamados de Coletivos Locais de Meio Ambiente (Colmeia), são grupos formados em cada município que recebem e acompanham o programa em todas as etapas do seu desenvolvimento – diagnóstico da bacia hidrográfica, planejamento, execução e monitoramento das ações –, criando-se assim, um ambiente de responsabilidade e gestão com- partilhada, de solidariedade, criatividade e protagonismo, a partir da formação de coletivos.

A análise dos dados coletados e demonstrados na Figura 1-3 aponta que a temática “Conservação e Biodiversidade” está presente em 10 projetos, e suas principais ações são manejo de fauna, prevenção e combate a queimadas nas áreas urbanas e rurais. Dentro dessa categoria, chama atenção o “Projeto Educação Ambiental: sensibilização sobre a importância da conservação de es- pécies do Cerrado”, executado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pelo Instituto Sustentar, envolvendo estudantes de escolas públicas (municipais e estaduais) das áreas urbana e rural, no território quilombola de Pontinha e no Povoado de Picada, localizados no município de Paraopeba. Uma derivação desse projeto foi o desenvolvimento do Projeto Minhocuçu, nos mu- nicípios de Paraopeba, Curvelo e Caetanópolis. Esse projeto é voltado para o uso sustentável do minhocuçu, bem como contribui para geração de renda na região do baixo Paraopeba, onde o mi- nhocuçu é utilizado como isca para pesca amadora e vendida no conhecido Shopping da Minhoca, formado por barracas no acostamento da BR-040, entre os municípios de Curvelo e Caetanópolis.

Complementando as informações da pesquisa de EA nos municípios, a Figura 1-4 informa sobre a periodicidade dos projetos identificados. A maioria 39,81% (41 projetos) conta com atividades contínuas; 33,98% (35 projetos) são projetos pontuais; e em 26,21% (27 projetos) não foi possível identificar o status do projeto, situação esta, como colocado na metodologia, relacionada, em geral, à falta de atualização dos sites pesquisados. Outra possibilidade, para explicar a falta de informação, é não haver histórico nos sites pesquisados em virtude de o

40 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 projeto ter sido finalizado. No entanto, o que importa nesta pesquisa é a percepção de existir ou ter existido, no caso de algum já ter sido finalizado, algum projeto envolvendo a temática de educação ambiental nos 22 municípios, no intuito de apreender a forma como essa temática é ou foi representada, significada, e qual o objetivo das ações desenvolvidas.

Figura 1-4 – Periodicidade dos projetos.

Periodicidade dos projetos (%)

33,98 26,21

39,81

sem informação contínuo pontual

Elaboração: Arcadis, 2020.

Entre os 22 municípios pesquisados, Brumadinho foi o que apresentou maior número de pro- jetos desenvolvidos (Figura 1-2), assim como foi o que mais apresentou projetos com ações contínuas (Figura 1-5), e com ações realizadas de forma pontual (Figura 1-6).

Figura 1-5 – Projetos contínuos por município.

Projetos contínuos por município (%) 30,00 24,39 25,00

20,00

15,00 12,20 9,76 9,76 10,00 7,32 7,32 4,88 4,88 5,00 2,44 2,44 2,44 2,44 2,44 2,44 2,44 2,44

0,00

Elaboração: Arcadis, 2020.

41 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Figura 1-6 – Projetos pontuais por município.

Projetos pontuais por município (%) 30,00 25,71 25,00

20,00 14,29 15,00

10,00 8,57 8,57 8,57 8,57 5,71 5,71 5,71 5,00 2,86 2,86 2,86

0,00

Elaboração: Arcadis, 2020.

Com relação aos projetos realizados em Brumadinho, os temas relativos aos projetos com ações continuadas (Figura 1-7) são: Arte-educação, cultura, meio ambiente e cidadania (dois projetos); Conservação e Biodiversidade (dois projetos); Gestão de resíduos (três projetos) e Sensibilização Socioambiental (três projetos).

Com relação às temáticas trabalhadas de forma pontual (Figura 1-8), temos os temas Saúde, Sensibilização Socioambiental e Gestão de resíduos sólidos, desenvolvidos por dois projetos respectivamente; e Conservação e Biodiversidade, curso de capacitação e Recursos hídricos, cada tema com um projeto.

Figura 1-7 –Temas projetos contínuos – Brumadinho.

Temas projetos contínuos – Brumadinho 3,5

3

2,5

2

1,5

1

0,5

0 Arte-educação, Conservação e Gestão de resíduos Sensibilização cultura, meio Biodiversidade socioambiental ambiente, cidadania

Elaboração: Arcadis, 2020.

42 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Figura 1-8 – Temas projetos pontuais – Brumadinho.

Temas projetos pontuais – Brumadinho 2,5 2 2 2 2

1,5 1 1 1 1

0,5

0

Elaboração: Arcadis, 2020.

Em relação ao tipo de financiamento dos 103 projetos identificados no território em questão (Figura 1-9), mais da metade, 52,43%, são financiados pelo setor público, em geral prefeituras municipais, por meio da atuação das secretarias. O restante é distribuído em: 5,83% sendo desenvolvidos pela iniciativa privada e 41,75% sem identificação da origem do financiamento. Dos seis projetos com financiamento privados, três estão em Brumadinho, dois em Betim e um em Pará de Minas.

Em Brumadinho os três projetos financiados pela iniciativa privada tratam a questão da edu- cação ambiental a partir das temáticas de Sensibilização Socioambiental (projeto pontual de reflorestamento e projeto de sensibilização por meio do teatro); Arte-educação, cultura, meio ambiente e cidadania (projeto de visita guiada com educadores no Instituto Inhotim, que com- partilham e trocam informações sobre os acervos de arte e de botânica). O público-alvo desses projetos são, em geral, as comunidades escolares e a comunidade como um todo.

Importa destacar que, embora a pesquisa sobre a iniciativa privada tenha focado no financia- mento advindo dos executores principais, existem projetos associados ao setor público ou à so- ciedade civil organizada, e seus parceiros do setor privado. Um exemplo em Brumadinho vem da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Brumadinho (Ascavap), que mantém parceria com a prefeitura local e, também, com algumas empresas. A Ascavap mantém dois projetos: um voltado para sustentabilidade e gestão de resíduos, atuando com palestras, tea- tro, oficinas, campanhas porta a porta para a mobilização de alunos, educadores e comunidade em geral para realização da coleta seletiva no município; outro projeto visando a sustentabilida- de e aumento da geração de renda dos catadores, por meio do empreendedorismo social, além de promover ações contínuas e sustentáveis no âmbito da promoção social e de educação ambiental junto aos moradores do município de Brumadinho, em especial as escolas, comér- cios, empresas e famílias localizadas nos bairros e localidades atendidas pela coleta seletiva.

43 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Figura 1-9 – Tipo de financiamento dos projetos. Tipo de finaciamento dos projetos (%)

41,75

52,43

5,83

não identificado privado publico

Elaboração: Arcadis, 2020.

No geral a maioria dos projetos, 77 entre os 103 identificados, são iniciativas das prefeituras e demais órgãos públicos, e o principal público participante dessas ações (Figura 1-10) são: 42,86%, a comunidade escolar formada por alunos, docentes, coordenadores e demais pro- fissionais das escolas públicas municipais e estaduais; 41,56% a população em geral; 15,58% outros públicos envolvidos com a gestão pública ou colaboradores de empresas.

Figura 1-10 – Público atendido pelas prefeituras e órgãos estaduais. Público atendido pelas prefeituras e órgãos estaduais (%)

15,58 42,86

41,56

Comunidade escolar (alunos, professores e demais profissionais escolas públicas municipais e estaduais) populaçao em geral/comunidades

outros públicos (gestão pública/ colaboradores empresas)

Elaboração: Arcadis, 2020.

Em síntese, a pesquisa geral sobre os conteúdos e temáticas acima apresentados permite de- monstrar o conjunto e a diversidade de escalas, temas e ações que ocorrem em EA na região de estudo.

A este diagnóstico da EA no território, realizado com dados secundários, soma-se a identifica- ção das ações de EA com dados de campo, fruto da ação preliminar do PEABP de interlocução com as prefeituras dos municípios da área de estudo, em particular com as secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde.

A diversidade de atores e temas identificados no território vão de encontro aos objetivos do PEABP, apontando para a possibilidade de engajamento desses atores no Programa e afi- nidades destes com os temas propostos no cardápio de aprendizagem, que visam contribuir

44 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 e a ampliar o conhecimento acerca dos problemas e potenciais socioambientais locais e, ao mesmo tempo, mediar o diálogo e provocar a reflexão e ação sobre questões que mobilizam as comunidades, estimular o desenvolvimento do cuidado individual e coletivo, articular parcerias com vistas ao equacionamento dos problemas levantados e melhoria da condição de vida, a partir dos espaços coletivos organizados previstos no programa.

O PEABP reforça a importância da escola como espaço formativo e de legitimidade social, e como catalisadora de ações que ultrapassam os muros escolares, a partir da realização de projetos nas comunidades das quais escolas fazem parte. Nesse sentido, o PEABP reforça as práticas nas escolas a partir da formação continuada para gestores escolares e professores, a ser explicitada adiante no detalhamento do programa.

Chama atenção na pesquisa, o fato de não terem sido identificados programas estruturados de formação de educadores ambientais. Com esse dado, verifica-se que o PEABP poderá contribuir para o desenvolvimento de uma dinâmica organizada e continuada de formação de educadores ambientais, por meio dos Coletivos, contextualizados no território. Outro ponto a se considerar é que a formação de professores com foco na transdisciplinaridade, oportunizando a compreensão da questão socioambiental de forma sistêmica, com o envolvimento da co- munidade escolar em projetos, visa proporcionar discussões, reflexões e orientações sobre a aprendizagem a partir da vivência cotidiana, subsidiada na percepção e no sentido das coisas, significativa para o educador e para o educando a ponto de promover mudanças de comporta- mento e propiciar interações com os meios em que estejam inseridos.

Os estudos realizados contribuem para a percepção da variedade, amplitude e diversidade de temas, fator positivo por integrar temáticas associadas à reparação socioambiental e aos temas estruturantes propostos no PEABP. Num processo de retroalimentação, os resultados desse levantamento propiciam elementos para a realização dos Diagnósticos Socioambientais Participativos (DSP) e são por este complementados, de forma a alimentar o cardápio de apren- dizagem do programa e os projetos de intervenção educadora (projetos das escolas, projetos da juventude e dos Coletivos Educadores).

Além dos projetos e ações em EA identificados na área de estudo, via pesquisa na internet e nas secretarias municipais, o Projeto Manuelzão21, desenvolvido pela UFMG, é uma referência para o PEABP.

O Projeto existe desde 1997, por iniciativa da Faculdade de Medicina da UFMG, e ocorre na bacia hidrográfica do rio das Velhas. O nome Manuelzão é uma referência a um personagem de Guimarães Rosa e o projeto nasceu de uma experiência dos alunos de medicina em um internato rural, trabalhando na perspectiva da saúde coletiva para além da forma tradicional e assistencialista de cuidar e medicar, privilegiando situações que possam melhorar as condi- ções ambientais e a qualidade de vida de forma ampla e integrada. Nesse sentido, o Projeto Manuelzão e o PEABP alinham-se na concepção filosófica da forma de pensar, estruturar e atuar no território, buscando parcerias.

21 Projeto Manuelzão, disponível em: https://manuelzao.ufmg.br/sobre/. Acesso em: 7 abr. 2020.

45 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

1.1.1.D.c. Educação ambiental em Unidades de Conservação Unidade de Conservação (UC), segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), é o

espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

O SNUC, instituído pela Lei Federal 9.985, de 2000, é o instrumento legal que regulamenta a criação, implantação e gestão das Unidades de Conservação no Brasil. As UC podem ser criadas no âmbito federal, estadual ou municipal. O sistema é organizado em dois grupos, de proteção integral e de uso sustentável, de acordo com as restrições para o uso dos recursos naturais. No grupo de proteção integral não é admitido o uso direto dos recursos, já no grupo de uso sustentável é previsto o uso direto, mas há uma série de critérios para isso. Dentro de cada grupo há um gradiente de restrições e de possibilidades de usos: são as chamadas categorias de manejo. O Quadro 1-11 apresenta as categorias de manejo que compõem os dois grupos e os objetivos de cada categoria (SNUC, 2000).

Quadro 1-11 – Objetivos das UC, de acordo com a categoria de manejo. Grupo Categoria Objetivo Estação Ecológica Preservar a natureza e realizar pesquisas científicas. Preservar integralmente a biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, Reserva Biológica excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. Preservar os ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e Proteção Integral beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o Parque Nacional desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Monumento Natural Preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. Proteger ambientes naturais que asseguram condições para a existência ou Refúgio de Vida Silvestre reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. Área de Proteção Proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e Ambiental assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular Área de Relevante o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos Interesse Ecológico de conservação da natureza. Promover o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa Floresta Nacional científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. Proteger os meios de vida e a cultura de populações nessas áreas, e Reserva Extrativista Uso Sustentável assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. Realizar estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável Reserva de Fauna de recursos faunísticos. Preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e Reserva de os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da Desenvolvimento qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações Sustentável tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações. Reserva Particular do Conservar a diversidade biológica. Patrimônio Natural Elaboração: Arcadis, 2020. Fonte: SNUC, 2000.

46 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

As Unidades de Conservação são consideradas locus muito favoráveis à implementação de ações de educação ambiental, tendo em vista o objetivo central da criação das UC, proteger a di- versidade biológica, torna-se fundamental considerar os seres humanos no processo de criação de UC, como também, a sua integração em programas de educação ambiental dentro das uni- dades, na busca por uma conservação mais efetiva dessas áreas. Um dos objetivos do SNUC é que as UC favoreçam possibilidades de educação e interpretação ambiental, bem como o uso re- creativo e turístico dos ambientes naturais. Uma das diretrizes do SNUC é que sejam buscados:

o apoio e a cooperação de organizações não governamentais, de organizações privadas e pes- soas físicas para o desenvolvimento de estudos, pesquisas científicas, práticas de educação am- biental, atividades de lazer e de turismo ecológico, monitoramento, manutenção e outras ativida- des de gestão das unidades de conservação.

No âmbito federal, o ICMBio conta com um setor responsável pela educação ambiental que tem como objetivo:

Implementar as diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e da Estratégia Nacional de Comunicação e Educação Ambiental (Encea) nas Unidades de Conservação Federais e Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação, com foco no fortalecimento de ações institucionais que promovam a qualificação da participação social na gestão e a promoção da sociobiodiversidade.22

Para a consecução do objetivo são trabalhados eixos voltados à formação de educadores am- bientais internos à instituição e do público externo, com foco nos instrumentos de gestão das UC, como conselho de gestão e planos de manejo, com a finalidade de internalizar a educação ambiental no processo de gestão da UC, produção de materiais, comunicação e articulação interinstitucional.

O site do ICMBio23 apresenta as ações de educação ambiental em Unidades de Conservação no território nacional, com atualização até o ano de 2016. As informações contemplam o bioma, a abrangência, o nome da ação de educação ambiental, o objetivo e os sujeitos prioritários da ação educativa. Há registro, para o ano de 2016, da realização em Minas Gerais do curso des- tinado a gestores das UC “Educação Ambiental no Mosaico de Áreas Protegidas do Espinhaço: Alto – Serra do Cabral – Módulo 2”. Nenhuma das Unidades de Conservação pertence à área para desenvolvimento do PEABP.

No estado de Minas Gerais, o Instituto Estadual de Florestas (IEF)24 tem sua ação ligada à educação ambiental em Unidades de Conservação baseada na regulamentação federal sobre o tema e na legislação estadual. A Lei Estadual nº 20.922/2013 tem como um de seus objetivos estimular a implantação de programas de educação ambiental e de turismo ecológico e prevê a criação de mecanismos de fomento à educação ambiental para proteção da biodiversidade (SEMAD-MG, 2005).

Os objetivos para encaminhamento da educação ambiental nas UC têm como cerne a parti- cipação dos vários atores (comunidades tradicionais, estudantes, vizinhança da UC, escolas,

22 Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/educacaoambiental/o-que-fazemos.html. Acesso em: 28 set. 2020. 23 Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/educacaoambiental/acoes.html. Acesso em: 28 set. 2020. 24 Disponível em: http://www.ief.mg.gov.br/component/content/article/74-educacao-ambiental. Acesso em:28 set. 2020.

47 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 organizações variadas) no processo de criação, implementação e gestão das UC, com valo- rização da diversidade cultural e dos conhecimentos locais, atuando na democratização do acesso ao conhecimento sobre a biodiversidade e as Unidades de Conservação e na inclusão social.

Há uma significativa diversidade de público para os programas de educação ambiental de- senvolvidos nas UC – ou com potencial a serem desenvolvidos – o que contribui para que as UC sejam polos irradiadores ou partícipes ativas nos processos de educação ambiental nas regiões em que se encontram inseridas. A variedade de público dá-se de acordo com as pos- sibilidades e restrições da categoria de manejo, com a localização, com o âmbito da gestão e com a inserção da UC no contexto local ou regional. O IEF indica os potenciais públicos para as ações de educação ambiental nas UC:

• Comunidades do entorno e povos tradicionais residentes; • Produtores rurais; • Lideranças comunitárias rurais e urbanas; • Visitantes; • Comunidade científica, estudantes e professores; • Educadores e comunicadores ambientais; • Gestores públicos e fiscais ambientais; • Servidores e funcionários das Unidades de Conservação; • Voluntários; • Técnicos extensionistas e agentes do desenvolvimento rural; • Tomadores de decisão de entidades públicas e privadas; • Membros do poder legislativo e judiciário; • Sindicatos, movimentos ou redes sociais; • Instituições religiosas; • População em geral.

Algumas das Unidades de Conservação possuem estruturas para as ações de educação am- biental, como centros de visitantes, auditórios, bibliotecas, alojamentos, trilhas, observatórios, entre outros.

Há ainda as Unidades de Conservação criadas e geridas pelas municipalidades e as reservas particulares, estas instituídas por uma das três esferas de poder a partir de ato espontâneo do proprietário e por ele gerida. As ações de educação ambiental nesses casos podem ser bas- tante diversas, dependendo, na maior parte das vezes, dos recursos disponíveis para custear as atividades.

No âmbito do presente Programa, tem-se que o Diagnóstico Pretérito (Capítulo 1) do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba identificou 41 Unidades de Conservação total ou parcialmente inseridas na bacia do rio Paraopeba e/ou com pelo menos parte de sua zona de amortecimento na região. Essas UC dividem-se entre os tipos de prote- ção integral (14) e de uso sustentável (27) e, administrativamente, entre os âmbitos federal (5), estadual (28) e municipal (8).

48 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Nos 22 municípios que compõem a área de estudo do meio socioeconômico foram identifica- das 23 Unidades de Conservação. O Quadro 1-12 apresenta cada uma delas, sua localização, o órgão responsável pela gestão e se foi identificada ou mencionada ação de educação am- biental no levantamento realizado para esse diagnóstico.

Quadro 1-12 – Educação ambiental nas Unidades de Conservação na Área de Estudo.

Educação Unidade de Conservação Municípios Gestão Ambiental

Belo Horizonte/ Parque Estadual da Serra do Rola-Moça Brumadinho/Ibirité/ Instituto Estadual de Florestas (IEF) Sim

Secretaria Municipal de Meio Parque Natural Municipal Felisberto Neves Betim Ambiente e Desenvolvimento Sim Sustentável (Semad)

Monumento Natural Municipal Mãe D’Água Brumadinho Sim

Área de Proteção Ambiental Parque Fernão Betim/Contagem Instituto Estadual de Florestas (IEF) Sim Dias

Belo Horizonte/ Brumadinho/Caeté / Ibirité//Nova Lima// Área de Proteção Ambiental Estadual Sul /Santa Instituto Estadual de Florestas (IEF) Não Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) Bárbara/ Mário Campos/Sarzedo/ Barão de Cocais/

Área de Proteção Ambiental Estadual de Contagem / Betim Instituto Estadual de Florestas (IEF) Sim Vargem das Flores

Área de Proteção Ambiental Municipal Igarapé Igarapé Não

Floresta Nacional de Paraopeba Paraopeba ICMBio Não

Fundação Ezequiel Dias (Funed) Floresta Estadual São Judas Tadeu Betim Sim sob supervisão do IEF

Reserva Particular do Patrimônio Natural Brumadinho Particular Sim Inhotim

Reserva Particular do Patrimônio Natural Sítio Brumadinho Particular Não Grimpas

Reserva Particular do Patrimônio Natural Vila Paraopeba Particular Não Amanda

Reserva Particular do Patrimônio Natural Pompéu Particular Não Fazenda Baú

Reserva Particular do Patrimônio Natural Grota Mário Campos Particular Não da Serra 1

Reserva Particular do Patrimônio Natural Grota Mário Campos Particular Não da Serra 2

Reserva Particular do Patrimônio Natural Grota Mário Campos Particular Não da Serra 3

Reserva Particular do Patrimônio Natural Betim Particular Não Fazenda do Sino

49 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Educação Unidade de Conservação Municípios Gestão Ambiental

Reserva Particular do Patrimônio Natural Mata Brumadinho Particular Não do Jequitibá

Reserva Particular do Patrimônio Natural Olga Juatuba Particular Não Coelho Ullmann

Reserva Particular do Patrimônio Natural Riacho Brumadinho Particular Não Fundo I e II

Reserva Particular do Patrimônio Natural Serra Brumadinho Particular Não da Moeda

Reserva Particular do Patrimônio Natural São Joaquim de Particular Não Sociedade Mineira de Cultura Nipo-Brasileira Bicas

Reserva Particular do Patrimônio Natural Ville Brumadinho Particular Não Casa Branca Elaboração: Arcadis, 2020.

As ações de educação ambiental identificadas ou mencionadas estão apresentadas no Quadro 1-13, de acordo com a Unidade de Conservação.

Quadro 1-13 – Unidades de Conservação e ações de educação ambiental.

Unidade de Município Ação de Educação Ambiental Conservação Batizado de “Conviver”, o Programa de Educação Ambiental do PE Serra do Rola-Moça foi criado em janeiro de 2007, objetivando a promoção de ações individuais e coletivas para a conservação ambiental e a amenização dos impactos adversos causados na UC e seu entorno. Contou com o apoio do IEF, da Polícia Militar de Meio Belo Horizonte/ Ambiente e da Adjuntoria Ambiental do Corpo de Bombeiros, além Parque Estadual da Serra Brumadinho/Ibirité/ da ajuda financeira da companhia de Saneamento de Minas Gerais do Rola-Moça Nova Lima (Copasa), da Precon e da V&M mineração. Não há referência ao programa após 2008.

O Parque é aberto à visitação pública e conta com estrutura do centro de visitantes, três auditórios, alojamentos, biblioteca e trilha autoguiada. Abriga o Centro de Educação Ambiental (CEA). Espaço criado para atender as ações de educação ambiental da Secretaria Municipal de Meio Parque Natural Municipal Betim Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), oferece atividades Felisberto Neves diversas para a população, como trilhas ecológicas, oficinas, teatros, palestras, seminários, fóruns de discussões, exibição de filmes etc. Atividades de mobilização social promovidas pela ONG Abrace a Monumento Natural Brumadinho Serra da Moeda para chamar a atenção sobre a importância da Municipal Mãe D’Água preservação das nascentes. Área de Proteção Ambiental Betim/Contagem Há menção a ações de EA sob a responsabilidade das prefeituras. Parque Fernão Dias Há menção à pretensão de se realizar a recuperação de áreas degradadas e um trabalho de educação ambiental com moradores Área de Proteção Contagem/Betim por meio das associações de bairros e nas escolas. O trabalho de Ambiental Estadual de conscientização é considerado fator importante para preservação Vargem das Flores das nascentes e córregos que abastecem o manancial de Vargem das Flores, matas ciliares e da fauna. Trabalha com educação ambiental, organiza treinamentos de Floresta Estadual Betim prevenção a incêndios, preservação de mananciais e regeneração São Judas Tadeu de áreas degradadas junto à comunidade do município de Betim.

50 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Unidade de Município Ação de Educação Ambiental Conservação O Projeto “Visita Guiada” promove visitas acompanhadas de educadores do Inhotim que compartilham e trocam informações sobre os acervos de arte e de botânica. O programa “Inhotim para Todos” promove o acesso gratuito para integrantes de associações, programas sociais e grupos comunitários, principalmente de Reserva Particular do Brumadinho e Belo Horizonte. São atendidos grupos de turistas e Brumadinho Patrimônio Natural Inhotim escolas do ensino público e privado. O roteiro é construído pelos educadores do Inhotim, em parceria com os professores, tendo como foco os temas arte ou botânica. Cada grupo é acompanhado por professores e também pelos educadores do Inhotim, que orientam a visita de acordo com o perfil e a faixa etária dos estudantes. Elaboração: Arcadis, 2020.

Entende-se, no contexto do PEABP, que os principais objetivos das ações educativas no âm- bito das UC refletem o potencial que esses espaços possuem para desenvolver uma educa- ção ambiental que articule objetivos de conservação do patrimônio ambiental e cultural com objetivos de transformação social, que visam a unir a gestão ambiental ao processo de ensi- no-aprendizagem. A linha crítica e transformadora da educação ambiental adotada no PEABP entende que Unidades de Conservação, parques urbanos, museus, hortas, jardins, viveiros, trilhas interpretativas, são estruturas que carregam um potencial educador na medida em que atentem para a sustentabilidade e estimulem a participação e induzem a ação e reflexão. É perceber e inserir o potencial educativo em todos os momentos; no participar, no valorizar to- das as formas de saberes, em tornar as experiências significativas e com sentido para a vida, contribuindo assim para a formação do sujeito crítico.

1.1.1.D.d. Educação ambiental no licenciamento ambiental A educação ambiental inserida no processo de licenciamento ambiental25 integra o rol de pla- nos e programas socioambientais necessários à mitigação e/ou compensação de impactos causados por empreendimentos passíveis de estudos de impacto ambiental, em consonância com a Resolução Conama nº 1/1986, a qual estabeleceu critérios básicos para a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).

Adicionalmente, o Decreto nº 4.281/2002 que regulamenta a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/1999) indica a criação, manutenção e a implantação do Programa de Educação Ambiental (PEA) nas atividades de licenciamento e revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras.

No contexto de discussões teóricas sobre educação ambiental e sustentabilidade que vem ga- nhando destaque desde os anos 1990 no Brasil, com engajamento de gestores públicos, pro- fessores, ambientalistas e educadores, o PEA ganhou notoriedade nos processos de gestão e licenciamento ambiental, sendo reconhecido como um importante instrumento pedagógico para o fortalecimento de uma consciência crítica na relação homem-natureza e por poder am- pliar o nível de conhecimento para a possibilidade de mudanças comportamentais, sejam elas

25 O licenciamento ambiental é um procedimento jurídico administrativo caracterizado como um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA). Foi introduzido no ordenamento jurídico pela Lei nº 6.803, de 2 de julho de 1980 e, posteriormente, legitimado pela Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981.

51 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 individuais e/ou coletivas em prol do desenvolvimento sustentável e da melhoria da qualidade de vida do público-alvo do programa.

A exigência dos órgãos ambientais quanto à implantação do PEA e sua fundamentação te- órica e metodológica culminou em normas específicas para o tema. Para a área de estudo serão abordadas, no item 1.3. Regulamentação, as diretrizes e procedimentos exigidas pelo Ibama, no âmbito do licenciamento federal, e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), no âmbito do licenciamento do estado de Minas Gerais. A definição de PEA apresentada nessa norma é “um conjunto de Projetos de Educação Ambiental que se articulam a partir de um mesmo referencial teórico-metodológico”. Os proje- tos, por sua vez, configuram um “conjunto de ações de educação ambiental que serão desen- volvidas junto a cada um dos seus públicos específicos”.

Tais projetos deverão prever ações e processos de ensino-aprendizagem que contemplem as populações afetadas e os empregados envolvidos, proporcionando condições para que esses possam compreender como evitar, controlar ou mitigar os impactos socioambientais, conhecer as medidas de controle ambiental dos empreendimentos, bem como fortalecer as potencialidades locais, para uma concepção integrada do patrimônio ambiental. (SEMAD-MG, 2017)

Com o objetivo de identificar as ações de educação ambiental decorrentes de processos de licenciamento ambiental na área de estudo, foi realizada pesquisa no Sistema Integrado de Informação Ambiental (SIAM)26 da Secretaria do Estado do Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável (Semad), conforme descrito no item 1.1.D.a, “Aspectos metodológicos”. Além des- sa pesquisa, foram analisados os documentos enviados pela VALE S/A, visando agregar dados sobre ações de educação ambiental vinculados a processos de licenciamento ambiental.

Nos municípios da área de estudo foram identificados diferentes tipos de estudos ambientais associados a diferentes etapas do processo de licenciamentos ambiental: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI), Licença de Operação (LO) e Licença de Operação Corretiva (LOC).

O Quadro 1-14 descreve, com base na Resolução Conama nº 237, de 1997, os tipos de licen- ças ambientais existentes.

26 Devido à resultados muito extensos, restringimos a pesquisa à Base do SIAM/MG a 4 municípios principais: Betim, Brumadinho, Mário Campos e São Joaquim de Bicas, verificando, para cada um deles, os 10 empreen- dimentos com maior número de processos (pois seriam, provavelmente, os empreendimentos de grande porte). Em cada empreendimento, checaram-se todos os processos de LO, LI, LP e LOC, buscando por relatórios de condicionantes e documentos com os Programas de Educação Ambiental (PEA) e projetos vinculados. Também foram obtidos alguns programas e projetos diretamente através da VALE S/A.

52 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Quadro 1-14 – Tipos de licença – Resolução Conama nº 237, de 1997. Concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e Licença Prévia (LP) estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.

Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade conforme as especificações Licença de Instalação (LI) constantes nos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante.

Autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta nas licenças anteriores, com as medidas de controle Licença de Operação (LO) ambiental e condicionantes determinados para a operação.A renovação da LO deverá ser adquirida com antecedência mínima de 120 dias do vencimento do prazo de validade. É estabelecida na licença.

Licença de Instalação Corretiva Refere-se à licença do empreendimento ou da atividade. É requerida na fase de (LIC)* instalação.

Licença de Operação Corretiva Refere-se à licença do empreendimento ou da atividade. É requerida na fase de (LOC) operação. Nota: A Resolução Conama nº 237/1997 cita a LP, LI e LO, e permite que o órgão ambiental escolha os estudos de avaliação de impactos necessários e a possibilidade de fusão na emissão das licenças ambientais. Licenciamento Corretivo ou Preventivo: Quando o empreendimento ou atividade está na fase de instalação ou de operação, diz-se que está ocorrendo o licenciamento corretivo. Dependendo da fase em que é apresentado o requerimento de licença, tem-se a licença de instalação de natureza corretiva (LIC) ou a licença de operação de natureza corretiva (LOC) Fonte: Resolução Conama nº 237/1997 E FEAM (Fundação Estadual de Meio Ambiente. Disponível em: http://www.feam.br/ index.php?option=com_content&task=view&id=75&Itemid=98. Acesso em: 7 abr. 2020. Elaboração: Arcadis, 2020.

A DN Copam nº 238, de agosto de 2020, relaciona as etapas de desenvolvimento do PEA conforme as etapas de licenciamento ambiental, que seguem demonstradas no Quadro 1-15.

Quadro 1-15 – Etapas de licenciamento e Programa de Educação Ambiental. Etapas de Estudo Ambiental PEA licenciamento

Licença Prévia (LP) EIA / RIMA e RCA Escopo do PEA

Licença de Instalação Diagnóstico Socioambiental Participativo (DSP) e Elaboração do PCA (LI) projeto executivo do PEA

Licença de Operação Relatório de cumprimento de Implantação do PEA e adequação à fase de (LO) condicionantes Operação

Relatório de cumprimento de Revalidação de LO Adequar com a fase atual e novo DSP. condicionantes Fonte: SEMAD-MG. Disponível em: http://www.meioambiente.mg.gov.br/images/stories/2019/ASSEA/palestras/5._ Priscilla_-_11.04.2019.pdf. Acesso em: 28 set. 2020. Elaboração: Arcadis, 2020.

No levantamento realizado foram identificadas propostas de ações de educação ambiental vinculadas a processos de licenciamento ambiental em oito municípios da área de estudo (Betim, Brumadinho, Mário Campos, Felixlândia, Igarapé, Paraopeba, Pompéu e São Joaquim de Bicas). Conforme se preconiza na DN 238/2020, durante a elaboração do Programa de Educação Ambiental (PEA), deverão ser utilizadas as metodologias participativas para cons- trução de soluções e propostas de projetos de forma conjunta com as comunidades residentes no entorno dos empreendimentos.

Os estudos ambientais identificados referem-se a: Estudo de Impacto Ambiental (EIA), Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) e Plano de Controle Ambiental (PCA), relacionados a obtenção da Licença Prévia (LP), Licença de Operação (LO) e Licença de Operação Corretiva (LOC).

53 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Os empreendimentos alvo dos estudos são, em sua maioria, voltados às atividades de mine- ração e a sua cadeia de produção, corroborando com o contexto de aptidão natural e vocação econômica do território.

Além da mineração e atividades relacionadas a ela, identificou-se o Plano de Controle Ambiental de agosto de 2019 da Usina Hidrelétrica Três Marias para obtenção da Licença de Operação Corretiva (LOC); o Estudo de Impacto Ambiental da Linha de Transmissão – Sarzedo – , de maio de 2017, para obtenção da Licença Prévia (LP) e estudos ambientais relacio- nados às obras emergências de Brumadinho, de maio de 2019.

No Quadro 1-16, apresentam-se os estudos ambientais analisados que possuem referência à implantação do Programa de Educação Ambiental em um ou mais municípios da área de estudo.

Quadro 1-16 – Relação de estudos analisados.

Empreendimento Empreendedor Tipo de Estudo Data do Estudo Tipo de licença CEMIG Geração Três Plano de Controle Licença de Operação UHE Três Marias Agosto de 2019 Marias S.A. Ambiental Corretiva (LOC) Unidade de Licença de Instalação (LI) tratamento de Geomil Serviços de Plano de Controle Não identificado e Licença de Operação minério de ferro Mineração LTDA. Ambiental (LO) (ampliação) Obras Emergenciais Plano de Controle Licença de Operação VALE Maio de 2019 Brumadinho Ambiental Corretiva (LOC) Linha de Transmissão Mantiqueira, transmissora Estudo de Impacto Maio de 2017 Licença Prévia Pirapora – Sarzedo de Energia Ambiental (EIA) – Itabira Licença Prévia (LP), VALE – Diretoria de Plano de Ação – Público Licença de Instalação (LI) Outubro de 2015 Complexos Vargem Operações Corredor Sul Interno e Licença de Operação Grande, Paraopeba e (LO) Itabiritos Licença Prévia (LP), VALE – Diretoria de Plano de Ação para a Outubro de 2015 Licença de Instalação (LI) e Operações Corredor Sul Comunidade Licença de Operação (LO) Licença Prévia (LP), VALE – Diretoria de Plano de Ação para Outubro de 2015 Licença de Instalação (LI) e Operações Corredor Sul Escolas Licença de Operação (LO) Licença de Instalação (LI) Programa de Educação Mina Esperança Ferrous Abril de 2018 e Licença de Operação Ambiental (LO) Plano de Educação Mina Santanense Ferrous Ambiental – Mina Abril de 2018 Licença de Operação (LO) Santanense Plano de Educação Mina Viga Ferrous Abril de 2019 Licença de Operação (LO) Ambiental – Mina Viga Programa de Educação Mina Pau Branco Vallourec (VMN) 2013-2015 Licença de Operação (LO) Ambiental Licença Prévia (LP), Programa de Educação Licença de Instalação (LI) Mina Pau Branco Vallourec (VMN) 2018-2019 Ambiental e Licença de Operação (LO) Programa de Educação Mina Pau Branco Vallourec (VMN) 2009-2011 Licença de Operação (LO) Ambiental

54 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Empreendimento Empreendedor Tipo de Estudo Data do Estudo Tipo de licença Programa de Educação 2014-sem Mina Pau Branco Vallourec (VMN) Licença de Operação (LO) Ambiental informação Programa de Educação Mina Pau Branco Vallourec (VMN) 2010-atual Licença de Operação (LO) Ambiental Programa de Educação Mina Pau Branco Vallourec (VMN) 2008-atual Licença de Operação (LO) Ambiental Programa de Educação 2014-sem Mina Pau Branco Vallourec (VMN) Licença de Operação (LO) Ambiental informação Programa de Educação Mina Pau Branco Vallourec (VMN) 2011-2014 Licença de Operação (LO) Ambiental Programa de Educação 2014-sem Mina Pau Branco Vallourec (VMN) Licença de Operação (LO) Ambiental informação Programa de Educação 2015-sem Mina Pau Branco Vallourec (VMN) Licença de Operação (LO) Ambiental informação Programa de Educação Mina Pau Branco Vallourec (VMN) 2006-atual Licença de Operação (LO) Ambiental Mineração Morro do Ipê Programa de Educação Licença Prévia (LP) e Mina Tico-Tico 2020-atual S.A. Ambiental Licença de Instalação (LI) Mineração Morro do Ipê Programa de Educação Licença Prévia (LP) e Mina Tico-Tico 2020-atual S.A. Ambiental Licença de Instalação (LI) Mineração Morro do Ipê Programa de Educação Licença Prévia (LP) e Mina Tico-Tico 2020-atual S.A. Ambiental Licença de Instalação (LI) Mineração Morro do Ipê Programa de Educação Licença Prévia (LP) e Mina Tico-Tico 2020-atual S.A. Ambiental Licença de Instalação (LI) MIB – Mineração MIB – Mineração Ibirité Programa de Educação 2012-atual Licença de Operação (LO) Ibirité LTDA. LTDA. Ambiental MIB – Mineração MIB – Mineração Ibirité Programa de Educação 2014-atual Licença de Operação (LO) Ibirité LTDA. LTDA. Ambiental MIB – Mineração MIB – Mineração Ibirité Programa de Educação 2013-2016 Licença de Operação (LO) Ibirité LTDA. LTDA. Ambiental MIB – Mineração MIB – Mineração Ibirité Programa de Educação 2006-atual Licença de Operação (LO) Ibirité LTDA. LTDA. Ambiental MMX Sudeste Mineração Mina Ipê e Mina S.A. – Complexo Serra Programa de Educação 2010-sem Licença de Operação (LO) Tico-Tico Azul (AVG Mineração SA Ambiental informação e MinerMinas) Mineral do Brasil LTDA. (unidade Programa de Educação Licença Prévia (LP) e Mineral do Brasil LTDA. 2010-2012 de tratamento de Ambiental Licença de Instalação (LI) minerais) MAGNA Seating (ou Resil Minas Indústria e Comércio, Programa de Educação MAGNA Seating 2010-2014 Licença de Operação (LO) inicialmente, que Ambiental foi adquirida pela MAGNA) PAM – Produtos PAM – Produtos Programa de Educação Auxiliares Auxiliares Metalúrgicos 2009-2016 Licença de Operação (LO) Ambiental Metalúrgicos LTDA. LTDA. ERG Mineração e ERG Mineração e Programa de Educação Comércio – Fazenda 2011-2017 Licença de Instalação (LI) Comércio LTDA. Ambiental Maia Refinaria Gabriel Programa de Educação Petrobras 2009-2012 Licença de Instalação (LI) Passos Ambiental

55 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Empreendimento Empreendedor Tipo de Estudo Data do Estudo Tipo de licença Indústria Fiat FCA – FIAT Chrysler Programa de Educação 2018-atual Licença de Operação (LO) Chrysler Automobiles Automóveis Brasil LTDA. Ambiental USIBRITA Indústria e Programa de Educação USIBRITA Mineração Comércio LTDA. – Grupo 2012-2016 Licença de Operação (LO) Ambiental ICAL Elaboração: Arcadis, 2020.

As ações dos Programas de Educação Ambiental descritas nos estudos apresentados no Quadro 1-16 fazem referências às normativas dos órgãos ambientais (IN nº 02 ou DN nº 238) ou, quando anterior a tais resoluções, foi mencionada a norma legal vigente (DN nº 110).

Foram localizados 37 projetos e programas com atuação nas cidades de interesse de Betim (3), Brumadinho (27), Mário Campos (1), São Joaquim de Bicas (10), Paraopeba (1), Igarapé (6), Pompéu (1) e Felixlândia (1) (Figura 1-11).

Figura 1-11 – Distribuição de programas e projetos ambientais nos municípios de interesse.

PEAs nas cidades

30 27 25 20 15 10 10 6 3 5 1 1 1 1 0

Elaboração: Arcadis, 2020.

Os 37 projetos são administrados por 14 empresas, sendo a Vallourec (11) a empresa com maior quantidade de programas e projetos de educação ambiental na região, seguida pela VALE S/A (4), Mineração Morro do Ipê (4) e MIB (4) (Figura 1-12). O setor de mineração concentra a gran- de maioria dos projetos e programas (32). Também há empresas da Indústria Automobilística, Usinas Hidrelétricas, Refinaria de Petróleo e Indústria Metalúrgica com projetos e programas de educação ambiental atuando na área de interesse pesquisada (Figura 1-13).

56 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Figura 1-12 – Programas e projetos de educação ambiental por empresas.

Programas e Projetos por Empresa 12 11 10 8 6 4 4 4 4 3 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 0

Elaboração: Arcadis, 2020.

Figura 1-13 – Programas e projetos de educação ambiental por setor de atividade do empreendimento.

Educação Ambiental por setor

1 1 1 2

32

Mineração Indústria Automobilística Indústria Metalúrgica Usina Hidrelétrica Refinaria de Petróleo

Elaboração: Arcadis, 2020.

De modo geral, verificou-se que as indicações de ações e temas específicos dos Programas de Educação Ambiental (PEA) apresentadas no Quadro 1-17, voltadas ao público externo (comuni- dades, lideranças, escolas e demais stakeholders) e interno (colaboradores diretos e indiretos), estão alinhados e possuem temas comuns às ações identificadas nos relatórios fornecidos pela VALE S/A sobre a atuação da Diretoria de Operações Corredor Sul, Complexo Paraopeba, base- ada na realização de Diagnósticos Socioambientais Participativos (DSP). Considerando as duas fontes de pesquisa, os principais temas/objetivos trabalhados pelos PEA na área de estudo são:

• Promover ações de sensibilização socioambiental, por meio da mobilização e participação social da população local e/ou ações internas com funcionários. • Contribuir para a difusão de conhecimento sobre a proteção e conservação da biodiversidade. • Realizar ações educativas, considerando temas ambientais relacionados à gestão ambien- tal, aspectos e impactos ambientais benéficos e adversos, medidas de controles direciona- das aos trabalhadores das obras e demais colaboradores do empreendimento e comuni- dades localizadas prioritariamente nas áreas de influência direta (AID) e, também, quando pertinente, nas áreas de influência indireta (AII).

57 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

• Contribuir para o empoderamento dos públicos-alvo do empreendimento e ampliar o co- nhecimento sobre os impactos e riscos ambientais e as medidas de controle adotadas pelo empreendimento. • Desenvolver processos de educação ambiental, a fim de ampliar a percepção, conheci- mentos, habilidades, atitudes e comportamentos; construir autonomia e senso crítico bem como, diálogo, aproximação e melhor relacionamento entre empresa e comunidade.

