FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

LAURA CALIXTO

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: A DIVULGAÇÃO DE RELATÓRIOS NA AMÉRICA LATINA

SÃO PAULO 2011

LAURA CALIXTO

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: A DIVULGAÇÃO DE RELATÓRIOS NA AMÉRICA LATINA

Tese apresentada à Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Administração de Empresas.

Linha de Pesquisa: Gestão Socioambiental e da Saúde.

Orientador: Prof. Dr. José Carlos Barbieri

SÃO PAULO 2011

Calixto, Laura. Responsabilidade Socioambiental: A Divulgação de Relatórios na América Latina / Laura Calixto - 2011. 316f.

Orientador: José Carlos Barbieri Tese (doutorado) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.

1. Desenvolvimento sustentável. 2. Empresas – Aspectos sociais. 3. Empresas – Aspectos ambientais. 4. Responsabilidade social da empresa. 5. Empresas – América Latina. I. Barbieri, José Carlos. II. Tese (doutorado) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. III. Título.

CDU 658.011.1

LAURA CALIXTO

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: A DIVULGAÇÃO DE RELATÓRIOS NA AMÉRICA LATINA

Tese apresentada à Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Administração de Empresas.

Linha de Pesquisa: Gestão Socioambiental e da Saúde.

Data de aprovação: ____/____/____

Banca examinadora:

______Prof. Dr. José Carlos Barbieri (Orientador) Fundação Getulio Vargas-EAESP

______Profa. Dra. Carmen Augusta Varela Fundação Getulio Vargas-EAESP

______Profa. Edilene Santana Santos Fundação Getulio Vargas-EAESP

______Profa. Dra. Fernanda Gabriela Borger Universidade de São Paulo

______Prof. Jeovan de Carvalho Figueiredo Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, por tudo. Aos meus irmãos, à minha querida tia Antônia e aos meus primos, por todo apoio e atenção.

Algumas pessoas muito especiais: Regina, Juliana, Luana, Marcelo, Fabinho, José Wagner, Kécya, Walquíria, Givaldo, Ivana, Glêdes, Priscila, Tati, Dani, Eddie, Varela e Patricia.

Aos meus amigos “antigos” e “recentes”, que me apoiaram, mas nem sempre compreenderam porque “sumi”. Na verdade, em vez de agradecer o que eu quero mesmo é pedir desculpas pela ausência total.

Aos companheiros do LEPI.

Ao professor Barbieri, pela paciência e profissionalismo na orientação da pesquisa.

Aos demais professores membros da banca examinadora, por suas críticas e sugestões.

Aos funcionários da biblioteca da FGV.

À FAPESP, pela bolsa de estudos concedida.

Ao GV pesquisa pelo custeio das mensalidades no período em que fui bolsista da FAPESP.

As idéias não têm dono São patrimônio do pensamento humano, incessante. Somos repetidores de idéias já pensadas. O máximo que fazemos é vesti-las com roupas, no afã de cumprir nosso ofício de costureiros de letras. Somos jardineiros de idéias. Fazemos jardins com pensamentos dos outros. Carlos Drumond de Andrade

RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de analisar comparativamente as informações socioambientais divulgadas pelas companhias latino-americanas nos seus relatórios. Foi efetuada uma análise de conteúdo das informações socioambientais divulgadas por uma amostra de 226 organizações, no período de 2004 a 2009, segregadas por país, empresa, setor e ano. Foram utilizadas as diretrizes voluntárias da Global Reporting Initiative como escopo para analisar o conteúdo dos relatórios anuais, relatórios de sustentabilidade e Formulários 20F, disponibilizados pelas organizações, nos seus websites ou nas bolsas de valores em que negociam suas ações. A maioria das companhias de capital aberto na região não disponibiliza informações socioambientais nos seus relatórios anuais ou em relatórios específicos sobre o tema. No âmbito das multinacionais que operam na América Latina e que foram selecionadas para este estudo, percebeu-se maior concentração dessas na , Chile e Peru e foram as companhias que mais divulgaram informações socioambientais nos relatórios analisados nesses países. Entre os países latino-americanos, verificou-se que o nível de aderência às diretrizes voluntárias de divulgação de informações socioambientais é baixo, mas as companhias estabelecidas no Brasil são as que têm maior e melhor nível de aderência a tais diretrizes. O referencial teórico indicou as várias influências históricas que contribuíram para esse resultado, como a organização e adesão do setor empresarial à questão socioambiental, além do apoio de ONGs que se especializaram em difundir o tema. O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, além de outras entidades, como IBASE e GIFE, exerceram e exercem importante papel na difusão e profissionalização das ações socioambientais das companhias brasileiras. Nos demais países, o assunto ainda é incipiente, apesar de haver várias instituições locais voltadas para a participação empresarial na elaboração e divulgação de relatórios voltados para o tema, o assunto começou a ser amplamente divulgado há poucos anos. As companhias que compuseram a amostra deste trabalho estão entre as de maior porte dos seus respectivos países. No caso do Brasil e do México, a indústria local tem sua maneira própria de elaborar ações socioambientais, bem como, divulgá-las em relatórios específicos. Quanto à evolução e forma de divulgação de informações socioambientais, tem-se o relatório anual como o principal canal utilizado pelas companhias para destacar tais informações, seguido do relatório de sustentabilidade, divulgado como parte do relatório anual, ou como uma publicação específica.

Palavras-chave: Divulgação Socioambiental, Global Reporting Initiative , América Latina

ABSTRACT

This work aims to comparatively analyze the social and environmental information disseminated by Latin American companies in their reports. A content analysis was made of the social and environmental information disclosed by a sample of 226 organizations, in the period from 2004 to 2009, categorized by country, company, industry, and year. Voluntary guidelines by Global Reporting Initiative were used as a guide to analyze the content of annual reports, sustainability reports and 20F Forms, made available by organizations on their websites or by the stock exchanges on which they negotiate their actions . Most trading companies in the region do not provide social and environmental information in their annual reports or specific reports on the subject. Within the framework of multinationals operating in Latin America and that have been selected for this study, a greater concentration of those in Argentina, Chile and Peru were companies about whom more information was made available and environmental information in reports analyzed. Generally the level of adherence to the disclosure of social and environmental information using voluntary guidelines, by the Latin American countries that were analyzed during this study was found to be low, though companies established in Brazil were found to have a higher level of adherence to these guidelines. The theoretical reference indicated that various historical influences have contributed to the above result, such as the attention to social and environmental issues given by business leaders, in addition to the support of NGO’s that specialize in providing information on the subject. The Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, and other entities, such as IBASE and GIFE performed an important role in the dissemination and professionalization of social and environmental information of Brazilian companies. In the other Latin American countries the subject is still incipient, although there are several local institutions that focus on corporate participation in the development and dissemination of reports focused on the subject. These reports only became widely available a few years ago. Companies that made up the sample of this study were among the largest in their respective countries. In the case of Brazil and Mexico, local industry has its own way of carrying out social and environmental initiatives, as well as disclosing the relevant information in specific reports. Regarding the development and dissemination of social- environmental information, the annual report has become the main source used for this purpose, followed by the sustainability report, published as part of the annual report or as a specific publication.

Keywords: Social-environmental disclosure, Global Reporting Initiative, Latin America

LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1: Tipos de interesses de uma organização ...... 24 Quadro 2.2: Distinções entre os Stakeholders ...... 27 Quadro 2.3: Estudos empíricos sobre a Teoria dos Stakeholders ...... 37 Quadro 2.4: Classificação das Teorias sobre Responsabilidade Social Corporativa ...... 50 Quadro 2.5: Fundações, Institutos e Associações Voltadas para a Questão Socioambiental ...... 59 Quadro 2.6: Princípios para Elaboração do Relatório de Sustentabilidade ...... 74 Quadro 2.7: critérios para avaliação dos níveis de aplicação das diretrizes GRI ...... 81 Quadro 2.8: Resumo dos Principais Requerimentos Legais a Respeito da Questão Ambiental em Alguns Países ...... 95 Quadro 2.9: Levantamento Bibliográfico sobre a Divulgação Socioambiental via Relatórios ...... 103 Quadro 2.10: Estudos sobre a Divulgação Socioambiental no Contexto Nacional ...... 112 Quadro 2.11: Indicadores Financeiros Utilizados para Análise de Balanços ...... 117 Quadro 2.12: Razões Fundamentais do Despertar da Governança Corporativa ...... 124 Quadro 2.13: Valores da Governança Corporativa ...... 125 Quadro 2.14: Síntese dos Princípios da OCDE ...... 127 Quadro 2.15: Resumo das Iniciativas de Governança Corporativa na América Latina ...... 129 Quadro 2.16: Empresas que compõem a carteira ISE ...... 138 Quadro 3.1: Categorias Selecionadas para Condução da Análise de Conteúdo ...... 155

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Visão dos Stakeholders da Organização...... 30 Figura 2.2: Classificação da Literatura Sobre a Teoria dos Stakeholders...... 32 Figura 2.3: Responsabilidades Sociais das Organizações ...... 46 Figura 2.4: Modelo de Responsabilidade Social Corporativa ...... 47 Figura 2.5: Empresas Brasileiras que Publicaram o Balanço Social – IBASE...... 91 Figura 2.6: Processo de Comunicação de Políticas Sociais e Desempenho Corporativo ...... 96 Figura 2.7: Visão Esquemática do Capítulo ...... 144 Figura 3.1: Fluxo para Desenvolvimento de uma Análise de Conteúdo ...... 152 Figura 4.1: Diálogo com Stakeholders – Argentina ...... 173 Figura 4.2: Governança Corporativa – Argentina ...... 174 Figura 4.3: Emissões, Efluentes e Resíduos – Argentina ...... 176 Figura 4.4: Informações sobre a forma de gestão – Argentina ...... 177 Figura 4.5: Riscos Econômicos - Argentina ...... 178 Figura 4.6: Riscos por país – Argentina ...... 178 Figura 4.7: Saúde e Segurança – Argentina ...... 179 Figura 4.8: Treinamento e educação – Argentina ...... 180 Figura 4.9: Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente – Argentina ...... 181 Figura 4.10: Investimentos Sociais – Argentina ...... 182 Figura 4.11: Codificação Consolidada: Argentina ...... 183 Figura 4.12 Diálogo com Stakeholders – Brasil ...... 186 Figura 4.13: Governança Corporativa – Brasil ...... 187 Figura 4.14: Normas Internacionais e Certificação – Brasil ...... 188 Figura 4.15: Inovação Tecnológica – Brasil ...... 189 Figura 4.16: Emissões, Efluentes e Resíduos – Brasil ...... 190 Figura 4.17: Gastos Ambientais – Brasil ...... 191 Figura 4.18: Legislação Ambiental – Brasil ...... 191 Figura 4.19: Legislação por país – Brasil ...... 192 Figura 4.20: Gestão Ambiental – Brasil ...... 193 Figura 4.21: Riscos Econômicos – Brasil ...... 194 Figura 4.22: Riscos Econômicos por ano – Brasil ...... 194

Figura 4.23: Aspecto Emprego – Brasil ...... 196 Figura 4.24: Aspecto Saúde e Segurança no Trabalho – Brasil ...... 196 Figura 4.25: Aspecto Treinamento e Capacitação Profissional – Brasil ...... 197 Figura 4.26: Investimentos Sociais – Brasil ...... 199 Figura 4.27: Reconhecimento Público e Prêmios – Brasil ...... 199 Figura 4.28: Codificação Consolidada: Brasil ...... 200 Figura 4.29: Diálogo com Stakeholders – Chile ...... 203 Figura 4.30: Governança Corporativa – Chile ...... 204 Figura 4.31: Normas Internacionais e Certificação – Chile ...... 205 Figura 4.32: Aspecto Emissões, Efluentes e Resíduos – Chile ...... 206 Figura 4.33: Legislação Ambiental – Chile ...... 207 Figura 4.34: Riscos Econômicos – Chile ...... 208 Figura 4.35: Riscos Segregados por país – Chile ...... 209 Figura 4.36: Aspecto Emprego – Chile ...... 210 Figura 4.37: Aspecto Saúde e Segurança no Trabalho – Chile ...... 210 Figura 4.38: Aspecto Treinamento e Educação – Chile ...... 211 Figura 4.39: Investimentos Sociais – Chile ...... 212 Figura 4.40: Codificação Consolidada: Chile ...... 213 Figura 4.41: Governança Corporativa – México ...... 216 Figura 4.42: Normas Internacionais e Certificação- México ...... 217 Figura 4.43: Aspecto Emissões, Efluentes e Resíduos- México ...... 218 Figura 4.44: Aspecto Legislação e Regulamentos- México ...... 219 Figura 4.45: Aspecto Indicadores Econômicos- México ...... 220 Figura 4.46: Riscos Econômicos- México ...... 220 Figura 4.47: Riscos Segregados por país- México ...... 221 Figura 4.48: Aspecto Emprego- México ...... 222 Figura 4.49: Aspecto Saúde e Segurança no Trabalho- México ...... 222 Figura 4.50: Investimentos Sociais- México ...... 223 Figura 4.51 Codificação Consolidada: México ...... 224 Figura 4.52: Normas Internacionais e Certificação – Peru ...... 228 Figura 4.53: Investimentos Sociais – Peru ...... 229 Figura 4.54 Codificação Consolidada: Peru ...... 230

Figura 4.55: Diálogo com Stakeholders Consolidado por país ...... 231 Figura 4.56: Desempenho Ambiental Consolidado por país ...... 238 Figura 4.57: Desempenho Social Consolidado por país ...... 241 Figura 4.58: Governança Corporativa Consolidado por país ...... 243 Figura 4.59: Desempenho Econômico Consolidado por país...... 244 Figura 4.60 Análise por setor: Argentina ...... 245 Figura 4.61: Análise por setor: Peru ...... 245 Figura 4.62: Análise por setor: Chile ...... 246 Figura 4.63: Análise por setor: Brasil ...... 246 Figura 4.64: Análise por setor: México ...... 247

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Empresas Estabelecidas na América Latina que Utilizaram as Diretrizes GRI ...... 82 Tabela 2.2: Empresas Estabelecidas na América Latina que Aderiram ao Pacto Global ...... 84 Tabela 2.3: Empresas Latino-Americanas Certificadas pela SA 8000...... 85 Tabela 2.4: Empresas Latino-Americanas Certificadas pela ISO 14001 ...... 88 Tabela 2.5: Número de Empresas Associadas ...... 89 Tabela 2.6: Dimensões do Mercado de Capitais Latino-Americano em Junho de 2008 ...... 131 Tabela 2.7: Empresas Latino-Americanas com ações Cotadas na NYSE ...... 131 Tabela 2.8: Produto Interno Bruto Total a Preços Correntes de Mercado (UM$) ...... 141 Tabela 2.9: Taxas de Variação Anual do Produto Interno Bruto ...... 142 Tabela 2.10: Produto Interno Bruto por Setor ...... 142 Tabela 2.11: As 500 Maiores Empresas da América Latina ...... 143 Tabela 3.1: Companhias de Capital Aberto Selecionadas ...... 168 Tabela 3.2: Companhias Selecionadas por País ...... 169 Tabela 4.1: Companhias por Setor ...... 171 Tabela 4.2: Companhias Argentinas que Utilizaram as Diretrizes GRI ...... 172 Tabela 4.3: Companhias Brasileiras por Setor ...... 185 Tabela 4.4: Companhias Brasileiras que Utilizaram as Diretrizes GRI ...... 185 Tabela 4.5: Companhias Chilenas por Setor ...... 202 Tabela 4.6: Companhias Chilenas que Utilizaram as Diretrizes GRI ...... 203 Tabela 4.7: Companhias Mexicanas por Setor ...... 214 Tabela 4.8: Companhias Mexicanas que Utilizaram as Diretrizes GRI ...... 215 Tabela 4.9: Companhias Peruanas por Setor ...... 226 Tabela 4.10: Companhias Peruanas que Utilizam as Diretrizes GRI ...... 226

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AccountAbility 1000 – AA 1000 Alianza para la Responsabilidad Social Empresarial – ALIARSE American Depositary Receipt - ADRs Asociación de Bancos del Perú -ASBANC Asociación de Directores Corporativo -ASDIC Asociación Venezolana de Ejecutivos -AVE Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico - APEC Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas -ADCE Associação Nacional da Pós-Graduação em Administração - ANPAD Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis -ANPCONT Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES Bolsa de Valores de Caracas - BVC Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA Business for Social Responsibility - BSR Canadian Business for social responsibility - CBSR Centro Colombiano de Responsabilidad Social Empresarial - CCRSE Centro de Divulgación del Conocimiento Económico, A.C. - CEDICE Centro Empresarial de Inversión Social - CEDIS Centro Empresarial de Inversión Social - CEDIS Centro de Divulgação do Conhecimento Econômico - CEDICE Centro Mexicano para la Filantropia – CEMEFI Chief Executive Officers - CEOs Chief Finance Officers - CFOs Comissão de Valores Mobiliários – CVM Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe - CEPAL Comisión Nacional Supervisora de Empresas e Valores - CONASEV Comisión Nacional de Valores - CNV Confederación Nacional de Instituciones Empresariales Privadas -CONFIEP Conselho de Coordenação Empresarial - CCE

Dow Jones Sustainability Index - DJSI Encontro Anual da Associação Nacional da Pós-Graduação em Administração - ENANPAD Environmental Protection Agency – EPA Experts in Responsible Investment Solution - EIRIS Financial Accounting Standards Board - FASB Fundação Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social - FIDES Fundación Empresarial para la Acción Social – FUNDEMAS Global Reporting Initiative - GRI Grupo de Institutos, Fundações e Empresas - GIFE Índice de Sustentabilidade Empresarial - ISE Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada - IGC Institute of Social and Ethical Accountability - ISEA, Instituto Argentino para el Gobierno de las Organizaciones – IAGO Instituto Argentino de Responsabilidade Social –IARSE Instituto de Auditores Independentes do Brasil – IBRACON Instituto de Desenvolvimento Empresarial - IDE Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - IBASE Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC Instituto de Estudos Superiores de Administração - IESA Instituto Mexicano de Governabilidade Corporativa -IMGC Instituto Tecnológico de Estudios Superiores de Monterrey - ITESM Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards of Accounting And Reporting - ISAR Integrated Pollution Prevention and Control Directive - IPPC International Accounting Standards -IAS International Organization for Standardization – ISO Mercado Comum do Sul – MERCOSUL Tratado Norte-Americano de Livre Comércio NAFTA New York Stock Exchange - NYSE Norma Brasileira de Contabilidade Técnica NBC Occupational Health and Safety Assessment Series - OHSAS Ofertas Públicas Iniciais - IPO

Operating and Financial Review - OFR Organização das Nações Unidas - ONU Organização Internacional do Trabalho - OIT Organização Não-Governamental - ONG Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial - UNIDO Organização e Sociedade – O&S Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE Pollutant Release and Transfer Register - PRTR Produto Interno Bruto – PIB Produto Nacional Bruto - PNB Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA Responsabilidade Social Empresarial – RSE Revista de Administração Contemporânea – RAC Revista de Administração de Empresas – RAE Revista de Administração Pública – RAP Revista de Administração da USP – RAUSP Revista de Controladoria & Finanças – RC&F Revista Eletrônica de Administração - READ Sistema de Gestão Ambiental - SGA Statement of Financial Accounting Standards - SFAS Securities and Exchange Commission - SEC Social Accountability – SA 8000 Socially Responsible Investment – SRI Superintendência de Seguridade Social e Seguros - SVS Superintendência de Valores - SUPERVALORES Sustainable Asset Management - SAM Toxic Releases Inventory - TRI União Européia – UE União Internacional das Associações Patronais Cristãs - UNIAPAC United Nations Conference on Trade And Development – UNCTAD

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...... 19 1.1 O Problema...... 21 1.2 Questões a Serem Respondidas...... 22 1.3 Objetivos ...... 22 1.3.1 Objetivos Gerais...... 22 1.3.2 Objetivos Específicos...... 22 1.4 Justificativas...... 22 1.5 Estrutura do Trabalho...... 23

2 REFERENCIAL TEÓRICO...... 24 2.1 TEORIA DOS STAKEHOLDERS ...... 24 2.1.1 Classificação dos Stakeholders...... 29 2.1.2 Argumentos Contrários à Teoria dos Stakeholders ...... 33 2.1.3 Estudos Empíricos Sobre a Teoria dos Stakeholders ...... 34

2.2 TEORIA DOS SHAREHOLDERS...... 42

2.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA...... 44 2.3.1 Análises da Literatura e Propostas Metodológicas ...... 48 2.3.2 Argumentos Contra a Responsabilidade Social Corporativa...... 52 2.3.3 Estudos Empíricos sobre Responsabilidade Social Corporativa...... 54 2.3.4 Estudos Empíricos: América Latina ...... 56 2.3.5 Iniciativas do meio Empresarial: Fundações, Institutos e Associações ...... 58

2.4 DIRETRIZES E NORMAS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL ...... 69 2.4.1 Intergovernmental Standards of Accounting and Reporting – ISAR...... 70 2.4.2 Global Reporting Initiative ...... 71 2.4.3 Pacto Global ...... 82 2.4.4 Social Accountability -SA 8000 ...... 84

2.4.5 AccountAbility 1000 ...... 85 2.5.6 Norma OHSAS 18001 ………………………………………………………………...... 87 2.4.7 Normas de Certificação Ambiental ...... 87 2.4.8 O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social ...... 89 2.4.9 Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE ...... 90

2.5.RELATÓRIOS SOCIOAMBIENTAIS: DIRETRIZES OBRIGATÓRIAS ...... 92

2.6 RELATÓRIOS SOCIOAMBIENTAIS: PESQUISAS ANTERIORES ...... 96 2.6.1 Estudos Empíricos: Contexto Internacional ...... 99 2.6.2 Estudos Empíricos: Contexto Brasileiro ...... 111

2.7 DESEMPENHO CORPORATIVO ...... 116 2.7.1 Desempenho Econômico-Financeiro ...... 116 2.7.2 Desempenho Socioambiental Corporativo...... 117

2.8 GOVERNANÇA CORPORATIVA ...... 123 2.8.1 Governança Corporativa na América Latina...... 128

2.9 SUSTENTABILIDADE ...... 133

2.10 AMÉRICA LATINA – CONTEXTO ECONÔMICO...... 140

2.11 SÍNTESE DO CAPÍTULO E APRESENTAÇÃO DAS HIPÓTESES...... 144

3 METODOLOGIA...... 149 3.1 TIPO DE PESQUISA...... 150 3.2 TÉCNICAS DE PESQUISA...... 150 3.2.1 Revisão Bibliográfica...... 150 3.2.2 Pesquisa Documental...... 150 3.2.3 Análise de Conteúdo...... 151 3.2.4 Considerações sobre as Categorias e suas Relações com o Referencial Teórico ...... 160

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA...... 167

4 ANÁLISES E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...... 171

4.1 ARGENTINA...... 171 4.1.1 Diálogo com Stakeholders ...... 173 4.1.2 Governança Corporativa...... 174 4.1.3 Desempenho Ambiental...... 175 4.1.4 Desempenho Econômico...... 177 4.1.5 Desempenho Social...... 195

4.2 BRASIL...... 184 4.2.1 Diálogo com Stakeholders ...... 186 4.2.2 Governança Corporativa...... 186 4.2.3 Desempenho Ambiental...... 187 4.2.4 Desempenho Econômico...... 193 4.2.5 Desempenho Social...... 195

4.3 CHILE...... 202 4.3.1 Diálogo com Stakeholders ...... 203 4.3.2 Governança Corporativa...... 204 4.3.3 Desempenho Ambiental...... 205 4.3.4 Desempenho Econômico...... 208 4.3.5 Desempenho Social...... 209

4.4 MÉXICO...... 214 4.4.1 Diálogo com Stakeholders ...... 215 4.4.2 Governança Corporativa...... 215 4.4.3 Desempenho Ambiental...... 216 4.4.4 Desempenho Econômico...... 219 4.4.5 Desempenho Social...... 221

4.5 PERU...... 226 4.5.1 Diálogo com Stakeholders ...... 227 4.5.2 Governança Corporativa...... 227 4.5.3 Desempenho Ambiental...... 227 4.5.4 Desempenho Econômico...... 228 4.5.5 Desempenho Social...... 228

4.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS POR CATEGORIAS ...... 231 4.6.1 Diálogo com Stakeholders ...... 231 4.6.2 Desempenhos Ambiental e Social...... 234 4.6.3 Governança Corporativa ...... 242 4.6.4 Desempenho Econômico ...... 244 4.6.5 Análise por Setor ...... 244 4.6.7 Iniciativas Voluntárias e Obrigatórias de Divulgação ...... 247 4.6.7 Considerações Sobre as Hipóteses e Questões da Pesquisa ...... 249

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 252

REFERÊNCIAS

ANEXOS

19

1 INTRODUÇÃO

Este estudo tem como foco as informações socioambientais divulgadas voluntariamente nos relatórios de companhias estabelecidas na América Latina que atuam nos mercados de capitais de seus países. A necessidade de organização das iniciativas de responsabilidade social corporativa na região tornou-se uma prioridade do setor privado, tendo em vista o anseio por contribuições efetivas para o desenvolvimento econômico e social local. Nessa direção, companhias que exercem atividades em diferentes nacionalidades começaram a dar um tom mais profissional e padronizado para suas práticas socioambientais na América Latina. A concentração de multinacionais e a forma como conduzem ações socioambientais influencia a dinâmica sobre o assunto em alguns países da região, como Argentina, Chile e Peru. Entretanto, o Brasil e o México apresentam certa independência, com um modelo de responsabilidade socioambiental próprio. Representantes de diferentes regiões das Américas começaram a se reunir e discutir formas de fortalecimento do papel do setor privado na sociedade. Trata-se do Forum Empresa, aliança criada em 1997 por um grupo de 150 empresários e lideranças da região, que atualmente reúne organizações empresariais que têm como propósito promover práticas de responsabilidade social na América Latina. O Forum Empresa reúne cerca de 3.000 entidades e trabalha em prol do conhecimento e entendimento do assunto na região. Atualmente esta reunião de associações empresariais trabalha com apoio mútuo para transferência de experiências, manuais e medidas adotadas para padronização de práticas de responsabilidade social corporativa. Apesar dos esforços para implementação de ações organizadas de responsabilidade social na América Latina, são encontrados diferentes níveis de abordagem dessas. No Brasil, desde a sua criação, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social tem recebido grande aceitação e atualmente é considerado uma das principais referências sobre o tema, com ações voltadas para o meio empresarial e diretrizes para que questões socioambientais sejam incluídas nos processos decisórios das organizações. Nos demais países da região, apesar dos esforços de adaptação dos indicadores do Instituto Ethos à realidade dos seus países, o engajamento do setor privado à causa ainda não ocorreu de forma intensa como no Brasil. Os desenvolvimentos acerca do nível de implantação, conscientização e organização prática de atividades socioambientais no ambiente empresarial de cada país depende também de outras questões, tais como o setor em que a empresa atua, o nível de regulamentação

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pública, as pressões dos diferentes grupos de stakeholder, o país de origem da empresa, entre outras. Dessa forma, o nível de adesão do meio empresarial varia muito entre os países latino- americanos, principalmente pelo processo de transição de atividades filantrópicas para atividades socioambientais estrategicamente gerenciadas pelas organizações. Nos últimos anos diversas normas voluntárias de padronização de relatórios socioambientais foram disseminadas em nível mundial. As diretrizes mais conhecidas atualmente foram propostas pela GRI- The Global Reporting Initiative que começou a ser desenvolvida em 1997, nos Estados Unidos, com o objetivo de aperfeiçoar a qualidade das informações socioambientais disponíveis e o risco do desempenho das companhias. O relatório elaborado conforme as diretrizes da GRI é denominado relatório de sustentabilidade e aborda os três elementos interrelacionados que se aplicam a uma organização, os aspectos social, ambiental e econômico das suas operações. A avaliação do nível de aplicação da GRI até 2002 é conhecida como declaração de acordo com ( in accordance ). A partir de 2007 foi substituída, na versão G3 por um indicador que permite à organização verificar até que ponto os elementos da estrutura das diretrizes da GRI foram aplicados na elaboração do seu relatório de sustentabilidade. Muitos pesquisadores têm se dedicado a estudar o fenômeno da divulgação voluntária de informações socioambientais via relatórios. Essas investigações abordam o tema entre a mesma empresa periodicamente, entre várias empresas do mesmo setor ou de setores diferentes, como também entre companhias de um país, região ou de vários países. A pesquisa objeto desta tese aborda a divulgação voluntária de informações socioambientais em relatórios de companhias estabelecidas em países latino-americanos e utiliza-se as diretrizes GRI como escopo da análise do conteúdo desses relatórios. Para isso, foi conduzida uma análise de conteúdo dos relatórios anuais de 226 companhias estabelecidas em cinco países latino-americanos, segregadas por setor e país, no período de 2004 a 2009. As empresas selecionadas são as companhias de capital aberto constantes da base de dados Economática, que fornece informações econômico-financeiras sobre companhias estabelecidas em países latino-americanos. Além dos relatórios anuais, foram incluídos os relatórios específicos sobre as ações socioambientais das organizações, aqui denominados relatórios de sustentabilidade e incluiu- se também os relatórios encaminhados à bolsa de valores americana, para aquelas empresas que têm suas ações negociadas na New York Stock Exchange - NYSE. Esses relatórios são denominados Formulários 20F. As companhias que têm suas ações cotadas na NYSE são

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obrigadas a arquivar relatórios anuais na Securities and Exchange Commission – SEC e no caso das que não são americanas, esse relatório é denominado Formulário 20F. As companhias selecionadas para esta pesquisa são estabelecidas em países com um expressivo mercado de capitais no âmbito da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, México e Peru. Com base nessas premissas, no que tange à questão principal deste estudo, as questões a serem respondidas e objetivos gerais e específicos são apresentados na próxima seção.

1.1 O Problema

O problema nesta pesquisa é apresentado na forma da seguinte pergunta: Qual é o nível de aderência às diretrizes voluntárias de divulgação de informações socioambientais das companhias estabelecidas na América Latina? Nas pesquisas sobre divulgação de informações socioambientais em diversas regiões, de acordo com a literatura, não foram identificados trabalhos que tenham conduzido este tipo de investigação entre os países da América Latina.

1.2 Questões a Serem Respondidas

O propósito da pesquisa é buscar respostas para as seguintes questões:

1) Os itens constantes nos relatórios socioambientais divulgados voluntariamente pelas empresas estão direcionados para questões de interesse dos grupos de stakeholders?

2) As empresas oriundas de outros países são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental?

3) As empresas de setores potencialmente poluidores são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental?

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1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar comparativamente as informações socioambientais divulgadas nos relatórios anuais e relatórios específicos das companhias em consonância com diretrizes voluntárias de divulgação socioambiental.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Analisar a participação dos stakeholders na elaboração de relatórios socioambientais; • Identificar as diferenças no nível de divulgação socioambiental por setor das companhias e país de origem em diferentes canais de comunicação; e • Analisar as diferenças na evolução e forma de divulgação de informações socioambientais nos relatórios anuais e relatórios específicos sobre o tema.

1.4 Justificativas

Muitos autores desenvolveram pesquisas sobre a divulgação de informações socioambientais em relatórios anuais de companhias estabelecidas em países da América do Norte, da Europa, Austrália, Nova Zelândia, etc. Entretanto, não foram localizadas até o momento pesquisas sobre empresas de países latino-americanos. Espera-se que os resultados da pesquisa contribuam para a difusão dessas questões nos países latino-americanos, tendo em vista suas particularidades, dificuldades e potenciais de expansão sobre os aspectos a serem investigados neste estudo. A pesquisa limita-se às questões sociais, ambientais e econômico-financeiras de companhias de capital aberto estabelecidas em países latino-americanos selecionados dentre os que possuem um expressivo mercado de capitais. O critério de seleção da amostra limita-se à acessibilidade dos relatórios das companhias no período de análise, a saber: Argentina, Brasil, Chile, México e Peru.

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1.5 Estrutura do Trabalho

O trabalho está organizado em 4 capítulos. O primeiro apresenta a introdução da pesquisa, antecedentes do problema, objetivos, justificativas e delimitações do estudo. O capítulo 2 compõe o referencial teórico, que engloba o desenvolvimento das principais teorias relacionadas com o tema da pesquisa: teoria dos stakeholders , teoria dos shareholders , responsabilidade social corporativa; desempenho econômico-financeiro, divulgação socioambiental; governança corporativa, desenvolvimento sustentável e contextualização da América Latina. Além de um levantamento bibliográfico, o capítulo apresenta discussões quanto aos pontos fortes e fracos de cada argumentação teórica elencada e os resultados de investigações empíricas. Na sequência, são desenvolvidas as hipóteses do estudo, baseadas nas questões teóricas da pesquisa. O capítulo 3 apresenta os procedimentos metodológicos, técnicas utilizadas no estudo e procedimentos para seleção da amostra. O capítulo 4 traz os resultados e análises da pesquisa. Na sequência, são apresentadas as considerações finais e recomendações para futuros estudos.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O desenvolvimento do capítulo destaca as principais teorias que têm sido discutidas na literatura acadêmica a respeito da responsabilidade socioambiental das empresas. Apresenta- se um ordenamento cronológico das contribuições de eminentes autores que se dedicaram a estudar o tema.

2.1 TEORIA DOS STAKEHOLDERS

O objetivo desta seção é apresentar uma discussão conceitual a respeito da teoria dos stakeholders , também conhecida como teoria das partes interessadas. De acordo com Carroll e Buchholtz (2003, p. 69, tradução nossa): “stake é um interesse ou porção de uma empresa. Stake também é uma reivindicação por direitos sobre alguma coisa”. O Quadro 2.1 resume os diferentes tipos de stakes .

Tipos de interesses Um interesse Um direito Propriedade Quando uma pessoa ou grupo Direitos legais: quando uma pessoa Quando uma pessoa ou poderá ser afetado pelas ou grupo tem uma reivindicação grupo tem um título legal decisões, tem interesse nesta legal por ser ameaçada de alguma de um ativo ou decisão. forma ou para proteger um direito propriedade. em particular. Exemplos: o fechamento de uma Exemplos: expectativas de Exemplos: esta companhia fábrica afetará a comunidade. empregados em um processo, é minha, fundei-a, sou seu Um comercial de TV que privacidade, clientes ou credores que proprietário, possuo 100% humilha as mulheres - e eu sou têm certos direitos. das ações desta uma mulher. corporação. Direitos morais: quando uma pessoa ou grupo acredita que determinado direto moral possa ser ameaçado de certa forma, ou pretende ter um direito particular protegido. Exemplos: integridade, justiça e equidade. Quadro 2.1: Tipos de Interesses de uma Organização Fonte: Adaptado de Carroll e Buchholtz (2003, p. 69)

Um stake possui diversas conotações e enquadra-se numa relação contratual ou não, pode ter componentes legais ou morais, daí a complexidade de sua análise. O conceito de stakeholder , em consequência, refere-se a “um indivíduo ou grupo que possui um ou vários tipos de stakes num negócio” (CARROLL e BUCHHOLTZ, 2003, p. 70, tradução nossa). Na década de 1960, pesquisadores do Stanford Research Institute propuseram que as companhias não deveriam focar exclusivamente os stockholders ou shareholders, que são os

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acionistas, mas também deveriam responsabilizar-se por uma variedade de stakeholders , pois, sem o seu suporte, a organização poderia deixar de existir. (FREEMAN e REED, 1983). Num trabalho pioneiro sobre a teoria dos stakeholders , na definição proposta por Freeman (1984, p. 24, tradução nossa), esta “inclui qualquer grupo ou indivíduo que possa afetar ou ser afetado pelos objetivos organizacionais”. O autor sistematizou a literatura, que no início da década de 1970 emergia preocupações sobre os objetivos das empresas, que deveriam ir muito além da obtenção de lucros e distribuição aos seus acionistas. O autor destacou ainda a necessidade de gerenciamento dos stakeholders no âmbito interno das empresas, considerando que assim seria possível conhecer suas particularidades e necessidades de mudanças tanto internas quanto externas na forma de gerenciar o relacionamento com grupos específicos, através de ações orientadas. (FREEMAN, 1984). Diversos stakeholders têm interesses legítimos nos negócios das empresas, mesmo se os gerentes aceitem ou não esta legitimação, entretanto, muitos daqueles têm poder considerável para desafiar e mudar as práticas empresariais. Outros se posicionam como vítimas ou beneficiários das decisões da organização sem qualquer ação direta entre as partes. Em cada caso, a relevância dos stakeholders fica mais clara no momento da tomada de decisões gerenciais. (WOOD, 1991). Por ter interesse direto ou indireto nas decisões que são tomadas no âmbito empresarial, stakeholder pode ser um indivíduo, como empregado do nível operacional; ou um grupo de indivíduos, representado por uma pessoa jurídica, que pode ser uma associação de moradores no entorno de uma entidade, por exemplo. É bastante diversificado o grupo de stakeholders de uma determinada empresa, e há várias classificações para defini-los. Para Clarkson (1995), stakeholders :

São pessoas ou grupos que têm ou reivindicam propriedade, direitos ou interesses em uma corporação e em suas atividades – no passado, presente ou futuro. Esses direitos reclamados ou interesses são o resultado de transações ou ações tomadas com e pela corporação, que podem ser legais ou morais, individuais ou coletivas (CLARKSON, 1995, p. 106, tradução nossa).

No início da década de 1990, após analisar um grande volume de produção de livros e artigos desde a publicação da obra de Freeman (1984), Donaldson e Preston (1995) enfatizaram algumas das mais importantes distinções, problemas e implicações associados com o conceito de stakeholder . Os autores sistematizaram a literatura pertinente e destacaram três aspectos da teoria dos stakeholders : descritiva/empírica, instrumental e normativa. E

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apresentaram também argumentos para justificá-la sobre essas perspectivas, que representam sua base-suporte:

• A teoria dos stakeholders é descritiva/empírica: por descrever a corporação como uma constelação de cooperação e competição de interesses e interessados que possuem valores intrínsecos. É usada para descrever e algumas vezes explicar comportamentos e características específicas da organização; • A teoria dos stakeholders é instrumental: estabelece o gerenciamento dos stakeholders relacionado com o sucesso da companhia, medido através do seu desempenho, como lucratividade, estabilidade e crescimento. É usada para identificar a conexão (ou falta) entre o gerenciamento dos stakeholders e a realização dos objetivos tradicionais da empresa; e • A teoria dos stakeholders é normativa: os stakeholders são pessoas ou grupos com interesses legítimos na conduta e/ou nos aspectos substantivos das atividades das corporações. Os stakeholders são identificados com seus interesses nas corporações e essas têm interesses funcionais correspondentes naqueles. É usada para interpretar o funcionamento da corporação, incluindo a identificação das diretrizes morais e filosofias para operação e gerenciamento da organização. (DONALDSON e PRESTON, 1995, p. 66-67, tradução nossa).

Para Campos (2002, p. 2) o debate sobre o tema tem se concentrado na dimensão normativa, “pois as proposições de uma teoria de stakeholders têm se fundamentado em princípios éticos”. A definição do papel e da importância dos stakeholders está diretamente relacionada com a capacidade da organização em ter claro quais são seus princípios morais e éticos. Isto mostra que o estabelecimento das dimensões descritivo/empírica e instrumental da teoria ocorre depois de definidas as bases normativas. De acordo com Evan e Freeman (1994), a teoria dos stakeholders abrange obrigações fundamentais da administração e isto não significa maximizar o sucesso financeiro das organizações, mas garantir sua sobrevivência no balanço de conflitos e reivindicações de múltiplos stakeholders . Estas obrigações são encontradas na ação de acordo com dois princípios de gerenciamento de stakeholders : o princípio da legitimidade corporativa e o princípio do stakeholder fiduciário. O princípio da legitimidade corporativa estabelece que a firma deva ser gerenciada para o benefício dos seus stakeholders : clientes, fornecedores, proprietários, empregados e comunidade local. Os direitos desses grupos devem ser garantidos e esses devem ter uma relação participativa nas decisões que afetam substancialmente seu bem-estar. O segundo princípio, do stakeholder fiduciário, estabelece que no gerenciamento de uma relação fiduciária, a firma deve agir tendo o stakeholder como seu agente, interessada na sua sobrevivência e com salvaguarda dos interesses de cada grupo. (EVAN e FREEMAN, 1994). A pesquisa conduzida por Jones e Wicks (1999) enfatizou dois tópicos divergentes da teoria dos stakeholders : o enfoque na ciência social e o enfoque ético/normativo. Para os

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autores, cada enfoque é complementar e tendo em vista que a teoria dos stakeholders é normativa e instrumental, essa deve demonstrar como os gerentes podem tomar decisões considerando o enfoque moral na forma e condução de negócios. De acordo com Frooman (1999) o objetivo da teoria dos stakeholders é capacitar os gerentes quanto ao entendimento dos stakeholders e dessa forma, gerenciá-los estrategicamente. Com foco na teoria da dependência de recursos, o autor propõe um modelo de influências estratégicas dos stakeholders , tendo como argumento central o poder na tomada de decisões organizacionais. Mitchell, Agle e Wood (1997) propuseram uma classificação dos stakeholders , tendo como base os seguintes princípios:

• Poder dos stakeholders para influenciar as organizações; • Legitimidade do relacionamento dos stakeholders com as organizações; e • Urgência das reivindicações dos stakeholders para com as firmas.

Os stakeholders precisam ser diferenciados entre grupos que têm reivindicações legais e morais dos grupos que têm habilidade para influenciar o comportamento das organizações, direção, processo e resultados. (MITCHELL, AGLE e WOOD, 1997). Friedman e Miles (2002) propuseram um modelo que tem como objetivo distinguir diferentes tipos de stakeholders e analisar as interações que, para os autores, não devem ser vistas somente sob a perspectiva das firmas. O modelo pretende também contribuir para identificar como e porque as relações entre stakeholders e empresas mudam com o passar do tempo. O Quadro 2.2 apresenta uma classificação que diferencia os stakeholders das organizações em indispensáveis e contingentes, compatíveis e incompatíveis.

