3. O Zoroastrismo: Apocalíptica, Ressurreição E Contatos Com O Judaísmo Primitivo
3. O Zoroastrismo: apocalíptica, ressurreição e contatos com o Judaísmo primitivo Desde o trabalho de Richard Reitzenstein, um classicista alemão cujo pon- to de vista ajudou a moldar a abordagem acadêmica para o estudo da religião em sua época, a questão da relação ou possível influência entre a literatura iraniana e a judaica tardia (com posterior reflexo no cristianismo primitivo), especialmente no que concerne às ideias escatológicas, tem sido debatida.1 Como consequência óbvia, dois extremos se posicionaram: a aceitação e a recusa. É mister, então, uma avaliação mais sóbria das evidências. O primeiro passo deve ser a discussão da articulação de tradições apocalíp- ticas iranianas dentro da mitologia zoroastriana e a análise de vários temas “apoca- líptico-escatológicos” relevantes em termos de antecipação do fim. Estes incluem a expectativa de sinais e tribulações do fim dos tempos, o milênio de Zoroastro, o confronto final entre o bem e o mal, juízo final e a restauração do mundo, junta- mente com a ressurreição dos mortos. Para tanto, é necessária a compreensão da religião de Zoroastro, seu surgimento, a figura do profeta, suas escrituras e princi- pais ideias escatológicas. No que tange especificamente à ressurreição dos mortos (noção que tem sua origem em grupos apocalípticos), é interessante notar sua fenomenologia no Oriente antigo, bem como na Grécia arcaica e helenística, e traçar possíveis para- lelos com o judaísmo primitivo e pós-exílico. O contato dos judeus com culturas estrangeiras teria amadurecido e ampliado antigas ideias, especialmente a partir do período chamado de Judaísmo do Segundo Templo. 1 REITZENSTEIN, R. Vom Töpferorakel zu Hesiod.
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