O município de Brumadinho é o que contém o maior número de ações de educação ambien- tal associadas a processos de licenciamento ambiental de atividades minerárias (Diretoria de Operações Corredor Sul, Complexo Paraopeba e Mina Esperança).

Verifica-se também que, à exceção das obras emergenciais em Brumadinho e das ações de licenciamento ambiental corretiva da UHE Três Marias, quase todos os demais estudos, com exceção do PEA do empreendimento Mina Tico-Tico, ligado à Mineração Morro do Ipê S.A., que em 2020 está em fase de LP e LI, são anteriores ao rompimento das barragens B1, B4 e B4-A.

As ações de educação ambiental no âmbito do licenciamento ambiental na área de estudo, de acordo com as consultas realizadas, fazem referência às normativas legais estabelecidas e vigentes, sendo destinadas aos colaboradores e às comunidades, especialmente aquelas mais próximas dos empreendimentos, localizadas nas áreas de influência direta (AID). Há ações junto à comunidade escolar em Brumadinho, implementadas pela VALE S/A, referentes ao processo ligado à Diretoria de Operações Corredor Sul, Complexo Paraopeba.

Há ações junto à comunidade escolar em Brumadinho, implementadas pela VALE S/A, referen- tes ao processo ligado aos Complexos Vargem Grande, Paraopeba e Itabiritos.

Apresenta-se no Quadro 1-17 as ações de educação ambiental associadas aos processos de licenciamento ambiental na área de estudo.

Quadro 1-17 – Ações de educação ambiental identificadas na Área de Estudo.

Tipo de Estudo Municípios da Área Empreendimento Mês / Ano Ações – Principais Categorias Consultado de Estudo Formação em temas socioambientais Linha de Transmissão Estudo de Impacto Maio – colaboradores e trabalhadores das Pirapora – Sarzedo Betim Ambiental (EIA) 2017 obras. Diagnóstico Socioambiental – Itabira Participativo e Projetos Ambientais Formação em temas socioambientais Obras Emergenciais Plano de Controle Maio Brumadinho – trabalhadores das obras Brumadinho Ambiental (PCA) 2019 emergenciais. Plano de Ação Outubro Sensibilização Socioambiental – Complexo Paraopeba Brumadinho Comunidade 2015 Oficinas e palestras nas comunidades Oficinas/cursos/intervenções/ Plano de Ação Outubro Complexo Paraopeba Brumadinho palestras educativas e participativas Escolas 2015 com a comunidade escolar. Sensibilização Socioambiental. Programa de Ações educativas e gestão ambiental Abril Brumadinho e São Mina Esperança Educação e impactos com colaboradores. 2018 Joaquim de Bicas Ambiental Ações educativas e participativas com a comunidade.

58 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Tipo de Estudo Municípios da Área Empreendimento Mês / Ano Ações – Principais Categorias Consultado de Estudo Formação em temas socioambientais – comunidade local. Plano de Controle Agosto UHE Três Marias Felixlândia, Pompéu Formação em temas socioambientais Ambiental (PCA) 2019 – colaboradores. Sensibilização socioambiental. Formação em temas socioambientais relacionados à atividade de mineração para sensibilização, incentivo e envolvimento dos trabalhadores no desenvolvimento de suas Plano de Ação – Outubro Complexo Paraopeba Paraopeba atividades alinhadas à Política de Público Interno 2015 Desenvolvimento Sustentável da Vale S/A em prol da promoção de uma operação sustentável. Intervenções, cursos, ambientação, diálogos, de Saúde, Segurança e Meio Ambiente, Sensibilização Socioambiental. Programa de Ações educativas e gestão ambiental Abril Mina Esperança Educação São Joaquim de Bicas e impactos com colaboradores. 2018 Ambiental Ações educativas e participativas com a comunidade. Unidade de Tratamento Plano de Controle Sem Sensibilização ambiental e gestão Brumadinho de Minério de Ferro Ambiental (PCA) informação ambiental. Plano de Abril de Mina Santanense Educação Brumadinho Sensibilização socioambiental. 2018 Ambiental Plano de Abril de Mina Viga Educação Brumadinho Sensibilização socioambiental. 2019 Ambiental Projetos diversos Sensibilização socioambiental, arte e Mina Pau Branco em educação 2006-atual Brumadinho educação, cultura, meio ambiente e ambiental cidadania. Projetos diversos Gestão ambiental, conservação Brumadinho, Igarapé, Mina Tico-Tico em educação 2020 e biodiversidade, sensibilização São Joaquim de Bicas ambiental socioambiental. Programa Sensibilização socioambiental, de educação MB – Mineração Ibirité arte e educação, cultura, meio ambiental; 2012-atual Brumadinho LTDA. ambiente e cidadania, conservação e programa de biodiversidade. música Programa Sensibilização socioambiental e Mineral do Brasil LTDA. de educação 2010-2012 Brumadinho gestão ambiental. ambiental Projeto de Sensibilização socioambiental e Magna Seating educação 2010-2014 São Joaquim de Bicas gestão ambiental. ambiental Programa PAM – produtos Sensibilização socioambiental e de educação 2009-2016 São Joaquim de Bicas auxiliares metalúrgicos gestão ambiental. ambiental ERG Mineração e Programa São Joaquim de Bicas Sensibilização socioambiental e Comércio – Fazenda de educação 2011-2017 e Mário Campos gestão ambiental. Maia ambiental Programa Refinaria Gabriel Sensibilização socioambiental e de educação 2009-2012 Betim Passos gestão ambiental. ambiental

59 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Tipo de Estudo Municípios da Área Empreendimento Mês / Ano Ações – Principais Categorias Consultado de Estudo Programa Indústria Fiat Chrysler Sensibilização socioambiental e de educação 2018- atual Betim Automobiles gestão ambiental. ambiental Programa Sensibilização socioambiental e USIBRITA Mineração de educação 2012-2016 Betim gestão ambiental. ambiental

Elaboração: Arcadis, 2020.

Ainda no tocante aos estudos realizados na área de influência do Complexo de Paraopeba, em 2015, pesquisas de percepção ambiental desenvolvidas em Brumadinho, nas comunidades de Casa Branca e Córrego do Feijão envolveram atitudes, opiniões, conhecimentos, motivações, cren- ças e valores relativos ao meio ambiente, e forneceram subsídio para a contextualização do PEABP, tendo-se em vista que as informações foram coletadas diretamente com os interlocutores (dirigen- tes escolares e professores) e validados em workshop com os dirigentes das escolas envolvidas.

Foram incorporados à pesquisa o público interno, empregados da VALE S/A e de empresas con- tratadas (1105 entrevistas) e o público externo, comunidade escolar (professores: 192 entrevis- tas; e dirigentes: 27 entrevistas) e as comunidades, através da realização de 10 Diagnósticos Socioambientais Participativos.

Quanto à amostra, o Complexo de Paraopeba abarcou 33,3% e a rede municipal, 88,9% sendo que 22% dos entrevistados eram dirigentes de escolas em Brumadinho. Importa salientar que, quanto ao perfil acadêmico, destaca-se que 74% dos entrevistados tinham especialização e nenhum possuía mestrado.

Segundo os resultados do estudo, a maioria dos entrevistados apresentou percepção natu- ralista e antropocêntrica de meio ambiente, grande parte dos dirigentes associou educação ambiental à preservação da natureza, o que é coerente com essa percepção predominante de meio ambiente. Associado à essa concepção, observou-se também o predomínio das corren- tes naturalista, utilitarista e sistêmica de Educação Ambiental.

Quanto aos veículos de comunicação mais utilizados pelos entrevistados para obter informa- ções sobre questões ambientais, apareceram a internet e a televisão. O informativo da VALE S/A foi citado apenas por um dirigente de escola.

Dentre as expressões ambientais pesquisadas, mais conhecidas no Complexo Paraopeba, apareceram: aquecimento global (93%), sustentabilidade (87%), bacia hidrográfica (81%), re- síduos sólidos (80%), biodiversidade e desenvolvimento sustentável (78%), e licenciamento ambiental (71%). As expressões Política Nacional de Meio Ambiente e outras associadas ao contexto de preservação e conservação de biodiversidade atingiram valores inferiores a 69%.

No que se refere ao cenário de inserção da educação ambiental na rede escolar, observou-se: a interdisciplinaridade difundida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e temas trans- versais; a inserção nos Projetos Político-Pedagógicos (PPP) por meio do desenvolvimento de projetos de intervenção na comunidade escolar ou externos. Contudo, o suporte técnico e financeiro para o desenvolvimento da educação ambiental no âmbito escolar foi avaliado como insuficiente. E a pesquisa apontou ainda, que a maioria dos entrevistados assinalou que só é possível desenvolver a educação ambiental na escola por meio de parcerias.

60 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

A questão da interdisciplinaridade e transversalidade foi explorada no estudo, e pode-se averi- guar que grande parte dos entrevistados percebem a importância de uma visão ampla, transver- sal e interdisciplinar do processo educativo, no que se refere à educação ambiental no âmbito da educação formal. Contudo, o desenvolvimento de uma visão interdisciplinar é comprometido pela falta de interesse/motivação demonstrada pelos professores da área de ciências exatas, pela questão ambiental. Geralmente, são os professores das áreas de ciências biológicas e ciências humanas que desenvolvem a educação ambiental nas escolas.

As principais estratégias adotadas na educação ambiental que foram identificadas são: projetos associados aos resíduos sólidos (reciclagem, compostagem, coleta seletiva, disposição final adequada, redução de consumo, bazar de produtos reciclados), eventos (Feira da Cultura, Dia do Meio Ambiente, Gincana do Meio Ambiente, Caminhada Ecológica com a participação da co- munidade escolar); desenvolvimento humano (autoestima, valores humanos e sociais, noção de pertencimento); capacitação profissional; formação (palestras, monitores mirins); projetos (hor- ta, pomar, captação de parcerias, o rio Paraopeba aparece como tema de ações e trabalhos).

Dentre as temáticas para o desenvolvimento da educação ambiental nas escolas foram cita- das: mercado de trabalho para a mão de obra local, empreendedorismo/administração, arte e meio ambiente/interdisciplinaridade, valores humanos, lixo (resíduos sólidos) e reciclagem, a VALE S/A, água, preservação das Matas/reservas ecológicas, consumo consciente/desper- dício, fauna e flora, queimada, sustentabilidade, segurança, visão sistêmica, coleta seletiva e valorização da Serra da Moeda.

Entre as instituições parceiras para o desenvolvimento de projetos, foram citadas empresas governamentais, secretarias de educação, mineradoras (VALE S/A, Vallourec-Mannesmann, Fundação Vicintin – Grupo Rima Industrial, MIB Mineração, Namisa), organizações não gover- namentais, universidades e centros de pesquisa.

Interessante observar que 52,6% dos professores conhecem superficialmente o PPP das es- colas, 16,7% o desconhecem, e apenas 32,7% se reconhecem como educador ambiental em sala de aula. Além disso, 28,6% dos professores veem a educação ambiental como disciplina específica e o restante atuam de forma aderente à PNAE, ao trabalhar a educação ambiental em projetos e atividades interdisciplinares, por meio de trabalhos integrados das disciplinas.

Quanto ao interesse sobre as questões e problemas ambientais, incluindo a busca de solu- ções, em sua maioria, os professores têm interesse em obter informações e participarem de ações na busca de resolução para os problemas nos municípios.

As atividades desenvolvidas pela VALE S/A nas escolas envolveram sobretudo teatro, pales- tras, passeios, cursos, visitas, horta e concurso de projetos escolares.

No que diz respeito à percepção dos entrevistados sobre a VALE S/A, chamaram atenção os se- guintes aspectos: a marca VALE S/A é reconhecida como empresa de mineração, a falta de infor- mação sobre a empresa gera percepções positivas e negativas sobre ela, seus processos produ- tivos e suas ações ambientais. Esse último aspecto foi ressaltado, indicando-se que a ausência de informações sobre processo produtivo e projetos socioambientais e de educação ambiental da VALE S/A acaba por gerar percepção negativa da imagem da empresa nas comunidades.

Ainda no que concerne à imagem da empresa, foram citados impactos positivos de suas ativi- dades, tais como geração de trabalho e renda, aquecimento da economia dos municípios, mas

61 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 também impactos negativos, como a degradação ambiental. A pesquisa destacou a importân- cia da capacitação/qualificação profissional para mineração na formação dos jovens, principal- mente do ensino médio.

De forma complementar, os professores reconheceram a importância do papel das empresas para a educação ambiental nas escolas, seja com orientações sobre gestão ambiental, formação de professores e informação sobre os empreendimentos de mineração (processos, impactos, medidas). Deve-se ressaltar que, quando questionados sobre a participação em ações de educa- ção ambiental no município, ou em reuniões sobre questões ambientais, ou de ações voluntárias a favor da comunidade, constatou-se baixa participação (índices de 12,5% a 7,8%).

Os programas de educação ambiental desenvolvidos pela VALE S/A são considerados de gran- de importância, tanto no âmbito dos empregados quanto das comunidades, e os entrevistados demonstraram interesse em participar dos programas e abertura para tal.

No que tange à visão naturalista do meio ambiente, a pesquisa retrata o quanto os aspectos naturais, rios, vegetação, animais, são preponderantes frente aos aspectos sociais e humanos, denotando a dicotomia homem-natureza.

Os principais problemas ambientais identificados pelos entrevistados envolvem: falta de sane- amento básico (resíduos, água e esgoto), poluição do ar e da água, desmatamento, e perda de espécies. Importa salientar que aspectos associados ao patrimônio histórico e cultural foram pouco lembrados (4,7%).

Dentre os elementos que mais se destacam como símbolos da região, aparecem os naturais: montanhas, cachoeiras, rios, o rio Paraopeba, minérios, e pouquíssimos elementos históricos.

Dentre as considerações finais da pesquisa, deve-se destacar a importância da assunção do poder público no tocante às políticas públicas da educação ambiental: No conjunto, a avaliação da percepção ambiental dos professores(as) resultou em um indicador de percepção de 45,3, decorrente realmente de falta de políticas educacionais que priorizam a educação ambiental como parte do processo educativo mais amplo e de responsabilidade do poder público, como determina a Política Nacional de Educação Ambiental (p. 50).

A noção de escola sustentável perpassou a pesquisa, através da abordagem de sustentabili- dade ecológica (água, esgoto, energia, resíduos sólidos, alimentação e paisagismo) e de sus- tentabilidade humana. O desconhecimento quanto à origem da água consumida, as formas de tratamento e de sistemas de captação de água da chuva foram reportados nos resultados, bem como sobre efluentes domésticos, gestão de resíduos e consumo de energia.

Dentre os resultados, foi indicada a necessidade de se enfatizar a importância das áreas ver- des, a promoção do resgate histórico, cultural e artístico e fortalecer os valores socioambientais das comunidades e, ao mesmo tempo, a indispensabilidade de serem desenvolvidas ações conjuntas das escolas com as comunidades.

Frente aos resultados da pesquisa e aos aspectos pontuados, verifica-se que o PEABP poderá contribuir para ampliar a visão da educação ambiental para além das correntes naturalista e utilitarista e oportunizar a compreensão conceitual de meio ambiente sob a égide sistêmica. E também corroborar para a ótica da educação ambiental inter e transdisciplinar, trabalhada a partir de projetos que integrem diferentes conteúdos, fortalecendo assim a apropriação e o aprofundamento da Política Nacional de Educação Ambiental pelos professores. Essa política

62 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

é um dos documentos base para a constituição do PEABP e legitima a educação ambiental como processo contínuo, transversal e transdisciplinar.

O desconhecimento ou conhecimento superficial dos projetos político-pedagógicos das esco- las pesquisadas comprometem a possibilidade de desenvolvimento da educação ambiental de modo transversal e interdisciplinar. Tal fato, pode estar contribuindo para que a educação am- biental ocorra na forma de ações de intervenção pontual, palestras, eventos e cursos, conforme os resultados do estudo apontam.

O resultado da pesquisa corrobora as informações coletadas nas secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde dos municípios que apresentam ações, projetos e atividades de edu- cação ambiental realizadas no âmbito municipal, ainda não integradas e descontínuas, distan- tes da concepção de um programa e uma política municipal de educação ambiental integrados. Contudo, pode-se verificar o esforço, em muitos municípios, de criar interfaces entre as secre- tarias, sobretudo no que tange ao controle de endemias.

A educação ambiental proposta no PEABP busca contribuir com a promoção da transformação local por meio da formação de pessoas, incluindo-se os professores, que, segundo os resulta- dos, torna-se necessária diante da carência de conhecimentos, informações e aprofundamen- tos em temáticas socioambientais, apresentada por este público.

Como a percepção ambiental do público escolar é pouco significativa (45,3%), confirma a falta de políticas educacionais que priorizem a educação ambiental como parte do processo educa- tivo nas comunidades escolares. Portanto, essa informação reforça a importância do PEABP no fortalecimento de políticas públicas e empoderamento social para a constituição de novas políticas municipais contextualizadas com as realidades locais.

Pode-se constatar que não foi identificada uma ação formativa continuada dos professores, e tam- pouco uma ação contínua de apoio ao desenvolvimento de projetos, configurando-se, assim, ações fragmentadas, pontuais. Por outro lado, as ações demonstram ter proporcionado a ampliação das vivências socioambientais a partir de eventos, visitas, feiras, caminhadas ecológicas, o que contribui para diversificar as experiências de professores e alunos com a realidade socioambiental da região.

De forma geral, as secretarias relatam que os projetos acontecem com o apoio de empresas, principalmente apoio financeiro. Na pesquisa em análise, as parcerias são citadas como essen- ciais para o desenvolvimento da educação ambiental municipal.

O envolvimento dos professores no PEABP poderá catalisar a participação dos professores em projetos nas comunidades escolares, ampliando a participação em ações de caráter socioam- biental, oportunizando a inserção desse ator social nas questões socioambientais do território, o que é um desejo, apesar da baixa participação indicada na pesquisa. E, ao mesmo tempo, atenderá a um aspecto apontado na pesquisa, qual seja, a indispensabilidade de serem desen- volvidas ações conjuntas das escolas com as comunidades.

No tocante aos princípios e valores do Programa, percebe-se aderência dos aspectos valorizados na pesquisa – rio Paraopeba, patrimônios históricos – e das temáticas para a educação ambien- tal – gestão de recursos hídricos, valorização de aspectos territoriais/biodiversidade (matas, ser- ras, parques). A proposta da ética do cuidado e da formação de redes, como base estruturante do PEABP, visa ampliar o conhecimento dos problemas socioambientais locais e, ao mesmo tempo, dialogar sobre essas questões e estimular o desenvolvimento do cuidado individual e coletivo,

63 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 e articular parcerias com vistas ao equacionamento dos problemas (resíduos sólidos, desmata- mento) e melhoria das condições de vida, a partir dos espaços coletivos de aprendizagem.

1.1.1.D.e. Articulação de atores Numa perspectiva de aprofundamento democrático, o PEABP considera imperativo que o pro- cesso educativo atue na articulação entre diversos atores, de modo a promover a percepção dos problemas socioambientais e o diálogo para a superação destes. Ao mesmo tempo, é importante que se resgatem as potencialidades, a beleza e os valores territoriais, aflorando perspectivas de futuro e de ressignificação do território.

Como concebido no PEABP, a “tecnologia de ponta” mais eficiente para o alcance dos objeti- vos de um processo educativo é o diálogo entre os atores do território, cujo envolvimento nos processos coletivos possibilita a ampliação e internalização das questões ambientais.

Os atores sociais participantes de um processo de educação ambiental assumem papéis distin- tos, dependendo do momento em que se inserem, da ação em curso, de seu papel institucional, dentre outros. Isso quer dizer que o professor, o diretor, o coordenador pedagógico que, em seu dia a dia, são responsáveis pelo ensino podem ser alunos de seus alunos regulares. Assim, com papéis dinâmicos, o público-alvo do PEABP envolve a comunidade escolar, movimentos sociais diversos, instituições religiosas de diversos matizes, profissionais ligados à produção agrícola, pecuária e pesqueira, catadores de material reciclável, coletivos de jovens, de mulheres, de ter- ceira idade, artistas, populações tradicionais (indígenas e quilombolas), organizações não gover- namentais, poder público das três esferas e com atribuições institucionais diversas. Importante observar que muitas das redes de relações constituíram-se posteriormente ao rompimento das barragens e é necessário o entendimento de como elas se inserem no contexto e quais as poten- cialidades desenvolvidas para lidar com o desastre (INCT-INPUT, 2019).

A Figura 1-14 retrata a articulação proposta no PEABP entre os programas e projetos do Plano de Reparação e a sociedade. Entre os parceiros da sociedade civil e das instituições governa- mentais estão as prefeituras, universidades, centros de pesquisa, institutos, fundações, asso- ciações, dentre outros.

Figura 1-14 – Educação ambiental como espaço integrador.

Elaboração: VALE S/A, 2019.

64 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

No levantamento realizado com a finalidade de diagnosticar como se dá e quais são as poten- cialidades relacionadas à educação ambiental no território, verificou-se que os projetos em an- damento contemplam público formado prioritariamente por alunos e profissionais das escolas municipais, estaduais e universidades. Boa parte das ações pontuais também são direciona- das à população em geral. Os funcionários da administração pública e das empresas privadas também foram contemplados nas ações de educação ambiental.

Os dados dos principais executores das ações de educação ambiental realizadas no territó- rio (Figura 1-15) permitem refletir sobre sua participação na definição de estratégias para o PEABP. Mais da metade dos projetos são promovidos por prefeituras municipais, por meio das secretarias e ou departamentos de Meio Ambiente e Educação, prioritariamente. Institutos e secretarias do governo estadual de Minas Gerais, como o IEF, Semad, Copasa, IGAM, são res- ponsáveis por 22,33% das ações. As ONGs são executoras em 15,53% dos projetos. Institutos de pesquisa e universidades são responsáveis por 6,8% dos projetos e empresas da região são responsáveis por 2,91% do total de projetos27.

Figura 1-15 – Principais executores dos projetos de educação ambiental (%).

2,91

6,80 Prefeituras municipais/secretarias 15,53 Institutos e secretarias 52,43 estaduais ONGs 22,33 Universidades e outras instituições de pesquisa Empresas

Elaboração: Arcadis, 2020.

Parcerias são indicadores importantes de articulação interinstitucional. No mesmo levantamen- to, entre os 103 projetos identificados, em 36 (34,9%) não há indicação de parcerias. Dentre as 67 ações em que houve identificação das parcerias, 40 (60%) tiveram mais de uma instituição parceira, e 18 (27%) correspondiam a parcerias com empresas privadas.

Conforme indicado a posteriori, na seção 3.1.1.E, “O PEABP – Ações preliminares”, desde novembro de 2019 foram iniciados diálogos e as articulações entre a VALE S/A e os diversos atores governamentais do nível municipal, representando as secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde dos municípios, com reuniões presenciais em Brumadinho, Mário Campos, Esmeraldas, São Joaquim de Bicas e Juatuba.

Como resultados das reuniões, avalia-se como positiva a aderência das secretarias municipais ao Programa, havendo indicação de potenciais parceiros no município, conforme Quadro 1-18. Soma-se a esta lista de potenciais parceiros, as instituições identificadas com algum tipo de atuação nos projetos, como executores ou parceiros, na pesquisa realizada sobre as ações de EA no território.

27 Esse percentual não inclui os Programas de Educação Ambiental (PEA), condicionantes de empreendimentos em processos de licenciamento ambiental.

65 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba

Quadro 1-18 – Potenciais parcerias para o PEABP.

Município Ação Secretaria municipal Instituições potencialmente parceiras Instituições/empresas que desenvolvem EA no município

Secretaria de Meio Ambiente; Secretaria Secretarias de Educação, Saúde e Meio Ambiente, Ministério do Meio Ambiente, Pesquisa EA no território de Educação-Divisão de Desenvolvimento Rede Globo Minas,Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) ONU Ministério do Meio Ambiente, Rede Globo Minas, Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) Betim e reunião com secretarias e Educação Ambiental e Secretaria de Habitat e ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, SENAR, EMATER, ONU Habitat e ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade; Petrobras, PUC-MG, UNA. municipais. Saúde. Escolas, Petrobras, PUC-MG e UNA.

Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Brumadinho (ASCAVAP), Coca-Cola, FEMSA, Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental, Polícia Militar Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Brumadinho (ASCAVAP), Coca-Cola, FEMSA, Corpo de Minas Gerais, Mineração Morro do Ipê, Nativa Paisagismo, Sindicatos de Pesquisa EA no território; de Bombeiros, Polícia Ambiental, Polícia Militar de Minas Gerais, Mineração Morro do Ipê, Nativa Paisagismo, Brumadinho Secretaria de Meio Ambiente e Trabalhadores Rurais, Sindicato de Produtores Rurais, APA-SUL, RMBH, PESRM, 1ª Oficina participativa; Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Sindicato de Produtores Rurais, APA-SUL, RMBH, PESRM, Associação Desenvolvimento Sustentável; Secretaria Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (AMDA), Funasa, AVG Reunião com equipe de Mineira de Defesa do Meio Ambiente (AMDA), Funasa, AVG Siderurgia, Cenibra, Anglo American, Anima de Educação e Secretaria de Saúde Siderurgia, Cenibra, Anglo American, Anima Comunicação e Educação Ambiental, Zoonoses. Comunicação e Educação Ambiental, Ibama, Empresa Florestas Rio Doce, Centro de Referência da Infância e Ibama, Empresa Florestas Rio Doce, Centro de Referência da Infância e Preservação da Vida – Casa Guará, Ferrous, Mineral Brasil, Minerita, Tejucana, ONG. Preservação da Vida – Casa Guará, Comunidade Conceição do Itaguá, CDL, Vigilância Sanitária, agentes de saúde, professores e comerciantes

Cachoeira da Pesquisa EA no território. – Escritório Regional Centro-Norte do IEF, Escritório Regional Centro-Norte do IEF, Prata*

Pesquisa EA no território e reunião com Secretarias municipais Secretaria de Desenvolvimento Municipal, Associação das Caminhantes da Estrada Real (ACER), Emater-MG, Companhia Associação das Caminhantes da Estrada Real (ACER), Emater-MG, Companhia de Saneamento de Minas Caetanópolis de Meio Ambiente e Cultura e Esportes. de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) CEDRO Têxtil, Vallourec, CODEMA. Gerais (Copasa), CEDRO Têxtil,Vallourec, Desenvolvimento Social, de Educação e da Saúde.

Gos Florestal Ltda., Gestão AGB Peixe Vivo, CBH do Rio das Velhas, do Pesquisa EA no território Subcomitê da UTE Rio Cipó, Emater-MG, Companhia de Saneamento de Minas Gos Florestal Ltda., Gestão AGB Peixe Vivo, CBH do Rio das Velhas, do Subcomitê da UTE Rio Cipó, Emater, e reunião com Secretarias Curvelo Secretaria Municipal de Educação. Gerais (Copasa), Instituto Sustentar, UFMG, Escritório Regional Centro-Norte do Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Instituto Sustentar, UFMG, Escritório Regional Centro- municipais de educação e IEF, Lideranças locais, entidades civis organizadas, ARPA, PROGEA, ASCARE, Norte do IEF, Concessionária de pedágio da BR 135 – ECO 135, PROGEA, ASCARE, PROGEA. de meio ambiente. Concessionária de pedágio da BR 135 – ECO 135.

Pesquisa EA no território Rio das Velhas Consultoria Ambiental, Fapemig, Programa de Extensão e reunião com Secretarias Universitária (ProExt), Subcomitê Ribeirão da Mata, Companhia de Saneamento Rio das Velhas Consultoria Ambiental, Esmeraldas municipais de Saúde, Agricultura e Meio Ambiente. de Minas Gerais (Copasa-), Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis Fapemig, Programa de Extensão Universitária (ProExt), Subcomitê Ribeirão da Mata, de Educação e de Meio de Esmeraldas (ASCAMARE), Centro Mineiro de Referência em Resíduos, Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Ambiente. Emater, Lideranças comunitárias, Copasa, professores, Associação de Catadores, Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Esmeraldas (ASCAMARE), COLMEIA, Secretaria de Cultura/Casa da Cultura, agentes de saúde, colegiado das Centro Mineiro de Referência em Resíduos, Emater, COLMEIA: Coletivos Locais de Meio Ambiente. escolas.

Pesquisa EA no território Agência Nacional de Águas (ANA), Companhia do Desenvolvimento dos Vales do e reunião com Secretarias Agência Nacional de Águas (ANA), Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba São Francisco e Parnaíba (CODEVASF), APAE, SENAC Ruralminas, EMATER, Felixlândia municipais de Saúde, Saúde, Educação e Meio Ambiente. (CODEVASF), APAE, SENAC, Ruralminas, EMATER, IEF, Inovesa: Inovações em Engenharia e Sustentabilidade IEF, Inovesa: Inovações em Engenharia e Sustentabilidade Ambiental, Secretarias de Educação e Meio Ambiental, Secretarias municipais de saúde, educação e meio ambiente. municipais de saúde, educação e meio ambiente. Ambiente.

Pesquisa EA no território e reunião com Secretarias Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), IMA UFV, Emater, Florestal municipais de Saúde, Saúde, Educação e Meio Ambiente. Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), IMA UFV, Emater, Ministério Público do Trabalho. Ministério Público do Trabalho. de Educação e Meio Ambiente.

Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa-), Pesquisa EA no território Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa-/MG) e reunião com Secretarias Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG), Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG), Igarapé municipais de Saúde, Meio Ambiente, Saúde e Educação. Fundo Nacional do Meio Ambiente, Caixa Econômica Federal, ASCAVAP, de Educação e Meio Fundo Nacional do Meio Ambiente, Caixa Econômica Federal, ASCAVAP, Universidade de Itaúna, PUC-MG, Universidade de Itaúna, PUC-MG, Empresa de Mineração Morro do Ipê e Ambiente. Empresa de Mineração Morro do Ipê e Secretarias municipais de Saúde, meio ambiente e educação. Secretarias municipais de Saúde, meio ambiente e educação.

Pesquisa EA no território e reunião com Secretarias Federação Internacional das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais Federação Internacional das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais (BPW), Emater, CODEVASF, Inhaúma Meio Ambiente e Saúde. municipais de Saúde, e (BPW), Emater, CODEVASF, Governo-MG (Secretaria de agricultura). Governo-MG (Secretaria de agricultura). Meio Ambiente.

66 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba

Município Ação Secretaria municipal Instituições potencialmente parceiras Instituições/empresas que desenvolvem EA no município

Reunião com Secretarias Professores, agentes de saúde, Associação de Catadores, Conselho Municipal de municipais de Saúde, Defesa e Conservação do Meio Ambiente (CODEMA), lideranças comunitárias, Juatuba Meio Ambiente, Saúde e Educação. IEF, Concessionária de rodovias AB, Nascentes das Gerais, ONG local e comerciantes locais. de Educação e Meio IEF, Concessionária de rodovias AB, Nascentes das Gerais, ONG local, lideranças Ambiente. comunitárias e comerciantes locais.

Pesquisa EA no território e reunião com Secretarias Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Emater, APAE, CRAS e Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Emater, APAE, CRAS e Secretarias de meio ambiente, Maravilhas Educação, Meio Ambiente e Saúde. municipais de Saúde, de Secretarias de meio ambiente, saúde e educação. saúde e educação. educação e meio ambiente.

1ª Oficina Participativa – Associação dos Artesãos, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Emater, CODEMA, Mário Reunião com Secretarias Associação dos Artesãos, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Emater, CODEMA, Associações Comunitárias, Educação, Meio Ambiente e Saúde. Associações Comunitárias, Casa Gaia, setor religioso, Funasa, Laboratório SGS Campos municipais de Saúde, de Casa Gaia, setor religioso, Funasa, Laboratório SGS Geosol, VALE. Geosol, VALE. educação e meio ambiente.

Câmara Municipal e Mateus Pesquisa EA no território. - - Leme* Secretaria de Meio Ambiente.

SENAR Minas, Pesquisa EA no território e SENAR Minas, reunião com a Secretaria Papagaios Meio Ambiente UAITEC LAB, Política pública da Secretaria de Estado de Desenvolvimento municipal de meio UAITEC LAB, Política pública da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Emater, Econômico (Sede), Emater, CODEMA, EPAMIG, produtores rurais e Secretaria de ambiente. CODEMA, EPAMIG, produtores rurais e Secretaria de Meio Ambiente. Meio Ambiente.

“Águas de Pará de Minas“ Pesquisa EA no território “Águas de Pará de Minas“ e reunião com Secretaria Aflobios e Unidades de Conservação da região centro-norte, Pará de municipal de Educação, Agronegócio, Desenvolvimento Rural e Aflobios e Unidades de Conservação da região centro-norte, Minas Secretaria de Agronegócio, Meio Ambiente e Educação. Escritório Regional Centro-Norte do IEF, Grupo Agro, FAPAM, empresa Águas de Escritório Regional Centro-Norte do IEF, Grupo Agro, FAPAM, empresa Águas de Pará de Minas, Lamil Lage Desenvolvimento Rural e Pará de Minas, Lamil Lage Minérios Ltda., Ama Pangeia, TV Integração (TVI) de Minérios Ltda., Ama Pangeia, TV Integração (TVI) de Pará de Minas. Meio Ambiente. Pará de Minas.

Pesquisa EA no território UFMG, UFMG, e reunião com Secretarias Paraopeba municipais de Saúde, Educação, Meio Ambiente e Saúde. Instituto Sustentar, Secretarias de Educação e de Saúde, Vallourec, ICMBio, Instituto Sustentar, Secretarias de Educação e de Saúde, Vallourec, ICMBio, FLONA, Tear Têxtil, de Educação e Meio FLONA, Tear Têxtil, microempreendedores da região. microempreendedores da região. Ambiente.

Pesquisa EA no território e reunião com Secretarias Prefeitura (destaque para as Secretarias de Saúde, Meio Ambiente, Educação e Pequi municipais de Saúde, Educação, Meio Ambiente e Saúde. Prefeitura (destaque para as Secretarias de Saúde, Meio Ambiente, Educação e Assistência Social). Assistência Social). de Educação e Meio Ambiente.

Escritório Regional Centro-Norte do IEF, Prefeitura (destaque para as Secretarias Escritório Regional Centro-Norte do IEF, Prefeitura (destaque para as Secretarias de Educação e Saúde); Pesquisa EA no território e de Educação e Saúde); Agropeu (ativa) e Sicoob Credipeu; Polícia Militar, Copasa; Agropeu (ativa) e Sicoob Credipeu; Polícia Militar, Copasa; Leitepéu (Cooperativa de produtores); Hidrelétrica reunião com a Secretaria Leitepéu (Cooperativa de produtores); Hidrelétrica de Retiro Baixo; Eletrozema, Pompéu Saúde e Meio Ambiente. de Retiro Baixo; Eletrozema, COOPEU; Associação Proteção de Animais (APPA); Grupo (de Pará de Saúde e Secretaria de COOPEU; Associação Proteção de Animais (APPA); Grupo Alterosa (de Pará de de Minas); CODEMA; IEF; Comitê de Bacia do Rio São Francisco; Associação de Catadores de Materiais Meio Ambiente. Minas); CODEMA; IEF; Comitê de Bacia do Rio São Francisco; Associação de Reciclagem (ASCAVAP). Catadores de Materiais Reciclagem (ASCAVAP).

São Joaquim Pesquisa EA no território e Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Ferrous; Prefeitura Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Ferrous; Prefeitura (destaque para as Secretarias de Educação e Meio Ambiente. de Bicas reunião com Secretaria de (destaque para as Secretarias de Educação e Meio Ambiente) Professores, Educação e Meio Ambiente). Educação e Secretaria de agentes de saúde, Conselho de Saúde, empresa Magna Automobilística, Conselho Meio Ambiente. do Idoso.

Pesquisa EA no território e Alunos da rede municipal do 8º ano do Ensino Fundamental II, em parceria com Alunos da rede municipal do 8º ano do Ensino Fundamental II, em parceria com os alunos do 1º ano do Ensino São José da reunião com Secretaria de os alunos do 1º ano do Ensino Médio da rede estadual de São José da Varginha. Educação, Meio Ambiente e Saúde. Médio da rede estadual de São José da Varginha. Professores de Química e Física da Universidade Federal de Varginha Educação e Secretaria de Professores de Química e Física da Universidade Federal de Florestal; Prefeitura Florestal; Prefeitura (com destaque para as Secretarias de Educação e Saúde). Meio Ambiente. (com destaque para as Secretarias de Educação e Saúde). Elaboração: Arcadis, 2020. * OBS.: Nos municípios de Cachoeira da Prata e Mateus Leme ainda não foram feitas reuniões, em função dos diálogos com o Comitê Pró-Brumadinho acerca dos municípios associados ao PEABP.

67 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Um levantamento preliminar acerca das organizações da sociedade civil no território identificou o total de 3.523 instituições, com diferentes áreas de atuação. Uma primeira aproximação per- mitiu observar nove distintas áreas de atuação: assistência social, cultura e arte, defesa dos animais, educação, esporte, meio ambiente, religião, saúde, social. O Quadro 1-19 contém o número de organizações presentes em cada município e a área de atuação global.

Quadro 1-19 – Organizações da sociedade civil nos municípios.

Número de Município Áreas de atuação instituições Assistência social, cultura e arte, defesa dos animais, educação, esporte, meio Betim 1.374 ambiente, religião, saúde, social.

Assistência social, cultura e arte, defesa dos animais, educação, esporte, meio Brumadinho 287 ambiente, religião, saúde, social. Cachoeira da Prata 21 Cultura e arte, esporte, meio ambiente, religião, social. Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, meio ambiente, religião, Caetanópolis 43 saúde, social. Assistência social, cultura e arte, defesa dos animais, educação, esporte, meio Curvelo 293 ambiente, religião, saúde, social. Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, meio ambiente, religião, Esmeraldas 217 saúde, social. Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, meio ambiente, religião, Felixlândia 91 saúde, social. Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, meio ambiente, religião, Florestal 29 saúde, social. Fortuna de Minas 19 Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, religião, social. Assistência social, cultura e arte, defesa dos animais educação, esporte, meio Igarapé 136 ambiente, religião, saúde, social. Inhaúma 24 Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, religião, social. Assistência social, cultura e arte, defesa dos animais educação, esporte, meio Juatuba 95 ambiente, religião, saúde, social. Maravilhas 21 Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, religião, social. Mário Campos 73 Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, meio ambiente, religião, social. Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, meio ambiente, religião, Mateus Leme 131 saúde, social. Papagaios 62 Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, religião, saúde, social. Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, meio ambiente, religião, Pará de Minas 274 saúde, social. Assistência social, cultura e arte, defesa dos animais, educação, esporte, meio Paraopeba 91 ambiente, religião, saúde, social. Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, meio ambiente, religião, Pequi 18 saúde, social. Assistência social, cultura e arte, defesa dos animais, educação, esporte, meio Pompéu 91 ambiente, religião, saúde, social. São Joaquim de Assistência social, cultura e arte, defesa dos animais, educação, esporte, meio 114 Bicas ambiente, religião, social. São José da Varginha 19 Assistência social, cultura e arte, educação, esporte, meio ambiente, religião, social. Total Geral 3523 Elaboração: VALE S/A; Arcadis, 2020.

68 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Outro importante ator presente na concepção do PEABP são os jovens, representados parti- cularmente pelos Coletivos Jovens, que deverão atuar no território de abrangência do PEABP como articuladores e desenvolvedores de ações e projetos ligados à temática do meio am- biente e qualidade de vida. Para tanto, foi mapeado o número de jovens por município da área de estudo (Quadro 1-20), para subsidiar as ações previstas no Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJMA). Também foram identificados os municípios que possuem Conselho Municipal da Juventude (Quadro 1-21).

Quadro 1-20 – Juventude entre 15 a 29 anos na Área de Estudo. Mapeamento da Juventude entre 15 a 29 anos

Município Sexo 15 a 19 anos 20 a 29 anos Total por sexo Total

Mulheres 18.129 36.994 55.123 Betim 111.754 Homens 18.814 37.817 56.631

Mulheres 1.521 2.954 4.475 Brumadinho 9.260 Homens 1.503 3.282 4.785

Mulheres 128 297 425 Cachoeira da Prata 810 Homens 115 270 385

Mulheres 378 916 1.294 Caetanópolis 2.806 Homens 493 1.019 1.512

Mulheres 3.299 6.517 9.816 Curvelo 19.791 Homens 3.136 6.839 9.975

Mulheres 3.163 5.336 8.499 Esmeraldas 17.716 Homens 3.506 5.711 9.217

Mulheres 568 1.201 1.769 Felixlândia 3.548 Homens 617 1.162 1.779

Mulheres 309 670 979 Florestal 1.873 Homens 311 583 894

Mulheres 114 214 328 Fortuna de Minas 694 Homens 120 246 366

Mulheres 1.628 3.318 4.946 Igarapé 10.072 Homens 1.705 3.421 5.126

Mulheres 262 476 738 Inhaúma 1.578 Homens 281 559 840

Mulheres 1.048 2.088 3.136 Juatuba 6.524 Homens 1.091 2.297 3.388

Mulheres 303 700 1.003 Maravilhas 2.043 Homens 370 670 1.040

Mulheres 650 1.185 1.835 Mário Campos 3.864 Homens 688 1.341 2.029

Mulheres 1.201 2.346 3.547 Mateus Leme 7.252 Homens 1.283 2.422 3.705

69 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Mapeamento da Juventude entre 15 a 29 anos

Município Sexo 15 a 19 anos 20 a 29 anos Total por sexo Total

Mulheres 648 1.321 1.969 Papagaios 4.113 Homens 771 1.373 2.144

Mulheres 3.467 7.577 11.044 Pará de Minas 23.190 Homens 3.909 8.237 12.146

Mulheres 1.030 2.110 3.140 Paraopeba 6.336 Homens 1.083 2.113 3.196

Mulheres 158 334 492 Pequi 1.005 Homens 186 327 513

Mulheres 1.345 2.653 3.998 Pompéu 8.200 Homens 1.381 2.821 4.202

Mulheres 1.108 2.033 3.141 São Joaquim de Bicas 7.941 Homens 1.305 3.495 4.800

Mulheres 193 373 566 São José da Varginha 1.130 Homens 186 378 564

Mulheres 40.650 81.613 122.263 Total da região 251.500 Homens 42.854 86.383 129.237

Fonte: DATASUS, 2015. Elaboração: Arcadis, 2020.

Quadro 1-21 – Presença de Conselho Municipal da Juventude na Área de Estudo.

Município Conselho Municipal da Juventude

Betim Tem Conselho Municipal da Juventude, instituído pela Lei Municipal 4.740/2009.

Brumadinho Tem Conselho Municipal de Juventude, instituído pela Lei 1.669/2008.

Cachoeira da Prata Sem informação.

Caetanópolis Sem informação.

Curvelo Tem Conselho Municipal de Juventude, instituído pela Lei Ordinária 2.515/2009.

Esmeraldas Tem Conselho Municipal de Juventude, instituído pela Lei Ordinária 1.808/2001.

Felixlândia Tem Conselho Municipal de Juventude, instituído pela Lei 1.770/2010

Florestal Tem Conselho Municipal de Juventude, instituído pela Lei 908/2013.

Fortuna de Minas Sem informação.

Igarapé Tem Conselho Municipal de Juventude, instituído pela Lei Ordinária 1.501/2009.