Indispensável Contingente A B • Shareholders • O público em geral • Topo da administração • Companhias conectadas Compatível • Sócios através de iniciativas de associações comerciais D C • União comercial • Alguns tipos de ONGs • Empregados – nível operacional • Público interessado – por • Governo se sentir lesado ou Incompatível • Clientes injustiçado • Credores • Fornecedores • Alguns tipos de ONGs Quadro 2.2: Distinções entre os Stakeholders Fonte: Adaptado de Friedman e Miles (2002, p. 8)

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De acordo com os autores, os stakeholders que se enquadram na tipologia indispensável/compatível-A têm um contrato formal e explícito com as organizações. No grupo de stakeholders contingentes/incompatíveis-C as relações não envolvem uma relação contratual implícita ou explícita e dessa forma, as influências de tais grupos de stakeholders não é forte. Na configuração indispensáveis/incompatíveis-D as organizações são encorajadas a responder as reivindicações e críticas dos stakeholders , embora apresentem interesses divergentes. Na tipologia contingente/compatível-B não há relações estabelecidas de modo direto ou por contrato formal entre as partes, entretanto, em circunstâncias que os interesses tanto das organizações quanto dos stakeholders forem compatíveis, suas relações serão fortalecidas por meio de contratos implícitos, reconhecidos por ambas as partes. Com o objetivo de apresentar algumas contribuições da literatura para a construção de uma teoria de suporte que justifique a adoção de políticas para stakeholders pelas organizações, Campos e Bertucci (2005) enfatizaram as perspectivas normativa e instrumental das políticas para stakeholders , com foco na teoria da agência e na teoria dos custos de transação. De acordo com as autoras, a definição de políticas para stakeholders ainda está em fase de consolidação, por haver necessidade de mais estudos teóricos e empíricos sobre o tema. Para Barbieri e Cajazeira (2009):

Um dos maiores problemas decorrentes da expansão das partes com interesses nas organizações empresariais é que não há limites para o seu surgimento. E não se trata de identificar qual grupo será considerado parte interessada, pois não é a empresa que escolhe quem tem interesse nela, são as pessoas ou grupos que manifestam ou expressam seus interesses na empresa. (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009, p. 31).

Os desenvolvimentos acerca da teoria dos stakeholders abordam uma série de questões quanto à diversidade de públicos que podem ter uma relação direta ou indireta com as decisões que são tomadas no âmbito das organizações. A próxima seção destaca algumas das classificações dos stakeholders .

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2.1.1 Classificação dos Stakeholders

Para Carroll e Buchholtz (2003, p. 70, tradução nossa): “ Stakeholder é um indivíduo ou grupo que tem um ou mais entre vários tipos de interesses nos negócios empresariais. Os stakeholders podem afetar as ações, decisões políticas ou práticas das empresas.” As classificações de stakeholders podem ser consideradas em função da extensão, do tipo de benefício, da importância e principalmente, da percepção do que sejam as organizações e quais são os seus objetivos. (STARIK, 1995). De acordo com Frooman (1999) há algumas questões a serem respondidas para que os stakeholders possam ser identificados: quem são; o que desejam; como estão tentando atingir seus objetivos; quais são os diferentes tipos de estratégias utilizadas pelos stakeholders para influenciar a organização; e quais são os fatores determinantes da escolha dessas estratégias. Carroll (1989) considera a classificação básica de stakeholders primários e secundários. Stakeholders primários, também conhecidos como internos, são aqueles que têm um interesse direto ou indireto nas decisões empresariais, como funcionários, administradores e sócios. Stakeholders secundários são os indivíduos ou grupos que têm um interesse que pode ser direto ou indireto nas decisões empresariais, são agentes externos, como fornecedores, clientes, organizações da sociedade civil, a comunidade no entorno do empreendimento da entidade, governo e sindicatos, por exemplo. Mitchell, Agle e Wood (1997) identificaram vários tipos de classificação dos stakeholders :

• Primários ou secundários; • Donos e não donos; • Donos de capital e donos de ativos menos tangíveis; • Aqueles que se engajam em relações voluntárias e involuntárias com a firma; • Aqueles que influenciam a firma ou são afetados por suas ações; • Os que têm contratos, direitos legais ou direitos morais com a firma; • Aqueles que proveem recursos para a firma; • Os que aceitam riscos ao se relacionar com a firma.

Freeman (1984) apresenta uma nomenclatura que é utilizada para classificá-los como internos e externos, em relação ao ambiente da organização, como mostra a Figura 2.1.

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Proprietários Concorrentes

Consumidores

Governo

Agentes financiadores Firma

Fornecedores Associações de defesa do consumidor

Imprensa Ambientalistas Empregados

Figura 2.1: Visão dos Stakeholders da Organização Fonte: Adaptado de Freeman (1984, p. 25)

Nos últimos anos, os stakeholders secundários têm ganhado importância para a viabilidade das companhias, mais do que os grupos de stakeholders tradicionais, ou primários. Para Wood (1990, p. 85, tradução nossa): “Nenhum stakeholder tem maior influência do que o governo. Em quase todas as atividades empresariais, em quase todos os departamentos e divisões, o governo exerce um papel significativo.” Muitos estudos empíricos corroboram esta afirmação e cita-se, por exemplo, a pesquisa conduzida por Brouthers e Bamossy (1997), junto a companhias multinacionais estabelecidas na Europa. A discussão a respeito da relevância dos stakeholders tem sido apresentada sob diferentes enfoques. Para Atkinson, Waterhouse e Wells, (1997) a importância dos stakeholders deve ser definida pelo grau de contribuição ao desempenho organizacional, para Freeman (1984); Donaldson e Preston (1995), o objetivo da organização é produzir respostas a todos os stakeholders . Com base numa análise da evolução teórica sobre o assunto, Lozano (2005) argumenta que a maioria das proposições acerca da teoria dos stakeholders parte do princípio de que a corporação está no centro do universo, com stakeholders girando em torno desta. A complexidade da sociedade contemporânea requer que aprendamos como interpretar o

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sistema que interrelaciona questões sociais e econômicas das organizações. De acordo com o autor:

Quando a companhia deixar de ser vista como o centro do universo, e passar a ser vista engajada em relações de interdependência em suas redes de relacionamentos, poderemos começar a falar sobre divisão de responsabilidades e necessidade de um enfoque sobre os stakeholders , em todas as organizações – privadas, públicas e sem fins lucrativos. (LOZANO, 2005, p. 69, tradução nossa).

Contudo, Freeman (2008) esclarece que a ideia é ampla e obviamente as companhias não estão no centro do universo, há muitas possibilidades de representação da realidade e o diagrama (Figura 2.1) poderia apresentar os clientes, empregados ou acionistas no centro. O autor prefere apresentar um modelo genérico, que sugere o gerenciamento dos stakeholders de modo geral em relação à administração dos negócios. Outro aspecto interessante destacado pelo autor é a diversidade de interesses que cada stakeholder pode ter em relação à companhia, como os acionistas, por exemplo, que têm expectativas de retornos sobre os investimentos, enquanto outros tipos de stakeholders têm interesses bem diferentes, que podem ser morais. (FREEMAN, 2008). Numa revisão crítica da literatura sobre a teoria dos stakeholders , Sloan (2005) destacou as controvérsias metodológicas de estudos teóricos e empíricos, conduzidos para identificação e gerenciamento dos stakeholders . O período da sua análise abrangeu a produção acadêmica de 1983 a 2001 e foram selecionados 105 artigos e/ou capítulos de livros. De acordo com a autora, foi identificada uma grande proliferação de conceitos e sistematização, ordenada com base nos seguintes grandes temas:

• Definições de stakeholders • Desenvolvimentos da teoria dos stakeholders • Gerenciamento de stakeholders

Com base na sua análise, a autora propôs uma estrutura de classificação dos desenvolvimentos sobre a teoria dos stakeholders , apresentada na Figura 2.2. De acordo com a autora, os estudos normativos (Corrente A) são justificados por diferentes padrões, sendo as considerações éticas, o padrão mais comum para reconciliação de múltiplos interesses. Três diferentes temas são emergentes, como o foco no perfil dos stakeholders (Corrente B) e o processo de gerenciamento de múltiplos interesses; por último, os estudos que destacam o desempenho empresarial relacionado com as políticas

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estabelecidas para stakeholders (Corrente C) também conhecido como enfoque instrumental da teoria, apresentam resultados controversos. (SLOAN, 2005).

Justifica ção Ética Perfil dos stakeholders Justificação legal, pública e política Liderança e orientação Justificação Corrente A Corrente B Processo econômica gerencial Reconciliação Padrões de múltiplos Normativos interesses

Os stakeholders e as

Empresas

Corrente C Desempenho empresarial

Figura 2.2: Classificação da Literatura Sobre a Teoria dos Stakeholders Fonte: Adaptado de Sloan (2005, p. 13)

A literatura apresenta diversos estudos teóricos que propuseram a criação de modelos para identificação e gerenciamento de stakeholders e cita-se, por exemplo, os trabalhos conduzidos por Rowley (1997); Scott e Lane, (2000); Williams, (2001); Jawahar e Mclaughlin (2001); Rowley e Moldoveanu, (2003); Phillips, (2003); Buchholz e Rosenthal, (2005); Preble, (2005); e Lewis, (2007). A próxima seção apresenta argumentos contrários à teoria dos stakeholders , defendidos por autores que focaram principalmente a diversidade da produção sobre o tema, que em alguns momentos percebe-se como concorrente, já que há uma miríade de modelos de representação e classificação da relação entre as organizações e seus stakeholders .

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2.1.2 Argumentos Contrários à Teoria dos Stakeholders

A teoria dos stakeholders apresenta muitas fragilidades, exploradas por diversos estudiosos, que vão desde a identificação de stakeholders , que, na sua definição original, inclui seres inanimados, terroristas e competidores, como também incompatibilidades da teoria com os negócios administrativos. Se por um lado, a teoria dos stakeholders defende que as decisões empresariais sejam tomadas para equilibrar e buscar satisfazer os interesses de todos os públicos envolvidos com a firma, por outro, a teoria dos shareholders , também conhecida como teoria da maximização da riqueza dos acionistas; defende que as decisões empresariais devem ser tomadas sempre visando a maximização do valor da empresa. Friedman (1962) é o autor das críticas mais enfatizadas na literatura sobre o tema e parte da premissa de que as empresas existem para gerar resultados financeiros com o objetivo de remunerar seus acionistas e proprietários, garantindo a continuidade das atividades da organização. A ideia de que as empresas têm responsabilidades sociais para além da geração de produtos e serviços do ponto de vista da teoria dos stakeholders pode ser considerada uma “concepção fundamentalmente errada do caráter e da natureza de uma economia livre”. (FRIEDMAN, 1962, p. 116, tradução nossa). A aceitação desta visão da empresa poderia ser um dos principais problemas a serem enfrentados pelas organizações, pois a doação de recursos para obras de caridade ou para universidades se constituiria um uso impróprio dos fundos da companhia. E ainda o mesmo autor: “essas doações deveriam ser de natureza individual e não provenientes dos recursos da empresa, caso contrário, os gestores estariam tomando decisões contra seus próprios interesses”. (FRIEDMAN, 1962, p. 116, tradução nossa). Nessas afirmações, o autor enfatiza a teoria dos stakeholders de modo indireto, na verdade, seu foco é a responsabilidade social corporativa, que será vista adiante, assim como a teoria dos shareholders . As convicções de Friedman (1962) são muito citadas quando o assunto é enfatizar as críticas à teoria dos stakeholders ou responsabilidade social corporativa e deve ser destacado que sua obra Capitalismo e Liberdade , publicada no início da década de 1960, defende a separação do poder estatal das atividades de mercado. Defende ainda, a redução ou eliminação de diversos serviços sociais e assistencialistas que o Estado provê para a população. Algumas ponderações devem ser feitas quanto a esses argumentos, tendo em vista o contexto em que se insere a obra, principalmente o receio de maior controle do Estado, uma

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economia igualitária, ou socialista, como o autor enfatiza, e a defesa do liberalismo em qualquer circunstância. Entretanto, as responsabilidades sociais corporativas, atualmente têm outro enfoque. Sternberg (1997) questiona a identificação dos stakeholders , assim como a inclusão destes na distribuição dos resultados da corporação. Para a autora, a teoria dos stakeholders confunde as corporações com o governo, enfatiza a dificuldade para estabelecimento de objetivos claros e de maior importância, pois, cada grupo estabeleceria suas prioridades e definiria seus próprios objetivos, o que geraria diversos problemas para a corporação. A autora defende que a teoria dos stakeholders é “inimiga da conduta responsável”. (STERNBERG, 1999, p. 9, tradução nossa). E alerta para os riscos de intervenção política, criando obrigações ou forçando as organizações a financiar serviços públicos. De acordo com Stoney e Winstanley (2001) as contribuições acadêmicas sobre a teoria dos stakeholders são frequentemente paroquiais e superficiais em sua conceituação do modelo de stakeholder . Faltam rigor conceitual e consistência, assim como muitos estudiosos combinam diferentes níveis de análise e falhas na diferenciação acadêmica de perspectivas políticas. Para os autores, esta confusão “contribui mais para mitificar do que clarificar o terreno intelectual, conferindo aplicação prática implausível, se não impossível”. (STONEY e WINSTANLEY, 2001, p. 604, tradução nossa). No entendimento de Jensen (2001, p. 299, tradução nossa) “a teoria dos stakeholders é incompleta por não especificar claramente os objetivos da corporação”. O autor argumenta ainda que tendo múltiplos objetivos, as companhias acabarão passando por confusão gerencial, conflito, ineficiência e talvez, fracasso corporativo. Nessa direção, Sundaram e Inkpen (2004) ressaltaram os argumentos que são considerados clássicos sobre os objetivos das corporações, para demonstrar a força e grau de consolidação da maximização do valor para os acionistas, como a principal função das corporações, que não integra uma diversidade de stakeholders , como é proposto. Na opinião de Antonacopoulou e Méric (2005), a teoria dos stakeholders é um produto ideológico, mais do que científico. Silveira, Yoshinaga e Borba (2005, p. 38) argumentam que a teoria dos stakeholders “vem se desenvolvendo por meio de distintas linhas de pesquisa, sem uma formalização conceitual robusta e unificada”. Verifica-se que os principais argumentos acerca das fragilidades da teoria dos stakeholders dizem respeito aos múltiplos objetivos que as organizações deveriam ter, para atender a diversos públicos interessados em suas decisões. Entretanto, a suposta confusão

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gerencial para que tantos interesses fossem atendidos não se confirmou em estudos empíricos; porque sempre houve uma relação de interesses atendidos que não conflitaram com os da organização.

2.1.3 Estudos Empíricos Sobre a Teoria dos Stakeholders

Com base no modelo de identificação de stakeholders proposto por Mitchell, Agle e Wood (1997) e foco na combinação de três atributos: poder, legitimação e urgência; Agle, Mitchell e Sonnenfeld, (1999) aplicaram um questionário junto a uma amostra de Chief Executive Officers (CEOs) de companhias americanas de grande porte, combinados com dados de desempenho social e financeiro das organizações. De acordo com os autores os três atributos aumentaram significativamente a saliência dos stakeholders das empresas analisadas. Diversos estudos aplicaram o modelo de Mitchell, Agle e Wood (1997) e cita-se, por exemplo, os seguintes: Driscoll e Cromble (2001); Crotty (2003); Carvalho, Gomes e Lourenço (2005); O’Higgins e Morgan, (2006); Dos Santos, (2006); Griffin e Weber (2006); Boesso e Kumar (2009). Estes autores encontraram evidências empíricas que suportam as proposições apresentadas no modelo, ou seja, os critérios para identificação e priorização de stakeholders . Tendo como proposta investigar a supremacia de algum stakeholder , Almeida (2003) aplicou um questionário junto a uma amostra de 106 profissionais que atuam na área de gestão financeira corporativa, para estabelecer quais fatores têm maior influência sobre o valor das empresas brasileiras. De acordo com o autor, os resultados da pesquisa indicaram o mapeamento de quatro grupos hierarquizados de stakeholders, segundo a importância de cada um como: • Definitivos: executivos, funcionários que formam o capital estrutural da empresa e canais de distribuição; • De expectativa: mídia, proprietários majoritários, instituições que implementem atividades sociais junto à comunidade, fornecedores, consumidores agregados e concorrentes; • Latentes: governo, bancos, proprietários minoritários e funcionários que não formam o capital estrutural da empresa; e • Não-stakeholder : instituições que implementem atividades culturais junto à comunidade. (ALMEIDA, 2003, p. 177-178).

Com foco nas companhias multinacionais, Fransen e Kolk (2007) analisaram a criação de padrões no processo de diálogo com diversos stakeholders . De acordo com os autores, uma revisão do que as organizações consideram interação com stakeholders nos seus relatórios

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anuais demonstrou como aquelas tendem a tratar grupos divergentes de interação: reuniões com ativistas; respostas a cartas ou telefonemas de grupos políticos; convites para participar de conferências; solicitação ocasional da opinião de algum desses grupos; e criação de divisões de stakeholders para comentar padrões de governança e monitoramento interno. Tendo como premissa a saliência dos stakeholders no contexto institucional, Amaeshi (2007) conduziu um estudo longitudinal com base nos relatórios anuais e relatórios socioambientais de uma amostra de 72 companhias oriundas do Reino Unido e da Alemanha. De acordo com o autor, os investidores e empregados são os stakeholders mais citados nos relatórios de companhias inglesas, enquanto na Alemanha, as companhias enfatizam mais as redes colaborativas de comunidades, fornecedores e gestores. Os resultados sugerem ainda que a saliência dos stakeholders é um forte indicador das características dominantes do sistema capitalista nos dois países, ao incluir argumentos e práticas em relatórios socioambientais direcionados para diversos grupos de stakeholders. O Quadro 2.3 apresenta uma síntese de pesquisas acadêmicas conduzidas em vários países com foco na teoria dos stakeholders e verificou-se que há poucas referências com foco nos desenvolvimentos da teoria em países latino-americanos, com exceção do Brasil, representado por 7 estudos.

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Autor País(es)/Região(ões) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados Examinar as relações entre influências Estudo longitudinal e quantitativo Os resultados indicaram variações no ambiente Luoma e institucionais e a representação de com base em dados secundários de legal, setor e porte, associados com a Goodstein Estados Unidos grupos de stakeholders no corpo da uma amostra de 224 companhias. representação dos stakeholders , mas estes não (1999) diretoria das organizações. influenciam comitês-chave do corpo diretivo. Investigar se as organizações mais De acordo com os autores, entre as organizações comprometidas com as questões Aplicação de questionário junto a menos e mais comprometidas com as questões ambientais diferem das organizações funcionários responsáveis pela ambientais, as mais lucrativas apresentam grandes Henriques e Canadá menos comprometidas em relação à gestão ambiental e análise de diferenças quanto à percepção e importância dada Sardorsky percepção dessas da importância de conteúdo dos relatórios anuais de aos grupos de stakeholders relacionados com o (1999) grupos de stakeholders , ao uma amostra de 400 companhias. envolvimento daquelas com o meio ambiente. influenciarem suas decisões de investimentos ambientais. No âmbito organizacional, testar a Os resultados indicaram que o gerenciamento de Hillman e Multinacionais relação entre criação de valor para os Testes estatísticos aplicados em stakeholders promove um aumento no valor dos Keim (2001) oriundas de diversos shareholders , gerenciamento de dados secundários de uma amostra shareholders , enquanto a participação em questões países stakeholders e participação em de 500 companhias. sociais está negativamente associada com a questões sociais. criação de valor para os shareholders . Analisar as interações de uma Estudo de caso conduzido com base A investigação permitiu ao autor identificar e Andrade companhia com os seus stakeholders , na análise dos dados de uma classificar os múltiplos jogos empresa-stakeholder (2001) Brasil com foco na teoria dos jogos organização do setor de papel e que são utilizados no processo de formação das coopetitivos. celulose. estratégias socioambientais da organização. Investigar a opinião de um grupo de O grupo de stakeholders analisado entende que as stakeholders internos sobre a Administração de um questionário ações sociais corporativas são igualmente Oliveira importância da legitimidade das ações direcionado para os empregados de legítimas e importantes e foram identificadas (2002) Brasil de responsabilidade social praticadas uma organização multinacional do poucas diferenças de opiniões entre o público por administradores de uma indústria setor químico. objeto da investigação. do setor químico. Analisar a relação entre o Análise descritiva dos dados Os resultados evidenciaram significativas Brammer e envolvimento de companhias com secundários de uma amostra de 148 diferenças entre o envolvimento com a Millington Reino Unido atividades junto à comunidade e companhias inglesas envolvidas em comunidade e as políticas estabelecidas pelas (2003) verificação de como são gerenciados investimentos junto às organizações para tais investimentos. os envolvimentos com stakeholders . comunidades locais. Testes estatísticos aplicados na Há uma relação entre as estratégias ambientais e Buysse e Avaliar a relação entre as estratégias análise de um questionário gerenciamento de stakeholders , porém, de acordo Verbeke Bélgica ambientais e o gerenciamento de administrado junto a uma amostra com os autores, esta é limitada. A liderança (2003) stakeholders . de 197 companhias. organizacional em questões ambientais não está associada com a importância da regulamentação. 38

Autor País(es)/Região(ões) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados Foram identificadas três orientações distintas para Propõe um constructo para orientação Administração de uma survey junto identidade organizacional: individualista, e identificação da conexão entre a uma amostra de 88 companhias relacional e coletivista. O estudo empírico Brickson Estados Unidos identidade organizacional e como esta de grande porte. demonstrou que as relações entre as organizações (2005) se relaciona com seus stakeholders . e seus stakeholders constitui uma característica proeminente da identidade organizacional nas suas relações com stakeholders internos e externos. Estudar o enfoque da teoria dos Testes estatísticos aplicados com Os resultados indicaram que a dispersão de stakeholders para explicar o base nos dados de uma amostra de propriedade e setor são os principais fatores que Elijido-Ten Austrália comportamento das organizações de 100 organizações. influenciam a decisão de incorporação de (2005) capital aberto no país. estratégias ambientais nas organizações. Investigar os efeitos do Os autores identificaram o governo e a sociedade gerenciamento de stakeholders sobre como os grupos de stakeholders com maior Bandeira de Brasil o desempenho econômico-financeiro Análise de cluster de uma amostra sinergia junto às firmas que apresentam Mello et al. das companhias brasileiras de capital de 339 organizações. desempenho superior. (2006) aberto. De acordo com o autor, foi possível identificar os Propor um modelo de avaliação do Entrevistas junto ao público interno direcionadores do desempenho social e como a Silva (2006) Brasil desempenho social sob a orientação da organização e análise empresa está sujeita ao comando de fora, pelos dos stakeholders e testar sua documental. processos interativos com seus stakeholders ou aplicabilidade numa organização. pelos processos interativos entre os próprios stakeholders.

Explorar as influências de iniciativas O estudo demonstrou que as iniciativas da ONG da ONG WWF-Austrália nas políticas Condução de entrevistas junto a influenciaram a revisão do código de mineração e Deegan e Austrália de elaboração de relatórios stakeholders internos e externos posicionamento dos órgãos regulamentadores do Blomquist socioambientais de companhias do das companhias. setor, assim como o comportamento das (2006) setor de mineração. organizações na elaboração de relatórios socioambientais. Os resultados indicaram que alguns grupos de Investigar se há relação entre o stakeholders primários afetam positivamente o gerenciamento de stakeholders Por meio de testes estatísticos, o desempenho das companhias, entretanto, o Galbreath Austrália primários e o desempenho autor utilizou dados secundários de desempenho socioambiental está negativamente (2006) econômico-financeiro das uma amostra de 100 companhias. associado com o desempenho econômico- organizações. financeiro.

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Autor País(es)/Região(ões) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados A orientação para stakeholders , estrutura do gerenciamento dos websites , tamanho da Examinar como diferentes Administração de um questionário organização e setor influenciam o conteúdo stakeholders e fatores contextuais junto a uma amostra de 180 disponibilizado. Há algumas diferenças quanto à Héroux Canadá influenciam a estrutura relacionada companhias. orientação para stakeholders , objetivos e conteúdo (2006) com o gerenciamento de conteúdo dos dos websites . O corpo da diretoria não está muito websites corporativos. envolvido com o processo de comunicação pela internet. Analisar como um grupo multinacional responde às pressões Os esforços da companhia nos últimos anos institucionais relacionadas com a indicam sua preocupação e interesse ao integrar Backer Holanda questão ambiental e quais são suas Estudo de caso de uma companhia diversos grupos de stakeholders nas discussões (2007) responsabilidades que implicam no do setor de petróleo e gás. sobre o tema, assim como a disponibilização de entendimento das suas políticas e relatórios específicos. influências de stakeholders secundários. Apresentar os resultados de um estudo Bremmers et Holanda sobre o nível de influência de grupos Os autores identificaram o governo e os clientes al. (2007) de stakeholders no sistema de gestão Administração de uma survey junto como os stakeholders secundários mais relevantes de companhias do setor de a 492 companhias. das companhias analisadas. Entretanto, agronegócios. fornecedores e concorrentes também exercem significativas influências sobre as organizações.

De acordo com a autora, foi possível identificar os valores relativos à competição organizacional como fruto da busca de equilíbrio dinâmico entre Analisar como os valores relativos à Análise qualitativa de entrevistas e as visões de mundo do fundador, do mundo como competição organizacional se observação participante de deveria ser e do mundo como ele é, das reproduzem nas interações entre os diferentes stakeholders da necessidades da empresa, ora privilegiando ações stakeholders de uma empresa organização. estratégicas, ora baseadas em entendimento. Os Domenico Brasil brasileira. valores relativos à competição organizacional (2007) foram definidos em função de diferentes stakeholders , revelando anti-valores e, ao mesmo tempo em que são produzidos nas interações, reproduzem os aspectos culturais das sociedades das quais os stakeholders fazem parte.

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Autor País(es)/Região(ões) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados Os resultados da pesquisa indicaram que tamanho, Investigar a relação entre as Aplicação da técnica multivariada rentabilidade, grau de concentração acionária, Krüger Brasil características das empresas e regressão logística com base nos alavancagem financeira e as características da (2007) indústrias de atuação com o dados de uma amostra de 303 indústria em que a organização atua, são variáveis investimento em projetos sociais organizações. associadas com o investimento das companhias na desenvolvidos pelas companhias. acumulação de recursos relacionais para com os seus stakeholders salientes. Examinar a abordagem dos Análise quantitativa dos resultados Os resultados demonstraram maior preocupação stakeholders na literatura sobre da aplicação de um questionário das organizações com os stakeholders tradicionais, Jamali (2008) Líbano e Síria responsabilidade social corporativa. junto a 22 companhias. como empregados, clientes e shareholders . O gerenciamento desses é afetado por pressões que podem exercer sobre as organizações. Analisar a relação entre os As técnicas estatísticas análise de Os resultados do estudo sugerem que o mercado Marcon, stakeholders políticos e sociais com regressão múltipla e equações ainda não percebe a gestão dos stakeholders como Bandeira de as doações das empresas para o estruturais foram utilizadas para custo para as empresas e o aspecto instrumental da Mello e Brasil governo e comunidades, como verificar os efeitos da iniciativa teoria dos stakeholders não encontrou suporte Alberton também a intensidade desse estratégica das empresas ao efetuar empírico nos modelos utilizados. (2008) relacionamento. doações com o desempenho dessas, doadoras e não doadoras. Estados Unidos Os resultados do estudo indicaram que o país de Canadá origem, setor e fatores específicos das companhias Van Japão Analisar a inclusão de grupos de Análise multivariada de dados influenciam na inclusão de grupos de stakeholders Nimwegen et Austrália stakeholders na declaração da missão secundários de uma amostra de 490 na declaração da missão dessas organizações. Os al. (2008) Nova Zelândia das companhias. organizações. grupos de stakeholders primários são citados com e outros países maior frequência do que os stakeholders secundários. Os resultados revelaram que o poder e a legitimidade dos administradores associado com Boesso Estados Unidos e Examinar como os administradores Análise dos relatórios anuais e um grupo de stakeholders cumulativamente são os e Kumar Itália priorizam relações com stakeholders e relatórios socioambientais fatores mais importantes na determinação de como (2009) qual a extensão com que as divulgados voluntariamente, e os gerentes priorizam reivindicações concorrentes. organizações se engajam em aplicação de questionário junto a Outro aspecto interessante é que a divulgação evidenciação socioambiental gerentes de uma amostra de 244 voluntária de informações direcionadas para direcionada para este público. companhias. grupos de stakeholders se caracteriza na intenção de intensificar as relações com estes públicos. Quadro 2.3: Estudos empíricos sobre a Teoria dos Stakeholders Fonte: Elaboração própria

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Por meio da revisão de estudos empíricos sobre a teoria dos stakeholders , verifica-se que esta tem sido analisada sob diferentes perspectivas, principalmente no que se refere à identificação e classificação destes em relação a determinado aspecto empresarial. A literatura acadêmica apresenta o desenvolvimento de diferentes enfoques e diversos autores têm envidado esforços em um número significativo de propostas de modelos de decisão gerencial, enquanto outros, na aplicabilidade desses modelos através da utilização de estudos de casos. Muitos têm se concentrado no desenvolvimento de modelos para setores industriais específicos, como também para o setor público e junto a entidades do terceiro setor. Outra vertente dos estudos visa destacar as fragilidades da teoria dos stakeholders em contraposição à teoria dos shareholders , vista a seguir.

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2.2 TEORIA DOS SHAREHOLDERS

Também denominada teoria da maximização da riqueza dos acionistas, a teoria dos shareholders é baseada na teoria econômico-financeira, a qual afirma que o principal objetivo de uma corporação é alcançar, através da tomada de decisões pelos seus administradores, a maximização do valor da organização. (BORBA, 2005). Em linguagem econômica, o comportamento das firmas é guiado com o objetivo de obter os melhores resultados: os proprietários ou gerentes atuam buscando a maximização dos lucros. (BAÍDYA, AIUBE e MENDES, 1999). Friedman (1970) é um dos maiores defensores desta teoria e argumenta que a maximização dos retornos dos acionistas é a única responsabilidade social dos negócios. Segundo o autor, este é o objetivo desde que as organizações tomem decisões de acordo com as regras do jogo e engajadas num ambiente competitivo livre e sem fraudes. A análise da literatura direciona os estudos ao campo da economia, sobre a teoria da firma, que engloba três correntes principais: [a teoria dos custos de transação, (Coase, Williamson); dos direitos de propriedade, (Alchian e Demsetz); e a teoria da agência (Jensen e Meckling); que dirigem suas atenções ao estudo da organização interna das firmas. (GOLDBAUM, 1996)]. Sob o ponto de vista da economia, para Coase (1988), existe um custo associado ao uso do mecanismo de preços, basicamente os custos associados à obtenção de informações, e de negociar, fechar contratos e acompanhar a execução contratual. A existência das firmas está associada à incerteza e à informação incompleta. (COASE, 1988). Alchian e Demsetz (1972) analisam a estrutura de propriedade das corporações e ressaltam que a existência da firma se dá pela necessidade de lidar com os problemas criados pelos conflitos de interesse entre membros de uma equipe de produção. A interação sinérgica entre os membros aumenta a produtividade da companhia, mas a dificuldade crescente causada pela sinergia em mensurar e atribuir recompensas para isolar a produção marginal de um determinado indivíduo faz com que o problema do oportunismo se torne importante. Como os ganhos decorrentes da fuga do trabalho tendem a ser usufruídos pelo indivíduo oportunista e os custos tendem a ser difundidos por toda a equipe, a maximização da utilidade faz com que os membros da equipe se comportem de forma a comprometer a eficiência do grupo. O problema do oportunismo é reduzido pela presença de um monitor (agente central) que seja capaz de construir um sistema organizacional eficaz de incentivos como salários

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fixos para empregados, supervisão da mão-de-obra e alinhamento de interesses com base na retenção dos lucros pelo proprietário-gestor. (ALCHIAN e DEMSETZ, 1972). Nesta direção, Jensen e Meckling (2008) se concentram nas implicações comportamentais dos direitos de propriedade especificados nos contratos firmados entre os proprietários e administradores da firma, os custos de agência. Para os autores, estes são representados numa relação de agência em que um contrato entre um ou mais principal(s) engaja outra(s) pessoa(s), (os agentes), para desempenhar algum serviço no qual alguma autoridade é a eles delegada. O principal pode limitar as divergências de interesse com seu agente estabelecendo incentivos corretos e incorrendo em custos de monitoramento. O agente incorrerá, por seu lado, em custos para mostrar ao principal que o agente é digno de confiança da qual é depositário (por exemplo, redigindo relatórios ou submetendo sua atividade a auditorias externas). Em consequência, o agente não representará otimamente o principal sem que se observem custos de monitoramento e alguma perda residual devido à divergência de interesses entre o principal e o agente. (JENSEN e MECKLING, 2008). A administração financeira passou a ser uma área específica de estudos no início deste século (ASSAF NETO, 2005) e por ter suas origens na economia, é comum o destaque dado à maximização da riqueza como o principal objetivo das organizações num número considerável de livros de finanças. Entretanto, há uma tendência, em edições mais recentes, de os autores destacarem os interesses de outras partes, como funcionários, clientes, fornecedores e comunidades próximas aos empreendimentos, apesar de enfatizarem também que a maximização da riqueza constitui o objetivo mais importante da corporação. Os autores que citam as ações de responsabilidade social geralmente são favoráveis a estas desde que gerem benefícios de longo prazo aos acionistas, representadas por investimentos em relações positivas com grupos de interesses, ou stakeholders , que podem diminuir conflitos e litígios. (BRIGHAM e HOUSTON, 1999; GITMAN, 2004; TIROLE, 2006). A próxima seção aborda os aspectos conceituais da responsabilidade social corporativa, seu desenvolvimento histórico e relação com as teorias destacadas neste estudo.

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2.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

O ambiente empresarial consiste em pessoas, grupos, instituições, condições, tendências e eventos que ocorrem nos limites das organizações. Há vários aspectos da relação negócios-sociedade que podem ser tanto benéficos quanto danosos, que estão além da realidade puramente econômica. Uma das vertentes da responsabilidade social corporativa refere-se às ações das organizações de caráter voluntário, que visam promover o bem-estar dos stakeholders internos e externos, através de ações socioambientais voltadas para um vasto público, além de gerar bens, serviços e lucros para as partes interessadas que investem capital no negócio. A teoria dos stakeholders é amplamente debatida nos estudos sobre a responsabilidade social corporativa e de acordo com Vos (2008), sob a perspectiva dos stakeholders , a justificativa mais comum para esta vinculação é que as organizações são responsáveis por seus stakeholders . Carroll (1979, p. 500) define responsabilidade social corporativa como “a responsabilidade social dos negócios que inclui as expectativas da sociedade quanto aos enfoques econômico, legal, ético e discricionário”. Para Wheteen, Rands e Godfrey (2002, p. 394, tradução nossa) “a responsabilidade social corporativa são expectativas sociais do comportamento das organizações, um comportamento que é esperado pelos stakeholders, por uma sociedade moralmente requerida e desta forma, justificadamente demandada pelas empresas”. McWilliams e Siegel (2001) definem responsabilidade social corporativa como as ações sociais empreendidas pelas organizações que vão além do que é requerido pela legislação. Os autores apresentaram um modelo de responsabilidade social corporativa que destaca variáveis que influenciam a responsabilidade social da organização, como tamanho, nível de diversificação, pesquisa e desenvolvimento, publicidade, vendas para o governo, condições de mercado de trabalho e estágio do ciclo de vida da indústria. Hopkins (2007) define responsabilidade social corporativa da seguinte forma:

Responsabilidade social corporativa consiste no tratamento dos stakeholders de maneira ética e responsável, o que significa um tratamento de maneira considerada aceitável em sociedades civilizadas. Social inclui responsabilidades econômicas e ambientais. Os stakeholders existem tanto no ambiente interno quanto no ambiente externo da organização. A mais ampla responsabilidade social é criar padrões de vida cada vez mais elevados, enquanto preserva a lucratividade da corporação. (HOPKINS, 2007, p. 16, tradução nossa).

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A responsabilidade social corporativa trata da relação entre companhias e todos os grupos de stakeholders que têm interesses nas operações destas, e este conjunto de interações inclui responsabilidades amplas e inerentes aos dois lados. (WERTHER JR. e CHANDLER, 2006). Wood (1990) defende que a responsabilidade social corporativa deve ser gerenciada em conjunto com outros temas: ética e meio ambiente, aspectos que os gerentes devem confrontar atualmente e passam por grandes turbulências e complexidades. As ações de responsabilidade social com base na teoria dos stakeholders se justificariam, pois “a ideia básica da responsabilidade social corporativa é que as organizações empresariais e a sociedade são entidades interligadas e não distintas. Portanto, a sociedade tem certas expectativas em relação ao comportamento e resultados das atividades empresariais”. (WOOD, 1991, p. 695, tradução nossa). Com base na literatura acadêmica que se desenvolveu nos Estados Unidos a partir do início da década de 1950, a pesquisa conduzida por Carroll (1999) teve como objetivo analisar a evolução conceitual da responsabilidade social corporativa naquele país. De acordo com o autor, a proliferação de conceitos sobre o tema teve maior difusão a partir da década de 1970, época de maior enfoque nos stakeholders , com referência aos múltiplos públicos e interesses nas organizações. Entretanto, foi no início da década de 1980 que os primeiros modelos de responsabilidade social corporativa que incluíam o desempenho econômico começaram a surgir. A partir da década de 1990, os modelos que buscavam sistematizar a responsabilidade social corporativa incluíam as variáveis social, ambiental, econômica e legal. (CARROLL, 1999). O mesmo autor verificou também que temas como desempenho social corporativo, teoria dos stakeholders , business ethics e cidadania corporativa ganharam grande expressão e permeiam a responsabilidade social corporativa. (CARROLL, 1999). Carroll (1979) propôs um modelo que abrange quatro dimensões da responsabilidade social corporativa, o enfoque econômico, legal, ético e discricionário, conhecido como “Pirâmide de Carroll”, como mostra a Figura 2.3.

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Responsabilidades Discricionárias

Responsabilidades Éticas

Responsabilidades Legais

Responsabilidades Econômicas

Figura 2.3: Responsabilidades Sociais das Organizações Fonte: Adaptado de Carroll (1979, p. 499)

Tendo em vista as várias críticas que foram feitas ao modelo, além da persistência do autor na busca de aperfeiçoamento das suas proposições, a seguir, foram feitas modificações nas categorias, que passaram a ser definidas como princípios. A dimensão “Responsabilidades discricionárias” foi substituída por “Filantropia”. A proposta se baseia na ideia de que para uma empresa ser considerada socialmente responsável, o desempenho social de suas atividades deve ser favorável quanto ao atendimento dos quatro critérios estabelecidos. (CARROLL, 1999). No âmbito das responsabilidades econômicas e legais, essas são requeridas, as responsabilidades éticas são esperadas e as filantrópicas são classificadas como desejáveis, de acordo com a segunda proposição do autor. O modelo proposto por Carroll (1979) foi desenvolvido e aperfeiçoado em trabalhos subsequentes de Wartick e Cochran (1985) e Wood (1991), que acrescentaram outros enfoques às mesmas ideias inicialmente apresentadas. Wartick e Cochran (1985) integram os aspectos econômicos e políticos de responsabilidade pública na definição de responsabilidade social. Com base na literatura sobre o tema, os autores discutem a interação entre os princípios de responsabilidade social, o processo de responsividade social e o desenvolvimento de políticas sociais. E adotam o conceito da pirâmide de Carroll (1979), mas a ênfase do modelo proposto é o desempenho social, traduzido em ações, atos e efeitos da organização que possam ser identificados e medidos. Wood (1991) apresentou uma proposta para avaliar o perfil de responsabilidade social corporativa, com o objetivo de facilitar a visualização das dimensões e relacionamentos de

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uma empresa socialmente responsável: princípios de responsabilidade social corporativa; capacidade de resposta social; e resultados das ações de responsabilidade social corporativa. Após discutir algumas limitações do modelo proposto inicialmente por Carroll (1979, 1991, 1999, 2000), com o objetivo de expandir os quatro tópicos que dominam a responsabilidade social corporativa, assim como a sua representação, Schwartz e Carroll (2003) propuseram outra representação das variáveis relacionadas com o tema. Observa-se que a dimensão “Filantropia” foi excluída da proposta, de acordo com os autores, devido às dificuldades na definição e posicionamento das atividades filantrópicas das organizações. As dimensões da responsabilidade social são interconectadas, numa classificação que varia de puramente econômica, legal e ética, a uma etapa parcial em que duas das três dimensões são tratadas em conjunto, e por fim; na interseção dos três domínios da responsabilidade social, as variáveis econômica, legal e ética são conectadas, como mostra a Figura 2.4.

(iii) Exclusivamente Ético

(vi) (iv) Econômico/ Legal/Ético Ético (vii)Econômico/ Legal/Ético

(i) Exclusivamente Econômico (v) Econômico/•( ii) Exclusivamente Legal Legal

Figura 2.4: Modelo de Responsabilidade Social Corporativa Fonte: Adaptado de Schwartz e Carroll (2003, p. 509)

O modelo não é mais representado na forma de uma pirâmide, como os próprios autores comentam, essa representação gerou muitas críticas e dúvidas, ao estabelecer uma hierarquia entre os domínios da responsabilidade social. (SCHWARTZ e CARROLL, 2003). Com foco num modelo que integra o desempenho social das organizações, assim como o gerenciamento de stakeholders , Jones (1995) destacou o aspecto instrumental da teoria, em conjunto com a teoria da agência e a teoria dos custos de transação, que estabelecem os tipos de contratos que as organizações mantêm com seus stakeholders . Para o

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autor, o contrato estabelecido entre a firma e seus stakeholders deve ser gerenciado para que a organização possa obter vantagem competitiva, com base na mútua cooperação entre as partes. (JONES, 1995). A ideia de contrato social entre empresas e membros da sociedade sugere que, enquanto o principal objetivo dos negócios é gerar lucros, é também uma obrigação moral agir de maneira socialmente responsável. (SHOCKER e SETHI, 1973, apud O’DONOVAN, 2002). Esta obrigação é a base da concordância social intangível, ou contrato entre empresas e sociedade. A ideia de um contrato social é uma parte integral das teorias sociais, como a teoria dos stakeholders , que explica vários aspectos do comportamento social corporativo. (O’DONOVAN, 2002). O estudo da responsabilidade social não é uma ciência. É uma área de interesse inter e multidisciplinar, transitando pelos campos de várias ciências sociais e humanas, até mesmo filosofia. Em administração, foi onde o debate conceitual e prático sobre responsabilidade social tomou corpo, talvez por ser a empresa um dos principais objetos de estudo das ciências da administração. (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2008, p. 10).

2.3.1 Análises da Literatura e Propostas Metodológicas

Com objetivo de classificar as principais teorias a respeito da responsabilidade social corporativa, Garriga e Melé (2004) analisaram a literatura das últimas décadas e com base numa ampla revisão bibliográfica, apresentaram as seguintes classificações:

1- Teorias instrumentais - a corporação é vista como um instrumento para a geração de riqueza, e as atividades sociais são somente um meio para o alcance de resultados econômicos; 2- Teorias políticas - os que têm poder na corporação, na sociedade e a responsabilidade pelo uso deste poder na arena política; 3- Teorias integrativas - corresponde às corporações focadas na satisfação de demandas sociais; e 4- Teorias éticas - baseadas nas responsabilidades éticas das corporações para com a sociedade. (GARRIGA e MELÉ, 2004, p. 52, tradução nossa).

