Pontifícia Universidade Católica De São Paulo Puc-Sp

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Pontifícia Universidade Católica De São Paulo Puc-Sp PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP LUÍS CLÁUDIO CARDOSO BANDEIRA “ROTAS E RAIZES” DE ANCESTRAIS ITINERANTES DOUTORADO EM HISTÓRIA SOCIAL SÃO PAULO 2013 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP LUÍS CLÁUDIO CARDOSO BANDEIRA “ROTAS E RAIZES” DE ANCESTRAIS ITINERANTES DOUTORADO EM HISTÓRIA SOCIAL Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em História Social, sob a orientação da Profª Drª Maria Antonieta Martines Antonacci. SÃO PAULO 2013 Banca Examinadora __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ __________________________________ Laroiê Esu ! Chegou a hora, quem lá no mato mora, é que vai agora se apresentar. No chão do terreiro a flecha do Seu Flecheiro foi que primeiro zuniu no ar. Vi Seu Aimoré, Seu Coral, vi Seu Guiné, Vi Seu Jaguará, Seu Araranguá, Tupaíba eu vi, Seu Tupã, vi Seu Tupi, Seu Tupiraci, Seu Tupinambá. Vi Seu Pedra-Preta se anunciar, Seu Rompe-Mato, Seu Sete-Flechas, Vi Seu Ventania me assoviar, Seu Vence Demandas eu vi dançar,Benzeu meu patuá. Vi Seu Pena-Branca rodopiar, Seu Mata-Virgem, Seu Sete-Estrelas, Vi Seu Vira-Mundo me abençoar, Vi toda a falange do Jurema. Dentro do meu gongá. Seu Ubirajara trouxe Seu Jupiara, e Seu Tupiara pra confirmar. Linha de Caboclo, diz Seu Arranca-Toco, um é irmão do outro quem vem lá. Com berloque e jóia vi Seu Araribóia, com Seu Jibóia, beirando o mar,com cocar, borduna, chegou Seu Grajaúna,com Baraúna mandou chamar. Vi Seu Pedra-Branca se aproximar, Seu Folha-Verde, Seu Serra-Negra, Seu Sete-Pedreiras eu vi rolar, Seu Cachoeirinha ouvi cantar, Seu Girassol girar. Vi Seu Boiadeiro me cavalgar, Seu Treme-Terra, Seu Tira-Teima,Seu Ogum-das-Matas me alumiar. Vi toda a nação se manifestar, dentro do meu gongá. ( Linha de Caboclo – Paulo César Pinheiro.) DEDICATÓRIA A meus pais Ildefonso (in memorian) e Maria Gildete, que envolvidos pela esperança alegre da vida que me concederam, souberam com sacrifícios me educar na fé, no amor, carinho e compreensão. A minha bisavó Rita Cardoso, que cultivava em seu jardim uma infinidade de plantas medicinais, e gratuitamente as doava a todos que a ela recorriam em busca de cura. A minha tia-avó Antônia Carvalho dos Santos, que em sua infinita sabedoria, partilhou seus conhecimentos acerca dos encantados, dos mistérios e da cultura amazônica, povoando minha infância de alegrias, sonhos, sabores, saberes e fazeres. Agradecimentos “Que a água seja refrescante. Que o caminho seja suave. Que a casa seja hospitaleira. Que o mensageiro conduza em paz nossa palavra”. Benção Yorubá. Ao realizarmos este trabalho muitas pessoas deixam marcas de suas generosas contribuições. Nesse sentido, torna-se dificil mencionar todos e todas, por isso, antes de mais nada, quero pedir desculpas àqueles que por falha pessoal esqueci de mencionar. À Deus pelo dom da vida, e presença constante em todos os momentos, sendo farol e guia a iluminar e conduzir meus passos nos líquidos caminhos ao longo da jornada de minha existência. À minha orientadora Profª Drª Maria Antonieta Antonacci pela amizade, orientação segura e precisa, mas principalmente pelo companheirismo e compreensão ao longo dessa jornada, entre rios, mares, serras, sertões e florestas. Aos meus pais Ildefonso Torres Bandeira (in memorian) e Maria Gildete Cardoso Bandeira, que sempre foram e continuam sendo meu porto seguro em todos os momentos. À minha esposa e grande amor da minha vida Gisela Costa Pereira Bandeira, pelo amor, carinho, dedicação e companheirismo ao longo desses anos de casamento. Desculpe pelas ausências ao longo das pesquisas e redação da tese. A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em História da PUC-SP pela amizade, aulas enriquecedoras e apoio durante esta caminhada. Aos professores Doutores Ênio José da Costa Brito, Amailton Magno de Azevedo, pela leitura cuidadosa do texto e valiosas sugestões, que muito enriqueceram esta pesquisa, na ocasião da banca de qualificação. As mesmas, na medida do possível, foram aqui incorporadas. Aos colegas de curso pelos diálogos, conversas e debates muito proveitosos e enriquecedores no decorrer do curso. A Edson Holanda pela parceria no transporte do material de pesquisa dos arquivos paraenses e maranhenses. E a Francisco Pinheiro, cearense radicado no Acre, pelo convívio gratificante, amizade e grandes risadas durante todo o curso, nos momentos de alegria, dificuldades e loucuras, que muito contribuiu para amenizar a grande saudade que sentíamos de nossos familiares. Muito Obrigado meus amigos. Ao amigo Marlon Melo pela generosa contribuição e competência na língua inglesa, na revisão do abstract. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pela concessão de bolsa, sem a qual essa tese não teria sido possível de ser realizada. A Prefeitura Municipal de Fortaleza e de Maracanaú pela liberação de minhas atividades docentes, pois sem ela não teria sido possível realizar a presente tese. A Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFPA, na pessoa da bibliotecária Alzira Rosa Farias de Almeida, pelo acolhimento e precisa ajuda na coleta de material bibliográfico. Aos funcionários das instituições visitadas pela atenção e boa vontade com que fomos atendidos – Arquivo Público do Estado do Pará, Arquivo Público do Estado do Maranhão, Arquivo Público do Estado do Ceará. A Fundação Cultural Tancredo Neves (CENTUR), Biblioteca Pública do Pará Artur Vianna, na pessoa da bibliotecária Ediza Maria Morais, do Setor de obras raras; a Carmelinda Cruz, do Setor de microfilmagem; a bibliotecária Socorro Henrique e a historiadora Luisa Amador, que muito colaboraram com a pesquisa. Aos funcionários do Arquivo Nacional Torre do Tombo, Arquivo Histórico Ultramarino, Fundação Calouste Gulbenkian, Instituto de Investigação Científica Tropical, pela acolhida e contribuição na pesquisa em terras portuguesas. A Biblioteca Pública do Ceará Governador Menezes Pimentel, na pessoa de Raimunda Maria Nogueira, Setor de Periódicos; Madalena Figueiredo, Setor de obras raras; e as bibliotecárias Terezinha Maciel e Anísia Cavalcante, Setor do Ceará, pela paciência e disponibilidade. Ao Arquivo da Cúria Diocesana de Sobral, ao Arquivo da Universidade Estadual Vale do Acaraú, pela receptividade e contribuição em um momento complicado da pesquisa. A yalorixá Mãe Lulu e a toda a comunidade do Terreiro de Mina Dois Irmãos, em Belém do Pará; ao babalorixá Cleudo ti Osun, e a toda a comunidade do Ilê Asé Ya Omi Arin Ma Sun, em Maracanaú- CE; que de forma generosa nos acolheram, concederam entrevistas e permitiram acompanhar rituais, iniciações, processos de cura nessas Casas-de-Santo. As Erveiras e a Associação das Erveiras e Erveiros do Ver-o-Peso, pela acolhida, entrevistas e amizade desenvolvida ao longo do trabalho de campo. Muito Obrigado a todos, em particular a Dona Tiêta que rezou em mim, para “abrir” e proteger meus caminhos ao longo de toda a pesquisa. Aos rezadores cearenses, José Nizan e Raimundo Balbino que de forma generosa muito me ensinaram do universo das “rezas”, em particular a Seu Raimundo que “rezou” em mim para me fortalecer nas andanças para a realização da presente tese. Ao povo-de-santo e povo de cura cearense, maranhense e paraense pelo magnífico aprendizado nas religiões afroindígenas. Este trabalho foi realizado graças a amizade e generosidade de todos vocês. Akolofé! A todas as pessoas que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização desta pesquisa e de Doutorado. BANDEIRA, L. C. C. “Rotas e Raízes” de Ancestrais Itinerantes. Tese (Doutorado em História Social). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: São Paulo, 2013. Resumo Esta tese, na perspectiva dos Estudos Culturais, tem como ponto de partida investigar expressões da religiosidade e a cura na “pajelança afroindígena”, focando diferentes injunções de rituais e matrizes culturais africanas e indígenas no Norte e Nordeste Brasileiro, em circuitos que se configuram enquanto luso-afro-amazônicos. Procurando apreender saberes no trato do corpo em práticas de cura que perpassam o período da escravidão e do abolicionismo, em perspectiva de longa-duração, analisa ações de curandeiros, embates e conflitos com o Estado e a medicina institucional vigente, em decorrência de diferentes saberes e crenças, sem perder de vista rituais de cura presentes em terreiros de Candomblé, Umbanda, Catimbó, Mina, Jurema e Pajelança, presentes em Fortaleza, Codó, Cururupu e Belém. A partir de laços identitários historicamente construídos em “rotas e raízes”1 do continente africano, a Portugal, desaguando em solo brasileiro em trânsitos que perpassam o Ceará, o Maranhão, o Pará e demais estados que compõem a área cultural amazônica. Buscamos compreender o universo mágico-religioso, constituído de encantarias que motivam e fortalecem curadores, pajés, babalorixás, yalorixás, benzedores, erveiras, rezadeiras e outros agentes de cura, que sem se curvarem prosseguem desafiando a lógica cartesiana, no intuito de curar a si e seus parceiros, preservando tradições e espaços culturalmente inseridos em Terras Brasilis. Palavras chaves: Religiosidade, Corpo, Cura, Diáspora, Pajelança Afroindígena, Amazônia 1 Expressão de Paul Gilroy ao referir-se ao Atlântico Negro, pensado como um novo paradigma de análise. GILROY, Paul. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Editora 34, Rio de Janeiro: UCAM, 2001. BANDEIRA, L. C.
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