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PROJECTO “PROMOÇÃO DO CARVÃO VEGETAL SUSTENTÁVEL EM ATRAVÉS DE UMA ABORDAGEM DA CADEIA DE VALOR”

ESTUDO DA LINHA DE BASE DA CADEIA DE VALOR DE FOGAREIROS EM ANGOLA, EM ESPECIAL NAS PROVÍNCIAS DE LUANDA, CUANZA SUL E .

PRODUTO 4

RELATÓRIO FINAL

Este trabalho foi realizado por: Universidade de Córdoba (UCO) e a Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal da Universidade José Eduardo dos Santos (FCA-UJES).

Coordenador: David Ariza Mateos (UCO)

Technical staff: Abílio Santos Malengue (UJES), Guillermo Palacios Rodriguez (UCO), Lino Manuel Vicente Sangumbe (UJES).

Huambo, Angola,

Maio 2019

ÍNDICE 1 INTRODUCÇÃO 1 1.1 Contexto 1 1.2 Produtos entregáveis 2 2 PRODUTO 4. 3 2.1 Produto 2. A Análise Benchmark de fogareiros melhorados. 3 2.1.1 Tecnologias de uso de energia procedente de biomassa: Fogareiros Melhorados. Conceitos teóricos e principais tipos. 4 2.1.1.1 Marco teórico 4 2.1.1.2 Fogareiros Melhorados. 6 2.1.1.3 Principais critérios de seleção de fogareiros melhorados 9 2.1.2 Revisão de experiências e modelos de fogareiros melhorados 10 2.2 Produto 3. 12 2.2.1 Locais dos inquéritos 12 2.2.2 Distribuição por gênero dos inquiridos. 12 2.2.3 Distribuição por níveis socioeconómicos 13 2.2.4 Outras questões de tipo socioeconómico 14 2.2.5 Resultados 14 2.2.5.1 Tipos de fogareiros. 14 2.2.5.2 Factores determinantes para a escolha de um determinado tipo de fonte energética para o consumo doméstico 16 2.2.5.3 Factores determinantes para a escolha de um determinado tipo de fogareiro 16 2.2.5.4 Percepção das problemáticas associadas com os combustíveis procedentes de biomassa. 17 2.3 Conclusões do Produto 4 19 2.3.1 Conclusões da análise benchmarking 19 2.3.2 Conclusões extraídas das visitas, entrevistas e inquéritos 20 2.3.3 Modelos de fogareiros propostos para a sua introdução em Angola. 20 2.3.4 Especificações técnicas mínimas dos modelos de fogareiros propostos 21 2.3.5 Modelos e estratégias de disseminação dos fogareiros melhorados 25 2.3.5.1 Áreas urbanas e periurbanas: 25 2.3.5.2 Áreas rurais 26 2.3.5.3 Fabricação 27 2.3.5.4 Difusão dos fogareiros melhorados 27 3 ANEXOS 28 ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Fluxo de trabalho numa análise benchmarking funcional. 3 Figura 2. Imagens do processo de combustão de biomassa 6 Figura 3. Fogareiro fixo 9 Figura 4. Fogareiro móvel 9 Figura 5. Distribuição dos inquéritos realizados por gênero. 13 Figura 6. Distribuição dos inquéritos realizados por idade. 13 Figura 7. Distribuição dos inquéritos realizados por nível de renda familiar. 14 Figura 8. Tipos de fogareiros empregados nas áreas das entrevistas. 15 Figura 9. Tipos de fogareiros empregados segundo o nível de vida (renda familiar). 15 Figura 10. Distribuição por gêneros da percepção da existência de possíveis problemas associados com o uso de fogareiros tradicionais de biomassa. 17 Figura 11. Percepção da existência de possíveis problemas associados com o uso de fogareiros tradicionais de biomassa em função do município onde foram realizadas as entrevistas. 18 Figura 13. Modelos de fogareiros melhorados já introduzidos internacionalmente a partir dos quais foi realizada a proposta dos fogareiros a introduzir em Angola. 21 Figura 14. Material de base para fogareiros: chapa metálica de aço galvanizado de 1.5 mm. 22 Figura 15. Esquema da câmara de isolamento onde o calor fica retido 22 Figura 16. Detalhe da câmara de isolamento com o material isolante para evitar a perda de calor por condução 23 Figura 17. Detalhe da porta reguladora da entrada de ar no fogareiro. 23 Figura 18. Detalhe da função de recolhida das cinzas. 23 Figura 19. Câmara de combustão (direita) e detalhe da peça da câmara de combustão, furada para deixar passar o ar através dela. 24 Figura 20. Principais dimensões do modelo de fogareiro proposto. 24 Figura 21. Detalhe de algumas características adicionais do modelo de fogareiro melhorados. 25

1 Introducção

1.1 Contexto

Angola conta com 53 milho es de hectares de floresta (43% da sua superfí cie) repartidas em formaço es florestais nativas, reservas florestais e plantaço es florestais de espe cies exo ticas, com um valor comercial estimado em 17.453.000 m3. Pore m, diversos factores contribuem negativamente no aproveitamento deste potencial, de modo que os recursos sa o explorados de forma desorganizada originando um processo de deflorestaça o que aumenta cada ano. Um dos principais problemas relacionados com a deflorestaça o e o uso de biomassa como fonte de energia. Segundo o documento da “Polí tica Nacional de Florestas, Fauna Selvagem e A reas de Conservaça o” a lenha e o carva o representam o 57% da energia consumida no Paí s, constituindo por esse facto, a primeira fonte de energia para fins dome sticos. De facto, estima-se que Angola perde, em me dia, a cada ano, cerca de 106.000 ha de florestas naturais e 370 ha de plantaço es, a uma taxa anual de 0,2% e 0,5 %, respectivamente (PNUD, 2014). A demanda anual de carva o para o abastecimento urbano esta estimada em 6 milho es de m³/ano que 1 corresponde, ao preço do mercado, em aproximadamente 510 milho es de do lares que na o sa o contabilizados no PIB. Esta situaça o esta ligada, entre outras causas com as tecnologias de consumo energe tico, pouco eficientes desde o ponto de vista do calor especí fico aproveitado nas cozinhas tradicionais, sobretudo no a mbito rural. Em Angola o consumo de lenha e carva o representa o 56,8% do consumo de energia total, seguido do petro leo iluminante com 41,7%, da electricidade com 1,45% e do ga s natural com apenas 0,1%. A procura anual desta fonte energe tica e estimada em 6 milho es de metros cu bicos por ano (Bahu , 2015). A adoção de uma política de promoção da melhoria de fogareiros, poderia proporcionar um duplo impacto nas comunidades rurais e periurbanas em angola. De um lado, sobre a oferta, com repercusso es positivas para a conservaça o e diminuiça o dos níveis de exploraça o dos combustíveis lenhosos, e de outro lado, na reduça o dos níveis de consumo, despesas e reduça o do tempo que geralmente a mulher leva colectar lenha e cozinhar os alimentos para a sua famí lia. Neste sentido, e no contexto do projecto “Promoção do carvão vegetal sustentável em angola através de uma abordagem da cadeia de valor” gerido pelo Gabinete de Alteraço es Clima ticas do Ministe rio de Ambiente de Angola e o PNUD, surge a necessidade de elaborar uma se rie de estudos de linha de base para avaliar questo es relacionadas ao consumo do carva o vegetal e/ou lenha no corredor Luanda – Cuanza Sul – Huambo, especificamente o uso de fogareiros melhorados. Neste contexto foi assinado um contrato entre o GABAC-MINAMB com o consorcio formado pela Universidade de Co rdoba (UCO), Espanha e a Faculdade de Cie ncias Agra rias da Universidade Jose Eduardo dos Santos (FCA-UJES) do Huambo, Angola para realizar um projecto com o fim de alcançar o objectivo especí fico de “realizar uma avaliação da linha de base da cadeia de valor de fogareiros utilizados no

corredor Luanda – Cuanza Sul – Huambo”, segundo aparecia nos TdR publicados e o contrato assinado.

