THELYPTERIS SUBG. AMAUROPELTA (THELYPTERIDACEAE) DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO PANGA, UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS, BRASIL Adriana A
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THELYPTERIS SUBG. AMAUROPELTA (THELYPTERIDACEAE) DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO PANGA, UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS, BRASIL Adriana A. Arantes1, Jefferson Prado2 & Marli A. Ranal1 RESUMO (Thelypteris subg. Amauropelta (Thelypteridaceae) da Estação Ecológica do Panga, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil) O presente trabalho apresenta o tratamento taxonômico para as espécies de Thelypteris subgênero Amauropelta que ocorrem na Estação Ecológica do Panga. Thelypteridaceae mostrou-se uma das mais representativas da pteridoflora local, com 14 espécies de Thelypteris segregadas em quatro subgêneros (Amauropelta, Cyclosorus, Goniopteris e Meniscium). Na área de estudo, o subgênero Amauropelta está representado por quatro espécies, Thelypteris heineri, T. mosenii, T. opposita e T. rivularioides. São apresentadas descrições, chave para identificação das espécies, comentários, distribuição geográfica e ilustrações dos caracteres diagnósticos. Palavras-chave: samambaias, Pteridophyta, cerrado, flora, taxonomia. ABSTRACT (Thelypteris subg. Amauropelta (Thelypteridaceae) of the Ecological Station of Panga, Uberlândia, Minas Gerais State, Brazil) This paper provides the taxonomic treatment for the species of Thelypteris subgenus Amauropelta in the Ecological Station of Panga. Thelypteridaceae is one of the richest families in the area, with 14 species of Thelypteris segregated in four subgenera (Amauropelta, Cyclosorus, Goniopteris, and Meniscium). In the area the subgenus Amauropelta is represented by four species, Thelypteris heineri, T. mosenii, T. opposita, and T. rivularioides. Descriptions, identification key, comments, geographical distribution and illustrations of diagnostic characters of the species are presented. Key words: ferns, Pteridophyta, ‘cerrado’, flora, taxonomy. INTRODUÇÃO Mundo. Thelypteris é subcosmopolita e Thelypteridaceae é uma das famílias mais subdividido em vários subgêneros. Adotando- ricas em pteridófitas, com cerca de 1.000 se a proposta de Smith (1990, 1992) para a espécies, e distribuição subcosmopolita, com classificação da família, cerca de 100 espécies a maioria das espécies ocorrendo nas regiões e cinco subgêneros de Thelypteris (Amauropelta, tropical e subtropical (Ponce 1995; Smith & Cyclosorus, Goniopteris, Meniscium e Cranfill 2002). A família é monofilética e Steiropteris) ocorrem no Brasil (Arantes et compreende duas grandes linhagens, uma al. 2007a, 2007b). chamada de phegopteróide, mais basal, que O presente trabalho é parte do levantamento inclui os clados Macrothelypteris, florístico das pteridófitas da Estação Ecológica Pseudophegopteris e Phegopteris, e a outra, do Panga que vem sendo realizado pelo thelypteróide, com os demais clados (Smith & Instituto de Biologia da Universidade Federal Cranfill 2002). A classificação da família é de Uberlândia, desde 1986. Neste artigo, parte controversa, mas há uma tendência do do tratamento de Thelypteridaceae para a reconhecimento de apenas dois gêneros Estação Ecológica do Panga está apresentada, (Macrothelypteris e Thelypteris), de acordo abordando as espécies de Thelypteris, com o arranjo proposto por Smith (1992), para subgênero Amauropelta, com chave de a flora do Peru. Macrothelypteris é nativo dos identificação, sinonímias, ilustrações, distribuição trópicos e subtrópicos da Ásia, ilhas do Pacífico, geográfica e comentários sobre as espécies. Queensland e África e naturalizado no Novo Chaves para gêneros e subgêneros e o Artigo recebido em 08/2007. Aceito para publicação em 01/2008. 1Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Biologia, C.P. 593, 38400-902, Uberlândia, MG, Brasil. 2Instituto de Botânica, C.P. 3005, 01061-970, São Paulo, SP, Brasil. Autor para correspondência: [email protected] 202 Arantes, A. A.; Prado, J. & Ranal, M. A. tratamento taxonômico para Macrothelypteris RESULTADOS E DISCUSSÃO e Thelypteris subgênero Cyclosorus O subgênero Amauropelta está encontram-se em Arantes et al. (2007a) e os representado na área por quatro espécies, tratamentos taxonômicos para os subgêneros Thelypteris heineri, T. mosenii, T. opposita Meniscium e Goniopteris desta mesma área e T. rivularioides. encontram-se em Arantes et al. (2007b). Thelypteris subg. Amauropelta (Kunze) A.R. MATERIAL E MÉTODOS Sm., Amer. Fern J. 63: 121. 1973. Amauropelta A Estação Ecológica do Panga Kunze, Farnkr. 1: 109. 