De acordo com os autores, cada teoria, na prática, apresenta quatro dimensões: lucros, desempenho político, demandas sociais e valores éticos. Bakker, Groenewegen e Hond (2005) examinaram a evolução da literatura a respeito da responsabilidade e desempenho social corporativos no período de 1967 a 2002. Através de um estudo bibliométrico, os autores analisaram as contribuições apresentadas em doze periódicos internacionais, com o objetivo de classificar as orientações epistemológicas destes.

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De acordo com os autores, que identificaram mais de 155 artigos sobre o desempenho social corporativo, o assunto recebeu grande atenção nas últimas décadas, apesar de muitas críticas aos resultados obtidos nessas investigações. Aguilera et al. (2005) propuseram um modelo teórico e multi-nível para tentar explicar porque as organizações estão aumentando o engajamento em iniciativas de responsabilidade social e dessa forma, têm indicado grande potencial para exercer mudanças sociais. De acordo com os autores, as empresas são pressionadas para engajar-se em atividades de responsabilidade social por diferentes atores, com motivos instrumentais, relacionais e morais; nos níveis individual, organizacional, nacional e transnacional. A obra coordenada por Ashley (2005) representa um importante avanço dos estudos sobre o tema, que traz uma revisão conceitual da responsabilidade social nos contextos nacional e internacional. O trabalho reúne pesquisas sobre ética, responsabilidade social, modelos aplicados à realidade brasileira, indicadores sociais e estudos de casos específicos, como na área financeira, por exemplo. A pesquisa conduzida por Lockett, Moon e Visser (2006) teve como objetivo investigar a influência acadêmica sobre a evolução do conhecimento a respeito da responsabilidade social corporativa, por meio da análise de 176 trabalhos publicados nos seguintes periódicos: Academy of Management Journal; Academy of Management Review; Administrative Science Quarterly; Journal of Management; Organization Science; e Strategic Management Journal; no período de 1992 a 2002. Os resultados mostraram que meio ambiente e ética foram os temas mais enfatizados em pesquisas empíricas, em sua maior parte de natureza quantitativa e os trabalhos teóricos são classificados como não-normativos. Moretti e Figueiredo (2007) analisaram a produção sobre responsabilidade social corporativa no âmbito do ENANPAD. A seleção abrangeu 20 artigos, no período de 2003 a 2006, selecionados quanto aos aspectos conceituais e metodológicos dos trabalhos. De acordo com os autores, os resultados sugerem um processo de institucionalização do debate em torno da prática e aplicação das ações sociais, além da pouca ênfase na questão conceitual sobre sua adoção. Através de uma análise dos desenvolvimentos históricos acerca da gestão socioambiental no Brasil, Schommer e Rocha (2007) dividiram as fases em “três ondas”; a primeira, representada pela era da filantropia, e caracterizada pelas ações sociais realizadas ou apoiadas pelas empresas; a segunda, os autores denominaram investimento social privado, representada pelo repasse de recursos a projetos sociais, porém de maneira mais profissionalizada e menos assistencialista; a terceira onda considera a gestão socialmente

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responsável relacionada a todas as dimensões do negócio; os stakeholders são envolvidos num relacionamento transparente e responsável que é estabelecido pelas empresas a curto e a longo prazo. Barnett (2007) propôs um modelo que incorpora a capacidade de influência dos stakeholders para explicar porque os efeitos da responsabilidade social corporativa sobre o desempenho financeiro das organizações variam entre as firmas e no tempo. O estudo distingue a responsabilidade social corporativa de recursos alocados para o desempenho social e então, incorpora a capacidade dos stakeholders de influenciar as decisões organizacionais como estrutura para ilustrar como as ações de responsabilidade social corporativa são transformadas pelo desempenho financeiro, através de relações com stakeholders . O estudo conduzido por Secchi (2007) dedicou especial atenção à análise de vários aspectos da responsabilidade social corporativa. Com base na seleção e classificação da literatura sobre o tema, o autor destacou as principais propostas que contribuíram para sua adoção e análise do comportamento organizacional, sintetizados no Quadro 2.4.

Teorias dos custos sociais Utilitarismo Funcionalismo Desempenho social corporativo Gerencial Prestação de contas sociais, auditoria e relatórios Responsabilidade social das empresas multinacionais Empresas e sociedade Enfoque nos stakeholders Relacional Cidadania global corporativa Teoria do contrato social Quadro 2.4: Classificação das Teorias sobre Responsabilidade Social Corporativa Fonte: Adaptado de Secchi (2007, p. 350)

O autor sugere que no grupo de teorias classificadas como utilitaristas estuda-se a maximização das atividades da organização sem interagir com os seus públicos e consequentemente, surgem problemas com externalidades e custos sociais. Na categoria gerencial os problemas de responsabilidade são abordados a partir de dentro da empresa (perspectiva interna). No grupo relacional , estão no centro da análise as relações entre a empresa e o ambiente social no qual está inserida. Para Secchi (2007), as três perspectivas permitem o entendimento das diferenças mais significativas entre as várias teorias sobre responsabilidade social corporativa. Matten e Moon (2008) desenvolveram uma estrutura conceitual para representar o conceito de responsabilidade social corporativa, com base em parâmetros comparativos sobre o tema nos Estados Unidos e na Europa e com potencial para aplicação em outros países e regiões. De acordo com os autores, as diferenças na conceituação da responsabilidade social

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corporativa entre países variam sob perspectivas históricas, institucionais, políticas, mercado financeiro, educacional, trabalhista, cultural e natureza das firmas, sendo esta considerada ‘explícita’ nos Estados Unidos e ‘implícita’ em países europeus. Devido à diversidade de definições de responsabilidade social corporativa, além das múltiplas interpretações que têm sido publicadas nas últimas décadas, muitos autores têm se dedicado a sistematizar tais definições, além de propor novas formas de apresentação de um constructo para o desenvolvimento de pesquisas sobre este relevante tema. (AMAESHI e ADI, 2007). Nesta direção, Egri e Ralston (2008) conduziram um estudo bibliográfico da produção acadêmica dos principais periódicos internacionais da área de administração, no período de 1998 a 2007 e após a análise e codificação de 321 artigos, identificaram as seguintes categorias: responsabilidade social corporativa, responsabilidade ambiental, ética e governança. Os estudos foram segregados em empíricos e teóricos, metodologia aplicada por país e grau de internacionalização. Lee (2008) teve como objetivo analisar a evolução conceitual das teorias relacionadas com a responsabilidade social corporativa, no período de 1950 a 1990. De acordo com o autor, nas duas últimas décadas, o conceito de responsabilidade social corporativa tem sido progressivamente ponderado e começou a ser associado com temas mais abrangentes, como o gerenciamento de stakeholders e reputação organizacional. Welzel, Luna e Bonin (2008) examinaram a literatura sobre outros campos do conhecimento que contribuíram para a evolução do conceito de responsabilidade social corporativa, para então propor um modelo teórico que represente a interdisciplinaridade entre conceitos-chave; como cidadania e governança corporativa e por abordar temas amplamente discutidos na literatura: gestão dos stakeholders , abordagem ética, econômica, ambiental, social e filantrópica. A produção acadêmica sobre o tema tem sido intensa, assim como ocorre com a teoria dos stakeholders , a responsabilidade social corporativa também é alvo de muitas críticas; mas um dos aspectos mais enfatizados a respeito é a responsabilidade que as organizações têm perante todos os seus públicos, ainda que com diferentes níveis de prioridades.

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2.3.2 Argumentos Contra a Responsabilidade Social Corporativa

No entendimento de Levitt (1958) apud Ashley (2005), outras instituições, como governo, igrejas, sindicatos e organizações sem fins lucrativos existem para atuar sobre as funções necessárias ao cumprimento da responsabilidade social. Gerentes de grandes empresas não têm competência técnica e tampouco tempo ou credencial para atividades de cunho público. Para Friedman (1970), a única responsabilidade social das firmas é “utilizar seus recursos e engajar-se em atividades delineadas para incrementar o lucro tanto quanto possível dentro das regras do jogo, ou seja, engajar-se em mercado livre e competitivo sem fraudes”. O autor argumenta que a responsabilidade social é um compromisso dos indivíduos e não uma atribuição das firmas. E destaca ainda que se os gestores tiverem outras responsabilidades sociais que não a de gerar lucro tanto quanto possível para os acionistas, poderá ser criada uma tendência irreversível de desconstrução do ambiente mercadológico livre e competitivo. Praticando a responsabilidade social, o executivo estaria gastando o dinheiro alheio em nome do interesse social geral, reduzindo o retorno aos acionistas. Uma vez que suas ações aumentem o preço ao consumidor, ele estará gastando o dinheiro deste consumidor e se suas ações diminuem os salários de alguns empregados, ele está gastando o dinheiro desses empregados. (FRIEDMAN, 1970). Após apresentar algumas críticas à responsabilidade social, Sternberg (1999), propôs que esta não deve se referir a toda responsabilidade organizacional para stakeholders , mas deve ser incluída entre suas responsabilidades. Num artigo publicado na revista The Economist, de autoria de Crook (2005), são reiteradas as críticas à teoria dos stakeholders , assim como o movimento em expansão que defende a responsabilidade social das empresas. Sob o título Economist Survey of CSR , também reafirma a posição deste editorial, contrário aos desenvolvimentos teóricos e práticos sobre o assunto. Para Banerjee (2006) temas como responsabilidade social corporativa e teoria dos stakeholders foram muito enfatizados na literatura dos últimos 50 anos, entretanto, resultou também num excesso de modelos e taxonomias, assim como scores de estudos empíricos que demonstram relação significante, não obstante, teoricamente apresentam pouca representatividade. A constatação de que a proliferação de definições maior do que a

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construção sistemática de uma estrutura conceitual cumulativa foi enfatizada também por Carroll (1999). Silveira (2010) destacou várias críticas direcionadas às práticas de responsabilidade social empresarial, ou RSE:

Muitas práticas não precisariam de qualquer rótulo de RSE, tendo em vista que são iniciativas que todos os negócios bem administrados deveriam ter: não pagar propinas, não enganar funcionários e consumidores, adotar uma postura amigável com as principais comunidades relacionadas, ter uma visão de longo prazo em suas decisões etc. essas práticas, portanto, poderiam simplesmente ser chamadas de ‘boa gestão’, não devendo ser rotuladas de ações de ‘responsabilidade social’. Excluídas as problemáticas ações de doação de recursos de terceiros sem retorno para a companhia e de iniciativas eminentemente empresariais visando a um melhor desempenho corporativo, pouco restaria à RSE. (SILVEIRA, 2010, p. 75).

Dessa forma, seriam três as principais objeções ao conceito de responsabilidade social:

• De que ela invade uma área que deveria ser tratada pelos governos; • De que funciona como uma forma de ocultar outros problemas das companhias; • De que representa uma alocação arbitrária e não solicitada de recursos de terceiros. (SILVEIRA, 2010, p. 75).

No entendimento de Hopkins (2007) grande parte das críticas à responsabilidade social corporativa diz respeito aos problemas com vários conceitos e definições sobre o mesmo conceito. Alguns definem a responsabilidade social corporativa como um sistema com foco em stakeholders internos e externos, enquanto outros, como um conjunto de ações puramente voluntárias. Esta confusão é composta por uma diversidade de terminologias na área de administração, como sustentabilidade corporativa, cidadania corporativa, responsabilidade corporativa, responsabilidade social corporativa, reputação, ética e sustentabilidade entre outros. Entretanto, como adverte o autor, sem uma linguagem comum, não será possível um diálogo entre as companhias que pretendem ser interpretadas de modo consistente. Com foco nas pesquisas anteriores sobre responsabilidade socioambiental corporativa, a próxima seção apresenta os resultados de estudos empíricos, sobre a América do Norte, países Europeus, e outras regiões.

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2.3.3 Estudos Empíricos Sobre Responsabilidade Social Corporativa

Muitos pesquisadores têm se dedicado a investigar a inclusão da responsabilidade social no ambiente de negócios sobre as mais diversas perspectivas. Os estudos bibliométricos que buscaram sistematizar a literatura apresentam uma classificação diversificada da produção acadêmica, mas todos têm em comum a grande atenção que o tema vem recebendo tanto da área de administração como também de outras áreas relacionadas. Num levantamento efetuado junto aos principais periódicos da área de administração e bancos de dissertações e teses de domínio público em nível nacional e internacional, verificou-se que há uma intensa produção de estudos exploratórios, com ênfase principalmente no ambiente interno das organizações e sobre a aplicação prática de princípios, normas e diretrizes voltadas para a responsabilidade social corporativa. O termo responsabilidade social corporativa incorpora os investimentos organizacionais em atividades sociais e ambientais, tendo em vista a grande ênfase que também é dada a esta área, nos últimos anos também tem sido utilizada a denominação responsabilidade socioambiental. Observa-se uma grande quantidade de estudos acadêmicos sobre responsabilidade social corporativa com foco no desenvolvimento local e específico em vários países e cita-se, por exemplo, os seguintes:

• África do Sul (BARBARINDE, 2005; OTHMAN e MIA, 2008) • Austrália (TREBECK, 2008) • Canadá (BRASIL e WEBER, 2006) • Espanha (KUSYK e LOZANO, 2007) • Estônia (KOOSKORA, 2006) • França (ANTAL e SOBCZAK, 2007; KAKABADSE e ROZUEL, 2006) • Hungria (JAAKSON, VADI e TAMM, 2009; LIGETI e ORAVECZ, 2009) • Índia (BALASUBRAMANIAN, KIMBER e SIEMENSMA, 2005; DAS, 2009) • Indonésia (CAHYONOWATI e SUSILOWATI, 2008; GUNAWAN, 2007) • Japão (BANSAL e ROTH, 2000; KOKUBU et al. 2001) • Latvia (PETERSONS e KING, 2009) • Líbano (JAMALI e MIRSHAK, 2007) • Nigéria (AMAESHI, OGBECHIE e AMAO, 2006; OBALOLA, 2008)

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• Paquistão (AHMAD, 2006) • Reino Unido (BANSAL e ROTH, 2000) • Suíça (BIRTH et al., 2008) • Turquia (ALTINTAS, ALDINOGLU e ALTINTAS, 2007; ARARAT, 2008) • Países asiáticos (BAUGHN, BODIE e MCINTOSH, 2006)

No ambiente internacional, a literatura acadêmica também tem dado grande ênfase a estudos empíricos sobre alguma empresa ou setor em particular, a situação ainda é incipiente na maioria dos países em desenvolvimento, assim com as dificuldades culturais e econômicas, que são muito enfatizadas. O estudo conduzido por Welford (2004) utilizou como referência as declarações internacionais, princípios, convenções e códigos de conduta relacionados com as melhores práticas de responsabilidade social corporativa. O autor aplicou um questionário junto aos gerentes ambientais de uma amostra de 240 companhias estabelecidas em 6 países europeus (Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha e Noruega) e 6 países asiáticos (China, Cingapura, Japão, Coréia, Malásia e Tailândia). De acordo com o autor, os resultados do estudo sugerem que os seguintes aspectos da responsabilidade social corporativa são pouco desenvolvidos no ambiente interno das organizações: ética, prestação de contas e cidadania. As companhias oriundas de países asiáticos dão menor ênfase ao tema do que as de países europeus. Dando continuidade à pesquisa, Welford (2005) repetiu o estudo comparativo, incluindo companhias estabelecidas nos Estados Unidos, Canadá e no México. Utilizando a mesma metodologia, os resultados indicaram um aumento da ênfase em questões éticas, corrupção e políticas para erradicação do trabalho infantil. Outro aspecto observado pelo autor foi a relação entre questões sobre a responsabilidade social corporativa e o desenvolvimento econômico de cada país analisado. Apesar do contexto básico da gestão ambiental, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável ser o mesmo entre os países asiáticos, há muitas diferenças entre as prioridades de cada país, pois o ambiente legal, valores e desenvolvimento econômico também são diferentes. As companhias apresentam nos seus relatórios um reflexo do que é importante para os seus stakeholders nos países em que operam, pois são influenciadas pela cultura local. Os aspectos elencados no estudo sobre as ações de responsabilidade social corporativa são mais desenvolvidos em países europeus e na América do Norte, com exceção do México, que apresentou resultado semelhante ao dos países asiáticos. Geralmente os países mais desenvolvidos têm maior incidência de políticas

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de responsabilidade social: Alemanha e Reino Unido na Europa, Japão e Coréia na Ásia e Estados Unidos e Canadá na América do Norte.

2.3.4 Responsabilidade Social Corporativa na América Latina

Estudos anteriores destacaram que a responsabilidade social corporativa não é uma prioridade em países latino-americanos. (AGATIELLO, 2003; CORREA, FLYNN e AMIT, 2004; O’ROURKE, 2004; GUTIÉRREZ e JONES, 2005; CARRÓN, 2006; PEINADO- VARA, 2006; WEYZIG, 2006; BLACKMAN, 2008). Entretanto, o tema tem recebido atenção de diversos pesquisadores nas últimas décadas, principalmente no Brasil, com ênfase nas questões socioambientais das organizações. Estudos recentes também têm indicado a direção teórica dessas pesquisas, como será mostrado nesta seção. Com foco no aspecto cultural dos países latino-americanos, Haslam (2004) apresentou um modelo teórico com questões-chave que relacionam os aspectos que influenciam o desenvolvimento da responsabilidade social corporativa na América Latina. Para o autor, os principais atores neste contexto são as organizações multilaterais, governos, empresas privadas, fundações multinacionais, instituições educacionais e organizações da sociedade civil local. Baseado no ranking das 100 maiores companhias americanas com operações na América Latina, a USA Fortune 100, Boggs e Haas (2004) analisaram as estratégias socioambientais utilizadas por essas companhias em países latino-americanos. Através da análise de websites das corporações, os autores identificaram que tanto o aspecto ético como preocupações com a imagem são os temas mais enfatizados pelas companhias. Somente 14 organizações tinham atividades locais voltadas para questões socioambientais em países latino-americanos e disponibilizam tais informações em seus websites ; informações como caracterização de projetos, investimentos monetários e os resultados destes. De acordo com um estudo conduzido pela KPMG (2005), o desenvolvimento da responsabilidade social corporativa na América Latina ainda está em estágio inicial. Os maiores destaques são apresentados em países como Argentina, Brasil, Chile e México, com atividades sociais restritas às grandes empresas. Puppim de Oliveira (2006) observou que a agenda da responsabilidade social corporativa na América Latina tem sido fortemente influenciada por questões econômicas, sociais e condições políticas; além de problemas ambientais que têm sido agravados, como desflorestamento e má qualidade das oportunidades de empregos.

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Araya (2006) examinou de que maneira as companhias estabelecidas em países latino- americanos (Brasil, Chile e México) disponibilizam informações socioambientais, nos seus relatórios anuais ou em relatórios separados. Com base nos dados de uma amostra de 250 companhias do ranking da revista América Economia, a autora analisou os relatórios e verificou que o país de origem da companhia influencia o tipo de relatório e como são divulgadas tais informações; além de destacar o Brasil, como o que apresenta maior número de empresas engajadas nas questões socioambientais. Com foco nos estudos sobre o avanço da responsabilidade social corporativa em países em desenvolvimento, Visser (2008) argumenta que os principais direcionadores do tema são: enfoque cultural, reformas políticas, prioridades econômico-sociais, governança, crises sociais e econômicas, acesso a mercados, padronização internacional, investimentos e incentivos às ações de interesses dos stakeholders . Baumgarten e Yucetepe (2009) analisaram as iniciativas de responsabilidade social corporativa promovidas por 10 companhias multinacionais americanas que exercem atividades na América Latina. Por meio da análise das informações divulgadas nos seus websites , relatórios anuais e relatórios sociais, os resultados do estudo revelaram que as iniciativas dessas companhias na região são limitadas, o foco dos seus programas socioambientais são outros mercados emergentes, como África e Ásia; que recebem maior atenção do que a América Latina. Baseado nas informações sociais e ambientais que são disponibilizadas em relatórios anuais e em websites corporativos, Calixto (2009) investigou as estratégias utilizadas por uma amostra de 468 companhias estabelecidas na América Latina. Através de um índice de evidenciação para mensuração de tais informações, criado a partir das contribuições teóricas anteriores, a autora verificou que grande parte das companhias tem utilizado largamente a internet de modo estratégico para divulgação dos seus investimentos socioambientais. A responsabilidade social corporativa é uma tendência que vem adquirindo importância no mundo empresarial. Os avanços das boas práticas empresariais e seus benefícios para o desenvolvimento de comunidades são cada vez mais enfatizados pelas companhias em diversos países. Através da análise de estudos que focaram países latino-americanos, verifica-se preliminarmente diferenças encontradas na divulgação de informações socioambientais devido ao estágio de desenvolvimento do tema em cada país; entretanto, é crescente a produção acadêmica a respeito da responsabilidade social corporativa e divulgação via

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relatórios na região, como pode ser observado pelo levantamento efetuado sobre o desenvolvimento do tema por país, apresentado na próxima seção.

2.3.5 Iniciativas do Meio Empresarial: Fundações, Institutos e Associações

Num estudo sobre a responsabilidade social corporativa na América Latina, Correa, Flynn e Amit (2004) destacaram as iniciativas empresariais e de Organizações Não- Governamentais - ONGs nacionais e internacionais que têm se envolvido com o tema, sintetizadas a seguir:

• Argentina. O atual interesse na responsabilidade social corporativa surgiu no país paralelamente à crise econômica de 2001, que ressaltou a importância da participação do setor empresarial no processo de revitalização do país. A crise econômica revelou-se um catalisador para fomentar maior consciência social. Entretanto, não há evidências que a responsabilidade social corporativa seja parte integral da estratégia de negócios, por estar ainda muito relacionada com filantropia e programas comunitários. • Brasil. O assunto vem sendo explorado há décadas no país, sob diversas perspectivas. Embora tenha sido vinculada a atividades filantrópicas até a década de 1980, a partir da década de 1990 ocorreram muitas mudanças no cenário; principalmente pelo fato de iniciativas da sociedade civil terem conquistado o apoio do meio empresarial, como o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE. Há também o apoio e envolvimento de instituições acadêmicas e do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas - GIFE. • Demais países da região . Também tiveram forte envolvimento com atividades filantrópicas até a década de 1990, época em que associações empresariais locais e regionais começaram a se engajar no movimento em prol da profissionalização da responsabilidade social corporativa na América Latina. São diversas as iniciativas empresariais para promover o tema, primordialmente voluntário. (CORREA, FLYNN e AMIT, 2004, tradução nossa).

A necessidade de organização das iniciativas de responsabilidade social corporativa tornou-se uma prioridade do setor privado, tendo em vista o anseio por contribuições efetivas para o desenvolvimento econômico e social, local ou regional onde são exercidas as suas atividades. Da mesma forma, companhias que exercem atividades em diferentes nacionalidades começaram a dar um tom mais profissional e padronizado para suas práticas socioambientais. Representantes de diferentes regiões das Américas começaram a se reunir e discutir formas de fortalecimento do papel do setor privado na sociedade. Trata-se do Forum Empresa, aliança criada em 1997 por um grupo de 150 empresários e lideranças da região, que atualmente reúne organizações empresariais que têm como propósito promover práticas de responsabilidade social na América Latina.

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O Forum Empresa reúne cerca de 3.000 empresas e trabalha em prol do conhecimento e entendimento do assunto na região. O Quadro 2.5 apresenta as principais instituições que reúnem grupos de empresas engajadas em causas socioambientais por país.

País Fundação, Instituto ou Associação Fundación del Tucumán Argentina Instituto Argentino de Responsabilidad Social –IARSE Brasil Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social Canadá Canadian Business for Social Responsibility -CBSR Chile Acción Empresarial Colômbia Centro Colombiano de Responsabilidad Social Empresarial -CCRSE El Salvador Fundación Empresarial para la Acción Social – FUNDEMAS Estados Unidos Business for Social Responsibility - BSR Guatemala Centro para la Acción de la Responsabilidad Social Empresarial Honduras Fundación Hondureña de Responsabilidad Social Empresarial Alianza para la Responsabilidad Social Empresarial – ALIARSE México Centro Mexicano para la Filantropia - CEMEFI Panamá Centro Empresarial de Inversión Social CEDIS Peru Peru 2021 Uruguai Desarrollo de la Responsabilidad Social – DERES Venezuela Centro de Divulgación del Conocimiento Económico, A.C. - CEDICE Quadro 2.5: Fundações, Institutos e Associações Voltadas para a Questão Socioambiental Fonte: Elaboração própria

Essas organizações compartem uma relação estreita com o meio empresarial, para divulgação, padronização de práticas socioambientais, além de incentivos para auto-avaliação destas. A organização Business for Social Responsibility - BSR desempenhou um papel importante na provisão de modelos socioambientais para as organizações latino-americanas, além de ter sido uma importante assessora, nas primeiras etapas de implantação em vários países da região. Entretanto, as associações trabalham de forma independente nos países em que foram concebidas. Atualmente esta reunião de associações empresariais trabalha com apoio mútuo para transferência de experiências, manuais e medidas adotadas para padronização de práticas de responsabilidade social corporativa. Porém, os desenvolvimentos acerca do nível de implantação, conscientização e organização prática de atividades socioambientais no ambiente empresarial de cada país depende também de outras questões. Dessa forma, o nível de adesão do meio empresarial a tais questões, varia muito entre os países latino-americanos, principalmente pelo processo de transição de atividades filantrópicas para atividades socioambientais estrategicamente gerenciadas pelas organizações.

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Podem ser encontrados padrões gerais em um extremo, como as atividades de responsabilidade socioambiental mais profissionalizadas no Brasil, enquanto no México e na Colômbia, as atividades filantrópicas são predominantes. A Argentina se posiciona entre esses dois extremos, enquanto as atividades no Chile são comparativamente menores em ambos os casos. No México, as atividades de responsabilidade social corporativa são entendidas ocasionalmente como a promoção de organizações empresariais de metas políticas particulares ou setoriais. No Peru, a principal organização no âmbito da responsabilidade social corporativa visualiza sua ação como dedicada primordialmente à tarefa de criar uma visão nacional do país. Na Colômbia, as principais fundações estão interessadas em proporcionar esquemas para a agenda política nacional. Brasil e Chile se encontram em outro extremo. No Chile, as principais organizações enfatizam a dimensão de neutralidade, ainda que diversos fatores tendam de algum modo a contrastar esta ênfase: na troca dos membros de uma organização religiosa, uma participação política mais ativa por parte das lideranças empresariais, ou ênfase menor em alguns dos indicadores, que efetivamente puderam demonstrar essa neutralidade. (AGUERO, 2002). A seguir são apresentadas algumas das principais contribuições teóricas e práticas sobre o tema em países latino-americanos:

Argentina

Não há uma organização central na Argentina que possa ser associada ao desenvolvimento da responsabilidade social corporativa no país, entretanto, o conselho de fundações se aproxima mais desse papel. As instituições BSR e Forum Empresa têm se esforçado para a criação de uma organização central, como em outros países, mas têm encontrado dificuldades. Em parte, isso pode ser explicado pelo resultado não só de demandas por lideranças competitivas e personalizadas, como também pela complexa e multifacetária natureza da prática e tradição filantrópica no país. (AGUERO, 2002). Este quadro também foi afetado na última década como resultado da recorrente crise econômica e uma profunda crise de legitimidade do Estado. O Estado é crescentemente percebido como incapaz de colocar o país em um caminho de crescimento econômico, ao mesmo tempo em que simultaneamente sucumbe à corrupção. (AGUERO, 2002). A mudança desse quadro se completa pelo recente surgimento e difusão nos últimos quatro anos, da noção de responsabilidade social corporativa, como algo distinto da filantropia. Isto é parcialmente o resultado da ativa proliferação de organizações e empresas

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internacionalmente conectadas que instalaram a noção de responsabilidade social corporativa, gerando sua própria dinâmica. Por sua vez, isso deveria ser visto como resultante de outros fatores mais profundos em jogo. Os fatores mais importantes são: uma sociedade civil cada vez mais poderosa, mudanças nos setores empresariais e sua percepção, e uma pressão mais forte de empresas estrangeiras. (AGUERO, 2002). Outro aspecto importante tem sido a mudança na disposição do setor empresarial, que deseja envolver-se mais sistematicamente em atividades de responsabilidade social corporativa. Entretanto, uma grande parte do tema tem lugar através de fundações empresariais e não necessariamente através da real disposição de uma empresa ter, como poderia idealmente se esperar, uma atividade de responsabilidade social corporativa. As atividades mais sistemáticas nesse sentido se refletem no trabalho do Grupo de Fundaciones Empresariais , comparativamente um modesto equivalente na Argentina do que o GIFE representa no Brasil. (AGUERO, 2002). O estudo conduzido por Paladino e Mohan (2002) teve por objetivo analisar o desenvolvimento da responsabilidade social no âmbito das empresas estabelecidas na Argentina. Dando destaque aos aspectos sociais, políticos e econômicos que influenciaram e influenciam o comportamento das organizações, os autores identificaram os primeiros passos das empresas rumo à organização e profissionalização das atividades de filantropia. De acordo com os autores, a responsabilidade social das empresas ainda é um tema muito incipiente no país. Para Schlosser (2003) as ações sociais empresariais na Argentina são orientadas principalmente pela filantropia tradicional, ou seja, doações. Entretanto, conforme outros autores, é crescente o número de empresas que mantêm fundações orientadas a um campo integral de responsabilidade social, com programas estratégicos focados em investimentos sociais, alianças com ONGs e programas de voluntariado. (LARRETA, 2003; STURZENEGGER, VIDAL e STURZENEGGER, 2003). Newell e Muro (2006) analisaram historicamente diferentes fases da evolução do debate sobre práticas de responsabilidade social e ambiental na Argentina. Os autores enfatizaram questões políticas, econômicas e sociais do país e identificaram vários aspectos que influenciam o desenvolvimento do tema, como tamanho, setor, diversidade das estratégias corporativas, nível de nacionalização e questões sociais em nível local, nacional e internacional. Em adição, os autores destacaram as influências exercidas por multinacionais naquele país, sobre a promoção da responsabilidade social e ambiental entre as corporações.

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Brasil

O país se destaca por ter implementado práticas de responsabilidade social corporativa mais desenvolvidas na América Latina. O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, o GIFE e o IBASE têm papéis importantes no surgimento e nas atuais discussões sobre o tema. A mobilização dos anos 1980 e 1990, de inspiração religiosa de alguns líderes empresariais organizados na Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas - ADCE, o representante no Brasil da União Internacional das Associações Patronais Cristãs - UNIAPAC, e no Instituto de Desenvolvimento Empresarial - IDE, que posteriormente passou a ser denominado Fundação Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social - FIDES. Estes grupos expressaram, desde os anos de 1960, uma preocupação com a extrema pobreza e fazendo um chamado aos empresários para que adquirissem consciência sobre o fato, e especificamente, propondo um balanço social para as empresas, movimento este que ganhou mais força quando foi liderado pelo sociólogo Betinho, em meados da década de 1990. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC é um órgão voltado para a promoção da boa governança corporativa no país. Fundado em 1995, o instituto é o responsável pela criação do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC. Entre as várias recomendações desse código, a responsabilidade social corporativa é destacada da seguinte forma:

Conselheiros e executivos devem zelar pela perenidade das organizações (visão de longo prazo, sustentabilidade) e, portanto, devem incorporar considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações. Responsabilidade Corporativa é uma visão mais ampla da estratégia empresarial, contemplando todos os relacionamentos com a comunidade em que a sociedade atua. A ‘função social’ da empresa deve incluir a criação de riquezas e de oportunidades de emprego, qualificação e diversidade da força de trabalho, estímulo ao desenvolvimento científico por intermédio de tecnologia, e melhoria da qualidade de vida por meio de ações educativas, culturais, assistenciais e de defesa do meio ambiente. Inclui-se também a contratação preferencial de recursos (trabalho e insumos) oferecidos pela própria comunidade. (IBGC, 2004).

Outra iniciativa ligada ao mercado financeiro do país foi a Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA, ao criar a Bolsa de Valores Sociais e Ambientais, uma opção de investimento diferenciada para -impulsionar projetos realizados por ONGs brasileiras, visando acima de tudo promover melhorias nas perspectivas sociais e ambientais do Brasil

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(BOVESPA, 2010). Além disso, a BOVESPA incentiva a prática da divulgação de informações socioambientais entre as companhias de capital aberto no país. O país está adiantado sobre o tema em relação aos demais da região, as iniciativas do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, assim como as do IBASE, mostram um grande crescimento e institucionalização em termos de número de associados e empresas que apresentam relatórios socioambientais; como também a diversidade e qualidade das atividades que promovem. E elas dão expressão ao processo que se encontrava em formação por um bom tempo e que têm um sustento sólido da sociedade civil. Porém, serviços de consultoria admitem a existência oculta das preocupações cosméticas de empresas acerca da necessidade de apresentar algum tipo de relatório. Outro aspecto se relaciona com a medição precisa do que realmente está sendo feito, e o impacto qualitativo sobre a comunidade e inadequações. A natureza fragmentária dessas atividades torna difícil saber o que realmente isso significa em sua totalidade. (AGUERO, 2002). O ambiente acadêmico do país tem apresentado uma imensa produção. A seguir são referenciados alguns dos estudos que mais se aprofundaram na efetiva institucionalização da responsabilidade social corporativa no Brasil. Com o objetivo de analisar os efeitos da atuação social das empresas na dinâmica empresarial, Borger (2001) conduziu um estudo multicaso junto a três empresas brasileiras. Os resultados da investigação revelaram que “o conjunto de variáveis independentes que caracterizam a atuação orientada para a responsabilidade social empresarial estão interrelacionadas assim como o conjunto das variáveis dependentes que caracterizam a dinâmica empresarial”. (BORGER, 2001, p. 244). Através de um estudo de casos múltiplos, junto a 5 empresas do setor de agronegócios e atuantes no Brasil, Machado Filho (2002) investigou as motivações que têm levado as organizações a se engajarem em práticas de responsabilidade social. De acordo com o autor, o investimento em ações de responsabilidade social é percebido pelas organizações por gerar retornos positivos para a imagem destas. Para explorar a percepção dos públicos interno e externo de uma organização brasileira do setor de cosméticos, quanto aos seus projetos sociais, Mollicone (2003) conduziu entrevistas junto a funcionários e clientes da empresa. De acordo com o autor, os resultados da pesquisa destacaram que o envolvimento da empresa em ações sociais não deve prescindir de uma atitude voltada para a assunção das responsabilidades sugeridas pelo modelo proposto por Carroll (1989), as responsabilidades econômicas, legais, éticas e filantrópicas. Essas variáveis são amplamente influenciadas pelas ações sociais da organização, além de

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proporcionar retornos a curto e a médio prazos para todos os stakeholders envolvidos com os projetos. Através de um estudo baseado nas representações de projetos sociais de empresas, Belizário (2008) teve como objetivo identificar de que forma os beneficiários desses projetos se apropriam do discurso social. A análise qualitativa de entrevistas junto a sete beneficiários de projetos de filantropia empresarial permitiu à autora verificar que:

A partir da contratualidade informal, a empresa se legitima como agente autorizado a implementar políticas públicas com fins privados, pois, mesmo que o projeto seja direcionado aos excluídos sociais, ele atende a interesses privados, relativos à reputação e à imagem empresarial. (BELIZÁRIO, 2008, p. 96).

A produção acadêmica sobre o tema no Brasil é intensa, aborda várias perspectivas, e cita-se, por exemplo: consumo responsável, percepção dos consumidores, gestores e outros stakeholders sobre o envolvimento de uma ou mais organizações com o tema, estudos de casos específicos sobre setores, regiões ou estados brasileiros, análise de relatórios dedicados ao tema, além de estudos sobre a responsabilidade social de universidades e ONGs. Muitos destes são citados em outros capítulos, ao longo da pesquisa.

Chile

No Chile, as discussões sobre responsabilidade social corporativa é muito mais recente do que nos demais países da região. A instituição Acción Empresarial , criada em maio de 2000, adotou oficialmente a promoção da responsabilidade social corporativa, uma reunião de empresas e indivíduos em prol da promoção do tema no país. De acordo com Aguero (2002), a difusão e o desenvolvimento do discurso socioambiental no país, como ocorre na BSC e no Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, não foi possível até então, devido às dificuldades locais, em razão da grande influência política que as associações locais exercem no país. O financiamento de campanhas políticas, além dos reflexos ainda atuais do cenário da ditadura são exemplos de forças que influenciam as atividades de responsabilidade social corporativa no Chile. Outras dificuldades dizem respeito às diferenças entre diferentes setores. O setor privado ainda não assumiu a necessidade de melhorar as condições de trabalho e aumentar a participação de todos os seus membros nos processos de tomada de decisão. E soma-se a este cenário, a maior parte das iniciativas de responsabilidade social são desenvolvidas por grandes empresas. (AGUERO, 2002).

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As pesquisas sobre responsabilidade social corporativa no Chile indicam que o assunto ainda é incipiente. (TEIXIDÓ, CHAVARRI e CASTRO, 2002). Após a condução de uma série de entrevistas junto a formadores de opinião da área de administração no Chile, de acordo com Beckman, Colwell e Cunningham (2009) as companhias multinacionais e as ONGs são os atores chave na promoção e disseminação da responsabilidade social corporativa no país.

México

Desde o final da década de 1960, alguns eventos contribuíram para o desenvolvimento da sociedade civil, como a crescente capacidade de grupos privados. Há um substancial número de atividades desenvolvidas por pessoas muito influentes, geralmente associadas a grandes empresas e fundações. Este é o caso de Lorenzo Servitje, do grupo Bimbo, Roberto Hernández, da Banamex, Carlos Slim da Telmex, e Manuel Arango, da Concord S.A. (AGUERO, 2002). Há um crescente número de iniciativas no campo da responsabilidade social. Estudos realizados pela CEMEFI, pelo Instituto Tecnológico de Estudios Superiores de Monterrey - ITESM e por Zimmat, indicam que um número expressivo de empresas participam de atividades, embora em montantes relativamente pequenos, a maioria dessas iniciativas carecem de um plano permanente. Não há fontes muito completas de informações que proveem um quadro fidedigno da magnitude da atividade filantrópica no país. Há também um número de empresas que são ativas na prática de responsabilidade social corporativa em matéria de meio ambiente, situação habitacional, desenvolvimento comunitário, serviços financeiros, cultura, ciência e tecnologia, capacitação, nutrição e promoção da filantropia. Em muitos casos, as atividades são planejadas e executadas diretamente pelas empresas, mas um grande número dessas opera através de doações a outras instituições. Entre os melhores exemplos de responsabilidade social corporativa, estão as companhias multinacionais que transferem sua experiência internacional em matéria adaptada às condições locais, ainda que tais exemplos se restrinjam exclusivamente às empresas estrangeiras. (AGUERO, 2002). Com foco na responsabilidade social corporativa de três companhias estabelecidas no México, Logsdon, Thomas e Van Buren III (2006) investigaram a natureza de tais investimentos, sob os aspectos históricos e culturais. Os resultados, de acordo com os autores, indicaram que a responsabilidade social corporativa não é um tema novo no país, e também

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não é influenciada por empresas americanas, como muitos imaginam, mas pelo contexto cultural e ambiente interno das companhias mexicanas. Paul et al. (2006) analisaram qualitativamente os relatórios socioambientais divulgados por uma amostra de 10 companhias estabelecidas no México, no período de 2000 a 2003. De acordo com os autores, grande parte das companhias usa o conceito de stakeholder , conceituam responsabilidade social corporativa em termos de filantropia e o assunto é mais destacado em companhias dos setores de petróleo, cimento, de cigarros e química. Alguns pesquisadores se dedicaram a estudar comparativamente os desenvolvimentos da responsabilidade social corporativa no México e na África do Sul (ACUTT, MEDINA- ROSS e O’RIORDAN, 2004), no México e na França (BLASCO e ZØLNER, 2008). Os resultados desses estudos identificaram profundas diferenças culturais que levam a diferentes níveis de desenvolvimento do tema entre o México e os demais países envolvidos nas comparações. Husted e Allen (2006) investigaram as estratégias das companhias multinacionais para responder às pressões de stakeholders . Os autores conduziram uma survey junto a profissionais de 88 multinacionais estabelecidas no México e verificaram que as pressões dos stakeholders guiam as decisões das organizações em relação à responsabilidade social corporativa no país. No âmbito das empresas mexicanas do setor automotivo, Muller e Kolk (2009) conduziram uma survey , com o objetivo de analisar a relação entre o desempenho dessas companhias e três dimensões da responsabilidade social corporativa: meio ambiente, emprego e comunidade. Os resultados, de acordo com os autores, mostraram que as companhias locais se engajam num tipo de atividade de responsabilidade social corporativa comumente associada com o tema em países desenvolvidos. Ou seja, o assunto não é visto de forma diferente, entre países desenvolvidos ou em desenvolvimento. São poucos os estudos sobre a divulgação de informações socioambientais nos relatórios de companhias estabelecidas no México, mas esses têm indicado que o tema ainda é incipiente no país. (CHAVARRÍA, 2008; SALGADO e HERNÁNDEZ, 2007). A responsabilidade social corporativa parece ter avanços limitados no México, sendo promovida com algum avanço por organizações multinacionais e parcialmente pelas empresas locais. E há também pouco tempo que o tema começou a ser desvinculado de filantropia. (GARCÉS, 2007).

