Cineclube Grupo Estaçãoecontracampo
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1960 La Maleta [cm] 1992 L'Oeil Qui Ment 1964 Le Retour 1993 Palomita Blanca 1968 Tres Tristes Tigres 1994 Fado Majeur et Mineur apresenta 1970 Que Hacer? 1994 Il Viaggio Clandestino: Vite di Santi e 1971 Ahora Te Vamos a Llamar Hermano Peccatori [cm TV] 1995 À Propos De Nice, la Suite sessão 1971 La Colonia Penal 1995 Elle 1973 Abastecimiento [cm] 1996 Trois Vies &Une Seule Mort (Três Vidas cineclube 1973 El Realismo Socialista e uma Só Morte) 1977 Colloque de Chiens [cm] 1997 Généalogies d'un Crime (Genealogias de um Crime) 1978 Dora et La Lanterne Magique 1998 L'Inconnu de Strasbourg 1978 L Hypothèse du Table Volé 1998 Shattered Image (A Imagem de um 1980 Le Jeu de l'Oie Pesadelo) 1981 The Territory 1999 Le Temps Retriuvé (Tempo 1982 Het Dak Van De Walvis Redescoberto) 1982 Les Trois Couronnes du Matelot 2000 Combat d'amour en songe 1983 La Ville des Pirates 2000 Comédie de L'inocence (Crônica da 18 de Janeiro de 2006 - Ano IV – Edição nº 111 1983 Point de Fuite Inocência) 1984 Berenice 2001 Les Âmes Fortes 1985 La Presence Réelle 2001 Miotte vu par Ruiz 1985 Les destins de Manoel 2002 Cofralandes, rapsodia chilena A 1985 L'Eveille du Pont de L'Alma 2003 Ce jour-Lá ) I 1985 Los Naufragos Del Liguria 2003 Médée F 1986 Dans un Miroir 2003 Une Place Parmi Les Vivants 1986 Mammame 2003 Vertige de la Page Blanche A - 1986 Mémoire des Apparences 2004 Días de Campo 1 R 4 1986 Régime Sans Pain 2005 Responso 9 1986 Richard III 2005 Le Domain perdu 1 G ( 1987 Des Grands Evenements et des O Gens Ordinaires: Les Elections z i 1987 La Chouette Aveugle u M R 1988 Brise-glace l L 1990 The Golden Boat u I a 1991 L'Ile Au Trésor F R sessão cineclube próxima sessão GENEALOGIAS DE UM CRIME Mediação do Debate: 1/2 DE SALTO ALTO de Raul Ruiz Luiz Carlos Jr. e Ruy Gardnier. de Pedro Almodóvar Programação e Produção: Grupo Estação e Contracampo. René será julgado pelo assassinato da tia. Sua Genealogies d'un Crime - França, 1996, cor, 113 min advogada pretende provar que havia uma relação Direção: Raul Ruiz conflituosa entre a tia e o sobrinho. A tia era Fotografia: Stephan Ivanov colaboração realização psicanalista infantil e acreditava que o sobrinho Música: Jorge Arriagada Montagem: Valeria Sarmiento tinha tendências homicidas. René, além de estar A Produção: Philippe Saal, Gemini Films C punindo a tia pelo seu interesse doentio, não pode I Elenco: Catherine Deneuve, Michel Piccoli, N resistir ao convite de matar. René é absolvido, e a C Melvil Poupaud, Andrzej Sewerynm, É E Bernadette Lafont, Mathieu Amalric, Hubert advogada e seu cliente se apaixonam. Ao voltar a T S Saintmacary, Monique Melinand, Jean-Yves P sua vida de roubos, René torna a convivência entre A Gautier O H N os dois impossível. Seleção Oficial de Berlim 1997. C I www.contracampo.com.br www.estacaovirtual.com I F S Lá pela metade de Genealogias de um Crime, Solange (Catherine Deneuve), uma filme, por exemplo, quando ela visita o quarto do assassino, advogada famosa por nunca vencer um caso devido à sua preferência por lidar sua sombra aparece na parede misteriosamente como se fosse com causas perdidas, almoça com sua mãe abobalhada (Monique Melinand) no de um garoto de nove anos de idade. apartamento desta última. A velha senhora fica olhando para as mãos de Solange, Em Genealogias de um Crime, as histórias e as idéias têm uma como se estivesse sempre na iminência de fazer um comentário pessoal. A cena vida própria; são elas que controlam os corpos, não as pessoas. começa com uma tomada estática bastante longa (atípica em Ruiz) delas sentadas Essa visão é teorizada pelo psiquiatra Christian Corail (Andrzej à mesa, com a mãe de frente para a câmera e Solange de perfil, um plano Seweryn), que afirma que todo mundo está revivendo uma desenhado para ressaltar a aparente banalidade da conversa delas. A câmera história já existente, que “os homens pensam que vivem então se move ao redor da mesa e recua para enquadrar Solange frontalmente. histórias; em realidade são as histórias que possuem os Enquanto ela comenta (em resposta à reação da mãe às suas mãos), “O rapaz que homens”. Por isso ele passa o filme inteiro definindo tudo estou defendendo tem o mesmo tique que eu. Ele hesita entre um objeto e obsessivamente em termos de arquétipo literário ou histórico; outro”, a câmera sobe, invadindo a esterilidade do quadro por meio de uma ainda assim sua memória de curto-prazo parece inexistente. estante ornamentada com vidro vermelho. Seu colega e rival Georges Didier (Michel Piccoli) é como que A câmera então refaz o caminho, de volta para Solange de perfil, mas ficando afetado por um