1.2 Produtos entregáveis

Os produtos entregáveis são os seguintes: • Produto 1. Relatório de Apresentação do Plano de Trabalho. • Produto 2. Relatório de análise de benchmark de projectos implementados sobre fogareiros melhorados. • Produto 3. Inque rito para ser aplicado no corredor Luanda-Cuanza Sul- Huambo. • Produto 4: Relato rio final com os resultados do inque rito e recomendaço es.

2

2 Produto 4.

O Produto 4 agora apresentado foi realizado de forma coordenada pela Universidade de Co rdoba (UCO) e a Faculdade de Cie ncias Agra rias da Universidade Jose Eduardo dos Santos (FCA-UJES). Este documento, consiste num relato rio final realizado a partir do produto 2 que consistia numa ana lise benchmarking de projectos sobre fogareiros a base de carva o vegetal e/ou lenha ja implementados e do produto 3, que consistia num inque rito realizado no corredor Luanda-Cuanza Sul-Huambo. O produto 4 juntara num mesmo documento toda a informaça o anterior, ale m de analisar os resultados para incluir recomendaço es para a construça o de proto tipos melhorados de fogareiros baseados no uso de carva o vegetal e uma estrate gia de disseminaça o dos fogareiros melhorados construí dos.

2.1 Produto 2. A Análise Benchmark de fogareiros melhorados.

Neste projecto, foi desenvolvida uma ana lise benchmarking, mistura de benchmarking funcional e competitiva (concorre ncia) para avaliar que 3 experie ncias de sucesso na introduça o de fogareiros melhorados existem a nível nacional e internacional. A ideia principal era identificar modelos introduzidos com sucesso em outros paí ses, com especial destaque de aqueles introduzidos no continente africano (e Angola se for o caso). Para que uma ana lise benchmarking funcional (e em geral de qualquer tipo) tenha sucesso, o processo que deve ser seguido consta de va rias etapas que ficam resumidas na seguinte figura:

Figura 1. Fluxo de trabalho numa análise benchmarking funcional.

1. Planificaça o. Esta etapa, embora que seja de curta duraça o e fundamental porque o sucesso da ana lise vai depender dela. A equipa de trabalho realizou uma planificaça o com as fontes de informaça o consultadas e as principais varia veis avaliadas (te cnicas, econo micas, modelos de difusa o, ambientais, sociais e de ge nero), ale m de um pequeno cronograma com as visitas e entrevistas que sera o realizadas. Numa primeira fase foram realizadas visitas nos mercados de Luanda e Huambo, para identificar os fogareiros que sa o usados principalmente pelas mulheres, ale m das visitas a s comunidades de Bonga e Cachindungo na proví ncia do Huambo. Tambe m foi realizada uma pesquisa atrave s de fontes bibliogra ficas disponíveis e a partir de aí , realizar a segunda fase da ana lise. 2. Colecta de dados. Esta fase e muito importante porque os resultados em termos de proposta e relato rio dependem dela. Foram estudadas as varia veis definidas na fase anterior a partir da ana lise das fontes bibliogra ficas e das visitas realizadas.

• Ana lise de fontes bibliogra ficas. Foram avaliados projectos a nível internacional, com especial destaque aqueles realizados em A frica. Foram analisados todos os projectos disponíveis para estabelecer os melhores modelos de fogareiros melhorados implementados em distintos projectos, e aqueles que ja sa o comercializados. • Visitas e entrevistas: o Foram realizadas visitas de identificaça o junto com o PNUD para a identificaça o de prestadores de serviços nacionais. Foram identificados duas escolas de formaça o profissional, ligadas a projectos de cooperaça o, para que o resultado dos modelos com maior eficie ncia, fabricados a partir de materiais locais e com sucesso, possam ser fabricados por alunos dessas escolas, numa primeira fase de forma experimental, e num futuro, sejam os pro prios alunos os que consigam produzir estes fogareiros e aceder ao mercado de trabalho. Estas escolas sa o a Escola Don Bosco, e a Escola da organizaça o Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP). o Ale m disso, foi realizado um inque rito, baseado num enfoque de 4 entrevistas semiestructuradas que constituí am o Produto 3. 3. Ana lise de dados. Nesta fase foi analisada toda a informaça o colectada nas actividades anteriores para realizar este relato rio. O resultado da pesquisa, das visitas, entrevistas, inque ritos e do trabalho com as escolas profissionais para o fabrico dos fogareiros e incluí da nos distintos apartados deste documento (Produto 4). 4. Acça o (elaboraça o do produto 4). Uma vez analisados os resultados da pesquisa bibliogra fica e das visitas e entrevistas realizadas sera realizado um relato rio preliminar que constitui o Produto 4.

2.1.1 Tecnologias de uso de energia procedente de biomassa: Fogareiros Melhorados. Conceitos teóricos e principais tipos.

2.1.1.1 Marco teórico

Com o desenvolvimento das sociedades, e o rápido crescimento populacional, a dependência que as sociedades têm dos combustíveis para uso e consumo está a aumentar muito. Situação em relação à energia até os anos 80: • Sociedades mais desenvolvidas: o Elevada dependência dos combustíveis fosseis. o Falta de alternativas aos combustíveis fosseis. • Comunidades rurais: Elevada dependência da bioenergia Situação em relação à energia a partir dos anos 80: • Comunidades rurais: Elevada dependência da bioenergia

• Sociedades desenvolvidas: Cambio de paradigma: o Procura de alternativas aos combustíveis fosseis o Solução: Desenvolvimento de tecnologia para a produção de biocombustíveis: Elevada dependência da bioenergia Em concreto, no caso de Angola verifica-se que existe: • Baixo índice de electrificação do país. Apenas o 30% da população tem acesso à energia eléctrica (Deste 30%, o 70% vive em Luanda). • Grande dispersão das populações nas zonas rurais, o que torna onerosa a extensão da rede eléctrica existente. • Dificuldade de acesso a determinadas localidades. • Baixo consumo de energia eléctrica. • Déficit grande de energia, 140 KWh/por habitante. Tudo isto dificulta o uso de energia da rede por parte da população. Esta falta de energia para o consumo, faz com que a população use energias procedentes de biomassa (especialmente lenha e carvão) 5 Isto se traduz num problema com várias ramificações: • A nível ambiental: deflorestação e todas as problemáticas ambientais derivadas dela. • A nível socioeconómico: o Económico: existe uma dependência económica excessiva dos combustíveis procedentes de biomassa, enquanto que si tivermos desenvolvido outras energias limpas alternativas seria menos custoso (relativamente; na Europa a Energia é muito cara). o Género: Mulher reduz seu tempo para outras questões porque tem que dedicar tempo à recolhida de lenha, produzir as cozinhas tradicionais, etc. • A nível sanitário: respiração de fumos tóxicos: o Componentes nocivos, partículas respiradas, monóxido de carbono, óxido de nitrogénio, hidrocarbures poliaromáticos. o Bronquites, tuberculose, Enfisema, cancro, asma, doenças oculares, doenças na gravidez para mães e bebés não nascidos, doenças para bebés nas costas das mulheres, etc. o Estima-se que a queima de combustíveis de biomassa a nível doméstico causa aproximadamente 2,5 milhões de mortes cada ano (6% de todas as doenças a nível mundial). Existem muitas possíveis soluções para minimizar este problema, mas muitas delas passam por medidas governamentais (fora da nossa área de influência).