Inhaúma Sem informação.

Juatuba Tem Conselho Municipal de Juventude, instituído pela Lei Ordinária 765/2011.

Maravilhas Sem informação.

Mário Campos Tem Conselho Municipal de Juventude, instituído pela Lei Ordinária 476/2013.

Mateus Leme Sem informação.

Papagaios Sem informação.

Pará de Minas Tem Conselho Municipal de Políticas Públicas da Juventude, instituído pela Lei Municipal 5.640/2014.

Paraopeba Sem informação.

70 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Município Conselho Municipal da Juventude

Pequi Sem informação.

Pompéu Tem Conselho Municipal da Juventude, instituído pela Lei 2.356/2017.

São Joaquim de Tem Conselho Municipal de Juventude, instituído pela Lei Municipal 606/2017. Bicas

São José da Varginha Tem Conselho Municipal de Juventude, instituído pela Lei Municipal 409/2008. Fonte: Prefeituras municipais, 2020. Elaboração: Arcadis, 2020.

No contexto do PEABP, entende-se que processos amplos, continuados e que perpassam o tecido social dependem de uma conjunção de recursos e competências que não se encontram numa única instituição. Diante disso, o programa tem como objetivo principal articular pessoas e instituições, constituindo uma rede de educação ambiental, que aqui é definida como um conjunto de pessoas e de instituições que possuem algo em comum entre si (objetivos, valores) unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados.

As redes como forma de organização social são teias, tecidos elaborados fio a fio a várias mãos, e cada um no coletivo é artesão deste processo, não isoladamente, mas num espaço de conexões permanentes. Pensar em rede, no contexto do PEABP, é pensar em fios que se entrelaçam, nos pontos e nós que se interligam, se comunicam, por onde flui e se capilariza a informação e formação, nas relações que se estabelecem, reforçando a colaboração, a corres- ponsabilidade e a solidariedade como instrumento para a ação.

1.1.1.D.f. Estrutura educacional dos 22 municípios Este item apresenta a estrutura do ensino básico nos 22 municípios, considerando informações contidas no Plano de Reparação, referentes ao número escolas, matrículas no ensino básico, que engloba ensino infantil, fundamental e médio e número de docentes. Apresenta, também, as modalidades de bolsa de estudos para o ensino médio em Minas Gerais.

Esses dados visam contribuir para estruturação das ações do PEABP, uma vez que a escola representa tanto fisicamente – espaço de formação e de troca de conhecimento – quanto sim- bolicamente, o locus privilegiado para o desenvolvimento do conhecimento, das trocas entre as múltiplas experiências do saber que irão propiciar a reflexão e transformação social. Em contextos gerais, os aspectos educacionais são importantes na construção de índices ligados às condições de vida da população, como o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), como já foi exposto nesta contextualização, uma vez que o sistema público de educação, num dado município, contribui para a diminuição dos índices de vulnerabilidade social e aumento de desenvolvimento humano, à medida em que proporciona acesso ao conhecimento, agregando habilidades e capital cultural às pessoas e, sobretudo, ser um instrumento fundamental para diminuir padrões de desigualdade sociais e criar criação de oportunidades para melhoria da qualidade de vida.

Além da interface com as condições de vida da população, a educação relaciona-se com outros aspectos socioeconômicos, como a estrutura demográfica. Alterações nessa estrutura, de forma macro ou micro, demandam mudanças na oferta do sistema público de educação, provocando direcionamento de investimento na escolaridade das faixas etárias predominantes. A dinâmica territorial, influenciada por fenômenos como a migração, pode transformar a estrutura popula- cional local gerando sobrecarga ao sistema, demandando estrutura física e recursos humanos/

71 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 profissionais ou ocupação das vagas anteriormente ociosas, dependendo da direção dofluxo populacional.

Nesse sentido, a estrutura educacional disponível nos 22 municípios, conforme indicada nos Quadros 1-23 e 1-24, com base nos dados da SEE (2020) e do INEP (2018), pode vir a auxiliar nas ações do PEABP, uma vez que são fundamentais no processo de formação de educadores.

Em relação ao número de estabelecimentos de ensino (Quadro 1-22) na educação básica, observa-se o predomínio dos estabelecimentos/escolas na área urbana e sob responsabilida- de do poder público, sobretudo na rede municipal, principal responsável pela oferta dos anos iniciais do ensino fundamental. O número de estabelecimentos na educação básica apresenta- dos refere-se ao número total de escolas federais, estaduais, municipais e privadas, que ofere- cem os diferentes ciclos de ensino: ensino infantil, fundamental, médio, Educação de Jovens e Adultos (EJA), profissionalizante, atividades complementares e educação especial.

No Quadro 1-23 são apresentados os números de estabelecimentos de acordo com o nível de ensino. Nesse caso, os números de estabelecimentos não são somados, uma vez que uma escola pode oferecer mais de um nível de ensino. Os municípios com escolas na área rural têm seus estabelecimentos sob a responsabilidade do poder público municipal e estadual; desta- que para os municípios de Brumadinho e Esmeraldas. Brumadinho conta com 20 escolas muni- cipais (10 de ensino infantil e 10 de ensino fundamental) e uma escola estadual de ensino mé- dio; Esmeraldas tem 27 escolas municipais (13 de ensino infantil e 14 de ensino fundamental) e três escolas estaduais (duas de ensino fundamental e uma de ensino médio). Predominam os estabelecimentos de ensino municipal tanto na área urbana quanto rural. Apesar dos esta- belecimentos particulares representarem 28,79% do total, eles estão concentrados nos maio- res municípios da área de estudo, destacadamente em Betim (131 estabelecimentos). Para a maior parte do território, os estabelecimentos estaduais de ensino complementam a rede de ensino fundamental e ensino médio. A zona rural abriga somente 13,39% dos estabelecimen- tos de ensino e as escolas municipais representam 90,83% do total de oferta.

Quadro 1-22 – Número de estabelecimentos de ensino na AE. Município Zona Total Total Geral

Urbana 317 Betim 322 Rural 5

Urbana 18 Brumadinho 28 Rural 10

Urbana 3 Cachoeira da Prata 3 Rural 0

Urbana 6 Caetanópolis 7 Rural 1

Urbana 57 Curvelo 62 Rural 5

Urbana 29 Esmeraldas 45 Rural 16

72 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Município Zona Total Total Geral

Urbana 14 Felixlândia 17 Rural 3

Urbana 6 Florestal 8 Rural 2

Urbana 4 Fortuna de Minas 4 Rural 0

Urbana 28 Igarapé 28 Rural 0

Urbana 3 Inhaúma 5 Rural 2

Urbana 23 Juatuba 23 Rural 0

Urbana 4 Maravilhas 5 Rural 1

Urbana 9 Mário Campos 11 Rural 2

Urbana 16 Mateus Leme 19 Rural 3

Urbana 13 Papagaios 14 Rural 1

Urbana 55 Pará de Minas 62 Rural 7

Urbana 11 Paraopeba 14 Rural 3

Urbana 3 Pequi 4 Rural 1

Urbana 24 Pompéu 25 Rural 1

Urbana 19 São Joaquim de Bicas 20 Rural 1

Urbana 4 São José da Varginha 8 Rural 4

Urbano 666 Total 734 Rural 68 Fonte: Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE, 2020). Elaboração: Arcadis, 2020.

73 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Quadro 1-23 – Estabelecimentos de acordo com o nível de ensino ofertado por município.

Estabelecimentos de ensino Nível de Município Zona Urbana Zona Rural Escolaridade Total Fed. Estad. Mun. Priv. Fed. Estad. Mun. Priv. Educação Infantil 0 0 30 92 0 0 1 0 123 Betim Ensino Fundamental 0 18 64 33 0 0 5 0 120 Ensino Médio 1 30 0 6 0 0 0 0 37 BETIM TOTAL 1 48 94 131 – – 6 – 280 Educação Infantil 0 0 6 3 0 0 10 0 19 Brumadinho Ensino Fundamental 0 0 5 3 0 0 10 0 18 Ensino Médio 0 2 0 2 0 1 0 0 5 BRUMADINHO TOTAL – 2 11 8 – 1 20 – 42 Educação Infantil 0 0 1 0 0 0 0 0 1 Cachoeira da Prata Ensino Fundamental 0 0 2 0 0 0 0 0 2 Ensino Médio 0 1 0 0 0 0 0 0 1 CACHOEIRA DA PRATA TOTAL – 1 3 – – – – – 4 Educação Infantil 0 0 1 2 0 0 1 0 4 Caetanópolis Ensino Fundamental 0 2 2 1 0 0 1 0 6 Ensino Médio 0 1 0 1 0 0 0 0 2 CAETANÓPOLIS TOTAL – 3 3 4 – – 2 – 12 Educação Infantil 0 0 15 20 0 0 4 0 39 Curvelo Ensino Fundamental 0 13 12 10 0 1 4 0 40 Ensino Médio 1 13 0 4 0 1 0 0 19 CURVELO TOTAL 1 26 27 34 – 2 8 – 98 Educação Infantil 0 0 13 4 0 0 13 0 30 Esmeraldas Ensino Fundamental 0 7 11 4 0 2 14 0 38 Ensino Médio 0 6 0 1 0 1 0 0 8 ESMERALDAS TOTAL – 13 24 9 – 3 27 – 76 Educação Infantil 0 0 4 1 0 0 2 0 7 Felixlândia Ensino Fundamental 0 2 5 2 0 0 3 0 12 Ensino Médio 0 2 0 0 0 0 0 0 2 FELIXLÂNDIA TOTAL – 4 9 3 – – 5 – 21 Educação Infantil 0 0 2 1 0 0 0 0 3 Florestal Ensino Fundamental 0 1 1 0 0 0 1 0 3 Ensino Médio 0 1 0 0 1 0 0 0 2 FLORESTAL TOTAL – 2 3 1 1 – 1 – 8 Educação Infantil 0 0 2 0 0 0 0 0 2 Fortuna de Minas Ensino Fundamental 0 0 1 0 0 0 0 0 1 Ensino Médio 0 1 0 0 0 0 0 0 1 FORTUNA DE MINAS TOTAL – 1 3 – – – – – 4 Educação Infantil 0 0 15 4 0 0 0 0 19 Igarapé Ensino Fundamental 0 6 10 4 0 0 0 0 20 Ensino Médio 0 4 0 2 0 0 0 0 6 IGARAPÉ TOTAL – 10 25 10 – – – – 45 Educação Infantil 0 0 1 0 0 0 2 0 3 Inhaúma Ensino Fundamental 0 1 1 0 0 0 2 0 4 Ensino Médio 0 1 0 0 0 0 0 0 1 INHAÚMA TOTAL – 2 2 – – – 4 – 8

74 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Estabelecimentos de ensino Nível de Município Zona Urbana Zona Rural Escolaridade Total Fed. Estad. Mun. Priv. Fed. Estad. Mun. Priv. Educação Infantil 0 0 15 4 0 0 0 0 19 Juatuba Ensino Fundamental 0 2 11 2 0 0 0 0 15 Ensino Médio 0 2 0 0 0 0 0 0 2 JUATUBA TOTAL – 4 26 6 – – – – 36 Educação Infantil 0 0 2 0 0 0 1 0 3 Maravilhas Ensino Fundamental 0 1 1 1 0 0 1 0 4 Ensino Médio 0 1 0 0 0 0 0 0 1 MARAVILHAS TOTAL – 2 3 1 – – 2 – 8 Educação Infantil 0 0 4 3 0 0 0 0 7 Mário Campos Ensino Fundamental 0 2 4 1 0 0 2 0 9 Ensino Médio 0 2 0 0 0 0 0 2 MÁRIO CAMPOS TOTAL – 4 8 4 – – 2 – 18 Educação Infantil 0 0 8 4 0 0 3 0 15 Mateus Leme Ensino Fundamental 0 4 7 3 0 0 3 0 17 Ensino Médio 0 4 0 0 0 0 0 0 4 MATEUS LEME TOTAL – 8 15 7 – – 6 – 36 Educação Infantil 0 0 4 2 0 0 0 0 6 Papagaios Ensino Fundamental 0 2 4 2 0 1 0 0 9 Ensino Médio 0 2 0 1 0 1 0 0 4 PAPAGAIOS TOTAL – 4 8 5 – 2 – – 19 Educação Infantil 0 0 17 6 0 0 6 0 29 Pará de Minas Ensino Fundamental 0 17 10 7 0 0 7 0 41 Ensino Médio 0 11 0 4 0 0 0 0 15 PARÁ DE MINAS TOTAL – 28 27 17 – – 13 – 85 Educação Infantil 0 0 2 1 0 0 2 1 6 Paraopeba Ensino Fundamental 0 4 3 2 0 0 2 1 12 Ensino Médio 0 2 0 1 0 0 0 0 3 PARAOPEBA TOTAL – 6 5 4 – – 4 2 21 Educação Infantil 0 0 1 0 0 0 1 0 2 Pequi Ensino Fundamental 0 1 1 0 0 0 1 0 3 Ensino Médio 0 1 0 0 0 0 0 0 1 PEQUI TOTAL – 2 2 – – – 2 – 6 Educação Infantil 0 0 11 4 0 0 0 0 15 Pompéu Ensino Fundamental 0 5 6 3 0 0 1 – 15 Ensino Médio 0 3 0 1 0 0 0 0 4 POMPÉU TOTAL – 8 17 8 – – 1 – 34 Educação Infantil 0 0 6 3 0 0 1 0 10 São Joaquim de Bicas Ensino Fundamental 0 4 6 2 0 0 1 0 13 Ensino Médio 0 2 0 1 0 0 0 3 SÃO JOAQUIM DE BICAS TOTAL – 6 12 6 – – 2 – 26 Educação Infantil 0 0 2 0 0 2 0 4 São José da Varginha Ensino Fundamental 0 1 1 0 0 0 2 0 4 Ensino Médio 0 1 0 0 0 0 0 0 1 SÃO JOSÉ DA VARGINHA TOTAL – 2 3 – – – 4 – 9 2 186 330 258 1 8 109 2 896 Fonte: Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (SEE, 2020). Elaboração: Arcadis, 2020.

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Em relação ao número de docentes por município (Quadro 1-24), observa-se que, do total de 13.085 docentes identificados no território, 5.026 estão no município de Betim. A zona urbana concentra 93,56% dos docentes da região e 49,5% estão alocados na rede municipal de ensino.

Quadro 1-24 – Número de docentes por município.

Docentes Nível de Município Zona Urbana Zona Rural Escolaridade Fed. Estad. Mun. Priv. Fed. Estad. Mun. Priv. Educação Infantil – – 453 707 – – 4 – Betim Ensino Fundamental – 514 1.984 360 – – 25 – Ensino Médio 52 833 – 94 – – – – BETIM TOTAL 52 1.347 2.437 1.161 – – 29 – Educação Infantil – – 48 11 – – 52 – Brumadinho Ensino Fundamental – – 111 49 – – 114 – Ensino Médio – 59 – 27 – 14 – – BRUMADINHO TOTAL – 59 159 87 – 14 166 – Educação Infantil – – 11 – – – – – Cachoeira da Prata Ensino Fundamental – – 23 – – – – – Ensino Médio – 17 – – – – – – CACHOEIRA DA PRATA TOTAL – 17 34 – – – – – Educação Infantil – – 11 8 – – 4 – Caetanópolis Ensino Fundamental – 30 38 15 – – 16 – Ensino Médio – 25 – 11 – – – – CAETANÓPOLIS TOTAL – 55 49 34 – – 20 – Educação Infantil – – 66 61 – – 5 – Curvelo Ensino Fundamental – 272 143 105 – 11 23 – Ensino Médio 41 235 – 52 – 11 – – CURVELO TOTAL 41 507 209 218 – 22 28 – Educação Infantil – – 93 8 – – 36 – Esmeraldas Ensino Fundamental – 198 163 27 – 38 204 – Ensino Médio – 152 – 9 – 13 – – ESMERALDAS TOTAL – 350 256 44 – 51 240 – Educação Infantil – – 28 2 – – – – Felixlândia Ensino Fundamental – 33 59 15 – – 8 – Ensino Médio – 33 – – – – – – FELIXLÂNDIA TOTAL – 66 87 17 – – 8 – Educação Infantil – – 20 2 – – – – Florestal Ensino Fundamental – 26 18 – – – 2 – Ensino Médio – 38 – – 18 – – – FLORESTAL TOTAL – 64 38 2 18 – 2 – Educação Infantil – – 9 – – – – – Fortuna de Minas Ensino Fundamental – – 22 – – – – – Ensino Médio – 10 – – – – – – FORTUNA DE MINAS TOTAL – 10 31 – – – – – Educação Infantil – – 129 15 – – – – Igarapé Ensino Fundamental – 156 178 55 – – – – Ensino Médio – 104 – 21 – – – – IGARAPÉ TOTAL – 260 307 91 – – – –

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Docentes Nível de Município Zona Urbana Zona Rural Escolaridade Fed. Estad. Mun. Priv. Fed. Estad. Mun. Priv. Educação Infantil – – 15 – – – 4 – Inhaúma Ensino Fundamental – 29 21 – – – 11 – Ensino Médio – 24 – – – – – – INHAÚMA TOTAL – 53 36 – – – 15 – Educação Infantil – – 88 11 – – – – Juatuba Ensino Fundamental – 32 189 9 – – – – Ensino Médio – 62 – – – – – – JUATUBA TOTAL – 94 277 20 – – – – Educação Infantil – – 17 – – – 2 – Maravilhas Ensino Fundamental – 16 32 2 – – 13 – Ensino Médio – 17 – – – – – – MARAVILHAS TOTAL – 33 49 2 – – 15 – Educação Infantil – – 35 10 – – – – Mário Campos Ensino Fundamental – 54 65 4 – – 10 – Ensino Médio – 46 – – – – – – MÁRIO CAMPOS TOTAL – 100 100 14 – – 10 – Educação Infantil – – 71 8 – – 6 – Mateus Leme Ensino Fundamental – 100 137 25 – – 18 – Ensino Médio – 81 – – – – – – MATEUS LEME TOTAL – 181 208 33 – – 24 – Educação Infantil – – 44 5 – – – – Papagaios Ensino Fundamental – 62 47 19 – 17 – – Ensino Médio – 58 – 12 – 14 – – PAPAGAIOS TOTAL – 120 91 36 – 31 – – Educação Infantil – – 438 41 – – 19 – Pará de Minas Ensino Fundamental – 353 202 116 – – 50 – Ensino Médio – 226 – 52 – – – – PARÁ DE MINAS TOTAL – 579 640 209 – – 69 – Educação Infantil – – 31 7 – – 2 1 Paraopeba Ensino Fundamental – 76 56 19 – – 25 13 Ensino Médio – 63 – 13 – – – – PARAOPEBA TOTAL – 139 87 39 – – 27 14 Educação Infantil – – 12 – – – – – Pequi Ensino Fundamental – 16 16 – – – 4 – Ensino Médio – 14 – – – – – – PEQUI TOTAL – 30 28 – – – 4 – Educação Infantil – – 119 15 – – – – Pompéu Ensino Fundamental – 120 82 44 – – 6 – Ensino Médio – 78 – 11 – – – – POMPÉU TOTAL – 198 201 70 – – 6 – Educação Infantil – – 77 10 – – 4 – São Joaquim de Bicas Ensino Fundamental – 78 148 31 – – 18 – Ensino Médio – 55 – 11 – – – – SÃO JOAQUIM DE BICAS TOTAL 133 225 52 – – 22 –

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Docentes Nível de Município Zona Urbana Zona Rural Escolaridade Fed. Estad. Mun. Priv. Fed. Estad. Mun. Priv. Educação Infantil – – 22 – – – 2 – São José da Varginha Ensino Fundamental – 22 11 – – – 6 – Ensino Médio – 21 – – – – – – SÃO JOSÉ DA VARGINHA TOTAL – 43 33 – – – 8 – 93 4.438 5.582 2.129 18 118 693 14 Fonte: INEP. Sinopse Estatística da Educação Básica 2018. Elaboração: Arcadis, 2020.

Com relação ao número de matrículas (Quadro 1-25 e Figura 1-16), considerou-se o período de 2015 a 2018 para o total de matrículas efetuadas no ensino básico, o que corresponde à soma das matrículas em creches e pré-escolas, ao total de matrículas no ensino fundamental (I e II) e ao total de matrículas no ensino médio. A escolha pelos dados dos últimos quatro anos busca apreender as variações em função das políticas governamentais, em particular a Lei nº 13.306/2016 (art. 54, IV), que altera o ECA visando o direito das crianças ao atendimento em creche e pré-escola.

O número de matrículas permite compreender a demanda, a oferta e a distribuição de vagas no ensino básico, bem como dar indícios sobre a estrutura etária da população local e a capa- cidade de gestão do poder público, no sentido de conseguir administrar possíveis acréscimos na demanda de matrículas ou evasões. Em geral, a disponibilidade de vagas no ensino básico significa que o poder público está agindo de acordo com as responsabilidades previstas na Constituição e em outras políticas públicas e, também, dando oportunidade para famílias que trabalham de terem onde deixar seus filhos, condição essa relacionada à vulnerabilidade social nos municípios. Municípios com maior número de vagas no ensino infantil (creche e pré-escola) podem oferecer melhor qualidade de vida à população.

Em relação aos dados da pesquisa, não houve aumento significativo no número de matrí- culas após 2016 na área de estudo, o que é condizente com o observado para o estado de Minas Gerais. Analisando as matrículas entre 2015 e 2018, observa-se que na maior parte dos municípios há um decréscimo de matrículas nos anos subsequentes a 2015, que não estão retratados na Figura 113, pois os maiores municípios da região tiveram aumentos sig- nificativos no número de matrículas, como Betim por exemplo, que teve um incremento de mais de 16.500 matrículas de 2015 para 2016. Cabe destacar que, entre todos os municípios analisados, apenas Brumadinho, Cachoeira da Prata, Fortuna de Minas e Pequi apresentaram diminuição de matrículas no período pesquisado. Este cenário da diminuição das matrículas no ensino infantil pode estar atrelado à interface que a educação mantém com outros aspectos socioeconômicos.

A tendência na diminuição do número de matrículas também perpassa o ensino fundamental e médio. Esse fato pode refletir o mesmo fenômeno percebido para o ensino infantil, atrelado às alterações na estrutura demográfica nos municípios da área de estudo, que afetam as deman- das e mudanças na oferta do sistema público de educação. No entanto, vale destacar que o nú- mero de estudantes no ensino médio é bastante inferior àqueles que se matricularam no ensino fundamental, representando o que ocorre no cenário brasileiro. Segundo dados da Pesquisa

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Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE (2018)28, no Brasil quase quatro (36,5%) em cada dez brasileiros de 19 anos (idade considerada ideal para conclusão do ensino médio) não finalizaram essa etapa em 2018. Os principais motivos, ainda segundo o IBGE, é que em 62% dos casos não frequentam mais a escola, e 55% pararam de estudar durante o ensino médio. A evasão escolar ainda é um grande desafio a ser enfrentado pelas políticas públicas relacionadas à educação.

Quadro 1-25 – Número de matrículas por município, 2015 a 2018. Matrículas Município Nível de Escolaridade 2015 2016 2017 2018 Educação Infantil 16.124 17.325 17.418 17.844 Betim Ensino Fundamental 55.471 54.448 54.097 53.400 Ensino Médio 18.558 18.853 18.416 17.389 BETIM TOTAL 74.029 90.626 89.931 88.633 Educação Infantil 1.680 1.614 1.636 1.563 Brumadinho Ensino Fundamental 4.742 4.655 4.578 4.545 Ensino Médio 1.251 1.372 1.472 1.376 BRUMADINHO TOTAL 7.673 7.641 7.686 7.484 Educação Infantil 156 161 168 167 Cachoeira da Prata Ensino Fundamental 424 423 426 397 Ensino Médio 137 197 220 166 CACHOEIRA DA PRATA TOTAL 717 781 814 730 Educação Infantil 306 326 328 344 Caetanópolis Ensino Fundamental 1.390 1.339 1.279 1.247 Ensino Médio 365 454 342 350 CAETANÓPOLIS TOTAL 2.061 2.119 1.949 1.941 Educação Infantil 2.669 2.848 2.884 3.023 Curvelo Ensino Fundamental 10.849 10.272 10.141 9.906 Ensino Médio 3.188 3.146 3.210 3.224 CURVELO TOTAL 16.706 16.266 16.235 16.153 Educação Infantil 1.379 1.785 1.877 1.974 Esmeraldas Ensino Fundamental 10.958 10.935 10.590 10.439 Ensino Médio 2.553 2.977 3.017 2.936 ESMERALDAS TOTAL 14.890 15.697 15.484 15.349 Educação Infantil 417 386 371 412 Felixlândia Ensino Fundamental 1.860 1.785 1.733 1.657 Ensino Médio 538 510 507 471 FELIXLÂNDIA TOTAL 2.815 2.681 2.611 2.540 Educação Infantil 340 345 347 387 Florestal Ensino Fundamental 1.017 1.030 1.001 913 Ensino Médio 750 802 884 875 FLORESTAL TOTAL 2.107 2.177 2.232 2.175

28 Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), IBGE (2018): Disponível em: https://g1.globo. com/educacao/noticia/2018/12/18/quase-4-em-cada-10-jovens-de-19-anos-nao-concluiram-o-ensino-medio- -aponta-levantamento.ghtml. Acesso em: 2 set. 2019.

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Matrículas Município Nível de Escolaridade 2015 2016 2017 2018 Educação Infantil 163 166 135 197 Fortuna de Minas Ensino Fundamental 444 403 387 383 Ensino Médio 118 149 161 131 FORTUNA DE MINAS TOTAL 725 718 683 711 Educação Infantil 1.726 2.004 2.111 2.150 Igarapé Ensino Fundamental 6.351 6.250 6.339 6.323 Ensino Médio 1.815 1.906 1.938 1.959 IGARAPÉ TOTAL 9.892 10.160 10.388 10.432 Educação Infantil 186 212 231 244 Inhaúma Ensino Fundamental 965 885 844 804 Ensino Médio 239 316 323 329 INHAÚMA TOTAL 1.390 1.413 1.398 1.377 Educação Infantil 1.173 1.250 1.282 1.328 Juatuba Ensino Fundamental 4.419 4.243 4.208 4.105 Ensino Médio 1.009 1.045 998 1.048 JUATUBA TOTAL 6.601 6.538 6.488 6.481 Educação Infantil 286 271 274 278 Maravilhas Ensino Fundamental 991 978 973 922 Ensino Médio 255 323 300 279 MARAVILHAS TOTAL 1.532 1.572 1.547 1.479 Educação Infantil 403 471 474 534 Mário Campos Ensino Fundamental 2.157 2.117 2.055 1.973 Ensino Médio 512 647 635 653 MÁRIO CAMPOS TOTAL 3.072 3.235 3.164 3.160 Educação Infantil 596 1.203 1.278 1.144 Mateus Leme Ensino Fundamental 4.872 4.897 4.776 4.920 Ensino Médio 1.219 1.431 1.306 1.342 MATEUS LEME TOTAL 6.687 7.531 7.360 7.406 Educação Infantil 537 569 551 558 Papagaios Ensino Fundamental 2.190 2.125 2.068 2.000 Ensino Médio 508 670 694 633 PAPAGAIOS TOTAL 3.235 3.364 3.313 3.191 Educação Infantil 3.930 4.002 3.927 4.325 Pará de Minas Ensino Fundamental 11.647 11.221 10.987 10.864 Ensino Médio 3.501 3.720 3.746 3.553 PARÁ DE MINAS TOTAL 19.078 18.943 18.660 18.742 Educação Infantil 770 825 812 882 Paraopeba Ensino Fundamental 3.327 3.179 3.075 2.971 Ensino Médio 912 1.077 1.164 1.107 PARAOPEBA TOTAL 5.009 5.081 5.051 4.960

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Matrículas Município Nível de Escolaridade 2015 2016 2017 2018 Educação Infantil 151 155 182 174 Pequi Ensino Fundamental 536 502 485 472 Ensino Médio 182 161 131 128 PEQUI TOTAL 869 818 798 774 Educação Infantil 1.211 1.299 1.321 1.432 Pompéu Ensino Fundamental 4.329 4.254 4.199 4.090 Ensino Médio 1.236 1.303 1.269 1.283 POMPÉU TOTAL 6.776 6.856 6.789 6.805 Educação Infantil 1.077 1.166 1.130 1.145 São Joaquim de Bicas Ensino Fundamental 4.076 4.291 4.282 4.268 Ensino Médio 855 990 1.062 1.091 SÃO JOAQUIM DE BICAS TOTAL 6.008 6.447 6.474 6.504 Educação Infantil 180 187 186 189 São José da Varginha Ensino Fundamental 553 556 534 527 Ensino Médio 165 169 173 200 SÃO JOSÉ DA VARGINHA TOTAL 898 912 893 916 192.770 211.576 209.948 207.943 Fonte: INEP. Sinopse Estatística da Educação Básica 2018. Elaboração: Arcadis, 2020.

Figura 1-16 – Número de matrículas na área de estudo.

215.000 211.576 209.948 210.000 207.943

205.000

200.000

195.000 192.770

190.000

185.000

180.000 2015 2016 2017 2018 Matrículas

Elaboração: Arcadis, 2020.

1.1.1.D.g. Iniciação Científica Em relação à pesquisa sobre programas de Iniciação Científica oferecidos para o ensino médio, existem programas específicos para obtenção de bolsas de estudos oferecidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). O CNPQ oferece duas modalida- des de bolsas: Programa de Bolsas de Iniciação Científica no Ensino Médio (PIBIC-EM) e de Iniciação Científica Voluntária Júnior (PICV-JR). A FAPEMIG oferece a modalidade Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBIC-JR).

Para ser bolsista o aluno deve estar regularmente matriculado no ensino médio, apresentar fre- quência escolar igual ou superior a 80%, desempenho acadêmico satisfatório, possuir currículo

81 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 cadastrado na plataforma Lattes, ter um orientador credenciado e um projeto e possuir conta no Banco do Brasil. As bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBIC-EM) tem foco na iniciação de jovens na pesquisa científica, com duração máxima de 1 ano, porém renováveis sucessiva- mente (para o aluno) e com duração determinada a critério do CNPQ para oferta à instituição.

No caso da FAPEMIG, o currículo deve estar cadastrado no sistema Everest, não possuir vín- culo empregatício ou outra bolsa, ter um orientador credenciado e um projeto, e possuir conta no Banco Santander. O PIBIC-JR permite que alunos do primeiro e segundo anos do ensino médio de escolas públicas participem de uma pesquisa pelo período de um ano.

1.1.1.E. PEABP – Ações preliminares Desde 2019, a equipe de educação ambiental idealizadora do PEABP está em constante diálo- go e cooperação com as ações internas e emergenciais da VALE S/A, construindo interfaces e conexões com as diferentes gerências envolvidas na reparação dos territórios atingidos ao lon- go da bacia do rio Paraopeba. A ação do PEABP como elemento integrador perpassa o apoio a processos de formação para a reparação e educação ambiental de equipes com diferentes atuações em campo, ao mesmo tempo que se alimenta do feedback dessas equipes para com- preender o cenário atual e buscar estratégias de atuação no território.

Essa cooperação é um processo que se retroalimenta via informação, troca de experiência, conhecimento e esforço em prol da reparação. As áreas da VALE S/A com as quais o PEABP interage são: Relacionamento com Comunidades (RC), Relacionamento Institucional (RI), Referência da Família/Apoio Psicossocial (RF), Vigilância Epidemiológica, Frente Agropecuária, Fomento Econômico, Engajamento Social, Arquitetura e Urbanismo, Comunicação, Imprensa, Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais, Recursos Humanos, Investimento Social, Saneamento, Engenharia, Meio Biótico, Meio Físico e Licenciamento. As ações realizadas en- tre julho de 2019 e agosto 2020 pela equipe de Educação Ambiental da Gerência de Reparação Socioambiental (PEABP), no intuito de fortalecimento de parcerias internas e externas são:

• Sensibilização em Educação Ambiental dos colaboradores da Diretoria Especial de Reparação e Desenvolvimento para apresentação do PEABP, seus princípios, valores e as metodologias pedagógicas adotadas. Até o momento, participaram mais de 251 pessoas em 59 encontros das diversas áreas dessa Diretoria. • 1º, 2º e 3º Encontros de Formação em Educação Ambiental: Coletivo Educador Interno, time Reparação, turmas 1 e 2. Temas abordados: Educação Ambiental crítica e a éti- ca do cuidado, metodologia e constituição do Coletivo Educador Interno, conceitos que permeiam a proposta do PEABP como: Pesquisa-Ação-Participante (PAP), Cardápio de Aprendizagem e Intervenção educadora, troca de saberes e a aprendizagem coletiva, Plano de Reparação Socioambiental e o fio metodológico planejado para condução dos Diagnósticos Socioambientais Participativos (DSP) nos 22 municípios localizados na calha do rio Paraopeba. Envolvimento de mais de 50 pessoas das diversas áreas da Reparação. • Apoio para ação de educação em saúde junto à equipe de Vigilância Epidemiológica da Diretoria Especial de Reparação e Desenvolvimento, envolvimento de escolas municipais de Mário Campos e desenvolvimento de cartilha e revista, com apresentação de teatro e palestra nas escolas e palestra na comunidade de Nazaré, em São Joaquim de Bicas, so- bre Higiene, Saúde e Resíduos.

82 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

• Apoio à área de Engenharia/Gestão Ambiental das Obras na ação especial de educação ambiental e engajamento, com o envolvimento de colaboradores diretos e indiretos das Obras: plantio de 2 mil mudas de espécies nativas de Brumadinho, envolvendo o público interno da VALE S/A e representantes do Corpo de Bombeiros. • Desenvolvimento de ações integradas entre as equipes de Comunicação, Educação Ambiental da Gerência de Reparação Socioambiental e Obras da Diretoria Especial de Reparação e Desenvolvimento e da Educação Ambiental da Diretoria de Operação Corredor Sul: Semana Integrada de Sustentabilidade Local, Campanha de Prevenção às Queimadas, produção de vídeos sobre os temas árvore e consumo consciente para divulgação respecti- vamente em celebração ao dia da árvore (21 de setembro) e ao consumo consciente (15 de outubro). Cabe destacar que as equipes de Educação Ambiental, de Obras e de Operação participam do Coletivo Educador Interno da Reparação, o que contribui para a identificação de interfaces e fortalecimento de ações conjuntas. • Apoio na elaboração de materiais pedagógicos e conteúdos formativos alinhados aos valo- res e princípios do PEABP para reaplicação da área de Gestão Ambiental das Obras aos tra- balhadores envolvidos, tendo o Plano de Educação Ambiental de Obras como resultado final. • Realização de diálogo socioambiental, Cultura da Prevenção, promovido em parceria com o Programa de Educação Ambiental de Conscientização do Trabalhador da área de Gestão Ambiental das Obras, com a participação de trabalhadores próprios e contratados. • Apoio em atividades de formação da equipe de Relacionamento com Comunidades. • Diálogos com a área de Fomento Econômico sobre o Plano de Desenvolvimento Turístico de Brumadinho, Projeto Território Parque Córrego do Feijão. • Apoio à área de Fomento Econômico no planejamento e realização das oficinas de diálogo conduzidas em Palhano, Brumadinho Sede e Casa Branca para elaboração do Plano de Desenvolvimento Turístico de Brumadinho. • Diálogo com a área de Investimento Social sobre formação dos Jovens Construtores em Saúde, Ciclo Saúde. • Mobilização e acompanhamento das mulheres enlutadas residentes nas comunidades atingidas Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira, Pires, Tejuco, Sede e Comunidades Quilombolas de Marinhos e Sapé para participação no Projeto Semeando Esperança em Brumadinho, desenvolvido na Estação Conhecimento de Brumadinho, em parceria com a Fundação Vale. O projeto trabalha com a metodologia do “bordar o ser” e busca proporcio- nar às mulheres que perderam entes queridos no rompimento das barragens novas formas de reorganizar a vida que continua, construindo a superação individual e coletiva, estrutura- ção da vida produtiva e saudável e construção de um ambiente propício ao estabelecimen- to de objetivos comuns, de valorização da cultura e de estímulo à criatividade. • Apoio na Exposição Mandalas Bordadas, realizada na Estação Conhecimento, com o tema “Eu, aqui e agora: Histórias do Vivido”. As mandalas foram bordadas por mulheres parti- cipantes do Projeto Semeando Esperança em Brumadinho. Essa exposição foi o resulta- do do desejo das mulheres envolvidas, transformando/materializando toda vivência, troca de experiências e ajuda mútua, que o projeto proporcionou no processo de superação da dor e ressignificação da vida. A exposição contou com o envolvimento e apoio das áreas de Educação Ambiental, Comunicação, Referência da Família/Apoio Psicossocial, Relacionamento com Comunidades, Fundação Vale e Instituto Matizes Dumont.

83 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

• Visita guiada das escolas públicas de Brumadinho e municípios da bacia do rio Paraopeba e universidades à Estação de Tratamento de Água Fluvial (ETAF), no período de agosto de 2019 a novembro de 2019. Essas visitas oportunizaram o conhecimento e a compreensão das obras emergenciais em prol da reparação. Foram realizadas 14 visitas, com a partici- pação de 229 pessoas. • Visita à mostra de projetos desenvolvidos pelas escolas municipais de Brumadinho em 2019 alinhadas ao Projeto Político-Pedagógico da Secretaria de Educação “Brumadinho: Esse é o meu lugar!”. • Acolhimento da proposta relacionada a projetos de hortas e jardins nas escolas comparti- lhadas pelas Secretarias de Educação e Meio Ambiente de Brumadinho. Está em processo de validação das respectivas secretarias a indicação de quais escolas serão envolvidas no ano de 2020 e 2021, aguardando parecer da Prefeitura Municipal. • Diálogos com o poder público, especialmente as Secretarias Municipais de Educação, Meio Ambiente e Saúde dos municípios de Brumadinho, Mário Campos, São Joaquim de Bicas, Esmeraldas, Fortuna de Minas, Igarapé, Florestal, Pará de Minas, Pompéu, Betim, Papagaios, Paraopeba, Juatuba, Caetanópolis, Pequi, Curvelo, Inhaúma, Maravilhas, Felixlândia e São José da Varginha, para conhecer os projetos, parceiros e equipes. • Realização de reuniões nas prefeituras e contatos telefônicos com as secretarias com o ob- jetivo de consultar sobre a estabilidade de rede de internet dos municípios para verificação de viabilidade de condução remota de atividades participativas em período de isolamento social, como por exemplo os diagnósticos socioambientais participativos, que visam am- pliar a escuta e os diálogos com os diversos atores sociais dos municípios envolvidos em ações e projetos de educação ambiental. • Realização da Programação Especial de Férias na Estação Conhecimento com crianças e adolescentes das comunidades de Parque da Cachoeira, Pires, Tejuco e Córrego do Feijão. • Aprovação de recursos para realização de colônia de férias em Brumadinho em parceria com a Prefeitura Municipal e associações da sociedade civil (previsto para julho de 2020, mas pendente em função da evolução da pandemia de COVID-19).

Com relação à articulação junto ao poder público, os diálogos iniciaram-se em novembro de 2019 a princípio pelo município de Brumadinho. Em 2020 os diálogos foram retomados e, até o momento, as Prefeituras visitadas foram: Mário Campos, São Joaquim de Bicas, Esmeraldas e Juatuba. Na ocasião dos encontros, os participantes foram informados so- bre a realização do Diagnóstico Socioambiental Participativo (DSP), previsto para acontecer inicialmente em abril de 2020 nos 22 municípios contemplados no Programa, com o intuito de ampliar a escuta e os diálogos com os atores sociais envolvidos em ações e projetos de educação ambiental. Outros municípios foram contatados por telefone, caso de Mateus Leme, Pequi, São José da Varginha, Igarapé, Florestal, Pará de Minas, Fortuna de Minas, Paraopeba, Betim, Maravilhas, Papagaios, Cachoeira da Prata, Caetanópolis, Inhaúma, Pompéu, Curvelo e Felixlândia. Cabe ressaltar que os contatos presenciais e DSP foram suspensos, em razão do cenário de prevenção à saúde pública em virtude da pandemia de COVID-19. As reuniões virtuais foram retomadas em julho.

Em resumo, os diálogos com as prefeituras, em particular com as Secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde, tiveram o objetivo de apresentar a proposta do PEABP e conhecer as

84 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 temáticas e projetos realizados no âmbito da educação ambiental conduzidos pelos municípios, bem como identificar parcerias e aderência ao PEABP, para trabalhar de forma coletiva/integra- da. Cabe destacar que, além de representantes da área de educação ambiental da Gerência Executiva de Reparação de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba da VALE S/A, também participaram das reuniões pessoas de outras equipes: Vigilância Epidemiológica, Investimento Social, Comunicação, Relacionamento Institucional, Relacionamento com Comunidades e Engajamento Social (Quadro 1-26).

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Quadro 1-26 – Ações de EA nos municípios envolvidos no PEABP.

