Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Da Fábrica À Várzea
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DA FÁBRICA À VÁRZEA: CLUBES DE FUTEBOL OPERÁRIO EM PORTO ALEGRE Miguel Enrique Almeida Stédile Orientador: Prof. Dr. Cesar Augusto Barcellos Guazzelli. Porto Alegre 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DA FÁBRICA À VÁRZEA: CLUBES DE FUTEBOL OPERÁRIO EM PORTO ALEGRE Miguel Enrique Almeida Stédile Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em História. Orientador: Prof. Dr. Cesar Augusto Barcellos Guazzelli. Porto Alegre 2011 Para Daniel Cassol AGRADECIMENTOS Agradeço ao Prof. César Guazzelli, que aceitou de imediato a orientação desta pesquisa, enriquecendo este trabalho a cada etapa com as recomendações necessárias. Sou grato também ao Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS por acolher este pesquisador e, em especial, aos professores Eduardo Neumann, Regina Webber e Silvia Petersen pelas opiniões e sugestões bibliográficas. Agradeço aos professores Arlei Damo e Gerson Wasen Fraga pelas importantes contribuições sugeridas na qualificação e que ajudaram a ajustar o rumo desta pesquisa. Agradeço igualmente pelo diálogo e pelas colaborações do Professor Gilmar Mascarenhas (UERJ) e das professoras Janice Zarpellon Mazo (ESEF/UFRGS), Fátima Antunes e Heloísa Fernandes (USP). Durante o mestrado, também tive a oportunidade de conviver e compartilhar opiniões com um grupo privilegiado de colegas e agradeço por esta rica experiência a Karina Melo, Rafael Fantinel, Soraia Dornelles e Vinicius Pereira de Oliveira. E de maneira carinhosa, à Roberta Zettel, inseparável e inestimável companhia em toda esta trajetória. Aos meus valorosos camaradas da República Tricolor, Carlos Eduardo Torcato e Rodrigo Lentz, companheiros de irmandade, estudo e, claro, futebol. Ao camarada Igara Paquola, parceiro de muitas empreitadas e que, tantas vezes, pacientemente, ouviu minhas divagações e reclamações. Pelo apoio e amizade em todo o percurso, também sou muito grato a Anderson Barreto, Andréia Meinerz, André Carrasco, Ângelo Diogo Mazin, Adalberto “Pardal” Martins, Anderson Girtotto e Simone Beatricci, Cassia Bechara, Carina Wasckiewickz, Cleide Almeida e Tiago Sotilli, Daniela Conte, Danilo Augusto, Diana Daros, Diogo Castro, Edgar Kolling, Edson Cadore, Edson Neves Junior, Francinaldo “Joba” Alves, Felipe Canova e Silvia Alvarez, Gleisa Campigotto, Igor Fellipi, Ivori de Moraes, Janaina Stronzake, Joana Tavares, Joel Guindani, Lauro Duvoisin, Lucila da Rosa, Manoel Dourado Bastos, Marcio Both, Maria Mello, Marleide Rocha, Mariana Duque, Marivani da Silva Martins, Mauricio Borsa, Paola Pereira e Tiago Manginni, Rafael Litvin Villas Boas, Raquel Casiraghi, Rodrigo e Richard Torsiano, Thalles Gomes. À minha família, por tudo. Aos trabalhadores dos acervos pesquisados, em especial ao Núcleo de Pesquisa em História/UFRGS, agradeço pela receptividade e pelo apoio. Qualquer gol contra foi por falha deste zagueiro. “Joga-se como se vive” Miguel Askargota, técnico boliviano Resumo Os clubes de futebol operários em Porto Alegre, na primeira metade do século XX, são o objeto deste trabalho. Procura-se aqui identificar relações de dominação e resistência manifestas, através de uma forma específica de organização e de um espaço determinado de sociabilidade, durante o tempo livre destes trabalhadores, buscando compreender o futebol como campo de disputa entre operários e industriais, fora das fábricas, como espaço para formação de laços de solidariedade e identidade ou de subordinação e disciplinamento. Através da análise da imprensa, incluindo a esportiva e operária, demonstra-se como este processo está inserido dentro de um discurso moderno, que inclui o culto ao físico, o disciplinamento e higienização que, ao mesmo tempo, geram novos espaços urbanos e a organização de agremiações como novas formas de sociabilidade, convergindo em grandes eventos sociais de afirmação desta modernidade. Trata-se de uma tensão permanente entre industriais, igreja, Estado e operários, pelo controle do espaço e das relações extra-fabris, no qual esse discurso é apropriado e re-significado pelos operários como forma de organização, acesso ao tempo livre e construção de laços de identidade e solidariedade, ao mesmo tempo em que contribui para a popularização deste esporte. Palavras-chave: futebol, operários, modernidade. Abstract The workers' football teams in Porto Alegre, in the first half of the 20th century, are the subject of this work. We seek here to identify relations of manifest domination and resistance, through an especific form of organization and a determined space of sociability, during the free time of these workers, seeking to understand football