2.1.1.2 Fogareiros Melhorados.

Numa primeira fase deste trabalho, o objectivo foi fazer uma revisão dos modelos de fogareiros melhorados que existem a nível internacional. Trata-se de uma revisão para avaliar experiências de sucesso na implementação de modelos de fogareiros melhorados, sempre desde a perspetiva de fogareiros que possam ser introduzidos em Angola com base nos materiais empregados. Concretamente, estamos a avaliar a disponibilidade que existe de material para a produção de fogareiros no mercado de Luanda, Huambo e Cuanza Sul. A baixa eficiência energética (10%) dos fogões de carvão convencional (metálicos) utilizado pelos agregados familiares desempenha um papel importante no aumento da quantidade de carvão consumido, resultando no empobrecimento continuo das famílias e ocorrência de problemas respiratórios. Tentativas de introdução de soluções eficientes de cozinha em Africa, com o envolvimento do Sector Privado, remontam à década de 90. Persistem problemas na adopção das novas tecnologias de cozinha, contudo, existem muitas referencias da introdução dos fogões melhorados em alguns países africanos com características socioeconómicas e cultural semelhantes a Angola. 6 Os fogareiros melhorados constituem uma alternativa para: • Poupar lenha • Reduzir o fumo tóxico para os usuários (fundamentalmente as mulheres e crianças) • Melhorar as condições sanitárias da produção dos alimentos. • Reduzir a pressão sobre as florestas, especialmente as florestas nativas • Comfort: os fogareiros melhorados melhoram a qualidade de vida das pessoas em geral:

2.1.1.2.1 Princípios fundamentais do funcionamento dos fogareiros. A combustão é uma reação química na qual um elemento combustível (lenha ou carvão), combina-se com outro elemento comburente (oxidante), que é o oxigénio em forma de O2, para desprender calor. A combustão é uma reação exotérmica (que desprende calor). Em resumo, é o processo pelo qual, a massa que tem um material (lenha ou carvão), passa de estado sólido a estado gasoso. Como resultado deste processo vai-se produzir calor e outros elementos como cinzas ou elementos gasosos, alguns deles mais ou menos tóxicos.

Figura 2. Imagens do processo de combustão de biomassa

Quando, o processo de combustão é melhorado, também se reduz o tempo para aquecer os alimentos, o que aumenta o rendimento em termos de tempo empregado; uma variável muito importante.

2.1.1.2.2 Principais vantagens e constrangimentos do uso de fogareiros melhorados O principal problema dos fogareiros tradicionais é a baixa eficiência energética (10%) dos fogareiros de carvão e lenha tradicionais. Por tanto, o uso de novas tecnologias que aumentem essa eficiência energética supões um benefício para os usuários importante. A principal vantagem do uso dos fogareiros melhorados é a sua eficiência energética. Alguns fogareiros melhorados no “mercado” melhoram a sua eficiência energética até num 43%. Por exemplo, um estudo de comparativas realizado em Moçambique, constatou que para cada 10 quilos de carvão consumido por um fogareiro tradicional, o fogareiro melhorado consome apenas 6, por tanto se está a fazer uma economia na ordem de 40% (4 quilos em carvão). Apesar de que muitos projectos para implementar outros fogareiros melhorados mais eficientes foram realizados em África, e em particular em Angola, persistem 7 problemas na adopção das novas tecnologias de cozinha. Os principais constrangimentos para o uso destas tecnologias são: • Fraca sensibilização das famílias para o uso dos fogareiros melhorados • Custos iniciais para introduzir nas famílias as tecnologias. • Fraca colaboração interinstitucional para introduzir, através de incentivos o uso, fabrico e comercialização destes fogareiros. Para incentivar o uso destes fogareiros por tanto: • Deveria de existir redes de produtores e vendedores (formais e sobretudo informais) de fogareiros convencionais. • Aumentar a “inteligência de mercado”, alias, o conhecimento sobre a demanda de mercado, os distintos tipos de modelos de fogareiros, as distintas qualidades, as necessidades distintas segundo o mercado (mercado local informal/mercado nas cidades), etc. • Melhorar o conhecimento sobre o produto, técnicas de venda, preços, relação trabalho realizado/materiais usados/preço final. Tudo isso deve ser fomentado com as comunidades rurais e com escolas profissionais para o fabrico de fogareiros e seu posterior acesso nos mercados, bem informais, e de preferência formais.

2.1.1.2.3 Conceito de Fogareiro Melhorado Uma ideia que tem de ser considerada na hora de introduzir um fogareiro melhorado é que não existe um conceito único de fogareiro melhorado porque depende de vários factores: • O tipo de fogareiro tradicional com o qual estamos a comparar

• O objectivo da melhoria: Pode-se melhorar em função: o Do tempo empregado para cozinhar o Do material combustível usado o Da poupança económica que se queira realizar o Reduzir fumo o Etc. • Da acessibilidade dos materiais empregados, e isto tem a ver com cada comunidade local. Depende muito do contexto local. No início dos projectos orientados a implementar os fogareiros melhorados os objectivos eram reduzir os custos para as populações rurais. Mas agora, outros projectos estão orientados à redução dos impactos ambientais, embora que sejam fogareiros mais caros. Por isso, em conclusão, tudo vai depender dos objectivos da introdução dos fogareiros nas comunidades. Para ter uma ideia de como tem mudado os distintos de modelos de fogareiros a nível de projectos de introdução destes nos países em vias de desenvolvimento, é preciso conhecer um bocado o contexto histórico: 8 • O principal foco dos programas de fogareiros foi desenvolvido durante a crise energética a partir 1980 com objectivo de conservação de energia, já que existe uma relação entre os fumos produzidos e os problemas de saúde. o Por isso, nesta altura foram introduzidos fogareiros com chaminé para remover o fumo da casa. Assim, a conservação de energia e remoção de fumos era o objectivo principal do desenvolvimento da tecnologia. • De 1980 até cerca de 2002, os fogareiros estavam centrados no desenvolvimento socioeconómico das populações locais, de forma que era favorecido o desenvolvimento de fogareiros de artesanato que as populações rurais conseguiam fazer e até, em alguns casos, vender. o O problema era que, com aquecimento repentino e refrigeração posterior, tais fogareiros facilmente degradavam-se e a vida útil era de dois anos máximo (alguns até de um ano). • A partir do ano 2002, surgiu outra geração de fogareiros construídos com materiais mais duráveis, encarecendo o fogareiro. Fogareiros desta altura que tiveram muito sucesso foram os chamados Fogareiros Plancha, que tem uma chama de metal que optimiza o processo de combustão. • Exemplos podem ser encontrados na América Latina e na China. A experiência da China é um exemplo de sucesso de fogareiros melhorados, uma vez que mais de 100 milhões de fogareiros melhorados ainda estão em uso.

2.1.1.2.4 Tipos de fogareiros melhorados Existem dois tipos principais de fogareiros melhorados (embora que existem muitos modelos distintos de cada tipo).

• Fogareiro fixo. Com maior capacidade geralmente, e contruídos em instituições públicas embora que em muitas partes do mundo são realizados para uso doméstico.

Figura 3. Fogareiro fixo 9 • Fogareiro móvel. Tem uma capacidade menor e são produzidos para o uso doméstico.

Figura 4. Fogareiro móvel

Os fogareiros fixos são de capacidade variadas, de menor a maior, e podem suportar grandes volumes, estes, são geralmente construídos em instituições públicas e em casas de famílias para uso doméstico.