distúrbio de memória que o leva a esquecer o quase no nível do teto, de modo que a metade superior do quadro esteja rosto das pessoas. Ele carrega consigo um livro de fotografias preenchida pelas pérolas de vidro de um candelabro. Quando atinge Solange, a de identificação para remediar isso. Se essa compreensão por câmera muda para um ângulo dominado por dois ornamentos a mais, borboletas parte dos psiquiatras das forças controladoras do mundo de ilustradas no vidro. Isso é a quintessência do enquadramento ruiziano: objetos Ruiz os levou a reconhecer a insignificância de uma intrusos definindo a parte dianteira de um plano, criando uma distância barroca especificidade individual, o que eles falham em articular é a entre o espectador e os prisioneiros semi-sonâmbulos da narrativa, que povoam transmissibilidade das narrativas e identidades. A aventura de seus filmes. Nesse caso, é fornecido um digrama do empenho da heroína. A Solange consiste essencialmente em mover-se através de aparente força e o glamour da persona de Deneuve são bem utilizados para várias perspectivas sobre um caso de assassinato, assimilando cobrir com a ilusão de substância uma personagem que é na verdade um enfeite e revivendo as histórias dos diferentes personagens quando vazio, uma concha passiva que segue o fluxo central do enredo. Ela tem eles morrem, como uma bola de neve gigante acumulando E dificuldade de escolher dentre objetos, mas, como a intrusão de ornamentos mais e mais neve enquanto desce a montanha. Tendo se dentro do quadro deixa claro, ela mesma é apenas um objeto para ser tornado tanto a vítima quanto o assassino – que estavam eles M I “escolhida” em meio a muitos. Sua dificuldade em decidir o que escolher apenas próprios engajados num perigoso jogo de troca de identidade reflete sua incapacidade de fazer uma escolha; ela está esperando por qualquer –, ela se auto-proclama a “herdeira universal” das narrativas de R variante no desdobramento da narrativa que calhe de ser dominante naquele todos os filmes. C momento particular para ganhar identidade ao agir através dela. Sobre o jogo de troca de identidade, praticado com propósitos No princípio, Ruiz usa a mise en scène para estabelecer a realidade do corpo de psiquiátricos, Jeanne (interpretada também por Deneuve, ou M Solange como nada mais que o foco difuso de forças de narratividade melhor, reencarnada como ela) declara que “um jogo deu em turbulentas. Quando a história propriamente começa, ela surge adormecida na poucos minutos mais resultados do que qualquer tratamento U cama de seu filho. A câmera passeia por um papel de parede ilustrado por feito de acordo com as regras”. Similarmente, Genealogias de pássaros, para revelá-la no fundo de um plano dominado por vários ornamentos um Crime pode ser visto como um elaborado jogo com as E na parte da frente. Na voz-off ela explica que não sabia por que havia decidido convenções do filme noir que empurra o fatalismo daquele D dormir no quarto do filho (ele tendo viajado de férias). Ela é, novamente, um gênero para novos e reveladores limites: é a narrativa mesma objeto em meio a tantos, seguindo um ímpeto que não compreende, e que que explicitamente tomou o lugar do destino, a forma do S parece se impor de fora. relato assumindo suas próprias crueldades ao invés de se A mascarar num conceito de destino. Embora os filmes de Ruiz n Alguns planos depois, um telefonema traz a informação de que seu filho está I i se tornem brincalhões, com o senso de onipotência, eventos a morto. A câmera faz uma panorâmica do rosto dela de volta ao desenho dos C vampíricos constantemente se deslocando e definhando G pássaros, mas desta vez terminando num pássaro que voa na direção oposta aos e inadvertidamente, personagens desorientados acabam L O demais, com a sombra da cabeça de Solange próxima a ele. A voz-off descreve criando uma poderosa onda de profunda inquietação. Há raras n como ela não reagiu, apenas foi dormir até muito tarde do dia seguinte. Essa L criações cinemáticas em que a liberdade humana e a a i panorâmica que sai dela é mais que uma modesta metáfora visual para a perda l autodeterminação contam tão pouco quanto no universo i A do filho. Seus próprios sentimentos são ambíguos e inacessíveis, enquanto os m ruiziano. i E objetos que a circundam são poderosamente imbuídos de energia narrativa. A x a presença da sua sombra implica que as forças que esses objetos representam de (Originalmente publicado na revista eletrônica Rouge. N M alguma forma se apropriaram de parte dela – em Ruiz uma sombra raramente é Traduzido do inglês por Luiz Carlos Oliveira Jr.) E r só uma sombra, e não necessariamente está acoplada ao corpo. Mais tarde nesse o G P.