as a place of dispute between workers and industrialists, outside of the factories; as a space for the formation of bonds solidarity and identity or subordination and disciplining. Through analysis of the press, including sport's and workers' press, it is shown how this process is housed within a modern discourse, which includes the cult of the body, disciplining and sanitation, which at the same time generates new urban spaces and the organization of associations as new forms of sociability, converging into large social events of affirmation of that modernity. This is a permanent tension between industrialists, church, State and workers for the control of space and extra-factories relations. Where this discourse is appropriated and re-signified by the workers as a form of organization, access to free time and the building of bonds of solidarity and identity, at the same time that it contributes for the popularization of this sport. keywords: football, workers, modernity. Lista de Imagens Figura 1 - A área destacada no quadrado identifica o Quarto Distrito na Planta da Cidade de Porto Alegre (1916). ........................................................................................................... 98 Figura 2 – Capa da “Revista do Globo” com a missa em celebração ao 1.º de maio, em 1938. Ao alto, à esquerda, vê-se a delegação representando as “equipes esportivas”. ................. 118 Figura 3 - Getúlio Vargas entrega o troféu Eldorado, em homenagem ao 1.º de maio, para Ademir Menezes, 28 de maio de 1952. ................................................................................... 122 Figura 4-Equipe do Força e Luz no Campeonato citadino de 1934. Revista do Globo, n.º133, março/1934. ............................................................................................................................ 138 Figura 5 - Equipe do Zivi, Miller, Hercules vencedora da Olímpiada de Confraternização Operária. AMARO JUNIOR, 1952. ........................................................................................ 142 Figura 6 - Fundadores do G.E. Renner. O militante comunista Modesto Zanatta é o último, à direita, na segunda fila. .......................................................................................................... 153 Figura 7 - Nery Onofre Camargo, o Sabiá, ponta-esquerda do Renner em seu trabalho nos escritórios das Lojas Renner. ................................................................................................. 156 Figuras 8 e 7- Mascote do Renner segundo o Departamento de Propaganda da empresa. Ao lado, o clube representado na charge de Sampaio, “cortejando” o campeonato de 1954, sob olhar do mascote do S.C. Internacional. ................................................................................ 159 SUMÁRIO Introdução ............................................................................................................................... 10 Capítulo 1 - Um mundo inteiro a ganhar ............................................................................. 33 1.1. A periferia reinterpreta a modernidade .......................................................................... 41 1.2. A Reapropriação do discurso moderno pelos operários .............................................. 52 Capítulo 2 - A quem pertence o Mundo ............................................................................... 64 2.1. O “Paradigma Bangu” ................................................................................................... 64 2.2. Das várzeas aos grounds, dos grounds às várzeas ......................................................... 76 Capítulo 3 - O Campo em disputa ......................................................................................... 98 3.1. “Sindicato de classe não é associação recreativa” ....................................................... 106 3.2. “O operário desperdiça o tempo livre, procura a felicidade nos antros de perdição” . 114 3.3. O Estado como regulador do Trabalho e do Esporte ................................................... 119 Capítulo 4 - Sob a sombra das chaminés ............................................................................ 126 3.1. A fortaleza inexpugnável ............................................................................................. 144 3.2. “Nós e Eles” ................................................................................................................ 164 Conclusão .............................................................................................................................. 167 10 Introdução Os clubes operários de futebol, em Porto Alegre, atuantes entre as décadas de 1920 a 1950, são o objeto