2.1.1.3 Principais critérios de seleção de fogareiros melhorados

No processo de revisão bibliográfica, foi encontrado um número muito elevado de fogareiros melhorados de lenha e carvão, fixos, móveis e semimóveis. De facto, o grande número de modelos no mercado internacional faz prácticamente impossível uma comparativa exaustiva de cada um deles. A ideia foi identificar, de

todos aqueles existentes, alguns modelos que têm diferencias significativas entre eles fazendo agrupações de modelos muito similares, bem pelos materiais empregados, bem pela eficiência que apresentam e outras características importantes que podem definir o sucesso do modelo e as possibilidades de introdução em Angola, que é o objectivo final deste trabalho. Um dos primeiros pontos deste trabalho foi identificar os critérios de selecção dos fogareiros melhorados no mercado caso ser introduzidos num projecto de introdução de fogareiros em Angola. Os principais critérios usados foram a eficiência energética, para melhorar a eficiência dos métodos empregados na actualidade (cozinha a três pedras e fogareiros clássicos no mercado), os materiais empregados, para tentar utilizar sempre materiais disponíveis com um baixo custo e o desenho em termos de peso e forma, para que seja aceite pelos usuários/as dos fogareiros, bem nas cidades, bem nas comunidades rurais, especialmente no corredor Huambo-Cuanza Sul-Luanda. Para poder realizar uma comparativa entre distintos tipos de fogareiros tem que ser selecionados fogareiros que tenham dados de eficiência segundo o mesmo sistema de avaliação. Por este motivo, como passo prévio foi realizada uma pesquisa para identificar os principais tipos de avaliações. 10 Para avaliar a eficiência dos fogareiros nas provas e identificar um ou vários modelos de fogareiros melhorados, são desenvolvidos distintos métodos. No caso deste trabalho foi selecionado o Teste de Ebulição de Água (WBT), um protocolo aceite pela comunidade internacional, desenvolvido pela Aliança Global para Cozinhas Limpas, actualizado em 2014 para incluir as recomendações do sistema de certificação ISSO desenvolvido no IWA (International Workshop Agreement). Este teste inclui variáveis sobre eficiência, emissões totais, emissões em interiores e segurança. Através deste teste é avaliada a eficiência dos fogareiros a partir de uma prova realizada com água (a quantidade habitual é 5 litros, mas pode ser modificada, avaliando o tempo, o consumo de combustível (lenha ou carvão) e a eficiência energética. De forma adicional, este protocolo inclui também outras medições de emissões de CO, micropartículas (PM) e CO2, e outros contaminantes. Este protocolo, com modificações para este projecto, foi incluído como anexo no produto 2 e agora é apresentado também como anexo 1. A Aliança Global para Cozinhas Limpas disponibiliza uma folha de excel na sua página web para introduzir os dados de cada experiência e de forma automática são apresentados os resultados. Esta folha é apresentada neste trabalho como anexo 2. A tabela apresenta muitos resultados interessantes dos quais, na maioria dos trabalhos são apresentados a eficiência térmica expressa em percentagem, a taxa de combustão, expressa em g/min e o consumo específico de combustível, expressa em g/litro água fervida (ponto de ebulição).

2.1.2 Revisão de experiências e modelos de fogareiros melhorados

A primeira revisão realizada, empregando critérios de procura comuns (fogareiros melhorados, fogareiro carvão, stove charcoal, coal, improval stove, etc.), ofereceu

mais de 600 modelos distintos de fogareiros empregados a nível internacional. A partir de aqui, começamos a pôr limites para realizar uma procura mais específica em função dos objectivos do projecto. Finalmente, foram selecionados fundamentalmente fogareiros de metal ou mistura de metal e cerâmica/argila/barro, com carvão vegetal como combustível para serem fabricados pelas escolas profissionais e fogareiros de barro para introduzir nas comunidades rurais. A informação dos distintos tipos de fogareiros foi também contextualizada no país de origem, já que na seleccção uma das variáveis era o sucesso em países africanos com um contexto parecido com Angola. Em África foram encontrados mais de 200 modelos de fogareiros melhorados dos quais 160 são produzidos com metal como material de base, muitos deles com mistura de metal e argila, metal e cerâmica ou metal e cimento. Quando centramos a pesquisa nos fogareiros de carvão vegetal, encontramos aproximadamente 90 fogareiros, dos quais 2/3 deles têm como base o metal, e o resto combinações de metal com outros materiais isolantes tipo argila, cemento ou cerâmica.

Na pesquisa centrada em fogareiros de lenha, mais empregados nas comunidades 11 rurais, que é onde este material é mais acessível que outros como metal. É preciso referenciar que muitos dos mais de 100 fogareiros encontrados, podem ser usados com lenha, mas também com outros materiais combustíveis como carvão ou briquetes. A maioria deles são fabricados a partir de metal, embora que muitos deles combinam também este material com argila ou cerâmica para conseguir uma maior eficiência. Existem outros fogareiros melhorados que têm como combustível biogás, estrume, energia solar e alguns outros. Este tipo de fogareiro é sempre construído com metal, mas não foram incluídos neste documento porque o objectivo do mesmo é propor experiências de introdução em Angola de modelos de fogareiros construídos a baixo custo, com materiais locais e tendo em conta a realidade dos/as principais consumidores/as de energia doméstica, bem nas grandes cidades, bem nas comunidades rurais. Finalmente, para dispor de dados objectivos para assegurar que os fogareiros são realmente melhorados, apenas foram tidos em conta os fogareiros das categorias referidas anteriormente que tinham resultados de provas de eficiência energética (e/ou emissões), segundo protocolos estabelecidos pelo IWA tipo WBT (Water Boiling Test). Desta forma, encontramos mais de 30 fogareiros de carvão e mais de 40 fogareiros de lenha e mais de 10 fogareiros de briquetes (muitos deles podem ser usados com lenha e/ou carvão vegetal e/ou briquetes). Os principais modelos selecionados a partir da revisão realizada, dividida em distintos apartados segundo os modelos de fogareiros pesquisados: i) de carvão vegetal fabricados a partir de metal, ii) de carvão vegetal fabricados a partir de combinações de metal e barro/argila/cerâmica e iii) de lenha fabricados a partir de barro/argila/cerâmica foi apresentada no produto 2 e agora é apresentado como anexo 3 deste documento.

2.2 Produto 3.

O Produto 3 consistiu num inquérito realizado para melhorar o conhecimento sobre o consumo energético no corredor Luanda-Cuanza Sul-Huambo incluindo questões relacionadas com o tipo de fogareiros empregados, o material combustível usado e factores socioeconómicos que determinam o consumo. O estudo foi realizado ao longo do corredor onde se está a desenvolver o projecto. O grupo alvo foi escolhido com especial atenção para diversificar o estudo com pessoas de distintas idades, sexos, grupos sociais etc. Os inquéritos foram realizados de forma descontraída, mais desenhados como entrevistas semiestructuradas próprias das ciências sociais para criar um espaço de diálogo entre o entrevistador e o/a entrevistado/a. As perguntas estavam definidas previamente, mas não eram realizadas de forma sistemática, mas sim numa conversa informal onde as distintas questões apareciam de forma natural. A base do inquérito é apresentada neste documento como anexo 4.

2.2.1 Locais dos inquéritos 12 Os inquéritos foram realizados durante o mês de abril e maio nos munícipios de Viana (29% dos inquéritos), província de Luanda, (31% dos inquéritos), província de Kwanza Sul e no município sede do Huambo (40% dos inquéritos), província do Huambo. No mês de abril foram realizados os inquéritos nos bairros de Baia, Canganja, Estalagem, Km 30, Muro da areia, , Tio Diogo, Velha Goga e Zango 3 do município de Viana. Também durante o mês de abril foram realizados os inquéritos no munícipio de Quibala, e de forma mais específica nos bairros de Bandeira, Cacungulo, Guabi, Kifangondo, Paiola, Palanca e Zero. No munícipio do Huambo os inquéritos foram realizados durante o mês de maio, nos bairros de Bom pastor, Calima, Calomanda, Cavongue, Chambuica, , Etunda, Fátima, Lossambo, Ngulonda, Paiva, Pilha seca, Samboto, Santo António e Souza.

2.2.2 Distribuição por gênero dos inquiridos.

O 55% das pessoas entrevistadas forma mulheres enquanto que o 45% foram homens.