Dados das Secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde dos municípios envolvidos no PEABP Município Tema Estrutura Conteúdo Parceiros • Atividades com fixas: participação em comitê municipal; Mudanças Climáticas e Ecoeficiência; Comissão Municipal de Arborização Urbana; Comissão Gestora da Agenda Ambiental na Administração Pública; Educação Ambiental em Movimento; Reunião de Planejamento da Divisão de Desenvolvimento e Educação Ambiental (DIDEA); Comitê pró-lagoa da Petrobras em prol da recuperação da qualidade da água da Lagoa de Ibirité. • Eventos fixos com foco em temáticas relacionadas à sustentabilidade: Dia Mundial da Água; Dia Mundial do MeioAmbiente; Férias no Parque Natural Felisberto Neves; Semana da Árvore; Feira de troca de materiais, como roupas para oportunizar novas utilidades. Petrobras; Prefeitura; Copasa; Emater, • Constituição de praça temática no Parque Natural Municipal Felisberto Neves representando características dos biomas brasileiros. SENAR, escolas em diversos níveis e Saúde e Meio Ação/Projeto/ Betim • Livre demanda provenientes de outros setores, áreas, escolas, comunidades: Programa Sementes do Bem; Escola Sustentável; Parceria com escolas de Educação Infantil; Mobilização modalidades; faculdades como a PUC Ambiente Programa Socioambiental; Mobilização Coleta Seletiva; Demandas internas; Eventos de outras divisões; Cursos/Palestras; Plano de Arborização Urbana; Programa Uma Vida Uma Árvore; Adote e a UNA, empresas, SIPAT, entidades e uma Área Pública; Projeto Promoção de Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixo Carbono, apoiado pela Comissão Europeia e pelo parceiro implementador Governos Locais condomínios. pela Sustentabilidade para o Desenvolvimento e implementação de estratégias específicas de baixo carbono (ICLEI). • Centro de Educação Ambiental localizado dentro do Parque Municipal: desenvolvimento de diversas atividades de Educação Ambiental. • Programa da Saúde Ambiental Vigiagua, aborda sobre o instrumento de implementação das ações de vigilância da qualidade da água para o consumo humano (potabilidade da água), promove capacitação de agentes em saúde e envolve comunidades e escolas do município. • Educação e Saúde: incentivo à adoção de atitudes que promovam a prevenção de doenças, cuidados necessários com a saúde pessoal e coletiva e com o ambiente. • Brumadinho, este é meu lugar “Temas trabalhados nas escolas municipais”: Saúde na escola; Valorização e pertencimento; Saúde integrativa (física, mental, alimentação, autoestima, higiene, atividade física); Cultura da paz; Protagonismo juvenil; Cuidado com os animais; Literatura; Reciclagem; Valores; Controle da dengue; Esporte e sociabilidade; Horta; Família. • Gincana Cidadão bom exemplo, que abarca diversas ações, como a campanha do lacre. • Jogue limpo com Brumadinho – Escolas e comunidades (Reciclagem de pneus). Prefeitura (com destaque para as Secretarias Saúde, Educação Ação/ Projeto / • Quarta Verde. Brumadinho de Educação, Saúde e Meio Ambiente); e Meio Ambiente Programa • Coleta seletiva. ASCAVAP. • Reciclação (água, energia e resíduos). • Colônia de férias solidária. • Citronela. • Cercamento das áreas verdes. • Uma vida uma árvore. • Semana de Celebração do Meio Ambiente, com abordagem de diversos temas relacionados às questões ambientais, como o cuidado com o ambiente. • Projeto Saúde na Escola (PSE). • Projetos relacionados à proteção do ambiente, economia de água e energia elétrica, racionamento de papel, não desperdício de alimentos, dentre outros assuntos que sejam pertinentes e conectados com as realidades locais. • Projeto de Educação Ambiental da empresa Cedro Têxtil relacionada à recuperação de bacias do Córrego Traíras, participação em concursos internos da empresa e palestras. Saúde, Educação, • Projeto de resíduos sólidos: até o momento não foi operacionalizado em função da crise dos municípios vivenciada em 2018. Meio Ambiente e Caetanópolis Ação/Projeto • Atualmente o município está vinculado ao Consórcio de Resíduos Sólidos, que destina os resíduos gerados em “aterro controlado”, não possui coleta seletiva implantada, não possui Prefeitura; CODEMA; Cedro Têxtil. Desenvolvimento associação de catadores e falta de locais apropriado para o descarte correto de resíduos eletrônicos. Social • Projeto para criação de Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). • Festival cultural (média de 13 dias de atrações culturais, como teatro, artes cênicas, música, projetos com envolvimento da população, exposições, lançamento de livros e discos, artesanato, shows de grande porte). • Mutirões de limpeza para coleta de lixo nas ruas com o apoio da população; promovem controle de terrenos vagos; atendimento de denúncias, dentre outras ações para controle e combate a endemias; campanha de vacinação de animais.

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Dados das Secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde dos municípios envolvidos no PEABP Município Tema Estrutura Conteúdo Parceiros • Coletivo local de Meio Ambiente (Colmeia). • Recuperação de nascentes. • Eventos em datas comemorativas. • Participação no Comitê de Bacia Hidrográfica do rio das Velhas com atuação prioritária para recuperação do ribeirão do Maquiné. • Programa de Preservação e Proteção Ambiental denominado de Pró-Mananciais. • Ações realizadas no projeto Pró-Mananciais: construção de barraginhas para contenção de água de chuva na microbacia do ribeirão Santo Antônio; adequação do leito de estradas e implantação da técnica de curva de nível, evitando erosão e assoreamento dos córregos, ribeirões e rios do município. • Implantação de viveiro de mudas. • Cercamento de Áreas de Proteção Permanente (APP) para promoção do cuidado e preservação dessas áreas. Lideranças locais, poder público, entidades • CHUÁ desenvolvido pela Copasa. civis sociais e ambientais; ARPA; Prefeitura • “De olho no óleo”: promove o recolhimento de mais de 20.000L de óleo de cozinha usado, os quais foram transformados em sabão. (destaque para Secretaria de Educação); Educação e Meio Ação/Projeto/ Curvelo • Projeto Lacre do Bem: consiste em juntar lacres de latinhas para trocas em cadeiras de rodas. Sindicato dos Produtores Rurais; EMATER; Ambiente Programa • Feira verde: oportuniza a troca de mudas pelos alunos e incentivo do cuidado com as plantas. Copasa; Colmeia, Cefet, escolas; PROGEA; • Feira do desapego: estimula a troca de objetos em desuso, reforçando a prática do consumo consciente. ASCARE; Concessionária de pedágio da BR- • Oficinas de notícias: mapeamento de notícias relacionadas ao meio ambiente que despertaram interesse dos alunos para diálogo em sala de aula. 135 – ECO 135. • Concurso nas escolas municipais (Educação Infantil e Ensino Fundamental I) para incentivar arrecadação de materiais recicláveis. • ARPA e PROGEA promovem palestras e atividades de conscientização ambiental nas escolas municipais e estaduais de Curvelo, reforçando assim a importância da preservação do meio ambiente no município. • Parceria com a concessionária de pedágio da BR-135 – ECO 135 para o desenvolvimento do projeto ECOVIVER, o qual disponibiliza atividades para as crianças com foco no meio ambiente. • Vigilância Ambiental desenvolve muitas ações com foco no combate e controle de vetores. • Projeto Moradores Modelo: Estava ativo em 2019, o objetivo deste projeto é valorizar as pessoas que adotem atitudes coerentes no combate à dengue e mantém seus quintais limpos por meio de premiação. • Projeto Pró-Mananciais, com foco no cercamento de nascentes da região para preservação da água. • Implantação da coleta seletiva em Esmeraldas. A prefeitura disponibilizará caminhão e os próprios catadores realizarão a coleta no município, abrangendo os condomínios. • Palestras, concursos, plantio de mudas, dentre outras atividades relacionadas ao tema Meio Ambiente. Copasa; Emater; Prefeitura (com destaque Saúde, Educação Esmeraldas Ação/Projeto • Projetos nas escolas relacionados a temas aderentes ao contexto de cada localidade, como horta, reutilização e reaproveitamento de materiais recicláveis e ações em celebração de para as Secretarias de Educação, Meio e Meio Ambiente datas comemorativas. Ambiente e Saúde). • Campanhas de vacinação nas comunidades, instruções para os agentes de saúde, principalmente àqueles que trabalham nas unidades localizadas na Zona Rural. • Atuação da vigilância sanitária em todo o município para controle epidemiológico e prevenção da dengue. • Promoção da coleta seletiva, com inclusão social e geração de renda para catadores de materiais recicláveis. • Projetos nas escolas focados na disseminação dos 3Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. • Limpeza urbana, logística reversa com destaque para eletrônicos e pneus. Prefeitura (com destaque para as Secretarias • Alteração da grade curricular das escolas municipais de Felixlândia, desde a pré-escola até os anos finais do Ensino Fundamental II, com a inclusão do conteúdo de meio ambiente; de Meio Ambiente e Educação), Secretaria Saúde, Educação Felixlândia Ação/Projeto Educação Ambiental é realizada nas escolas de forma interdisciplinar por meio de projetos, sendo tema obrigatório para abordagem do professor da Educação Infantil até o Ensino de Saúde, por meio dos agentes de saúde e e Meio Ambiente Fundamental II. de enfermeiros, e interface com a Vigilância • Projeto Saúde na Escola, oportuniza a abordagem de diversos temas como: combate à dengue e outras doenças, prevenção da saúde. Sanitária. • Após o rompimento das barragens da Mina Córrego do Feijão, a equipe de Vigilância Sanitária, promoveu um diagnóstico nas comunidades ribeirinhas do rio Paraopeba para compreensão dos impactos causados. • Programa Florestando, que conta com o envolvimento das escolas, agricultores locais, nutricionistas e com apoio do Ministério Público do Trabalho, por meio da destinação de recursos financeiros. O objetivo desse projeto é fortalecer a agricultura familiar de Florestal. Prefeitura, agricultores locais, nutricionistas, Saúde, Educação Ação/Projeto/ Florestal • Ações de distribuição de mudas e plantio no município para arborização urbana, prioritariamente em datas comemorativas. Ministério Público do Trabalho, Emater, UFV, e Meio Ambiente Programa • Projeto “Nasce uma criança plante uma árvore”. Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). • Projeto de cultivo de horta, o qual tinha viés terapêutico para os pacientes, mas por falta de profissional qualificado está suspenso atualmente.

• Projeto Livres para voar: direcionado para a preservação da avifauna, para conscientização e sensibilização das crianças sobre a importância da fauna nativa, com destaque para as aves. • Projeto reciclagem de óleo de cozinha para produção de sabão. Proprietários rurais/fazendeiros da região, • Projeto Educação Ambiental para a coleta seletiva. Fortuna de Universidade local, IEF, Floricultura local, Meio Ambiente Projeto • Requalificação Ambiental: melhoria das áreas públicas, plantio de árvores na cidade, embelezamento/paisagismo, melhoria do microclima. Minas Ibama, Projeto ASAS, Prefeitura (destaque • Projeto lixo no lugar certo (município ainda não possui implantado coleta seletiva). para Secretaria de Educação), CRAS, Emater. • Projeto Educação Ambiental em festas tradicionais: instalação de faixas educativas para o descarte correto do lixo gerado nas festas da cidade e distribuição de lixeiras em diversos pontos. • Projeto de compostagem: desenvolvido com crianças com o objetivo de ensinar conceitos da compostagem e sua importância no cultivo da horta, atrelado a alimentação saudável.

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Dados das Secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde dos municípios envolvidos no PEABP Município Tema Estrutura Conteúdo Parceiros • Programa Saúde na Escola: desenvolvido em parceria com a Secretaria de Educação. As ações realizadas nesse projeto estão relacionadas ao combate do mosquito Aedes aegypti, à promoção de práticas corporais, atividade física e lazer nas escolas, à prevenção ao uso do álcool, tabaco, crack e outras drogas, à promoção da cultura da paz, cidadania e direitos humanos, à prevenção da violência e dos acidentes, à identificação de educandos com possíveis sinais de agravos de doenças em eliminação. Prefeitura (destaque para as Secretarias Saúde, Educação Ação/Projeto/ • Projeto Guardiões Igarapé. de Saúde, Educação e Meio Ambiente), Igarapé e Meio Ambiente Programa • Projeto Igarapé Resíduos. ASCAVAP, Universidade de Itaúna, PUC-MG, • Recicla Mais Igarapé que prevê a formação de equipe de mobilização para o fortalecimento da gestão de resíduos sólidos do município. Possuem 2 associações de catadores bem Empresa de mineração Morro do Ipê. estruturadas em Igarapé, com a presença de 15 associados em uma, e 40 na outra. • Palestras sobre medidas preventivas contra a dengue, intervenção nas ruas e distribuição de panfletos e Kombi literária itinerante. • Projeto Meio Ambiente Lixo no Lixo – Coleta seletiva e reciclagem, uma questão de educação: esse projeto foi desenvolvido em 5 etapas com o envolvimento de todas as Secretarias do município. • Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco em Minas Gerais que tem o objetivo de promover a revitalização do rio São Francisco por meio da proteção do lençol freático Prefeitura (destaque para as Secretarias de e dos recursos hídricos. Educação e Saúde), Ministério da Integração • Plantio de 300 mudas de diversas espécies em uma área de lazer do município. Saúde e Meio Ação/Projeto/ (maior parte do recurso), CODEVASF, Inhaúma • Projetos como foco no combate à dengue e higienização de quintais. Ambiente Programa Governo de Minas (recursos de contrapartida), • Programa de Endemias, que promovem duas vezes ao ano mutirões de limpeza. Secretaria de Agricultura (coordenação e • Educação Social realiza palestras nas escolas. Estava previsto para este ano a realização do dia do apito para conscientização nos bairros sobre a questão da dengue. execução), Emater, catadores locais. • Mutirão para catação de caramujos africanos: alguns bairros de Inhaúma têm problema de infestação de caramujo africano. • Inhaúma está se organizando para implantação de um núcleo para catação de latinhas, tendo em vista que a empresa Ambev irá abrir uma fábrica de reutilização de latinhas de alumínio (oportunidade de geração de renda). • Projeto recolhimento de óleo: são disponibilizados tambores em pontos de coletas estratégicos para que as pessoas depositem o óleo usado. • Adote uma praça: parceria do setor público e privado. Prefeitura (destaque para as Secretarias de • Coleta Seletiva: será implantado nas escolas. Meio Ambiente, Educação e Saúde), duas Saúde, Educação • Projeto plante 1.000 mudas de Ipês em Juatuba. moradoras de Azurita, comerciantes locais, Juatuba Ação/Projeto e Meio Ambiente • Projetos nas escolas municipais sobre variados temas como cultivo de horta e reciclagem. IEF, concessionária de rodovias AB Nascentes • Projeto JuaciTEC, foco trabalhos de Iniciação Científica com alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental I e II, voltados para ciências e outras áreas do conhecimento. das Gerais, ONG local, Secretaria de • Ações com destaque para o combate à dengue. Educação de Mateus Leme. • Projeto Saúde na Escola (PSE) desenvolvido com envolvimento de professores e alunos. • Palestras, teatros, plantio de árvores: acontecem prioritariamente em datas comemorativas, contempladas no calendário escolar. • Coleta Seletiva é um tema pertinente e desejável para trabalhar em Maravilhas, pois não possui coleta seletiva implantada nem Associação de Catadores de Materiais Recicláveis, apenas catadores independentes (Ação Futura). Prefeitura (destaque para as Secretarias de Saúde, Educação Maravilhas Ação/Projeto • Projetos desenvolvidos nas escolas com temas ambientais pelos professores com o envolvimento dos alunos. Educação, Saúde e equipe regional), APAE, e Meio Ambiente • Projeto Saúde nas Escolas (PSE). CRAS; Emater. • Coleta de água para verificação da qualidade da água do município (equipe regional). • Realização de palestras, visitas domiciliares rotineiras com o viés preventivo.

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Dados das Secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde dos municípios envolvidos no PEABP Município Tema Estrutura Conteúdo Parceiros • Alimentação saudável (Saúde na escola – Programa Crescer Saudável). • Saberes integrados (espaços verdes/orientações técnicas). • Jardinagem nas escolas e praças. • Reutilização de materiais recicláveis. • Combate à Dengue. • Conscientização da população em geral. • Arborização Urbana com espécies frutíferas e corte e poda de árvores plantadas em vias públicas e passeios. • História e mineração. • Visitas técnicas: Estação de Tratamento de Água Fluvial (ETAF), Ouro Preto e Mariana. • Campanhas. • Projeto horta. • Horto florestal. Prefeitura (com destaque para as Secretarias • Centro de Educação Ambiental e Viveiro. de Educação, Saúde e Meio Ambiente), VALE, Saúde, Educação Mário Campos Ação/Projeto • Coleta seletiva. escolas do município, Emater, Sindicato de e Meio Ambiente • Diálogo para que a Associação de Catadores de Sarzedo (ACAMARES), atual parceira de Mário Campos na coleta seletiva, instale um centro de triagem no município. Produtores Rurais, Funasa, Laboratório SGS • Sensibilização para combate à dengue e cuidados com animais peçonhentos. Geosol. • Caminhada ecológica. • Retomada produtiva dos agricultores. • Saúde na escola – Crescer saudável. • Conscientização e incentivo aos moradores de Mário Campos na adoção de hábitos para prevenção de doenças, adoção da coleta seletiva e descarte adequado de resíduos. • Dengue nas escolas. • Monitoramento da água: coleta de água, em parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). • Coletas pontuais de água a 10 metros do rio Paraopeba. • Posse responsável de animais domésticos. • Saúde na agricultura, com foco na saúde do agricultor e de sua família. • Jovens construtores: projeto Ciclo Saúde promovido pela área de Investimento Social da Diretoria Especial de Reparação e Desenvolvimento em parceria com a prefeitura de Mário Campos. • Projeto de Recuperação Nascentes: Revitalização de áreas e plantio de mudas ao redor de nascentes e lagoas. • Fiscalização de áreas plantadas. • Marcação de terraço em 120 km, 15 km de cercamento em áreas de reservas, matas ciliares e nascentes; Construção de 430 barraginhas; Reforma das pastagens para proteção de Emater, CODEMA, Epamig, Prefeitura, Papagaios Meio Ambiente Ação/Projeto nascentes. produtores rurais. • Cursos de agroecologia, adubação natural, alternativas sustentáveis. • Participação em exposições, feiras e cursos com a realização de palestras sobre temáticas ambientais. • Projeto Vigilantes da Natureza, implantado desde 2011 nas escolas municipais de Pará de Minas com desenvolvimento de ações como: aulas práticas de coleta seletiva, produção de Grupo Agro, a empresa Águas de Pará de sabão com reaproveitamento de óleo usado, criação de filtro para alusão ao tratamento de água, confecção de terrário, estudo das classificações das folhas, experimento da condução de Minas, Faculdade de Pará de Minas (FAPAM), Pará de Minas Educação Projeto água nas plantas. experiência do Vulcão, palestra sobre “Abandono de animais”. Lamil Lage Minérios Ltda., Ama Pangéia, TV • Visita técnicas às empresas parceiras: Concessionária Águas de Pará de Minas, Mineração Lamil e Grupo Agro. Integração (TVI) de Pará de Minas. • Concursos: Histórias em quadrinhos e produção de texto. • Construção do Plano de Saneamento (em fase final para execução). • Projetos: Escola lixo Zero e Horta na APAE. Prefeitura (destaque para as Secretarias Saúde, Educação • Eventos em datas temáticas como semana do Meio Ambiente, palestras, entrega de panfletos de conscientização. de Saúde e Educação), Vallourec; ICMBio- Paraopeba Ação/Projeto e Meio Ambiente • Projeto horta desenvolvido em uma escola com características de vulnerabilidade, e em outra, localizada na comunidade quilombola de Pontinha. FLONA, Tear Têxtil, microempreendedores da • Projeto Saúde na Escola (PSE):Trabalho nas escolas com agentes de saúde e comunidades sobre temas relacionados a zoonoses e aos cuidados necessários para combate e controle região. de doenças. • Projetos desenvolvidos nas escolas com temáticas de: água, saúde, dengue, alimentação saudável. • São desenvolvidas nas escolas ações como palestras, plantio de mudas, caminhada ecológica, passeatas, culminância dos projetos pedagógicos na praça central, localizada na sede do Prefeitura (destaque para as Secretarias Saúde, Educação município. Pequi Ação/Projeto de Saúde, Meio Ambiente, Educação e e Meio Ambiente • Projeto Saúde nas Escolas (PSE), desenvolvido nas escolas municipais em parceria com a Secretaria de Educação. Temas como saúde bucal, alimentação saudável, sexualidade, Assistência Social). higiene são trabalhados com os alunos por meio de palestras, campanhas e teatros. • Ações nas escolas relacionados ao plantio de mudas e conscientização ambiental.

89 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba

Dados das Secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde dos municípios envolvidos no PEABP Município Tema Estrutura Conteúdo Parceiros • Programa Saúde na Escola (PSE): contempla diversas atividades relacionadas às questões de Educação Ambiental e social como combate e prevenção da dengue, drogas, atenção básica voltada para prevenção de agravos e doenças (pacientes de doenças crônicas). • Mutirões realizados por bairro para coleta de materiais recicláveis. • Eventos em datas comemorativas são realizadas palestras sobre temáticas socioambientais, plantio de mudas, feiras, medição de pressão, caminhão da saúde, doação de mudas e de animais domésticos, pintura de rosto, feira de agricultores locais, visitas técnicas em horta orgânica e trilhas. Prefeitura (destaque para as Secretarias de • Projeto Troca Consciente: visa incentivar a população a descartar corretamente seus resíduos, como pneus, pilhas, óleo usado, dentre outros, e evidenciar como essa atitude contribui Educação e Saúde), Agropeu (ativa) e Sicoob para a prevenção de doenças e melhoria das condições de vida das pessoas. Credipeu, Polícia Militar, Copasa; Leitepéu • Coleta de pilhas e baterias usadas: instalação de 9 coletores nas Unidades de Programa de Saúde da Família (PSF). (Cooperativa de produtores), Hidrelétrica Saúde e Meio Ação/Projeto/ Pompéu • Encaminhamento de materiais recicláveis para a Associação de Catadores, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social (o município possui apenas uma Associação de Retiro Baixo, Eletrozema, COOPEU, Ambiente Programa de Catadores, mas devido aos diversos conflitos internos, atualmente se encontra fragmentada com articulação de aproximadamente 7 pessoas para formação de outra associação.A Associação Proteção de Animais (APPA), associação formal tem hoje 7 associados, e apenas 3 ativos. A prefeitura tem trabalhado para unificação desses grupos em prol do fortalecimento da Associação do município). Grupo Alterosa (de Pará de Minas), CODEMA, • Ecoponto para destinação adequada de pneus usados. IEF, Comitê de Bacia do Rio São Francisco, • Promoção de concursos de desenhos e de frases para alunos do Ensino Fundamental. ASCAVAP, empresas privadas. • Parceria com a guarda mirim do município: alunos das escolas atuam como guarda mirim para promoção de diversas ações, como plantio de mudas. • Participação na feira de agronegócio do município. • Incentivo de adoção de animais domésticos em todos os eventos promovidos no município. • Projeto Disk Mudas: são disponibilizadas mudas para a população por meio do convênio com o IEF, que possui um viveiro no município. • Plantio de mudas. São Joaquim de Educação e Meio Ferrous, Prefeitura (destaque para as Ação/Projeto • Ações relacionadas às datas ambientais comemorativas. Bicas Ambiente Secretarias de Educação e Meio Ambiente). • Em 2018 realizaram o projeto de leitura em parceria com a empresa Ferrous. • Impactos gerados pelos rompimentos das barragens de Fundão (Mariana) e da Mina Córrego do Feijão (Brumadinho). Alunos da rede municipal do 8º ano do Ensino • Os alunos do 1º ano do Ensino Médio da rede estadual de São José da Varginha promoveram visita de campo com o objetivo de demonstrar os impactos causados à população Fundamental II, em parceria com os alunos do ribeirinha do rio Paraopeba, associados ao rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão. 1º ano do Ensino Médio da rede estadual de São José da Saúde, Educação Ação/Projeto • Coleta de água e análise para verificação da qualidade do Rio Paraopeba. São José da Varginha, Professores de Química Varginha e Meio Ambiente • Construção de filtro de decantação, desenvolvido para trabalhar com esses alunos a importância da preservação ambiental, com destaque para a purificação da água. e Física da Universidade Federal de Florestal, • Projeto Saúde na Escola: este projeto oportuniza a realização de palestras e intervenções nas escolas das áreas urbanas e rurais para abordagem de temas como saúde bucal e Prefeitura (com destaque para as Secretarias combate à dengue. de Educação e Saúde). Elaboração: VALE S/A, 2020.

90 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Em síntese, de acordo com o Quadro 1-26, os dados primários levantados junto às secretarias municipais29 legitimam os temas levantados no diagnóstico de EA no território e apontam para boas perspectivas de futura adesão dos municípios aos projetos que compõem o PEABP, uma vez que os projetos desenvolvidos nos municípios são variados, com temas que perpassam as áreas de saúde, educação e meio ambiente, mas também vão além, envolvendo questões culturais e históricas, assim como abrangem um público diverso, tanto na representatividade do público-alvo envolvido, quanto nas parcerias. De modo geral, tanto a pesquisa na internet quanto os dados primários junto às secretarias municipais mapearam as temáticas, os exe- cutores (possíveis parceiros) e os públicos-alvo dos projetos. Dessa forma, o que se verificou expressa interesses diversos, que tanto podem ser de ordem administrativa, de organizações socioambientais de interesse específico, ou mesmo de resposta a demandas e contingências específicas locais, e até regionais.

1.1.2. Justificativa

O Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) está de- senhado como condição integradora e estruturante das ações de recuperação e reparação socio- ambiental, a partir do momento que promove espaços de diálogo e articulação social em interface com as ações de comunicação social, fomento econômico, investimentos sociais, engajamento social, proteção e valorização do patrimônio histórico e cultural, vigilância epidemiológica e recu- peração ambiental, tendo Brumadinho e a bacia do rio Paraopeba como territórios de intervenção.

Os valores norteadores do Programa expressam o cuidado com as pessoas e com o ambiente, eles são: a ética do cuidado, a valorização dos parceiros e territórios e o respeito à diversidade étnica e cultural. Na construção participativa ao longo da bacia, e s s e s princípios e valores poderão passar por alterações associadas às contribuições das identidades locais.

O Programa está alicerçado na ética do cuidado, na valorização das pessoas, dos territórios e no respeito à vida em suas diferentes formas de manifestação, e tem como princípios básicos a mobilização e participação social, o encontro de saberes (aprendiz-educador), a construção coletiva de conhecimento e a atuação em redes colaborativas a favor da reparação socioam- biental e melhoria da qualidade de vida das populações.

A construção coletiva da cultura do cuidado, o cultivo do cuidado com o corpo, com o meio, com os colegas, com os vizinhos, com a casa, com o bairro, expressa-se e é reforçada pelos investimentos formativos nos âmbitos da cultura da promoção de saúde, da cultura da paz e da cultura da prevenção.

Associar o valor da ética do cuidado com os princípios do cuidado oportuniza o estabelecimen- to de uma rede de atitudes alicerçada na atenção à segurança e à saúde pessoal e coletiva. Essa construção de um pensamento-ação, focado no cuidado e tendo a saúde integrativa como elemento de conexão conceitual, permitirá explorar a ampliação do conceito de saúde nos processos formativos.

O Programa adota o conceito de Saúde Integrativa (ALMEIDA e CARVALHO, 2018) que integra diferentes dimensões da saúde, a saber: saúde ambiental, saúde urbana, saúde animal, saúde

29 Nos municípios de Cachoeira da Prata e Mateus Leme ainda não foram feitas as reuniões.

91 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 pública e coletiva, saúde humana (física, emocional e mental), espiritualidade, terapias com- plementares, saúde financeira, saúde nas relações interpessoais, saúde institucional e saúde ocupacional.

Os pilares da educação ambiental são a formação crítica, a visão sistêmica, o empoderamento social e a potencialização dos valores territoriais no sentido da transformação individual, coletiva e territorial. É importante ressaltar que os itens formativos e a operacionalização dos car- dápios de aprendizagem serão definidos, construídos e instrumentalizados de forma participati- va, inserindo-se no âmbito da reparação, com o objetivo de permitir o diálogo com os diversos atores sociais sobre os impactos e danos causados pelo rompimento das barragens B1, B4 e B4-A, e sobre os programas e ações do Plano de Reparação Socioambiental.

Estudos territoriais desenvolvidos em Brumadinho e região pela Arcadis, Synergia, Fundação Dom Cabral, e INPuT, além do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba e estudos da Diretoria de Ferrosos Sul da VALE S/A, desenvolvidos na região de influência, no âmbi- to do Programa de Educação Ambiental do Complexo de Paraopeba, consubstanciado no item 1.1, “Contextualização”, forneceram subsídios fundamentais para a concepção do PEABP.

Conforme descrito anteriormente, a equipe do Programa está vinculada ao processo de re- paração desde fevereiro de 2019, inicialmente atuando nas equipes de Relacionamento com Comunidades e no suporte às ações de resposta aos órgãos ambientais e à sociedade civil. Essa atuação permitiu, desde então, contato direto com as comunidades atingidas, lideranças comunitárias e diferentes atores sociais, de forma integrada com as equipes de Engajamento Social, Referência da Família, Frente Agropecuária, Vigilância Epidemiológica, Patrimônio Histórico e Cultural e Comunicação.

A partir dos estudos territoriais e da vivência no território, em julho de 2019 o Programa iniciou sua estruturação e passou a ser dialogado internamente, desenvolvendo-se em paralelo às ações de relacionamento e atendimento às ações emergenciais. Assim, foi protocolado no Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) de Minas Gerais em versão conceitual, no âmbito do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba.

O Programa está alicerçado na ação a partir de redes colaborativas e na participação social. Ao longo do processo de implementação do Programa será constituída uma rede colaborati- va em educação ambiental, que agregará pessoas e instituições que desenvolvem ações em educação ambiental na bacia do rio Paraopeba (22 municípios que compõem a área de estudo do meio socioeconômico do Plano de Reparação Socioambiental), além daquelas diretamen- te vinculadas ao Programa. Essa rede envolve equipes associadas ao Plano de Reparação Socioambiental, instituições governamentais e da sociedade civil.

Acredita-se e afirma-se uma educação ambiental que promove o diálogo da diversidade e a tro- ca afetiva e efetiva de saberes, buscando respostas e rompendo a visão tradicional e utilitarista dos bens naturais, reforçando a noção de cuidado com o meio ambiente, despertando em cada indivíduo o sentimento de pertencimento, participação e responsabilidade.

Nas ações propostas, a perspectiva adotada é da educação ambiental, que não se limita a cursos e atividades pontuais, panfletos e folhetos, mas que se configura como um processo orgânico, dinâmico, formativo, coletivo e que se capilariza e enraíza através dos coletivos edu- cadores e dos projetos de intervenção educadora dos atores locais.

92 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

O desenho do Programa busca assegurar a participação por meio da Pesquisa-Ação- Participante (PAP), com a constituição de espaços coletivos de aprendizagem, que se con- figura como procedimento participativo de diagnosticar e interpretar a realidade, sonhar sua transformação, planejar intervenções educativas, implementá-las e avaliá-las.

1.1.3. Regulamentação

Um passo importante para a institucionalização da educação ambiental no Brasil e estados da federação estabeleceu-se em 1981 com a definição da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), decretada pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 e regulamentada em 1990 (BRASIL, 1990), a qual inclui a educação ambiental nas escolas e comunidades, como um ins- trumento de capacitação ativa da sociedade na defesa do meio ambiente, sendo considerada como um dos princípios para “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida” (Artigo 2º, Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981).

No artigo 225 da Constituição Federal de 1988, a importância da educação ambiental como uma ferramenta para contribuir com uma visão mais crítica da sociedade para as questões ambientais e para a relação do homem com a natureza, foi reiterada, pois é considerada como uma das ações necessárias a serem promovidas pelo poder público para garantir o direito a todos de viver em um ambiente ecologicamente equilibrado.

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988)

Após pouco mais de 10 anos da promulgação da Constituição Federal, a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) foi instituída pela Lei nº 9.795/1999 e regulamentada em 2002 (BRASIL, 2002), desde então tem contribuído para acelerar o processo de institucionalização da educação ambiental no Brasil.

A PNEA determina que todos têm direito a educação ambiental como parte do processo educa- tivo mais amplo, e incumbe ao Poder Público a definição de políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promovendo a educação ambiental em todos os níveis e modalidades do processo educativo formal e não formal.

Em seu Art. 1º, define educação ambiental como “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competên- cias voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.

Nos termos do Art. 3º, para assegurar o direito de todos à educação ambiental, a PNEA esta- belece a divisão de responsabilidades entre as entidades públicas e privadas, inclusive para as empresas, e também para a própria sociedade:

I – ao Poder Público, nos termos dos artigos 205 e 225 da Constituição Federal/1988, definir po- líticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

93 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

II – às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos progra- mas educacionais que desenvolvem;

III – aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

IV – aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disse- minação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação;

V – às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas desti- nados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente;

VI – à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.

Para efeito de concepção e desenvolvimento, os artigos 4º e 5º tratam, respectivamente, dos princípios básicos e dos objetivos fundamentais da educação ambiental, são, portanto, refe- renciais considerados no PEABP. São princípios básicos da educação ambiental (Art. 4º), entre outros:

o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; a concepção do meio ambiente como totalidade, sob o enfoque da sustentabilidade; o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; a vinculação entre a ética, a educação, o tra- balho e as práticas sociais; a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, na- cionais e globais; o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.

E como objetivos fundamentais:

o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e com- plexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econô- micos, científicos, culturais e éticos; a garantia de democratização das informações ambientais; o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inse- parável do exercício da cidadania; o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equi- librada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

A PNEA, ao estabelecer distinção entre os processos educativos formal e não formal, evidencia o papel dos diversos agentes envolvidos, reservando às instituições de ensino públicas e pri- vadas a atribuição da educação ambiental escolar a ser desenvolvida no âmbito dos currículos escolares em todos os níveis e modalidades da educação formal, como previsto nos Art. 9º, 10, 11 e 12, inclusive nos processos formativos implementados por empresas.

94 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

No âmbito da educação ambiental não formal, o Art. 13 da PNEA trata das ações e práticas edu- cativas voltadas para a sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e para a sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. Neste aspecto, o Poder Público, nas três esferas governamentais, deverá incentivá-la por múltiplos meios, entre os quais:

a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de progra- mas e campanhas educativas e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambien- te; a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não formal; a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não governamentais; a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação; a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; a sensibilização am- biental dos agricultores e o ecoturismo.

A PNEA vem sendo materializada pelo Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) cuja missão é desenvolver ações educativas que assegurem a integração das dimensões da sustentabilidade em desenvolvimento no país, em consonância com o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Este tratado foi constru- ído a partir de um processo mundial de consulta sobre o meio ambiente do planeta e desen- volvimento sustentável dos países, durante a Jornada Internacional de Educação Ambiental, no Fórum Global paralelo à Conferência Rio-92. Ele reconhece o papel central da educação ambiental na formação de valores da sociedade, considerando-a como um processo educativo transformador que pode contribuir para a criação de sociedades mais sustentáveis e igualitárias.

Imbuída do contexto de discussões e de institucionalização da educação ambiental na edu- cação formal e também para a sociedade em geral, a Lei Estadual n° 15.541 de 2005 dispõe sobre a educação ambiental no estado de Minas Gerais, citando, em seu artigo 1°, a sua impor- tância e necessidade de implantação em todos os níveis e modalidades do processo educativo, seja em caráter formal ou não formal, com observância à legislação federal.

No ano seguinte, reforçando o processo de regulamentação e institucionalização da educação ambiental no estado mineiro, foi instituído pelo Decreto Estadual nº 44.264 de 24 de março de 2006 a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado de Minas Gerais (CIEA- MG), com caráter representativo, consultivo e deliberativo.

A sua função consiste na promoção da discussão, gestão, coordenação, acompanhamento e avaliação das ações de educação ambiental em Minas Gerais. A Deliberação CIEA-MG nº 1, de 20 de março de 2019, aprova o Regimento Interno da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado de Minas Gerais.

O Programa Estadual de Educação Ambiental de Minas Gerais (PEEA-MG) de 2004 foi cons- truído de forma participativa com representantes de diferentes segmentos das doze mesorregi- ões mineiras sendo mediado pela Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental (MINAS GERAIS, 2000).

O PEEA-MG, assim como o PEABP, tem suas diretrizes ancoradas na PNEA e no ProNEA, e traz implícitos nos seus princípios que a Educação Ambiental deve ser trabalhada dentro de um enfoque holístico, por meio de práticas democráticas, participativas e inclusivas, abordando a

95 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 concepção de meio ambiente em sua totalidade, ressaltando a interdependência entre o meio natural e os processos socioeconômicos, políticos e culturais.

Ambos partilham da perspectiva de que, para ser efetiva, a prática da Educação Ambiental exige a participação de diferentes atores sociais e diferentes saberes, numa visão transforma- dora, com respeito ao pluralismo de ideias e culturas, considerando que cada cultura delineia diferentes modos de relações sociais e de relações com a natureza.

Salienta-se a necessidade estratégica do planejamento participativo, da gestão compartilhada, da mediação de conflitos e da participação e avaliação enquanto processo de aprendizagem, premissas que são asseguradas no contexto dos Coletivos Educadores, Coletivos Jovens e Formação Continuada de Educadores e Gestores.

O PEEA-MG traz claramente nas suas linhas de ação que a Educação Ambiental Formal tem como objetivo capacitar o Sistema de Educação Formal em seus diversos níveis e modalida- des, visando à formação de valores ético-ambientais, a adoção de atitudes e a socialização do conhecimento, tendo a Educação Ambiental como tema transversal e interdisciplinar.

Nesse contexto ressalta-se que o projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores no contexto do PEABP, por meio da inserção da transdisciplinaridade, busca estruturar uma rede colaborativa de projetos socioambientais nas escolas e estruturas educadoras da rede de ensino público; difundir por meio de processos formativos continuados o conhecimento e a apli- cação dos princípios da Carta da Terra e do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global; contribuir com a gestão pública para a qualificação de professores da rede pública de ensino; potencializar espaços educativos e outros como estruturas educadoras ativas e estimular a integração de diferentes disciplinas para criar e potencializar projetos em uma perspectiva transversal e interdisciplinar.

No contexto das linhas de ação, “Educação no processo de gestão ambiental” o PEEA-MG entende a importância de construir valores sociais, conhecimento, participação responsável e eficaz na solução dos problemas ambientais e na gestão da qualidade do meio ambiente e ressalta como uma linha de ação a “articulação e integração das comunidades em favor da Educação Ambiental”, com o incentivo e engajamento dos indivíduos em projetos coletivos para a construção de práticas sociais ambientalmente saudáveis.

O PEABP corrobora essa perspectiva, entendendo-se como um espaço integrador que articula pessoas e instituições constituindo uma rede de educação ambiental, propiciando espaços de diálogos sobre as realidades locais, e a construção coletiva de conhecimentos e vivências que se materializam mediante intervenções educadoras (projetos socioambientais), a partir da formação continuada em temáticas socioambientais, e do fortalecimento das organizações sociais, no contexto da educação ambiental formal e não formal.

Na perspectiva da linha de ação do PEEA-MG “Articulação intra e interinstitucional” o PEABP, na medida em que constitui uma rede, mobiliza um conjunto de atores e instituições diversos e promove diálogo, articulação, troca de experiências e fortalecimento da educação ambien- tal e consequentemente propicia o enfrentamento das questões socioambientais na bacia do rio Paraopeba, reforçando a colaboração, a solidariedade e a cooperação como instrumentos eficazes para atuar na realidade socioambiental do território, incluindo-se os diálogos e ações acerca dos programas da reparação.

96 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Tanto o PEEA-MG quanto o PEABP partilham da concepção de que os projetos e ações em Educação Ambiental desenvolvidos devem se pautar na concepção mais ampla da educação, que é fazer emergir vivências do processo de conhecimento e aprendizagem, em diferentes espaços, para além do espaço escolar.

Apresenta-se a seguir a relação da legislação básica de educação ambiental mencionada nes- te documento.

Quadro 1-27 – Legislação sobre educação ambiental básica, federal e de Minas Gerais. Lei/ Decreto Síntese

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente, sobre a criação de Decreto n° 99.274, de 6 junho de 1990 Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.

Referência ao Artigo 225: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia Constituição Federal de 1988 qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999 Ambiental e dá outras providências.

Dispõe sobre a educação ambiental no Estado de Minas Gerais. Lei nº 15.541 de 11 de janeiro de 2005 Regulamenta o inciso I § 1º do artigo 214 da Constituição do Estado.

Decreto Estadual nº 44.264 de 24 de março Institui a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado de de 2006 Minas Gerais.

Deliberação CIEA-MG nº 1, de 20 de março Aprova o Regimento Interno da Comissão Interinstitucional de Educação de 2019 Ambiental do Estado de Minas Gerais e dá outras providências. Elaboração: Arcadis, 2020.

Adicionalmente, menciona-se a política de gestão e implantação de processos de educação ambiental em Unidades de Conservação Federais e Centros de Pesquisa e Conservação de competência do ICMBio, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). Em relação às Unidades de Conservação da AE, são administradas em âmbito federal, as seguintes: Floresta Nacional de Paraopeba, Reserva Particular do Patrimônio Natural Inhotim, Reserva Particular do Patrimônio Natural Sítio Grimpas, Reserva Particular do Patrimônio Natural Vila Amanda, Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda do Sino.

A Instrução Normativa (IN) nº 19, de 10 de dezembro de 2018, a qual dispõe sobre a im- plementação dos Projetos Político-Pedagógicos de Educação Ambiental em Unidades de Conservação Federais, Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação do ICMBio, visa dentre outros objetivos:

Promover a Educação Ambiental na gestão ambiental pública, por meio de processos educativos críticos e participativos que promovam a capacitação, comunicação e mobilização social para uma atuação proativa e qualificada da sociedade nos diferentes espaços de participação cidadã. (IBAMA, 2012)

97 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Em suma, a educação ambiental gerida pelo Instituto Chico Mendes visa institucionalizar e implementar as diretrizes da política nacional e do Ministério do Meio Ambiente, utilizando-se como referência o arcabouço legal e normativo existente no âmbito federal (Constituição Federal – Artigo 225, Política Nacional de Meio Ambiente, Política Nacional de Educação Ambiental e Programa Nacional de Educação Ambiental) e as diretrizes para a Estratégia Nacional de Comunicação e Educação Ambiental em Unidades de Conservação (Encea).

A Encea consiste em um instrumento orientador que objetiva promover o alinhamento das ações de Educação Ambiental e Comunicação no que tange à gestão das UC, promovendo a articulação de diversos stakeholders relacionados a ela, além de estimular o protagonismo social na gestão pública da biodiversidade.

Ademais, outras normativas relativas à sustentabilidade socioeconômica e de conservação da natureza integram a base conceitual e legal que regem a IN nº 19 e a Encea, a saber:

• Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, o qual regulamenta artigos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), e dá outras providências. • Decreto nº 5.758, de 13 de abril de 2006, o qual institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP); • Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, referente à Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. • Lei nº 20.922, de 16 de outubro de 2013, que dispõe sobre as políticas florestal e de prote- ção à biodiversidade no estado de Minas Gerais.

Ressalta-se, também, os documentos políticos e sociais elaborados em conferências e fóruns que retratam a preocupação mundial quanto à proteção do planeta e sua biodiversidade e a sociedade. Destacam-se nas políticas desenvolvidas pelo ICMBio:

• A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), tratado da Organização das Nações Unidas considerado como um dos mais importantes instrumentos internacionais relacio- nados ao meio ambiente. Ela se estrutura sobre três pilares principais: i) a conservação da diversidade biológica; ii) o uso sustentável da biodiversidade e iii) a repartição justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos (ecossistemas, espécies e recursos genéticos). • As deliberações das Conferências Nacionais do Meio Ambiente (em quatro edições foram abordados os temas: 1. Fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente, 2003; 2. Gestão Integrada das Políticas Ambientais e Uso dos Recursos Naturais, 2005; 3. Mudanças Climáticas, 2008 e 4. Resíduos Sólidos)30. • Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. • Agenda 21, instrumento de planejamento participativo que contribui para a construção de sociedades sustentáveis, com ação em diferentes níveis geográficos.

30 Disponível em: https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/conferencia-nacional-do-meio-ambiente. Acesso em: 28 set. 2020.

98 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Por fim, a educação ambiental nos processos de licenciamento ambiental também se insere no processo de institucionalização pelo qual as ações de educação ambiental vêm passan- do, especialmente nas últimas décadas, definindo processos e diretrizes específicas para a elaboração e implantação dos Programas de Educação Ambiental com ações mitigadoras de impactos socioambientais.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em mar- ço de 2012, por meio da Instrução Normativa nº 2, estabeleceu as diretrizes e os procedimen- tos para a elaboração e implantação dos programas de educação ambiental, em cumprimento às condicionantes das licenças ambientais emitidas por ele.

Os procedimentos e diretrizes baseiam-se em métodos participativos e processos de ensino-apren- dizagem, que objetivam a promoção do protagonismo dos diferentes grupos sociais e buscam desenvolver capacidades para que os trabalhadores avaliem as implicações dos danos e riscos socioambientais decorrentes de determinado empreendimento nos meios físico-natural e social em sua área de influência. Exige-se que o programa seja estruturado em dois componentes, um direcionado aos grupos sociais da área de influência da atividade em processo de licenciamento, e o outro voltado aos trabalhadores envolvidos no empreendimento objeto do licenciamento.