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Peru

As atividades de responsabilidade social corporativa adquiriram forma institucional entre alguns empresários do país como resultado da reação frente a violentas crises de instabilidade que atravessou a política e a sociedade peruana. Um grupo de jovens empresários, em 1992 começou a se reunir para discutir suas preocupações acerca do estado crítico da situação no país, tanto em relação ao papel do Estado, em relação à situação social: hiperinflação, debilidade das instituições políticas, ameaças terroristas e a ausência de espaço para discussões. Pelo menos metade dos membros desse grupo era de empresários e a outra metade, executivos de empresas. A ideia era criar uma organização que trabalhasse para reunir diferentes setores com o objetivo de oferecer uma visão de futuro para o país, um projeto nacional para os peruanos. Criada oficialmente em 1994, a organização denominada Peru 2021 começou suas atividades com eventos sociais, cujo objetivo era difundir pontos de vista de empresários, os 51 fundadores. Com o objetivo de ampliar suas atividades, foram estabelecidas alianças e conexões com outras organizações, como entidades representativas da sociedade civil e universidades. (PERU 2021, 2010). Após o recebimento do apoio da Fundação Kellog, em 1997, começou também a expansão e disseminação da responsabilidade social corporativa nas províncias, com a elaboração de câmaras regionais da Peru 2021 . Iniciativas foram criadas para desenvolver o manejo de sistemas ambientais e obter a certificação ISO 14001. Outros projetos incluem a premiação nacional de responsabilidade social entre as empresas a cada ano. Um bom número de ganhadores corresponde a empresas multinacionais. (AGUERO, 2002). Como resultado dos seus esforços, a Peru 2021 se integrou à rede de responsabilidade social, patrocinada por BSR e Forum Empresa. De forma bastante explícita e com a ajuda de outras organizações, como o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a Peru 2021 utiliza diretrizes para a promoção de metodologias específicas sobre o desenvolvimento da responsabilidade social no país. A organização Peru 2021 desenvolveu um modelo de balanço social baseado na experiência colombiana, contudo, o projeto resultou em poucas empresas a adotarem tal prática. As atividades da Peru 2021 têm sido uma prolongação das suas preocupações iniciais para o desenvolvimento de uma visão nacional do país, o que a diferencia de outras organizações do mesmo segmento na América Latina; como o Instituto Ethos de Empresas e

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Responsabilidade Social e Acción Empresarial , que se dedicam exclusivamente aos temas da responsabilidade social empresarial. (AGUERO, 2002). Verifica-se que o desenvolvimento do tema encontra-se em diferentes estágios nos países latino-americanos. Apesar de algumas similaridades, tais como as épocas coincidentes da integração do meio empresarial com questões socioambientais, como na Argentina, Chile e no Peru e no México, a separação dessas atividades de ações de filantropia, tem se mostrado, ainda, um obstáculo em alguns países.

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2.4 DIRETRIZES E NORMAS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

A divulgação voluntária de informações sobre os investimentos das organizações em ações socioambientais tem recebido grande atenção nas últimas décadas. Inicialmente foi dado destaque ao envolvimento das empresas com a questão social, que engloba o público interno, principalmente com ações voltadas para o bem-estar dos seus funcionários, e também junto a comunidades locais, como esportes, lazer, cultura e educação de crianças e jovens. Devido à forte ênfase nos problemas ambientais e as graves consequências que têm sido discutidas na mídia global, as ações das empresas voltadas para o meio ambiente passaram a receber maior destaque. Assim, esses investimentos foram somados às questões sociais e observa-se uma mudança na forma de divulgar essas ações, inicialmente eram divulgadas em notas explicativas que acompanham os relatórios contábeis, que ao longo do tempo, incorporaram também as informações ambientais. Com o aumento da sofisticação dessas informações, as empresas passaram a utilizar um relatório específico para divulgar suas ações sociais e na França, por exemplo, este relatório passou a ser obrigatório por lei para as companhias de capital aberto que têm mais de 300 funcionários. (OWEN e O’DWYER, 2008). Atualmente, no meio empresarial há a tendência de divulgação de um relatório separado que engloba os investimentos sociais e ambientais, comumente denominado relatório socioambiental; relatório social corporativo ou relatório de sustentabilidade. A seguir são apresentadas as principais iniciativas de padronização desses relatórios, as normas de certificação que influenciam substancialmente a forma e conteúdo destes, bem como as iniciativas nacionais e internacionais sobre o tema, que têm incentivado as empresas a disponibilizar informações sobre o tema. Foram criadas em diversos países normas de responsabilidade social, tais como: Inglaterra (BS 8900), Austrália (AS 8003), França (SD 21000), Israel (SI10000), Japão (ECS 2000), Itália (Q-Res), Alemanha (VMS), sendo que no Brasil foram criadas as normas da Série NBR 16000. A criação de várias normas sobre mesmo tema surgiu como argumento plausível para a ISO começar as discussões sobre uma única norma que pudesse atender às demandas organizacionais em nível mundial. Em 2010 foi aprovada a ISO 26.000, a norma de responsabilidade social.

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2.4.1 International Standards of Accounting and Reporting - ISAR

O Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting - ISAR é um grupo de especialistas em contabilidade de vários países, criado em 1982, dedicado à promoção da harmonização das práticas contábeis no nível corporativo. Ligado à Organização das Nações Unidas – ONU através da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento - UNCTAD, estuda um padrão de informações ambientais mínimas e necessárias que devem conter nos relatórios anuais das companhias. Entre os seus objetivos, o ISAR: efetiva ações apropriadas para assegurar a comparabilidade dos relatórios divulgados por companhias multinacionais; emite considerações sobre o tema e falhas em seus relatórios; tem como objetivo promover a avaliação e comparabilidade das informações divulgadas por empresas transnacionais; examina o desenvolvimento no campo da contabilidade internacional e relatórios, incluindo a elaboração de padrões e concentra-se no estabelecimento de prioridades e necessidades de cada país, particularmente dos que estão em desenvolvimento. Em 1998 foi disponibilizado pela UNCTAD/ISAR um relatório que contém as diretrizes básicas recomendadas para divulgação de informações ambientais nos relatórios financeiros das organizações. Este relatório é dividido em dois capítulos e no primeiro é apresentado um guia das melhores práticas para divulgação de custos e passivos ambientais. Na sequência, são apresentados indicadores chave de desempenho ambiental (EPIs), que se relacionam com o desempenho financeiro, são definidos ativos, passivos, custos e contingências ambientais. A UNCTAD propôs um modelo de padronização dos indicadores de desempenho em 2000 que contempla o aspecto ambiental e financeiro das empresas, e em 2004 foi disponibilizada uma nova versão deste documento, o Manual for the prepares and users of eco-efficiency indicators .

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2.4.2 Global Reporting Initiative

Iniciativas internacionais que reúnem diferentes entidades têm divulgado a padronização de indicadores socioambientais que abordam a variável física e ou financeira das companhias; como a GRI- The Global Reporting Initiative que começou a ser desenvolvida em 1997, nos Estados Unidos, com o objetivo de aperfeiçoar a qualidade das informações socioambientais disponíveis e o risco do desempenho das companhias. A GRI tem se posicionado como um padrão internacional para desenvolvimento de enfoques consistentes para publicação do desempenho socioambiental das empresas. A padronização e a disseminação da GRI ocorrem de forma voluntária. A GRI tem como objetivo melhorar a qualidade, o rigor e a aplicabilidade dos relatórios de sustentabilidade, auxiliando a organização relatora e suas partes interessadas a articular e compreender suas contribuições para o desenvolvimento sustentável, porque elabora padrões para a apresentação destes relatórios de forma independente, transparente e constantemente aperfeiçoada. (CRAWFORD, 2005). A missão da GRI é desenvolver e disseminar, globalmente, diretrizes confiáveis para a elaboração de relatórios de sustentabilidade que possam ser usadas por organizações de todos os tamanhos, setores e localidades. Desta forma, ela estará satisfazendo à necessidade dos diversos stakeholders , de uma comunicação clara e transparente dos impactos econômicos, ambientais e sociais das organizações. (GRI, 2006). O relatório elaborado conforme as diretrizes GRI aborda os três elementos interrelacionados que se aplicam a uma organização, os aspectos social, ambiental e econômico das suas operações. Além disso, os indicadores propostos podem ser utilizados por qualquer instituição, bastando haver o interesse da organização em divulgar tais informações em consonância com as diretrizes mencionadas. Todo esse esforço é realizado para que a GRI possa concretizar a missão de desenvolver e divulgar as diretrizes para relatórios de sustentabilidade de aplicabilidade global e estabelecer princípios amplamente adotados para que se possa promover uma harmonização internacional deste tipo de relatório. E possa também agregar maior valor tanto para a empresa quanto para seus usuários, aumentando a comparabilidade, consistência e utilidade desse relatório. (WOODS, 2003). A GRI reconhece que este é um projeto em fase inicial e que se trata de um processo contínuo de aprendizagem. Porém, considera tal iniciativa importante, porque a elaboração e a publicação de relatórios socioambientais comprometidos com a qualidade permitem para

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qualquer organização: manter um diálogo aberto e contínuo com suas partes interessadas; identificar potenciais problemas advindos de sua atividade, gerando oportunidade de se evitar acontecimentos impróprios e possibilitando a melhoria nos processos da organização; e avaliar a contribuição da empresa para o capital humano, natural e social, de forma a expandir a perspectiva fornecida pelos relatórios financeiros. (WOODS, 2003). A adoção das Diretrizes da GRI pode ser total ou parcial. Isso porque esta organização tem o propósito de estimular a divulgação de relatórios socioambientais com maior qualidade tanto para grandes empresas, com aprimorados controles de gestão, quanto para empresas de pequeno porte, ou que não tenham ainda experiência na elaboração deste tipo de relatório. As diretrizes GRI foram elaboradas baseadas num processo consensual a fim de criarem relatórios que possam alcançar aceitação mundial. Para isto, há a participação ativa de representantes do meio empresarial, das áreas de contabilidade, investimentos, meio ambiente, direitos humanos e organizações de trabalho de várias partes do mundo, que enviam sugestões e comentários. (GEE e SLATER, 2005). A fim de reivindicar que seu relatório está de acordo com as diretrizes GRI, esses devem satisfazer a cinco condições, que incluem a consistência com os princípios da GRI; a divulgação de informações específicas da visão e da estratégia da empresa, do perfil organizacional, do escopo do relatório, da governança e gerência dos sistemas; e informar cada um dos indicadores essenciais ou fornecer uma explanação no caso da sua omissão (ADAMS e EVANS, 2004). O primeiro conjunto de diretrizes para relatórios de sustentabilidade da GRI foi elaborado em 1999 e lançado em junho de 2000. Desde então, sofreu duas atualizações. Uma em 2002, publicada em português em 2004, e outra lançada no Brasil, em dezembro de 2006. Esta última é denominada G3, para destacar o fato de ser a terceira geração de indicadores (INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2007). A avaliação do nível de aplicação da GRI até 2002 ficou conhecida como declaração de acordo com ( in accordance ), que sinalizava o fato da empresa ter elaborado o seu relatório conforme as diretrizes recomendadas. A partir de 2007 foi substituída, na versão G3 por um indicador que permite à organização verificar até que ponto os elementos da estrutura das diretrizes foram aplicados na elaboração do seu relatório de sustentabilidade. O Business for Social Responsibility , uma organização norte-americana com mais de 250 empresas publicou um relatório com uma série de recomendações para ajudar a desenvolver a terceira edição do guia GRI. Segundo o diretor do BSR, Dunstan Hope, “as

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empresas estão contribuindo para o guia, ninguém pensa em fazer uma revisão. As empresas querem uma evolução, não uma revolução na responsabilidade social” (COWE, 2003, p. 1). Segundo o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2007), a elaboração do G3 levou mais de dois anos de consultas, debates e reuniões e contou com a participação de mais de 4000 pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil. A GRI (2006) destaca que só em relação ao processo de comentários públicos, foram recebidas 270 contribuições relevantes, entre os meses de janeiro e março de 2006, o que é considerado bastante significativo pela entidade. A versão G3 das diretrizes GRI incluiu dez princípios para elaboração do relatório de sustentabilidade. Segregados em dois grupos, os princípios que definem o conteúdo do relatório , têm como objetivo auxiliar na priorização dos temas selecionados, ou seja, eles vão ajudar a organização a definir quais informações que deverão ser enfatizadas no seu relatório de sustentabilidade. O segundo grupo representa os princípios que asseguram a qualidade do relatório , que vão ajudar a garantir a qualidade das informações relatadas. A qualidade das informações possibilita que os stakeholders realizem avaliações de desempenho consistentes, justas e tomem decisões adequadas. O Quadro 2.6 apresenta o escopo de cada um dos princípios, de acordo com as diretrizes GRI. Quanto ao conteúdo do relatório, este deve conter indicadores de desempenho que exponham as informações sobre o desempenho econômico, ambiental e social da organização passíveis de comparação. Assim, os indicadores de desempenho “são informações qualitativas ou quantitativas sobre consequências ou resultados associados à organização que sejam comparáveis e demonstrem mudança ao longo do tempo” (GRI, 2006, p. 40). Os indicadores podem ser essenciais ou adicionais. Os indicadores essenciais são aqueles que são aplicáveis e relevantes para a maioria das organizações e deverão necessariamente ser relatados no relatório, exceto no caso de ser demonstrado pela organização que o indicador não está alinhado aos princípios destacados pela GRI. Os indicadores adicionais, por sua vez, são aqueles que podem ser aplicáveis e relevantes para algumas organizações, mas, geralmente, não são para a maioria, além daqueles que representam práticas emergentes. (GRI, 2006). Cada uma das três categorias, econômica, ambiental e social, possui um conjunto de indicadores de desempenho, essenciais e adicionais.

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Princípios que definem o conteúdo do relatório As informações no relatório devem cobrir temas e indicadores que reflitam os impactos econômicos, ambientais e sociais significativos da organização ou possam influenciar de forma substancial as avaliações e decisões dos stakeholders . Explicação: As organizações encontram uma série de temas que podem relatar. Os temas e indicadores relevantes são os que podem ser considerados importantes por refletir os impactos econômicos, ambientais e sociais da organização ou por influenciar as decisões dos stakeholders, merecendo, portanto ser incluídos no relatório. A materialidade é o limiar a partir do qual um tema ou indicador se torna suficientemente expressivo para ser relatado. A partir desse limiar, nem todos os temas relevantes terão igual importância e a ênfase dentro do relatório deverá refletir a prioridade relativa desses temas e indicadores relevantes. Em relatórios financeiros, a materialidade costuma ser compreendida como o limiar a partir do qual se influenciam as decisões econômicas dos usuários de demonstrações financeiras, em especial investidores. O conceito de limiar também é importante em relatórios de sustentabilidade, mas diz respeito a uma gama mais vasta de impactos e de stakeholders. A materialidade para relatórios de sustentabilidade não se restringe aos temas da sustentabilidade que têm impacto financeiro significativo na organização. Determiná-la inclui ainda considerar impactos econômicos, ambientais e sociais que ultrapassam o limiar que afeta a capacidade de “satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Materialidade Essas questões relevantes frequentemente terão impacto financeiro significativo de curto e longo prazo na organização. Serão, portanto, relevantes também para os stakeholders que focam estritamente na situação financeira da organização. Para determinar se uma informação é relevante, deve- se utilizar uma combinação de fatores internos e externos, entre os quais a missão geral e a estratégia competitiva da organização, preocupações expressas diretamente pelos stakeholders, expectativas sociais mais amplas e o raio de influência da organização sobre entidades tanto upstream (a cadeia de suprimentos, por exemplo) quanto downstream (como os clientes). As avaliações de materialidade também deverão levar em conta as expectativas básicas expressas em normas e acordos internacionais que a organização deve cumprir. Na avaliação da importância das informações, esses fatores internos e externos devem ser considerados com base no quanto eles traduzem os impactos econômicos, ambientais e sociais significativos ou os processos decisórios dos stakeholders . Metodologias já estabelecidas podem ser usadas para avaliar a importância dos impactos. Geralmente, “impactos significativos” são aqueles sujeitos a uma preocupação permanente por parte das comunidades de especialistas ou que tenham sido identificados por meio de ferramentas estabelecidas, como metodologias de avaliação de impacto ou análise de ciclos de vida. Os impactos suficientemente importantes para exigir uma gestão ativa ou comprometimento por parte da organização provavelmente serão considerados significativos. O relatório deverá enfatizar as informações sobre desempenho referentes aos temas mais relevantes. Outros temas relevantes poderão ser incluídos, mas com menor destaque. A organização deverá explicar seus processos para a determinação da prioridade relativa de temas em seu relatório. Além de orientar a seleção de temas a relatar, o princípio de materialidade se aplica ao uso dos indicadores de desempenho. Um relatório poderá apresentar vários graus de abrangência e detalhamento na divulgação de desempenho. Em alguns casos, há uma orientação da GRI com um nível de detalhamento usualmente considerado adequado para um indicador específico. De modo geral, as decisões sobre como relatar os dados devem ser baseadas no quanto uma informação é importante para a avaliação do desempenho da organização e quanto ela facilita comparações adequadas. O relato de temas relevantes poderá envolver a divulgação de informações usadas por stakeholders externos diferentes das utilizadas internamente no processo cotidiano de gestão. Entretanto, tais informações fazem, de fato, parte do relatório, pois vão transmitir avaliações e processos decisórios de stakeholders, ou dar apoio ao seu engajamento, podendo resultar em ações capazes de influenciar de forma significativa o desempenho ou abordar temas fundamentais para os stakeholders . A organização relatora deve identificar seus stakeholders e explicar no relatório que medidas foram tomadas em resposta a seus interesses e expectativas procedentes. Explicação: Os stakeholders são definidos como organizações ou indivíduos que possam ser significativamente afetados pelas atividades, produtos e/ou serviços da organização e cujas ações possam afetar significativamente a capacidade da organização de implementar suas estratégias e atingir seus objetivos com sucesso. Isso inclui organizações ou indivíduos cujos direitos nos termos da lei ou de convenções internacionais lhes 75

conferem legitimidade de reivindicações perante a organização. Os stakeholders podem incluir tanto as partes diretamente envolvidas nas operações da organização (como empregados, acionistas e fornecedores) quanto as que são externas a ela (a comunidade do entorno, por exemplo). Os interesses e expectativas procedentes dos stakeholders são uma referência fundamental para muitas decisões no decorrer da elaboração do relatório, como, por exemplo, sobre o escopo, o limite, a aplicação dos indicadores e a abordagem de verificação. Todavia, nem todos os stakeholders de uma organização usarão o relatório. Isso impõe o desafio de equilibrar os interesses/expectativas específicos dos stakeholders que, espera-se, farão uso do relatório, com as maiores expectativas de prestar contas a todos os stakeholders. Para algumas decisões, tais como o escopo ou o limite do relatório, os interesses e expectativas procedentes de uma vasta gama de stakeholders deverão ser considerados. Poderá haver, por exemplo, stakeholders que não consigam articular seus pontos de vista sobre o relatório e cujas preocupações serão apresentadas por representantes ou stakeholders que optem por não expressar seus pontos de vista sobre o relatório porque dependem de diferentes canais de Inclusão dos comunicação e engajamento. Ainda assim, os interesses e expectativas procedentes desses stakeholders deverão ser reconhecidos nas decisões Stakeholders sobre o conteúdo do relatório. Entretanto, outras definições, como o nível de detalhamento para que o relatório seja útil para os stakeholders ou as expectativas de diferentes stakeholders sobre o que é necessário para torná-lo claro, poderão exigir uma ênfase maior naqueles que, espera- se, farão uso do relatório. É importante documentar os processos e a forma como as decisões foram tomadas. O processo de engajamento dos stakeholders pode servir como ferramenta para a compreensão de seus interesses e expectativas procedentes. As organizações costumam promover diferentes formas de engajamento dos stakeholders como parte de suas atividades normais − com vistas ao cumprimento de normas internacionais, por exemplo, ou ao informar sobre processos organizacionais de negócios em andamento, o que pode fornecer subsídios úteis para as decisões acerca do relatório. Além disso, esse engajamento poderá ser implementado especificamente para subsidiar o processo de elaboração do relatório. As organizações também podem lançar mão de outros meios, como a mídia, a comunidade científica ou atividades colaborativas com pares e stakeholders, que ajudariam na compreensão de seus interesses e expectativas procedentes. Para que o relatório seja passível de verificação, o processo de engajamento terá de ser documentado. Quando os processos de engajamento dos stakeholders são usados para a elaboração do relatório, eles devem se basear em abordagens, metodologias ou princípios sistemáticos ou amplamente aceitos. A abordagem geral deverá ser suficientemente eficaz para assegurar que as necessidades de informação dos stakeholders sejam adequadamente compreendidas. A organização relatora precisa documentar sua abordagem para definir com quais stakeholders se engajou, como e quando, e de que modo esse engajamento influenciou o conteúdo do relatório e as atividades de sustentabilidade da organização. Esses processos deverão ser capazes de identificar subsídios diretos dados pelos stakeholders, assim como expectativas legitimamente estabelecidas pela sociedade. A organização poderá encontrar visões conflitantes ou expectativas distintas entre seus stakeholders e precisará explicar como buscou equilibrar esses fatores nas decisões tomadas na elaboração do relatório. A não identificação e o não-engajamento de stakeholders diminuem as chances de o relatório estar adequado às suas necessidades, não tendo, dessa forma, total credibilidade entre todas as partes. O engajamento sistemático dos stakeholders , ao contrário, aumenta a receptividade e a utilidade do relatório. Este, quando executado de maneira apropriada, resultará provavelmente em aprendizagem contínua dentro e fora da organização e numa melhor prestação de contas para vários stakeholders. A prestação de contas fortalece a confiança entre a organização relatora e seus stakeholders , e essa confiança, por sua vez, fortalece a credibilidade do relatório. O relatório deverá apresentar o desempenho da organização no contexto mais amplo da sustentabilidade. Explicação: As informações sobre o desempenho deverão ser contextualizadas. A pergunta subjacente aos relatórios de sustentabilidade é de que modo a organização contribui ou pretende contribuir no futuro para a melhora ou deterioração das condições econômicas, ambientais e sociais em nível local, regional ou global. O simples relato de tendências no desempenho individual (ou na eficiência da organização) não responderá a essa questão. Os relatórios devem, portanto, buscar expressar o desempenho em relação a conceitos mais amplos de sustentabilidade. Isso envolve a discussão do desempenho da organização no contexto dos limites e demandas relativos aos recursos ambientais ou sociais em nível setorial, local,

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regional ou global. Por exemplo, além de relatar tendências em ecoeficiência, a organização poderia apresentar sua carga total de poluição em relação à capacidade do ecossistema regional de absorver o poluente. Contexto da Esse conceito é articulado de forma mais clara na área ambiental, em termos de limites globais para o uso de recursos e para níveis de poluição, Sustentabilidade mas também pode ser relevante no que diz respeito a metas sociais e econômicas, como os objetivos nacionais ou internacionais de desenvolvimento socioeconômico e sustentável. Por exemplo, a organização poderia relacionar os níveis dos salários e benefícios sociais dos empregados aos níveis de renda mínima e média nacionais e à capacidade das redes de proteção social de absorver os miseráveis ou os que vivem próximo da linha de pobreza. As organizações que operam em várias localidades e setores, com portes variados, devem considerar como melhor enquadrar seu desempenho organizacional geral dentro de um contexto mais amplo de sustentabilidade. Isso pode tornar necessária a distinção entre os temas ou fatores que causam impactos globais (como a mudança climática) e os que geram impactos regionais ou locais (como o desenvolvimento da comunidade). Da mesma forma, pode ser necessário distinguir entre tendências ou padrões de impactos ao longo de todas as operações em contraste com a contextualização do desempenho de local para local. A própria estratégia de negócios e sustentabilidade da organização fornece o contexto para a discussão de desempenho. A relação entre sustentabilidade e estratégia organizacional deverá ser clara, assim como o contexto dentro do qual o desempenho é relatado. A cobertura dos temas e indicadores relevantes, assim como a definição do limite do relatório, deverá ser suficiente para refletir os impactos econômicos, ambientais e sociais significativos e permitir que os stakeholders avaliem o desempenho da organização no período analisado. Explicação: A “abrangência” é composta principalmente por dimensões como escopo, limite e tempo. O conceito de abrangência poderá também ser usado para se referir a práticas na coleta de informações (por exemplo, assegurando que os dados compilados incluam resultados de todos os locais dentro do limite do relatório) e se a apresentação das informações é aceitável e apropriada. Esses temas estão relacionados à qualidade do relatório e são tratados detalhadamente nos princípios de exatidão e de equilíbrio. O “escopo” se refere à gama de temas de sustentabilidade contidos em um relatório. A soma dos temas e indicadores relatados deverá ser suficiente para refletir os impactos econômicos, ambientais e sociais significativos, bem como permitir que os stakeholders avaliem o desempenho da organização. A decisão quanto às informações contidas no relatório serem suficientes ou não deverá basear-se tanto nos resultados dos processos de engajamento dos stakeholders como em expectativas sociais mais amplas, que possam não ter surgido diretamente no processo de Abrangência engajamento dos stakeholders. O “limite” se refere às unidades de negócios (subsidiárias, joint ventures , empresas contratadas etc.) cujo desempenho é declarado pelo relatório. Ao estabelecer o limite de seu relatório, a organização deverá considerar a gama de entidades sobre as quais tem controle (geralmente chamada de “limite organizacional”, vinculado a definições usadas em relatórios financeiros) e a gama de entidades sobre as quais exerce influência (geralmente chamada de “limite operacional”). Ao avaliar influência, a organização tem de considerar sua capacidade de influenciar entidades tanto upstream (a cadeia de suprimentos, por exemplo) como downstream (os distribuidores e usuários de seus produtos e serviços, por exemplo). O limite pode variar dependendo do tipo de informação ou do aspecto específico relatado. O “tempo” se refere à necessidade de as informações selecionadas estarem completas em relação ao período especificado no relatório. Na medida do possível, atividades, eventos e impactos deverão ser reportados de acordo com o período coberto pelo relatório. Isso inclui atividades que causem mínimo impacto a curto prazo, mas que terão efeito cumulativo expressivo e razoavelmente previsível, o qual pode tornar-se inevitável ou irreversível a longo prazo (como poluentes biocumulativos ou persistentes). Ao abordar impactos futuros (positivos e negativos), as informações deverão basear-se em estimativas criteriosas que reflitam o provável tamanho, natureza e escopo dos impactos. Ainda que especulativas por natureza, essas estimativas poderão fornecer informações úteis para o processo decisório, desde que seus critérios sejam claramente divulgados e suas limitações claramente reconhecidas. A divulgação da natureza e probabilidade de tais impactos, mesmo que eles só venham a se materializar no futuro, é coerente com o objetivo de oferecer uma declaração equilibrada e razoável do desempenho econômico, ambiental e social da organização. Princípios para assegurar a qualidade do relatório

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O relatório deverá refletir aspectos positivos e negativos do desempenho da organização, de modo a permitir uma avaliação equilibrada do desempenho geral. Explicação: A apresentação geral do conteúdo do relatório deverá retratar de modo imparcial o desempenho da organização. É preciso evitar Equilíbrio escolhas, omissões ou formatos de apresentação que tendam a influenciar indevida ou inapropriadamente uma decisão ou julgamento por parte do leitor. O relatório deve incluir resultados tanto favoráveis quanto desfavoráveis e abordar temas que possam influenciar as decisões dos stakeholders proporcionalmente à sua materialidade. Os relatórios têm de fazer uma clara distinção entre a apresentação objetiva dos fatos e a interpretação das informações por parte da organização relatora. As questões e informações deverão ser selecionadas, compiladas e relatadas de forma consistente. As informações relatadas deverão ser apresentadas de modo que permita aos stakeholders analisar mudanças no desempenho da organização ao longo do tempo e subsidiar análises sobre outras organizações. Explicação: A comparabilidade é necessária para a avaliação de desempenho. Os stakeholders que usarem o relatório deverão poder comparar as informações sobre o atual desempenho econômico, ambiental e social da organização com o anterior, com seus objetivos e, na medida do possível, com o desempenho de outras organizações. A consistência no relato permite às partes internas e externas comparar o desempenho e avaliar progressos como parte das atividades de classificação, decisões de investimento, programas de defesa de direitos ou conscientização ( advocacy programs ), entre outras. Comparações entre organizações exigem sensibilidade a fatores como diferenças de porte, influências geográficas e outras considerações que Comparabilidade possam afetar o desempenho relativo de cada uma. Quando necessário, os relatores deverão fornecer um contexto que ajude os usuários dos relatórios a compreender fatores que possam contribuir para as diferenças de desempenho entre organizações. A manutenção da consistência nos métodos utilizados para os cálculos de dados, no layout do relatório e na explicação dos métodos e hipóteses usados na preparação das informações facilita a comparabilidade ao longo do tempo. Como a importância relativa de temas para uma dada organização e seus stakeholders muda de um período para outro, o conteúdo dos relatórios também evoluirá. Entretanto, dentro dos limites do princípio de materialidade, as organizações deverão visar à consistência em seus relatórios ao longo do tempo. É preciso incluir números totais (ou seja, dados absolutos, tais como toneladas de resíduos) e também proporções (ou seja, dados normalizados, como resíduos por unidade de produção) para possibilitar comparações analíticas. Quando forem alterados o limite, o escopo, a duração do período coberto pelo relatório ou seu conteúdo (inclusive design , definições e uso de quaisquer indicadores), as organizações relatoras devem, na medida do possível, reformular seus informes atuais junto com dados históricos, ou vice-versa. Essa medida irá assegurar que as informações e comparações sejam confiáveis e significativas ao longo do tempo. Onde tais reformulações não forem feitas, o relatório deverá explicar as razões e implicações para a interpretação dos informes atuais. As informações deverão ser suficientemente precisas e detalhadas para que os stakeholders avaliem o desempenho da organização relatora. Explicação: As respostas a temas e indicadores econômicos, ambientais e sociais podem ser expressas de muitas maneiras, desde respostas Exatidão qualitativas até medições quantitativas detalhadas. As características que determinam a exatidão variam de acordo com a natureza das informações e o usuário delas. Por exemplo, a precisão das informações qualitativas é, em grande parte, determinada pelo grau de clareza, detalhamento e equilíbrio de sua apresentação dentro do adequado limite do relatório. Por outro lado, o rigor das informações quantitativas pode depender dos métodos específicos usados para coletar, compilar e analisar dados. O nível de exatidão necessário dependerá, em parte, do uso que se pretende fazer das informações. Certas decisões exigirão um nível mais alto em determinadas informações relatadas do que em outras. O relatório é publicado regularmente e as informações são disponibilizadas a tempo para que os stakeholders tomem decisões fundamentadas. Explicação A utilidade das informações está intimamente ligada ao fato de o momento de sua divulgação permitir aos stakeholders integrá-las eficazmente ao seu processo decisório. O momento da divulgação se refere tanto à regularidade do relatório como à atualidade dos eventos nele descritos. Embora Periodicidade seja desejável um fluxo permanente de informações para satisfazer certos propósitos, as organizações relatoras deverão se comprometer a fornecer

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regularmente informação consolidada sobre seu desempenho econômico, ambiental e social em algum momento específico. A consistência na periodicidade dos relatórios e na duração dos períodos cobertos também é fundamental para assegurar tanto a comparabilidade das informações ao longo do tempo como a acessibilidade do relatório entre os stakeholders. Pode ser igualmente relevante para os stakeholders que o calendário dos relatórios financeiro e de sustentabilidade esteja alinhado. A organização deve equilibrar a necessidade de fornecer informações seguindo um calendário com a importância de assegurar que as informações sejam confiáveis. As informações deverão estar disponíveis de uma forma que seja compreensível e acessível aos stakeholders que fizerem uso do relatório. Explicação: O relatório (quer impresso, quer em outras mídias) deverá apresentar as informações de forma compreensível, acessível e utilizável Clareza pelos stakeholders da organização. As informações desejadas deverão ser encontradas sem demasiado esforço e apresentadas de maneira clara para os stakeholders que detêm um conhecimento razoável a respeito da organização e de suas atividades. Os gráficos e as tabelas de dados consolidados podem ajudar a tornar as informações do relatório acessíveis e compreensíveis. O nível de agregação das informações também pode afetar a clareza do relatório caso elas sejam significativamente mais ou menos detalhadas do que os stakeholders esperam. As informações e processos usados na preparação do relatório deverão ser coletados, registrados, compilados, analisados e divulgados de uma forma que permita sua revisão e estabeleça a qualidade e materialidade das informações. Explicação: Os stakeholders deverão ter a certeza de que o relatório poderá ser verificado para que se estabeleça a confiabilidade de seu conteúdo e se saiba até que ponto os princípios de relatório da GRI foram aplicados. As informações e dados incluídos deverão ser apoiados por controles ou documentação internos que possam ser analisados por outras partes que não as que elaboraram o relatório. Informações sobre o desempenho que Confiabilidade não sejam embasadas por comprovação não deverão constar no relatório de sustentabilidade, salvo se apresentarem informações relevantes e o relatório trouxer explicações inequívocas de quaisquer dúvidas relacionadas a elas. Os processos decisórios subjacentes ao relatório deverão ser documentados de uma forma que permita analisar em que foram baseadas as decisões fundamentais (tais como os processos para determinar o conteúdo e o limite do relatório e o engajamento dos stakeholders ). Ao desenvolver seu sistema de informação, a organização relatora deve prever verificação externa. Quadro 2.6: Princípios para Elaboração do Relatório de Sustentabilidade Fonte: Global Reporting Initiative (2006)

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Segundo a GRI o desempenho econômico refere-se aos impactos da organização sobre as condições econômicas de seus stakeholders e sobre os sistemas econômicos em nível local, nacional e global. A dimensão social, por sua vez, diz respeito aos impactos da organização nos sistemas sociais nos quais opera, como, as práticas trabalhistas, os direitos humanos, a sociedade e a responsabilidade pelo produto. E, por fim, o desempenho ambiental refere-se aos impactos da organização sobre o meio ambiente, incluindo os ecossistemas. (GRI, 2006). Os indicadores econômicos visam demonstrar: o fluxo de caixa entre os stakeholders e os principais impactos econômicos da entidade na sociedade. Eles estão segregados em três aspectos: desempenho econômico, cujo objetivo é abordar os impactos econômicos diretos das atividades da organização, bem como o valor econômico agregado dessas atividades; presença no mercado, que visa fornecer informações sobre as interações em determinado mercado; e, impactos econômicos indiretos, que buscam medir os impactos econômicos resultantes das atividades econômicas e das transações realizadas pela organização. (GRI, 2006). Os indicadores ambientais englobam o desempenho relacionado a insumos e a produção, além daquele relativo à biodiversidade, à conformidade ambiental e outras informações, como por exemplo, gastos com meio ambiente. Eles estão segregados em nove aspectos: materiais; energia; água; biodiversidade; emissões, efluentes e resíduos; produtos e serviços; conformidade; e transporte. (GRI, 2006). Os indicadores sociais abrangem os aspectos fundamentais referentes a práticas trabalhistas e trabalho decente, direitos humanos, sociedade e responsabilidade pelo produto. Esses aspectos se desdobram em grandes grupos representativos das práticas sociais das organizações em relação a vários stakeholders . As categorias que compõem os indicadores econômicos, ambientais e sociais englobam grandes grupos de aspectos e informações sobre itens, que em conjunto, consolidam o relatório de sustentabilidade. Essas categorias, aspectos e itens que os compõem, são apresentadas com adaptações, no Quadro 3.1. De acordo com a GRI, a compilação de dados dos indicadores de desempenho deve levar em consideração as seguintes orientações: Relato sobre Tendências – o relatório deve conter informações do seu período de referência, de pelo menos dois períodos anteriores, bem como das metas futuras de curto e médio prazos. Uso de Protocolos – os protocolos, cujo objetivo é orientar a interpretação e compilação dos dados, devem ser usados e relatados. Apresentação de Dados – no caso da utilização de dados normalizados ou índices, os dados absolutos também deverão ser fornecidos. Agregação de Dados – o nível adequado de 80

agregação das informações deve ser determinado, uma vez que uma agregação ou desagregação indevida pode gerar, dentre outros problemas, perdas de detalhes significativos e dificuldade de compreensão das informações. Sistema Métrico – os dados devem ser apresentados por um sistema métrico internacionalmente aceito e os cálculos realizados por meio de fatores padrão de conversão. (GRI, 2006). A divulgação de relatórios socioambientais pelas organizações vem crescendo a cada ano, porém devido a algumas definições bastante restritas e à falta de um padrão único para elaboração, esses relatórios vêm apresentando uma série de problemas e dentre eles, destaca- se a dificuldade de comparabilidade. Neste contexto, destaca-se o modelo criado pela GRI, que é calcado no equilíbrio entre os desempenhos econômico, social e ambiental, e é considerado um dos modelos mais completos. Dentre as recomendações de mudanças sugeridas na versão G3, destacam-se as necessidades de tornar a ferramenta mais amigável e mais harmonizada com outras normas e padrões de responsabilidade socioambiental, além de orientações mais claras para compilação dos dados. A versão G3 da GRI criou os níveis de aplicação e este conceito substituiu a declaração “de acordo com” (“ in accordance ”) constante da versão das diretrizes da GRI, de 2002. Essa é uma ferramenta que permite à organização e aos usuários verificarem até que ponto os elementos da estrutura de relatórios da GRI foram aplicados na elaboração do relatório de sustentabilidade. (INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2007). São três níveis de aplicação (A, B e C), indicados pela organização em um processo de autoavaliação, que também pode solicitar uma verificação externa, ou até mesmo que a própria GRI examine sua classificação. Declarar o nível de aplicação implica uma comunicação clara e transparente de quais elementos da estrutura de relatórios foram aplicados na elaboração do relatório. Para atender às necessidades de relatores iniciantes, intermediários e avançados, o sistema apresenta três níveis de avaliação da aplicação das diretrizes. A companhia pode também se auto-avaliar com um ponto a mais em cada um dos três níveis (A+, B+ ou C+), nos casos em que tenha havido uma avaliação externa dos seus relatórios. De acordo com a GRI (2006):

Uma organização auto-declara um nível de relato baseada em sua própria avaliação do conteúdo de seu relatório, segundo os critérios dos níveis de aplicação da GRI. Além da autodeclaração, as organizações poderão escolher uma ou ambas as opções a seguir: • Por meio de verificação externa, obter um parecer a respeito da autodeclaração ; • Solicitar à GRI que examine a autodeclaração. (GRI, 2006, p. 6).

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Os níveis de aplicação das diretrizes GRI referem-se à classificação dos relatórios, de acordo com os critérios apresentados no Quadro 2.7.

C B A Devem ser incluídas Além dos tópicos recomendados no nível informações sobre os seguintes C, devem ser incluídos os seguintes: tópicos: a visão estratégica da descrição dos principais impactos, riscos relação da organização com a e oportunidades; técnicas de medição de sustentabilidade; o perfil dados e as bases de cálculos, incluindo O mesmo exigido para o Perfil organizacional; parâmetros, hipóteses e técnicas, que sustentam as nível B escopo e limite do relatório; estimativas aplicadas à compilação dos sumário de conteúdo da GRI; indicadores e outras informações do governança, compromissos e relatório; verificação; informações mais engajamento; compromissos aprofundadas sobre governança, com iniciativas externas; compromissos e engajamento; engajamento dos stakeholders . compromissos com iniciativas externas; engajamento dos stakeholders . Informações sobre a forma de gestão para cada categoria de indicador Informações Não exigido Informações sobre a Forma de Gestão Forma de Gestão sobre a para cada Categoria de Indicador divulgada para cada forma de Categoria de Indicador gestão Indicadores Responder a um mínimo de 10 Responder a um mínimo de 20 Responder a cada de Indicadores de Desempenho, Indicadores de Desempenho, incluindo Indicador Setorial com a Desempenho incluindo pelo menos um de pelo menos um de cada uma das devida consideração ao e cada uma das seguintes áreas seguintes áreas de desempenho: Princípio da materialidade indicadores de desempenho: social, econômico, ambiental, dir. humanos, de uma das seguintes do econômico e ambiental. práticas trabalhistas, sociedade, formas: suplemento responsabilidade pelo produto. a) respondendo ao setorial indicador ou b) explicando o motivo da omissão. C+ B+ A+ Com verificação externa Com verificação externa Com verificação externa Quadro 2.7: critérios para avaliação dos níveis de aplicação das diretrizes GRI Fonte: GRI (2006, p. 2)

Os Níveis de Aplicação visam oferecer um caminho para que se expandam progressivamente as abordagens para a elaboração de relatórios por meio do uso da estrutura de relatórios da GRI. Não se pretende que os níveis de aplicação substituam a verificação externa ou se equivalham a ela. O exame do nível de aplicação por parte da GRI não representa a visão da GRI acerca do valor ou qualidade do relatório e seu conteúdo. Trata-se simplesmente de uma declaração sobre até que ponto a Estrutura de Relatórios da GRI foi utilizada. Os níveis com um ponto a mais (+) (C+, B+, A+) só podem ser declarados se tiver sido realizada verificação externa do relatório. (GRI, 2006). Em relação ao número de companhias, tanto de capital aberto quanto de capital fechado que operam em países latino-americanos, observa-se que a utilização das diretrizes da GRI entre essas companhias ainda é muito reduzida, pouquíssimas auto-avaliaram os seus relatórios com o conceito A+ nos últimos anos. A maioria dessas organizações utiliza

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parcialmente as diretrizes recomendadas pela GRI. A Tabela 2.1 apresenta a evolução do número de empresas estabelecidas na América Latina que têm utilizado as diretrizes da GRI.

Tabela 2.1: Empresas Estabelecidas na América Latina que Utilizaram as Diretrizes GRI 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Argentina 1 3 3 5 7 Bolívia 1 1 2 2 Brasil 5 8 12 17 33 67 69 Chile 1 2 3 20 19 28 36 Colômbia 1 3 5 8 17 Costa Rica 1 1 Equador 1 3 6 8 México 1 2 5 11 17 Panamá 1 2 1 Peru 1 2 4 5 15 Venezuela 2 1 1 2 Total América Latina 6 12 18 53 76 133 174 Total geral 166 272 370 507 684 1.068 1.368 % em relação ao Total geral 3,6 4,4 4,9 10,5 11,1 12,5 12,7 Fonte: Global Reporting Initiative (2010)

Ressalta-se que esta lista inclui sociedades anônimas de capital aberto e de capital fechado, como também sociedades por cotas de responsabilidade limitada.

2.4.3 Pacto Global

Em 1999, o então secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, propôs o Global Compact , ou Pacto Global, no Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça. Em meio a um cenário de crescentes preocupações sobre os efeitos da globalização, Annan convocou lideranças empresarias a se unirem a uma iniciativa internacional, que aproximaria as empresas das agências das Nações Unidas, organizações do trabalho, ONGs e outros atores da sociedade civil; para a promoção de ações e parcerias na busca de uma visão desafiadora: uma economia global mais sustentável e inclusiva. A partir do lançamento em 2000, centenas de empresas e de organizações se engajaram na iniciativa. As agências das Nações Unidas envolvidas com o Pacto Global são o Alto Comissariado para Direitos Humanos, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O Pacto Global pretende promover, mediante a força da ação coletiva, o civismo empresarial responsável com a finalidade de que o mundo dos negócios possa fazer parte da

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solução dos desafios que derivam da globalização. Deste modo, o setor privado, em colaboração com outros agentes sociais, pode tornar realidade a visão do Secretário-Geral: uma economia mundial mais sustentável e incluidora. O Pacto Global se baseia em dez princípios com abrangência nas áreas de direitos humanos, direitos do trabalho e proteção ambiental. Estes princípios são derivados da Declaração Universal de Direitos Humanos, Declaração da Organização Internacional de Trabalho sobre os Princípios Fundamentais e Direitos no Trabalho e Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento:

1. Respeitar e proteger os direitos humanos. 2. Impedir violações aos direitos humanos. 3. Apoiar a liberdade de associação e o direito à negociação coletiva no trabalho. 4. Abolir o trabalho forçado ou compulsório. 5. Erradicar o trabalho infantil. 6. Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho. 7. Adotar uma abordagem preventiva para os desafios ambientais. 8. Promover a responsabilidade ambiental. 9. Incentivar tecnologias que não agridem o meio ambiente. 10. Combater a corrupção em todas as suas formas, incluindo extorsão e suborno.