Distribução gênero inquéritos

Mulher Homem

Figura 5. Distribuição dos inquéritos realizados por gênero.

Em relação com a distribuição por províncias, a selecção das pessoas inquiridas foi realizada sempre para que fosse equitativa para abranger questões relacionadas com o consumo, culturalmente mais associadas com a mulher e outras questões nas quais também podia participar o homem. Desta forma, a percentagem de mulheres inquiridas no município de Viana foi 51,7%, 54,8% em Quibala e 57.5% no Huambo, enquanto que a percentagem de 13 homens inquiridos foi 48,3% em Viana, 45,2% em Quibala e 42,5% no Huambo. 2.3 Distribuição por idades dos inquiridos Para ter a máxima quantidade de informação o inquérito foi repartido entre todas as fachas de idade de usuários de fogareiros de uma forma equitativa, sendo a facha dentre 30-40 anos a qual corresponde o maior número de inquiridos (33%).

Distribuição idades inquéritos

10-20 20-30 30-40 40-50 >50

Figura 6. Distribuição dos inquéritos realizados por idade.

2.2.3 Distribuição por níveis socioeconómicos

Apenas um 8% das pessoas entrevistadas afirmaram que tinham um nível de vida alto, todas do município sede do Huambo, enquanto que o resto falavam de nível de vida médio-baixo, sendo um 51% de renda média e um 41% de renda baixa.

Nível de vida (renda) familiar

Baixo Médio Alto

Figura 7. Distribuição dos inquéritos realizados por nível de renda familiar.

Este dado é interessante à hora de relacionar o nível socioeconómico familiar com outro tipo de variáveis que condicionam o consumo energético como o tipo de energia consumida, o tipo de fogareiro usado ou o tipo de combustível para esses fogareiros. 14 2.2.4 Outras questões de tipo socioeconómico

Para completar a análise foram realizadas outras questões relacionadas com a situação social das pessoas entrevistadas. Como já foi explicado anteriormente este inquérito foi realizado através de metodologias baseadas na participação activa dos/as inquiridos/as, por tanto, não era apenas um inquérito, mas sim uma entrevista semiestructurada, relaxada. Desta forma, sem realizar perguntas directas foram os/as próprios/as entrevistados/as foram definindo seu local de nascimento e possíveis transportes migratórios desde aldeias até as cidades e ao contrário, o tipo de área na qual vive (centro urbano, bairro ou kimbo), o estado civil e o nível de escolaridade entre outras questões.

2.2.5 Resultados

Os principais resultados das entrevistas realizadas ficam resumidas nos apartados explicados a continuação.

2.2.5.1 Tipos de fogareiros.

A maioria das pessoas entrevistadas (64%) usam fogareiros tradicionais, bem de carvão vegetal (58%), bem de lenha (6%). O 34% dos inquiridos usa fogareiros de gás enquanto que apenas um 1% usa fogareiros elétricos. De todas as pessoas entrevistadas, apenas um 1% utiliza fogareiros melhorados de carvão vegetal, com a particularidade de ter sido construídos de forma artesanal por eles mesmos.

Tipo de fogareiro

Tradicional Gas Electrico Melhorado

Figura 8. Tipos de fogareiros empregados nas áreas das entrevistas.

Quando foi avaliada a relação entre o nível de vida e o tipo de fogareiro utilizado vimos que existe uma grande correlação de forma que as pessoas entrevistadas que tinham definido o seu nível de vida como baixo usam fundamentalmente fogareiros tradicionais (82%) e apenas um 14,6% usa fogareiros de gás enquanto que esta tendência inverte-se nas famílias com um nível de vida alto, que usam fundamentalmente gás para cozinhar (87,5%). 15 Tipo de fogareiro/nível de vida 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Baixo Médio Alto

Tradicional Gas Electrico Melhorado

Figura 9. Tipos de fogareiros empregados segundo o nível de vida (renda familiar).

2.2.5.1.1 Alternativas aos fogareiros tradicionais Do 64% das pessoas que utilizam fogareiros baseados na biomassa como combustível, o 34% identifica como alternativa o uso de fogareiros de gás. Um 28% respondeu que não tem nenhuma alternativa. Este dado é muito interessante porque faz destacar a falta de conhecimento que existe sobre os fogareiros melhorados em uma grande parte da população bem de Luanda (7%), Quibala (9%) e Huambo (12%). Por tanto, qualquer projecto relacionado com a introdução de fogareiros melhorados tem que ter uma componente de divulgação e sensibilização importante.

2.2.5.2 Factores determinantes para a escolha de um determinado tipo de fonte energética para o consumo doméstico

Apesar de que definir os principais factores que determinam a escolha do tipo de fogareiro e por tanto, da fonte energética, é muito complicado, porque é um processo que envolve questões relacionadas com as infraestructuras disponíveis, a economia familiar, a disponibilidade das matérias primas etc., nesta análise tentamos identificar as principais causas. Segundo os entrevistados a fonte energética utilizada está relacionada com a disponibilidade da mesma (21%) bem em termos de dificuldade de adquisição de outras fontes (8%) ou facilidade de adquisição da fonte utilizada actualmente (13%) e os preços (41%). De facto, a maioria das pessoas identificavam como principais problemas para utilizar fontes de energia diferentes da biomassa o custo da aquisição do gás (48%) e o custo da aquisição e manutenção de equipamentos (31%).

2.2.5.3 Factores determinantes para a escolha de um determinado tipo de fogareiro

Os principais factores para selecionar o fogareiro são, segundo as pessoas 16 entrevistadas, as condições de fabricação e venda, destacando-se os custos de venda (31%), o desenho do fogareiro (12%) incluindo neste factor o tamanho e peso e a dificuldade de transportar o fogareiro, o preço do combustível empregado (22%) e, no caso das pessoas que falavam de auto-produção de fogareiros, a facilidade de construir por eles mesmos seus fogareiros (13%). Nesta questão houve um 22% dos entrevistados que falavam de outros motivos sem definir claramente.

2.2.5.3.1 Condições de fabricação e venda dos fogareiros tradicionais. As condições de fabricação e venda dos fogareiros melhorados são um dos principais fatores limitantes já que os fogareiros tradicionais variam entre os 500 e 2700 kwanzas, são muito acessíveis, sendo comprados no mercado municipal pela maioria das pessoas (97%) e fabricados no mesmo local, mesmo bairro ou aldeias vizinhas, a pesar de que muitas pessoas (38% dos entrevistados) desconhecem onde é que são fabricados os fogareiros que compram. O facto de encontrar fogareiros com preços acessíveis para a população local faz com que uma maioria das pessoas (71% dos inquiridos) não arranje os seus fogareiros quando estragam apesar de que o preço de arranjar um fogareiro varia entre 100 e 500 kwanzas. Isto é importante para os programas de introdução de fogareiros melhorados. Os objectivos de um projecto deste tipo podem ser ambientais, para reduzir o consumo de combustíveis procedentes de biomassa, e/ou de saúde, para reduzir os gases contaminantes procedentes dos fogareiros tradicionais ou de outro tipo, mas se o preço do modelo introduzido não é competitivo em relação com o tradicional, incluindo na análise os custos dos combustíveis, o projecto nunca vai ter sucesso.

2.2.5.3.2 Factores limitantes na aquisição fogareiros melhorados. Quando as pessoas entrevistadas foram consultadas pelo uso de fogareiros melhorados, as respostas foram muito complicadas de analisar porque havia muitas respostas distintas difíceis de categorizar. Em qualquer caso as principais causas são os custos (27% de respostas) e a falta de práctica no uso do fogareiro melhorado (39%). Isto é muito interessante já que reflete uma questão importante relacionada com a introdução de fogareiros melhorados, os costumes das pessoas são difíceis de mudar, e por tanto qualquer processo de mudança precisa além de um processo de divulgação e sensibilização, como já foi referido no apartado 2.6.1.1, um acompanhamento das pessoas para avaliar o uso, as dificuldades, dar possíveis soluções aos pequenos problemas encontrados, etc.

