Mapeamento Do Cenário Da Música Autoral Carioca Nos Anos 00
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Departamento de Letras CARTOGRAFIAS DA PALAVRA CANTADA: MAPEAMENTO DO CENÁRIO DA MÚSICA AUTORAL CARIOCA NOS ANOS 00 Aluno: Breno Góes Orientador: Júlio Diniz 1 Introdução Este texto propõe-se a ser o relatório de um ano de trabalho do aluno de Letras Breno Cesar de Oliveira Góes sobre o cenário da música autoral carioca na última década, através da bolsa PIBIC, e visa apresentar os resultados alcançados no processo, além de esclarecer os critérios utilizados. O aluno, orientado pelo Professor Doutor Júlio Cesar Valladão Diniz, procurou estabelecer critérios e bases para um conjunto de verbetes sobre os indivíduos e grupos musicais que compuseram a cena carioca da última década, além de elaborar os primeiros verbetes desse corpus, embora sem a pretensão de esgotamento. 2 Objetivos O objetivo último do trabalho é o traçado de um panorama geral da cena musical carioca nos anos 2000, visando fornecer arcabouço para a crescente rede de pesquisadores em música popular brasileira, engajados na reflexão teórica e em análises do tema sobre os mais diversos aspectos (musicológico, sociológico, histórico...). Acrescente-se que a importância do trabalho é aumentada pelo caráter sui generis do recorte temporal estudado, ainda pouco compreendido pela academia por ser recente e ter sido moldado pela miríade de recursos proporcionados pela internet. 3 Metodologia O modelo de verbete a ser seguido foi o utilizado pelo Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, coordenado academicamente e co-desenvolvido pelo Professor Doutor Júlio Diniz com apoio da FAPERJ e da FINEP. Para dar início ao conjunto de verbetes, demos prioridade a bandas, conjuntos e coletivos musicais. Verbetes pessoais só foram feitos no caso de integrantes destacados desses mesmos conjuntos (ex.: há um verbete para Qinho e um outro para Vulgo Qinho & Os Cara). Futuramente, verbetes de artistas individuais sem relação com os grupos também serão adicionados. Os verbetes dos conjuntos foram pensados da seguinte forma: o primeiro item a ser revelado é a relação completa dos integrantes que já passaram pelo conjunto, seguido por um texto que exponha seus dados artísticos e três listas (sempre em ordem cronológica e com a indicação do ano): uma primeira lista com as canções principais da obra do conjunto, uma segunda com sua discografia (completa) e uma terceira com os videoclipes (quando houver). Em seguida, encerrando o verbete, aparecerão a(s) fonte(s) dos dados. No caso dos verbetes pessoais, naturalmente não há o tópico com a relação de integrantes, havendo em compensação um pequeno resumo biográfico do compositor. 3.1 Sobre o critério Para que um conjunto ou indivíduo se torne verbete deste trabalho, ele tem que ser autoral (ter composições próprias) e ter surgido (ou ganhado relevância) na cena carioca dos anos 2000. Como critério de relevância foi estabelecido o da publicação de pelo menos um EP, mesmo que apenas virtual. O critério, com certeza, problemático, ainda assim orientou um início para o trabalho, e poderá ser futuramente repensado ou de outra forma modificado. Para que um integrante de algum conjunto ganhe um verbete individual à parte, ele tem que ser o responsável pela faceta autoral do trabalho (por outra: ser o compositor ou um dos compositores do grupo) e/ou ter um trabalho autoral paralelo. O critério adotado notadamente prejudicou artistas do funk, cuja produção costuma ser veiculada de forma pulverizada na internet (sem a organização em “álbuns”, “EPs” e etc) e em coletâneas coletivas como os discos da coleção “Furacão 2000” e cuja a atuação, em que pese a exceção dos bondes, é mais na forma de artistas individuais do que em coletivos. Além disso, o interesse por parte da academia para o estudo do funk dessa época ainda é rarefeito, sendo notável a preferência pelo estudo do estilo nos anos 90. Tudo isso prejudicou imensamente o acesso a dados de um grupo de artistas, e restringiu o número de grupos de funk aqui presentes aos mais consagrados e famosos entre eles, como o Malhafunk e o Bonde do Tigrão. 3.2Sobre os integrantes Durante o processo notou-se que os anos 2000 foram marcados por uma extrema volatilidade na formação de conjuntos musicais. Integrantes colaboraram com determinado conjunto em um projeto, apenas, ou assumiram funções distintas em diferentes momentos do grupo, eventualmente mudando de instrumento. Optou-se por, no campo da relação de integrantes não expor nenhum desses dados, apenas listando todos os que em algum momento passaram por alguma formação da banda, sem informações adicionais. Por exemplo, no caso da banda Vulgo Qinho & Os Cara, o tópico “integrantes” fica assim: Exemplo 1: Vulgo Qinho & Os Cara INTEGRANTES: Qinho Caio Barreto Omar Salomão Scudi Djahdjah Miguel Couto Fabiano Ribeiro. É notável, no entanto, que Fabiano Ribeiro e Miguel Couto jamais tocaram ao mesmo tempo no