As organizações signatárias do Pacto Global são estimuladas a incorporar em sua missão e nos seus relatórios anuais o compromisso com o tema, além de apresentar os resultados das suas ações em conformidade com os princípios estabelecidos. Ao aderir ao Pacto Global, as empresas são incluídas numa relação de instituições que apóiam a iniciativa. Esta relação é disponibilizada no website do Global Compact e a Tabela 2.2 apresenta a evolução da adesão de empresas estabelecidas na América Latina, desde a sua criação. Em relação ao número de organizações que exercem atividades na América Latina, observa-se que é expressiva a quantidade de organizações que aderiram oficialmente ao Pacto Global. Aliás, estão incluídas nesta lista empresas de pequeno a grande porte, sociedades anônimas de capital aberto, de capital fechado e sociedades por cotas de responsabilidade limitada. Assim, entre as companhias que aderiram ao Pacto Global, mas não publicam demonstrativos contábeis e relatórios anuais, é difícil acompanhar os seus progressos em relação à efetiva aplicação das recomendações consolidadas no Pacto Global.

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Tabela 2.2: Empresas Estabelecidas na América Latina que Aderiram ao Pacto Global 2000-2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Argentina 1 59 13 4 3 12 35 24 151 Bolívia 9 7 16 Brasil 10 6 4 18 23 41 39 39 180 Chile 5 2 3 2 10 5 2 1 30 Colômbia 15 43 9 48 17 30 162 Costa Rica 1 1 2 República Dominicana 1 84 2 5 92 Equador 1 1 6 1 2 11 México 2 1 26 4 6 29 7 75 Panamá 18 6 3 10 3 3 9 6 58 Paraguai 5 4 8 12 1 30 Peru 19 2 8 8 7 3 4 51 Porto Rico 1 1 Uruguai 1 1 4 4 13 23 Venezuela 6 2 2 10 Total 34 94 43 216 75 142 155 133 892 Fonte : Global Compact (2010)

2.4.4 Social Accountability -SA 8000

Criada em 1997 pela Social Accountability International , a SA 8000 é uma norma internacional certificável que visa aprimorar o bem-estar e as boas condições de trabalho, e também o desenvolvimento de um sistema de verificação que garanta a contínua conformidade com os padrões estabelecidos pela norma. A SA 8000 quer encorajar a participação de todos os setores da sociedade na busca de boas e dignas condições de trabalho. A Social Accountability International é a instituição que verifica a conformidade e credencia as organizações a receber a certificação da norma. Inspirada nos princípios das convenções internacionais sobre direitos humanos, sua finalidade é ser um sistema de implementação, manutenção e verificação de melhores condições de trabalho, por meio de uma norma universal para todos os ramos de negócios e setores, que pode ser auditável, passível de certificação e de verificação por terceiros. A SA 8000 se baseia em Convenções da OIT - Organização Internacional do Trabalho, na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, e na Declaração Universal dos Direitos Humanos e abrange nove temas:

• Trabalho infantil • Trabalho forçado • Segurança e saúde no trabalho

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• Liberdade de associação e direito à negociação coletiva • Discriminação • Práticas disciplinares • Horário de trabalho • Remuneração • Sistemas de gestão

A norma também coordena o credenciamento de organismos de certificação e a realização de treinamentos. De um total de 60 países e 2.258 companhias certificadas, a Tabela 2.3 apresenta o número de empresas estabelecidas na América Latina certificadas pela norma SA 8000 até junho de 2010.

Tabela 2.3: Empresas Latino-Americanas Certificadas pela SA 8000 País Número de companhias Argentina 2 Bolívia 2 Brasil 88 Colômbia 1 Costa Rica 4 Peru 2 México 3 Venezuela 1 Total 103 Fonte: Social Accountability (2010)

Observa-se que o número de empresas latino-americanas certificadas pela SA 8000 é muito reduzido, quando comparado com a quantidade de organizações estabelecidas na região.

2.4.5 AccountAbility 1000

A norma AA 1000 (AccountAbility 1000) é um padrão de processo para a gestão da responsabilidade corporativa. Seu principal diferencial está na inclusão das partes interessadas em todos os seus passos, dando credibilidade à responsabilidade corporativa da organização que o adota. Desenvolvida e lançada em novembro de 1999 pelo Institute of Social and Ethical Accountability (ISEA), a norma AA 1000 tem o desafio de ser o primeiro padrão internacional

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de gestão de responsabilidade corporativa. A versão preliminar da Estrutura AA 1000 foi testada em projetos-piloto em várias organizações que realizaram uma auditoria social e ética em seu planejamento e gestão estratégicos. Foi criada para assistir organizações na definição de objetivos e metas, na medição do progresso em relação a estas metas, na auditoria e relato do desempenho e no estabelecimento de mecanismos de feedback. As normas de processo da AA 1000 associam a definição e a integração de sistemas dos valores da organização com o desenvolvimento das metas de desempenho e com a avaliação e comunicação do desempenho organizacional. Por este processo, focado no comprometimento da organização para os stakeholders, a AA 1000 vincula as questões sociais à gestão estratégica e às operações da organização. Não é uma norma certificável e sim um instrumento verificável de mudança organizacional, derivado da melhoria contínua e de aprendizagem e inovação. A organização (empresarial, não-lucrativa ou governamental) que adota a AA 1000 deve seguir um processo contínuo de ciclos de atividades que têm como principais passos a definição ou redefinição de valores, desenvolvimento de metas de desempenho ético e social e avaliação e comunicação do desempenho em relação às metas desenvolvidas. No processo AA 1000, o envolvimento dos stakeholders ou partes interessadas nas atividades da organização é crucial. Isto quer dizer que a organização deve utilizar sua liderança para possibilitar e ampliar seu diálogo com funcionários, clientes, fornecedores, comunidades, governo, representantes do meio ambiente, acionistas, entre outros. O próprio processo segue um ciclo definido de atividades agrupadas nos cinco elementos:

• Planejamento • Contabilidade social • Auditoria e relatório social • Integração dos sistemas • Diálogo com stakeholders

Esta Norma especifica requisitos de responsabilidade social para possibilitar a uma empresa:

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• Desenvolver, manter e executar políticas e procedimentos com o objetivo de gerenciar aqueles temas nos quais ela possa controlar ou influenciar; • Demonstrar para as partes interessadas que as políticas, procedimentos e práticas estão em conformidade com os requisitos da norma.

A inclusão dos stakeholders é uma característica que distingue o processo AA 1000 de todos os outros sistemas de gestão. O relatório é um importante elemento do processo e a AA 1000 se baseia integralmente no padrão de relatório GRI, para o qual faz referência e contribui como um parceiro essencial.

2.4.6 Norma OHSAS 18001

A norma OHSAS 18001, da sigla Occupational Health and Safety Assessment Series , é um padrão para sistemas de segurança e saúde ocupacional, que entrou em vigor em 1999. Baseada no compromisso da empresa na redução de riscos decorrentes do ambiente de trabalho e com a melhoria contínua do seu desempenho em saúde e segurança dos trabalhadores. A norma é passível de auditoria e certificação e tem como objetivo auxiliar as empresas a controlar os riscos de acidentes no local de trabalho. É uma norma para sistemas de segurança e da saúde no trabalho. A criação e manutenção de um sistema de gestão de saúde e segurança baseado nesta norma procura garantir o compromisso da empresa com a redução dos riscos ambientais e com a melhoria contínua de seu desempenho em saúde ocupacional e segurança de seus colaboradores. (OHSAS, 2010).

2.4.7 Normas de Certificação Ambiental

A International Organization for Standardization – ISO, estabelece padrões para gerenciamento e avaliação do desempenho ambiental que começaram a ser desenvolvidos em 1992. Atualmente a certificação ambiental é muito comum em negociações comerciais, situação que tem transformado o processo produtivo das empresas, uma vez que para obter a certificação ISO 14.001 é preciso se enquadrar nas diretrizes da norma. A Norma ISO 14001:2004 especifica um modelo de sistema de gestão ambiental (SGA) que pode ser aplicado a qualquer tipo de empresa, independentemente da sua

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dimensão. A Tabela 2.4 apresenta a evolução do número de empresas latino-americanas certificadas pela ISO 14001.

Tabela 2.4: Empresas Latino-Americanas Certificadas pela ISO 14001 Países selecionados 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Argentina 1 5 28 37 84 114 175 249 286 408 454 862 1 011 1 163 Bolívia 1 3 4 7 14 30 30 32 37 Brasil 2 6 63 88 165 330 350 900 1 008 1 800 2 061 2 447 1 872 1 669 Chile 1 5 11 17 55 99 312 277 375 492 686 Colômbia 1 3 3 13 21 41 69 135 217 275 296 309 508 Costa Rica 1 7 20 14 38 38 52 50 55 101 73 Cuba 1 3 6 7 14 Equador 1 1 1 2 1 1 11 14 50 78 98 Guatemala 1 1 2 2 1 1 3 7 7 15 18 Honduras 2 2 2 6 5 4 7 18 17 Jamaica 4 1 1 4 5 5 9 11 México 2 11 39 63 159 254 369 406 492 422 409 739 832 Panamá 1 1 2 2 4 5 31 10 Peru 4 7 13 15 25 31 41 78 83 114 134 República Dominicana 1 1 1 1 4 2 12 8 Trinidad y Tabago 1 1 1 7 9 7 7 4 11 11 Uruguai 1 3 10 22 29 32 32 42 52 45 58 82 Venezuela 1 7 7 9 17 20 17 65 51 49 72 América Latina e Caribe 3 17 109 182 368 711 931 1 784 2 093 3 440 3 826 4 756 4 980 5 470 Fonte: CEPAL - Statistical yearbook for Latin America and the Caribbean, (2009)

Observa-se que a quantidade de empresas certificadas pela norma é expressiva nas principais economias da região: Brasil, Argentina, México, Chile e Colômbia, que detêm mais de 70% do PIB da região. (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe - CEPAL, 2010). Recentemente concluída, a norma internacional de responsabilidade social, a ISO 26000 tem como principais características: dar diretrizes, sem objetivo de certificar; ser aplicável a qualquer tipo de organização; não ter caráter de sistema de gestão; estar baseada em iniciativas existentes; prescrever formas de implementar a responsabilidade social nas organizações e sensibilizar sobre o assunto. Ela é composta por temas centrais, tais como: governança corporativa, direitos humanos, práticas do trabalho, meio ambiente, práticas justas de operação; questões sobre consumidor e envolvimento e desenvolvimento da comunidade. Em nível nacional e ainda sobre normalização, no Brasil foi criada em 2004 a norma ABNT NBR 16001, que aborda a responsabilidade social.

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2.4.8 Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social foi criado em 1998 por iniciativa de um grupo de empresários brasileiros. A instituição desenvolve ferramentas para auxiliar as empresas na gestão, desenvolvimento e análise das suas práticas de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. (INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2009). Desde a sua criação, o Instituto Ethos tem recebido grande aceitação e atualmente é considerado uma das principais referências sobre o tema no Brasil, com ações voltadas para o meio empresarial, promove cursos, palestras, seminários e diretrizes para que os temas relacionados à responsabilidade social sejam incluídos nos processos decisórios das organizações. O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é também uma referência sobre o tema por desenvolver projetos em parcerias com instituições internacionais, para promoção e divulgação da responsabilidade social. O Instituto tem recebido a adesão de empresas de todos os portes, como mostra a Tabela 2.5.

Tabela 2.5: Número de Empresas Associadas Porte Total % Micro Empresa 296 21,50% Pequena Empresa 381 27,67% Média Empresa 254 18,44% Grande Empresa 446 32,39% Total 1.377 100,00% Fonte: Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2010)

Outro importante foco do Instituto está na criação e divulgação de indicadores, para que as organizações avaliem a gestão das suas práticas de responsabilidade social, planejamento, monitoramento e desempenho. Para se calcular os indicadores são elaborados instrumentos de auto-avaliação das organizações interessadas em avaliar suas práticas de responsabilidade social, comparação com outras empresas que responderem os Indicadores Ethos e assim, verificar quais os pontos fortes da gestão e as oportunidades de melhorias dos seus processos. As diretrizes propostas pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social têm recebido grande atenção de pesquisadores sob diversas perspectivas. O checklist de responsabilidade social do Instituto Ethos foi utilizado como direcionador das questões conduzidas por Ambrosi (2001) junto a 18 empresas de médio e grande porte estabelecidas no

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Rio Grande do Sul. Os resultados da pesquisa indicaram que o modelo que prevalece entre as organizações investigadas é responsabilidade social, tanto nas grandes quanto nas médias empresas, sendo que enfatiza o fortalecimento da própria organização, através de ações voltadas para a própria empresa, principalmente para seus funcionários. Abreu, David e Crowter (2005) utilizaram a mesma metodologia no âmbito das 10 maiores companhias que exercem atividades em Portugal. Os achados da pesquisa indicaram influências externas, do mercado e dos setores em que as organizações operam. Cordeiro (2005) teve como objetivo analisar o discurso da responsabilidade social empresarial expresso nas mensagens produzidas no âmbito do Projeto Ethos-Sebrae de Responsabilidade Social Empresarial para Micro e Pequenas Empresas . Os resultados da pesquisa indicaram que a responsabilidade social empresarial, abordada nas mensagens textuais produzidas respalda-se em um entendimento específico sobre as micro e pequenas empresas quanto ao papel que as mesmas desempenham na relação com empresas de maior porte. Raufflet (2008) analisou as estratégias de difusão das ações de responsabilidade socioambiental num país em desenvolvimento. Para isso, o autor analisou a experiência do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, no período de 1998 a 2007. Por meio de entrevistas e análise documental, foram ressaltados os elementos históricos da constituição e crescimento das operações do Instituto, que hoje é considerado um agente central na difusão da responsabilidade social corporativa no Brasil. É crescente número de países latino-americanos que adaptaram os indicadores do Instituto Ethos à realidade dos seus países. A Argentina foi o primeiro país a traduzir os indicadores para o espanhol, facilitando a tarefa para os demais. Assim, os indicadores são um instrumento de auto-avaliação da gestão socialmente responsável de seus associados. (LOUETTE, 2007).

2.4.9 Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - IBASE

Criado em 1981, tem como missão “aprofundar a democracia, seguindo os princípios de igualdade, liberdade, participação cidadã, diversidade e solidariedade”. (IBASE, 2009). O IBASE atua em diversas iniciativas sociais, políticas e econômicas e entre elas estão: alternativas democráticas à globalização; desenvolvimento e direitos; direito à cidade; economia solidária; processo fórum social mundial; juventude democracia e participação; observatório da cidadania: direitos e diversidade; responsabilidade social e ética nas organizações; soberania e segurança alimentar e nutricional. (IBASE, 2009).

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O lançamento do modelo de balanço social pelo IBASE em 1997 teve grande repercussão nacional porque contou com a adesão de um número significativo de empresas interessadas em colocar em prática e disseminar a idéia de responsabilidade social. O IBASE vem envidando esforços para que as empresas passem a publicar regularmente o seu balanço social, segundo um modelo único e simplificado proposto pelo Instituto, como forma de dar maior visibilidade e, com isto, estimular a responsabilidade social entre as empresas no Brasil. A Figura 2.5 apresenta o número de empresas brasileiras que publicaram o Balanço Social de acordo com o modelo proposto pelo IBASE.

Empresas que publicaram o Balanço Social -IBASE*

234 226 176 194 200 124 126 38 60 63 9 21

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Figura 2.5: Empresas Brasileiras que Publicaram o Balanço Social – IBASE *Nota: informações sobre publicações de 2008 e 2009 não estavam disponíveis Fonte: IBASE (2010)

Apesar de o número de companhias que informam ao IBASE a utilização do seu modelo de balanço social ter sofrido uma queda a partir de 2005, a utilização desse relatório é muito mais ampla do que os dados apresentados no seu website . Deve ser ponderado o fato de muitas empresas utilizarem esse relatório e não divulgarem para o público externo. Outro aspecto importante é que o modelo de balanço social do IBASE deixou de ser atualizado pela instituição a partir de 2010:

A partir de 2010 o Ibase não mais atualizará seu modelo de Balanço Social. Após 13 anos buscando a transparência das empresas por meio do balanço social, entendemos que esta ferramenta e esta metodologia já se encontram amplamente difundidas entre empresas, consultorias e institutos que promovem a responsabilidade social corporativa no Brasil. Praticamente todas as empresas brasileiras já realizam algum tipo de balanço ou relatório social anualmente. Neste sentido, avaliamos que a nossa missão foi cumprida – e com êxito. Cabe agora às empresas aprofundarem suas experiências nessa área e melhorarem, continuamente, seus indicadores. (IBASE, 2011).

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2.5 RELATÓRIOS SOCIOAMBIENTAIS: DIRETRIZES OBRIGATÓRIAS

Nos Estados Unidos, as normas financeiras emitidas pelo órgão de normatização contábil, o Financial Accounting Standards Board – FASB; o principal avanço foi a respeito da evidenciação de contingências ambientais (Statement of Financial Accounting Standards - SFAS nº 05), entretanto ainda há pouca regulamentação sobre o tema. (MATHEWS, 2002). De acordo com Jiménez, Chulián e Carqués (2004), poucos países introduziram mudanças na legislação ambiental, obrigando as empresas a descreverem quantitativamente os impactos de suas atividades nos seus relatórios financeiros. Entretanto, a Espanha foi um dos primeiros países a introduzir este tipo de legislação ( General Accounting Plan – RD 437/98), a partir de 1998. Por meio de um estudo empírico, os autores examinaram as informações ambientais divulgadas nos relatórios financeiros de uma amostra de oitenta indústrias espanholas, com ações cotadas na Madrid Stock Exchange , a bolsa de valores de Madrid. O período de análise foi de 2001 a 2003 e os resultados obtidos indicaram um aumento da qualidade e quantidade na divulgação de informações sobre o tema. Entretanto, ainda há um expressivo número de companhias que não detalham essas informações ou continuam omissas. Jorgensen e Soderstrom (2006) analisaram os aspectos legais e ambientais, relacionando-os com o produto interno bruto de uma amostra de 117 países. Os autores identificaram evidências de que a questão legal afeta as informações ambientais divulgadas nos relatórios das companhias, além da ocorrência de um menor nível de divulgação em países emergentes, ou em desenvolvimento, quando comparados com países desenvolvidos. Contudo, de acordo com os autores, ainda são mínimos os requerimentos legais exigidos para padronização e sistematização das informações ambientais divulgadas nos relatórios de companhias de países desenvolvidos. De acordo com Buhr e Freedman (1996), os Estados Unidos e o Canadá apresentam similaridades sobre o aspecto econômico, político e social, porém, há diferenças em ambos sobre o sistema legal e ambiente de negócios; o que conduz a diferenças na divulgação de informações ambientais praticadas pelas companhias dessas nações. Com base nestas constatações, as autoras compararam a quantidade e qualidade de informações ambientais divulgadas nos relatórios anuais de 68 companhias canadenses e 68 companhias americanas de setores potencialmente poluidores como mineração, química, papel e celulose e petroquímica. A análise de conteúdo foi utilizada para quantificar e classificar em categorias as informações divulgadas sobre o meio ambiente e técnicas estatísticas foram utilizadas para

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a análise dos dados. Os resultados indicaram que não há significativas diferenças na extensão da divulgação de informações ambientais das companhias tanto nos Estados Unidos como no Canadá. Entretanto, as autoras verificaram que as companhias americanas divulgam mais informações ambientais oriundas do cumprimento da legislação daquele país, enquanto as empresas canadenses divulgam maior número de informações voluntárias, sobre as mesmas questões e, por serem voluntárias, ocorrem em maior quantidade. O Canadá e os Estados Unidos são os países que apresentam maior número de recomendações e exigências legais para a divulgação de informações ambientais nos relatórios financeiros. Os Estados Unidos preocupam-se mais com os riscos das atividades e níveis de poluição emitidos por cada empresa . Países europeus como Dinamarca e Noruega também se destacam. Na Austrália, em especial os setores de mineração e extração de petróleo são os mais regulamentados. (DEEGAN, 2002; FROST e WILMSHURST, 2000 e TILT e SYMES ,1999). Os resultados do estudo conduzido pela Australian Conservation Foundation (2003) indicaram que a regulamentação requerida e praticada para evidenciação ambiental de companhias da Noruega, França e Japão não têm nenhum requerimento legal para riscos ambientais. Todavia, somente as companhias da Austrália, França, Japão e África divulgam relatório anual de sustentabilidade. Alemanha, Reino Unido e África do Sul não têm legislação específica sobre evidenciação ambiental de procedimentos utilizados no controle da emissão de poluentes. Ressalta-se que os países latino-americanos não foram incluídos no estudo. Nossa (2002) analisou a legislação para a evidenciação ambiental de vários países (Brasil, Dinamarca, Canadá, Estados Unidos, Japão e Noruega), assim como diretrizes voluntárias relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Apesar dos avanços nos últimos anos, o autor ressaltou o estágio inicial da regulamentação sobre a divulgação de informações ambientais nestes países, principalmente no Brasil. Com o objetivo de verificar o tipo de informação ambiental que as companhias devem divulgar, Nyquist (2003) comparou a legislação sobre evidenciação ambiental da Dinamarca, Noruega e Suíça. De acordo com o autor, esses países têm muitas similaridades no que diz respeito à legislação ambiental. Entretanto, a Dinamarca escolhe uma forma diferente para estimular as companhias a divulgar seu desempenho ambiental; companhias dinamarquesas evidenciam separadamente as chamadas “contas verdes”, enquanto companhias norueguesas e suíças relatam questões ambientais somente no relatório da administração. As informações de firmas norueguesas e suíças são direcionadas principalmente para o aspecto financeiro e a

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legislação norueguesa é também mais extensiva que a Suíça. As informações sobre as firmas dinamarquesas são direcionadas para a sociedade em geral. A comparação indicou alguns tópicos interessantes para análise, por exemplo, em relação à abrangência da legislação norueguesa, para divulgação de informações sobre o impacto provocado pela destinação final de produtos. De acordo com o autor: “O propósito da legislação Suíça é promover a conscientização ambiental nas companhias. O objetivo da legislação da Dinamarca e da Noruega também, todavia, esta última foca a evolução financeira das companhias e a Dinamarca, a gestão ambiental”. (NYQUIST, 2003, p.22, tradução nossa). Reppeto, Macskimming e Isunza (2002) compararam a quantidade de requerimentos legais do Canadá, México e Estados Unidos, para divulgação de informações sobre a questão ambiental nos relatórios contábeis, assim como o tratamento de ativos e passivos ambientais. A pesquisa revelou muitas similaridades na regulamentação ambiental do Canadá e dos Estados Unidos apesar da ocorrência de algumas diferenças. Porém, comparado com os demais países, o México apresenta um baixo nível de esclarecimento sobre os requerimentos para divulgação de informações ambientais. Entre as principais economias em nível mundial, verifica-se que há poucos requerimentos legais específicos sobre o registro, cálculo e divulgação de gastos ambientais nos relatórios oficiais das organizações. O Quadro 2.8 resume as principais exigências legais sobre o tema em vários países.

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País/região Requerimentos Legais • The Bilanzrchtsreformgesetz (BilReG) – estende a legislação ambiental para a obrigatoriedade Alemanha de divulgação de informações não-financeiras, como indicadores ambientais e sociais. • Corporations Laws (section 299 1f) introduziu requerimentos para as companhias prepararem o relatório da diretoria com detalhes sobre o desempenho em relação aos regulamentos ambientais. Austrália • National Pollutant Inventory requer das companhias industriais o relatório da emissão e inventário de substâncias específicas e devidas às autoridades regulatórias para inclusão no banco de dados. • Companhias de determinados setores devem disponibilizar anualmente o relatório ambiental. Bélgica O Bilan Social é requerido das organizações e inclui informações ambientais e sociais. • The Securities Commission requer de companhias de capital aberto o relatório dos efeitos de Canadá operações correntes e futuras que têm potencial efeito sobre o meio ambiente, a serem divulgadas nos relatórios anuais. • O Danish Financial Statements Act requer o relatório sobre aspectos ambientais. Dinamarca • O Green Accounting Act requer de companhias de determinados setores o detalhamento das “contas verdes”. • A Resolución de 25 de marzo de 2002 (El Instituto de Contabilidad y Auditoria de Cuentas) estabelece a obrigatoriedade de inclusão de ativos, provisões, investimentos e gastos ambientais Espanha nos relatórios financeiros. • O National Accounting Plan estabelece normas específicas de evidenciação ambiental para o setor de energia elétrica. • A Securities and Exchange Commission requer a evidenciação dos efeitos materiais de requerimentos legais, provisões locais relacionadas com a proteção ambiental e gastos estimados com o controle ambiental. No Formulário 20-F as companhias devem descrever todas as questões ambientais que podem afetar a utilização de ativos das companhias. • O banco de dados do Toxi Release Inventory - TRI começou a ser desenvolvido em 1986. Estados Requer de certas indústrias a divulgação anual para a Agência de Proteção Ambiental - EPA, os Unidos seus lançamentos de produtos químicos no ar, água e solo, como também informações sobre materiais que são dispostos e o gerenciamento de resíduos em instalações. A EPA mantém e disponibiliza o acesso ao banco de dados do TRI dessas companhias. Atualmente ela é uma das principais fontes de informações disponíveis ao público sobre emissões anuais de mais de 650 substâncias químicas perigosas nos Estados Unidos. • O Finish Accounting Act requer das companhias a inclusão de questões não-financeiras Finlândia materiais no relatório da diretoria e relatório financeiro anual. • Law n. 2001-420 related to new economic regulations (Art. 116) é requerido o relatório social França e ambiental de companhias de capital aberto. O CJDES Bilan Societal é uma ferramenta para avaliação dessas informações. • O Environmental Protection Act inclui uma seção sobre o relatório ambiental que deve ser Holanda divulgado pelas maiores companhias do país que exercem atividades potencialmente poluidoras. • The Law of Promotion of environmentaly concious business activities requer de companhias de setores específicos a publicação do relatório ambiental anual. Japão • The Pollutant Release and Transfer Register (PRTR) requer um relatório sobre o gerenciamento e controle da emissão de substâncias químicas específicas. • The Accounting Act (Regnskapsloven) requer a inclusão de diversos aspectos sociais e Noruega ambientais no relatório da diretoria, assim como diretrizes para prevenir ou reduzir potenciais impactos negativos. • The Annual Accounts Act (Arsredovisningslagen) estabelece que companhias de determinados Suécia setores devem incluir a evidenciação de informações sociais e ambientais no relatório da diretoria que acompanha o relatório anual. • Annual Accounts Act (Arsredovisningslagen) estabelece a companhias de alguns setores Suíça específicos a obrigatoriedade de inclusão da evidenciação social e ambiental no relatório da diretoria que acompanha o relatório anual. • O Operating and Financial Review (OFR) é um requerimento legal para todas as companhias Reino Unido de capital aberto para providenciarem informações sobre suas estratégias de desempenho, planos futuros e riscos chave que incluem questões sociais e ambientais. • O UE Modernization Directive (2003/51/EC) requer das sociedades anônimas de capital aberto a evidenciação dos riscos ambientais associados com suas atividades. • A aplicação do International Accounting Standards (IAS) na União Européia requer das União organizações a contabilização de mudanças na avaliação de ativos por fatores ambientais se esses Européia forem financeiros. • The Integrated Pollution Prevention and Control Directive (IPPC) : É requerido dos Estados Membros o relatório de registro de dados sobre emissões gasosas de grandes companhias. Quadro 2.8: Resumo dos Principais Requerimentos Legais a Respeito da Questão Ambiental em Alguns Países Fonte: Adaptado de KPMG (2005, p. 40-42)

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2.6 RELATÓRIOS SOCIOAMBIENTAIS: PESQUISAS ANTERIORES

É intensa a produção acadêmica sobre a responsabilidade social corporativa divulgada por meio de relatórios, como complemento dos relatórios anuais ou relatórios independentes. Evidenciação socioambiental é o termo utilizado para identificar essas informações divulgadas em relatórios ou disponibilizadas nos websites das organizações. Ressalta-se que essas informações dizem respeito aos investimentos em ações socioambientais das empresas e geralmente não incluem os aspectos econômico-financeiros dos negócios, que são divulgados nas demonstrações contábeis tradicionais. Em uma revisão da literatura sobre relatórios sociais corporativos, Gray, Owen e Maunders (1988) identificaram a falta de parâmetros e incipiência do tema nas pesquisas conduzidas entre o início da década de 1970 a meados da década de 1980. Eles questionam a relação entre relatórios financeiros tradicionais e responsabilidade social corporativa, além de propor um contrato de prestação de contas sociais; uma área a ser desenvolvida em futuras investigações. Wood (1990) ressaltou os relatórios sociais como uma importante ferramenta interna e externa de avaliação da comunicação entre as empresas e seus stakeholders . A Figura 2.6 ilustra a proposta da autora.

Comunicação Avaliação das dos resultados necessidades e para os ações atuais stakeholders

Comunicação dos resultados Avaliação de para os novas ações tomadores de decisões

Novas ações

Figura 2.6: Processo de Comunicação de Políticas Sociais e Desempenho Corporativo Fonte: Adaptado de Wood (1990, p. 585)

Para alguns autores, os gastos ambientais devem ser destacados no relatório denominado “Balanço ambiental” e para outros, esses gastos podem ser destacados nas

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demonstrações que já existem, tendo em vista o custo de elaboração e divulgação que as acompanham. (RIBEIRO, 1992). Os estudos conduzidos por Gray, Kouhy e Lavers (1995a e 1995b) tiveram por objetivo revisar a literatura a respeito da divulgação de informações ambientais, além de propor um modelo de análise longitudinal de informações e aplicar a metodologia no âmbito do Reino Unido. Os autores criaram um banco de dados sobre a evolução histórica da evidenciação de informações socioambientais nos relatórios anuais de 100 das maiores companhias de setores potencialmente poluidores, no período de 1979 a 1991. Por fim, apresentaram um modelo de categorias para análise de conteúdo que pudesse ser reaplicado em outras pesquisas. A investigação revelou que há evidências de uma relação entre o porte das companhias e as informações socioambientais divulgadas, assim como o setor e país de origem do capital, variáveis que influenciam a quantidade e qualidade de informações socioambientais que são divulgadas nos relatórios anuais, sejam elas voluntárias ou obrigatórias. Com foco nas publicações internacionais a respeito da evidenciação socioambiental, Mathews (1997) realizou uma ampla revisão bibliográfica sobre os desenvolvimentos teóricos, pesquisas empíricas, estudos normativos, discussões filosóficas, literatura crítica, literatura radical, programas de educação, livros-textos, e regulamentação. O autor dividiu as produções em três períodos. De 1971 a 1980, época em que os primeiros estudos apresentavam tentativas de organizar ou identificar a evidenciação de informações sobre as dimensões social e ambiental das organizações. O período de 1981 a 1990 apresentou um aumento da sofisticação metodológica e o interesse dos pesquisadores foi maior quanto às questões ambientais. O período de 1991 a 1995, de acordo com o autor, foi caracterizado pelo aumento das pesquisas empíricas sobre evidenciação ambiental, apesar de não apresentarem grandes contribuições quanto ao avanço conceitual e metodológico das questões acerca da gestão ambiental. Dando continuidade à investigação, Mathews (2000) analisou os estudos conduzidos no período de 1995 a 2000; acompanhando as recentes demandas, acrescentou as seguintes categorias: gestão ambiental, contabilidade ambiental, auditoria social e sustentabilidade. O autor identificou maior avanço das técnicas metodológicas adotadas, embora prevaleça a utilização da análise de conteúdo de relatórios anuais, a divulgação espontânea de informações sociais e ambientais, a falta de padronização e auditoria dessas informações; além de pouco avanço no desenvolvimento de ferramentas de gestão das questões sociais e ambientais, tendo em vista a pouca ênfase dada na literatura.

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Berthelot, Cormier e Magnan (2003) sintetizaram as pesquisas empíricas sobre o aspecto da divulgação de informações ambientais, no período de 1970 a 2003. Eles classificaram os estudos quanto à estrutura conceitual, evidenciação voluntária, evidenciação obrigatória e relevância da evidenciação. Os resultados das análises, indicaram que as diferentes perspectivas metodológicas adotadas nos estudos a respeito da relação entre evidenciação ambiental e o desempenho organizacional contribuíram para a série de resultados contraditórios identificados nas pesquisas. Sobre a pesquisa na área ambiental, Gallon et al. (2007) conduziram um estudo bibliométrico acerca de artigos publicados em congressos e revistas no período de 2000 a 2006 (Congresso USP de Controladoria e Contabilidade e Encontro Nacional da Pós- Graduação em Administração - ENANPAD) e periódicos (Organização e Sociedade - O&S, Revista de Administração Contemporânea - RAC, Revista de Administração de Empresas - RAE, RAE Eletrônica, Revista de Administração Pública - RAP, Revista de Administração da Usp - RAUSP, Revista de Contabilidade e Finanças - RC&F e Revista Eletrônica de Administração - READ). A análise de 186 artigos permitiu aos autores classificar metodologicamente os trabalhos nas seguintes categorias: contabilidade ambiental, evidenciação ambiental, gestão ambiental e sustentabilidade. Todas apresentam estreita conformidade entre elas. Considerando as publicações disponíveis em periódicos de língua inglesa, Nascimento et al. (2008) efetuaram um estudo bibliométrico que abrangeu o período de 1997 a 2007, sobre a evidenciação social e ambiental de 80 artigos. Os resultados indicaram que a temática ambiental é a mais estudada e a análise documental é a principal metodologia utilizada. Os principais centros de estudos sobre o tema estão localizados nos seguintes países: Reino Unido, Austrália, Estados Unidos, Canadá e Nova Zelândia. Considerando as questões ambientais como tema central em pesquisas conduzidas por autores brasileiros, Machado, Nascimento e Murcia (2009) efetuaram um estudo bibliométrico utilizando 80 artigos apresentados no ENANPAD, Congresso USP e Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis -ANPCONT, no período de 2004 a 2008. A pesquisa lhes permitiu verificar a quase inexistente utilização de uma fundamentação teórica nos estudos analisados. Com ênfase em países em desenvolvimento, Belal e Monin (2009) conduziram uma revisão da literatura sobre a evidenciação social corporativa, no período de 1983 a 2008. Grande parte dos estudos em países asiáticos e africanos, são pesquisas de natureza descritiva

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e a técnica análise de conteúdo é o método mais utilizado para mensuração da extensão e volume de evidenciação nos relatório anuais das organizações. A revisão de estudos anteriores, que buscaram analisar e sistematizar a produção acadêmica sobre a divulgação de informações socioambientais via relatórios, apontam o grande interesse de pesquisadores pelo tema, que tem aumentado continuamente. Pesquisadores de diversos países têm disponibilizado os resultados de investigações empíricas, geralmente com foco na comparação entre informações divulgadas em relatórios socioambientais de companhias do mesmo setor, do mesmo país ou estudos comparativos, entre companhias, setores, países e regiões. A técnica de pesquisa análise de conteúdo tem se firmado como uma das ferramentas metodológicas mais utilizadas nessas investigações, algumas apresentadas brevemente nas próximas seções.

2.6.1 Estudos Empíricos: Contexto Internacional

Informações ambientais voluntárias têm sido divulgadas desde o início da década de 1970 e este fato foi verificado por vários autores, (JAGGI e FREEDMAN, 1982; GRAY, 1990; HARTE et al., 1991; ROBERTS, 1991; OWEN, 1992; MATHEWS, 1997; LODHIA, 2004) associado ao número de acidentes ambientais e preocupações com as reservas de recursos naturais disponíveis para as próximas gerações. De acordo com Carroll (1979), exemplos de estudos pioneiros conduzidos a respeito do tema foram publicados por Bowman e Haire (1975); que analisaram o conteúdo dos relatórios anuais de companhias com o objetivo de mensurar a proporção de informações dedicadas à responsabilidade social das empresas estudadas. Os autores enfatizaram os tópicos apresentados, tais como responsabilidade social corporativa, ações sociais, serviços públicos e cidadania corporativa. O segundo exemplo foi o estudo de Abbott e Monsen (1979), que analisaram o conteúdo dos relatórios anuais das companhias listadas na Fortune 500 . A pesquisa apresentou o envolvimento das companhias com a questão social, divulgado em seus relatórios anuais e mensurado através de uma escala proposta pelos autores. (CARROLL, 1979). Companhias do ramo de auditoria disponibilizaram os resultados de estudos para elaboração e divulgação de informações ambientais, utilizando amostra das maiores empresas do mundo com atuação em diversos setores. (DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2003; ERNST YOUNG, 2003; KPMG, 1999, 2000, 2002, 2003, 2005, 2008; PRICEWATERHOUSECOOPERS, 1999).

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Comparar a legislação entre dois ou mais países é um tema que há muito vem sendo estudado na literatura, quer sobre o aspecto legal de um evento, um setor especifico, ou mesmo estudos bibliográficos que ressaltaram a importância da harmonização das normas entre países. Muitos autores compararam a regulamentação para divulgação de informações socioambientais ou as particularidades de um país, com o objetivo de analisar as maiores diferenças e propor soluções para harmonização. Gamble et al. (1996) conduziram um estudo com o objetivo de analisar o conteúdo das informações divulgadas por uma amostra de 276 organizações de 27 países, no período de 1989 a 1991. Através de testes estatísticos, os resultados da pesquisa permitiram aos autores concluir que há diferenças estatisticamente significantes entre a evidenciação individual ou total no período analisado; há diferenças negativa e estatisticamente significantes entre a evidenciação total e individual no período de 1990 a 1991; os Estados Unidos concentram maior número de companhias que divulgam informações ambientais. Com base na análise descritiva dos relatórios anuais de uma amostra de 250 companhias multinacionais oriundas de sete países, Kolk, Walhain e Wateringen (2001) verificaram que há uma relação entre nacionalidade, setor e legislação quanto às informações socioambientais divulgadas por essas organizações. As pressões sociais exercem importante papel, principalmente no Reino Unido, Holanda e na Alemanha. Companhias multinacionais de setores potencialmente poluidores, como químico, farmacêutico, petróleo e gás e automobilístico, estão entre os mais regulamentados e dessa forma, divulgam mais informações sobre suas ações socioambientais. Aerts, Cormier e Magnan (2004) realizaram um estudo integrado, cujo objetivo foi analisar pontos em comum ou diferenças na divulgação de informações ambientais de firmas européias com as companhias estabelecidas na América do Norte. Através da utilização de técnicas de estatística descritiva, os autores encontraram significativa relação entre usuários externos e evidenciação ambiental para firmas americanas, e inversamente, encontraram fracos efeitos estatísticos para firmas européias. A amostra selecionada foi composta por 267 companhias européias e 625 companhias norte americanas de setores variados como energia, química, mineração e farmacêutico. Os autores observaram que o contexto americano é mais regulamentado que o europeu. As companhias americanas divulgam mais informações sobre o risco de gastos com a recuperação ambiental que empresas européias, entretanto, ocorre o oposto com informações sobre desenvolvimento sustentável e gerenciamento ambiental. Razeed e Considine (2004) analisaram a tendência de as empresas usarem a internet para disponibilizar informações financeiras e ambientais para todas as pessoas interessadas.

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Foi selecionada uma amostra aleatória de 126 companhias de vários setores, listadas na New York Stock Exchange e na Australian Stock Exchange (bolsas de valores americana e australiana) e com base na lista das 500 maiores companhias, divulgada pela revista Fortune no período de 1999-2000. O foco da pesquisa foi comparar as informações divulgadas no relatório socioambiental disponibilizado na internet , com o relatório anual das companhias. Os autores confirmaram as seguintes hipóteses:

• O tamanho da empresa está significativamente associado com o nível de divulgação de informação sobre o meio ambiente nos relatórios anuais ; • Há uma associação entre o país de origem da organização e a extensão de informações ambientais divulgadas voluntariamente na internet ; • Há uma associação entre o nível de penetração da internet e a extensão dos relatórios sobre o meio ambiente divulgados voluntariamente na internet ; • Há uma associação entre o nível de penetração da internet e a extensão dos relatórios sobre o meio ambiente divulgados voluntariamente nos relatórios anuais. (RAZEED e CONSIDINE, 2004, p.20, tradução nossa).

Chapple e Moon (2005) investigaram algumas hipóteses sobre a responsabilidade social corporativa divulgada em relatórios disponibilizados nos websites de 50 companhias de grande porte estabelecidas em 7 países asiáticos. De acordo com os autores, a divulgação de informações sobre o tema varia consideravelmente entre os países e não é explicada pelo desenvolvimento econômico, mas pelo contexto nacional e empresarial. As multinacionais são mais propensas à adoção de divulgação de relatórios de responsabilidade social corporativa que companhias locais. Também com foco nas multinacionais, Jose e Lee (2007) estudaram as informações socioambientais divulgadas nos websites de uma amostra de 200 companhias com operações em 117 países. De acordo com os autores, entre suas conclusões, as práticas ambientais não são predominantes em todas as divisões das multinacionais; somente três companhias divulgaram tais informações em todas as suas subsidiárias em diferentes países, que são adaptações dos escritórios centrais. Ying (2006) analisou comparativamente o conteúdo das informações ambientais divulgadas nos relatórios anuais de companhias de setores potencialmente poluidores estabelecidas no Canadá, Reino Unido e Hong Kong. De acordo com o autor, as companhias estabelecidas no Reino Unido dão maior ênfase ao tema. Jennifer Ho e Taylor (2007) conduziram um estudo comparativo das informações socioambientais e econômicas divulgadas por empresas americanas e japonesas. Por meio da análise de conteúdo dos relatórios anuais, relatórios socioambientais e websites de uma amostra de 50 companhias, os autores identificaram significativas diferenças entre as práticas

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de responsabilidade social corporativa relatadas nos dois países, atribuídas ao ambiente regulatório, fatores institucionais e cultura local. Joshi e Gao (2009) investigaram as práticas voluntárias de inclusão de relatórios socioambientais nos websites de uma amostra de 49 companhias multinacionais. Em conformidade com estudos anteriores, os resultados mostraram que as entidades com melhor desempenho financeiro tendem a divulgar voluntariamente mais informações socioambientais. Baseado num estudo sobre a integração da governança corporativa nos relatórios de responsabilidade social divulgados pelas maiores companhias em nível mundial, de acordo com o ranking da Fortune Global ; Kolk e Pinkse (2009) analisaram o conteúdo dos relatórios divulgados por 250 companhias. Os resultados indicaram que mais da metade dessas organizações divulga uma seção sobre governança corporativa nos seus relatórios e apresentam um link , explícito ou não, dessas informações com temas relacionados com a responsabilidade socioambiental. Monteiro e Guzmán (2009) tiveram por objetivo identificar os fatores que explicam a extensão com que as companhias estabelecidas em Portugal divulgam informações ambientais nos seus relatórios anuais. Por meio de uma análise de conteúdo, verificaram que as informações ambientais recebem pouca atenção nos relatórios das companhias analisadas, embora tenha ocorrido um aumento da divulgação dessas informações, variáveis como tamanho e visibilidade dessas organizações influenciam na quantidade de informações ambientais. O fenômeno da divulgação voluntária de informações socioambientais é objeto de estudo há décadas. Os resultados de muitas pesquisas indicaram maior ênfase nas questões socioambientais nos países economicamente mais desenvolvidos, em empresas de maior porte, como também as que exercem atividades potencialmente poluidoras. Há também forte ênfase na discussão sobre a forma de divulgação dessas informações, comparadas com o conteúdo disponibilizado pelas companhias nos seus websites . O Quadro 2.9 apresenta um resumo do levantamento bibliográfico de estudos com foco na divulgação de informações socioambientais em vários países.