2.2.5.4 Percepção das problemáticas associadas com os combustíveis procedentes de biomassa.

Uma última questão avaliada nas entrevistas foi a percepção que as pessoas têm sobre o uso dos combustíveis procedentes de biomassa, bem a nível ambiental, como agente causante de desmatamento, bem a nível de saúde, pelo consumo involuntário de gases contaminantes procedentes dos fogareiros tradicionais. 17 Apesar de que o 58% reconhece que existem alguns problemas associados com o uso de fogareiros tradicionais, de uma forma geral, como o modelo de consumo energético actual, existe um 42% das pessoas entrevistadas que não conhecem esta relação ou não acreditam nela. Uma questão que era interessante avaliar, era se existiam diferencias nesta perçepção por gênero, já que a relação de homens e mulheres com os fogareiros melhorados é distinta. As percentagens são bastante similares por género, aproximadamente o 60% identifica problemas associados com o uso de fogareiros tradicionais (60% em homens e 56% em mulheres).

Percepção problemáticas associadas aos fogareiros/gênero 70 60 50 40 30 20 10 0 Homens Mulheres

Sim Não

Figura 10. Distribuição por gêneros da percepção da existência de possíveis problemas associados com o uso de fogareiros tradicionais de biomassa.

Porém, esta percepção teve uma maior correlação com factores socioeconómicos como o município onde foram realizadas as entrevistas, de forma que em Luanda

um 86,2% dos entrevistados eram conscientes das problemáticas associadas com o uso de fogareiros tradicionais de biomassa, em Quibala a percentagem baixa a 58% enquanto que no Huambo, apenas um 37,5% das pessoas consideram que podem existir problemas ambientais ou de saúde associados com o uso de fogareiros.

Percepção problemáticas associadas aos fogareiros/município 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Viana Quibala Huambo

Sim Não 18

Figura 11. Percepção da existência de possíveis problemas associados com o uso de fogareiros tradicionais de biomassa em função do município onde foram realizadas as entrevistas.

Também parece que existe uma relação entre esta percepção e o nível de vida. Neste caso sempre tendo em conta que a categorização do nível de vida esta baseado na própria definição da pessoa entrevistada sem nenhum rigor categórico estatístico. Nas entrevistas com pessoas que definiam seu nível de vida como baixo a percentagem de que o uso de fogareiros tradicionais podia ter alguns problemas associados era inferior ao 50% enquanto que no outro extremo estão as pessoas de nível de vida maior, que todas têm dita percepção.

Percepção problemáticas associadas aos fogareiros/nível vida 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Baixo Médio Alto

Sim Não

Figura 12. Percepção da existência de possíveis problemas associados com o uso de fogareiros tradicionais de biomassa em função do nível de vida.

Também foi encontrada uma relação entre o nível de estudos e a percepção de possíveis problemas relacionados com o uso de fogareiros tradicionais. Entre os universitários entrevistados, o 100% não tem nenhuma dúvida da existência de problemas associados enquanto que estes níveis baixam enquanto que as pessoas têm um nível de escolaridade mais baixo, desde o 70% em pessoas com ensino superior, até 43% em pessoas sem nenhum nível de escolaridade.

2.3 Conclusões do Produto 4

Com os resultados da ana lise benchmarking e o inque rito realizado, foram extraí das algumas concluso es por parte desta equipa de trabalho que sa o resumidas a continuaça o. Neste apartado sera o incluí das tambe m algumas recomendaço es relacionadas com o modelo de fogareiro para ser introduzido (2.3.4) e a difusa o e disseminaça o dos fogareiros melhorados (2.3.5).

2.3.1 Conclusões da análise benchmarking

Como resultado das visitas realizadas e as pesquisas bibliográficas sobre projectos de introdução de fogareiros melhorados a nível internacional, e especialmente em 19 África, as principais conclusões obtidas são as seguintes: A baixa eficiência energética dos fogareiros de carvão convencional usados em Angola contribui negativamente ao ambiente, já que gera uma necessidade continua de produção de carvão vegetal para fornecer às cidades e de lenha nas áreas rurais. Esta situação poderia melhorar aumentando a eficiência dos fogareiros empregados actualmente no país. Os combustíveis empregados para cozinhar constituem um factor mais de desigualdade entre distintas áreas (cidades e zonas rurais) e estratos sociais, de forma que o acesso ao gás está restrito às cidades. Mesmo nas cidades, o gás apenas é acessível para famílias com uma renda média enquanto que os agregados familiares com poucos recursos (a maioria da população) utilizam lenha, nas zonas rurais e carvão vegetal nas cidades. Neste contexto, os fogareiros melhorados constituem uma alternativa para melhorar as condições dos usuários, mulheres fundamentalmente e reduzir a pressão sobre as florestas, especialmente as florestas nativas. O/s modelo/s introduzido/s depende do objectivo da introdução, apesar de que, de forma geral, procura-se que melhore a eficiência no uso do material combustível, o tempo empregado para cozinhar, reduza os gases tóxicos inalados pelos/as usuários/as, reduza os custos, melhore a ergonomia do processo de cozinhar e aumente o tempo de vida útil. E tudo isto, tem de ser contextualizado na área de introdução para que exista uma apropriação real da tecnologia. Existem dois tipos principais de fogareiros melhorados, os fixos e os móveis; neste projecto, segundo os objetivos do mesmo, ficamos centrados nos móveis e nos semimóveis. Em relação com o tipo de combustível também existem distintos modelos. A nossa proposta esta baseada em modelos de fogareiros de metal ou mistura de metal e cerâmica/argila/barro, com carvão vegetal como combustível para serem fabricados com materiais locais pelas escolas profissionais e fogareiros de barro para introduzir nas comunidades rurais.

2.3.2 Conclusões extraídas das visitas, entrevistas e inquéritos

As principais conclusões extraídas do inquérito realizado através das entrevistas semiestructuradas realizadas são resumidas a continuação: A maioria das pessoas entrevistadas usam fogareiros tradicionais, estando esta escolha muito condicionada pela facilidade de aquisição da fonte energética actual (carvão e lenha), a dificuldade de adquisição de fontes energéticas alternativas e o custo da aquisição e manutenção de equipamentos, por tanto, qualquer modelo novo deveria estar baseado no uso de biomassa como combustível. A principal alternativa aos fogareiros tradicionais são os fogareiros de gás, apesar de que existe uma percentagem elevada da população que não identifica alternativas aos fogareiros tradicionais, por tanto, é preciso fazer divulgação e sensibilização deste tipo de fogareiros. Os principais factores para selecionar um fogareiro são económicos de acessibilidade e de desenho. Actualmente, os fogareiros tradicionais são acessíveis, não são muito caros e são amigáveis desde o ponto de vista do desenho, além de que a população está muito acostumada ao seu uso. Por tanto, para introduzir fogareiros melhorados deverão ser competitivos desde o ponto de vista 20 económicos, similares aqueles modelos empregados na actualidade e fazer acompanhamento dos utentes, garantindo a facilidade de uso. A percepção da população sobre o uso dos combustíveis procedentes de biomassa, bem a nível ambiental, como agente causante de desmatamento, bem a nível de saúde, pelo consumo involuntário de gases contaminantes procedentes dos fogareiros tradicionais, varia em função dos municípios, do nível de vida e do nível de ensino, mas de forma geral o conhecimento da relação dos fogareiros tradicionais de biomassa com alguns problemas existe e não varia muito em função do gênero. Espera-se, por tanto, que modelos que diminuam a inalação de gases, e melhorem a eficiência no consumo de combustível, deveriam ser aceites pela população.