No estado de Minas Gerais, a Deliberação Normativa (DN) Copam nº 214, de 26 de abril de 2017, alterada para DN nº 238 de 26 de agosto de 2020, é a que estabelece as diretrizes para a elaboração e a execução dos programas de educação ambiental no âmbito dos processos de licenciamento ambiental do estado de Minas Gerais, contemplando os empreendimentos causadores de significativo impacto ambiental e/ou passíveis de apresentação de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).

A educação ambiental, para fins desta Deliberação Normativa é considerada, como:

um processo de ensino-aprendizagem permanente e de abordagem sistêmica, o qual reconhece o conjunto das inter-relações entre âmbitos naturais, culturais, históricos, sociais, econômicos e políticos, com intuito de permitir que os grupos sociais envolvidos com o empreendimento adqui- ram conhecimentos, habilidades e atitudes para o empoderamento e pleno exercício da cidadania. (SEMAD-MG-2017)

Igualmente ao estabelecido pela IN nº 2 do Ibama, o conjunto de ações de educação ambien- tal serão desenvolvidas junto a cada um dos seus públicos específicos: I) o público externo, referente às comunidades localizadas na área de influência direta da atividade ou do empreen- dimento e II) o público interno, voltado aos trabalhadores próprios e de empresas contratadas, que atuarão na atividade ou no empreendimento.

A metodologia participativa de envolvimento dos grupos sociais na elaboração de projetos ambientais, a aplicação de um projeto político-pedagógico participativo e específico para a realidade local, são os pilares que fundamentam os procedimentos e diretrizes da educação ambiental no Ibama e na Semad.

Assim, o PEABP adere às premissas dos órgãos reguladores ao propor coletivos educado- res, processos de ensino-aprendizagem que contemplem a formação de jovens, educadores populares, professores e gestores fornecendo condições para que possam compreender os impactos, os danos associados ao rompimento e as ações da reparação socioambiental, além

99 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 de participarem de forma ativa no processo de reparação e reflexão sobre participação social e políticas públicas vinculadas à educação ambiental.

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo geral do PEABP Formar uma rede de educação ambiental na bacia do rio Paraopeba voltada para a melhoria da qualidade de vida das populações, por meio da promoção de diálogos a partir da construção de espaços coletivos de formação e de intervenção educadora. Além de potencializar e dar visibilidade aos valores dos territórios e às potências das pessoas articuladas em rede e em espaços coletivos.

1.2.2. Objetivos específicos do PEABP São objetivos específicos do PEABP:

• Promover a articulação política e institucional para a implementação do PEABP no território. • Contribuir para o enraizamento da educação ambiental no âmbito institucional e de políticas públicas por meio do Projeto Coletivos Educadores Municipais. • Contribuir para o engajamento e protagonismo juvenil no enfrentamento das questões so- cioambientais do território por meio do Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente. • Contribuir para a qualificação da rede pública de ensino no contexto socioambiental por meio da implementação do Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores. • Contribuir para a qualificação e fortalecimento dos projetos e políticas municipais de educa- ção ambiental em parceria com as Secretarias de Meio Ambiente e as áreas de educação ambiental dos 22 municípios do território. • Fomentar interfaces entre o PEABP e outros programas da reparação.

1.3. Público-alvo

O público-alvo do PEABP compreende os representantes sociais do território da bacia do rio Paraopeba, sendo: atores envolvidos na rede formal de ensino (professores, diretores, coor- denadores pedagógicos, estudantes, merendeiras, nutricionistas, serventes), movimentos da juventude, movimentos religiosos, agricultores, sitiantes, catadores de materiais recicláveis, grupos da terceira idade, artesãos, artistas locais, produtores culturais, donas de casa, atores envolvidos nos projetos de intervenção educadora, populações tradicionais quilombolas, povos indígenas e representantes das instituições governamentais parceiras.

1.4. Estrutura do PEABP

1.4.1. Diretrizes, princípios e valores Com o objetivo de atuar em prol da reparação justa e digna, o Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) se ancora em diretrizes, princípios e valo- res que buscam nortear todo o desenvolvimento do programa e suas ações, sendo:

100 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

• A bacia hidrográfica como unidade de planejamento. • A participação social em coletivos. • A educação formativa, crítica, mobilizadora e transformadora. • O respeito à diversidade étnica e cultural. • A atuação em rede. • A visão sistêmica. • A cultura do cuidado, da promoção de Saúde, da prevenção e a cultura da paz. • Valorização dos parceiros e territórios. • A saúde integrativa como processo de aprendizagem; • A ética do cuidado. • A Carta da Terra, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. • A ecopedagogia como caminho para a inter e transdisciplinaridade. • O encontro de saberes (aprendiz-educador). • A qualificação e fortalecimento institucional no território.

1.4.2. Referencial teórico e metodológico A educação ambiental adotada na concepção do PEABP tem como referência teórico-concei- tual os princípios e orientações estabelecidos no Programa Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 2004), que classifica a educação ambiental como emancipatória, transformadora, crítica, permanente e interdisciplinar, pois se baseia no Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e na Carta da Terra.

Isso representa uma grande mudança na abordagem da educação ambiental, que passa a ser valorizada como política pública, inspirada na ética do cuidado, contextualizada nas questões socioambientais locais, baseada em processos educativos participativos e continuados, e não na promoção de cursos focados apenas na disseminação de informações ambientais de cará- ter marcadamente conteudista.

O ProNEA rompe com a lógica de eventos, palestras e oficinas pontuais e traz a visão formati- va, dialógica, do sujeito inserido em coletivos e adota como princípio a metodologia participati- va, descentralizada, focada nas características sociais e ambientais do território, que se dá em diversos níveis, especialmente por meio da Pesquisa-Ação-Participante, que visa criar espaços e coletivos locais voltados a assegurar a continuidade e o enraizamento dos processos educa- tivos desencadeados a partir dessa perspectiva de “fazer” educação ambiental.

O PEABP partilha da perspectiva da vertente crítica e transformadora da educação ambiental, que por ter como base a educação popular, desvela a fusão entre a questão ambiental e social; assim, se avolumam as possibilidades concretas de transformar a realidade ambiental e social de uma região, por meio da intervenção educadora dos atores locais.

Salienta-se que o PEABP se ancora numa educação ambiental que promove o diálogo da diversi- dade e a troca efetiva de saberes, buscando respostas e rompendo a visão tradicional e utilitarista dos bens naturais, reforçando a noção de cuidado consigo, com os outros, com o meio ambiente, despertando em cada indivíduo o sentimento de pertencimento, participação e corresponsabilidade.

101 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

O eixo condutor do PEABP está alicerçado na metodologia da Pesquisa-Ação-Participante, que possibilita o pensar sobre o território, a fim de conceber ações para a melhoria do espaço de vida e, também, dar destaque aos aspectos naturais, sociais e culturais a serem valorizados.

A metodologia da Pesquisa-Ação-Participante articula a produção de conhecimentos, a ação educativa e a participação dos envolvidos, isto é, produz conhecimentos sobre a realidade a ser compreendida e, ao mesmo tempo, realiza um processo educativo, participativo, para o enfrentamento dessa mesma realidade. Essa modalidade caracteriza-se como uma alternativa de pesquisa que coloca a ciência a serviço da emancipação social, trazendo alguns desafios: o de pesquisar, o de participar, o de investigar, e educar, realizando, também, a articulação e reflexão entre teoria e prática – entre o “pensar” e “fazer” (Figura 1-17).

Figura 1-17 – A Pesquisa-Ação-Participante na educação ambiental.

Assim, o programa, além de contribuir para a reparação na bacia do rio Paraopeba, proporcio- nará o desenvolvimento de processo educativo de sensibilização, mobilização, participação, formação, intervenção e empoderamento dos atores sociais locais para serem protagonistas no território. Atuará, também, para a promoção de uma cultura de sustentabilidade, gerando transformações necessárias para consolidação dos avanços a serem conquistados no que tan- ge à recuperação ambiental e das condições de vida das pessoas (Figura 1-18).

102 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Figura 1-18 – O desenho estratégico do PEABP.

O Programa terá ações diretas nos 22 municípios que compõem a área de estudo do meio socioeconômico do Plano de Reparação Socioambiental, por meio do desenvolvimento de três projetos – Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJMA), Coletivos Educadores Municipais e Formação Continuada de Educadores e Gestores. Há, ainda, uma ação estratégica de fortale- cimento da Rede, dos Projetos e das Políticas Municipais de Educação Ambiental e as ações de interface com outros planos e programas (Figura 1-19).

Por se tratar de um programa vinculado ao Plano de Reparação Socioambiental, o PEABP comporta interface com os demais planos e programas e com ações específicas nas comunida- des de Brumadinho (Córrego de Feijão, Parque da Cachoeira e Pires)31, cujos atores poderão integrar os Coletivos, acessar o cardápio de aprendizagem, fortalecendo suas ações dentro dos projetos em que atuam, aplicando o aprendizado, ampliando a capilaridade dos itens for- mativos, enriquecendo o processo a partir das suas vivências e experiências, alimentando-se, assim, o princípio do aprendiz-educador. Dentre os projetos socioambientais deflagrados em curto prazo, após o rompimento das barragens, estão as ações do Instituto Kairós no Córrego do Feijão, no Parque da Cachoeira, do Projeto Semeando Esperança, do Projeto Território Parque Feijão e do Plano de Desenvolvimento Turístico de Brumadinho, que estão mobilizando pessoas e instituições nas comunidades atingidas, no município de Brumadinho (ANEXO 2).

31 Aspectos associados à gestão de resíduos sólidos, recursos hídricos, conservação de biodiversidade, além das ações de reparação ambiental, são temas já mapeados nas comunidades e que irão compor as ações de EA nas três comunidades.

103 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Figura 1-19 – O Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP).

O PEABP tem como atividades centrais a articulação para a qualificação e consolidação dos Coletivos Educadores Municipais e Coletivos Jovens de Meio Ambiente, que têm como obje- tivos potencializar, capilarizar e enraizar a educação ambiental no território, a partir de proje- tos de intervenção educadora, constituindo e fortalecendo a Rede de Educação Ambiental da Bacia do Rio Paraopeba. A Formação Continuada de Educadores e Gestores, desde o nível do aperfeiçoamento à pós-graduação, por sua vez, permitirá ampliar a visão da educação ambien- tal, a partir da ótica transversal e interdisciplinar.

Ainda no que tange à qualificação dos atores associados à educação ambiental, o PEABP promoverá como ação estratégica o fortalecimento dos projetos e políticas públicas munici- pais, por meio do assessoramento das equipes de meio ambiente e educação ambiental no desenvolvimento dos Programas de Educação Ambiental e de políticas públicas municipais de EA. Esse assessoramento se dará por meio de encontros, articulações interinstitucionais, ofici- nas de diálogos e intercâmbios entre os gestores municipais. Também é prevista a análise de experiências bem-sucedidas no Brasil, o que propicia a transferência das tecnologias sociais desenvolvidas no âmbito da educação ambiental brasileira, contribuindo para alicerçar a edu- cação ambiental no território e consequentemente compor e fortalecer a Rede de EA da Bacia do Rio Paraopeba.

Ao mesmo tempo, comunidades dos municípios têm solicitado o apoio do Programa de Educação Ambiental em ações de promoção de saúde, e, nesse contexto, as ações são realiza- das em parceria com as áreas de Vigilância Epidemiológica, Relacionamento com Comunidade e Comunicação. Como exemplo, cita-se a ação em São Joaquim de Bicas, sobre a ética do cuidado, higiene e saúde, na comunidade de Nazaré. Para essas ações, inclusive, foram de- senvolvidas cartilhas e materiais de apoio didático-pedagógicos, (ANEXO 2).

104 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Ressalta-se que tanto os projetos executivos como a ação estratégica quanto às ações de interface serão acompanhadas por meio de relatório semestral de execução e monitoramento.

O PEABP configura-se, assim, como oportunidade coletiva de constituir novas formas de partici- pação social por meio da educação ambiental nos 22 municípios e, para tal, mobiliza municípios, pessoas e instituições, fomenta a criação de espaços coletivos de diálogo e aprendizagem, forma e qualifica gestores, educadores, técnicos e cidadãos que unidos na rede de educação ambiental constituirão a força social da Bacia do Rio Paraopeba capaz de propor e delinear políticas públi- cas, programas e projetos no âmbito da educação ambiental ( Figura 1-20).

Figura 1-20 – PEABP: estratégia coletiva de constituição da Rede de Educação Ambiental da Bacia do Rio Paraopeba.

A primeira ação importante para a compreensão e articulação do PEABP consiste na realiza- ção de oficinas participativas entre as equipes da VALE S/A (das áreas de Educação Ambiental, Vigilância Epidemiológica, Investimento Social, Engajamento Social, Relacionamento Institucional, Relacionamento com Comunidades, Saneamento, Frente Agropecuária Comunicação e Patrimônio Histórico e Cultural) e representantes das Secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde dos 22 municípios.

Essa atividade consiste na apresentação das ações e programas vinculados a cada Secretaria pelos seus representantes, seguida da apresentação das diretrizes gerais do PEABP pela equi- pe da Educação Ambiental da VALE S/A e, na sequência, a construção conjunta de interfaces e aderências entre as ações municipais e os projetos do PEABP.

105 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Nesse momento, celebra-se o interesse do município em aderir ao programa, e são planejadas as ações futuras, no sentido de integrar o PEABP, salientando-se que nessas oficinas também foram mapeadas potenciais instituições, empresas e pessoas para comporem os projetos do PEABP. Evidências das oficinas participativas realizadas com a equipe de educação ambiental da Prefeitura de Brumadinho e em Mário Campos, com as equipes das secretarias de Meio Ambiente, Educação e Saúde encontram-se no ANEXO 2.

Nesse contexto, reforça-se que o objetivo do PEABP é contribuir para a plena execução do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba a partir da estruturação de uma rede de pessoas sensibilizadas e formadas que atuarão a partir dos projetos de inter- venções educadoras, apoiados por Organizações da Sociedade Civil (OSC) e alicerçados na realidade socioambiental dos municípios. (Figura 1-21).

Figura 1-21 – A educação ambiental no Plano de Reparação Socioambiental.

O PEABP tem na Política Nacional de Educação Ambiental seu fundamento legal e seu eixo teóri- co-metodológico que observa a necessidade de garantir a participação democrática dos atores en- volvidos, tomar como ponto de partida os problemas reais para, ao refletir sobre eles, romper com a separação entre teoria e prática na produção de conhecimento sobre os processos educativos.

O diálogo entre os diferentes atores sociais que interagem no território do PEABP consiste na “tecnologia de ponta” da educação ambiental. A atuação sinérgica constrói-se e se alimenta em processos de aprendizagem coletiva e mediação constante, que carregam consigo implica- ções político-pedagógicas, jurídicas, administrativas, financeiras, sociais, ambientais, coletivas e pessoais. Trata-se da necessidade de desenvolver processos participativos e educativos que possibilitem alcançar diferentes segmentos da população, oportunizando a articulação entre atores sociais, para o enfrentamento e solução dos problemas socioambientais do território.

A base pedagógica estruturante é a formação em educação popular, o encontro de saberes, a alternância de papéis na relação aprendiz-educador, a concepção de educação ambiental como “escola da vida”, na linha do tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Nesse contexto, considera-se que todos os seres humanos são aprendizes, independentemente da idade, da formação acadêmica, do território de vida, e que

106 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 jovens e adultos devem ser envolvidos em atividades formativas que abordem de forma crítica o modelo de sociedade que vivemos, os valores e as visões de mundo, no sentido de construir- mos coletivamente sociedades sustentáveis.

Sendo assim, a metodologia proposta para os projetos, para a ação estratégica e para os pro- cessos de interface assume a diretriz de realizar leituras do território e de suas realidades, a partir do olhar das pessoas que vivem nestes espaços, possibilitando reflexões sobre as prá- ticas estabelecidas (passado/presente) e o planejamento partilhado de futuro (repensado/de- sejado) através da intervenção educadora. Ao trazer e produzir conhecimento teórico sobre o território, nos coletivos, objetiva-se gerar reflexões e propiciar ações planejadas coletivamente, ou seja, a prática – por meio da intervenção educadora – capilarizando e enraizando conheci- mentos e transformações (Figura 1-22).

Figura 1-22 – Atuação em rede.

O conceito de rede de conexões, ou teia da vida, é fundamental na abordagem metodológica, pois considera-se que as pessoas se articulam em redes conectadas por interesses, afinidades de valores e visões de mundo afins, e que a força da transformação socioambiental está no encontro de saberes, que fortalece conexões e a atuação conjunta de pessoas e instituições a favor da melhoria da qualidade de vida. Por isso, o programa estrutura-se a partir de coletivos representativos e diversos, que visam desenvolver ações socioambientais no território alicerça- das na ética do cuidado, no bem comum e na vida como valor fundamental.

Segundo Castells (2000), as redes são estruturas abertas capazes de se expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que eles consigam comunicar-se dentro da rede, ou

107 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação, como os mesmos valores, objetivos e visões de mundo.

O investimento do PEABP na visão e vivência do coletivo, na ação coletiva, no bem comum, com os Coletivos Educadores Municipais, Coletivos Jovens de Meio Ambiente, educadores e gestores educacionais, técnicos da área ambiental das prefeituras, e outros atores sociais, será fortalecido pela construção de elementos significantes que deem identidade à rede de educa- ção ambiental da Bacia do Rio Paraopeba.

Sendo assim, para o PEABP, os atores locais são protagonistas nos processos a serem cons- truídos e os níveis de participação garantirão o engajamento, a capilaridade e o enraizamento das ações propostas no âmbito do programa. Os níveis de participação para a plena execução do PEABP compreendem as seguintes etapas especificadas na Figura 1-23.

Figura 1-23 – Etapas de participação social no contexto do PEABP.

Diagnóstico Oficinas DSP Consolidação Sustentação

Levantamento de Oficinas Diagnóstico Workshop de Encontros da Rede dados participativas com Socioambiental consolidação do de Educação secundários e as secretarias de Participativo PEABP Ambiental da bacia reconhecimento educação, meio (DSP/público do rio Paraopeba de campo ambiente e saúde alvo) (monitoramento e avaliação)

Após a consolidação do PEABP, inicia-se a fase de execução plena do programa. Considerando- se a logística para a implantação dos projetos no território, procedeu-se ao agrupamento dos 22 municípios e cinco regiões estratégicas (Figura 1-24). 12

108 Figura 1-24 – Mapa de divisão dos municípios por regiões – Editais.

460.000 480.000 500.000 520.000 540.000 560.000 580.000 600.000 620.000 0 0 0 0 0 . 0

. µ 0 0 8 8 9 9 . . 7 7 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 6 6 9 . 9 . 7 7 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 4 4 9 . 9 . 7 7

UHE Três Marias Felixlândia 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 2 2 9 . 9 . 7 7

UHE Retiro Baixo

Curvelo 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 0 0 9 . 9 . 7 7

Pompéu 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 8 8 8 . 8 . 7 7

Paraopeba o c is c n Caetanópolis 0 0 0

0 a 0 . 0 r .

Papagaios 0 0 F 6 6 8 . 8 . 7

7 o ã S o i R

Maravilhas 0 0 Cachoeira Inhaúma 0 0 0 . 0 . 0 0

da Prata 4 4 8 . 8 . 7 7 Fortuna de Minas Pequi 0 0

São José da 0 0 0 . 0 . 0

0 Varginha 2 2 8 . 8 Município Pontos Região . 7 7 Esmeraldas R Betim 7 3 io P a Brumadinho 13 1 r a o p Cachoeira da Prata 3 5 e b Caetanópolis 2 5 Pará de Minas a 0 0

Florestal 0 0 0 . 0 Curvelo 4 5 . 0 0 0 0 8 . 8 . 7

7 Esmeraldas 10 2 Felixlândia 3 5 Juatuba Betim Florestal 6 3 Fortuna de Minas 7 4 Igarapé 7 3 Mateus Leme 0 0 0 0 0 . 0 São . 0

0 Inhaúma 2 5

Igarapé Mário 8 8 7 . 7 Joaquim . 7

7 Campos Juatuba 10 2 de Bicas Maravilhas 4 4 Mário Campos 9 2 Brumadinho Mateus Leme 2 3 0

0 Papagaios 4 4 0 0 0 . 0 . 0 0 6 6 Pará de Minas 4 3 7 . 7 . 7 7 Paraopeba 5 4 Pequi 6 4 Pompéu 5 5 São Joaquim de Bicas 12 2 São José da Varginha 5 3 460.000 480.000 500.000 520.000 7.740.000 540.000 560.000 580.000 600.000 620.000

LEGENDA CROQUI DE LOCALIZAÇÃO CLIENTE: FONTES: Rio Paraopeba Divisão por região - Editais -BASE HIDROGRÁFICA: ANA, 2018; MA CE RN -LIMITE TERRITORIAL: IBGE, 2018; PA PI PE RELATÓRIO: -DIVISÃO POR REGIÃO – EDITAIS: VALE S/A, 2020; AL Rio São Francisco 1 o -IMAGEM: ESRI, 2019. TO SE tic PLANO DE REPARAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO RIO PARAOPEBA ân tl Corpo d'água 2 MT BA A o TÍTULO: PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE BRUMADINHO E DA n a BACIA DO PARAOPEBA – PEABP Bacia hidrografica do rio Paraopeba 3 e

DF c DIVISÃO POR REGIÃO – EDITAIS O 4 ESCALA GRÁFICA GO SOLICITANTE: RESP. CARTO.: VERSÃO: 0 5 10 km MG ES W.M. L.P.E. PRELIMINAR FINAL 5 !? CÓDIGO PROJETO: ESCALA: FOLHA: DATA: DATUM HORIZONTAL: SIRGAS 2000 - 23S MS SP RJ 52.268 1:700.000 A3 SET /2020

C:\Users\lais.evangelista\ARCADIS\Vale-Plano - General\3-GIS\03_Projetos\PEABP\1.03.01.52268-PR-GI-0004-Rev.0_DIVISAO_REGIAO_EDITAL_PEABP.mxd Alterado por:lais.evangelista Em:04/09/2020 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Para a divisão dos recursos entre os municípios foi realizado um estudo e definida a metodo- logia para a repartição. O estudo baseou-se nos diagnósticos socioeconômicos dos Capítulos 1 e 2 (Diagnóstico Pretérito e Caracterização Pós-rompimento, respectivamente) do Plano de Reparação Socioambiental e considerou as condições de vida dos municípios com base nos Indicadores de Desenvolvimento Humano, de Desenvolvimento Municipal e de Vulnerabilidade Social; a presença do rio Paraopeba em cada município; os agrupamentos sociais localiza- dos em buffer de 10 km do rio Paraopeba ou em Brumadinho, em particular comunidades remanescentes de quilombos e povos indígenas; e a localização do município em relação ao rompimento. A partir desses critérios ponderou-se as variáveis a fim de se alcançar métrica de proporcionalidade para o repasse de recursos. O estudo completo encontra-se no ANEXO 5.

Ressalta-se que essa metodologia serviu como parâmetro para a distribuição de vagas e va- lores de fomento dos projetos Coletivos Jovens de Meio Ambiente e Coletivos Educadores Municipais, tendo-se como referencial o número de 300 pessoas por ciclo, com base na ar- quitetura de capilaridade sugerida pelo ProFEA (documento técnico nº 7) e da experiência de outros Coletivos Educadores desenvolvidos em territórios com uma população estimada de 1 milhão de habitantes, como exemplo, o Coletivo Educador da Bacia do Paraná 3.

A partir da referência de 300 pessoas foi analisada a pontuação alcançada pelos municípios no estudo metodológico para divisão de recursos, assim como a distância entre os municípios (logística por região) para se definir as 5 regiões, o número de vagas de cada município, para compor os coletivos por ciclo, bem como o valor referente ao fomento dos projetos de interven- ção educadora dos Coletivos, conforme está apresentado nos projetos executivos (Parte 2).

A implantação dos projetos (Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente, Projeto Coletivos Educadores Municipais e Projeto de Formação Continuada de Educadores e Gestores) ocorrerá em 3 ciclos, per- fazendo um tempo total de execução de 6 anos consecutivos para cada projeto, sendo que a cada novo ciclo novas pessoas, novos segmentos e novas instituições serão agregadas aos processos, mediante o número de vagas. Os ciclos foram organizados da seguinte maneira:

Marco zero: Mapeamento, diagnóstico e articulações institucionais são peças fundamentais para a execução e o bom andamento dos projetos do PEABP, pois servem como base para agregar “novos olhares” e “novos saberes” buscando uma execução competente, efetiva e aderente ao território, além de possibilitar um monitoramento e avaliação de qualidade. Para esse momento também são previstos os arranjos contratuais, alinhamentos das parceiras e elaboração dos pla- nos de ação para a implantação dos projetos.

Ano 1: Constituição e formação dos Coletivos Educadores Municipais, Coletivos Jovens de Meio Ambiente e do Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores.

Ano 2: Intervenção educadora com a implementação dos projetos dos Coletivos Educadores Municipais, Coletivos Jovens de Meio Ambiente e Espaços Educativos.

– Monitoramento e Avaliação.

Ano 3: Formação e fortalecimento dos Coletivos Educadores Municipais, Coletivos Jovens de Meio Ambiente e do Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores.

Ano 4: Intervenção educadora, implementação e/ou fortalecimento dos projetos dos Coletivos Educadores, Coletivos Jovens de Meio Ambiente e Espaços Educativos.

110 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

– Monitoramento e Avaliação.

Ano 5: Formação e fortalecimento dos Coletivos Educadores Municipais, Coletivos Jovens de Meio Ambiente e do Projeto de Formação Continuada de Educadores e Gestores.

Ano 6: Intervenção educadora, implementação e/ou fortalecimento dos projetos dos Coletivos Educadores, Coletivos Jovens de Meio Ambiente e Espaços Educativos.

Salienta-se que os projetos se encerram após a realização dos três ciclos de execução.

Com relação à realização dos Diagnósticos Socioambientais Participativos (DSP) foi elaborada proposta de condução remota dos DSP em função da pandemia de COVID-19. Essa proposta encontra-se em análise pelo Comitê Pró-Brumadinho, tendo sido protocolada no dia 11 de se- tembro de 2020. (ANEXO 3).

1.4.3. Monitoramento e avaliação do PEABP Foram definidas metas e indicadores com o objetivo de acompanhar e avaliar o desenvolvi- mento do PEABP de 2020 a 2029, sendo que em 2020 estão sendo desenvolvidas ações de contribuição coletiva ao programa pelo Comitê Gestor Pró-Brumadinho e secretarias de go- verno do estado de Minas Gerais, com a participação da Prefeitura Municipal de Brumadinho. Como dito anteriormente (item 3.1.1.1.E), desde o segundo semestre de 2019 ocorrem reuni- ões com prefeituras sobre os projetos de educação ambiental desenvolvidos nos 22 municípios e apresentação da proposta conceitual do PEABP.

Os três projetos que compõem o Programa serão monitorados pela equipe gestora do PEABP com o objetivo de acompanhar a execução das atividades, verificar o cumprimento de metas e registrar as atividades que alimentam a base de dados dos indicadores. A cada final de ano será aplicado um questionário de avaliação, com o objetivo de identificar oportunidades de melhoria. Além disso, estão previstos encontros da Rede de Educação Ambiental da Bacia do Rio Paraopeba para avaliação, adaptações, compartilhamento de resultados e intercâmbio de boas práticas nos anos de 2023, 2025 e 2028, e um encontro ao final, em 2029, para compar- tilhamento de resultados e encerramento do Programa.

O Encontro da Rede de Educação Ambiental da Bacia do Rio Paraopeba será um evento realiza- do no fechamento de cada ciclo de execução dos projetos Coletivos Jovens de Meio Ambiente, Coletivos Educadores Municipais e Formação Continuada de Educadores e Gestores e, no final de 2029, no encerramento do Programa.

Os encontros têm como objetivo principal instaurar espaços de diálogo, reflexão, partilha de boas práticas, aprendizados, desafios, monitoramento e avaliação do caminho percorrido até o momento, e planejar coletivamente os passos seguintes dos projetos mediante suas etapas de execução, e ao final, em 2029, consolidar a avaliação final do PEABP.

Os encontros da Rede de Educação Ambiental contarão com a participação dos atores sociais formados nos projetos, representantes das secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde dos municípios de abrangência do PEABP e instituições parceiras.

Salienta-se que os eventos da Rede são de suma importância para o fortalecimento das polí- ticas públicas municipais de educação ambiental, para o desenvolvimento e qualificação dos

111 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 gestores públicos, educadores e lideranças e para a valorização do protagonismo das escolas e dos coletivos organizados.

1.4.3.A. Metas e indicadores No Plano de Reparação Socioambiental as metas e os indicadores vão informar a efetividade das ações definidas no âmbito dos programas (Capítulo 3) propostos para reparar os impac- tos identificados (Capítulo 2), visando restabelecer as condições anteriores ao rompimento (Capítulo 1).

Todo processo é pensado para acontecer de forma adaptativa (gestão adaptativa do processo de reparação), realizado pelo chamado follow-up (análise da efetividade das ações em campo). O processo de monitoramento dos indicadores poderá resultar na revisão e reavaliação dos impactos identificados e descritos no Capítulo 2, conforme preconiza o conceito de gestão adaptativa. Neste caso, novos indicadores poderão ser criados, bem como outros poderão ser excluídos conforme a dinâmica de execução e avaliação dos programas, tendo a comunidade local importante papel nesse processo.

A partir dessa premissa são estabelecidas as metas e identificados os indicadores para acom- panhamento do PEABP. Considera-se que as atividades participativas baseadas no diálogo e na consulta às diversas partes interessadas darão legitimidade ao sistema de avaliação da efi- cácia do Plano de Reparação Socioambiental e por consequência ao Programa de Educação Ambiental.

Os indicadores de acompanhamento permitirão:

• Verificar se o Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba está atingindo os objetivos gerais e específicos e as metas assumidas.

• Verificar se os pressupostos inicialmente definidos para o Plano continuam relevantes e atuais.

• Avaliar o grau de implementação e a eficácia das ações preconizadas pelo Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba.

• Avaliar se as ações previstas estão tendo os efeitos/resultados socioambientais previstos.

O pressuposto conceitual adotado para a definição dos indicadores do Plano de Reparação tem por base a metodologia de avaliação alicerçada no modelo de avaliação inputs-outputs- -outcomes-impacts (fluxos de entrada, fluxos de saída, resultados e impactos) (Figura 1-25).

112 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Figura 1-25 – Avaliação estruturada com base no modelo input-output-outcomes-impacts.

Elaboração: Arcadis, 2019. Adaptado de CE, 2006.

As categorias utilizadas seguem o modelo de avaliação da Comissão Europeia (2006) e bus- cam atender à Nota Técnica nº 2 /FEAM/DOCUMENTACAOB1/2019:

Indicadores de cumprimento das metas sensíveis ao desastre, específicos a seus impactos, sig- nificativamente disponíveis para garantir a continuidade da aferição e validados pelos órgãos ambientais.

Trabalha-se, então, com as seguintes categorias de indicadores:

• Indicadores de realização, que se relacionam diretamente com as atividades realizadas.

• Indicadores de resultado, que permitem medir os efeitos diretos associados a um programa/ projeto/intervenção.

• Indicadores de impacto, que demonstram as consequências mais amplas de um programa/ projeto, para além dos seus efeitos diretos.

Os indicadores auxiliam no processo de definição de metas, bem como na avaliação do su- cesso em alcançá-las. Em outras palavras, o monitoramento de indicadores é uma ferramenta para aferir a tendência de evolução das metas pré-estabelecidas (Figura 1-26). O sistema de avaliação dos indicadores demonstrará a aproximação ou afastamento das metas. Nesse con- texto, é necessário apresentar o conceito de meta adotado pelo Plano de Reparação. Meta é um objetivo a ser atingido no futuro, sendo ela composta por três pilares fundamentais: (i) um objetivo gerencial; (ii) um valor e (iii) um prazo (CAMPOS, 2013).

113 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Figura 1-26 – Modelo de indicadores para o Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba.

Elaboração: Arcadis, Adaptado de CE, 2006.

Os indicadores adotados no Plano seguiram os seguintes princípios:

• Número limitado de indicadores. • Indicadores preferencialmente direcionados para os fins (resultados/impactos) e não para os meios (inputs) (assumindo o modelo inputs-outputs-outcomes-impacts). • Indicadores focados preferencialmente no estado do ambiente/efeitos-impactos em detri- mento das pressões. • Indicadores preferencialmente simples e mensuráveis. • Indicadores mais abrangentes que os objetivos de forma a poder avaliar efeitos não previs- tos inicialmente. • Indicadores apropriados à escala e tipologia do Plano, Programa e Projetos e ao quadro de referência estratégico (relações de contexto com outros instrumentos de política, planea- mento e programação). • Além dos princípios citados, os critérios de seleção dos indicadores consideraram: • Aderência aos objetivos estratégicos do Plano de Reparação Socioambiental. • Capacidade de aferição das metas. • Capacidade de síntese e facilidade na comunicação. • Adequabilidade à escala de atuação e à sensibilidade do público-alvo. • Capacidade de traduzir o estado do ambiente, o esforço realizado e os resultados.

114 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

1.4.3.A.a. Índices de eficácia Índices são resultados da agregação de variáveis ou de indicadores. Buscou-se identificar nos projetos executivos o conjunto de indicadores que, na formulação de um índice, pudesse aferir o alcance dos objetivos de cada projeto e transmitir a informação, de modo que seja possível verificar a eficácia das ações e da estratégia de cada um. Denominou-se como “índice de capilaridade” e identificou-se para cada projeto os indicadores e/ou variáveis que o compõe e a correlação entre estes. A capilaridade das ações de educação ambiental são pontos essenciais na avaliação de processos formativos e de intervenção educadora, pois traduz a permeabilidade que o projeto atinge no tecido social, a diversidade dos atores sociais mobilizados e a capacidade de enraizamento da educação ambiental no território, a partir dos projetos de intervenção educadora, evidenciando, então, a amplitude e sustentabilidade das ações no tempo. Apresenta-se na sequência os índices propostos:

1.4.3.A.b. Índice de capilaridade do Projeto Coletivos Educadores Municipais O número de projetos de intervenção educadora implementados é um indicador que demonstra a capacidade dos Coletivos Educador em engajar pessoas em projetos de intervenção no ter- ritório. Quanto maior a diversidade temática dos projetos, do perfil dos educadores ambientais e de pessoas indiretamente mobilizadas pelos projetos, maior será a capilaridade. O índice de capilaridade é então composto pelas seguintes variáveis:

• Número de projetos de intervenção educadora implementados por município. • Número de ciclos formativos realizados. • Diversidade dos temas dos projetos de intervenção educadora. • Perfil dos educadores ambientais – diversidade de segmentos do tecido social. • Número de pessoas envolvidas indiretamente pelas ações do coletivo educador municipal.

1.4.3.A.c. Índice de capilaridade do Projeto Coletivo Jovem de Meio Ambiente O número de projetos de intervenção educadora implementados é um indicador que demons- tra a capacidade do Coletivo Jovem em engajar outros jovens em projetos de intervenção no território. Quanto maior a diversidade temática dos projetos, do perfil dos jovens e de pessoas indiretamente mobilizadas pelos projetos, maior será a capilaridade. O índice de capilaridade é então composto pelas seguintes variáveis:

• Número de projetos de intervenção educadora implementados por município. • Número de ciclos formativos realizados. • Diversidade dos temas dos projetos de intervenção educadora. • Perfil dos jovens: idade, nível de instrução, atividade profissional. • Número de pessoas envolvidas indiretamente pelas ações do Coletivo Jovem.

1.4.3.A.d. Índice de capilaridade do Projeto de Formação Continuada de Educadores e Gestores O número de projetos ecopedagógicos implementados em cada município é um indicador que tem o objetivo de demonstrar a capilaridade do processo formativo no ambiente escolar e para além do espaço educativo. Os projetos ecopedagógicos são a tecnologia de ponta da intervenção educadora, assim, a diversidade dos temas dos projetos, a mobilização da comunidade escolar

115 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 e de outros atores sociais irá traduzir a capilaridade do Projeto de Formação Continuada. O índice de capilaridade é então composto pelas seguintes variáveis:

• Número de projetos ecopedagógicos implementados por município. • Número de ciclos formativos realizados. • Número de espaços educativos com projetos implementados. • Diversidade dos temas dos projetos ecopedagógicos. • Número de pessoas envolvidas indiretamente nos projetos ecopedagógicos, para além da sala de aula.

O PEABP segue os critérios adotados no Plano de Reparação Socioambiental para elaboração das metas e indicadores que estão detalhados na seção Projetos Executivos (Parte 2).

Importante salientar que os indicadores serão analisados e validados pelas instituições executoras e participantes de cada projeto. Como está apontado no item 4.4, pretende-se a inserção do Fundo Brasileiro de Educação Ambiental como parceiro executor para trazer a visão de profissionais que desenharam as políticas públicas de educação ambiental no país, bem como os indicadores e di- mensões de análise de projetos (MonitoraEA), experiência que será aportada ao PEABP.

Para acompanhar e avaliar o desenvolvimento do Programa foram estabelecidos as metas e os indicadores apresentados no Quadro 1-28.

Quadro 1-28 – Objetivos, metas e indicadores do Programa de Educação Ambiental da Bacia do Rio Paraopeba. Tipo de Objetivos Específicos Metas Indicadores Indicador

Promover a articulação política e Apresentar o PEABP para Receptividade do PEABP perante institucional para a implementação do três secretarias de estado e os órgãos estaduais, municipais e Resultado PEABP no território. 22 prefeituras municipais. potenciais parceiros.

Inserir a educação ambiental em programas Número de programas e projetos Fomentar interface entre o PEABP e projetos de reparação da reparação com interface com Realização e outras programas da reparação. voltados ao meio o PEABP. socioeconômico e cultural.

Contribuir para o enraizamento Coletivos Educadores Municipais Realização da educação ambiental no âmbito com atuação regular. institucional e de políticas públicas Constituir e implementar três Políticas públicas socioambientais por meio do Projeto Coletivos ciclos formativos no período geradas no âmbito dos Resultado Educadores Municipais. de seis anos municípios.

Índice de capilaridade do Projeto Impacto Coletivos Educadores Municipais.

Número de jovens envolvidos nas Realização Contribuir para o engajamento ações do projeto. e protagonismo juvenil no Constituir e implementar três Diversidade de público enfrentamento das questões Resultado ciclos formativos no período participante do projeto. socioambientais do território por de seis anos. meio do Projeto Coletivos Jovens Índice de capilaridade do Projeto de Meio Ambiente. Coletivos Jovens de Meio Impacto Ambiente.

116 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Tipo de Objetivos Específicos Metas Indicadores Indicador

Contribuir para a qualificação Número de profissionais Realização da rede pública de ensino no qualificados. contexto socioambiental por Constituir e implementar três Índice de capilaridade do Projeto meio da implementação do ciclos formativos no período Educação Ambiental Formal: Projeto Formação Continuada de de seis anos. Impacto Formação Continuada de Educadores e Gestores. Educadores e Gestores.

Contribuir para a qualificação e Número de programas de Realização fortalecimento dos programas e educação ambiental elaborados. Consolidar a Rede de políticas municipais de educação Educação Ambiental da ambiental em parceria com as bacia do rio Paraopeba até Número de políticas públicas Secretarias de Meio Ambiente e as o final de 2028. municipais de educação Impacto áreas de educação ambiental dos ambiental constituídas. 22 municípios do território Elaboração: VALE S/A, 2020.

1.4.3.B. Emissão de relatórios De forma a dar consistência e transparência ao acompanhamento das ações de educação ambiental, associadas às medidas de mensuração, devem estar registradas e organizadas evidências da execução dos projetos. Os resultados serão apresentados por meio de relatórios de monitoramento e gestão consolidados com periodicidade semestral. As evidências envol- vem fotografias, depoimentos dos participantes e listas de presença. O modelo de relatório de acompanhamento do PEABP está no (ANEXO 4).

1.4.4. Contratações e parcerias O desafio de implantar um programa como esse exige que sejam realizadas uma série de arranjos contratuais, como convênios e editais, possibilitando que expertises de diferentes instituições se coloquem como potenciais parceiras do PEABP em diferentes níveis, conforme descrito a seguir.

1.4.4.A. Avaliação e monitoramento O PEABP entende que avaliar é mais do que um simples processo de checagem de requisitos. É de fato um processo de aprendizagem, uma vez que permite reflexões por meio do confronto com dimensões que não são, necessariamente, consideradas no dia a dia da implementação de projetos e/ou políticas públicas.

Diante disso, uma das parcerias estratégicas identificadas, e que o PEABP estuda viabilizar, se estabelecerá com o Sistema de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas e Projetos de Educação Ambiental (MonitoraEA), levando em consideração a expertise e legitimidade no campo da Educação Ambiental Brasileira.

Criada em 2015, a Articulação Nacional de Políticas Públicas em Educação Ambiental (ANPPEA) conta com uma Coordenação Científica que atua na definição de estratégias, con- teúdos e metodologias de base para todo o processo de construção da Plataforma MonitoraEA, sendo constituída pelas parcerias entre as instituições: Laboratório de Educação e Política Ambiental da Universidade de São Paulo (OCA); o Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA) e o Laboratório de Análise e Desenvolvimento de Indicadores de Sustentabilidade do INPE (LADIS), que no processo de construção de indicadores parte do modelo conceitual

117 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 e metodológico definido pelo Competence Centre on Composite Indicators and Scoreboards (COIN), do Joint Research Centre (JRC), entidade vinculada à Comissão Europeia.

Ressalta-se que a ANPPEA, por meio dos indicadores e da plataforma, compõe o conjun- to de elementos que formam a Plataforma MonitoraEA, sendo formalmente reconhecida pelo ProNEA (2018), a partir da linha e estratégia de ação nº 5 – Monitoramento e Avaliação de Políticas, Programas e Projetos de Educação Ambiental.

As experiências vivenciadas a partir do processo de construção e utilização piloto da Plataforma MonitoraEA foram sistematizadas em um livro lançado em dezembro de 2019. Na publicação32 é possível conhecer o universo de atores e segmentos que participaram da construção do sistema, ancorada em metodologias elaboradas por um conjunto de instituições de grande domínio e produção técnico-científica em Educação Ambiental.

É reconhecido que a Plataforma MonitoraEA vai além de um conjunto de ferramentas de moni- toramento e avaliação, podendo ser considerada como um marco referencial para a reflexão e a revisão de projetos e políticas existentes e o desenvolvimento de novas políticas.

A plataforma permite que os usuários proponentes e executores de políticas públicas de educa- ção ambiental conheçam os indicadores e realizem processos de autoavaliação a partir deles. Ainda, dispõe de ferramentas para que tal processo possa ser realizado de maneira coletiva, em consonância com os princípios da educação ambiental, em um processo de aprendizagem bastante intenso e interativo.

Reconhecendo a importância e a legitimidade da MonitoraEA, o PEABP entende que o objetivo da plataforma não é somente o registro de informações, pois busca também desenvolver a capa- cidade de atores locais para a formulação de indicadores, monitoramento e avaliação dos proje- tos desenvolvidos no âmbito do PEABP e das políticas públicas de Educação Ambiental geradas.