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Autor(es) País(es) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados Investigar por que as companhias do país não dão muita ênfase às Administração de um questionário Não há muito interesse na divulgação dessas informações De Villiers (2003) África do informações sobre gestão ambiental enviado para todas as companhias de por não haver requerimento legal ou benefícios Sul nos seus relatórios anuais. capital aberto no país. econômicos com essas ações. Analisar as informações ambientais Análise de conteúdo dos relatórios As empresas do setor de energia foram as que mais se De Villiers e Lubbe África do divulgadas nos relatórios anuais das anuais de uma amostra de 87 destacaram. (2001) Sul organizações. companhias. As organizações tiveram um aumento significativo na Análise de conteúdo dos relatórios de quantidade de informações divulgadas no período de De Villiers e Van África do Identificar as tendências de uma amostra de 140 companhias de 1994 a 1995 e posteriormente, ocorreu um declínio da Staden (2006) Sul evidenciação ambiental ao longo do capital aberto no período de 9 anos. evidenciação dessas informações no período de 2000 a tempo. 2002. Avaliar e comparar as expectativas Mitchell e Quinn África do de dois grupos de stakeholders , os Administração de um questionário Foram identificadas significativas diferenças entre as (2005) Sul que preparam os relatórios junto a 53 stakeholders . expectativas dos dois grupos em relação à importância socioambientais e ativistas, ONGs dada a áreas específicas dos relatórios socioambientais. ambientalistas. Analisar o conteúdo das informações ambientais evidenciadas nos Análise de conteúdo e testes Os resultados da pesquisa revelaram que a quantidade de Williams (1998) Ásia relatórios anuais de uma amostra de estatísticos. informações ambientais evidenciadas variou 356 companhias estabelecidas em significativamente entre as companhias. sete países.

Análise de conteúdo dos relatórios de Analisar comparativamente as 24 companhias que reportaram ao Os resultados revelaram que as companhias divulgam Cowan e Gadene Austrália informações ambientais divulgadas órgão local o inventário sobre emissão mais informações ambientais voluntárias do que por força (2005) voluntariamente e por força de lei. de poluentes, de 1998 a 2000. de lei.

Estudar a divulgação voluntária de Essas informações recebem pouco destaque nos relatórios informações ambientais de firmas das organizações. Variáveis como propriedade e tamanho Daley, Mckinlay e que foram processadas pela agência Análise de conteúdo e testes estão associadas com a quantidade de informações Percy (2000) Austrália ambiental local entre1994 e 1998. estatísticos. ambientais divulgadas nos seus relatórios.

Investigar as práticas de relatórios O período considerado foi de 1990 a ambientais das firmas antes e após 1993 e foram analisadas as Foi identificado o predomínio de notícias favoráveis à Deegan e Rankin Austrália más notícias divulgadas na mídia, de informações ambientais divulgadas por imagem corporativa. (1996) acordo com processos movidos pela uma amostra de 20 companhias. agência ambiental local. 104

Autor(es) País(es) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados Análise de conteúdo dos relatórios anuais de uma amostra de 62 Os resultados da pesquisa indicaram uma significativa Examinar a relação existente entre a companhias australianas de vários correlação entre a importância percebida pelos CFOs e a importância de variáveis que setores e administração de um divulgação de informações ambientais praticada pelas Frost e Wilmshurst Austrália influenciam a decisão de divulgar questionário junto aos Chiefs Finance empresas componentes da amostra. Entretanto, conforme (2000) informações ambientais e o que é Officers – CFOs das empresas os resultados revelaram, os itens considerados praticado pelas companhias. selecionadas, com questões sobre a importantes para os CFOs das companhias tiveram divulgação de informações ambientais diferentes níveis na decisão de divulgar informações evidenciadas nos relatórios anuais ambientais. dessas companhias. Análise de conteúdo dos relatórios Pesquisas anteriores não incorporaram as variáveis Guthrie Cuganesan e Austrália Analisar as informações anuais e websites de uma amostra de específicas dos setores, diferenças significativas foram Ward (2006) socioambientais divulgadas por companhias dos setores de alimentos e identificadas entre as companhias, declarativas por companhias estabelecidas no país. bebidas. natureza.

Investigar a opinião de gerentes de 3 companhias do setor de mineração Ressalta a internet como um importante veículo de Lodhia (2006) Austrália sobre o uso da internet para a Entrevistas semiestruturadas junto a comunicação que se consolida cada vez mais como divulgação de informações funcionários das organizações. instrumento de divulgação de informações socioambientais. socioambientais das companhias.

Os resultados indicaram que além da pouca credibilidade, os relatórios sociais das companhias são insuficientes Identificar o potencial de influência Pesquisa de opinião junto às ONGs para avaliação do desempenho destas. A responsabilidade Tilt (1994) Austrália da sociedade sobre as empresas, no australianas. social deve ser mais extensa e as expectativas da que diz respeito à responsabilidade sociedade vão além da divulgação das ações sociais, que social corporativa. deve ocorrer também em suas subsidiárias, com uma legislação padronizada e sistematizada para que a adesão à causa seja mais ampla. Grande parte da evidenciação ambiental das empresas de O estudo considerou uma amostra de mineração australianas se refere à provisão para a Interpretar as informações 70 companhias, selecionadas com base reabilitação de minas, em razão dos benefícios fiscais Tilt e Symes (1999) Austrália ambientais divulgadas por no ranking das 500 maiores empresas oriundos deste procedimento. No entendimento dos companhias de capital aberto no país. listadas na Australian Stock Exchange autores: “esse tipo de evidenciação provavelmente é em 1994. Foi conduzida uma análise influenciado não pelo desejo de ser ambientalmente de conteúdo. consciente, mas pelo benefício tributário que as empresas têm, quando das despesas incorridas para reabilitação de minas”.

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Autor(es) País(es) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados

Conduzir um estudo sobre a divulgação de informações Análise de conteúdo dos relatórios de As organizações dão maior ênfase às informações sobre Belal (2001) Bangladesh socioambientais divulgadas pelas uma amostra de 30 companhias. seus investimentos sociais. companhias no país. A principal motivação para tal divulgação está Investigar a opinião de gerentes Condução de uma série de entrevistas relacionada com o desejo de gerenciar grupos de Belal e Owen (2007) Bangladesh corporativos sobre a divulgação de semiestruturadas junto aos gerentes das stakeholders , percebidos como forças externas de informações sociais nos relatórios organizações. pressão, principalmente em organizações subsidiárias de anuais de 23 companhias. multinacionais. Examinar a utilização de websites Análise de conteúdo das informações O processo está na sua infância e o nível de evidenciação Dutta e Bose (2008) Bangladesh pelas companhias locais para ambientais disponibilizadas nos é baixo entre as organizações pesquisadas. comunicação de informações websites de uma amostra de 104 ambientais. companhias.

Análise descritiva das informações Poucas companhias se esforçam para divulgar Hossain (2006) Bangladesh Investigar a extensão e natureza das ambientais divulgadas nos relatórios informações ambientais, geralmente de natureza informações ambientais divulgadas anuais de uma amostra de 82 qualitativa. A relação entre a extensão dessas informações em relatórios anuais. companhias abertas. e o tamanho das companhias é significante.

Descrever e explicar as práticas de Análise de conteúdo dos relatórios Alguns grupos de stakeholders em particular fazem Islam e Deegan Bangladesh divulgação ambiental e social nos anuais e entrevistas semiestruturadas. pressão sobre as indústrias para que essas invistam em (2008) relatórios de companhias de um país ações socioambientais. em desenvolvimento.

Analisar as informações Análise de conteúdo dos relatórios O nível de evidenciação aumentou nos últimos 10 anos, Sobhani, Amran e Bangladesh socioambientais divulgadas nos anuais de uma amostra de 100 com foco em recursos humanos, comunidade e meio Zainuddin (2009) relatórios anuais das companhias. companhias. ambiente.

Verificar as diferenças de Por meio de uma análise dos relatórios Os resultados revelaram muitas divergências entre as Cunha e Moneva Brasil e comportamento das organizações ao anuais de duas organizações locais, no organizações quanto à divulgação de informações (2006) Espanha divulgar informações sobre suas período de 2001 e 2004. ambientais nos seus relatórios. ações ambientais em conformidade com as diretrizes da GRI.

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Autor(es) País(es) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados

Investigar as diferenças na divulgação voluntária de Testes estatísticos aplicados nos dados Identificaram maior nível de divulgação de informações informações socioambientais em secundários das companhias. socioambientais nas empresas públicas do que nas Cormier e Gordon Canadá duas empresas públicas e uma empresas privadas. (2001) empresa privada do setor elétrico, no período de 1985 a 1996. Analisar os determinantes da Análise descritiva das informações Tipo de indústria e tamanho são significativamente Choi (1999) Coréia divulgação socioambiental nos socioambientais divulgadas pelas associados com a propensão para divulgar tais relatórios anuais das companhias. organizações. informações. Análise de conteúdo dos relatórios Todas as organizações dão especial atenção às questões Biloslavo e Analisar o discurso socioambiental socioambientais e dos websites de uma socioambientais tanto nos relatórios anuais como também Trnav čevi č (2009) Eslovênia das companhias estabelecidas no amostra de 20 companhias de setores nos seus websites . país. potencialmente poluidores.

Os resultados evidenciaram que as organizações de maior Investigar as informações Análise de conteúdo de relatórios porte divulgam mais informações sobre o tema, outra Ayuso e Larrinaga Espanha socioambientais divulgadas por anuais e notícias publicadas na mídia característica dessas organizações é o fato de pertencerem (2003) companhias estabelecidas no país. impressa, de 1991 a 1995. a setores potencialmente poluidores, e consequentemente, recebem grande atenção da mídia. Estudar o comportamento de 9 companhias sobre questões socioambientais, baseado no Condução de entrevistas Verificaram que as resistências à transparência na González et al. Espanha referencial teórico proposto por semiestruturadas e análise documental evidenciação de eventos socioambientais constitui um (2001) Gray, Kouth e Lavers (1995), com o dos relatórios anuais das organizações. sério obstáculo para o desenvolvimento do tema. objetivo de verificar se suas proposições são aplicáveis em outros contextos.

Identificar os fatores determinantes Análise de conteúdo das ações Llena, Moneva e Espanha da evidenciação socioambiental no ambientais divulgadas nos relatórios Identificaram um aumento quantitativo das informações Hernandez (2007) país. anuais de uma amostra de 51 socioambientais divulgadas no período de 1992 a 1994. companhias.

Investigar se a estratégia das Análise de conteúdo da declaração da Moneva, Lirio e Espanha companhias para com seus missão expressa nos relatórios de uma O enfoque nos stakeholders não é significativo. Torres (2007) stakeholders está relacionada com o amostra de 52 companhias com base desempenho financeiro e social. nas diretrizes da GRI.

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Autor(es) País(es) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados Examinar as informações socioambientais divulgadas por uma Análise de conteúdo. Verificaram que estes gastos representam uma Alciatore, Dee e Estados amostra de 34 companhias do setor porcentagem pequena dos custos ambientais que são Easton (2004) Unidos petroquímico, no período de 1988 a evidenciados pelas companhias analisadas. 1999. Analisar as informações socioambientais divulgadas pelas Lober, Bynum, Estados 100 maiores companhias do país Análise de conteúdo e entrevistas junto Os empregados e acionistas representam os principais Campbell e Jacques Unidos para determinar o tipo de informação a profissionais das 100 maiores grupos a quem são dirigidos os relatórios (1997) e como são apresentadas e para qual companhias do país. socioambientais. audiência. Investigar se ocorreram aumentos significativos na evidenciação Análise de conteúdo dos relatórios socioambiental no período de 1988 a socioambientais de uma amostra de 57 Os resultados indicaram diferenças positivas significantes Walden e Schwarts Estados 1990, considerado o período que companhias dos setores químico, no nível de evidenciação socioambiental no período (1997) Unidos refletiu os efeitos do acidente no produtos de consumo, produtos analisado. Alaska, em que esteve envolvida a florestais e de petróleo. companhia Exxon Valdez. A análise de conteúdo foi utilizada Os resultados indicaram que não há significativas Comparar a quantidade e qualidade para quantificar e classificar em diferenças na extensão da divulgação de informações das informações ambientais categorias as informações divulgadas ambientais das companhias dos Estados Unidos e Canadá. Estados divulgadas nos relatórios anuais de sobre o meio ambiente e técnicas Entretanto, as autoras verificaram que as companhias Buhr e Freedman Unidos e uma amostra de 68 companhias estatísticas foram utilizadas para a americanas divulgam mais informações ambientais (1996) Canadá canadenses e 68 companhias análise dos dados. oriundas do cumprimento da legislação daquele país, americanas, de setores enquanto as empresas canadenses divulgam maior potencialmente poluidores como número de informações voluntárias, sobre as mesmas mineração, química, papel e celulose questões e, por serem voluntárias, ocorrem em maior e petroquímica. quantidade. Verificar qual a percepção dos administradores em relação aos anseios dos stakeholders sobre as Os autores enviaram um questionário Os resultados foram analisados através da estatística Estados informações ambientais e como esse para 41 multinacionais, para identificar descritiva e demonstraram uma significativa relação entre Cormier Gordon e Unidos e aspecto é divulgado nos relatórios os fatores que determinam a iniciativa o gerenciamento ambiental das companhias com as Magnan (2004) Europa das organizações. de divulgar informações ambientais. decisões que seus gerentes tomam, para responder aos anseios dos stakeholders , via relatórios anuais.

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Autor(es) País(es) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados

As companhias que aderiram aos princípios do Pacto Estados Examinar a divulgação de Condução de uma análise textual dos Global são mais propensas a divulgar informações Chen e Bouvain Unidos, informações socioambientais nos websites e comparação entre uma socioambientais, relacionadas com suas ações voltadas (2009) Reino websites das organizações. amostra de 150 companhias. para a preservação ambiental e bem-estar dos Unido, funcionários. Os autores identificaram também Austrália e significativas diferenças na divulgação dessas Alemanha informações entre os países analisados.

Estados Comparar a divulgação Análise descritiva das informações As companhias européias dão maior ênfase ao tema e o Saida (2009) Unidos e socioambiental entre companhias socioambientais divulgadas por uma país de origem influencia suas comunicações Europa americanas e européias. amostra de 36 multinacionais. socioambientais.

Analisar a estratégia de comunicação socioambiental, sob o ponto de vista Os resultados sugerem que o mercado financeiro é Aerts, Cormier e Europa e dos analisas financeiros. Avaliar se Condução de testes estatísticos. relevante como um determinante da evidenciação Magnan (2004) América do há diferenças na evidenciação socioambiental entre as regiões investigadas. Norte voluntária e se os determinantes da divulgação são diferentes entre as firmas das regiões analisadas.

Adams Hill e Europa Análise de conteúdo e regressão Os resultados revelaram que tamanho, grupo industrial e Roberts (1998) Identificar os fatores que influenciam multivariada com base nos relatórios país de origem são as variáveis mais representativas do a decisão de divulgar relatórios socioambientais de uma amostra de modelo. socioambientais. 150 companhias oriundas de 6 países.

Analisar as informações Niskala e Pretes Finlândia socioambientais divulgadas nos Análise de conteúdo. O nível de evidenciação ambiental aumentou (1995) relatórios anuais de uma amostra de significativamente no período analisado. 75 organizações estabelecidas no país, no período de 1987 a 1992.

Analisar a extensão com que o Apesar de obrigatória, a lei está longe de ser perfeita. Egan et al. (2007) França requerimento legal de divulgação do Estatística descritiva. Entretanto, ocorreu um aumento na divulgação relatório de sustentabilidade (desde socioambiental e diálogo com stakeholders . 2001) contribui para a regulamentação dessas informações.

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Autor(es) País(es) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados França, Maignan e Ralston Holanda, Comparar a extensão e conteúdo das Análise de conteúdo das informações Foram identificadas significativas diferenças entre os (2002) Reino Unido informações socioambientais socioambientais divulgadas por uma países, com foco na imagem corporativa. e Estados disponibilizadas pelas organizações. amostra de organizações. Unidos Analisar a evidenciação socioambiental nos relatórios anuais Análise de conteúdo. Os resultados revelaram significativas diferenças entre as Mirfazli (2008) Indonésia de companhias abertas no país. organizações ‘muito e pouco lucrativas’.

Harte e Owen (1991) Comparar o nível de evidenciação Análise de conteúdo dos relatórios Identificaram um crescente aumento quantitativo das Inglaterra ambiental de 30 companhias anuais. informações sobre o meio ambiente disponibilizadas britânicas de vários setores. pelas empresas analisadas, ainda que voluntário.

Itália e Analisar o conteúdo das informações Fatores como a ênfase no gerenciamento dos Boesso e Kumar Estados socioambientais divulgadas Análise de conteúdo. stakeholders , ativos intangíveis e complexidade do (2007) Unidos voluntariamente por uma amostra de mercado são afetados tanto pelo volume de informações 72 organizações. quanto pela qualidade da evidenciação voluntária destas. Estados Unidos, Canadá, Analisar comparativamente a Análise de conteúdo dos relatórios de Foram identificadas significativas diferenças entre as Itália e divulgação de informações 69 indústrias do setor petroquímico, no companhias e entre os países analisados. Borgini e Salomoni demais socioambientais nos relatórios anuais período de 1993 a 1996. (1997) países de organizações estabelecidas em Europeus diferentes regiões.

Investigar o perfil das organizações O tamanho da companhia se mostrou significativamente que disponibilizam o relatório Testes estatísticos. relacionado com a divulgação do relatório Kokubo et al. (2001) Japão socioambiental. socioambiental.

Análise de conteúdo dos relatórios Os resultados indicaram que a responsabilidade Analisar as informações anuais de uma amostra de 143 socioambiental recebe pouca atenção nos relatórios das Baker e Naser (2000) Jordânia socioambientais divulgadas por companhias. companhias, entretanto, o setor bancário tem dado maior companhias estabelecidas no país. ênfase ao tema do que companhias de outros setores. Análise de conteúdo dos relatórios As companhias australianas se destacam mais na Yusoff e Lehman Malásia e Comparar a evidenciação socioambientais de uma amostra de 50 divulgação deste tipo de informação. (2006) Austrália socioambiental de companhias companhias de cada país, no período estabelecidas nos dois países. de 2002 a 2003.

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Autor(es) País(es) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados Os resultados do estudo sugerem que variáveis como Hackston e Milne Nova Analisar o conteúdo da evidenciação Análise de conteúdo e testes tamanho e setor são as principais influenciadoras da (1996) Zelândia socioambiental das 50 maiores estatísticos. evidenciação socioambiental das companhias companhias estabelecidas no país. estabelecidas no país.

Examinar as mudanças no nível de Análise de conteúdo dos relatórios Os resultados sugerem que a entidade usa a divulgação Branco, Eugenio e Portugal evidenciação voluntária de uma anuais no período de 1993 a 2003. como um mecanismo de gerenciamento da sua imagem, Ribeiro (2008) empresa do setor de tratamento de que estava ameaçada em razão das controvérsias sobre resíduos sólidos. suas atividades. Analisar o conteúdo dos relatórios Análise qualitativa dos relatórios, no Foi possível identificar poucas referências sobre os ativos Ferreira (2004) Portugal anuais de uma amostra de 10 período de 1997 a 2001. e passivos ambientais nos relatórios das organizações. companhias. Testes estatísticos e análise de As companhias que dão maior ênfase ao tema são as de Brammer e Pavelin Reino Unido Examinar a divulgação voluntária de conteúdo dos relatórios maior porte e mais lucrativas. A qualidade da divulgação (2006) informações socioambientais. socioambientais de uma amostra de está positivamente associada com o porte e impactos 447 companhias. ambientais gerados por suas atividades. Analisar os relatórios anuais de uma Foi identificado um aumento quantitativo das Campbell (2004) Reino Unido amostra de 10 companhias no Análise de conteúdo. informações socioambientais divulgadas pelas período de 1974 a 2000. organizações. Examinar os relatórios Os testes aplicados não evidenciaram nenhuma relação Murray et al. (2006) Reino Unido socioambientais de uma amostra de Análise de conteúdo e estatística entre o comportamento do preço das ações e as 100 companhias inglesas de descritiva. informações socioambientais divulgadas pelas diferentes setores. companhias. Foram conduzidas entrevistas junto a Destaca a falta de poder das teorias para explicar a grande Analisar os fatores internos das funcionários responsáveis pela atenção que tem sido dada aos relatórios socioambientais Adams (2002) Reino Unido organizações que influenciam a elaboração desses relatórios de sete e assim, propôs um modelo de relatório, de acordo com o e Alemanha elaboração de relatórios organizações. autor, mais inclusivo, por abranger as demandas internas socioambientais. das organizações. Os aspectos sociais foram mais enfatizados pelas Análise de conteúdo dos relatórios de empresas no período analisado, com destaque para Kuasirikun e Sherer Tailândia Analisar o conteúdo das informações uma amostra de 54 companhias. informações sobre relações com empregados e (2004) socioambientais divulgadas nos envolvimento com comunidades locais, com o relatórios anuais no período de 1993 predomínio da evidenciação de informações narrativas e 1999. nos relatórios anuais das organizações. Quadro 2.9: Levantamento Bibliográfico sobre a Divulgação Socioambiental via Relatórios Fonte: Elaboração própria

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2.6.2 Estudos Empíricos: Contexto Brasileiro

Acompanhando o crescente interesse pela responsabilidade social das empresas no Brasil, além das mudanças na legislação ambiental que se tornou mais rigorosa, desde então, muitos autores têm publicado resultados de pesquisas empíricas sobre o assunto. Porém, muitas companhias de outros países começaram a divulgar investimentos em ações socioambientais nos seus relatórios anuais a partir da década de 1970, utilizando grandes amostras e técnicas sofisticadas de análise de dados. Em 1987 foi recomendada pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM, a divulgação de informações sobre investimentos ambientais no relatório da administração das empresas brasileiras, através do Parecer de Orientação n. 15. Em 1996 o Instituto de Auditores Independentes do Brasil – IBRACON, por meio da norma de procedimento de auditoria nº. 11 recomendou que as empresas participassem dos esforços em defesa do meio ambiente. O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução nº 1.003 de 2004, aprovou a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica NBC T 15 – Informações de Natureza Social e Ambiental, que entrou em vigor a partir de 2006. Esta norma estabelece procedimentos para evidenciação de informações de natureza social e ambiental, com objetivo de demonstrar à sociedade a participação e a responsabilidade social da entidade. Apesar de não haver pronunciamento legal específico para a divulgação de informações sobre a relação das empresas com o meio ambiente nos relatórios contábeis de companhias brasileiras, vários autores; como Nossa (2002), Paiva (2003) e Tinoco e Kraemer (2004) e Ribeiro (2005) entendem que os aspectos relacionados com o meio ambiente podem ser incluídos nas demonstrações financeiras independentemente de algum pronunciamento legal, como os ativos, passivos e gastos ambientais. No Brasil há diversos pesquisadores se dedicando a estudar e analisar as informações socioambientais divulgadas por companhias. O balanço social é o relatório mais utilizado pelas organizações estabelecidas no país e dessa forma, também tem sido um dos principais instrumentos de análises em investigações em diversas áreas do conhecimento científico. Outra forte tendência é a divulgação de informações socioambientais nos relatórios anuais das companhias, ou num relatório separado, atualmente denominado relatório de sustentabilidade. O Quadro 2.10 apresenta um resumo dos resultados de alguns estudos sobre a divulgação de informações socioambientais conduzidas no contexto nacional. 112

Autor(s) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados Os resultados do estudo, de acordo com o pesquisador, sugeriram Analisar as informações ambientais divergências na evidenciação de informações ambientais com Nossa (2002) divulgadas nos relatórios anuais de uma Análise de conteúdo relação ao tamanho das empresas, país de origem e o tipo de amostra de 42 das maiores companhias em relatório utilizado, mostrando-se incipiente e frágil, em relação nível mundial, do setor de papel e aos níveis de confiabilidade e comparabilidade das informações celulose. ambientais divulgadas nos relatórios anuais. Verificar o nível de evidenciação de informações ambientais de empresas do Análise qualitativa dos relatórios A divulgação deste tipo de informação por empresas brasileiras Paiva (2003) setor de papel e celulose e com base nos anuais das organizações. ainda é incipiente, ocorre de modo qualitativo principalmente em relatórios de uma amostra de 14 notas explicativas e no relatório da administração. companhias. Verificar a existência de diferenças no Os resultados do estudo revelaram que as empresas com maior fluxo de informações ambientais inserção internacional e pertencentes a setores de maior Masullo (2004) relacionadas aos diferentes graus de Testes estatísticos aplicados em intensidade de poluição possuem maior tendência a divulgar internacionalização e setores de atividade 96 empresas. informação ambiental em balanços sociais, a aderir a iniciativas nas grandes empresas brasileiras de capital empresariais para o desenvolvimento sustentável e a atender aos aberto. critérios de certificação de gestão ambiental. Analisar as informações divulgadas Os resultados da investigação, de acordo com os autores, Ponte e Oliveira (2004) voluntariamente nos demonstrativos Análise qualitativa dos relatórios indicaram que as empresas brasileiras ainda têm muito a evoluir contábeis de uma amostra de 95 anuais das organizações. quanto à transparência de informações divulgadas companhias brasileiras. voluntariamente nos seus relatórios. Analisar as demonstrações contábeis da De acordo com os autores, as informações divulgadas são Ferreira, Chagas e Petrobrás no período de 2001 a 2003, com Análise qualitativa dos relatórios insatisfatórias, por não incluir dados sobre o sucesso dos Bessa (2005) o objetivo de identificar as informações disponibilizados pela companhia. investimentos realizados, evolução dos impactos de natureza evidenciadas pela companhia a respeito ambiental sobre os resultados de cada período, além dos passivos dos seus investimentos ambientais. ambientais.

Os resultados, de acordo com o pesquisador, indicaram que há uma relação entre o tamanho da empresa e a quantidade de Analisar as informações socioambientais Análise descritiva dos relatórios informações divulgadas, assim como o setor e quanto maior o Puppim de Oliveira divulgadas nos balanços sociais de uma das organizações. impacto provocado pela organização, maior é a quantidade de (2005) amostra de 95 companhias brasileiras. informações socioambientais divulgadas por esta. Entretanto, falta consistência nas informações divulgadas, e sugere a padronização desses relatórios.

Bertagnolli (2006) Analisar quantitativamente a influência Análise descritiva dos balanços De acordo com a autora, há uma associação positiva entre as dos indicadores sociais e ambientais sobre sociais de uma amostra de 176 variáveis estudadas, com destaque para investimentos em a receita líquida e o resultado operacional. companhias, de 1996 a 2002. recursos humanos. 113

Autor(s) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados Analisar as informações ambientais Análise de conteúdo dos Os resultados da pesquisa confirmaram o contínuo crescimento Calixto (2006) divulgadas por companhias de capital relatórios de uma amostra de 80 quantitativo das informações sobre investimentos ambientais que aberto no período de 1997 a 2005. companhias de 17 setores. são divulgadas através dos relatórios anuais. Os autores verificaram que nenhuma das empresas divulga os Souza Filho e Comparar a divulgação socioambiental Análise qualitativa das resultados dos projetos socioambientais nos seus websites , Wanderley (2006) entre empresas dos setores de energia e informações disponibilizadas nos informações consideradas muito importantes para que os varejo divulgadas nos seus websites . websites de 7 companhias. stakeholders e a sociedade em geral possam avaliar a efetividade das ações empreendidas pelas organizações. Pesquisa documental dos Analisar o grau de aderência de empresas relatórios de 8 empresas Os resultados revelaram que a empresa Natura é classificada Dias (2006) brasileiras às diretrizes GRI. brasileiras. como a que possui maior aderência aos indicadores GRI. Analisar as informações socioambientais Para os autores, os resultados da pesquisa, embora tenham Ponte et al. (2007) divulgadas voluntariamente nos Análise qualitativa dos relatórios indicado o processo ainda incipiente de inclusão de informações demonstrativos contábeis de uma amostra anuais das organizações. voluntárias nos relatórios das empresas, foi identificado um de 119 companhias. aumento quantitativo destas. Aquino e Ferreira Analisar o nível de evidenciação dos itens Análise qualitativa dos relatórios A organização destaca mais as informações socioambientais (2007) compulsórios e não compulsórios dos disponibilizados pela companhia, divulgadas voluntariamente. relatórios contábeis da Petrobrás. de 1998 a 2004. Análise de conteúdo das Os investimentos sociais mais enfatizados pelas companhias Calixto (2007) Analisar o conteúdo das informações informações sociais divulgadas foram aqueles relacionados com recursos humanos, treinamento, sociais divulgadas por companhias por uma amostra de 97 educação, saúde e segurança, com crescimento relevante a partir estabelecidas no país. companhias de 20 setores, no de 1998, apresentando também significativas diferenças na período de 1996 a 2005. divulgação de informações sociais em empresas do mesmo setor.

Analisar as informações socioambientais Azevedo e Cruz (2007) divulgadas pelas distribuidoras de energia Análise descritiva dos balanços De acordo com os autores, as informações socioambientais têm elétrica da região nordeste do Brasil e sua sociais de 11 companhias no recebido maior destaque nos relatórios das companhias. relação com indicadores de desempenho. período de 2005. Foram identificadas significativas diferenças entre o conteúdo e forma das informações ambientais divulgadas na internet e os Calixto Barbosa e Lima Comparar as informações ambientais Análise de conteúdo dos relatórios anuais das empresas investigadas. A internet (2007) divulgadas voluntariamente nos relatórios relatórios disponibilizados por apresentou-se como o veículo utilizado para informações mais anuais e na internet. uma amostra de 60 companhias. detalhadas sobre os projetos e investimentos ambientais das organizações. Verificar a relação existente entre o nível Análise de conteúdo e testes Foram identificadas relações positivas entre nível de Braga e Salotti (2008) de evidenciação ambiental e as estatísticos conduzidos em uma evidenciação ambiental, tamanho, riqueza criada e natureza da características das corporações. amostra de 108 companhias. atividade das empresas.

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Autor(s) Objetivo(s) Metodologia Principais Resultados Investigar a interrelação entre a divulgação Testes estatístico efetuados nos A divulgação ambiental é influenciada pelo desempenho Farias (2008) ambiental, desempenho ambiental e dados de uma amostra de 87 ambiental, o desempenho econômico afeta o desempenho desempenho econômico. companhias de capital aberto. ambiental, entretanto, a divulgação ambiental não é afetada pelo desempenho econômico. Conduzir uma análise qualitativa da Análise qualitativa dos relatórios Os resultados da pesquisa indicaram uma alta média de evolução dos relatórios socioambientais anuais das organizações. pontuações totais dos relatórios analisados, o que demonstrou, de Perez (2008) divulgados por uma amostra de 5 acordo com o autor, o esforço das companhias para identificação companhias, no período de 1997 a 2006. de riscos e respostas às partes interessadas. Análise comparativa dos Nenhuma das companhias apresentou um alto grau de aderência Investigar a incorporação das diretrizes da relatórios de sustentabilidade de plena, nem um alto grau de evidenciação efetiva das diretrizes da Castro (2008) GRI em empresas do setor de energia uma amostra de oito companhias, GRI. O fato das empresas fazerem parte de um mesmo setor elétrica estabelecidas na América do sul. no período de 2006. econômico e praticarem o mesmo tipo de atividade não fez com que estas estivessem no mesmo estágio de aderência e de evidenciação. Por meio de testes estatísticos, os Analisar o conteúdo das informações autores testaram várias hipóteses, socioambientais divulgadas por uma como setor, firma de auditoria, Murcia e Souza (2009) amostra de companhias brasileiras no internacionalização, concentração Os resultados da pesquisa indicaram relação positiva entre todas período de 2007. de propriedade, origem do as variáveis incluídas no modelo. controle acionário, rentabilidade, governança corporativa, porte, e sustentabilidade. Análise de conteúdo e testes Identificar as características da informação estatísticos com base nas ambiental e os fatores que determinam a demonstrações contábeis e Foi identificado um aumento da evidenciação, sendo a maior Rover (2009) divulgação voluntária por companhias relatórios socioambientais no parte de natureza declarativa e positiva. brasileiras de setores potencialmente período de 2005 a 2007 de uma poluidores. amostra de 57 empresas. Quadro 2.10: Estudos sobre a Divulgação Socioambiental no Contexto Nacional Fonte: Elaboração própria

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Por meio da revisão bibliográfica sobre pesquisas que exploraram setores específicos ou diversificados e trabalharam com amostras de companhias brasileiras ou de outros países, observou-se que há muito a ser desenvolvido sobre a divulgação de informações sobre práticas de responsabilidade socioambiental. A análise da evolução destas informações, sobretudo no contexto da América Latina, ainda está em estágio inicial, como mostram as poucas referências apresentadas no Quadro 2.10.

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2.7 DESEMPENHO CORPORATIVO

2.7.1 Desempenho Econômico-Financeiro

A avaliação do desempenho econômico-financeiro de determinada empresa é feita com base numa série de indicadores clássicos que, em seu conjunto, abordam analiticamente a atratividade dos seus investimentos e indicadores de retorno. Esses indicadores são calculados a partir de dados extraídos principalmente de duas demonstrações contábeis: o Balanço Patrimonial, que evidencia, em um determinado momento, a situação patrimonial da empresa, e a Demonstração de Resultado do Exercício, que apresenta o lucro ou prejuízo apurado em determinado momento. O resultado apurado vai impactar o patrimônio líquido de uma organização de modo positivo, tendo as operações gerado um lucro, ou negativo, no caso de prejuízo. A análise pode ser elaborada de diversas formas e o Quadro 2.11 apresenta uma síntese dos principais indicadores utilizados no mercado financeiro. A análise financeira baseia-se em índices que são apurados com base nas demonstrações financeiras das empresas e esses são classificados em quatro grupos: liquidez e atividade, endividamento e estrutura, rentabilidade e análises de ações. (ASSAF NETO, 2005). Trata-se de um processo comparativo, feito com base em dados históricos, de períodos anteriores, da mesma empresa ou de várias, do mesmo ou de vários setores de atividade de modo geral. A relevância deste tipo de estudo está na identificação das causas que determinam as variações ocorridas no conjunto de dados em análise e, dessa forma, é possível inferir sobre a situação patrimonial da organização ou conjunto dessas em exame. Para avaliar o desempenho empresarial por meio dos índices não é necessário um grande número deles, mas um conjunto que permita conhecer a verdadeira situação da empresa. Este conjunto, normalmente compreende o grau de profundidade que a medida de análise requer. (MATARAZZO, 2003). Portanto, a avaliação de uma empresa pode ser definida como um processo que deve refletir os resultados decorrentes das decisões econômicas e financeiras tomadas pelos gestores em relação aos investimentos, operações e financiamentos ao longo do tempo. Ressalta-se que as medidas de desempenho tradicionais aqui enumeradas são algumas entre as diversas que são utilizadas no mercado para tomada de decisões de curto ou de longo prazo. De acordo com os objetivos das partes interessadas, além do grau de conhecimento e

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acesso às informações, podem ser enumerados indicadores tradicionais e indicadores não tradicionais, utilizados por diversos públicos. O objetivo desta seção é tão somente identificar algumas das medidas utilizadas para mensuração do desempenho econômico das empresas que são largamente utilizadas em pesquisas que tentam identificar se há ou não relação entre essas medidas e o desempenho socioambiental corporativo.

Descrição dos indicadores Fórmulas Participação de capitais de terceiros Exigível total Patrimônio líquido Composição do endividamento Passivo circulante Exigível total Estrutura Imobilização do patrimônio líquido Ativo não circulante - realizável a longo prazo Patrimônio líquido Imobilização dos recursos não correntes Ativo não circulante - realizável a longo prazo Patrimônio líquido + passivo exigível a longo prazo Liquidez geral Ativo circulante + ativo realizável a longo prazo Passivo circulante + passivo exigível a longo prazo Liquidez corrente Ativo circulante Liquidez Passivo circulante Liquidez seca Ativo circulante – estoques Passivo circulante Liquidez imediata Disponibilidades Passivo circulante Giro do ativo Vendas líquidas Ativo total Margem líquida Lucro líquido Vendas líquidas Rentabilidade Rentabilidade do ativo Lucro líquido Ativo total Rentabilidade do patrimônio líquido Lucro líquido Patrimônio líquido Retorno sobre o ativo - ROA Lucro operacional Ativo total – lucro líquido Desempenho Retorno sobre o investimento - ROE Lucro operacional Investimento Quadro 2.11: Indicadores Financeiros Utilizados para Análise de Balanços Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2005)

2.7.2 Desempenho Socioambiental Corporativo

O desempenho socioambiental corporativo é alvo de inúmeras pesquisas acadêmicas. O objetivo desta seção é destacar alguns estudos anteriores que abordaram a relação entre desempenho socioambiental com o desempenho econômico financeiro das organizações. De acordo com a teoria dos stakeholders , a relação entre responsabilidade social corporativa e desempenho econômico-financeiro das empresas deveria ser positiva, pois sugere que quanto maior o nível de responsabilidade social, melhor seria o desempenho

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econômico-financeiro da empresa, revelando a eficiência da administração. (FREEMAN, 1984; CLARKSON, 1995; DONALDSON e PRESTON, 1995; MITCHELL, AGLE e WOOD, 1997; PRESTON e O’BANNON, 1997). Porém, para a teoria dos shareholders , há uma relação negativa entre a responsabilidade social corporativa, que vai além da maximização de lucros, e o desempenho financeiro, pois ocorreria uma redução de valor da empresa caso o nível de responsabilidade social fosse alto. (JENSEN, 2001). O desempenho social corporativo, de acordo com Wood (1991, p. 115, tradução nossa) é definido como “uma configuração de princípios de responsabilidade social, processo de responsividade social, políticas, programas e impactos observáveis, e como eles se aplicam nos relacionamentos sociais da firma”. Os estudos empíricos que relacionaram o desempenho social corporativo com o desempenho econômico-financeiro buscaram evidências quantitativas sobre a relação entre tais variáveis e são temas de discussão em diversos estudos acadêmicos, mas com resultados divergentes. De acordo com Donaldson e Preston (1995), há vários problemas nas abordagens empíricas que buscam uma relação entre responsabilidade social corporativa e desempenho financeiro. A grande maioria desses estudos não inclui indicadores confiáveis relacionados à administração de stakeholders ou ao desempenho das ações de responsabilidade social corporativa. Para Clarkson (1995), um problema que envolve os estudos sobre empresas e sociedade é o fato de que não há definições de desempenho, responsabilidade e responsividade social que permitam a estruturação de modelos; que possibilitem a medição e a avaliação sob os pontos de vista operacional e gerencial. Devido ao grande número de estudos empíricos que buscaram relacionar a responsabilidade social corporativa com o desempenho econômico-financeiro das organizações, alguns pesquisadores se dedicaram a analisar os resultados de tais trabalhos. Cochran e Wood (1984) analisaram 14 estudos e identificaram falhas na identificação e controle de variáveis como riscos, setor da indústria e idade dos ativos. Com foco no exame da relação entre desempenho, evidenciação social e desempenho econômico de companhias americanas, os resultados da análise de 13 estudos, de acordo com Ullmann (1985) revelaram inconsistências em diversos aspectos: falta de uma teoria, definição imprópria de termos chave e deficiências das bases de dados disponíveis.

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Aupperle, Carroll e Hatfield (1985) verificaram que há uma variedade de diferentes metodologias e rigor destas nos trabalhos anteriores sobre o tema. Também não encontraram relação entre as variáveis responsabilidade social e desempenho. No entendimento de Wood (1991) não existe uma medida de desempenho social corporativo e por isso, tal causalidade é complexa, pois a relação entre desempenho social e desempenho financeiro é ambígua. Para Jones e Murrell (2001), a relação entre ações de responsabilidade social e desempenho financeiro é em essência inconclusiva, pois, dependendo do contexto, evidentemente existirão correlações positivas e negativas entre o investimento em ações de responsabilidade social e o desempenho financeiro. De acordo com Griffin e Mahon (1997), não há um consenso nas pesquisas sobre o tema. Eles verificaram que em 51 pesquisas realizadas, 11 identificaram relação negativa, 5 encontraram relação nula, 3 encontraram relação positiva, e 8 evidenciaram relações positivas e negativas. Os motivos dessas contradições foram diferenças conceituais de operacionalização e metodológicas nas definições de desempenho social e desempenho financeiro. E concluíram que os resultados dos estudos analisados são contraditórios e ambíguos. McWilliams e Siegel (2000) argumentam que muitos estudos que investigaram a relação entre desempenho social e desempenho financeiro sofrem com diversas limitações teóricas e empíricas. De acordo com os autores, a maioria desses estudos usa modelos com deficiências na especificação, omitem variáveis que são importantes na determinação do desempenho da companhia; uma dessas variáveis é o investimento em pesquisa e desenvolvimento. O objetivo do artigo é discutir a correlação entre desempenho social, pesquisa e desenvolvimento e como estimar apropriadamente o impacto da responsabilidade social corporativa sobre o desempenho financeiro. Os autores pressupõem que o investimento em pesquisa e desenvolvimento é positivamente relacionado com desempenho social corporativo desde que muitos aspectos da responsabilidade social corporativa contribuam para a inovação da produção. Harrison e Freeman (1999) analisaram as pesquisas que relacionaram a teoria dos stakeholders , responsabilidade social corporativa e desempenho financeiro. Como resultado das análises, desenvolveram dois modelos que representam as perspectivas teóricas sobre o tema. O primeiro, denominado gestão estratégica dos stakeholders , reflete uma abordagem instrumental, sugerindo que o interesse dos stakeholders é motivado pela percepção de que a responsabilidade social corporativa pode contribuir para o desempenho financeiro. O segundo modelo, denominado compromisso intrínseco dos stakeholders , apóia-se na hipótese de que as

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empresas têm um compromisso normativo para avançar com os interesses do stakeholder e este compromisso forma as estratégias da empresa e influencia o seu desempenho financeiro. Na opinião de Freeman e McVea (2000), os resultados encontrados até o momento são tentativas porque as técnicas e fontes de dados ainda estão sendo desenvolvidas. Para Rowley e Berman (2000) os problemas de muitos estudos que focaram a relação desempenho social e desempenho financeiro, em seu conjunto, são ecléticos, com foco em diferentes aspectos sociais e grupos de stakeholders , além de examinarem os dois temas como constructos distintos. Os autores sugeriram que o desempenho financeiro não seja considerado um constructo operacional e fizeram as seguintes recomendações:

Os pesquisadores deveriam construir e testar teorias relacionadas especificamente com o constructo; um estudo sobre o comportamento da corporação a respeito da redução de poluição que é divulgada deveria ser baseado na teoria sobre o comportamento da corporação em relação à poluição gerada. (ROWLEY e BERMAN, 2000, p. 407, tradução nossa).