2.3.3 Modelos de fogareiros propostos para a sua introdução em Angola.

O objetivo principal desta consultoria era selecionar algum/ns modelos de fogareiros para introduzir em Angola no âmbito do projecto “Promoção do carvão vegetal sustentável em angola através de uma abordagem da cadeia de valor”. Com base nos resultados e concluso es expostos anteriormente, foram selecionados dos modelos de metal, para ser introduzidos nas a reas urbanas e periurbanas, e um modelo de barro (argila) para introduzir nas zonas rurais. O modelo de barro sera introduzido numa primeira fase em duas comunidades da proví ncia do Huambo, no a mbito do programa de actividades e capacitaço es com as comunidades rurais de Bonga e Cachindongo que o consorcio FCA-UCO esta a desenvolver nessa proví ncia. Isto sera explicado posteriormente no apartado de modelos de difusa o e disseminaça o dos fogareiros. Os modelos de barro propostos foram acertados com Dom Bosco, uma escola profissional, com uma forte componente de acça o social, que participou desde o

iní cio como grupo informante chave. Uma vez realizada a proposta por parte da equipa do consorcio FCA-UCO, dois membros deste consorcio deslocaram-se ate Luanda para avaliar o proto tipo proposto. Este processo participativo foi muito importante para adequar o modelo proposto no produto 2 em funça o das possibilidades de serralheiros locais, materiais, tempo, preços, etc, mudando sempre que for preciso as especificaço es te cnicas incluí das no referido produto. Os modelos propostos no produto 2 eram o modelo Adarsh Cook Stove, modificado segundo a equipa de trabalho da UCO para tentar melhorar a eficie ncia e diminuir custos e o modelo Kenyan Ceramic Jiko, que na o foi testado neste processo ja que a equipa de serralheiros e soldadores de Dom Bosco identificou que o primeiro modelo proposto era mais adequado para o contexto local de Luanda.

21

Figura 13. Modelos de fogareiros melhorados já introduzidos internacionalmente a partir dos quais foi realizada a proposta dos fogareiros a introduzir em Angola.

2.3.4 Especificações técnicas mínimas dos modelos de fogareiros propostos

Em função da proposta de modelos de fogareiros incluída no produto 2, a análise de algumas questões das entrevistas realizadas relacionadas com o desenho dos fogareiros, e sobretudo, do processo interativo junto com técnicos especialistas de serralheria e soldadura, são apresentadas as especificações técnicas mínimas que deveriam ter os modelos a serem introduzidos no âmbito do projecto. Neste produto 4 são incluídas apenas indicações básicas das especificações técnicas de modelos de fogareiros construídos com metal como base para serem introduzidos no âmbito urbano fundamentalmente. Mais detalhes sobre as especificações técnicas dos modelos propostos e o processo de fabricação aparecem no anexo 5. As principais características e o motivo pelo qual é introduzida a característica no modelo proposto são resumidas a continuação: Material: Metal: chapa metálica de aço galvanizado de 1.5 mm. A maioria dos modelos melhorados introduzidos estão fabricados a partir de metal. A ideia de que seja aço galvanizado é porque em Luanda é acessível, não é excessivamente caro, e está protegido das intempéries. O tamanho de 1.5 mm foi selecionado após os encontros com os técnicos especialistas. Numa primeira fase, a ideia era reduzir a largura até 0.8-1.0 mm, mas parece que com essa largura

poderia haver problemas na soldadura por tanto, chegamos a um equilíbrio tendo em conta o preço para que não fosse maior de 1.5 mm.

Figura 14. Material de base para fogareiros: chapa metálica de aço galvanizado de 1.5 mm.

Câmara de isolamento Para evitar a perda de calor desde a zona de combustão do carvão vegetal até o exterior tem que ser incorporada uma câmara de isolamento. Isto se faz com uma 22 dupla camada. Desta forma o calor fica retido entre as duas camadas e circula aquecendo a câmara interna pelo processo termodinâmico de convecção.

Figura 15. Esquema da câmara de isolamento onde o calor fica retido

Entre as duas chapas, na câmara de isolamento pode-se introduzir algum material isolante para aumentar a retenção de calor, evitando a perda de calor por condução além de evitar que as paredes exteriores alcancem temperaturas muito elevadas.

Figura 16. Detalhe da câmara de isolamento com o material isolante para evitar a perda de calor por condução

Regulador de combustão Este elemento também foi identificado como prioritário para ser incluído no protótipo de fogareiro melhorado. O regulador de combustão pode ser uma porta 23 ou gaveta para regular a entrada de ar. Esta regulação ajuda a regular a combustão na câmara onde está o carvão vegetal em função das necessidades, que variam durante o cozinhado. Isto, por tanto, melhora a eficácia dos fogareiros e a eficiência no consumo do combustível.

Figura 17. Detalhe da porta reguladora da entrada de ar no fogareiro.

Esta porta serve também para recolher as cinzas procedentes da combustão do carvão vegetal que caem desde a câmara de combustão.

Figura 18. Detalhe da função de recolhida das cinzas.

Câmara de combustão. O modelo de fogareiro proposto tem uma câmara de combustão onde é situado o carvão. Esta câmara não tem de ter toda a altura do fogareiro, já que diminuiria muito a eficiência energética se o calor tivesse que percorrer uma distância muito

grande desde o carvão em combustão até as panelas. No modelo proposto a altura da câmara de combustão é de 10-12 cm aproximadamente.

Figura 19. Câmara de combustão (direita) e detalhe da peça da câmara de combustão, furada para deixar passar o ar através dela.

Dimensões As dimensões não estão definidas de forma rigorosa. Na experiência do consorcio FCA-UCO com os técnicos especialistas das escolas profissionais foram definidas umas dimensões, mas no processo de otimização pode-se mudar estas dimensões e se calhar, diminuir um bocado a altura, aumentando desta forma a eficiência. As 24 dimensões propostas são: • Altura total do fogareiro (desde o chão até a boca do fogareiro): 28 cm • Altura da câmara de combustão (desde a base furada para depositar o carvão até a boca do fogareiro): 12 cm. • Diâmetro da boca: 26 cm (este é o diâmetro das panelas maiores usadas geralmente em Angola). o Para poder cozinhar com o mesmo fogareiro com distintas panelas a ideia alternativa é colocar uma peça para fechar a boca e deixar a abertura das panelas pequenas usadas geralmente também no país, que têm um diâmetro de 22 cm.

Figura 20. Principais dimensões do modelo de fogareiro proposto.

Outras características para melhorar a ergonomia. De forma adicional, para aumentar a aceitação dos/as usuários/as podem ser incorporadas algumas melhorias ergonómicas menores tais como: • Suportes para colocar as panelas • Pegas laterais para transportar o fogareiro. • Suporte para elevar o fogareiro do chão.

Figura 21. Detalhe de algumas características adicionais do modelo de fogareiro melhorados. 25 2.3.5 Modelos e estratégias de disseminação dos fogareiros melhorados

Para a introduça o dos fogareiros melhorados no corredor Huambo-Cuanza Sul- Huambo, e de forma geral em Angola, sa o propostas algumas actividades divididas em duas categorias em funça o das a reas de fabricaça o e difusa o:

2.3.5.1 Áreas urbanas e periurbanas:

Nas a reas urbanas e periurbanas as principais actividades propostas sa o as seguintes sa o divididas em dois apartados: fabricaça o e difusa o e comercializaça o.