Com a consolidação do PEABP e o avanço da construção dos planos de ação dos projetos a instituição será contatada para a formalização de parceria buscando a atuação conjunta no território de abrangência do PEABP.

1.4.4.B. Gestão de Projetos Socioambientais (Projetos de Intervenção Educadora) Com o objetivo de fortalecer a Gestão de Projetos Socioambientais no território do PEABP a fim de que os atores locais se apropriem desde a elaboração, implementação, gestão e avaliação de projetos, o PEABP estuda viabilizar parceria com o Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA), para a elaboração, formação e gestão dos editais de fomento aos projetos dos Coletivos Educadores Municipais e Coletivos Jovens de Meio Ambiente no território.

O FunBEA é um fundo público não estatal, de interesse público, com a finalidade de fortalecer coletivos e projetos de educadores ambientalistas permanentes. Atua com a concepção crítica dos modos de viver das sociedades atuais e acredita que é possível transformar os modelos socioambientais em que vivemos por meio de experiências inspiradoras rumo às sociedades sustentáveis. Desde 2012, o FunBEA reúne profissionais reconhecidos do campo socioam- biental para fortalecer e enraizar a Educação Ambiental no Brasil, a partir do conhecimento, da

32 Disponível em: https://www.funbea.org.br/wp-content/uploads/2020/01/livro-MonitoraEA-2.pdf. Acesso em: 28 set. 2020.

118 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1 prática, da crítica e do engajamento político em todas as instâncias da sociedade e transformar territórios com experiências inspiradoras, conectadas às políticas públicas.

O PEABP reconhece que a expertise do FunBEA na gestão de projetos socioambientais contri- buirá para a qualificação das organizações sociais e atores locais do território no que tange à elaboração, gestão, avaliação, monitoramento de projetos e captação de recursos.

Com a consolidação do PEABP e o avanço da construção dos planos de ação dos projetos a instituição será contatada para a formalização da parceria buscando a atuação conjunta no território de abrangência do PEABP.

Dessa forma, entende-se que potencializar iniciativas existentes no campo da educação am- biental, que congregam atores e instituições legitimados e com expertise no campo das po- líticas públicas e dos projetos de educação ambiental, como a ANPPEA e o FunBEA, criará sinergia nos projetos junto aos 22 municípios da bacia do rio Paraopeba, com as demais ini- ciativas em andamento no país, permitindo a troca, aprimoramento e visibilidade dos projetos desenvolvidos nesse território.

1.4.4.C. Instituição de Ensino Superior (IES) Para o delineamento pedagógico e execução do projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores, nos níveis complementar e aperfeiçoamento (especialização, mestrado e doutora- do), faz-se necessária a realização de um estudo de viabilidade e potencialidade das diferen- tes opções de cursos disponíveis no território, assim como necessita-se de uma articulação e construção pedagógica e de negociação contratuais com instituições de ensino superior para a realização desse projeto.

A Instituição de Ensino Superior (IES) que for definida estará responsável pela execução dos cursos, seleção dos projetos, certificação dos participantes, repasse de valores referentes ao incentivo e bolsas de pesquisa e fomento para os projetos ecopedagógicos e de pesquisa.

1.4.4.D. Instituições executoras – Qualificação das Organizações da Sociedade Civil O PEABP entende que um dos passos necessários para o fortalecimento e enraizamento da educação ambiental no contexto de um território perpassa pela qualificação do tecido social local, e, consequentemente, o fortalecimento em rede possibilitará a construção e atuação coletiva.

Com o objetivo de qualificar o território na apropriação das tecnologias sociais desenvolvidas no campo da Educação Ambiental Crítica ao longo dos anos, os projetos Coletivos Educadores Municipais e Coletivos Jovens serão executados por instituições do território, mediante acom- panhamento e monitoramento técnico da equipe do PEABP.

Buscando mapear a força local existente no território, será lançado um chamamento para o cadastramento das potenciais instituições parceiras. Em seguida, as instituições cadastradas serão convidadas a participarem de fóruns virtuais que objetivarão apresentar o PEABP, ali- nhar conceitualmente as diretrizes e documentos norteadores adotados pelo programa, além de orientar as instituições quanto aos procedimentos e normas legais que serão exigidos para participação nos editais de contratação de parceiras que conduzirão as etapas de constituição e formação dos Coletivos Educadores Municipais e Jovens.

119 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Após as instituições serem selecionadas, via edital, será realizada uma oficina de alinhamento e construção coletiva do plano de ação da constituição e formação dos Coletivos Educadores Municipais e Coletivos Jovens.

Ressalta-se que serão priorizadas, no processo de capacitação e contratação, as instituições parceiras locais. Não havendo disponibilidade, o segundo critério contempla aquelas institui- ções que atuam na bacia do rio Paraopeba e o terceiro critério, as instituições de nível regional/ nacional com expertise técnica comprovada e comprovada capacidade de atuação na bacia do rio Paraopeba.

1.5. Cronograma O Cronograma do PEABP é apresentado no Quadro 1-29.

120 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba

Quadro 1-29 – Cronograma de atividades do Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP).

Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Etapas 1º Sem 2º Sem 1º Sem 2º Sem 1º Sem 2º Sem 1º Sem 2º Sem 1º Sem 2º Sem 1º Sem 2º Sem 1º Sem 2º Sem 1º Sem 2º Sem 1º Sem 2º Sem 1º Sem 2º Sem

Consolidação do PEABP

Articulações institucionais (arranjos contratuais, alinhamentos estratégicos com as prefeituras municipais, rodadas de diálogos para a constituição da Rede de Educação Ambiental da Bacia do Rio Paraopeba)

Chamamento para cadastramento de parceiros locais

Fóruns virtuais com as parceiras locais

Oficinas de alinhamento e construção coletiva dos Planos de Ação dos Coletivos Educadores Municipais e Coletivos Jovens

Constituição e Formação dos Coletivos Educadores Municipais (ciclos 1, 2 e 3)

Constituição e Formação dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente (ciclos 1, 2 e 3)

Formação Continuada de Educadores e Gestores (ciclos 1, 2 e 3)

Encontros da Rede de Educação Ambiental da Bacia do Rio Paraopeba

Elaboração: VALE S/A, 2020.

121 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba

1.6. Estimativa dos recursos financeiros previstos O orçamento para o programa está definido, para as fases de concepção, execução, monitoramento e encerramento, no ano de 2029.A Tabela 1-1 apresenta os valores orçamentais, já dispendidos e os previstos.

Tabela 1-1 – Valores orçamentais do Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba.

ETAPA PREVISTO 2019 REALIZADO EM 2019 PREVISTO 2020 REALIZADO EM 2020 PREVISTO 2021-2029 PREVISTO 2021-2029 / REALIZADO 2019-2020

Programa de Visitação a ETAF 24.870,00 24.870,00

Ação em São Joaquim de Bicas 3.500.00 3.500.00

Ações de Reconhecimento e Articulação no Território 5.300,00 5.300,00

Atividades Formativas do Coletivo Interno 32.375,00 36.000,00 12.400,00 44.775,00

Programação Especial de Férias 35.000,00 35.000,00

Projeto Hortas e Jardins 250.000,00 250.000,00

Projeto Colônia de Férias 226.000,00

Diagnóstico Socioambientais Participativos 500.000,00

Concepção e Desenvolvimento do Programa 1.880.000,00 1.413.000,00 1.413.000,00

Workshop de Consolidação do PEABP 300.000,00 300.000,00 300.000,00

Realização das Oficinas nos Municípios 5.000,00 60.000,00 5.000,00

PROJETOS E AÇÕES DO PEABP PREVISTO 2019 REALIZADO EM 2019 PREVISTO 2020 REALIZADO EM 2020 PREVISTO 2021-2029 PREVISTO 2021-2029 / REALIZADO 2019-2020

Educação Ambiental Formal 42.139.400,00 42.139.400,00 Formação Continuada de Educadores e Gestores

Educação Ambiental Não Formal 28.846.000,00 28.846.000,00 Projeto Coletivos Educadores Municipais

Educação Ambiental Não Formal Projeto Coletivos Jovens de 18.790.000,00 18.790.000,00 Meio Ambiente

Ação Estratégica: Fortalecimento das Políticas Públicas de 7.680.000,00 7.680.000,00 Educação Ambiental

Interface da Educação Ambiental no Plano de Reparação 1.259.500,00 1.000.000,00 205.000,00 12.444.500,00 13.909.000,00 Socioambiental

Eventos da Rede de Educação Ambiental / Evento Final 5.500.000,00 5.500.000,00 (Anos: 2023, 2025, 2028 e 2029)

Fomento para Hortas, Jardins, Colônias de Férias (Brumadinho) 776.000,00 776.000,00 – 2020-2021

Ações de Educação Ambiental em Brumadinho nas Comunidades: Córrego do Feijão, 1.800.000,00 1.800.000,00 Parque da Cachoeira e Pires

Apoio à SEMA de Brumadinho* 3.200.000,00 3.200.000,00

Total R$1.362.045,00 R$4.026.000,00 R$1.630.400,00 R$121.475.900,00 R$124.468.345,00

* Edital R$ 500.000,00/ ano e veículo de transporte Elaboração: VALE S/A, 2020.

122 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

1.7. Equipe e responsáveis técnicos Equipe com experiência em educação ambiental crítica e mobilização social, de perfil sênior, com experiência na implementação de programas de educação ambiental alicerçados na Política Nacional de Educação Ambiental.

Quadro 1-30 – Responsáveis técnicos e equipe necessária.

Profissional

Patrícia Garcia da Silva Carvalho – Coordenação e Responsável Técnico. Possui graduação em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1985) e mestrado em Geografia e Análise Ambiental pela Universidade Federal de Minas Gerais (1995). Doutoranda em Geografia e Análise Ambiental no Instituto de Geociências na Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente faz parte da Diretoria Especial de Reparação e Desenvolvimento da Vale S/A como especialista em educação ambiental e responsável pelo Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba. Atuou como diretora técnica da Nativa Socioambiental, consultora na área de educação ambiental e meio ambiente. Foi diretora geral, coordenadora de ensino e graduação, gestora de aprendizagem e novos negócios da Faculdade União das Américas. Foi diretora acadêmica das Faculdades Anglo-Americano (2009-2011), coordenadora do curso de especialização em Análise Ambiental, coordenadora de Pós-graduação e Extensão (2007-2008), coordenadora do curso de Ciências Biológicas e Tecnologia em Gestão Ambiental (2006-2008), professora dos cursos de Tecnologia em Gestão Ambiental e de Ciências Biológicas (2005-2011). Foi professora da Faculdade União das Américas, no curso de Engenharia Ambiental (2004-2014). Na Educação a Distância tem experiência em tutoria, coordenação e formação de tutores e desenvolvimento de conteúdo na área socioambiental. Atuou como consultora da Fundação Roberto Marinho e Itaipu Binacional no Programa Multicurso Água Boa, na Nativa SocioAmbiental, na Megafoco Consultoria e Treinamento, Ecodinâmica, Sete Soluções e Tecnologia Ambiental, e em outras instituições de consultoria privadas. Atuou no Programa Cultivando Água Boa, no âmbito do Programa de Educação Ambiental. Tem experiência na área de Educação Ambiental, Gestão Ambiental, Conservação de Biodiversidade, atuando principalmente nos seguintes temas: educação ambiental, diagnóstico ambiental, diagnósticos participativos, bacia hidrográfica, ecologia, gestão de áreas protegidas, gestão ambiental e impacto ambiental. Foi membro fundador do Observatório Social de Foz do Iguaçu. Tem experiência na elaboração, monitoramento, avaliação e consolidação de projetos (educação ambiental, gestão ambiental), na Fundação Biodiversitas, no Programa Doces Matas, Gestão Participativa de Unidades de Conservação; para a Organização Internacional do Trabalho, no Projeto de Monitoramento, Avaliação e Consolidação de Boas Práticas nas Ações de Combate à Exploração Sexual Infantil na Tríplice Fronteira, Brasil, Paraguai e Argentina; no Programa Cultivando Água Boa da Itaipu Binacional como responsável técnico-pedagógica dos materiais desenvolvidos para os coletivos educadores da bacia do Paraná 3, bem como pelo cardápio de aprendizagem dos educadores ambientais. Na docência atuou no ensino médio e fundamental junto à Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. No ensino superior, como professora, coordenadora de curso e coordenadora acadêmica e diretora geral em instituições de ensino superior em Foz do Iguaçu. Possui experiência em educação ambiental, mobilização social a partir de metodologias participativas desde a década de 1990, no âmbito da gestão de Unidades de Conservação e no desenvolvimento de programas de educação ambiental.

Bruna Graziela Martins – Equipe técnica Bióloga, com pós-graduação em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Pós-graduanda em Ciências Biológicas (Licenciatura), pela Universidade Federal de (UFJF). Tem pós-graduação em Educação Ambiental e Sustentabilidade, pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER), e pós-graduação em Engenharia Ambiental Integrada pelo IETEC-MG. Graduada em Ciências Biológicas (Licenciatura), pelo Instituto Metodista Izabela Hendrix Com experiência profissional: Relacionamento com Comunidades; Reestruturação de Programa de Educação Ambiental de empresa de grande porte; Elaboração e execução de programas de educação ambiental e mobilização socioambiental; Elaboração e organização de cursos, palestras, oficinas e seminários; Coordenação de Centro de Proteção e Educação Ambiental; Análise de estudos ambientais e gestão de cumprimento de condicionantes em processos de licenciamento ambiental; Planejamento de atividades e elaboração de relatórios corporativos internos e para órgãos ambientais; Planejamento e ministração de aulas de Biologia para alunos do Ensino Médio.

123 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

Profissional

Emiliane Rezende – Gestão/Administração Formação em Administração de Empresas, pós-graduação em Gestão de Pessoas: Carreiras, Liderança e Coaching pela PUC-RS (em andamento) e certificação em Professional and Self Coaching pelo IBC. Atua há mais de 10 anos na VALE S/A, tendo experiências em diversas atividades em áreas operacionais e administrativas de Minas de Córrego do Feijão, Jangada e Mutuca. Atualmente, ligada à Diretoria Especial de Reparação de Brumadinho e Bacia do Paraopeba, na gestão dos processos administrativos, contratos, controle orçamentário e acompanhamento da implantação do programa de Educação Ambiental em Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba. Atuou na área de Recursos Humanos/Educação no controle da infraestrutura, capacitações, toda a rotinas de implementação de treinamentos e atendimento no Centro de Treinamento Valer. Nas unidades das Minas de Feijão e Jangada desempenhou atividades de controle, acompanhamento e execução em: VPS Pessoas e Gestão (Sistema de Produção Vale) apresentando resultados positivos nas auditorias e diagnósticos; Participação em grupos de Círculos de Controle da Qualidade (CCQ); Elaboração dos Diálogos de Saúde e Meio Ambiente (DSMA); Planejamento e controle de treinamentos dos empregados; acompanhamento das ações de auditorias de saúde e segurança; Representante da gerência no Comitê de Comunicação do Complexo; Apoio nas solicitações de reembolso escolar, médico e férias das colaboradores; Acompanhamento das demandas de chamados para execução de obras e/ou manutenção de áreas; Domínio nos sistemas Sistema Educacional Vale (VES) e SAP como requisitante de materiais, acompanhamento de indicadores de Saúde, Segurança e Meio Ambiente.

Valéria Crivelaro Casale – Consultora pela empresa Nativa Socioambiental Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), especialista em Gestão e Educação Ambiental e mestre em Ciências Ambientais pela UNIOESTE. Foi a coordenadora responsável pelo desenvolvimento e avaliação do programa de educação ambiental do Parque Nacional do Iguaçu (Escola Parque). Integrou a equipe técnica do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (2004-2008), sendo a técnica responsável pela coordenação geral do programa de Formação de Educadores Ambientais (FEA) na região da Bacia Hidrográfica do Paraná 3. Responsável por estratégias de capilaridade, enraizamento e sustentabilidade política, econômica, pedagógica e jurídica dos programas Coletivos Educadores e Formação de Educadores Ambientais (FEA). Participou do aprofundamento da concepção e revisão teórica metodológica da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), foi articuladora da PNEA no estado do Paraná, fomentando conceitualmente e institucionalmente a criação de Coletivos Educadores, FEA e Salas Verdes no estado. Na educação a distância tem experiência em tutoria, coordenação e formação de tutores e desenvolvimento de conteúdo, na área socioambiental. Atuou como consultora da Fundação Roberto Marinho e Itaipu Binacional no Programa Multicurso Água Boa – Formação de Gestores de Bacia Hidrográfica. Ministrou cursos e publicou artigos referentes à experiência piloto de implantação do Programa Nacional de Formação de Educadores Ambientais (FEA) e Coletivo Educador na região da Bacia Hidrográfica do Paraná 3, por meio do Programa Cultivando Água Boa da Itaipu Binacional. Autora do livro “Educação Ambiental Empresarial Como Condição Estratégica na Empresa”, que aborda o Programa de Educação Ambiental da Itaipu Binacional (Cultivando Água Boa) e coautora do livro “Círculos de Aprendizagem para a Sustentabilidade – Caminhada do Coletivo Educador da Bacia do Paraná 3 e entorno do Parque Nacional Do Iguaçu” referente à implantação piloto do Programa Nacional de Formação de Educadores Ambientais (ProFEA/Coletivos Educadores). Fundou a Nativa Socioambiental em 2009, empresa especializada em processos de Educação para a Sustentabilidade, onde atua como diretora técnica.

Elaboração: VALE S/A, 2019.

O currículo completo das profissionais encontra-se no (ANEXO 6).

Prevê-se a ampliação da equipe interna e de consultoria, à medida que o Programa avance pelo território.

1.8. Considerações finais Diante do detalhamento dos projetos, cabe esclarecer que a estrutura do PEABP está basea- da na Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e no Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), desdobrados na Política e Programa de Educação Ambiental do Estado de Minas Gerais, no sentido de atender aos objetivos do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do rio Paraopeba da Diretoria Especial de Reparação e Desenvolvimento da VALE S/A.

124 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

1.9. Referências bibliográficas

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BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas. A Construção Social da Realidade. Tratado de Sociologia do Conhecimento. Tradução Floriano de Souza Fernandez. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação. Programa Nacional de Educação Ambiental. 3. ed. Brasília, DF: MMA; MEC, 2004. 102p.

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TAVARES, M. Desastre de Brumadinho e os impactos na saúde mental. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 72, n. 2, p. 6-8, 2020.

TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: DIFEL, 1983.

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128 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

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129 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 1

130 PLANO DE REPARAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO RIO PARAOPEBA

Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba

PEABP

PARTE 2 Projetos Executivos Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Projeto Coletivos Jovens de

Meio Ambiente (CJMA)

Entende-se por coletivos jovens os grupos informais que reúnem jovens representantes ou não de organizações e movimentos de juventude que têm como objetivo se envolver com a ques- tão socioambiental e desenvolver atividades relacionadas à melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida. Esses coletivos são redes locais que atuam para articular pessoas e organi- zações, circular informações de forma ágil, pensar criticamente o mundo a partir da sustentabi- lidade, planejar e desenvolver ações e projetos, produzir e disseminar propostas que apontem para sociedades mais justas e equitativas (Coletivos Jovens de Meio Ambiente, MMA, 2005).

Trabalhar com o protagonismo desse público a partir da sensibilização e do desenvolvimento de pensamentos e lideranças críticas e reflexivas em relação às questões socioambientais do território pode favorecer a participação ativa no processo de reparação de Brumadinho e muni- cípios da bacia do rio Paraopeba.

Os processos formativos que envolvem a representatividade da juventude de um território con- tribuem para a formação de “sujeitos ecológicos” que, de acordo com Carvalho (2006), são grupos que acabam influenciando outros públicos nos espaços em que atuam, exercendo seus diferentes papéis sociais, seja na família, nas redes de amigos, na escola e outros.

Os coletivos jovens se norteiam em três princípios orientadores que apoiam sua constituição:

• Jovem educa jovem: assume-se o papel protagônico dos jovens, em que o processo edu- cacional e a trilha formativa do coletivo devem ser constituídos a partir das experiências e necessidade de saberes deles próprios. Ou seja, o Coletivo Jovem se assume como uma comunidade de aprendizagem que atua aprendendo e que aprende atuando. • Jovem escolhe jovem: entende-se que os jovens são os mais indicados para tomar de- cisões relativas ao processo de escolha. O princípio “Jovem escolhe jovem” é um bom exemplo de exercício cotidiano de protagonismo, que situa os jovens no centro da tomada de decisão, que se concretiza por eles mesmos, e não por terceiros. • Uma geração aprende com a outra: as diferentes gerações têm sempre algo a ensinar e a aprender, e esse diálogo é um aspecto fundamental para fortalecer os movimentos em prol do meio ambiente, ocorrendo nos mais diversos espaços da educação ambiental, como coletivos educadores, conselhos, redes e outros.

Serão realizados 3 ciclos de execução do projeto, conforme a lógica de implantação de todos os projetos do programa. Cada ciclo corresponde a um período de 2 anos de execução, sendo

132 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos que o primeiro ano (marco zero) será voltado para articulações institucionais, alinhamento das parceiras e elaboração do plano de ação dos projetos. A cada ciclo serão formados 311 jovens, constituindo-se assim 22 Coletivos Jovens e 22 projetos implementados, sendo um por muni- cípio, conforme a Tabela 2-1.

Tabela 2-1 – Quantitativo de pessoas formadas, coletivos constituídos e projetos implementados.

Número de Coletivos Número de projetos Ciclo Número de jovens formados Jovens constituídos (1 por implementados (1 por município) município)

Primeiro 311 22 22

Segundo 311 22 22

Terceiro 311 22 22

Totais 933 66 66

Elaboração: VALE S/A, 2020.

Os tópicos a seguir apresentam o detalhamento deste projeto, considerando que as atividades e processos serão os mesmos em todos os 3 ciclos e que as avaliações, revisões e adaptações ocorrerão de acordo com o amadurecimento e a melhoria contínua no decorrer de cada ciclo.

Público-alvo e área de abrangência Diretamente, este projeto envolverá 933 jovens da faixa etária entre 15 a 29 anos (Lei Federal nº 12.852/2013) e, indiretamente1, as pessoas a serem envolvidas na implementação dos projetos.

Para isso, os municípios foram organizados em 5 regiões de abrangência: região de abrangência 1 – Brumadinho; região de abrangência 2 – Esmeraldas, São Joaquim de Bicas, Mário Campos e Juatuba; região de abrangência 3 – Betim, Igarapé, Florestal, Pará de Minas, Mateus Leme e São José da Varginha; região de abrangência 4 – Fortuna de Minas, Maravilhas, Papagaios, Paraopeba, Pequi e região de abrangência 5 – Cachoeira da Prata, Inhaúma, Caetanópolis, Curvelo, Pompéu, Felixlândia, conforme demonstrado na Figura 2-1.

1 O número de pessoas envolvidas indiretamente será mensurado a partir da conclusão do primeiro ciclo do pro- jeto pela abrangência dos resultados obtidos por meio do monitoramento dos projetos implantados.

133 Figura 2-1 – Divisão de regiões – editais.

460.000 480.000 500.000 520.000 540.000 560.000 580.000 600.000 620.000 0 0 0 0 0 . 0

. µ 0 0 8 8 9 9 . . 7 7 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 6 6 9 . 9 . 7 7 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 4 4 9 . 9 . 7 7

UHE Três Marias Felixlândia 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 2 2 9 . 9 . 7 7

UHE Retiro Baixo

Curvelo 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 0 0 9 . 9 . 7 7

Pompéu 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 8 8 8 . 8 . 7 7

Paraopeba o c is c n Caetanópolis 0 0 0

0 a 0 . 0 r .

Papagaios 0 0 F 6 6 8 . 8 . 7

7 o ã S o i R

Maravilhas 0 0 Cachoeira Inhaúma 0 0 0 . 0 . 0 0

da Prata 4 4 8 . 8 . 7 7 Fortuna de Minas Pequi 0 0

São José da 0 0 0 . 0 . 0

0 Varginha 2 2 8 . 8 Município Pontos Região . 7 7 Esmeraldas R Betim 7 3 io P a Brumadinho 13 1 r a o p Cachoeira da Prata 3 5 e b Caetanópolis 2 5 Pará de Minas a 0 0

Florestal 0 0 0 . 0 Curvelo 4 5 . 0 0 0 0 8 . 8 . 7

7 Esmeraldas 10 2 Felixlândia 3 5 Juatuba Betim Florestal 6 3 Fortuna de Minas 7 4 Igarapé 7 3 Mateus Leme 0 0 0 0 0 . 0 São . 0

0 Inhaúma 2 5

Igarapé Mário 8 8 7 . 7 Joaquim . 7

7 Campos Juatuba 10 2 de Bicas Maravilhas 4 4 Mário Campos 9 2 Brumadinho Mateus Leme 2 3 0

0 Papagaios 4 4 0 0 0 . 0 . 0 0 6 6 Pará de Minas 4 3 7 . 7 . 7 7 Paraopeba 5 4 Pequi 6 4 Pompéu 5 5 São Joaquim de Bicas 12 2 São José da Varginha 5 3 460.000 480.000 500.000 520.000 7.740.000 540.000 560.000 580.000 600.000 620.000

LEGENDA CROQUI DE LOCALIZAÇÃO CLIENTE: FONTES: Rio Paraopeba Divisão por região - Editais -BASE HIDROGRÁFICA: ANA, 2018; MA CE RN -LIMITE TERRITORIAL: IBGE, 2018; PA PI PE RELATÓRIO: -DIVISÃO POR REGIÃO – EDITAIS: VALE S/A, 2020; AL Rio São Francisco 1 o -IMAGEM: ESRI, 2019. TO SE tic PLANO DE REPARAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO RIO PARAOPEBA ân tl Corpo d'água 2 MT BA A o TÍTULO: PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE BRUMADINHO E DA n a BACIA DO PARAOPEBA – PEABP Bacia hidrografica do rio Paraopeba 3 e

DF c DIVISÃO POR REGIÃO – EDITAIS O 4 ESCALA GRÁFICA GO SOLICITANTE: RESP. CARTO.: VERSÃO: 0 5 10 km MG ES W.M. L.P.E. PRELIMINAR FINAL 5 !? CÓDIGO PROJETO: ESCALA: FOLHA: DATA: DATUM HORIZONTAL: SIRGAS 2000 - 23S MS SP RJ 52.268 1:700.000 A3 SET /2020

C:\Users\lais.evangelista\ARCADIS\Vale-Plano - General\3-GIS\03_Projetos\PEABP\1.03.01.52268-PR-GI-0004-Rev.0_DIVISAO_REGIAO_EDITAL_PEABP.mxd Alterado por:lais.evangelista Em:04/09/2020 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

As regiões foram agrupadas a partir do estudo metodológico para divisão de recursos entre os municípios e da localização geográfica com o objetivo de potencializar a logística para a execução das atividades.

Ressalta-se que, para a distribuição de vagas, partiu-se do número de referência de 300 pes- soas por ciclo, com base no estudo de arquitetura de capilaridade sugerida pelo ProFEA (docu- mento técnico nº 7 – órgão gestor da PNEA) e da experiência de outros coletivos educadores e coletivos jovens desenvolvidos em territórios com uma população estimada de 1 milhão de habitantes.

A partir da referência de 300 pessoas, analisou-se a pontuação alcançada pelos municípios no estudo metodológico para divisão de recursos, a distância entre os municípios (logística por região) para definir as 5 regiões. Ressalta-se que o número de vagas e os valores de fomento aos projetos foram baseados na metodologia de divisão de recursos proposta para o PEABP.

Tabela 2-2 – Quantitativo de jovens envolvidos diretamente pelo Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente.

Município Região População Jovem Proporcionalidade (%) Vagas por ciclo Brumadinho 1 9.260 10 30 9.260 30 Esmeraldas 2 17.716 7,69 24 São Joaquim de Bicas 2 7.941 9,23 28 Mário Campos 2 3.864 6,92 21 Juatuba 2 6.524 7,69 24 36.045 97 Betim 3 111.754 5,38 17 Igarapé 3 10.072 5,38 17 Florestal 3 1.873 4,62 14 Pará de Minas 3 23.190 3,08 10 Mateus Leme 3 7.252 1,54 5 São José da Varginha 3 1.130 3,85 12 155.271 75 Fortuna de Minas 4 694 5,38 17 Maravilhas 4 2.043 3,08 10 Papagaios 4 4.113 3,08 10 Paraopeba 4 6.336 3,85 12 Pequi 4 1.005 4,62 14 14.191 63 Cachoeira da Prata 5 810 2,31 7 Inhaúma 5 1.578 1,54 5 Caetanópolis 5 2.806 1,54 5 Curvelo 5 19.791 3,08 10 Pompéu 5 8.200 3,85 12 Felixlândia 5 3.548 2,31 7 36.733 46 TOTAL 251.500 100,00 311 Elaboração: VALE S/A, 2020.

135 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Objetivo geral Constituir Coletivos Jovens de Meio Ambiente representativos, cuja missão seja multiplicar saberes, atuar e contribuir para a melhoria da qualidade de vida no seu município, assim como se tornarem lideranças atuantes e engajadas, contribuindo para a transformação social da juventude no território.

Objetivos específicos • Estimular os jovens a refletir sobre os problemas de sua realidade, por meio do diálogo sobre as questões sociais e ambientais, e oportunizar sua inserção como protagonista. • Integrar os Coletivos Jovens na Rede de Educação Ambiental da bacia do rio Paraopeba a partir da atuação do jovem educador. • Instrumentalizar os Coletivos Jovens de Meio Ambiente para atuarem como educadores em diferentes espaços por meio de uma liderança crítica e ativa.

Procedimentos metodológicos A base conceitual do projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente situa-se na perspectiva da atuação do jovem a partir do desenvolvimento de habilidades so- cioambientais que possibilite que ele se identifique como sujeito transformador de si mesmo, da sua comunidade e da sociedade na qual está inserido.

Nesse sentido, os principais norteadores legais e conceituais do processo de formação deste público são: a. Programa Coletivos Jovens de Meio Ambiente: Manual Orientador, 2005, Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação; b. Política Nacional de Educação Ambiental – Lei nº 9.795/1999; c. Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA); d. Estatuto da Juventude – Lei Federal nº 12.852/2013; e. Programa de Educomunicação Socioambiental: Série Documentos Técnicos 2, 2005, Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação; f. Teoria da Práxis – articulação teoria/prática na perspectiva dialógica; g. Pesquisa-Ação-Participante; h. Desenvolvimento territorial na perspectiva da percepção e cartografia social; i. Processo formativo na perspectiva do Cardápio de Aprendizagem – envolvimento dos dife- rentes contextos, saberes e realidades socioculturais (saber popular, saber acadêmico, a cidade, campo, povos indígenas, comunidades quilombolas, dentre outras) na organização dos temas formativos; j. Intervenção educadora dos jovens nos seus diferentes contextos e realidades sociocultu- rais (cidade, campo, povos indígenas, comunidades quilombolas, entre outras).

136 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Etapas de execução Etapa 1 Articulação institucional.

Etapa 2 Chamamento e alinhamento de instituições potenciais parceiras para constituir e formar os Coletivos Jovens de Meio Ambiente.

Etapa 3 Elaboração e publicação de edital e seleção de parceiras para constituir e formar os Coletivos Jovens de Meio Ambiente no território.

Etapa 4 Mapeamento/diagnóstico das lideranças e iniciativas de jovens existentes no território.

Etapa 5 Mobilização e seleção dos jovens.

Etapa 6 Constituição e formação dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente (por município).

Etapa 7 Implementação dos projetos.

Caracterização das etapas de execução

Etapa 1 – Articulação institucional Entende-se que a articulação institucional é importante e necessária para a imple- mentação do projeto, que se dará pela articulação com as secretarias municipais relacionadas à educação, ao meio ambiente e à saúde dos 22 municípios que compreendem a área de abrangência do PEABP. Por meio de reuniões, visa apresentar o projeto, esclarecer cada etapa a ser desenvolvida e levantar informações que contribuam para o mapeamento do Cadastramento (via portal) das instituições potenciais parceiras locais público-alvo, conforme ilustra o fluxo desta etapa:

Consolidação Realização Apresentação das informações Articulação de reuniões para o institucional do projeto municipais mapeamento do público-alvo

Etapa 2 – Chamamento e alinhamento de instituições potenciais par- ceiras no território Em seguida, será lançado um chamamento para cadastramento das instituições potenciais parceiras, por meio de um amplo processo de comunicação, visando buscar parceiras que já atuam com movimentos de juventude no território.

Após o período de finalização do cadastramento, as instituições serão convidadas para partici- par de fóruns virtuais, com carga horária de 24 horas, com o objetivo de integrar as forças locais,

137 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos apresentar o PEABP, alinhar conceitualmente as diretrizes e documentos norteadores adotados pelo programa, assim como alinhar as instituições quanto aos procedimentos e normas legais que serão exigidos por editais para contratação de parceiras, conforme fluxo a seguir:

Cadastramento (via Fóruns virtuais Mapeamento portal) das de alinhamento das forças instituições e compreensão locais potenciais do PEABP parceiras locais

Etapa 3 – Elaboração e publicação de edital e seleção de parceiras para constituir e formar os Coletivos Jovens de Meio Ambiente no território O desafio de implantar um projeto como esse exige que seja realizada uma série de arranjos e costuras, seja na esfera conceitual ou contratual, tais como: convênios, editais, processos concorrenciais, possibilitando que organizações da sociedade civil sejam parceiras do programa. Busca-se, com essa estratégia, qualificar as organizações sociais quantoà s tec- nologias sociais desenvolvidas nos projetos, buscando garantir a capilaridade, o enraizamento e a apropriação pelo território das tecnologias sociais aplicadas e desenvolvidas no programa de educação ambiental, como ilustra o fluxo a seguir:

Arranjos conceituais Elaboração Publicação

e contratuais de editais de editais

Mobilização das parceiras (reuniões por região para Formação das parceiras Seleção das alinhamento (oficinas de alinhamento parceiras e do edital) metodológico, estratégico e resultado dos monitoramento por região) editais

138 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Etapa 4 – Mapeamento/diagnóstico das lideranças e iniciativas de jo- vens existentes no território A elaboração do mapeamento/diagnóstico iniciou-se desde a primeira concepção do Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e bacia do rio Paraopeba, por meio de levantamento de dados secundários, reuniões de articulação institucional com as secretarias municipais e do levantamento dos jovens associados a outras ações da reparação e dos dados oriundos do Diagnóstico Socioambiental Participativo.

O diagnóstico será alimentado em diferentes frentes: na Estação Conhecimento, integrada ao Projeto Ciclo Saúde – Jovens Construtores em Saúde (projeto de investimento na Atenção Básica em Saúde); nas escolas (por exemplo, o coletivo Protagonistas 77, constituído por alu- nos da Escola Municipal Leon Renault, localizada em Aranhas), que tem desenvolvido projetos de empoderamento social protagonizados pelos jovens; nos projetos de intervenção social (em Córrego do Feijão, comunidade de Brumadinho, temos os agentes de desenvolvimento local); nas pastorais; nos conselhos da juventude; e, também, pelas ações de engajamento social.

Os dados previamente levantados serão agregados aos dados mapeados nesta etapa, sendo o ponto de partida para o reconhecimento das ações de protagonismo juvenil em andamento no território, buscando identificar as potencialidades, as fragilidades e os desafios vivenciados na implantação dessas ações pelos diferentes atores envolvidos.

O diagnóstico se volta a produzir um mapa da realidade atual das ações da juventude no ter- ritório, buscando identificar: dados censitários de jovens nos municípios; trabalhos e estudos que tratem dessa temática no território; políticas públicas municipais e a atuação dos conselhos de juventude existentes; e levantamento de instituições e projetos que atuem com a temática juventude sob diferentes abordagens.

Etapa 5 – Mobilização e seleção dos jovens A seleção dos jovens para compor os Coletivos Jovens de Meio Ambiente partirá da priorização dos atores levantados na Etapa 4 desse processo. A partir da mobilização, os jovens serão convidados a participar de um encon- tro (presencial ou virtual) para conhecer a proposta do PEABP e a abordagem dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente. Os jovens serão selecionados pelo critério de: atuação em projeto socioambiental, protagonismo em ações nas comunidades e participação por meio de uma entrevista, virtual ou por telefone.

Etapa 6 – Constituição e formação dos coletivos jovens (por mu- nicípio) Os Coletivos Jovens da bacia do rio Paraopeba se estruturam por princípios e temáticas norteadoras, tais como cidadania planetária, sustentabilidade e protagonismo juvenil. O objetivo é constituir e consolidar Coletivos de Jovens protagonistas diante de uma realidade socioambiental para viver uma cidada- nia planetária, buscando a transformação social do jovem no território. É um movimento que busca o entendimento dos jovens no contexto onde estão inseridos, suas formas de atuação a favor da transformação pessoal e coletiva, e, a partir disso, constituir projetos de intervenção educadora nos espaços e contextos de vida (escola, trabalho, bairro, comunidade, associação, campo, aldeias indígenas, comunidades quilombolas, entre outros).

139 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Ressalta-se que a intenção central é que esse coletivo seja efetivamente de jovens, em que os próprios participantes dialoguem sobre suas ações de interesses, definam como atuar e tomem decisões relacionadas ao seu funcionamento. É enxergá-los como um segmento di- verso entre si, que traz consigo uma série de significados, valores, experiências, habilidades e pensamentos próprios, assim como formas peculiares de se organizar e de atuar. Há que se valorizar uma formação investigativa da realidade que permita aos jovens trocar e produzir conhecimentos de forma coletiva sobre seu território, os desafios e potencialidades desse local e, ao mesmo tempo, reforça-se a necessidade do diálogo entre as gerações, entre os diversos saberes, reconhecendo os acúmulos e as experiências já existentes no território. Esses as- pectos da formação deverão ser potencializados pela abordagem metodológica da Pesquisa- Ação-Participante, além das diretrizes mencionadas neste documento.

Evidencia-se, no contexto da Pesquisa-Ação-Participante, que a construção da trilha formativa não deverá ser previamente definida, mas sua construção faz parte da situação vivida pelos jovens como um problema que os desafia, por isso propõem-se alguns eixos orientadores que deverão ser analisados e escolhidos de acordo com as demandas e os perfis dos jovens que irão compor cada coletivo no território, sendo parte e premissa do processo pedagógico.

Figura 2-2 – Eixos orientadores do Cardápio de Aprendizagem do Projeto.

Conceitos Dinâmica Princípios Nossa fundamentais ecológica e valores visão do nosso do que nos global território orientam pensar e agir

Ambiente, bacia Ética do cuidado, Mudanças Educação ambiental, hidrográfica, documentos climáticas e mobilização e recursos hídricos, planetários, sustentabilidade, participação resíduos sólidos, cultura do saúde integrativa, social, meio minério- cuidado, cultura redes ambiente, dependência, da promoção de colaborativas, reparação, controle social nas saúde, cultura da educomunicação recuperação, políticas públicas prevenção e (a produção de revitalização, sociais e cultura da paz, o comunicação com, ressignificação, ambientais, jovem e o por e para jovens) impactos e danos diversificação da movimento e tipos de da mineração. matriz econômica. socioambiental, liderança (estilo, protagonismo papel e atuação juvenil. do jovem).

140 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

A dinâmica de formação e interação será desenvolvida a partir das seguintes atividades:

• Formação presencial: carga horária de 80 horas – Cardápio de Aprendizagem. • Mentoria a distância (virtual): 60 horas para aprofundar os itens formativos, elaborar e implementar os projetos de intervenção educadora. • Criação de materiais educomunicativos.

A carga horária da formação presencial poderá ser distribuída em oficinas, módulos e/ou vivên- cias, sendo que ela será organizada e distribuída de acordo com a disponibilidade e realidade Dinâmica ecológica do território de cada município.

Propõe-se como contrapartida dos municípios a disponibilização de espaços e estrutura para realizar as atividades, mediante termo de adesão oficializado.

Etapa 7 – Implementação dos Projetos Os jovens deverão vivenciar no Cardápio de Aprendizagem técnicas de investigação social, tais como Pesquisa-Ação-Participante, cartografia social, diagnósticos parti- cipativos, que permitam a identificação dos problemas e soluções socioambientais de seus territórios, transpondo para o formato de projeto as ideias, as soluções para os proble- mas identificados. Ressalta-se que o foco do processo formativo dos jovens não é conteudista, e sim, de concretização das ideias/sonhos, por meio dos projetos, de ações diretas e indiretas que contribuam para a transformação social e ambiental do jovem e do território.

Para viabilizar esta etapa propõe-se três estratégias: a. Aporte financeiro a projetos selecionados via editais; b. Incentivo (ajuda de custo) ao jovem participante; c. Mentoria aos jovens para implementação dos projetos.

Em cada ciclo serão disponibilizados R$ 255.000,00, distribuídos entre os 22 municípios me- diante estudo metodológico para divisão de recursos entre os municípios, para apoiar a implan- tação do projeto do Coletivo Jovem Municipal. No final de cada ciclo, será constituído 1 Coletivo Jovem por município e apoiado 1 projeto por município, totalizando no mínimo 22 projetos implantados por ciclo/município, conforme fluxo a seguir:

22 PROJETOS CADA 1 CO LETIVO 1 22 IMPLANTADOS MUNICÍPIO JOVEM PROJETO MUNICÍPIOS POR CICLO/MUNICÍPIO

Na Tabela 2-3 consta o valor referente ao fomento por município/ciclo para implementação do projeto.

141 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Tabela 2-3 – Valor de fomento por município/ciclo para a implementação do Projeto.

Município Proporcionalidade (%) Valor de fomento por ciclo (R$) Brumadinho 10 25.500,00 25.500,00 Esmeraldas 7,69 19.609,50 São Joaquim de Bicas 9,23 23.536,50 Mário Campos 6,92 17.646,00 Juatuba 7,69 19.609,50 80.401,50 Betim 5,38 13.719,00 Igarapé 5,38 13.719,00 Florestal 4,62 11.781,00 Pará de Minas 3,08 7.854,00 Mateus Leme 1,54 3.927,00 São José da Varginha 3,85 9.817,50 60.817,50 Fortuna de Minas 5,38 13.719,00 Maravilhas 3,08 7.854,00 Papagaios 3,08 7.854,00 Paraopeba 3,85 9.817,50 Pequi 4,62 11.781,00 51.025,50 Cachoeira da Prata 2,31 5.890,50 Inhaúma 1,54 3.927,00 Caetanópolis 1,54 3.927,00 Curvelo 3,08 7.854,00 Pompéu 3,85 9817,50 Felixlândia 2,31 5890,50 37,306,50 TOTAL 100,00 255.051,00 Elaboração: VALE S/A, 2020.

As regras e o detalhamento do edital serão elaborados com a organização parceira, que facili- tará a constituição e a formação dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente.

A mentoria será realizada pela instituição parceira contratada, que acompanhará todas as fa- ses do projeto, sendo: constituição do coletivo, formação, elaboração, implementação e ava- liação do projeto.

142 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Quadro-síntese A seguir, apresenta-se o quadro-síntese contendo objetivo, resultados e tempo de duração do projeto e o valor orçamentário.

Quadro 2-1 – Resultados esperados do Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJMA).