projeto, uma vez que um substituiu o outro na bateria. Esse tipo de informação mais precisa é explorado no tópico referente aos dados artísticos. Por outro lado existem alguns casos específicos, como o da banda TRONN, que divulga como “integrantes” mesmo músicos que tenham colaborado em apenas uma faixa de um disco, por exemplo, ou foram convidados para um show ou turnê. Como esse conceito de integrante não corresponde ao do resto dos verbetes, optou-se por fazer uma triagem dos músicos que de fato operaram criativamente na banda, especificando o caso posteriormente no campo dos dados artísticos. O tópico “integrantes” da banda TRONN ficou desta maneira: Exemplo 2: TRONN INTEGRANTES: Hudson Barros Sandro 3.3 Sobre os Dados Artísticos Além de informações detalhadas sobre o fluxo de integrantes do conjunto (quando se trata de um conjunto) e informações excepcionais como no caso do “TRONN”, este campo do verbete escrito em prosa deve conter o ponto (ou os pontos) do Rio de Janeiro em que o conjunto se formou, ou fez suas primeiras atuações. Este dado permite uma futura análise a respeito das relações lugar x estilo musical, por exemplo. Casos excepcionais como conjuntos de cidades adjacentes ao Rio também devem ser explicitados. Um pequeno histórico da banda deve ser feito, citando suas mais relevantes realizações e acontecimentos marcantes. Informações sobre estilo musical e influências são admitidas na medida em que elas sejam fornecidas por fontes oficiais (a própria banda, ou o site do selo ou gravadora a qual ela pertence, quando for o caso). Relações que esta banda possa ter com outras bandas ou, mais genericamente, com um nicho cultural, ou "cena", devem também constar nesse campo. Naturalmente a completude dos verbetes está sujeita a disponibilidade desses dados nas fontes consultadas. Segue o verbete da banda Scracho, bastante completo: EXEMPLO 3: SCRACHO DADOS ARTÍSTICOS: A banda se juntou, de forma não profissional, em torno do ano de 2004, quando seus integrantes eram alunos da Escola do Corcovado, em Botafogo, na Zona Sul da cidade. O quarteto original era composto por: Diego Miranda (voz e guitarra), Caio Corrêa (baixo e vocal de apoio), Gabriel Leal (guitarra) e Rodrigo Stallone (bateria). Durante os três anos seguintes, junto com as bandas Dibob e Forfun, o conjunto foi extremamente popular entre os adolescentes da Zona Sul carioca, dentro da chamada cena "Playsson". Na altura da gravação do primeiro álbum, em 2006, o baterista Rodrigo saiu (já tendo gravado suas partes) e deu lugar a Débora Teicher. O álbum, lançado em 2007, se chamou "A Grande Bola Azul" e tinha influências do reggae que contrastavam com a levada de punk rock das músicas da primeira fase do grupo. Em 2008, a banda chegou a ser indicada ao prêmio Multishow na categoria "banda revelação". Em 2009, após o lançamento do primeiro dvd da banda (em parceria com a MTV), novamente houve uma indicação para o prêmio Multishow, dessa vez para a baterista Débora Teicher, que levou o troféu na categoria "Melhor Instrumentista". No ano de 2011 a banda lançou seu segundo álbum de estúdio, intitulado "Mundo a Descobrir", que contou com as participações de músicos de bandas companheiras do Scracho em seu período inicial, como Dibob e Forfun. No ano seguinte o guitarrista Gabriel Leal também deixou o grupo, que então passou a ser um trio. Em 2013 o Scracho gravou um EP exclusivamente para a internet, acústico, intitulado "O Mundo Até Aqui". Atualmente trabalha na produção de um novo álbum, a ser lançdo ainda em 2013. Nota-se que a informação sobre a mudança de estilo para “reggae” consta no próprio site oficial do grupo, fonte discriminada do verbete (ver o campo 3.5 “fonte”). Por outro lado, é possível também que a quantidade e/ou a qualidade das informações disponíveis sobre o conjunto seja muito pequena, como, por exemplo, no caso do conjunto “4 cabeça”, que rendeu um verbete muito menor e menos completo, como é possível notar: EXEMPLO 4: 4 Cabeça DADOS ARTÍSTICOS: Grupo formado em 2004 por quatro compositores que também possuem trabalhos solo paralelos. Os componentes, que se apresentam todos ao violão, são Luís Carlinhos, Gabriel Moura, Maurício Baia e Rogê. O grupo lançou seu primeiro e até agora único álbum em 2009, intitulado homonimamente "4 Cabeça". Por este trabalho foi eleito, em 2010, como melhor grupo de MPB no 21º Prêmio da Música Popular Brasileira. Ainda é válido um terceiro exemplo para este campo, novamente referente à banda TRONN, para que se observe de que forma os dados excepcionais ali contidos foram trabalhados: EXEMPLO 5:TRONN DADOS ARTÍSTICOS: Banda niteroiense formada por Hudson Barros em 1999 com o propósito de tocar um estilo de música híbrido entre industrial, punk e heavy metal. Exceto próprio Hudson e pelo baixista/guitarrista Sandro (que pertence a banda desde 2000 até hoje) todo o resto da formação da banda foi extremamente fluido e variado, com diversos integrantes entrando e saindo algumas vezes da formação.