2.3.5.1.1 Fabricação Em relaça o a fabricaça o, e de forma acertada com o PNUD, a proposta e que sejam alunos de escolas profissionais de serralheria e/ou soldadura os responsa veis da fabricaça o dos modelos de fogareiros propostos. Para isso, numa primeira fase os responsa veis da Universidade de Co rdoba e da Universidade Jose Eduardo dos Santos, ja acertaram com alguns te cnicos especialistas em serralheria e soldadura algumas modificaço es para adaptar o modelos propostos a realidade de Angola em termos de disponibilidade de materiais e relaça o custo/benefí cio, tendo em conta os custos dos materiais, os preços que poderiam ser aplicados aos produtos para que o resultado seja um fogareiro com as caracterí sticas para melhorar a eficie ncia e que seja competitivo no mercado; que tenha acesso aos mercados com um preço acessível para o grupo alvo de consumo dos fogareiros. Numa fase posterior, uma vez os alunos tenham desenvolvido as capacidades de fabricaça o dos fogareiros, se espera uma apropriaça o por parte dos alunos que, junto com algumas propostas incluí das no apartado de modelos de comercializaça o deem como resultado a criaça o de microempresas para a fabricaça o por parte dos alunos dos fogareiros e seu acesso ao mercado formal e informal.

Para isso, os resultados deste relato rio, com o modelo proposto e as especificaço es te cnicas derivadas da fase de verificaça o de resultados explicada no apartado anterior, deveriam ser incluí dos num documento de TdR para que as escolas possam concorrer para uma acça o financiada pelo projecto numa primeira fase e com fundos do mesmo sejam financiadas as provas de produça o e comercializaça o destes fogareiros.

2.3.5.1.2 Modelos de difusão e comercialização dos fogareiros melhorados Numa primeira fase a fabricaça o de modelos de fogareiros melhorados deveria corresponder a s escolas que tenham assinado os acordos com o projecto para este efecto, segundo a proposta do apartado anterior. O resultado da venda destes fogareiros melhorados pode ter tambe m um resultado positivo para estas escolas ja que os benefí cios podera o ser destinados para financiar outras actividades das escolas ou a compra de materiais necessa rios para continuar com a actividade de produça o de fogareiros. Numa fase posterior, o objetivo final deveria ser criar um mercado de fogareiros melhorados orientado a introduça o de modelos com uma maior eficie ncia 26 energe tica no mercado angolano. Para isso, e preciso estabelecer um modelo de nego cio para a implementaça o e venda, onde sejam incluí das questo es relacionados com: • Relaça o custo/benefí cio tentando minimizar os custos de produça o com o uso de materiais locais e/ou reciclados sempre que seja possível e na o diminua a eficie ncia conseguida nas provas, para produzir fogareiros competitivos em relaça o com os actuais do mercado. • Modelos de procura de incentivos financeiros, tentando que os alunos consigam criar estructuras empresariais mí nimas, criar cooperativas ou associaço es de produtores tentando aceder a ajudas do estado atrave s de balco es de empreendimento e microcre ditos banca rios. • Actividades de difusa o e marketing. Realizar campanhas de comunicaça o com os consumidores para difundir os modelos melhorados e os resultados positivos dos mesmos em termos de consumo de combustível (carva o) empregado. Para isso, a nossa proposta e realizar apresentaço es em fe rias tecnolo gicas, fe rias de empreendedorismo, e apresentar os resultados atrave s das redes sociais disponíveis dos atores envolvidos nesta actividades (GABAC-MINAMB, PNUD, FCA-UJES, UCO e as escolas participantes do projecto, ale m de participar em programas de ra dio e televisa o encarregadas de difundir boas pra cticas relacionadas com o ambiente.

2.3.5.2 Áreas rurais

Nas a reas rurais as principais actividades propostas tambe m sa o apresentadas em dois apartados: fabricaça o e difusa o.

2.3.5.3 Fabricação

Os modelos propostos para a fabricaça o nas comunidades rurais sera o apresentados, numa primeira fase nas comunidades de Bonga e Cachindungo, na proví ncia do Huambo nas actividades de “Formaça o em Processos de Transformaça o de Biomassa e Eficie ncia Energe tica (fornos e fogareiros melhorados e produça o de briquetes)” junto com as “actividades de demonstraço es pra cticas te cnicas de tecnologias melhoradas de transformaça o de biomassa e eficie ncia energe tica (fornos e fogareiros melhorados e produça o de briquetes). Nestas actividades sera incentivada a participaça o da mulher na capacitaça o. E muito importante mobilizar o maior nu mero de mulheres ja que sa o elas as principais usua rias das tecnologias de consumo energe tico (fogareiros). No mo dulo especí fico de fogareiros melhorados sera o explicadas de uma forma pra ctica a construça o de fogareiros melhorados com materiais locais e o protocolo de avaliaça o da eficie ncia te rmica de uma forma simplificada em relaça o com as formas tradicionais de cozinhar na actualidade. A ideia e explicar de uma forma simples as vantagens a nível ambiental da reduça o de lenha para cozinhar e acertar com elas quais sa o as vantagens do uso destes fogareiros em termos de tempo e combustível empregado ale m de outros benefí cios como a reduça o de fumos 27 contaminantes. Isto, para ale m de formar parte da capacitaça o constitui um sistema de difusa o dos fogareiros melhorados. A actividade se completa com a capacitaça o para fabricar fogareiros melhorados para seu uso. O objetivo e a autoproduça o por parte das mulheres participantes dos modelos propostos a partir de materiais locais. De forma complementar sera o apresentados os modelos desenvolvidos nas escolas, com o objectivo de despertar em pessoas das comunidades o interesse na fabricaça o destes modelos para a sua venda. Somos conscientes das limitaço es desta actividade, mas tambe m pensamos que nas grandes aldeias das comunidades existem empreendedores que podem ter interesse em fabricar estes produtos e que sem ser o objectivo principal, pode ser aproveitado por alguns destes empreendedores locais para o seu fabrico e venda nos mercados locais.

2.3.5.4 Difusão dos fogareiros melhorados

As actividades de difusa o dos fogareiros melhorados estara o centradas numa primeira fase na actividade explicada anteriormente nas comunidades de Bonga e Cachindungo, no a mbito das actividades de “Formaça o em Processos de Transformaça o de Biomassa e Eficie ncia Energe tica” e as “actividades de demonstraço es pra cticas te cnicas de tecnologias melhoradas de transformaça o de biomassa e eficie ncia energe tica”. Esta actividade sera complementada em sucessivas formaço es previstas com as mesmas comunidades nas formaço es de seguridade e higiene, e a modo de exemplo explicativo nas formaço es de “criaça o e gesta o de estructuras empresariais” e “formaça o pra ctica e elaboraça o de planos de nego cio”. O resultado destas formaço es com as comunidades de Bonga e Cachindungo sera o difundidas com outros parceiros do projecto que tambe m esta o a desenvolver actividades com as comunidades (ADPP e COSPE), para que incorporem os

resultados nas suas pro prias experie ncias com as comunidades onde desenvolvem as suas actividades, dando maior difusa o aos resultados obtidos. Tudo isto, incorporando os resultados da consultoria sobres questo es de ge nero desenvolvidos no projecto para aumentar a representatividade da mulher na cadeia de valor da lenha e o carva o vegetal. Para difundir os resultados destas experie ncias, com uma ana lise dos mesmos, tendo em conta os elementos de sucesso e tambe m as principais barreiras encontradas, devera o ser incorporadas nas actividades de difusa o do projecto e dos intervenientes do mesmo (GABAC-MINAMB, PNUD, FCA-UJES e a UCO) atrave s das suas redes sociais, programas de ra dio e televisa o encarregadas de difundir boas pra cticas relacionadas com o ambiente e do desenvolvimento rural de Angola.

3 Anexos

Anexo 1. Protocolo avaliaça o eficie ncia dos fogareiros. Anexo 2. WBT excel table. Anexo 3. Revisa o fogareiros melhorados (extraí do do produto 2). 28 Anexo 4. Inque rito (produto 3). Anexo 5. Especificaço es te cnicas fogareiros melhorados propostos.