Objetivo geral: Constituir Coletivos Jovens de Meio Ambiente representativos, cuja missão seja multiplicar saberes, atuar e contribuir para a melhoria da qualidade de vida no seu município, assim como se tornarem lideranças atuantes e engajadas, contribuindo para a transformação social da juventude no território. Valor orçamentário do projeto: R$ 18.790.000,00 Tempo do projeto: 6 anos Resultado final: Contribuir para o engajamento dos jovens na transformação social no território da bacia do rio Paraopeba. Região Munícipio Etapa Resultados Esperados por ciclo Etapa 1 – Articulação institucional. Adesão de 1 prefeitura municipal ao projeto. Etapa 2 – Cadastro e alinhamento de instituições Cadastro de, no mínimo, 2 instituições*. potenciais parceiras no território. Etapa 3 – Elaboração e publicação de edital, seleção de Seleção de 1 instituição parceira/contratada para constituir, formar e implantar o projeto, que prestará parceiras para constituir os Coletivos Jovens no território. a este mentoria e monitoramento. 1 Brumadinho Etapa 4 – Mapeamento/diagnóstico das lideranças e Mapeamento/diagnóstico (mapa) de ações e projetos de protagonismo juvenil em 1 município da iniciativas de jovens existentes no território. região 1. Etapa 5 – Mobilização e seleção dos jovens. Seleção de 30 jovens em 1 município. Etapa 6 – Constituição e formação do Coletivo Jovem (por Constituição de 1 Coletivo Jovem de Meio Ambiente; formação de 30 jovens; elaboração e município). implantação de 1 projeto de intervenção educadora. Etapa 7 – Implementação dos projetos. Mentoria na implantação de 1 projeto de intervenção educadora. Etapa 1 – Articulação institucional. Adesão de 4 prefeituras municipais ao projeto. Etapa 2 – Cadastro e alinhamento de instituições Cadastro de, no mínimo, 2 instituições*. potenciais parceiras no território. Etapa 3 – Elaboração e publicação de edital, seleção de Seleção de 1 instituição parceira/contratada para constituir, formar e implantar o projeto, que prestará Esmeraldas; São parceiras para constituir os Coletivos Jovens no território. a este mentoria e monitoramento. Joaquim de Bicas; 2 Etapa 4 – Mapeamento/diagnóstico das lideranças e Mapeamento/diagnóstico (mapa) de ações e projetos de protagonismo juvenil em 4 municípios da Mário Campos; iniciativas de jovens existentes no território. região 2. Juatuba. Etapa 5 – Mobilização e seleção dos jovens. Seleção de 97 jovens em 4 municípios. Etapa 6 – Constituição e formação do Coletivo Jovem (por Constituição de 4 Coletivos Jovens de Meio Ambiente (1 por município); formação de 97 jovens; município). elaboração e implantação de 4 projetos de intervenção educadora (1 por município). Etapa 7 – Implementação dos projetos. Mentoria na implantação de 4 projetos de intervenção educadora (1 por município).

143 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Região Munícipio Etapa Resultados Esperados por ciclo Etapa 1 – Articulação institucional. Adesão de 6 prefeituras municipais ao projeto. Etapa 2 – Cadastro e alinhamento de instituições Cadastro de, no mínimo, 2 instituições*. potenciais parceiras no território.

Betim; Igarapé; Etapa 3 – Elaboração e publicação de edital, seleção de Seleção de 1 instituição parceira/contratada para constituir, formar e implantar o projeto, que prestará Florestal; Pará de parceiras para constituir os Coletivos Jovens no território. a este mentoria e monitoramento. 3 Minas; Mateus Etapa 4 – Mapeamento/diagnóstico das lideranças e Mapeamento/diagnóstico (mapa) de ações e projetos de protagonismo juvenil em 6 municípios da Leme; São José da iniciativas de jovens existentes no território. região 3. Varginha. Etapa 5 – Mobilização e seleção dos jovens. Seleção de 75 jovens em 6 municípios da região 3. Etapa 6 – Constituição e formação do Coletivo Jovem (por Constituição de 6 Coletivos Jovens de Meio Ambiente (1 por município); formação de 75 jovens; município). elaboração e implantação de 6 projetos de intervenção educadora (1 por município). Etapa 7 – Implementação dos projetos. Mentoria na implantação de 6 projetos (1 por município). Etapa 1 – Articulação institucional. Adesão de 5 prefeituras municipais ao projeto. Etapa 2 – Cadastro e alinhamento de instituições Cadastro de, no mínimo, 2 instituições*. potenciais parceiras no território. Etapa 3 – Elaboração e publicação de edital, seleção de Seleção de 1 instituição parceira/contratada para constituir, formar e implantar o projeto, que prestará Fortuna de Minas; parceiras para constituir os Coletivos Jovens no território. a este mentoria e monitoramento. Maravilhas; 4 Etapa 4 – Mapeamento/diagnóstico das lideranças e Mapeamento/diagnóstico (mapa) de ações e projetos de protagonismo juvenil em 5 municípios da Papagaios; iniciativas de jovens existentes no território. região 4. Paraopeba; Pequi. Etapa 5 – Mobilização e seleção dos jovens. Seleção de 63 jovens em 5 municípios da região 4. Etapa 6 – Constituição e formação do Coletivo Jovem (por Constituição de 5 Coletivos Jovens de Meio Ambiente (1 por município); formação de 63 jovens; município). elaboração e implantação de 5 projetos de intervenção educadora (1 por município). Etapa 7 – Implementação dos projetos. Mentoria na implantação de 5 projetos (1 por município).

144 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Região Munícipio Etapa Resultados Esperados por ciclo Etapa 1 – Articulação institucional. Adesão de 6 prefeituras municipais ao projeto. Etapa 2 – Cadastro e alinhamento de instituições Cadastro de, no mínimo, 2 instituições*. potenciais parceiras no território. Etapa 3 – Elaboração e publicação de edital, seleção de Seleção de 1 instituição parceira/contratada para constituir, formar e implantar o projeto, que prestará Cachoeira da parceiras para a constituição dos Coletivos Jovens no a este mentoria e monitoramento. Prata; Inhaúma; território. 5 Caetanópolis; Etapa 4 – Mapeamento/diagnóstico das lideranças e Mapeamento/diagnóstico (mapa) de ações e projetos de protagonismo juvenil em 6 municípios da Curvelo; Pompéu; iniciativas de jovens existentes no território. região 5. Felixlândia. Etapa 5 – Mobilização e seleção dos jovens. Seleção de 46 jovens em 6 municípios da região 5. Etapa 6 – Constituição e formação do Coletivo Jovem (por Constituição de 6 Coletivos Jovens de Meio Ambiente (1 por município); formação de 46 jovens; município). elaboração e implantação de 6 projetos de intervenção educadora (1 por município). Etapa 7 – Implementação dos projetos. Mentoria na implantação de 6 projetos (1 por município). Total 22 * Serão priorizadas no processo de capacitação e contratação as instituições parceiras locais. Não havendo disponibilidade, o segundo critério contempla aquelas instituições que atuam na bacia do rio Paraopeba, e o terceiro critério, as instituições de nível regional/nacional com expertise técnica comprovada.

Elaboração: VALE S/A, 2020.

145 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Metas, indicadores e forma de verificação A seguir, apresenta-se o Quadro de Monitoramento do Projeto. Ressalta-se que os indicadores passarão por revisões, pois se trata de um processo participativo, e entende-se que o monitoramento do projeto deve se dar de forma participativa pelas partes envolvidas.

Quadro 2-2 – Monitoramento do Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente.

Objetivo específico Metas Indicadores Tipo de indicador Formas de verificação Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório Número de jovens formados Realização de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos encontros/ações; avaliação dos participantes, certificados. Estimular os jovens a refletir sobre os Formar 311 jovens por ciclo problemas de sua realidade, por meio Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório Índice de diversidade do público do diálogo sobre as questões sociais e Resultado de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos formado no CJMA ambientais, e oportunizar a inserção do encontros/ações, avaliação dos participantes, certificados. jovem como protagonista. Executar 100% da carga Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório Percentual de carga horária horária prevista no cardápio Realização de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos executada por ciclo formativo de aprendizagem encontros/ações, avaliação dos participantes, certificados. Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório Número de coletivos jovens Realização de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos Instrumentalizar os Coletivos Jovens constituídos de Meio Ambiente para atuarem como Constituir 22 Coletivos Jovens encontros/ações, avaliação dos participantes, certificados. educadores em diferentes espaços, por de Meio Ambiente por ciclo Número de pessoas direta e Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório meio de uma liderança crítica e ativa. indiretamente envolvidas nos Realização de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos PIE encontros/ações, avaliação dos participantes, certificados. Número de propostas Evidências objetivas (fichas de acompanhamento do Lançar 1 edital por ciclo apresentadas/Número de Realização processo de adesão, fotos, relatórios das ações/encontros, propostas selecionadas listas de presença entre outros). Integrar os coletivos jovens na Rede Número de termos de adesão Evidências objetivas (fichas de acompanhamento do de Educação Ambiental da bacia do rio Adesão de 100% dos assinados na bacia do Realização processo de adesão, fotos, relatórios das ações/encontros, Paraopeba a partir da atuação do jovem municípios Paraopeba listas de presença entre outros). educador. Implantar 22 projetos de Número de projetos de Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório intervenção educadora por intervenção educadora Realização de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos ciclo implementados encontros/ações; avaliação dos participantes, certificados.

146 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Indicador de Impacto Objetivo Geral Indicador Formas de Verificação Constituir Coletivos Jovens de Meio Ambiente representativos, cuja missão seja multiplicar saberes, atuar e contribuir Cadastro dos diversos membros dos conselhos municipais, de fóruns locais, para a melhoria da qualidade de vida no Participação dos jovens na vida pública regionais e nacionais, entre outros âmbitos da participação pública/social; verificar seu município, assim como se tornarem a presença de jovens nos cadastros. lideranças atuantes e engajadas, contribuindo para a transformação social da juventude no território. Índice de Eficácia2 Objetivo Geral Índice de Capilaridade Formas de Verificação Constituir Coletivos Jovens de Meio Ambiente representativos, que tem Índice de capilaridade do projeto CJMA (número de projetos de como missão multiplicar saberes, atuar e intervenção educadora implementados por município + número Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório de mobilização, lista contribuir para a melhoria da qualidade de ciclos formativos realizados + diversidade dos temas dos de presença, fotos, memória dos encontros/ações, avaliação dos participantes, de vida no seu município, assim como se projetos de intervenção educadora + perfil dos jovens + número certificados. tornarem lideranças atuantes e engajadas, de pessoas envolvidas indiretamente pelas ações do coletivo contribuindo para a transformação social jovem. da juventude no território.

Elaboração: VALE S/A, 2020.2

2 O índice de eficácia da estratégia do projeto refere-se ao índice de capilaridade.

147 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba

Cronograma Segue cronograma do Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente – ciclos 1, 2 e 3.

CICLO 1 2021 2022 2023 2024 Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D Aprovação do PEABP – ano 2020. Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente – Ciclo 1. Etapa1: Articulação institucional. Etapa 2: Cadastro e alinhamento de instituições potenciais parceiras no território. Etapa 3: Elaboração, publicação, seleção e formação de parceiras para constituir os Coletivos Jovens de Meio Ambiente no território. Etapa 4: Mapeamento/diagnóstico das lideranças e iniciativas de jovens existentes no território. Etapa 5: Mobilização e seleção dos jovens. Etapa 6: Constituição e formação do Coletivo Jovem de Meio Ambiente (por município). Etapa 7: Implementação dos projetos. Avaliação e desmobilização – fechamento do 1º ciclo. Elaboração: VALE S/A, 2020.

CICLO 2 2024 2025 2026 Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente – Ciclo 2. Etapa1: Articulação institucional. Etapa 2: Cadastro e alinhamento de instituições potenciais parceiras no território. Etapa 3: Elaboração, publicação, seleção e formação de parceiras para constituir

os Coletivos Jovens de Meio Ambiente no território. (aditivo) Etapa 4: Mapeamento/diagnóstico das lideranças e iniciativas de jovens

existentes no território –ampliação. Etapa 5: Mobilização e seleção dos jovens – ampliação. Etapa 6: Constituição e formação do Coletivo Jovem de Meio Ambiente (por

município). Etapa 7: Implementação dos projetos. Avaliação e desmobilização – fechamento do 2º ciclo.

Elaboração: VALE S/A, 2020.

148 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba

CICLO 3 2026 2027 2028 Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D Projeto Coletivos Jovens de Meio Ambiente – Ciclo 3. Etapa1: Articulação institucional. Etapa 2: Cadastro e alinhamento de instituições potenciais parceiras no território. Etapa 3: Elaboração, publicação, seleção e formação de parceiras para constituir os Coletivos Jovens de Meio

Ambiente no território. (aditivo) Etapa 4: Mapeamento/diagnóstico das lideranças e iniciativas de jovens existentes no território – ampliação. Etapa 5: Mobilização e seleção dos jovens – ampliação. Etapa 6: Constituição e formação do Coletivo Jovem de Meio Ambiente (por município). Etapa 7: Implementação dos projetos. Avaliação e desmobilização – fechamento do 3º ciclo. Elaboração: VALE S/A, 2020.

149 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Projeto Coletivos Educadores Municipais

O PEABP caracteriza-se como um espaço integrador que articula pessoas e instituições cons- tituindo uma rede de educação ambiental, propiciando espaços de diálogo sobre as realidades locais e a construção coletiva de conhecimentos e vivências que se materializam mediante intervenções educadoras (projetos socioambientais), a partir de um cardápio de aprendizagem com temáticas socioambientais e do fortalecimento das organizações da sociedade civil, no contexto do Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba, no âmbito da educação não formal.

Os Coletivos Educadores são conjuntos de instituições que atuam em processos formativos permanentes, participativos, continuados e voltados à totalidade e diversidade de habitantes de um determinado território. Seu papel é promover a articulação institucional e de políticas públicas, reflexões críticas acerca da problemática socioambiental, aprofundamento conceitu- al, instrumentalização para a ação, otimização de recursos materiais e humanos, proatividade dos seus participantes, visando à continuidade e sinergia de processos de aprendizagem, de modo a sedimentar, de forma permanente, a educação ambiental no tecido social do território da bacia do rio Paraopeba.

Entende-se, no contexto do projeto Coletivos Educadores Municipais, que esse espaço é com- posto pelas prefeituras com representatividades, a priori, das secretarias de Meio Ambiente, Saúde e Educação, instituições que atuam no âmbito da educação ambiental no município, além de outras instituições que identificarão aderência ao PEABP, atores locais estratégicos, diversos e representativos, como estrutura fundamental e estratégica para o fortalecimento da Rede de Educação Ambiental, capilarizando e enraizando o desenvolvimento de processos formativos e projetos de intervenção educadora na bacia do rio Paraopeba.

Na medida em que o PEABP constitui uma rede, por meio dos Coletivos Educadores Municipais através da mobilização de um conjunto de atores e instituições, promove diálogo, articulação, troca de experiências e fortalecimento da educação ambiental e, consequentemente, reforça a colaboração, a solidariedade e a cooperação como instrumentos eficazes para atuar na reali- dade socioambiental do território, incluindo também os diálogos e ações acerca dos programas da reparação.

Diferentemente dos outros projetos, este não envolve um público específico, mas sim uma diversidade de atores representativos que atuam na realidade socioambiental do município, formando outros educadores ambientais no seu território, capilarizando o conhecimento e ação

150 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos por meio de projetos de intervenção educadora, que concebem e potencializam ao longo do tempo.

A intervenção educadora no contexto deste projeto consiste na atuação do Coletivo Educador Municipal enquanto multiplicador dos conhecimentos construídos e adquiridos nos processos formativos. Configura-se como um projeto socioambiental elaborado e executado pelo Coletivo de forma participativa, estabelecendo-se no cotidiano e tendo como ponto de partida a realida- de local vivida.

O projeto de intervenção educadora poderá se desenvolver buscando o equacionamento de problemas socioambientais e o fortalecimento dos valores territoriais (naturais, humanos e culturais).

Propõe-se a mobilizar instituições e pessoas para planejar, intervir, ensinar, aprender, moni- torar e avaliar as atividades formativas. Inicialmente é preciso partir de um mapeamento e mobilização de organizações preferencialmente locais, que serão responsáveis pela execu- ção deste projeto, ou seja, que mobilizarão atores diversos e estratégicos, formando Coletivos Educadores Municipais que irão desenvolver os projetos socioambientais para a intervenção educadora no território.

As atividades ocorrerão em 3 ciclos de execução do projeto, conforme a lógica de implantação de todos os projetos do programa. Cada ciclo corresponde a um período de 2 anos de exe- cução, sendo que o primeiro ano (marco zero) será voltado para articulações institucionais, arranjos contratuais, alinhamento das parceiras e elaboração do plano de ação dos projetos. A cada novo ciclo, novas instituições e pessoas poderão se envolver neste projeto, ampliando e fortalecendo as redes, por meio da implantação de novos projetos ou dando continuidade aos projetos já iniciados, mediante o número de vagas definido para cada município.

Estima-se que a cada ciclo serão formadas diretamente 311 pessoas, representantes de diver- sos segmentos sociais, constituindo 22 Coletivos Educadores Municipais, elaborando e imple- mentando 22 projetos socioambientais de intervenção educadora, sendo 1 por município.

Tabela 2-4 – Quantitativo de pessoas formadas, coletivos constituídos e projetos implementados.

Número de pessoas Número de Coletivos Educadores Número de Projetos Ciclo formadas constituídos (1 por município) implementados (1 por município) Primeiro 311 22 22 Segundo 311 22 22 Terceiro 311 22 22 Totais 933 66 66 Elaboração: VALE S/A, 2020.

Os tópicos a seguir apresentam detalham este projeto, considerando que as atividades, os pro- cessos e a métrica para a quantidade de vagas de pessoas a serem formadas serão os mes- mos em todos os três ciclos e que as avaliações, revisões e potenciais adaptações ocorrerão de acordo com o amadurecimento e a melhoria contínua no decorrer de cada ciclo.

151 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Público-alvo e área de abrangência O Coletivo Educador tem como premissa o acolhimento de diferentes atores sociais, tais como professores de todos os níveis de ensino, estudantes, agricultores, api- cultores, agentes de saúde, merendeiras, donas de casa, lideranças comunitárias, artesãos, técnicos da área socioambiental de empresas e órgãos governamentais, jornalistas, membros das comunidades tradicionais, movimentos religiosos, juventude, dentre outros. Atores sociais representativos e que são mapeados de acordo com sua atuação nas questões socioambientais e nos projetos existentes já mapeados no território, observando-se localidade de moradia (urbano/rural), idade, gênero e etnia.

Diretamente este projeto envolverá 933 pessoas, diversas e representativas dos 22 municípios de abrangência do programa, e indiretamente1 as pessoas a serem envolvidas na implemen- tação dos projetos.

Para isso, os municípios foram organizados em 5 regiões de abrangência: região de abrangência 1 – Brumadinho; região de abrangência 2 – Esmeraldas, São Joaquim de Bicas, Mário Campos e Juatuba; região de abrangência 3 – Betim, Igarapé, Florestal, Pará de Minas, Mateus Leme e São José da Varginha; região de abrangência 4 – Fortuna de Minas, Maravilhas, Papagaios, Paraopeba, Pequi e região de abrangência 5 – Cachoeira da Prata, Inhaúma, Caetanópolis, Curvelo, Pompéu, Felixlândia, conforme a Figura 2-3.

1 O número de pessoas envolvidas indiretamente será mensurado a partir da conclusão do primeiro ciclo do pro- jeto pela abrangência dos resultados obtidos por meio do monitoramento dos projetos implantados.

152 Figura 2-3 – Divisão das regiões de abrangência – Editais.

460.000 480.000 500.000 520.000 540.000 560.000 580.000 600.000 620.000 0 0 0 0 0 . 0

. µ 0 0 8 8 9 9 . . 7 7 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 6 6 9 . 9 . 7 7 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 4 4 9 . 9 . 7 7

UHE Três Marias Felixlândia 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 2 2 9 . 9 . 7 7

UHE Retiro Baixo

Curvelo 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 0 0 9 . 9 . 7 7

Pompéu 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 8 8 8 . 8 . 7 7

Paraopeba o c is c n Caetanópolis 0 0 0

0 a 0 . 0 r .

Papagaios 0 0 F 6 6 8 . 8 . 7

7 o ã S o i R

Maravilhas 0 0 Cachoeira Inhaúma 0 0 0 . 0 . 0 0

da Prata 4 4 8 . 8 . 7 7 Fortuna de Minas Pequi 0 0

São José da 0 0 0 . 0 . 0

0 Varginha 2 2 8 . 8 Município Pontos Região . 7 7 Esmeraldas R Betim 7 3 io P a Brumadinho 13 1 r a o p Cachoeira da Prata 3 5 e b Caetanópolis 2 5 Pará de Minas a 0 0

Florestal 0 0 0 . 0 Curvelo 4 5 . 0 0 0 0 8 . 8 . 7

7 Esmeraldas 10 2 Felixlândia 3 5 Juatuba Betim Florestal 6 3 Fortuna de Minas 7 4 Igarapé 7 3 Mateus Leme 0 0 0 0 0 . 0 São . 0

0 Inhaúma 2 5

Igarapé Mário 8 8 7 . 7 Joaquim . 7

7 Campos Juatuba 10 2 de Bicas Maravilhas 4 4 Mário Campos 9 2 Brumadinho Mateus Leme 2 3 0

0 Papagaios 4 4 0 0 0 . 0 . 0 0 6 6 Pará de Minas 4 3 7 . 7 . 7 7 Paraopeba 5 4 Pequi 6 4 Pompéu 5 5 São Joaquim de Bicas 12 2 São José da Varginha 5 3 460.000 480.000 500.000 520.000 7.740.000 540.000 560.000 580.000 600.000 620.000

LEGENDA CROQUI DE LOCALIZAÇÃO CLIENTE: FONTES: Rio Paraopeba Divisão por região - Editais -BASE HIDROGRÁFICA: ANA, 2018; MA CE RN -LIMITE TERRITORIAL: IBGE, 2018; PA PI PE RELATÓRIO: -DIVISÃO POR REGIÃO – EDITAIS: VALE S/A, 2020; AL Rio São Francisco 1 o -IMAGEM: ESRI, 2019. TO SE tic PLANO DE REPARAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO RIO PARAOPEBA ân tl Corpo d'água 2 MT BA A o TÍTULO: PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE BRUMADINHO E DA n a BACIA DO PARAOPEBA – PEABP Bacia hidrografica do rio Paraopeba 3 e

DF c DIVISÃO POR REGIÃO – EDITAIS O 4 ESCALA GRÁFICA GO SOLICITANTE: RESP. CARTO.: VERSÃO: 0 5 10 km MG ES W.M. L.P.E. PRELIMINAR FINAL 5 !? CÓDIGO PROJETO: ESCALA: FOLHA: DATA: DATUM HORIZONTAL: SIRGAS 2000 - 23S MS SP RJ 52.268 1:700.000 A3 SET /2020

C:\Users\lais.evangelista\ARCADIS\Vale-Plano - General\3-GIS\03_Projetos\PEABP\1.03.01.52268-PR-GI-0004-Rev.0_DIVISAO_REGIAO_EDITAL_PEABP.mxd Alterado por:lais.evangelista Em:04/09/2020 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

As regiões foram agrupadas a partir do estudo metodológico para divisão de recursos entre os municípios e da localização geográfica, com o objetivo de potencializar a logística para execu- ção das atividades.

Ressalta-se que para a distribuição de vagas, partiu-se do número referência de 300 pessoas por ciclo, com base no estudo de arquitetura de capilaridade sugerida pelo Programa Nacional de Formação de Educadores Ambientais (ProFEA) (documento técnico nº 7 – órgão gestor da PNEA) e da experiência de outros Coletivos Educadores desenvolvidos em territórios com uma população estimada de 1 milhão de habitantes.

A partir da referência de 300 pessoas, foi analisada a pontuação alcançada pelos municípios no estudo metodológico para divisão de recursos e a distância entre os municípios (logística por região) para serem definidas as 5 regiões. Ressalta-se que o número de vagas e os valores de fomento aos projetos foram baseados na metodologia de divisão de recursos proposta para o PEABP.

Tabela 2-5 – Quantitativo de pessoas envolvidas diretamente pelo Projeto Coletivos Educadores Municipais.

Município Proporcionalidade (%) Vagas por ciclo Brumadinho 10 30 30 Esmeraldas 7,69 24 São Joaquim de Bicas 9,23 28 Mário Campos 6,92 21 Juatuba 7,69 24 97 Betim 5,38 17 Igarapé 5,38 17 Florestal 4,62 14 Pará de Minas 3,08 10 Mateus Leme 1,54 5 São José da Varginha 3,85 12 75 Fortuna de Minas 5,38 17 Maravilhas 3,08 10 Papagaios 3,08 10 Paraopeba 3,85 12 Pequi 4,62 14 63 Cachoeira da Prata 2,31 7 Inhaúma 1,54 5 Caetanópolis 1,54 5 Curvelo 3,08 10 Pompéu 3,85 12 Felixlândia 2,31 7 46 Total 100,00 311 Elaboração: VALE S/A, 2020.

154 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Objetivo geral Promover o fortalecimento institucional e o aprendizado do pensar e agir coletiva- mente através da constituição de Coletivos Educadores Municipais e de projetos de intervenção educadora, constituindo-se assim a Rede de Educação Ambiental da bacia do rio Paraopeba.

Objetivos específicos • Apoiar e estimular processos participativos que apontem para o protagonismo social nas questões socioambientais no território e, sobretudo, no contexto da reparação socioambiental da bacia do rio Paraopeba. • Fortalecer as instituições da sociedade civil, projetos e seus atores sociais locais para atuarem de forma autônoma, crítica e inovadora em projetos socioambien- tais, ampliando o envolvimento da sociedade em intervenções educadoras. • Contribuir para a construção e fortalecimento de uma rede colaborativa de educadores ambientais, que desenvolvam projetos socioambientais aderentes às ações de reparação socioambiental no território. • Fortalecer as instituições governamentais e parceiros da sociedade civil a partir da atuação integrada e colaborativa nos Coletivos Educadores Municipais.

Procedimentos metodológicos A base conceitual do projeto Coletivos Educadores situa-se na perspectiva pe- dagógica freireana, que considera o diálogo como forma de comunicação e construção do conhecimento, a análise crítica da realidade, a ação-reflexão-a- ção como princípio norteador das transformações desejadas na prática. Nesse sentido, os principais norteadores legais e conceituais do processo de formação deste público são: a. Programa Nacional de Formação de Educadores Ambientais (ProFEA): Série Documentos Técnicos (nº 7, 2006) do órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação); b. Coletivos Educadores para Territórios Sustentáveis (2007) do órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação); c. Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/1999); d. Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA); e. Teoria da Práxis – articulação teoria/prática na perspectiva dialógica; f. Pesquisa-Ação-Participante; g. Desenvolvimento territorial na perspectiva da percepção e cartografia social; h. O processo formativo na perspectiva do Cardápio de Aprendizagem: envolvimento dos di- ferentes contextos, saberes e realidades socioculturais (saber popular, saber acadêmico, a cidade, o campo, aldeias indígenas, comunidades quilombolas, dentre outras) na organiza- ção dos temas formativos; i. Intervenção educadora nos seus diferentes contextos e realidades socioculturais (cidade, campo, aldeias indígenas, comunidades quilombolas, dentre outras).

155 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Etapas de execução Etapa 1 – Articulação institucional.

Etapa 2 – Chamamento e alinhamento das potenciais instituições parceiras no território.

Etapa 3 – Elaboração e publicação de edital, seleção e formação das instituições parceiras locais.

Etapa 4 – Constituição e Formação dos Coletivos Educadores Municipais.

Etapa 5 – Implementação dos projetos socioambientais de intervenção educadora.

Caracterização das etapas de execução

Etapa 1 – Articulação institucional Entende-se que a articulação institucional é importante e necessária para a im- plementação do projeto, ela se dará pela aproximação e parceria com as secre- tarias municipais de Educação, Meio Ambiente e Saúde dos 22 municípios que compreendem a área de abrangência do PEABP. Por meio de reuniões, objetiva-se apresentar o projeto, esclarecer dúvidas sobre cada etapa a ser desenvolvida, formalizar a adesão das prefeituras municipais aos Coletivos Educadores e levantar informações que contribuam para o mapea- mento da Rede potencial de parceiros e do público-alvo estratégico, conforme ilustra o fluxo dessa etapa:

Consolidação Realização Apresentação das informações Articulação de reuniões para o institucional do projeto Realização de reuniões nos municípios municipais mapeamento do público-alvo

Elaboração: VALE S/A., 2020.

Etapa 2 – Chamamento e alinhamento das potenciais instituições par- ceiras no território O PEABP entende que a atuação e o fortalecimento em rede possibilitarão a construção coletiva e o intercâmbio de visões e experiências entre cidadãos de diversos setores da sociedade, buscando fortalecer o tecido social local, permitin- do ampliar e qualificar o conhecimento da realidade socioambiental dos municípios e sobre o território na bacia do rio Paraopeba.

Sendo assim, para constituir ou impulsionar uma rede é importante conhecer as forças locais que já atuam no território. Nesse sentido, realizou-se inicialmente uma fase de diagnósti- co das instituições da sociedade civil por meio de dados secundários, que serão comple- mentados com o mapeamento a realizar-se na Etapa 1 de articulação institucional, com

156 Cadastramento (via portal) das potenciais instituições parceiras locais

Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos as secretarias municipais e dados oriundos da realização do Diagnóstico Socioambiental Participativo (DSP).

Em seguida, será lançado um chamamento para o cadastramento das potenciais instituições parceiras, por meio de um amplo processo de comunicação, visando mobilizar potenciais par- cerias com aqueles que já atuam no território no campo da educação ambiental.

Após o período de finalização do cadastramento, as instituições serão convidadas para par- ticipar de fóruns virtuais, com carga horária de 24 horas, com o objetivo de integrar as forças locais, apresentar o PEABP, alinhar conceitualmente as diretrizes e documentos norteado- res adotados pelo programa, assim como, alinhar as instituições quanto aos procedimentos e normas legais que serão exigidos via editais para contratação de parceiras, conforme o fluxo abaixo:

Cadastramento (via Fóruns virtuais Mapeamento portal) das de alinhamento das forças instituições e compreensão locais potenciais do PEABP parceiras locais

Elaboração: VALE S/A., 2020

Etapa 3 – Elaboração e publicação de edital, seleção e formação das instituições parceiras locais Em seguida, após a realização dos fóruns virtuais, será lançado o edital para con- tratação de parceiras para a constituição e formação dos Coletivos Educadores Municipais. Serão selecionadas 1 instituição por região de abrangência, abrindo-se a possibilidade de uma instituição atuar em mais de uma região, desde que tenha capacidade operacional e técnica para tal. As instituições selecionadas via edital serão comunicadas diretamente e convidadas para participar de uma oficina de alinhamento e construção coletiva do plano de ação de cons- tituição e formação dos Coletivos Educadores Municipais.

Com carga horária de 40 horas, a oficina tem os seguintes objetivos:

Dia 1 • Integrar as instituições; • Apresentar e conhecer o Plano de Reparação Socioambiental; • Apresentar e conhecer o PEABP.

157 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Dia 2 • Imersão nos conceitos norteadores do PEABP (correntes de educação ambiental, Pesquisa- Ação-Participante, coletivos educadores, comunidades de aprendizagem, cardápio de aprendizagem, intervenção educadora).

Dia 3 e 4 • Elaborar plano de ação para a constituição dos Coletivos Educadores: identificação do público-alvo; estratégias de mobilização; constituição e formação do Coletivo Educador e elaboração do projeto de intervenção educadora.

Dia 5 • Estratégias de elaboração e implementação dos projetos socioambientais (projetos de in- tervenção educadora) no território.

Ressalta-se que outros conteúdos podem vir a compor o Cardápio de Aprendizagem desta oficina, mediante os resultados e demandas surgidas nos fóruns virtuais. As instituições sele- cionadas e formadas serão responsáveis pela condução dos processos do projeto Coletivos Educadores Municipais, sendo assessoradas e acompanhadas pela equipe técnica do PEABP, conforme ilustra o fluxo dessa etapa.

Elaboração Seleção de Mapeamento da rede e publicação parceiros de potenciais parceiros de edital locais

Oficina de formação dos parceiros

Elaboração do plano de ação de constituição e formação dos Coletivos Educadores Municipais.

Etapa 4: Constituição e formação dos Coletivos Educadores Com o plano de ação elaborado coletivamente e com as estratégias de mo- bilização definidas, as instituições selecionadas em edital iniciarão a mobili- zação social nas suas respectivas regiões para a constituição dos Coletivos Educadores Municipais.

158 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

A primeira ação dessa etapa consiste na identificação e mobilização do público-alvo para cons- tituir os Coletivos Educadores, com a premissa assegurada de representatividade dos diversos setores do município. Será utilizado um plano de comunicação para divulgação nas mídias sociais e canais de comunicação dos parceiros para a seleção do público-alvo com base nos critérios listados abaixo:

• Históricos pessoais comprometidos com as questões socioambientais; • Representatividade no tecido social do município (segmento em que atua e abrangência da diversidade); • Zona rural e urbana, faixa etária, formação acadêmica, saberes tradicionais e outros saberes; • Representatividade de atores estratégicos envolvidos em outros programas do Plano de Reparação Socioambiental.

A partir da constituição dos Coletivos Educadores Municipais (adesão voluntária) inicia-se a formação do Coletivo Educador Municipal a partir do Cardápio de Aprendizagem, onde deverão ser realizados ao menos 6 encontros anuais, sendo rodas de conversa, palestras dialógicas, oficinas, visitas técnicas, workshops e outros, visando, ao final da formação do primeiro ano, a elaboração do projeto socioambiental de intervenção educadora do Coletivo Educador. Abaixo seguem os eixos orientadores do Cardápio de Aprendizagem do Projeto.

Figura 2-4 – Eixos orientadores do Cardápio de Aprendizagem do Projeto.

Conceitos Dinâmica Princípios fundamentais ecológica e valores A nossa do nosso do território que nos visão pensar e agir orientam global

Educação Ambiental, Ambiente, Bacia Ética do Mudanças Mobilização e Hidrográfica, Cuidado, Climáticas e Participação Social, Recursos Documentos Sustentabilidade, Meio Ambiente, Hídricos, Planetários, Saúde Reparação, Resíduos Cultura do Integrativa, Recuperação, Sólidos, Minério- Cuidado, Cultura Redes Revitalização, dependência, da Promoção da Colaborativas. Ressignificação, Controle Social Saúde, Cultura Impactos e Danos da nas Políticas da Prevenção e Mineração e do Públicas Sociais Cultura da Paz. Rompimento das e Ambientais, barragens em Diversificação da Córrego do Feijão. Matriz

Econômica.

Elaboração: VALE S/A., 2020.

159 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

A carga horária mínima de 48 horas anuais de formação presencial poderá ser distribuída em oficinas, módulos e/ou vivências, sendo que essa carga horária será organizada e distribuída de acordo com a disponibilidade e realidade de cada município.

Propõe-se, como contrapartida dos municípios, a disponibilização de espaços e estrutura para a realização das atividades, mediante termo de adesão oficializado.

Etapa 5 – Implementação dos Projetos Com o objetivo de fomentar a implementação dos projetos socioambientais, o Cardápio de Aprendizagem no segundo ano do projeto passa a ser orientado para capilarizar o aprendizado obtido, mobilizando a comunidade por meio da implanta- ção dos projetos. Com carga horária mínima de 48 horas anuais, deverão ser realizados no mínimo 6 encontros presenciais para a implementação e o fortalecimento dos projetos socio- ambientais (intervenção educadora) visando a capilaridade das ações e o enraizamento pelo território das tecnologias sociais desenvolvidas.

Em cada ciclo serão disponibilizados no total R$ 1.530.000,00 distribuídos entre os 22 muni- cípios mediante estudo metodológico para divisão de recursos, para apoiar a implantação do projeto dos Coletivos Educadores Municipais, sendo que ao final de cada ciclo será constituído 1 Coletivo Educador por município e apoiado 1 projeto por município, totalizando no mínimo 22 projetos implantados por ciclo/município, conforme fluxo:

22 PROJETOS CADA 1 COLETIVO 1 PROJETO 22 IMPLANTADOS POR CICLO/ MUNICÍPIO EDUCADOR MUNICÍPIOS MUNICÍPIO

Elaboração: VALE S/A., 2020.

O valor referente ao fomento para implementação do projeto por município a cada ciclo está discriminado na Tabela 2-6.

160 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Tabela 2-6 – Valor de fomento por município/ciclo para a implementação do Projeto.

Município Proporcionalidade (%) Valor Fomento por ciclo (R$) Brumadinho 10 153.000,00 153.000,00 Esmeraldas 7,69 117.657,00 São Joaquim de Bicas 9,23 141.219,00 Mário Campos 6,92 105.876,00 Juatuba 7,69 117.657,00 482.409,00 Betim 5,38 82.314,00 Igarapé 5,38 82.314,00 Florestal 4,62 70.686,00 Pará de Minas 3,08 47.124,00 Mateus Leme 1,54 23.562,00 São José da Varginha 3,85 58.905,00 364.905,00 Fortuna de Minas 5,38 82.314,00 Maravilhas 3,08 47.124,00 Papagaios 3,08 47.124,00 Paraopeba 3,85 58.905,00 Pequi 4,62 70.686,00 306.153,00 Cachoeira da Prata 2,31 35.343,00 Inhaúma 1,54 23.562,00 Caetanópolis 1,54 23.562,00 Curvelo 3,08 47.124,00 Pompéu 3,85 58.905,00 Felixlândia 2,31 35.343,00 223.839,00 Total 100,00 1.530.306,00 Elaboração: VALE S/A, 2020.

Salienta-se que as instituições selecionadas via edital serão responsáveis por acompanhar todo o processo de implementação, monitoramento e avaliação dos projetos de forma contínua e manter a rede conectada e animada. Esse projeto será constantemente assessorado e mo- nitorado pela equipe técnica do PEABP, visando observar a capilaridade e o enraizamento no território, com foco na constituição e fortalecimento da Rede de Educação Ambiental na bacia do rio Paraopeba.

161 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Quadro-síntese A seguir apresenta-se o quadro-síntese contendo o objetivo, os resultados do projeto, o tempo de duração e o valor orçamentário.

Quadro 2-3 – Resultados esperados do Projeto Coletivos Educadores Municipais.

Objetivo geral: Promover o fortalecimento institucional e o aprendizado do pensar e agir coletivamente através da constituição de Coletivos Educadores Municipais e de projetos de intervenção educadora, constituindo-se assim a Rede de Educação Ambiental da bacia do rio Paraopeba. Valor orçamentário do projeto: R$ 28.846.000,00. Tempo do projeto: 6 anos. Resultado final: Constituir e fortalecer a Rede de Educação Ambiental na bacia do rio Paraopeba, por meio de Coletivos Educadores, e qualificação das organizações da sociedade civil para constituir e atuar em coletivos organizados. Região Município Etapa Resultados Esperados por ciclo Etapa 1 – Articulação institucional. Adesão de 1 prefeitura municipal ao projeto. Etapa 2 – Cadastro e alinhamento de potenciais instituições parceiras no Cadastro de, no mínimo, 2 instituições*. território. Etapa 3 – Elaboração e publicação de edital, seleção e formação das Seleção de 1 instituição parceira/contratada para constituição, formação, implantação 1 Brumadinho instituições parceiras. do projeto. Etapa 4 – Constituição e Formação dos Coletivos Educadores (por Constituição de 1 Coletivo Educador; Formação de 30 pessoas/ciclo; Elaboração de 1 município). projeto de intervenção educadora. Etapa 5 – Implementação dos projetos de intervenção educadora. Fomento para implantação de 1 projeto de intervenção educadora. Etapa 1 – Articulação institucional. Adesão de 4 prefeituras municipais ao projeto. Etapa 2 – Cadastro e alinhamento de potenciais instituições parceiras no Cadastro de, no mínimo, 2 instituições*. Esmeraldas; território. São Joaquim Etapa 3 – Elaboração de edital, publicação de edital, seleção e formação Seleção de 1 instituição parceira/contratada para constituição, formação, implantação 2 de Bicas; das instituições parceiras. do projeto. Mário Campos; Juatuba. Etapa 4 – Constituição e Formação dos Coletivos Educadores (por Constituição de 4 Coletivos Educadores; Formação de 97 pessoas/ciclo; Elaboração município). de 4 projetos de intervenção educadora. Etapa 5 – Implementação dos projetos de intervenção educadora. Fomento para implantação de 4 projetos de intervenção educadora.

162 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Região Município Etapa Resultados Esperados por ciclo Etapa 1 – Articulação institucional. Adesão de 6 prefeituras municipais ao projeto. Etapa 2 – Cadastro e alinhamento de potenciais instituições parceiras no Cadastro de, no mínimo, 2 instituições*. Betim; Igarapé; território. Florestal; Pará de Etapa 3 – Elaboração de edital, publicação de edital, seleção e formação Seleção de 1 instituição parceira/contratada para constituição, formação, implantação 3 Minas; Mateus das instituições parceiras. do projeto. Leme; São José da Varginha. Etapa 4 – Constituição e Formação dos Coletivos Educadores (por Constituição de 6 Coletivos Educadores; Formação de 75 pessoas/ciclo; Elaboração município). de 6 projetos de intervenção educadora. Etapa 5 – Implementação dos projetos de intervenção educadora. Fomento para implantação de 6 projetos de intervenção educadora. Etapa 1 – Articulação institucional. Adesão de 5 prefeituras municipais ao projeto. Etapa 2 – Cadastro e alinhamento de potenciais instituições parceiras no Fortuna Cadastro de, no mínimo, 2 instituições*. de Minas; território. Maravilhas; Etapa 3 – Elaboração, publicação, seleção e formação das instituições Seleção de 1 instituição parceira/contratada para constituição, formação, implantação 4 Papagaios; parceiras. do projeto. Paraopeba; Etapa 4 – Constituição e Formação dos Coletivos Educadores (por Constituição de 5 Coletivos Educadores; Formação de 63 pessoas/ciclo; Elaboração Pequi. município). de 5 projetos de intervenção educadora. Etapa 5 – Implementação dos projetos de intervenção educadora. Fomento para implantação de 5 projetos de projeto de intervenção educadora. Etapa 1 – Articulação institucional. Adesão de 6 prefeituras municipais ao projeto. Etapa 2 – Cadastro e alinhamento de potenciais instituições parceiras no Cadastro de, no mínimo, 2 instituições*. Cachoeira da território. Prata; Inhaúma; Etapa 3 – Elaboração, publicação, seleção e formação das instituições Seleção de 1 instituição parceira/contratada para constituição, formação, implantação 5 Caetanópolis; parceiras. do projeto. Curvelo; Pompéu; Felixlândia. Etapa 4 – Constituição e Formação dos Coletivos Educadores (por Constituição de 6 Coletivos Educadores; Formação de 46 pessoas/ciclo; Elaboração município). de 6 projetos de intervenção educadora. Etapa 5 – Implementação dos projetos de intervenção educadora. Fomento para implantação de 6 projetos de intervenção educadora Total 22 * Serão priorizadas no processo de capacitação e contratação as instituições parceiras locais. Não havendo disponibilidade, o segundo critério contempla aquelas instituições que atuam na bacia do rio Paraopeba, e o terceiro critério, as instituições de nível regional/nacional com expertise técnica comprovada.