Com foco no mesmo tipo de análise crítica, Margolis e Walsh (2003) examinaram os estudos empíricos dos últimos 30 anos sobre a relação entre desempenho social e financeiro; além de propor algumas questões para futuras pesquisas, tendo em vista as deficiências que vêm se repetindo. Com base na análise e avaliação qualitativa de 95 investigações, eles identificaram a persistência de resultados controversos, quanto à associação positiva encontrada em parte dos estudos, assim como a associação negativa ou nula, entre o desempenho social e financeiro das companhias. E provocam: “por que então os pesquisadores persistem em relacionar tais constructos?” (MARGOLIS e WALSH, 2003, p. 10, tradução nossa). Contrariando tais resultados, Orlitzky, Schmidt e Rynes (2003) utilizaram a técnica meta-análise para o exame de 52 estudos quantitativos sobre responsabilidade social e desempenho financeiro, selecionados no período de 1968 a 1997; com o objetivo de verificar se há relação entre o desempenho social e financeiro. De acordo com os autores, as análises indicaram uma relação positiva entre as variáveis investigadas. No entanto, num trabalho de análise contínua, Margolis, Elfenbein e Walsh (2007) conduziram uma meta-análise das pesquisas que verificaram se há relação entre o desempenho social corporativo e desempenho financeiro nos últimos 35 anos. Com base no exame e aplicação de testes estatísticos em uma amostra de 167 estudos, os resultados não sugerem ganhos financeiros com a responsabilidade social.

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Pavie (2008) investigou a relação entre responsabilidade social corporativa e desempenho financeiro com o emprego da metodologia meta-análise para verificar 112 estudos publicados nos principais periódicos internacionais, no período de 1998 a 2007. Entre os resultados da pesquisa, há uma relação positiva entre o desempenho social corporativo e o desempenho financeiro, porque gera benefícios internos e externos à empresa, e sua reputação é um importante moderador desta relação. Van Oosterhout e Heugens (2008) analisaram a produção acadêmica sobre responsabilidade social corporativa nas últimas décadas e teceram vários comentários críticos aos resultados divergentes de estudos a respeito do desempenho social relacionado com o desempenho financeiro das organizações. Esses estudos apresentam foco positivista ou normativo e são redundantes. Considerando que a perspectiva instrumental é a que melhor estabelece as relações entre as organizações e stakeholders, Campos (2003) investigou a relação entre as políticas para stakeholders e o desempenho organizacional, através da utilização de regressões múltiplas de dados estruturados na forma cross-section em séries temporais de uma amostra de 136 companhias brasileiras no período de 1998 a 2001. Os resultados das análises sugerem que as variáveis de desempenho utilizadas no estudo não são explicadas pelas políticas para stakeholders , em seu conjunto, ou seja, não afetam o desempenho organizacional. Al Tuwaijri et al. (2004) conduziram uma análise integrada de como a gestão estratégica das companhias afeta a divulgação de informações ambientais, o desempenho ambiental e o desempenho econômico das empresas. Os autores selecionaram uma amostra de 198 empresas americanas de capital aberto, trabalhando com as seguintes hipóteses: o desempenho econômico não está associado com o desempenho ambiental; a evidenciação de informações ambientais não está associada com o desempenho ambiental; e o desempenho econômico não está associado com a evidenciação de informações ambientais. Utilizando técnicas da econometria e a análise de conteúdo, em suas conclusões, quanto ao potencial interno das companhias associado com as três variáveis analisadas, os autores constataram uma diferença estatisticamente significante em suas interrelações. A pesquisa conduzida por Borba (2005) buscou identificar se há relação entre o desempenho social corporativo e o desempenho financeiro das empresas brasileiras. O período de análise dos dados foi de 2000 a 2002 e os resultados, de acordo com o autor, não indicaram relação estatisticamente significante entre o desempenho social e desempenho financeiro das empresas analisadas. Da mesma forma que estudos anteriores, os resultados da pesquisa indicaram resultados contraditórios, no que diz respeito à relação entre indicadores

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de mercado do desempenho financeiro e o indicador de desempenho social corporativo. Para o autor, tais resultados podem ser explicados pelas limitações conceituais, quanto à indefinição de conceitos-chave, e empíricas, como a ausência de banco de dados ou deficiências dos existentes. Van Der Laan, Van Ees e Van Witteloostuijn (2007) tiveram por objetivo estudar a relação entre responsabilidade social corporativa e desempenho financeiro com foco no gerenciamento de stakeholders . A análise foi conduzida através da utilização de dados em painel, no período de 1997 a 2002 e com base em uma amostra das 500 maiores companhias multinacionais. As hipóteses foram desenvolvidas quanto ao impacto do desempenho social corporativo relacionado com o desempenho financeiro e a heterogeneidade dos stakeholders . Entre outros resultados, de acordo com os autores, foi possível verificar uma relação positiva entre o tamanho da organização e o desempenho social corporativo. Carqués, Gil e González (2007) investigaram a relação entre evidenciação socioambiental, desempenho socioambiental e resultado econômico das organizações. Foi conduzida uma análise quantitativa dos resultados da administração de um questionário junto a uma amostra de 135 empresas do setor automotivo espanhol. Os resultados do estudo permitiram aos autores verificar que embora a relação entre as variáveis tenha sido identificada como positiva e significante, foi ponderado o fato de outras variáveis importantes não terem sido incluídas no modelo, que também podem contribuir para explicar o desempenho, tanto socioambiental quanto econômico-financeiro. A revisão da literatura sobre o desempenho social corporativo relacionado com o desempenho econômico-financeiro apresenta resultados controversos. Apesar da diversidade de estudos empíricos que buscaram relacionar principalmente a responsabilidade social corporativa com o desempenho econômico-financeiro, há poucos avanços teóricos sobre como e porque o gerenciamento de stakeholders pode estar relacionado com o assunto. A confirmação ou não desta relação depende também de outras variáveis, nem sempre incluídas nesses estudos, como câmbio, taxa de juros, tipo de concorrente, e etc.

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2.8 GOVERNANÇA CORPORATIVA

A expressão governança corporativa tem grande abrangência e diversidade de modelos que acompanham a evolução e expansão das corporações ao redor do mundo, na medida em que o capitalismo se desenvolve. (ANDRADE e ROSSETTI, 2009). A evolução dos mercados de capitais, assim como a internacionalização de companhias, estão entre os fatores impulsionadores do gigantismo e aumento do poder das corporações. Outro importante fator é a separação entre propriedade e gestão, que tem contribuído para mudanças profundas nas companhias. As corporações, ou companhias de capital aberto são as que integram os mercados de capitais e têm suas ações cotadas em bolsas de valores. Assim, qualquer pessoa física ou jurídica pode adquirir e negociar parte de suas ações, tornando-se acionista. Por não participar da gestão dessas companhias e por ter uma participação reduzida em relação ao total de ações, aqueles também são conhecidos como acionistas minoritários. Preocupados com a proteção dos direitos desses acionistas, um órgão ligado ao governo federal é constituído com o objetivo de fiscalizar, regular e disciplinar o mercado financeiro, além de proteger os direitos dos acionistas. Por outro lado, as companhias também constituem conselhos de administração, estabelecidos estatutariamente para atuarem como guardiões dos interesses dos acionistas. Mais que um modismo, a governança corporativa tem se desenvolvido como reação aos oportunismos proporcionados pelos conflitos de agência, entre proprietários e gestores, acionistas majoritários e minoritários. De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC (2010):

Governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade. (IBGC, 2010).

O Quadro 2.12 apresenta algumas entre diversas razões para o despertar da governança corporativa.

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Conflitos e De Para inadequações internas Condições prevalecentes Mudanças almejadas • Falhas, informalidade e • Ajustes, maior formalidade e regularidade descontinuidades: autonomias superando no relacionamento. limites aceitáveis. • Conformidade: restabelecimento de maior • Inconformidades com disposições rigor. Relacionamento estatutárias. • Transparência: comunicações abertas. acionistas-corporações • Opacidade ou acesso privilegiado a • Democracia acionária: minoritários ativos e informações. representados. • Desprezível participação efetiva de • Justa retribuição dos investidores minoritários. minoritários. • Expropriações: abuso do poder de majoritários. • Baixa eficácia. • Opacidade ou acesso privilegiado a • Pro forma preponderando sobre informações. Constituição dos efetividade. • Desprezível participação efetiva de conselhos de • Conflitos de interesses presentes. minoritários. administração • Mérito e competência desconsiderados. • Expropriações: abuso do poder de • Mandatos irremovíveis de conselheiros majoritários. complacentes. • Conflitos com interesses dos acionistas: • Alinhamento negociado de interesses: benefícios questionáveis auto- harmonização fundamentada em resultados. concedidos. • Gestão de resultados: brilho de curto prazo Atuação da direção • Conciliação questionável dos resultados não prejudicial à perenidade da companhia. executiva: conflitos de de curto com os de longo prazo. • Avaliação e homologação pelos conselhos agência • Diretrizes impactantes não consensadas. de administração. • Estratégias defensivas: proteções para • Estratégias agressivas, bem formuladas e os gestores não geradores de valor. arrojadas, geradoras de valor. • Manipulações contábeis: resultados • Prestação responsável de contas: rigor na forjados. demonstração de resultados.

Quadro 2.12: Razões Fundamentais do Despertar da Governança Corporativa. Fonte: Adaptação de Andrade e Rossetti (2009, p. 91)

Para Silveira (2010, p. 3), governança corporativa é o “conjunto de mecanismos (internos ou externos, de incentivo ou controle) que visa a fazer com que as decisões sejam tomadas de forma a maximizar o valor de longo prazo do negócio e o retorno de todos os acionistas”. De acordo com Paula, Ferraz e Núñez (2006) os objetivos da governança corporativa, comuns a todos os países são:

• Facilitar e estimular o desempenho das companhias por meio da criação e preservação dos incentivos que motivam os administradores para maximizarem a eficiência operativa das empresas, o retorno dos seus ativos e o crescimento a longo prazo da sua produtividade. • Limitar o abuso de poder sobre os recursos das companhias por parte dos seus controladores e gestores, diminuindo assim os conflitos de agência. • Prover os meios para supervisão do comportamento dos controladores, assegurando a transparência necessária, o comportamento responsável, assim como a proteção de interesses dos administradores, com uma relação positiva entre custo e eficácia. (PAULA, FERRAZ e NÚÑEZ, 2006 , p. 23, tradução nossa).

Os conceitos de governança corporativa agrupam uma diversidade de definições sintetizadas como segue:

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• Guardiã de direitos das partes interessadas em jogo nas empresas. Shareholders : dividendos ao longo do tempo e ganho de capital; Outros stakeholders : gestão estratégica de demandas conciliáveis com a continuidade de longo prazo da empresa. • Sistema de relações pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas. Gestão de relacionamentos internos: proprietários, conselhos, direção. Gestão de relacionamentos externos: outros stakeholders . • Estrutura de poder que se observa no interior das corporações. Definição clara de papéis: proprietários, conselhos, direção. Decisões de alto impacto compartilhadas. Direcionamento estratégico: processo de formulação, homologação e controle. Sucessões planejadas. • Sistema normativo que rege as relações internas e externas das companhias. Conduta ética permeando todas as relações internas e externas. Integridade, competência e envolvimento construtivo no trato dos negócios. Responsabilidade corporativa, abrangendo amplo leque de interesses. (ANDRADE e ROSSETTI (2009, p. 138-142).

O Quadro 2.13 sintetiza os valores da governança corporativa.

Senso de justiça, equidade no tratamento dos acionistas. Respeito aos direitos dos minoritários, por participação equânime com a dos Fairness majoritários, tanto no aumento da riqueza corporativa, quanto nos resultados das organizações, quanto ainda na presença ativa em assembleias gerais. Transparência das informações, especialmente das de alta relevância, que Disclosure impactam os negócios e que envolvem resultados, oportunidades e riscos. Prestação responsável de contas, fundamentada nas melhores práticas Accountability contábeis e de auditoria. Conformidade no cumprimento de normas reguladoras, expressas nos Compliance estatutos sociais, nos regimentos internos e nas instituições legais do país. Quadro 2.13: Valores da Governança Corporativa Fonte: Andrade e Rossetti (2009, p. 140).

Silveira (2010) destaca que um sistema de governança é considerado eficiente quando combina diferentes mecanismos para assegurar decisões no melhor interesse de longo prazo dos acionistas. Esses mecanismos podem ser internos : conselho de administração; sistema de remuneração; e concentração acionária e atuação de investidores institucionais e externos : proteção legal aos investidores; possibilidade de aquisição hostil e grau de competição no mercado de produtos; fiscalização dos agentes de mercado e estrutura de capital. Em 1998 foi solicitado pelo conselho da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE que fossem desenvolvidos junto com governos nacionais, organizações vinculadas ao mercado de capitais e corporações privadas, um conjunto de normas e diretrizes aplicativas de governança corporativa. Assim, foi então criado na OCDE o Business Sector Advisory Group on Corporate Governance, com o objetivo de desenvolver princípios que ajudassem os países-membros em seus esforços de avaliação e de aperfeiçoamento institucional da boa governança corporativa. Voltados para companhias de capital aberto, embora também sejam aplicáveis às empresas que não negociam suas ações em

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bolsa, os princípios formaram uma base comum aplicável pelos países membros e não- membros da OCDE, também voltados para o desenvolvimento das melhores práticas. Os princípios da OCDE foram revisados em 2002 e os trabalhos foram concluídos em 2004, estabelecendo os seguintes objetivos:

• Estender o escopo da governança corporativa: maximizar os interesses e ser rigorosa quanto aos direitos dos acionistas, mas atendendo às expectativas legítimas de outras partes interessadas. Vale dizer: evoluir de modelos shareholders oriented para stakehoder oriented. • Criar regras que presidam à separação entre propriedade e a gestão, eliminando conflitos de agência e reduzindo tanto quanto possível os seus custos. • Abrir espaços nas corporações para a participação ativa de acionistas minoritários. • Definir com clareza as responsabilidades dos conselhos de administração e da direção executiva das corporações. • Definir critérios para a criação de marcos regulatórios. • Assegurar base jurídica regulamentada para o desenvolvimento eficaz do processo de governança nas empresas. (ANDRADE e ROSSETTI, 2009, p. 173).

O Quadro 2.14 apresenta sinteticamente os princípios OCDE de governança corporativa, atualizados em 2004. O desenvolvimento da governança corporativa em nível mundial tem sido intensificado com a proposição de códigos de boas práticas, que acelerou-se a partir de 1999:

De acordo com o European Corporate Governance Institute , além dos 59 países que editaram códigos até o final de 2006, há outros 50 preparando documentos relacionados. A expectativa, para os próximos três anos, é de 110 países com códigos editados. E, entre eles, cerca de 30 com códigos revistos, em segunda ou terceira versões. (ANDRADE e ROSSETTI, 2009, p. 175).

A disseminação de códigos de governança corporativa não está limitada aos países economicamente mais avançados. Vários países em desenvolvimento de todos os continentes têm proposições formais, como o Brasil, o México e o Peru, na América Latina. Na Ásia, os tigres do sudeste, China e Índia e na África, o Quênia e a África do Sul. (ANDRADE e ROSSETTI, 2009).

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As empresas devem buscar o seu eficaz enquadramento e contribuir na gestão de condições institucionais para as boas práticas de governança corporativa • Conformidade com o primado do direito Enquadramento das • Adoção de compromissos voluntários de boa governança, resultantes de autorregulamentação. empresas • Promoção da integridade, da transparência e da eficácia do mercado de capitais. • Criação de mecanismos de proteção dos direitos de outras partes com interesse em jogo nas empresas. • Coparticipação na criação de base legal sem sobreposições ou conflitos que possam frustrar a boa governança. A governança corporativa deve proteger os direitos dos acionistas • Registro seguro, alienação e transferência da participação acionária. • Obter informações relevantes. Direitos dos • Voz e voto em assembleias gerais ordinárias. shareholders • Eleger e destituir conselheiros. • Participar de decisões relevantes: alterações de contrato social, emissões e cisões. • Participar ativamente das assembléias gerais. • Efetuar consultas entre si sobre direitos essenciais. A estrutura da governança deve assegurar tratamento equânime a todos os acionistas, majoritários, minoritários, nacionais/estrangeiros Tratamento • Dentro de uma mesma categoria, os mesmos direitos de voto. equânime dos • Proteção aos minoritários contra ações abusivas de controladores dominantes. shareholders • Igualdade quanto a procedimentos para participação em assembléias gerais. • Proibição de práticas baseadas em informações privilegiadas. • Acesso igual a fatos relevantes divulgados para os conselheiros e diretores. A estrutura da governança deve reconhecer direitos legalmente consagrados de outras partes interessadas na criação de riqueza e na sustentação de corporações economicamente sólidas • Respeito aos direitos consagrados. Direitos de outros • Reparação, no caso de violação de direitos. stakeholders • Cooperação na geração da riqueza e na sustentação de empresas economicamente sólidas. • Maior participação de partes com interesses relevantes, como empregados e credores. • Acesso amplo, regular e confiável a informações pertinentes a seus interesses. A governança corporativa deverá assegurar a divulgação oportuna e precisa de todos os fatos relevantes referentes às empresas • Resultados econômico-financeiros. Divulgação e • Estrutura e política de governança. transparência • Objetivos e estratégia da empresa. • Transações com partes relacionadas. • Fatores previsíveis de risco e vulnerabilidades. • Informações preparadas e auditadas anualmente segundo os mais altos critérios contábeis. A governança deverá definir as responsabilidades dos conselhos, envolvendo orientação, fiscalização e prestação de contas das corporações • Zelar por elevados padrões éticos. • Orientar e homologar a estratégia corporativa. Responsabilidades • Estabelecer objetivos de desempenho. do conselho de • Selecionar, compensar, fiscalizar e, quando necessário, substituir principais executivos. administração • Harmonizar a recuperação dos principais executivos com os interesses de longo prazo da empresa. • Fiscalizar e administrar conflitos potenciais de interesse. • Garantir a integridade dos sistemas contábil e financeiro. • Ter posicionamento independente sobre assuntos de interesse corporativo. Quadro 2.14: Síntese dos Princípios da OCDE Fonte: Andrade e Rossetti (2009, p. 174)

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2.8.1 Governança Corporativa na América Latina

Ao estudar o modelo latino-americano de governança corporativa, Andrade e Rossetti (2009) destacaram algumas características fundamentais das economias da região:

• Privatizações. Iniciadas no final da década de 1980, apesar de mudanças substanciais ocorridas desde então, como a tomada de recursos exigíveis de longo prazo ou a participação de empresas de atuação global, que ingressaram nos setores privatizados através de investimentos diretos, ainda não resultaram em maior desenvolvimento do mercado de capitais. • Concentração patrimonial. Característica das empresas latino-americanas, mesmo nas maiores sociedades de capital aberto, a participação controladora está nas mãos de poucos grupos familiares. • Grandes grupos . São controladores de grandes empresas, grupos financeiros e grupos financeiros-industriais e desempenham importante papel no desenvolvimento privado da América Latina. O número de grupos fechados é expressivo e a falta de transparência que, tipicamente, caracteriza as operações é vista como obstáculo ao acesso aos mercados domésticos de capitais. • Reestruturação dos sistemas financeiros . Houve redução da presença estatal e os bancos internacionais aumentaram sua participação. Essas mudanças devem trazer maior concorrência entre as fontes de financiamento, possível desenvolvimento do mercado de capitais e maiores exigências quanto às boas práticas de governança. • Internacionalização. Empresas multinacionais têm presença importante nas economias da região. Nos últimos 15 anos, o processo de internacionalização avançou, com projetos nacionais de integração regional e de desfronteirização dos mercados. • Limitação dos mercados de capitais. A crescente internacionalização das finanças e da indústria na América Latina contribui para a redução do número de sociedades de capital aberto listadas nos mercados locais de capital. As operações de empresas de maior porte têm migrado para mercados mais sólidos, como o de American Depositary Receipt - ADRs nos Estados Unidos. Esses movimentos têm impactado positivamente os padrões de transparência e as práticas de governança das companhias latino-americanas. Na busca de recursos e de liquidez para seus valores mobiliários, os emissores da região passaram, necessariamente, a enquadrar- se no contexto da legislação americana, com esforços de adaptação de suas práticas de governança corporativa. • Fundos de pensão e de investimentos. São os mais importantes investidores institucionais da região e a gestão e o grau de responsabilidade com que esses fundos são administrados serão forças externas de controle que poderão promover, nos próximos anos, a transparência e outros valores da boa governança corporativa na América Latina, potencializando o retorno de capital aos seus clientes. (ANDRADE e ROSSETTI, 2009, p. 370).

O modelo de governança latino-americano é fortemente influenciado por características históricas do ambiente empresarial: concentração patrimonial, grandes grupos familiares privados, baixa expressão do mercado de capitais; privatizações e abertura de mercados. O Quadro 2.15 apresenta uma síntese das iniciativas de governança corporativa na América Latina.

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A reforma dos mercados de capitais argentinos foi implementada como lei, com vigência a partir de junho de 2001. A nova lei abrange uma ampla série de matérias sobre governança, com disposições que prevêem: obrigatoriedade de ofertas públicas quando 35% das ações forem adquiridas por um único acionista ou grupo controlador; procedimentos que assegurem aos acionistas minoritários o recebimento de “preço justo” em aquisições de participações minoritárias e fechamento de Argentina capital; comitês de auditoria independente majoritários; estabelecimento de tribunais de arbitragem para resolução de conflitos; e maior representatividade dos acionistas mediante maior participação em assembléias de acionistas. Em 2002, duas associações do setor privado, a FUNDECE e a IDEA, constituíram em conjunto o Instituto Argentino para Governo das Organizações ( Instituto Argentino para el Gobierno de las Organizaciones – IAGO). O objetivo desse instituto é aumentar a conscientização de assuntos ligados a governança e oferecer treinamento diretivo. No início de 2003, o governo boliviano preparou um projeto de lei denominado Lei de Governança das Sociedades por Ações”. O projeto de lei está atualmente em trâmite no Congresso da Bolívia, mas muitas empresas já se expressaram contra suas disposições. Em 2002, o governo promulgou lei especificamente dirigida às empresas públicas “capitalizadas” que foram criadas após o processo de privatização, na qual vários aspectos de governança corporativa foram abordados, inclusive Bolívia requisitos de maioria absoluta para votos de acionistas em caso de venda de ativos ou realização de investimentos consideráveis. As normas bancárias agora incluem vários requisitos de governança a serem atendidos por bancos e determinadas instituições financeiras, como a criação de comitês de auditoria, a participação de conselheiros em comitês de crédito, a regulamentação das atividades de supervisores internos e a rotatividade de auditores externos. Não se tem notícia de nenhuma iniciativa expressiva do setor privado, apesar de já ter sido organizado um Centro de Governança Corporativa. Nos últimos anos, o Brasil assistiu a um grande número de reformas de governança corporativa abrangentes e de longo alcance e a outras iniciativas. Em outubro de 2001, a reforma da Lei das Sociedades por Ações foi finalmente aprovada, após superar considerável oposição no Congresso. A reforma fortalece os direitos de acionistas minoritários e aperfeiçoa os padrões de divulgação de documentos, com leis mais específicas sobre direitos de venda conjunta, fechamento de capital, ações sem direito a voto, eleição de membros do Conselho de Administração por acionistas minoritários e procedimentos privados de arbitragem. Simultaneamente, houve uma reforma da Lei da Comissão de Valores Mobiliários, que deu à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) maior independência funcional e financeira. Subseqüentemente, durante os anos de 2002 e 2003, a CVM emitiu várias normas complementando essas reformas legais. Em julho de 2002, a entidade publicou suas Recomendações sobre Governança Corporativa. Em 2001, a BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo) lançou três novos segmentos de mercado – os chamados Níveis 1 e 2 de Governança Corporativa Especiais e o denominado Novo Mercado. Cada um desses segmentos requer regras progressivamente mais severas de Governança Corporativa. Em termos bastante básicos: o Nível Brasil 1 requer ampla divulgação; o Nível 2 requer ampla divulgação e fortalecimento dos direitos de acionistas, inclusive submissão de controvérsias a um Painel de Arbitragem do Mercado; e o Novo Mercado requer ampla divulgação, fortalecimento dos direitos de acionistas, submissão de controvérsias a um Painel de Arbitragem do Mercado e ausência de ações sem direito a voto. Atualmente, há vinte e oito sociedades registradas no Nível 1, três no Nível 2 e duas no Novo Mercado. Estima-se que todas as futuras Ofertas Públicas Iniciais (IPOs) deverão concentrar-se no Novo Mercado, e muitas empresas privadas já estão cogitando registrar-se nesse mesmo segmento. Contudo, o desenvolvimento do Novo Mercado foi indubitavelmente prejudicado pela estagnação dos mercados de capital brasileiros nos dois anos que se seguiram ao lançamento da iniciativa. Criado em 1995 e com um número crescente de associados (atualmente cerca de 400), o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) oferece uma série de atividades jurídicas e de treinamento. Novas seções do Instituto estão sendo abertas no Rio de Janeiro e Porto Alegre, após o sucesso das atividades do IBGC de São Paulo. Em abril de 2001, o IBGC lançou seu Código de Melhores Práticas, ampliado e revisto. Muitas empresas e fundos de pensão já lançaram seus próprios códigos de governança corporativa. A partir de junho de 2003, novas normas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES foram propostas, ligando as operações de empréstimos a padrões elevados de governança corporativa e oferecendo melhores prazos de financiamentos a empresas que atendam a vários padrões objetivos de boa governança. O Chile foi o primeiro país da região a empreender importantes reformas jurídicas e de regulamentação ligadas a governança corporativa. Em dezembro de 2000, foi promulgada a nova lei de ofertas públicas de ações e Governança Corporativa. A seguir, a Superintendência de Seguridade Social e Seguros (SVS) emitiu várias normas complementares, especificando claramente como a nova legislação deveria ser entendida e posta em prática pela própria SVS. As principais disposições da nova lei relacionam-se a: definição de circunstâncias e procedimentos para obrigatoriedade de ofertas públicas de ações; regras mais severas proibindo negociação privilegiada; Chile maiores poderes de execução para a SVS; fortalecimento do papel de investidores institucionais (especialmente fundos de pensão e fundos mútuos); maiores possibilidades de exercício do direito de se retirar da sociedade; criação de ações secundárias como mecanismo alternativo para assegurar a observância das normas; regulamentos mais severos no tocante a operações com partes relacionadas e conflitos de interesse; e obrigatoriedade de criação de comitês de conselheiros (cujos poderes e responsabilidades incluiriam os normalmente associados a comitês de auditoria). Do setor privado chileno ainda não surgiram iniciativas importantes de governança corporativa. Todavia, com o incentivo da SVS, duas importantes escolas de administração estão planejando criar o Instituto Chileno de Conselheiros. 130

Nos últimos anos, a Colômbia assistiu a várias iniciativas de natureza normatizadora e legislativa. Em março de 2001, a comissão de valores mobiliários da Colômbia, a Superintendência de Valores (“Supervalores”) editou a Resolução 275, estabelecendo a obrigatoriedade de divulgação, com certo nível de detalhes, das práticas de governança de emissores que pretendam receber investimentos feitos em fundos de pensão. Nos últimos anos, foram criados vários projetos de lei envolvendo a reforma da estrutura das normas relativas a valores mobiliários. Durante 2001, o governo apresentou um projeto de lei de valores mobiliários, que foi, contudo, retirado do Congresso em julho de 2002, entre outros motivos devido à intensa pressão política exercida por algumas das maiores empresas da Colômbia. A Supervalores atualmente prepara uma nova minuta para o projeto de lei. As disposições desse projeto de reforma jurídica exigirão a criação de comitês de auditoria, a obrigatoriedade de composição do Conselho de Administração por um terço de membros independentes, a divulgação de operações com partes relacionadas e a exigência de ofertas Colômbia públicas em determinadas circunstâncias. Os esforços do setor privado na Colômbia foram liderados pela Confecamaras (Confederação das Câmaras de Comércio). O Projeto de Governança Corporativa da Confecamaras incluiu a organização de numerosos eventos para elevar o nível de conscientização de questões de governança no setor privado - empresas, investidores, grandes veículos de comunicação e especialistas nacionais e internacionais foram convidados para dele participar. Em agosto de 2003, foi publicado o Código de Governança Corporativa da Colômbia para Companhias Registradas em Bolsa. Esse Código foi preparado por comitê que incluiu grande variedade de representantes do setor privado, inclusive a Bolsa de Valores Colombiana, a Associação Nacional de Fundos de Pensão e as Câmaras de Comércio de Bogotá e Cartagena. A coordenação geral desse esforço foi feita pela Confecamaras. Em conjunto com as câmaras de comércio de cada região, a Confecamaras desenvolveu um programa de treinamento de conselheiros. Em abril de 2001 o congresso mexicano aprovou as reformas propostas à Lei de Mercados de Valores Mobiliários, que entraram em vigor em junho de 2001. As medidas específicas abrangidas por essas reformas incluem: concessão de poderes à Comissão Nacional de Bancos e Valores Mobiliários para regular as ofertas públicas de ações, evitando a exclusão de acionistas minoritários dos benefícios advindos dessas operações; restrições para emissão de ações não ordinárias; proibição de emissão de ações casadas (casos em que ações com e sem direito a voto são vendidas simultaneamente), salvo se as ações sem direito a voto forem convertidas em ações ordinárias num prazo de cinco anos; requisitos prevendo membros independentes no Conselho de Administração, indicação de membros do Conselho de Administração México por acionistas minoritários e estabelecimento de comitês de auditoria; regras mais severas de observância, com punição de determinadas infrações como contravenções penais; e mudança da abordagem regulamentar, anteriormente baseada em mérito, para um regime de divulgação pública. Voltado à governança corporativa, está sendo criado o Instituto Mexicano de Governabilidade Corporativa (IMGC), que entre suas atividades incluirá o treinamento de conselheiros. O Conselho de Coordenação Empresarial (CCE), patrocinador do Código Mexicano de Práticas Corporativas em 2001 também assinou uma iniciativa de governança corporativa, cujo objetivo é promover maior conscientização dessas questões no setor privado. A observância ao Código é feita de maneira espontânea, mas as empresas registradas em Bolsa são obrigadas a divulgar anualmente o respectivo grau de observância. Em julho de 2002 foram publicados os “Princípios de Boa Governança para Corporações Peruanas”. Essa iniciativa foi coordenada pela Comissão Nacional Supervisora de Empresas e Valores (CONASEV) e se baseia nos Princípios da OCDE. Os Princípios Peruanos foram discutidos e patrocinados pelos representantes dos setores público e privado. O setor privado foi representado pela Associação Nacional de Instituições Privadas (CONFIEP) e pela Associação de Bancos (ASBANC). Peru Representando o setor público compareceram o Ministro da Fazenda, a Superintendência de Bancos e Seguros e a Bolsa de Valores de Lima. A Associação de Empresas Promotoras do Mercado de Capitais e o Centro de Estudos do Mercado de Capitais também apoiaram a iniciativa. Em julho de 2003 foi criado o Comitê Peruano de Governança Corporativa, que incorporou a Associação de Conselheiros Corporativos (ASDIC), bem como especialistas e as principais escolas de administração de empresas do Peru. Na Venezuela os esforços de maior nível de conscientização foram liderados pela Associação Venezuelana de Executivos (AVE), com o apoio de várias outras associações e organizações, inclusive do Centro de Divulgação do Conhecimento Econômico (CEDICE) e do Instituto de Estudos Superiores de Administração (IESA). Venezuela Em julho de 2003 a AVE lançou um programa para difundir o conhecimento de questões de governança corporativa e, em agosto de 2003, foi criado o Conselho Executivo para Melhores Práticas Corporativas, com a participação de várias entidades dos setores público e privado, inclusive da Comissão Nacional de Valores (CNV) e a Bolsa de Valores de Caracas (BVC). Quadro 2.15: Resumo das Iniciativas de Governança Corporativa na América Latina Fonte: OCDE (2004)

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O Chile se diferencia dos demais países latino-americanos por ter antecipado em quase duas décadas as reformas econômicas de cunho neoliberal (liberalização comercial e financeira, privatizações, desregulamentações e liberação de preços), que foram realizadas por outros países latino-americanos a partir de meados da década de 1990. Este foi o fator decisivo para que o Chile se diferenciasse, demonstrando maior sustentabilidade nas suas taxas de crescimento econômico. (MOREL, 2008). Os mercados de capitais são pouco expressivos na América Latina, como mostra a Tabela 2.6. A gestão é exercida por acionistas majoritários e por essas razões, a governança na América Latina é embrionária.

Tabela 2.6: Dimensões do Mercado de Capitais Latino-Americano em Junho de 2008 Dimensões do mercado de capitais PNB per capita em relação (%) ao PNB Número de Número de Países em US$ anuais Capitalização Valor mensal sociedades de lançamentos de das empresas negociado capital aberto ADRs Argentina 6.610 21,7 0,2 111 25 Brasil 6.980 113,8 6,1 396 94 Chile 9.760 121,2 2,8 238 23 Colômbia 3.850 66,4 1,4 86 8 México 8.370 46,3 2,7 376 21 Peru 3.800 61,3 0,4 233 9 Média 6.860 80,5 3,3 240 30 Média mundial 8.110 97,3 14,9 880* - * número médio de empresas de capital aberto listadas nas bolsas de valores do mundo Fonte: Adaptado de Andrade e Rossetti (2009)

Observa-se que a inserção de companhias latino-americanas no maior mercado financeiro em nível mundial, ainda é bem restrito, como mostra a Tabela 2.7. Entretanto, as companhias que têm suas ações cotadas na NYSE devem arquivar suas demonstrações financeiras na Securities and Exchange Commission - SEC, elaboradas de acordo com a legislação fiscal americana, considerada a mais rigorosa e com altos padrões contábeis e de governança.

Tabela 2.7: Empresas Latino-Americanas com Ações Cotadas na NYSE País Companhias Argentina 10 Brasil 33 Chile 12 Colômbia 2 México 18 Panamá 3 Peru 2 Total 80 Fonte: NYSE (2010)

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Nos Estados Unidos, os emissores estrangeiros passaram a se enquadrar no contexto da Lei Sarbanes-Oxley , de 2002. Atualmente, as sociedades latino-americanas com programas de American Depositary Receipt - ADRs precisam necessariamente, envidar esforços para adaptar suas práticas de governança de forma a fazê-las observar as exigências aplicáveis às reformas legais/reguladoras ocorridas nos Estados Unidos em 2002. (OCDE, 2004). Uma das tendências dos modelos de governança corporativa, em nível mundial, é harmonizar os interesses dos acionistas com os de outros stakeholders , além de ser uma resposta das corporações à força crescente com que se manifestam duas grandes categorias de questões emergentes: as ambientais e as sociais. (ANDRADE e ROSSETTI, 2009, p. 548). No campo da responsabilidade social, a governança corporativa tem como foco preliminar a análise dos objetivos das companhias, tendo em vista suas interfaces com as demandas e os direitos de outros stakeholders. (ANDRADE e ROSSETTI, 2009). Entretanto, esta visão também recebe críticas:

Governança corporativa e responsabilidade social empresarial, incluindo sua vertente verde denominada ‘sustentabilidade empresarial’ são assuntos diferentes e que, portanto, a temática da governança corporativa não possui relação automática com as de “responsabilidade social” e de ‘sustentabilidade’. (SILVEIRA, 2010, p. 71).

As críticas não param por aí. Com a junção de teorias, conceitos e inúmeras partes interessadas, passou a haver a necessidade entender, classificar e enfatizar diversas vertentes que são destacadas nos relatórios das companhias. A próxima seção aborda sustentabilidade ou, as origens do desenvolvimento sustentável e uma tentativa de entender como as organizações passaram a adotar o termo nos seus relatórios.

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2.9 SUSTENTABILIDADE

A questão da sustentabilidade é um tema bastante discutido nos últimos anos. Em nível mundial, um evento importante marcou as primeiras discussões que deram origem ao movimento como é conhecido atualmente. A ONU deu início a trabalhos para discutir a questão ambiental através da Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em 1972. Os resultados dessa conferência destacaram o desenvolvimento econômico como o grande responsável pelos problemas ambientais, sugerindo que seria necessário diminuir o ritmo de crescimento econômico. De acordo com Puppim de Oliveira (2009, p. 22), “na época, eram comuns as teorias de crescimento econômico zero para a humanidade resolver seus problemas ambientais e de qualidade de vida nas cidades”. Apesar dos resultados pouco animadores, a Conferência de Estocolmo foi importante por institucionalizar o debate ambiental na agenda global. Muitos países começaram a introduzir as questões ambientais nas suas políticas nacionais e a criar a estrutura organizacional e legal para gerir os problemas ambientais, como leis e Ministérios do Meio Ambiente. (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2009). A partir da década de 1970 começaram os questionamentos sobre as conclusões vindas da Conferência de Estocolmo, principalmente a relação de dependência direta entre o desenvolvimento econômico e proteção ambiental. Porém, para alguns, mas não para outros, tornou-se evidente que o desempenho econômico não era incompatível com a proteção ambiental. Dessa forma, foram iniciados os trabalhos da ONU, através da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou comissão Brundtland, chefiada pela ex- primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland. Formada por 40 especialistas de vários países e durante vários anos de estudos sobre a questão ambiental, foi elaborado um relatório final, publicado em 1987, denominado Nosso Futuro Comum, ou Relatório Brundtland. Nesse relatório, o crescimento econômico e a proteção ambiental não são incompatíveis e podem acontecer ao mesmo tempo; a pobreza e as questões sociais devem ser incorporadas ao debate ambiental. O Nosso Futuro Comum popularizou o conceito de desenvolvimento sustentável: Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades das gerações presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades. (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO

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AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991). O conceito engloba a ideia de que o desenvolvimento deve ocorrer nas esferas ambiental, econômica e social. A ONU organizou a segunda conferência global sobre questões ambientais, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou Rio-92, tendo reunido mais líderes mundiais do que as reuniões anteriores. A Conferência deu origem a vários documentos importantes, além de avanços em termos de legislações para deter os problemas das mudanças climáticas e da diversidade biológica. A Agenda 21, um dos documentos mais citados após a Rio-92, trata-se de um documento de 40 capítulos que traça um plano de ação para implementação do desenvolvimento sustentável. Esse documento foi importante na divulgação e popularização do conceito. O objetivo atual é sua implementação na esfera local. Sobre a Agenda 21, de acordo com Barbieri e Cajazeira (2009):

Na sua essência, ela é uma espécie de consolidação sistematizada por assunto (erradicação da pobreza, padrão de consumo, combate ao desflorestamento, proteção da atmosfera, gestão de recursos hídricos, manejo de resíduos sólidos etc.) que foram tratados em diversos relatórios, acordos e outros documentos intergovernamentais elaborados durante décadas. (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009, p. 148).

Observa-se a popularização do conceito de desenvolvimento sustentável, pelo menos nos discursos, em governos, empresas e organizações da sociedade civil. Vários países, regiões, cidades e organizações criaram agendas 21 a partir da década de 1990. (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2009). Os estudiosos que buscam contribuir para o movimento do desenvolvimento sustentável são muitos, assim como os esquemas propostos para apresentação e sistematização dos elementos que constituem o desenvolvimento sustentável. De acordo com Barbieri e Cajazeira (2009), o esquema proposto por Ignacy Sachs tornou-se um dos mais conhecidos e propõe as seguintes dimensões:

• A sustentabilidade social trata da consolidação de processos que promovem a equidade na distribuição dos bens e da renda para melhorar substancialmente os direitos e condições de amplas massas da população e reduzir as distâncias entre os padrões de vida das pessoas; • A sustentabilidade econômica possibilita a alocação e gestão eficiente dos recursos produtivos, bem como um fluxo regular de investimentos públicos e privados; • A sustentabilidade ecológica refere-se às ações para aumentar a capacidade de carga do planeta e evitar danos ao meio ambiente causados pelos processos de desenvolvimento, por exemplo, substituindo o consumo de recursos não-renováveis por recursos renováveis, reduzindo as emissões de poluentes, preservando a biodiversidade, entre outras;

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• A sustentabilidade espacial refere-se a uma configuração rural-urbana equilibrada e uma melhor solução para os assentamentos humanos; • A sustentabilidade cultural refere-se ao respeito pela pluralidade de soluções particulares apropriadas às especificações de cada ecossistema, cada cultura e cada local. (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009, p. 67-68).

As dimensões social, econômica e ambiental são mais discutidas no âmbito empresarial e de acordo com Barbieri e Cajazeira (2009):

Uma organização sustentável seria a que orienta as suas atividades segundo as dimensões da sustentabilidade que lhe são específicas. Em outras palavras, é uma organização que busca alcançar seus objetivos atendendo simultaneamente os seguintes critérios: equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica. Desse modo, os movimentos de responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável, cada qual com suas características próprias e campos específicos, convergem para o conceito de empresa sustentável. (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009, p. 70).