1843. Tipo: Amauropelta (E.E.Panga) é de propriedade da Universidade breutelii Kunze (= Thelypteris limbata (Sw.) Federal de Uberlândia e abrange uma área Proctor) de 409,5 ha, situada a 30 km ao sul do centro Rizoma ereto, subereto ou reptante. Frondes da cidade de Uberlândia, MG, entre as subdimorfas; lâmina 1-pinado-pinatífida, pinas coordenadas 19°09’20”–19°11’10”S e proximais gradual a abruptamente reduzidas, 48°23’20”–48°24’35”W, a 740–840 m de ápice da lâmina confluente, pinatífido; altitude (Araújo et al. 2002). A área apresenta segmentos oblongos ou lineares, ápice obtuso, fitofisionomias comuns do bioma cerrado como agudo ou pungente; nervuras usualmente campestres (campo úmido e veredas), simples, ocasionalmente furcadas, o par savânicas (campo sujo, campo cerrado, proximal de nervuras dos segmentos adjacentes cerrado s.str.) e florestais (cerradão, mata encontrando-se na margem dos segmentos, acima mesófila semidecídua de encosta e de galeria) do sinus; indumento com tricomas aciculares, (Schiavini & Araújo 1989). uni- ou pluricelulares, não ramificados, raramente ausentes. Soros usualmente arredondados, Ao longo dos 20 anos de estudos no local, medianos ou submarginais sobre as nervuras; os espécimes testemunho foram coletados, indúsio presente ou ausente; esporângios glabros herborizados e encontram-se depositados nos ou setosos. Herbários HUFU, SP e UC (acrônimos segundo O subgênero Amauropelta foi dividido Holmgren et al. (1990)). Para o presente estudo, por Smith (1974) em nove seções, baseado nas foram realizadas novas coletas pontuais na formas do rizoma, no tipo e distribuição dos área, nos meses de outubro a dezembro de tricomas e presença ou ausência de aeróforos, 2004, a fim de melhorar a amostragem das de indúsio e de escamas sobre a costa. Na área espécies. de estudo, o subgênero pode ser caracterizado Para as identificações do material foi pela presença de pinas reduzidas na base da utilizada bibliografia especializada para o lâmina, nervuras livres, sendo que as nervuras subgênero, incluindo Ponce (1987, 1995), Smith basais dos segmentos adjacentes unem-se à (1974, 1992, 1995a), Mickel & Smith (2004) e margem acima do sinus (Fig. 1d), além de Salino & Semir (2004). Os nomes de autores esporos com superfície reticulada. de táxons foram abreviados segundo Pichi Mais de 200 espécies de Amauropelta Sermolli (1996). ocorrem no neotrópico e este é o maior subgênero, As descrições foram elaboradas com base se comparado com os demais da família. Há poucas nos caracteres morfológicos dos espécimes espécies de Amauropelta na África, Madagascar, coletados na área e, quando necessário, Ilhas Mascarenas e Ilhas do Oceano Pacífico complementadas com material de áreas e apenas uma no Havaí (Smith 1992). próximas. As informações sobre a distribuição Algumas espécies são amplamente geográfica foram extraídas da literatura distribuídas, ocorrendo do sudeste do México consultada e das etiquetas dos espécimes até a Bolívia (Smith 1992). A região andina é o examinados nos herbários HUFU, SP e UC. principal centro de diversidade, sendo Rodriguésia 59 (1): 201-208. 2008 Thelypteris subg. Amauropelta da E.E.Panga 203 conhecidas 60 espécies para o Equador subgênero. Comparando-se esses dados com (Smith 1983), 47 para o Peru (Smith 1992) e as espécies encontradas na E.E. Panga, as 57 para toda a Mesoamérica (Smith 1995b). quatro espécies encontradas aqui são de Para a região centro-oeste da América do Sul, ocorrência comum com o estado de São Paulo. excluindo a Bolívia, são conhecidas 40 espécies Em relação aos demais levantamentos do do subgênero (Ponce 1998). Para o Brasil são subgênero, as espécies Thelypteris opposita listadas 35 espécies, a maioria para os estados e T. rivularioides apresentaram distribuição das Regiões Centro-Oeste e Sudeste e 20 mais ampla; T. opposita com amplitude de espécies para a Região Sul (Ponce 1995, 1998). ocorrência desde o México até o sul do Brasil A maior parte das espécies ocorre em bordas e T. rivularioides ocorrendo mais ao sul da de florestas úmidas, ao longo das margens de América Latina, ou seja, do centro-oeste ao rodovias, trilhas, riachos e em locais úmidos, sul do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. especialmente em elevações medianas a altas Thelypteris heineri e T. mosenii apresentam (Mickel & Smith 2004). distribuição mais restrita ao centro-oeste e Para o estado de São Paulo, Salino & sudeste do Brasil, sendo T. mosenii, Semir (2004) listaram 22 espécies do encontrada também no Paraguai. Chave para as espécies de Thelypteris subg. Amauropelta na E.E. do Panga 1. Face abaxial da lâmina com tricomas uncinados e pluricelulares sobre a raque, costa e nervuras .................................................................................................................... 4. T. rivularioides 1’. Face abaxial da lâmina sem tricomas uncinados e pluricelulares sobre a raque, costa e nervuras. 2. Raque com tricomas aciculares, hialinos ou ferrugíneos, antrorsos, tricomas glandulares ausentes; costa e nervuras com tricomas esbranquiçados; soros sem indúsio; esporângios setosos .......................................................................................................... 1. T. heineri 2’. Raque,