Elaboração: VALE S/A, 2020.

163 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Metas, indicadores, forma de verificação A seguir, apresenta-se o Quadro de Monitoramento do Projeto. Ressalta-se que os indicadores passarão por revisões, pois se trata de um processo participativo e entende-se que o monitoramento do projeto deve se dar de forma participativa pelas partes envolvidas.

Quadro 2-4 – Monitoramento do Projeto Coletivo Municipais Educadores. Tipo de Objetivo específico Metas Indicadores Formas de Verificação indicador Apoiar e estimular processos Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório Adesão de 100% dos participativos que apontem para o Número de Coletivos educadores constituídos Realização de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos municípios protagonismo social nas questões encontros/ações, avaliação dos participantes, certificados. socioambientais do território Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório e, sobretudo, no contexto da Formar 311 pessoas por Número de pessoas formadas Realização de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos reparação socioambiental da bacia ciclo encontros/ações, avaliação dos participantes, certificados. do rio Paraopeba. Fortalecer as instituições da Executar 100% da carga Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório sociedade civil, projetos e horária prevista no cardápio Percentual de carga horária formativa concluído em Realização de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos seus atores sociais locais para de aprendizagem por ciclo cada ciclo encontros/ações, avaliação dos participantes, certificados. atuarem de forma autônoma, (96 horas/ciclo) crítica e inovadora em projetos Implementar 22 projetos de Diversidade dos temas dos projetos de intervenção Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório socioambientais, ampliando o intervenção educadora por educadora (interface com outros programas do Resultado de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos envolvimento da sociedade em ciclo Plano de Reparação) encontros/ações; avaliação dos participantes, certificados. intervenções educadoras. Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório Número de instituições representadas/formadas Constituir 22 Coletivos Resultado de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos nos Coletivos Educadores Municipais Educadores Municipais por encontros/ações, avaliação dos participantes, certificados. ciclo Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório Contribuir para a construção Número de coletivos educadores constituídos por Realização de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos e fortalecimento de uma rede ciclo encontros/ações, avaliação dos participantes, certificados. colaborativa de educadores Construir coletivos com Índice de diversidade da representatividade Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório ambientais, que desenvolvam representatividade do tecido (segmentos) do público formado nos Coletivos Resultado de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos projetos socioambientais social Educadores Municipais encontros/ações, avaliação dos participantes, certificados. aderentes às ações de reparação socioambiental no território. Perfil das pessoas mobilizadas indiretamente nos Constituir capilaridade nos projetos de intervenção educadora dos Coletivos Monitoramento das ações pós-ciclo formativo; elaboração 22 municípios por meio dos Educadores Municipais (faixa etária, gênero, zona Resultado de relatório. coletivos jovens constituídos rural ou urbana, povos indígenas, comunidades quilombolas)

164 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Tipo de Objetivo específico Metas Indicadores Formas de Verificação indicador Fortalecer as instituições governamentais e parceiros da Implantar 22 projetos de Evidências objetivas das atividades realizadas, relatório sociedade civil a partir da atuação intervenção educadora por Número de instituições representadas/formadas Realização de mobilização, lista de presença, fotos, memória dos integrada e colaborativa nos ciclo nos Coletivos Educadores Municipais encontros/ações, avaliação dos participantes, certificados. Coletivos Educadores Municipais. Evidências objetivas “fichas de acompanhamento do Número de instituições representadas/formadas Lançar 1 edital por ciclo Resultado processo de adesão, fotos, relatórios das ações/encontros, nos Coletivos Educadores Municipais listas de presença entre outros’. Índice de Eficácia2 Objetivo Geral Índice de Capilaridade Formas de Verificação Promover o fortalecimento institucional e o aprendizado do pensar e agir coletivamente Índice de Capilaridade do Projeto CEM (número de projetos de intervenção através da constituição de educadora implementados por município + número de ciclos formativos realizados Relatórios dos projetos e dos encontros de formação. Avaliação dos Coletivos Educadores Municipais + diversidade dos temas dos projetos de intervenção educadora + perfil dos envolvidos. e de projetos de intervenção educadores ambientais e diversidade de segmentos do tecido social + número de educadora, constituindo-se assim pessoas envolvidas indiretamente pelas ações do coletivo educador municipal). a Rede de Educação Ambiental da bacia do rio Paraopeba. Elaboração: VALE S/A, 2020.2

2 O índice de eficácia da estratégia do projeto refere-se ao índice de capilaridade.

165 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba

Cronograma Segue cronograma do Projeto Coletivos Educadores Municipais – ciclos 1,2 e 3.

CICLO 1 2021 2022 2023 2024 Projeto Coletivos Educadores Municipai J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D Aprovação do PEABP (2020). Projeto Coletivos Educadores Municipais – Ciclo 1. Etapa 1: Articulação institucional. Etapa 2: Cadastro e alinhamento de potenciais instituições parceiras no território. Etapa 3: Elaboração e publicação de edital, seleção e a formação das instituições

parceiras locais. Etapa 4: Constituição e Formação dos Coletivos Educadores (por município). Etapa 5: Implementação dos projetos de intervenção educadora. Avaliação e desmobilização – fechamento do 1º ciclo. Elaboração: VALE S/A, 2020.

CICLO 2 2024 2025 2026 J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D Projeto Coletivos Educadores Municipais – Ciclo 2. Etapa 1: Articulação institucional. Etapa 2: Cadastro e alinhamento de potenciais instituições parceiras no território. Etapa 3: Elaboração e publicação de edital, seleção e a formação das instituições parceiras locais

– aditivo. Etapa 4: Constituição e Formação dos Coletivos Educadores (por município) / Ampliação – contínuo. Etapa 5: Implementação dos projetos de intervenção educadora. Avaliação e desmobilização – fechamento do 2º ciclo. Elaboração: VALE S/A, 2020.

CICLO 3 2026 2027 2028 Projeto Coletivos Educadores Municipais J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D Projeto Coletivos Educadores Municipais – Ciclo 3. Etapa 1: Articulação institucional. Etapa 2: Cadastro e alinhamento de potenciais instituições parceiras no território. Etapa 3: Elaboração e publicação de edital, seleção e a formação das instituições parceiras locais – aditivo. Etapa 4: Constituição e Formação dos Coletivos Educadores (por município) / Ampliação – contínuo. Etapa 5: Implementação dos projetos de intervenção educadora. Avaliação e desmobilização – fechamento do 3º ciclo. Elaboração: VALE S/A, 2020.

166 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores

Entende-se que as escolas são, por natureza e por atribuição legal, os locais apropriados para a formação da consciência ambiental, especialmente quando o processo de formação da cidadania se inicia de forma mais estruturada no ensino fundamental, com complementação à educação familiar. À medida que avançam os ciclos de aprendizagem, ampliam-se as opor- tunidades de construção do conhecimento sobre as realidades da escola, do entorno dela, da comunidade, do município e do ambiente global.

A escola caracteriza-se como um lugar da continuidade de formação e consolidação dos valo- res humanos e sociais, entre os quais a cooperação, o respeito, a solidariedade e a compaixão pelos demais seres humanos e pelos seres vivos. É o local onde se exercitam a socialização, a convivência e a compreensão da interdependência da cultura com a natureza, sendo que, na maior parte das vezes, os valores humanos e sociais aprendidos pelos estudantes se dão por meio das expressões, atitudes, exemplos e comportamentos dos educadores. O conteúdo dos currículos, associado à atuação cotidiana do educador e dos demais agentes da educação, é o que vai concretamente possibilitar que a educação ambiental se insira na sociedade.

Nesse sentido, a ação pedagógica da interdisciplinaridade aponta para a construção de uma escola participativa, que deriva da formação do sujeito social, capaz de articular saber, conhe- cimento e vivência. Para que isso se efetive, o papel do professor é fundamental no avanço construtivo do aluno. É ele, o professor, que pode perceber as necessidades do aluno e iden- tificar o que a escola, a sala de aula e as práticas pedagógicas podem lhe proporcionar. A capacidade do professor de pensar e agir sob a égide da interdisciplinaridade pode envolver e instigar o aluno a diversificar e ampliar a busca do saber.

A interdisciplinaridade é definida nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) como a di- mensão que

[…] questiona a segmentação entre os diferentes campos do conhecimento produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles, questiona a visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historica- mente se constituiu (BRASIL, 1998, p. 30).

Já a transversalidade, segundo os PCNs,

[…] é a possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender conhe- cimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real e de sua transformação (aprender a realidade da realidade) (BRASIL, 1998: 30).

167 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Diante disso, pressupõem-se educadores imbuídos de um verdadeiro senso crítico, abertos para a cooperação, o intercâmbio entre as diferentes disciplinas, o constante questionamento ao saber arbitrário e desvinculado da realidade. Portanto, a interdisciplinaridade e a transver- salidade são, nesse sentido, modos de se trabalhar o conhecimento visando à reintegração de dimensões isoladas umas das outras, pela abordagem disciplinar.

A partir das reflexões trazidas no campo da educação ambiental, por meio dos documentos planetários e norteadores, como a Carta da Terra e o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, no contexto da interdisciplinaridade e transversalidade, a ecopedagogia será contextualizada como uma prática, uma ferramenta que valoriza o diálogo, a autoexpressão, as diferenças de opiniões e os conflitos que venham surgir como elementos de construção do saber coletivo, exercitando o senso crítico e a capacidade de tomar decisões e elaborar ações socioambientais voltadas ao bem comum.

Seus princípios têm a finalidade de reorientar o olhar do ser humano para o seu eu, suas ações, seu cotidiano, e para o outro, chamando atenção para a interdependência que une a todos. Considera-se, nesse contexto, a ecopedagogia como um caminho para a formação de cidadãos capazes de perceber além do seu campo de visão, cidadãos com uma compreensão que é ao mesmo tempo local e global, uma nova forma de conviver, intervir e interagir com o planeta. Pode ser entendida como um processo de transformação do sujeito humano, gerando novas formas de ser, de se perceber, de se posicionar ante os outros e a si mesmo, fornecendo os subsídios mínimos necessários para superar paradigmas tradicionais, buscando o novo e enfrentando os desafios socioambientais atuais.

A ecopedagogia surge como um novo olhar a partir das práticas pedagógicas formais e coti- dianas, apontando a biodiversidade e a dinâmica dos ecossistemas como elementos a serem incorporados no processo educativo. Essa proposta vai ao encontro da necessidade de que a educação ambiental aconteça na prática, de que seu campo de contextualização, reflexão e ação seja ampliado, envolvendo o maior número possível de atores sociais no processo de reflexão sobre valores pessoais e coletivos, e elaboração de intervenções voltadas paraa construção da cultura da sustentabilidade.

Com base nisso, o projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores propõe contribuir para a qualificação de educadores e gestores da rede púbica de ensino no campo da educação ambiental formal, a fim de promover mudanças educacionais em suas comunidades escolares, oportunizando a compreensão da questão socioambiental de forma sistêmica, interdisciplinar e transversal, com o envolvimento da comunidade escolar em projetos ecopedagógicos.

Serão ofertadas duas modalidades de formação, nível complementar e de aperfeiçoamento (lato e stricto sensu) nas categorias especialização, mestrado e doutorado. Ressalta-se que para o detalhamento do nível aperfeiçoamento se faz necessário um estudo de viabilidade e potencialidade das diferentes opções de curso disponíveis no território, assim como se neces- sita de uma articulação e construção pedagógica e de negociação contratuais com instituições de ensino superior; portanto, esse nível não será objeto de detalhamento neste documento.

A formação complementar para educadores e gestores e a implementação de projetos ecope- dagógicos de natureza socioambiental ocorrerão em três ciclos, conforme lógica adotada nos demais projetos do programa. A cada ciclo, novos profissionais poderão ser formados e novos projetos implantados no território, conforme número de vagas por município.

168 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Estima-se que a cada ciclo serão formados 563 educadores e implementados 162 projetos, bem como serão disponibilizadas 387 vagas por ciclo, distribuídas para gestores escolares da rede pública, gestores das secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde, e entre as 5 secretarias regionais de educação para a o curso complementar de gestores no campo da educação ambiental formal, conforme tabela abaixo:

Tabela 2-7 – Quantitativo de profissionais formados e projetos implementados.

Número de educadores Número de projetos Ciclo Número de gestores formados formados implementados Primeiro 563 387 162 Segundo 563 387 162 Terceiro 563 387 162 Total 1.689 1.161 486 Elaboração: VALE S/A, 2020.

Os itens a seguir apresentam o detalhamento do primeiro ciclo deste projeto. Considere-se que as atividades e processos serão os mesmos nos demais ciclos e que revisões e adaptações poderão ocorrer, de acordo com o monitoramento e avaliações do projeto.

Público-alvo e área de abrangência Esse projeto envolverá diretamente 563 educadores (o que corresponde a 5% do efetivo de professores da rede pública de ensino de cada escola/ciclo) e 387 ges- tores da rede pública do ensino fundamental, médio e escolas federais, gestores públicos da área de saúde, educação e meio ambiente e representantes das secretarias re- gionais de educação por ciclo e, indiretamente1, as pessoas e alunos que serão envolvidas na implementação dos projetos.

Para isso, os municípios foram organizados em 5 regiões de abrangência: região de abrangência 1 – Brumadinho; região de abrangência 2 – Esmeraldas, São Joaquim de Bicas, Mário Campos, Juatuba; região de abrangência 3 – Betim, Igarapé, Florestal, Pará de Minas, Mateus Leme, São José da Varginha; região de abrangência 4 – Fortuna de Minas, Maravilhas, Papagaios, Paraopeba, Pequi; e região de abrangência 5 – Cachoeira da Prata, Inhaúma, Caetanópolis, Curvelo, Pompéu e Felixlândia, conforme demonstram a Tabela 2-8 e a Figura 2-5.

1 O número de pessoas envolvidas indiretamente será mensurado a partir da conclusão do primeiro ciclo do pro- jeto pela abrangência dos resultados obtidos por meio do monitoramento dos projetos implantados.

169 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Tabela 2-8 – Quantitativo de escolas, professores e número de vagas.2

Total de Total de Professores a serem envolvidos no curso Região Municípios escolas professores complementar / Vagas (5%) por ciclo públicas 1 Brumadinho2 28 485 25 Esmeraldas 39 897 45 São Joaquim de Bicas 16 380 19 2 Mário Campos 8 210 11 Juatuba 17 371 19 Betim 132 3813 191 Igarapé 24 567 29 Florestal 6 122 7 3 Pará de Minas 54 1288 65 Mateus Leme 15 413 21 São José da Varginha 8 84 5 Fortuna de Minas 4 41 3 Maravilhas 4 97 5 4 Papagaios 11 242 13 Paraopeba 11 267 14 Pequi 4 62 4 Cachoeira da Prata 3 51 3 Inhaúma 5 104 6 Caetanópolis 5 124 7 5 Curvelo 37 807 41 Pompéu 21 405 21 Felixlândia 14 161 9 Total 466 10991 563 Fonte: SEE-MG (2020); Inep (2018). Elaboração: VALE S/A, 2020.

2 O projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores tem como foco a rede pública de ensino, exce- to no município de Brumadinho, em que foram incluídas as escolas particulares. A exceção ao município de Brumadinho deve-se à necessidade de reparação dos impactos decorrentes do rompimento das barragens ocorrido no município.

170 Figura 2-5 – Divisão de Regiões – Editais.

460.000 480.000 500.000 520.000 540.000 560.000 580.000 600.000 620.000 0 0 0 0 0 . 0

. µ 0 0 8 8 9 9 . . 7 7 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 6 6 9 . 9 . 7 7 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 4 4 9 . 9 . 7 7

UHE Três Marias Felixlândia 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 2 2 9 . 9 . 7 7

UHE Retiro Baixo

Curvelo 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 0 0 9 . 9 . 7 7

Pompéu 0 0 0 0 0 . 0 . 0 0 8 8 8 . 8 . 7 7

Paraopeba o c is c n Caetanópolis 0 0 0

0 a 0 . 0 r .

Papagaios 0 0 F 6 6 8 . 8 . 7

7 o ã S o i R

Maravilhas 0 0 Cachoeira Inhaúma 0 0 0 . 0 . 0 0

da Prata 4 4 8 . 8 . 7 7 Fortuna de Minas Pequi 0 0

São José da 0 0 0 . 0 . 0

0 Varginha 2 2 8 . 8 Município Pontos Região . 7 7 Esmeraldas R Betim 7 3 io P a Brumadinho 13 1 r a o p Cachoeira da Prata 3 5 e b Caetanópolis 2 5 Pará de Minas a 0 0

Florestal 0 0 0 . 0 Curvelo 4 5 . 0 0 0 0 8 . 8 . 7

7 Esmeraldas 10 2 Felixlândia 3 5 Juatuba Betim Florestal 6 3 Fortuna de Minas 7 4 Igarapé 7 3 Mateus Leme 0 0 0 0 0 . 0 São . 0

0 Inhaúma 2 5

Igarapé Mário 8 8 7 . 7 Joaquim . 7

7 Campos Juatuba 10 2 de Bicas Maravilhas 4 4 Mário Campos 9 2 Brumadinho Mateus Leme 2 3 0

0 Papagaios 4 4 0 0 0 . 0 . 0 0 6 6 Pará de Minas 4 3 7 . 7 . 7 7 Paraopeba 5 4 Pequi 6 4 Pompéu 5 5 São Joaquim de Bicas 12 2 São José da Varginha 5 3 460.000 480.000 500.000 520.000 7.740.000 540.000 560.000 580.000 600.000 620.000

LEGENDA CROQUI DE LOCALIZAÇÃO CLIENTE: FONTES: Rio Paraopeba Divisão por região - Editais -BASE HIDROGRÁFICA: ANA, 2018; MA CE RN -LIMITE TERRITORIAL: IBGE, 2018; PA PI PE RELATÓRIO: -DIVISÃO POR REGIÃO – EDITAIS: VALE S/A, 2020; AL Rio São Francisco 1 o -IMAGEM: ESRI, 2019. TO SE tic PLANO DE REPARAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO RIO PARAOPEBA ân tl Corpo d'água 2 MT BA A o TÍTULO: PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE BRUMADINHO E DA n a BACIA DO PARAOPEBA – PEABP Bacia hidrografica do rio Paraopeba 3 e

DF c DIVISÃO POR REGIÃO – EDITAIS O 4 ESCALA GRÁFICA GO SOLICITANTE: RESP. CARTO.: VERSÃO: 0 5 10 km MG ES W.M. L.P.E. PRELIMINAR FINAL 5 !? CÓDIGO PROJETO: ESCALA: FOLHA: DATA: DATUM HORIZONTAL: SIRGAS 2000 - 23S MS SP RJ 52.268 1:700.000 A3 SET /2020

C:\Users\lais.evangelista\ARCADIS\Vale-Plano - General\3-GIS\03_Projetos\PEABP\1.03.01.52268-PR-GI-0004-Rev.0_DIVISAO_REGIAO_EDITAL_PEABP.mxd Alterado por:lais.evangelista Em:04/09/2020 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Objetivo geral Contribuir para a qualificação da comunidade escolar (educadores e gestores), no âmbito da educação ambiental formal, a partir dos princípios e valores da Carta da Terra, do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e da proposta ecopedagógica, instrumentos catalisadores de reflexão e vivência socio- ambiental, no cotidiano dos espaços educativos.

Objetivos específicos • Estruturar uma rede colaborativa de projetos ecopedagógicos nas escolas pú- blicas municipais, estaduais e federais. • Difundir, por meio de processos formativos, o conhecimento e a aplicação dos princípios da Carta da Terra, do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e da ecopedagogia. • Contribuir com a gestão pública para a qualificação de professores da rede pública de ensino, con- forme linha de ação do Programa Estadual de Educação Ambiental de Minas Gerais (PEEA/MG). • Criar condições nos espaços educativos para transformações das práticas escolares e de gestão, por meio da qualificação e da implementação de projetos, com abordagem na in- terdisciplinaridade e transversalidade das questões socioambientais no cotidiano escolar.

Procedimentos metodológicos A base conceitual do projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores, as- sim como dos demais projetos, norteia-se pela concepção metodológica da práxis numa perspectiva freireana, que considera o diálogo como forma de comunica- ção e construção do conhecimento, a ação-reflexão como princípio norteador das transformações desejadas e planejadas, bem como a análise crítica da conjuntura da realidade.

Nesse sentido, os principais norteadores legais e conceituais do processo de formação deste público são: a. Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024); b. Parâmetros Curriculares Nacionais; c. Conceito de ecopedagogia – Francisco Gutierrez; d. Conceito de interdisciplinaridade e transversalidade – Hilton Japiassu e Ivani Fazenda; e. Conceito de interdisciplinaridade na educação ambiental – Genebaldo Freire Dias; f. Política Nacional de Educação Ambiental – Lei nº 9.795/1999; g. Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA; h. Teoria da Práxis – articulação teoria/prática na perspectiva dialógica; i. Pesquisa-Ação-Participante.

172 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Etapas de execução Etapa 1: Articulação institucional e parceira contratada (instituição de ensino superior – IES).

Etapa 2: Curso complementar para educadores.

Etapa 3: Implementação dos projetos ecopedagógicos/socioambientais.

Etapa 4: Curso complementar para gestores/educação a distância para gestores.

Caracterização das etapas de execução

Etapa 1 – Articulação institucional e parceira contratada (IES) A articulação institucional se constitui como uma etapa estratégica para realiza- ção deste projeto, pois é a partir dela que são identificadas as políticas munici- pais, estaduais e nacionais de formação de educadores, além dos desafios e peculiaridades da região.

Os cursos complementares dos educadores e gestores ocorrerão de acordo com a realidade dos municípios e as expertises da IES contratada responsáveis por sua execução, podendo ser implementados por meio de modalidades semipresenciais e/ou a distância.

Entende-se que a articulação institucional é importante e necessária para a implementação do projeto, que se dará pela integração com as secretarias municipais e estadual (secretarias regio- nais de educação) relacionadas a educação, meio ambiente e saúde dos 22 municípios que com- preendem a área de abrangência do Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Paraopeba (PEABP). Por meio de reuniões, objetiva-se apresentar o delineamento geral do proje- to, esclarecer cada etapa a ser desenvolvida e levantar informações que venham a contribuir com o plano de ação do projeto a ser desenvolvido em parceria com a IES. Segue fluxo dessa etapa:

Articulação Realização de Apresentação do institucional reuniões municipais delineamento geral e estaduais do projeto

Compilação de informações para o plano Assinatura do Validação do curso de ação do Termo de Adesão (carga horária, liberação projeto do Estado e dos participantes, Municípios inscrição)

173 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Propõe-se que, para a realização do projeto, o município (estruturas municipais e rede escolar estadual e municipal) disponibilize como contrapartida espaços para a realização dos momen- Realização de reuniões municipais e estaduais tos presenciais, caso esses venham a ocorrer, formalizado no termo de adesão.

Etapa 2 – Curso complementar para educadores O desenvolvimento das atividades previstas no escopo do curso complementar para educadores consiste em oportunizar um processo formativo para a rede pública de ensino dos 22 municípios da área de abrangência do PEABP, no sen- tido de ampliar o conhecimento de legislações e documentos-âncora e conceitos da educa- ção ambiental, tais como: Carta da Terra, Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, ecopedagogia, transversalidade, interdisciplinarida- de, ética do cuidado, além de compartilhar as experiências e potencializar as ações e práticas cotidianas já existentes nesses espaços.

O cardápio de aprendizagem no contexto do curso complementar deverá ser estruturado a partir de questionamentos norteadores, tais como: minério-dependência do território, impactos socioambientais, danos e ações de reparação associados ao rompimento das barragens da mina Córrego do Feijão, contextualização regional com vistas ao desenvolvimento territorial, bacias hidrográficas/recursos hídricos, buscando-se a reflexão, o diálogo e as possibilidades do fazer pedagógico na perspectiva desses temas.

Os conceitos da educação ambiental ora propostos envolvem um caráter reflexivo, participativo e promotor de caminhada conjunta em direção à construção do conhecimento voltado à cultura da sustentabilidade nos espaços educativos. Nesse sentido, o curso envolve diálogo e refle- xão, permeados por um fluxo de conceitos, conteúdos e práticas enriquecidos pela perspectiva da ética do cuidado, da união, da partilha, da cooperação, da aprendizagem entre participantes e membros dos espaços educativos no desenvolvimento de projetos ecopedagógicos.

Para mobilização dos educadores serão realizadas ações de comunicação, conforme reali- dade de cada município, como minipalestras de divulgação do projeto (virtuais) e pílulas de WhatsApp com informações/escopo do projeto. Ressalta-se que os participantes deverão ser indicados e inscritos pela gestão escolar de cada município. Em cada ciclo do projeto, cada escola dos 22 municípios poderá inscrever até 5% do total de educadores para participar do curso, totalizando 563 vagas por ciclo.

A formação dos educadores terá duração de 12 meses, sendo três módulos ao longo do ano com carga horária de 20 horas, totalizando 60 horas. Ressalta-se que a modalidade ainda será definida de acordo com a expertise da instituição de referência a ser contratada para a execu- ção do curso. A escola deverá formalizar a autorização e liberação do docente para participar da formação.

Intercalados aos módulos formativos, serão realizados encontros virtuais e/ou presenciais para assessoramento das práticas e teorias vivenciadas no curso. Mensalmente, cada escola ins- crita irá participar do assessoramento com carga horária de 2 horas mensais. Ao final dos módulos e assessoramento técnico, espera-se como resultado um projeto ecopedagógico/so- cioambiental que poderá ser implementado na próxima etapa do curso.

O Quadro 2-5 demonstra a estrutura macro dos módulos e do assessoramento do projeto.

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Quadro 2-5 – Estrutura dos módulos.

Módulos Temas orientadores dos módulos Dinâmica de acolhida; Bacia do rio Paraopeba – da ocupação ao rompimento das barragens da mina Córrego do Feijão (impactos, medidas, Plano de Reparação Socioambiental, minério-dependência); recursos hídricos; Partilha – potencialidades e desafios da educação e dos educadores da bacia do rio Paraopeba, o contexto Módulo I regional; A educação como prática da autonomia e do diálogo; A educação ambiental (EA) no contexto da educação formal – correntes de EA. Carga horária: 20 horas Assessoramento virtual – 2 horas mensais para cada espaço educativo participante Acolhida; Partilha (aprendizados, desafios do módulo 1); Conceitos norteadores da EA: Carta da Terra, Tratado de EA, ecopedagogia; Módulo II A educação ambiental e os projetos – transversalidade e interdisciplinaridade, a ecopedagogia como estratégia; Conhecendo a realidade e definindo o que se quer transformar (noções de elaboração de projetos ecopedagógicos/socioambientais). Carga horária: 20 horas Assessoramento virtual – 2 horas mensais para cada espaço educativo participante Acolhida; Partilha (aprendizados, desafios do módulo II); Como comunicar e mobilizar a comunidade escolar? (mobilização e participação); Módulo III Partilha de práticas inspiradoras; Roteiro de apresentação do projeto ecopedagógico/socioambiental. Carga horária: 20 horas Assessoramento virtual – 2 horas mensais para cada espaço educativo participante Elaboração: VALE S/A, 2020.

Propõe-se como contrapartida dos municípios a disponibilização de espaços e estrutura para a realização das atividades, mediante termo de adesão oficializado.

Etapa 3 – Implementação dos projetos ecopedagógicos/socioambien- tais Com o objetivo de se promover e fortalecer a cultura da sustentabilidade nos es- paços educativos dos 22 municípios, serão apoiados projetos construídos pelos educadores no processo de formação, por meio de aporte financeiro e/ou técnico.

Para viabilizar esta etapa, propõem-se duas estratégias de atuação: a. aporte financeiro a projetos selecionados via editais; e b. assessoramento técnico às escolas participantes para aprimoramento na elaboração de projetos e na captação de recursos.

Em cada ciclo deste projeto serão disponibilizados R$ 324.000,00 para fomentar a implemen- tação dos projetos ecopedagógicos nos espaços educativos dos 22 municípios.

Esse recurso será disponibilizado via edital (IES parceira) e cada escola participante do proces- so formativo poderá inscrever 1 projeto de até R$ 2.000,00. Ao final de cada ciclo, 162 projetos serão apoiados. Com isso, espera-se que ao final dos três ciclos do projeto todas as escolas da área de abrangência implementem ao menos 1 projeto com fomento.

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As escolas não selecionadas no edital poderão contar com assessoramento técnico via visitas trimestrais, a fim de criar estratégias para aprimoramento do projeto ecopedagógico, buscando viabilizar suas propostas no próximo ciclo ou em conjunto com outros parceiros.

A implementação dos projetos será de responsabilidade das escolas e ocorrerá em um prazo de 12 meses. Durante este processo serão realizadas pela equipe técnica do projeto visitas presenciais (três vezes ao ano) para assessoramento e avaliação deste. Nesses encontros, se- rão realizados acompanhamento das atividades previstas, andamento dos cronogramas físico e financeiro, bem como alinhamento para a entrega do relatório final do projeto.

Segue Tabela 2-9 com o número de projetos a serem fomentados via edital por ciclo/munícipio.

Tabela 2-9– Quantitativo de projetos por ciclo.

Região Municípios Total de escolas públicas Número de projetos por ciclo/edital 1 Brumadinho 28 10 Esmeraldas 39 13 São Joaquim de Bicas 16 6 2 Mário Campos 8 3 Juatuba 17 6 Betim 132 44 Igarapé 24 8 Florestal 6 2 3 Pará de Minas 54 18 Mateus Leme 15 5 São José da Varginha 8 3 Fortuna de Minas 4 2 Maravilhas 4 2 4 Papagaios 11 4 Paraopeba 11 4 Pequi 4 2 Cachoeira da Prata 3 1 Inhaúma 5 2 Caetanópolis 5 2 5 Curvelo 37 13 Pompéu 21 7 Felixlândia 14 5 Total 466 162 Elaboração: VALE S/A, 2020.

Como estratégia de monitoramento, avaliação e troca de experiências, propõe-se a realização de encontros virtuais de culminância com o envolvimento dos participantes dos cursos, nos quais serão socializados e discutidos os resultados alcançados.

Visando criar condições para garantir um efetivo enraizamento de diretrizes educacionais no con- texto socioambiental nas redes públicas e potencializar o desenvolvimento de projetos ecopeda- gógicos, será criado um sistema de incentivo e bolsas: participação dos educadores nos cursos complementar e de aperfeiçoamento, fomento para apoiar a implementação dos projetos e estu- dos de pesquisas oriundos da especialização/mestrado/doutorado, objetivando-se, dessa forma, incluir a temática socioambiental (com caráter interdisciplinar e transversal) nas práticas escolares.

176 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP) Parte 2 - Projetos Executivos

Etapa 4 – Curso complementar para gestores/educação a distância para gestores O curso complementar direcionado aos gestores de espaços educativos da rede municipal e estadual, secretarias regionais de educação, gestores das áreas de saúde e meio ambiente dos municípios de abrangência do PEABP tem como objetivo compre- ender o contexto das comunidades escolares na perspectiva do aprendizado e das práticas trabalhadas e associadas ao curso complementar dos educadores, assim como qualificar ges- tores no âmbito da elaboração de projetos interdisciplinares no campo da educação ambiental na interface saúde e meio ambiente e, além disso, instrumentalizá-los no que tange às possibi- lidades de captação de recursos para fomentar os projetos implantados e outros que venham a ser desenvolvidos nos espaços escolares e em outras estruturas educadoras dos municípios.

O curso será oferecido por meio de um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) de arquitetura simples e de fácil utilização.

As primeiras atividades necessárias para a implementação deste curso consistem na criação e adequação da plataforma AVA, reuniões de alinhamento e levantamento de perfil do públi- co-alvo, bem como de suas necessidades de saberes para compor o cardápio de aprendiza- gem, produção do conteúdo e posterior validação pelas secretarias municipais e estadual de educação.

Assim que validados os conteúdos, serão realizados ajustes necessários para a execução do curso e, na sequência, será feita a mobilização dos gestores para apresentação da proposta formativa, além da apresentação do AVA.

O curso terá uma carga horária de 36 horas, distribuídas em módulos, composto por atividades em que os participantes possam interagir e estudar de acordo com sua disponibilidade, possi- bilitando flexibilidade e autonomia.

177 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Quadro-síntese A seguir apresenta-se o quadro-síntese contendo o objetivo geral, resultados do projeto, tempo de duração e valor orçamentário.

Quadro 2-6 – Resultados esperados do Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores.

Objetivo geral: Contribuir para a qualificação da comunidade escolar (educadores e gestores) no âmbito da educação ambiental formal a partir dos princípios e valores da Carta da Terra, do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e da proposta ecopedagógica como instrumentos catalisadores de reflexão e vivência socioambiental no cotidiano dos espaços educativos. Valor orçamentário do projeto: R$ 42.139.400,00 Tempo do projeto: 6 anos Resultado final: Contribuir para a qualificação da rede escolar pública da bacia do rio Paraopeba, fortalecendo projetos e políticas educacionais no âmbito da educação ambiental formal. Região Munícipio Etapa Resultados esperados por ciclo Etapa 1 – Articulação institucional e parceira contratada Adesão de 1 prefeitura municipal ao projeto. (IES). Etapa 2 – Curso complementar para educadores. Formação de 25 educadores/ciclo. 1 Brumadinho Etapa 3 – Implementação dos projetos ecopedagógicos/ Implantação de 10 projetos ecopedagógicos/ciclo. socioambientais. Etapa 4 – Curso complementar para gestores/educação a Formação de gestores (das áreas: escolar, saúde, meio ambiente, educação e secretarias regionais de distância para gestores. educação). Etapa 1 – Articulação institucional e parceira contratada Adesão de 4 prefeituras municipais ao projeto. (IES). Esmeraldas; São Joaquim Etapa 2 – Curso complementar para educadores. Formação de 94 educadores/ciclo. 2 de Bicas; Etapa 3 – Implementação dos Projetos ecopedagógicos/ Implantação de 28 projetos ecopedagógicos/ciclo. Mário Campos; socioambientais. Juatuba. Etapa 4 – Curso complementar para gestores/educação a Formação de gestores (das áreas: escolar, saúde, meio ambiente, educação e secretarias regionais de distância para gestores. educação). Etapa 1 – Articulação institucional e parceira contratada Betim; Adesão de 6 prefeituras municipais ao projeto. (IES). Igarapé; Florestal; Etapa 2 – Curso complementar para educadores. Formação de 318 educadores/ciclo. 3 Pará de Minas; Etapa 3 – Implementação dos Projetos ecopedagógicos/ Implantação de 80 projetos ecopedagógicos/ciclo. Mateus Leme; socioambientais. São José da Etapa 4 – Curso complementar para gestores/educação a Formação de gestores (das áreas: escolar, saúde, meio ambiente, educação e secretarias regionais de Varginha. distância para gestores. educação).

178 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Região Munícipio Etapa Resultados esperados por ciclo Etapa 1 – Articulação institucional e parceira contratada Adesão de 5 prefeituras municipais ao projeto. Fortuna de (IES). Minas; Etapa 2 – Curso complementar para educadores. Formação de 39 educadores/ciclo. Maravilhas; 4 Etapa 3 – Implementação dos Projetos ecopedagógicos/ Papagaios; Implantação de 14 projetos ecopedagógicos/ciclo. socioambientais. Paraopeba; Pequi. Etapa 4 – Curso complementar para gestores/educação a Formação de gestores (das áreas: escolar, saúde, meio ambiente, educação e secretarias regionais de distância para gestores. educação). Etapa 1 – Articulação institucional e parceira contratada Cachoeira da Adesão de 6 prefeituras municipais ao projeto. (IES). Prata; Inhaúma; Etapa 2 – Curso complementar para educadores. Formação de 87 educadores/ciclo. 5 Caetanopólis; Etapa 3 – Implementação dos Projetos ecopedagógicos/ Implantação de 30 projetos ecopedagógicos/ciclo. Curvelo; socioambientais. Pompéu; Etapa 4 – Curso complementar para gestores/educação a Formação de gestores (das áreas: escolar, saúde, meio ambiente, educação e secretarias regionais de Felixlândia. distância para gestores. educação). Total 22 * Serão priorizadas no processo de capacitação e contratação as instituições parceiras locais. Não havendo disponibilidade, o segundo critério contempla aquelas instituições que atuam na bacia do rio Paraopeba, e o terceiro critério, as instituições de nível regional/nacional com expertise técnica comprovada.

Elaboração: VALE S/A, 2020.

179 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Metas, indicadores, forma de verificação A seguir apresenta-se o Quadro 2-7. Ressalta-se que os indicadores passarão por revisões, pois se trata de um processo participa- tivo e entende-se que o monitoramento do projeto deve se dar de forma participativa pelas partes envolvidas.

Quadro 2-7 – Monitoramento do Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores.

Tipo de Objetivo específico Metas Indicadores Formas de verificação indicador Relatório de inscrição e seleção dos projetos, relatório Implantar 162 projetos ecopedagógicos/ Número de projetos ecopedagógicos/ de implementação dos projetos, relatório de execução socioambientais ciclo nos espaços Realização socioambientais implantados dos encontros da Rede de Educação Ambiental e Boas educativos Práticas Lista de presença das ações realizadas e certificados Formar 387 gestores por ciclo Número de gestores formados Realização Estruturar uma rede colaborativa emitidos nos cursos de projetos ecopedagógicos nas Número de projetos inscritos Resultado Cadastro/ficha de inscrição escolas públicas municipais, Relatório de inscrição e seleção dos projetos, relatório estaduais e federais Lançar 1 edital por ciclo – fomento aos Número de escolas com projetos de implementação dos projetos, relatório de execução projetos ecopedagógicos/socioambientais Resultado dos encontros da Rede de Educação Ambiental e Boas implantados Práticas Lista de presença das ações realizadas e certificados Formar 563 educadores por ciclo Número de educadores formados Resultado emitidos dos cursos Número de projetos ecopedagógicos/ Projetos executados e relatórios de atividades, com listas Realização socioambientais implantados de presença e outras evidências Difundir, por meio de processos Implantar 162 projetos ecopedagógicos/ Diversidade dos temas dos projetos Relatório de inscrição e seleção dos projetos, relatório formativos, o conhecimento e a socioambientais por ciclo nos espaços ecopedagógicos (interface com de implementação dos projetos, relatório de execução aplicação dos princípios da Carta educativos Resultado outros programas do Plano de dos encontros da Rede de Educação Ambiental e Boas da Terra, do Tratado de Educação Reparação Socioambiental) Práticas Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Perfil das pessoas mobilizadas Relatório de inscrição e seleção dos projetos, relatório indiretamente nos projetos (família, de implementação dos projetos, relatório de execução Global e da ecopedagogia Resultado entorno da escola, comunidade em dos encontros da Rede de Educação Ambiental e Boas geral) Práticas

180 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba Capítulo 1 – Diagnóstico pretérito Programa de Educação Ambiental de Brumadinho e Bacia do Rio Paraopeba (PEABP)

Tipo de Objetivo específico Metas Indicadores Formas de verificação indicador Executar 100% da carga horária prevista Lista de presença das ações realizadas e certificados no curso complementar para educadores Número de educadores formados Resultado emitidos dos cursos Contribuir com a gestão pública (60 horas/ciclo + assessoramento) para a qualificação de professores Executar 100% da carga horária prevista Lista de presença das ações realizadas e certificados da rede pública de ensino, conforme no curso complementar para gestores/ Número de gestores formados Resultado emitidos dos cursos linha de ação do PEEA/MG educação a distância (36 horas/ciclo) Número de termos de adesão ao Adesão de 100% dos municípios Realização Termos de adesão assinados, relatórios de atividades PEABP assinados Criar condições nos espaços Relatório de inscrição e seleção dos projetos, relatório educativos para transformações Número de projetos ecopedagógicos/ de implementação dos projetos, relatório de execução Realização das práticas escolares e de gestão, socioambientais implantados dos encontros da Rede de Educação Ambiental e Boas por meio da qualificação e da Implantar 162 projetos ecopedagógicos/ Práticas implementação de projetos com socioambientais por ciclo nos espaços abordagem na interdisciplinaridade educativos Incorporação de boas práticas no Relatório de implementação dos projetos, pesquisa de e transversalidade das questões Resultado cotidiano escolar percepção e Boas Práticas socioambientais no cotidiano escolar. Índice de Eficácia3 Objetivo geral Índice de Capilaridade Formas de verificação Contribuir para a qualificação da comunidade escolar (educadores e gestores) no âmbito da educação ambiental formal a partir dos Índice de capilaridade do projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores Lista de presença das ações realizadas e certificados emitidos dos princípios e valores da Carta da (número de projetos ecopedagógicos implementados por município + número cursos; relatório de inscrição e seleção dos projetos, relatório de Terra, do Tratado de Educação de ciclos formativos realizados + número de espaços educativos com projetos implementação dos projetos, relatório de execução dos encontros da Ambiental para Sociedades implementados + diversidade dos temas dos projetos + número de pessoas Rede de Educação Ambiental e Boas Práticas; projetos executados e Sustentáveis e Responsabilidade envolvidas indiretamente nos projetos ecopedagógicos, para além da sala de aula) relatórios de atividades, com listas de presença e outras evidências Global e da proposta ecopedagógica como instrumentos catalisadores de reflexão e vivência socioambiental no cotidiano dos espaços educativos Elaboração: VALE S/A, 2020.3

3 O índice de eficácia da estratégia do projeto refere-se ao índice de capilaridade.

181 Plano de Reparação Socioambiental da Bacia do Rio Paraopeba

Cronograma Segue cronograma do projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores – ciclos 1, 2 e 3.

CICLO 1 2021 2022 2023 2024 Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D Aprovação do PEABP – ano 2020 Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores – Ciclo 1 Etapa 1: Articulação institucional e parceira contratada (IES) – mobilização, seleção e inscrição dos participantes Etapa 2: Curso complementar para educadores – submissão dos projetos Etapa 3: Implementação dos projetos ecopedagógicos/socioambientais Etapa 4: Curso complementar para gestores/educação a distância para gestores Avaliação e desmobilização – fechamento do 1º ciclo Elaboração: VALE S/A, 2020.

CICLO 2 2024 2025 2026 Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores – Ciclo 2 Etapa 1: Articulação institucional e parceira contratada (IES) – mobilização, seleção e inscrição dos participantes Etapa 2: Curso complementar para educadores – submissão dos projetos Etapa 3: Implementação dos projetos ecopedagógicos/socioambientais Etapa 4: Curso complementar para gestores/educação a distância para gestores Avaliação e desmobilização – fechamento do 2º ciclo Elaboração: VALE S/A, 2020.

CICLO 3 2026 2027 2028 Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D Projeto Formação Continuada de Educadores e Gestores – Ciclo 3 Etapa 1: Articulação institucional e parceira contratada (IES) – mobilização, seleção e inscrição dos participantes Etapa 2: Curso complementar para educadores – submissão dos projetos Etapa 3: Implementação dos projetos ecopedagógicos/socioambientais Etapa 4: Curso complementar para gestores/educação a distância para gestores Avaliação e desmobilização – fechamento do 3º ciclo Elaboração: VALE S/A, 2020.

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