O termo sustentabilidade, no caso das empresas, parece ter ficado banalizado antes mesmo de ter sido, de fato, absorvido e passado a fazer parte das decisões estratégicas e das operações. Existe um claro descompasso no discurso com relação ao efetivo alinhamento das empresas com a sustentabilidade. Na maioria das vezes os feitos são bem menores do que o alardeado, caracterizando o chamado greenwashing. Podem ser identificados vários motivos para o baixo alinhamento com a sustentabilidade, como a dificuldade para quantificar-se as ações de natureza socioambiental e seus impactos - muitas vezes são intangíveis e/ou não são passíveis de ter um custo (ou benefício) financeiro atribuído. (BRANDÃO, 2009). O modelo Triple Botton Line, desenvolvido pela empresa SustainAbility , amplamente conhecido no meio empresarial, além de ser citado no discurso e compromisso de diversas organizações, também é alvo de muitas críticas:

Apesar de ser uma visão aparentemente mais correta à primeira vista, a linha de resultados tripla traz diversos questionamentos práticos para sua implementação, de forma similar à teoria de equilíbrio dos interesses dos stakeholders : 1) como devem ser medidos os progressos nas áreas ambientais e sociais? 2) quais devem ser os trade-offs entre os resultados financeiros, ambientais e sociais: (em outras palavras, até que ponto se deve abrir mão de um resultado para alcançar outro, tendo em vista que tais dimensões muitas vezes podem ser concorrentes?); 3) como comparar o desempenho de duas companhias, que naturalmente apresentarão resultados diferentes nas três frentes de ação? (SILVEIRA, 2010, p. 78).

No entendimento de Silveira (2010), um dos problemas associados à questão da sustentabilidade é que:

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Muitos praticantes do mercado passaram a apregoar a sustentabilidade (ou sobrevivência de longo prazo) como a nova função-objetivo das companhias, chegando ao ponto de incluir a governança corporativa dentro de um pretenso grande tema chamado “sustentabilidade”. Essa visão, entretanto, é enganosa. Infelizmente não existem evidências concretas de que alguns alertas sobre a importância das mudanças climáticas no planeta foram suficientes para alterar a natureza humana, de busca pela maximização da sua utilidade pessoal rumo a um novo objetivo, de maximização do bem-estar da humanidade para futuras gerações. (SILVEIRA, 2010, p. 76).

De acordo com a The Economist (2008), virou lugar comum ouvir discursos apaixonados de executivos em prol da salvação do planeta, ao mesmo tempo que a grande maioria das empresas ainda possui poucos resultados concretos relacionados ao tema. Kanvinski (2009) analisou o discurso sustentável de cinco empresas de grande porte que operam no Brasil e concluiu que:

Nenhuma das empresas analisadas explicita em seu relatório o conceito de Sustentabilidade que embasa suas práticas. Muitas vezes as palavras Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável são utilizadas, porém, seu conteúdo não é detalhado. Neste sentido, uma das empresas faz referência ao alinhamento da gestão de seu negócio com os princípios de Desenvolvimento Sustentável, sem, contudo, apresentar estes princípios (KANVINSKI, 2009, p. 102).

Apesar das críticas, as companhias seguem firmes com o propósito de desenvolver e aprimorar cada vez mais os seus relatórios, voltando-se para questões socioambientais. Iniciativas de várias áreas têm sido cada vez mais aperfeiçoadas e buscadas pelo meio empresarial, como é o caso de carteiras diferenciadas em bolsas de valores, voltadas para a temática sustentabilidade. Devido o interesse demonstrado por investidores nos últimos anos, que têm procurado empresas socialmente responsáveis e rentáveis para aplicar seus recursos, o mercado financeiro começou a criar produtos específicos para o atendimento a esses investidores, que aplicam nos chamados Investimentos Socialmente Responsáveis (Socially Responsible Investment - SRI). A experiência no Brasil teve início em 2001, quando o Unibanco lançou o primeiro serviço de pesquisa para fundos verdes. No final de 2001, o Banco Real ABN Amro lançou os Fundos Ethical FIA. Desde então, os dois fundos da família Ethical I têm apresentado desempenho superior ao do Ibovespa para o mesmo período. (LOUETTE, 2007). Outra tendência é o interesse de bolsas de valores em incorporar a sustentabilidade aos seus produtos, como mostram as seguintes iniciativas.

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Dow Jones Sustainability Index - DJSI

Também denominado Índice de sustentabilidade Dow Jones, da Bolsa de Nova Iorque, o Dow Jones Sustainability Index é uma iniciativa pioneira do mercado financeiro a utilizar um indicador voltado para questões socioambientais. O índice foi lançado em 1999, pela Dow Jones Indexes e a Sustainable Asset Management (SAM), gestora de recursos suíça especializada em empresas comprometidas com a responsabilidade socioambiental (Sustainability-index.com). Na época do seu lançamento, foram convidadas as 2.500 maiores empresas do índice global do Dow Jones , de 58 setores empresariais e presentes em mais de 30 países para participar da seleção, respondendo um questionário que engloba questões sociais, ambientais e econômicas e indicadores de governança corporativa. O índice acompanha o desempenho financeiro de companhias líderes na questão socioambiental, inclui 318 companhias de 24 países, referente ao período 2004-2005.

FTSE4Good – Inglaterra

Criado pela Bolsa de Londres e o Financial Times em 2001, o FTSE4Good é uma série composta por quadro índices, desenvolvidos pela empresa de pesquisa Experts in Responsible Investment Solution - EIRIS, avalia o desempenho de empresas globais por meio de critérios ambientais, direitos humanos e de engajamento de stakeholders . Os critérios são avaliados segundo três aspectos: políticas (comitês de monitoramento, metas, código de conduta), gestão (acidentes públicos, planos de assistência, seguros) e reporting (estatísticas, e relatório ambiental). O índice exclui indústrias do tipo bélica, nuclear e tabagista (FTSE4Good, 2010).

Índice SRI – África do Sul

A África do Sul foi o primeiro país emergente a incorporar o tema sustentabilidade ao mercado de ações. Em 2003 foi lançado através da Bolsa de Valores de Johanesburgo – JSE, um índice SRI. Apesar de ser inspirado no FTSE4Good, o índice SRI não exclui setores econômicos, mas categoriza-os como setores de “alto impacto”. O índice é desenvolvido a partir de critérios sociais, econômicos, ambientais e de governança corporativa, avaliados do ponto de vista de políticas, gestão, desempenho,

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relatórios e consulta pública. Alguns critérios são eliminatórios, e, portanto, as empresas devem pontuar nestas categorias para figurar no ranking do JSE (jse.co.za).

Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo

O Índice de Sustentabilidade Empresarial - ISE da BOVESPA foi criado em 2005. As empresas brasileiras são convidadas para participar, respondendo a um questionário que propõe 24 critérios e 56 indicadores de desempenho, nas dimensões econômico, social, ambiental e governança. O ISE não exclui setores econômicos e número de empresas que compõem a sua carteira é apresentado no Quadro 2.16.

Companhia Setor

1 América Latina Logística Transportes

2 Aracruz Celulose S/A Papel e Celulose

3 Banco Bradesco Financeiro

4 Banco do Brasil Financeiro

5 Banrisul S/A Financeiro 6 Braskem S/A Química

7 Cataguazes-Leopoldina Energia Elétrica 8 CCR Concessões Rodoviárias Infraestrutura

9 Companhia de Em. Elétrica de SC - Celesc Energia Elétrica

10 Celulose Irani SA Papel e Celulose

11 CEMIG Energia Elétrica

12 Coelce Energia Elétrica

13 Companhia de Gás de São Paulo - Comgas Distribuição de gás

14 Companhia Vale do Rio Doce Mineração

15 Copel Energia Elétrica

16 CPFL Energia Energia Elétrica

17 CSU Cardsystem Serviços de apoio a empresas

18 Cyrela Brazil Realty Construção

19 Diagnósticos da América S/A Serviços médicos

20 Dixie Toga Plásticos e Borracha

21 Duke Energy Energia Elétrica

22 Duratex Construção

23 EDP Energias do Brasil Energia Elétrica 24 Gerdau S/A Siderurgia e metalurgia

25 Grupo Pão de Açúcar Comércio Varejista 26 Invepar S/A Infraestrutura 27 Itaú S/A Financeiro

28 Klabin SA Papel e Celulose

29 MAHLE Metal Leve SA Peças automotivas

30 Natura Cosméticos SA Cosméticos

31 OdontoPrev Serviços médicos

32 OHL Brasil SA Concessões rodoviárias

33 Paraná Banco Financeiro

34 Porto Seguro Cia de Seguros Gerais Seguradora

35 Sabesp Água e saneamento

36 Sanepar Água e saneamento

37 Souza Cruz SA Indústria de cigarros Quadro 2.16: Empresas que compõem a carteira ISE Fonte: BOVESPA (2010)

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O ISE reflete o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com os melhores desempenhos em todas as dimensões que medem sustentabilidade empresarial. Foi criado para se tornar marca de referência para o investimento socialmente responsável e indutor de boas práticas no meio empresarial brasileiro. (BOVESPA, 2010).

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2.10 AMÉRICA LATINA: CONTEXTO ECONÔMICO

Após a segunda guerra mundial, os esforços desenvolvimentistas da região se concentraram na transformação da estrutura de produção e na redução da dependência externa. A industrialização para substituição de importações produziu alguns resultados positivos. A economia regional expandiu-se enormemente: de 1950 a 1981, o PIB aumentou a uma taxa media de 5,3% ao ano. Contudo, apesar de a renda média per capita ter crescido 2,6% ao ano, persistiram, em toda a região, grandes desigualdades na distribuição dos benefícios do crescimento econômico – entre grupos sociais, entre a área urbana e rural, entre as regiões dentro de cada país e entre os diversos países. (BETHELL, 2009). As pressões inflacionárias (devidas em parte ao grande aumento dos déficits do setor público causado pelo serviço da dívida pública e pelos crescentes subsídios concedidos aos devedores privados) se traduziram em altas anuais dos preços ao consumidor de três, quatro ou até cinco dígitos em muitos países latino-americanos: 12.250% na Nicarágua (1988), 11.750% na Bolívia (1985), 672% na Argentina (1985), 667% no Peru (1988), 586% no Brasil (1988) e 132% no México (1987). Muitos países latino-americanos registravam vários anos de hiperestagflação na década de 1980. (BETHELL, 2009). Depois de décadas de estagnação, algumas economias latino-americanas começaram a mostrar sinais de recuperação no início da década de 1990. A ampla liberalização dos mercados e a privatização das empresas públicas disseminaram-se por toda a região, contribuindo para uma forte redução do papel do Estado. O papel do Estado passou a restringir-se à política macroeconômica, à construção de infraestruturas e a programas sociais. Contudo, no processo de reforma e ajuste, foi fortemente enfraquecida a capacidade do Estado de desempenhar até mesmo seu novo papel, muito mais limitado. Em consequência, surgiu uma incoerência entre a capacidade do Estado reformado e a necessidade, imposta em grande medida pela profundidade da “crise social” e pela transição para governos democráticos em toda a região, de seguir uma estratégia de desenvolvimento com equidade. É aqui que residem os principais desafios da década de 1990. (BETHELL, 2009). A partir da década de 1980, muitos países se democratizaram na América Latina e dessa forma, abriu-se espaço para uma maior atuação da sociedade civil e liberdade dos órgãos de imprensa. Assim foi dado início a uma pressão maior para que as empresas fossem mais transparentes em suas ações. Em muitos países, aumentou o aparecimento de ONGs nas

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áreas social e ambiental e muitas dessas organizações agem como agentes fiscalizadores da sociedade, enquanto outras atuam em parcerias com empresas. Num estudo sobre a percepção da população quanto à legitimidade fiscal em vários países da América Latina, menos de 25% dos latino-americanos confiam que seus impostos sejam bem aplicados, considerando que em muitos países latino-americanos o desempenho fiscal e a governança democrática sofrem com a baixa legitimidade fiscal. (LATINOBARÓMETRO, 2005). Há uma expectativa para que as empresas atuem em áreas que antes não eram vistas como de sua responsabilidade, como projetos sociais e ambientais. Com a falta de credibilidade e a crise fiscal dos governos, o papel do Estado tem sido muitas vezes reduzido em quantidade e qualidade na provisão de serviços públicos, inclusive nas áreas sociais, como educação, saúde e assistência social. Além disso, a estagnação econômica das últimas décadas tem levado a um agravamento do quadro social, com o desemprego, a não diminuição significativa da pobreza e o aumento da criminalidade. Esses problemas afetam diretamente o ambiente em que muitas empresas estão instaladas, e fazem com que recaia sobre elas as responsabilidades de mitigá-los, provendo escolas, hospitais e segurança para a comunidade ao seu redor. (PUPPIM DE OLIVEIRA, 2008, p. 9).

Produto Interno Bruto

O PIB da América Latina em 2008 foi de aproximadamente 4 trilhões, com grande concentração no Brasil e no México, as duas maiores economias da região seguidas da Argentina, Venezuela, Colômbia e Chile, como mostra a Tabela 2.8.

Tabela 2.8: Produto Interno Bruto Total a Preços Correntes de Mercado (MU$) País 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Argentina 129 595,6 153 129,3 183 196,0 214 267,4 262 450,8 328 468,7 Brasil 552 453,1 663 732,8 882 040,3 1 089 398,0 1 300 312,0 1 448 684,0 Chile 73 989,8 95 652,9 118 250,1 146 774,0 163 879,4 169 458,0 Colômbia 91 702,5 113 773,7 144 580,6 162 346,5 207 785,7 242 608,2 Equador 28 635,9 32 642,2 37 186,9 41 763,2 45 789,4 54 685,9 México 700 324,7 758 221,8 846 177,1 949 129,9 1 022 674,0 1 085 208,0 Peru 61 356,0 69 700,9 79 388,9 92 319,0 107 329,1 128 933,3 Venezuela 83 529,0 112 451,6 145 513,5 184 508,5 228 070,8 313 799,3 América Latina e Caribe 1 920 772,2 2 216 623,9 2 688 994,4 3 167 726,0 3 665 331,0 4 145 891,0 Fonte: CEPAL - Statistical yearbook for Latin America and the Caribbean (2009)

Observa-se maior concentração da geração de riqueza em somente dois países da região: Brasil e México. A Tabela 2.9 apresenta as variações anuais do PIB nos últimos anos:

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Tabela 2.9: Taxas de Variação Anual do Produto Interno Bruto País 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Argentina 8,1 3,9 - 3,4 - 0,8 - 4,4 - 10,9 8,8 9,0 9,2 8,5 8,7 6,8 0,7 Brasil 3,4 0,0 0,3 4,3 1,3 2,7 1,1 5,7 3,2 4,0 5,7 5,1 0,3 Chile 6,6 3,2 - 0,8 4,5 3,4 2,2 3,9 6,0 5,6 4,6 4,7 3,2 - 1,8 Colômbia 3,4 0,6 - 4,2 2,9 2,2 2,5 4,6 4,7 5,7 6,9 7,5 2,4 0,3 Equador 4,1 2,1 - 6,3 2,8 5,3 4,2 3,6 8,0 6,0 3,9 2,5 6,5 - 0,4 México 6,8 5,0 3,8 6,6 0,0 0,8 1,4 4,0 3,3 5,0 3,4 1,3 - 6,7 Venezuela 6,4 0,3 - 6,0 3,7 3,4 - 8,9 - 7,8 18,3 10,3 9,9 8,2 4,8 - 2,3 América Latina e Caribe 5,5 2,5 0,4 4,0 0,4 - 0,4 2,2 6,1 5,0 5,8 5,8 4,1 - 1,8 Fonte: CEPAL - Statistical yearbook for Latin America and the Caribbean (2009)

A América Latina experimentou um desempenho econômico favorável até 2004. A mudança de cenário ocorreu a partir de 2008, em função da crise financeira iniciada e desencadeada nos Estados Unidos, que se propagou às demais economias, desenvolvidas ou não. Apesar das melhoras no desempenho econômico da maioria dos países da região, a América Latina continua sendo uma das regiões mais desiguais do mundo em relação à distribuição de renda, pois a maioria dos países apresenta níveis de desigualdade considerados alto ou muito alto. A distribuição do PIB por setor mostra grande concentração da riqueza gerada pelos países nas seguintes grandes áreas: de indústria, comércio, serviços pessoais, bens imóveis, comércio atacadista e varejista, restaurantes e hotéis e indústrias manufatureiras, como mostra a Tabela 2.10.

Tabela 2.10 : Produto Interno Bruto por Setor 2004 2005 2006 2007 2008 Produto interno bruto 2 292 099,2 2 405 722,9 2 546 188,6 2 693 086,3 2 804 477,0 Agricultura, caça, silvicultura e pesca 108 386,9 111 543,1 116 130,6 122 484,3 126 609,5 Exploração de minas 107 996,8 110 051,1 112 540,4 112 266,4 112 991,4 Indústrias manufatureiras 382 571,7 397 728,4 417 287,2 437 631,1 446 281,9 Energia elétrica, gás e água 50 683,2 52 651,1 55 560,9 57 577,0 59 380,6 Construção 118 877,9 127 701,2 141 510,4 151 076,4 156 947,7 Comércio atacadista e varejista, Restaurantes e hotéis 320 372,6 338 836,9 363 505,4 388 053,7 405 941,2 Transportes, armazenamento e Comunicações 186 109,4 199 296,7 213 866,9 231 606,0 246 557,8 Estabelecimentos financeiros, seguros, bens imóveis e serviços prestados a empresas 387 942,9 410 619,5 437 609,4 466 976,5 489 665,3 Serviços pessoais 453 250,6 472 025,7 491 989,2 511 289,8 528 085,2 Fonte: CEPAL - Statistical yearbook for Latin America and the Caribbean (2009)

A expansão do comércio internacional no final do século XIX representou importante vínculo entre as economias latino-americanas e o comércio mundial, quando se consolidou a estrutura de produção com base em matérias-primas para exportação e na importação de produtos manufaturados.

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Nos primeiros anos da década de 1990, a economia mundial se destacou pela consolidação dos blocos regionais, especificamente na America Latina com MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), grupo formado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, em um primeiro momento. Atualmente fazem parte do bloco a Bolívia e a Venezuela, sendo o Chile parceiro comercial. O Chile, ainda é membro da APEC (Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), é parceiro comercial do bloco do NAFTA (Tratado Norte- Americano de Livre Comércio), formado pelos Estados Unidos, Canadá e México, possuindo alguns acordos econômicos com a União Européia. (MOREL, 2008). As maiores multinacionais latino-americanas atuam com commodities primárias e atividades relacionadas. Um pequeno número de empresas locais se tornou área-chave para a atividade multinacional, primeiro regionalmente e, agora, globalmente. A Tabela 2.11 apresenta a distribuição das maiores empresas que exercem atividades na América Latina por país.

Tabela 2.11: As 500 Maiores Empresas da América Latina Países Número de empresas Receitas operacionais em US$ bilhões entre as 500 maiores Totais Médias por empresa Brasil 226 956,7 4,2 México 119 580,6 4,8 Chile 55 152,3 2,8 Argentina 33 105,3 3,2 Colômbia 30 65,9 2,2 Peru 19 29,7 1,6 Venezuela 6 85,0 14,2 Outros países, América Central e Caribe 12 21,7 1,8 Totais 500 2.004,6 4,0 Fonte: América Economia (2010)

A publicação do ranking das 500 maiores empresas da América Latina inclui empresas controladas por capital público e capital privado, sociedades anônimas de capital aberto e de capital fechado, além de subsidiárias de multinacionais, que geralmente operam na região como sociedades por cotas de responsabilidade limitada. Dessa forma, entre as companhias listadas nesse ranking , nem todas disponibilizam relatórios anuais ou relatórios socioambientais.

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2.11 SÍNTESE DO CAPÍTULO E APRESENTAÇÃO DAS HIPÓTESES

A Figura 2.7 apresenta a relação entre os diversos assuntos abordados no capítulo.

Desempenho econômico -financeiro

Teoria dos Shareholders Governança Corporativa

Companhia Responsabilidade Social Corporativa

Teoria dos Stakeholders

Desempenho Socioambiental

Sustentabilidade

Relatório de Sustentabilidade

Figura 2.7: Visão Esquemática do Capítulo Fonte: Elaboração própria

Observa-se a relação de todos os temas com a organização empresarial, apesar da fase de consolidação maior ou menor de cada assunto e embora sigam filosofias diferentes, ou ainda, enfrentam críticas desafiantes, como é o caso do desempenho econômico-financeiro e sua relação (ou não) com o desempenho social corporativo. O referencial teórico destacou diversas teorias, muitas vezes concorrentes e até mesmo rivais, quanto aos objetivos e público alvo das informações socioambientais. Todas elas têm em comum o atendimento a um público amplo, que potencialmente pode se interessar pelos resultados das decisões que são tomadas no âmbito empresarial. As sociedades anônimas de capital aberto são o principal foco desta pesquisa, tendo em vista a expansão destas em nível mundial; embora o escopo deste estudo seja a América Latina.

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No caso das sociedades anônimas que expandem suas atividades em mais de um estado, país ou região, essas organizações necessitam de maior investimento financeiro, tecnológico e intelectual, para que a condução das suas atividades permita a acumulação de riqueza, tendo em vista a finalidade lucrativa dos empreendimentos corporativos. Entretanto, o grupo de stakeholders com potenciais interesses nas atividades corporativas tende a crescer à medida que suas necessidades de recursos materiais e não materiais aumentem. Desta forma, a teoria dos stakeholders é destacada como o principal direcionador desta investigação, por considerar a divulgação de relatórios socioambientais uma resposta dessas organizações às demandas internas e externas que devem ser atendidas em função dos contratos que são estabelecidos com a sociedade, que viabilizam seu funcionamento e expansão. Os shareholders estão entre os grupos de stakeholders primários e nisso há consenso entre os estudiosos. Entretanto, a teoria dos shareholders estabelece que este grupo é o único interessado nas decisões empresariais, por diversos motivos elencados no referencial teórico. Nesta pesquisa, os shareholders são considerados no grupo de stakeholders primários. Assim, formulou-se a seguinte hipótese.

H1: Os itens constantes nos relatórios socioambientais divulgados voluntariamente pelas empresas estão direcionados para questões de interesse dos grupos de stakeholders.

Diversos autores corroboram esta hipótese, principalmente por incluir grupos de partes interessadas nas ações socioambientais das organizações. (WOOD, 1990, 1991; GRAY, KOUHY e LAVERS, 1995b; MITCHELL, AGLE e WOOD, 1997; CAMPOS, 2003; KPMG, 2005; 2008; SILVA, 2006; FRANSEN e KOLK, 2007; BOESSO e KUMAR, 2007). Esses últimos autores, por exemplo, num estudo comparativo sobre companhias estabelecidas na Itália e nos Estados Unidos, verificaram que o poder e a legitimidade dos administradores associado com um grupo de stakeholders cumulativamente são os fatores mais importantes na determinação de como os gerentes priorizam reivindicações concorrentes. Outro aspecto interessante é que a divulgação voluntária de informações direcionadas para grupos de stakeholders se caracteriza na intenção de intensificar as relações com estes públicos. A literatura sobre a divulgação de informações socioambientais argumenta que o tamanho das companhias é um item relevante nas análises sobre o tema. (HACKSTON e MILNE, 1996; STAGLIANO e WALDEN, 1998; CHOI, 1999; RAZEED e CONSIDINE, 2002; FREEDMAN e JAGGI, 2005; BRAMMER e PAVELIN, 2006; BOESSO e KUMAR,

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2007; WEBB et al., 2009; YING, 2006; JENNIFER HO e TAYLOR, 2007; JOSHI e GAO, 2009). E argumenta ainda que o país de origem das companhias é um item relevante nas análises sobre o tema. Assim, formula-se a seguinte hipótese.

H2: As empresas oriundas de outros países são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental.

Muitos autores corroboram esta hipótese. Com foco no aspecto cultural dos países latino-americanos, para Haslam (2004), os principais atores que influenciam o desenvolvimento da responsabilidade social corporativa na América Latina são as organizações multilaterais, governos, empresas privadas e fundações multinacionais. Newell e Muro (2006) analisaram historicamente diferentes fases da evolução do debate sobre práticas de responsabilidade social e ambiental na Argentina. Os autores enfatizaram questões políticas, econômicas e sociais do país e identificaram vários aspectos que influenciam o desenvolvimento do tema, como tamanho, setor, diversidade das estratégias corporativas, nível de nacionalização e questões sociais em nível local, nacional e internacional. Em adição, os autores destacaram as influências exercidas por multinacionais naquele país, sobre a promoção da responsabilidade social e ambiental entre as corporações. Após a condução de uma série de entrevistas junto a formadores de opinião da área de administração no Chile, de acordo com Beckman, Colwell e Cunningham (2009) as companhias multinacionais e as ONGs são os atores chave na promoção e disseminação da responsabilidade social corporativa no país. Há também um número de empresas que são ativas na prática de responsabilidade social corporativa em matéria de meio ambiente, situação habitacional, desenvolvimento comunitário, serviços financeiros, cultura, ciência e tecnologia, capacitação, nutrição e promoção da filantropia. Entre os melhores exemplos de responsabilidade social corporativa no México, estão as companhias multinacionais que transferem sua experiência internacional em matéria adaptada às condições locais, ainda que tais exemplos se restrinjam exclusivamente às empresas estrangeiras. (AGUERO, 2002). A responsabilidade social corporativa parece ter avanços limitados no México, sendo promovida com algum avanço por organizações multinacionais e parcialmente pelas empresas locais. E há também pouco tempo que o tema começou a ser desvinculado de filantropia. (GARCÉS, 2007).

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A responsabilidade social corporativa é um dos temas que mais recebe atenção de pesquisadores e estudiosos em nível nacional e internacional. Nas últimas décadas a produção de livros, artigos, dissertações e teses apresenta grande diversidade de estudos empíricos e teóricos a respeito do envolvimento das organizações com atividades socioambientais. Verifica-se que no início da década de 1970 grandes debates sobre os objetivos das organizações, se deveriam ou não envolver-se em questões que, de acordo com vários autores, cabiam ao Estado; essas discussões, entre outros eventos, impulsionaram todo tipo de entidade a engajar-se e em atividades socioambientais. É plausível destacar os movimentos da sociedade civil organizada, grandes mudanças na legislação ambiental, trabalhista e também escândalos financeiros, que de tempos em tempos trazem luz ao tema. A responsabilidade social corporativa neste estudo engloba as diversas teorias apresentadas ao longo do referencial teórico, que destacou o envolvimento de companhias de diferentes setores com a questão. Este tópico contribuiu para o desenvolvimento da seguinte hipótese.

H3: As empresas de setores potencialmente poluidores são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental.

A análise bibliográfica contribuiu para a formulação desta hipótese e os estudos anteriores conduzidos nesta direção enfatizaram que as companhias classificadas em setores potencialmente poluidores estão sujeitas a maior controle social, regulamentação e recebem maior atenção da mídia e da opinião pública. (JAGGI e FREEDMAN, 1982; HACKSTON e MILNE, 1996; LUOMA e GOODSTEIN, 1999; CHOI, 1999; FROST e WILMSHURST, 2000; PATTEN 2002; RAZEED e CONSIDINE, 2002; CAMPBELL, 2004; BROWN, TOWER e TAPLIN, 2004; PUPPIM DE OLIVEIRA, 2005; ELIJIDO-TEN, 2005; AERTS e CORMIER, 2006; BRAMMER e PAVELIN, 2006; HÉROUX, 2006; YING, 2006; BOESSO e KUMAR, 2007; JUPE, 2007; VAN NIMWEGEN et al., 2008;WEBB et al., 2009; JOSHI e GAO, 2009). A classificação dos setores como potencialmente poluidores segue as orientações do que foi estabelecido pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, apresentados no Anexo B. A divulgação de informações econômico-financeiras e socioambientais é a forma de comunicação dos resultados obtidos pela organização em determinado momento. Há poucas décadas, esta comunicação era feita somente por relatórios publicados em jornais de grande

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circulação, obrigatórios por lei e com ênfase nos interesses dos shareholders . Entretanto, o fenômeno da divulgação voluntária, que inicialmente incluía somente informações financeiras adicionais, passou a dar atenção também às informações socioambientais. É crescente a percepção de que há outras partes interessadas nas informações que são divulgadas pelas organizações, tendo em vista o aumento da presença e constância dessas informações. Atualmente discute-se a padronização, obrigatoriedade legal e auditoria, porém, ainda há muito a ser desenvolvido sobre estes aspectos.

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3 METODOLOGIA

O capítulo apresenta os procedimentos metodológicos adotados na investigação. Metodologia, para Demo (2001, p. 19) “É uma preocupação instrumental. Trata das formas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das ferramentas e dos caminhos”. A metodologia relaciona-se com os objetivos e a finalidade da pesquisa. De acordo com Bufoni (2002, p. 01) “tendo explicitado o que fazer, isto é, os objetivos, problemas, e hipóteses de pesquisa, deve-se, então proceder ao detalhamento de como se pretende fazê-la, isto é, o método que será usado para se atingir tais objetivos”. Para Marconi e Lakatos (2010, p. 65) o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. A metodologia da pesquisa refere-se a uma etapa fundamental na elaboração de um trabalho científico, tendo em vista a necessidade de identificação das técnicas que serão adotadas para alcançar as respostas ao problema objeto de análise e investigação. O método utilizado nesta pesquisa é o indutivo, por abordar argumentos observacionais. De acordo com Cooper e Schindler (2003, p. 49): “A indução ocorre quando observamos um fato e perguntamos ‘por que isso acontece?’ Em resposta a essa pergunta, antecipamos uma tentativa de explicação (hipótese). A hipótese é plausível se explicar o evento ou condição (fato) que gerou a questão.” Ainda sobre o método indutivo, para alguns autores, este tipo de pesquisa não admite hipóteses, que devem ser testadas frequentemente utilizando-se provas empíricas, com o auxílio de modelos estatísticos. Em pesquisas qualitativas, as hipóteses são também denominadas suposições, proposições, pressupostos ou hipóteses de trabalho. (MARCONI e LAKATOS, 2010). Para Marconi e Lakatos (2010, p. 145):

No início de qualquer investigação, devem-se formular hipóteses, embora, nos estudos de caráter meramente exploratórios ou descritivos, seja dispensável sua explicitação formal. Nesse ponto, é conhecida como hipótese de trabalho. Entretanto, a utilização de uma hipótese é necessária para que a pesquisa apresente resultados úteis, ou seja, atinja níveis de interpretação mais altos. (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 145).

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3.1 TIPO DE PESQUISA

O estudo é qualitativo por abordar a análise de informações socioambientais disponibilizadas voluntariamente por companhias de capital aberto. A pesquisa descritiva expõe características de uma população ou fenômeno, além de estabelecer relações entre variáveis. Com um nível de profundidade maior do que a pesquisa exploratória, a pesquisa descritiva permite a identificação, análise e comparação de dados, porém, sem a interferência do pesquisador. De acordo com Cooper e Schindler (2003, p. 136) “a pesquisa descritiva pretende descobrir quem, o que, onde, quando ou quanto”. Este estudo é descritivo, por expor características de fenômenos específicos, pela necessidade de obter informações quantitativas e qualitativas detalhadas sobre as companhias componentes da amostra e as suas interrelações com o meio ambiente e a sociedade. Trata-se também de um estudo longitudinal, por usar uma amostra de organizações para descrever eventos socioambientais ao longo do tempo. De acordo com Hair Jr. et al. (2005, p. 88) “os dados longitudinais permitem mapear elementos administrativos de modo que se possam observar as tendências”.

3.2 TÉCNICAS DE PESQUISA

3.2.1 Revisão Bibliográfica

De fundamental importância para a formulação do problema, desenvolvimento das questões e hipóteses da pesquisa, foi efetuada uma extensa revisão bibliográfica, apoiada pela consulta a livros, teses, dissertações, monografias, artigos publicados em periódicos e em anais de congressos, de eminentes autores que se dedicaram a investigar o tema.

3.2.2 Pesquisa Documental

A pesquisa documental suporta a análise de dados de dados secundários, os relatórios anuais e relatórios socioambientais das companhias, disponíveis na internet ou publicados na mídia impressa.

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3.2.3 Análise de Conteúdo

A técnica análise de conteúdo apóia a verificação de informações investigadas nos relatórios das companhias. De acordo com Bardin (2004):

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análises das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. Sua intenção é a inferência de conhecimentos relativos às condições e produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não). (BARDIN, 2004, p. 33-34).

É uma técnica amplamente utilizada nas ciências sociais aplicadas, especialmente nas pesquisas que abordaram o tema deste estudo. Para Martins, (2006, p. 33): “A Análise de Conteúdo é uma técnica para se estudar e analisar a comunicação de maneira objetiva, sistemática e quantitativa. Buscam-se inferências confiáveis de dados e informações com respeito a determinado contexto, a partir dos discursos escritos ou orais de seus autores”. De acordo com Martins (2006, p. 35) “Assim como qualquer técnica de levantamento de dados e informações, a Análise de Conteúdo adquire força e valor mediante o apoio de um referencial teórico, particularmente para a construção das categorias de análise”. Freitas, Cunha Júnior e Moscarola (1997, p. 6) argumentam que “as categorias devem ter origem no documento objeto de análise ou em certo conhecimento geral da área do conhecimento ou da atividade no qual se insere”. Para Hair Jr. et al. (2005, p. 154) “A análise de conteúdo obtém dados através da observação e análise do conteúdo ou mensagem de textos escritos. Exemplos de textos onde a análise de conteúdo é tipicamente empregada incluem relatórios, contratos, anúncios, cartas, questões abertas em surveys e conteúdos semelhantes”. De acordo com Bardin (2004), a condução da análise de conteúdo compreende três etapas fundamentais: (1) pré-análise – seleção do material e definição dos procedimentos a serem seguidos; (2) exploração do material e definição dos procedimentos a serem seguidos; e (3) tratamento dos dados e interpretações. A Figura 3.1 apresenta o fluxo para desenvolvimento e condução de uma análise de conteúdo.

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PRÉ-ANÁLISE

Leitura “flutuante”

Escolha de documentos Formulação das hipóteses e Referenciação dos índices dos objetivos

Elaboração dos indicadores

Constituição do corpus Dimensão e direções de análise Regras de recorte, de categorização, de codificação Preparação do material

Texting das técnicas

EXPLORAÇÃO DO MATERIAL

Administração das técnicas sobre o corpus

TRATAMENTO DOS RESULTADOS E INTERPRETAÇÕES

Operações estatísticas

Provas e validação

Síntese e seleção dos resultados

Inferência s

Interpretação

Outras orientações para Utilização dos resultados de

análise com fins teóricos ou uma nova análise pragmáticos

Figura 3.1: Fluxo para Desenvolvimento de uma Análise de Conteúdo Fonte: Bardin (2004, p. 96)

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Na pré-análise faz-se uma leitura livre dos objetos empíricos com a proposta de confirmar a escolha dos mesmos, observar a adequação dos materiais aos objetivos da pesquisa previamente delineados, formular novos objetivos e possíveis hipóteses a serem averiguadas e elaborar as categorias que orientarão a manipulação das mensagens. (BARDIN, 2004). Para determinação das categorias, são estabelecidos critérios em conformidade com o corte teórico de sustentação da argumentação e com as técnicas de pesquisa a serem aplicadas, escolhidas em função dos objetivos pretendidos na investigação. Na Análise de conteúdo, o processo de categorização é fundamental para a qualidade da análise dos dados e este é afetado diretamente pelas características das categorias propostas. Na visão de Bardin (2004), as categorias de boa qualidade devem ter as seguintes categorias:

• homogeneidade – a determinação de diferentes categorias em uma mesma dimensão de análise segue um princípio orientador único. Entretanto, um mesmo material pode apresentar dimensões de análise diferenciadas e, entre estas, os princípios definidores das classes podem variar; • exclusão mútua – cada elemento do texto deverá estar classificado em apenas uma categoria de cada dimensão de análise; • pertinência – as categorias são consideradas pertinentes quando estão adequadas ao material de análise e ajustadas ao quadro teórico de embasamento da pesquisa. • objetividade – as categorias determinadas devem resultar na mesma classificação do material empírico, mesmo quando este for submetido a diversas análises. Observa-se que esta característica refere-se à aplicação das três primeiras e à clareza na explicação sobre os princípios orientadores de determinação de cada categoria dentro de cada dimensão de análise; • produtividade – refere-se à qualidade dos resultados obtidos com o sistema de categorias proposto. (BARDIN, 2004, p. 90-92).

Na pré-análise, foram acessados os websites das companhias, examinados com o propósito de identificação do link relacionado com as questões socioambientais das suas atividades. Na sequência, os Relatórios Anuais e Relatórios específicos disponíveis de cada companhia foram baixados e organizados para codificação e posterior análise. No entendimento de Bardin (2004):

A codificação corresponde a uma transformação, efetuada segundo regras precisas dos dados em bruto do texto, transformação esta que, por recorte, agregação e numeração, permite atingir uma representação do conteúdo, ou da sua expressão susceptível de esclarecer o analista acerca das características do texto, que podem servir de indícios. (BARDIN, 2004, p. 97).

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A unidade de análise escolhida neste estudo é a sentença, que deve ter em seu contexto relação direta com o item pré-definido entre as categorias estabelecidas. A categorização consiste numa operação de classificação dos elementos, por diferenciação e reagrupamento segundo o gênero, conforme os critérios estabelecidos anteriormente. (BARDIN, 2004). A exploração do material consiste na análise sistemática dos relatórios, com o propósito de identificar ou não as categorias pré-estabelecidas, controle da frequência da aparição dos elementos investigados nas mensagens, medido em percentual, para posteriores interpretações dos achados. “Esta fase, longa e fastidiosa, consiste essencialmente de operações de codificação, desconto ou enumeração, em função de regras previamente formuladas”. (BARDIN, 2004, p. 95). O tratamento dos resultados consiste na interpretação dos dados. Para Freitas, Cunha Júnior e Moscarola (1997, p. 6): “as categorias devem ter origem no documento objeto da análise ou em certo conhecimento geral da área do conhecimento ou da atividade no qual se insere”. De acordo com Franco (2005, p. 16): “A análise de conteúdo requer que as descobertas tenham relevância teórica. Um dado sobre o conteúdo de uma mensagem deve, necessariamente, estar relacionado, no mínimo, a outro dado. O liame entre este tipo de relação deve ser representado por alguma forma de teoria.” A técnica análise de conteúdo é muito utilizada em estudos sobre as informações socioambientais divulgadas pelas companhias em relatórios. São usadas as abordagens quantitativa e qualitativa. Na abordagem quantitativa, os pesquisadores observam a frequência da aparição dos temas em foco, categorizados como presentes (1) ou ausentes (0) e com essa combinação binária, são relacionados com indicadores econômico-financeiros das organizações, entre outros. “A abordagem qualitativa é caracterizada por ser fundada na presença do índice (tema, palavra, personagem, etc.!), e não sobre a frequência da aparição, em cada comunicação individual”. (BARDIN, 2004, p. 109).

A revisão bibliográfica sobre o tema da pesquisa, juntamente com a leitura inicial dos materiais contribuíram para a criação das categorias para análise dos relatórios; além da inclusão de categorias adaptadas de estudos anteriores, que após analisar a evolução das informações socioambientais divulgadas por companhias, propuseram modelos que poderiam ser aplicados em outros contextos, como também as diretrizes GRI. A relação dessas categorias é apresentada no Quadro 3.1.

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DIÁLOGO COM STAKEHOLDERS 1 Abordagens para o engajamento de stakeholders 2 Base para identificação e seleção de stakeholders 3 Políticas e comunicação 4 Principais temas e preocupações dos stakeholders 5 Relação de grupos de stakeholders engajados pela organização GOVERNANÇA CORPORATIVA 6 Código de conduta 7 Conflitos de interesse 8 Estrutura de governança da organização – conselho de administração 9 Funcionários 10 Mecanismos de comunicação com empregados e acionistas 11 Número e membros do órgão de governança 12 Políticas anticorrupção 13 Políticas de funcionamento 14 Procedimentos para auto-avaliação do desempenho 15 Procedimentos para supervisão – comitê de auditoria 16 Remuneração e desempenho DESEMPENHO E SUSTENTABILIDADE DESEMPENHO AMBIENTAL Normas Internacionais e Certificação 17 AA 1000 18 ISO 14001 19 ISO 26000 – participação nas discussões 20 ISO 9001 21 OHSAS 18001 22 SA 8000 23 Outras certificações Inovação Tecnológica 24 Novas tecnologias 25 Pedidos de patentes 26 Pesquisa e desenvolvimento 27 Políticas 28 Resultados obtidos com novas tecnologias Indicadores de desempenho ambiental Aspecto - materiais 29 Gestão de materiais 30 Materiais usados por peso ou volume 31 Percentual de materiais usados provenientes de reciclagem 32 Política de compras 33 Reciclagem de materiais Aspecto – água 34 Fontes hídricas significativamente afetadas por retirada de água 35 Informações descritivas sobre o uso racional da água 36 Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada 37 Total de água retirada por fonte Aspecto – biodiversidade 38 Descrição dos impactos significativos na biodiversidade 39 Estratégias para recuperação ou reabilitação de áreas degradadas 40 Estratégias, medidas em vigor e planos para gestão 41 Habitats protegidos ou restaurados 42 Localização e tamanho de área possuída 43 Número de espécies na lista vermelha da IUCN e em listas nacionais de conservação com habitats em áreas afetadas por operações, discriminadas pelo nível de risco de extinção. Aspecto – conformidade 44 Providências para minimização de impactos ambientais 45 Valor monetário de multas significativas e número total de sanções não-monetárias resultantes da não- conformidade com leis e regulamentos ambientais.

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Aspecto – emissões, efluentes e resíduos 46 Compromisso com a redução dos efeitos de emissões de gases sobre o clima 47 Descarte total de água, por qualidade e destinação 48 Emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio, por peso 49 Estratégias quanto às mudanças climáticas 50 Gestão de resíduos 51 Identificação, tamanho e status de proteção e índice de biodiversidade de corpos d’água e habitats relacionados significativamente afetados por descartes de água e drenagem realizados pela organização relatora. 52 Iniciativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa 53 Informações descritivas sobre emissões 54 NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso. 55 Número e volume total de derramamentos significativos 56 Outras emissões indiretas relevantes de gases de efeito estufa, por peso. 57 Peso de resíduos transportados, importados, exportados ou tratados considerados perigosos nos termos da Convenção da Basiléia13, e percentual de carregamentos de resíduos transportados internacionalmente. 58 Peso total de resíduos, por tipo e método de disposição. 59 Precauções para prevenção de acidentes 60 Total de emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa, por peso. 61 Tratamento de efluentes Aspecto – energia 62 Consumo de energia direta discriminado por fonte de energia primária 63 Consumo de energia indireta discriminado por fonte primária 64 Energia economizada devido a melhorias em conservação e eficiência. 65 Iniciativas para fornecer produtos e serviços com baixo consumo de energia, ou que usem energia gerada por recursos renováveis, e a redução na necessidade de energia resultante dessas iniciativas. 66 Iniciativas para reduzir o consumo de energia indireta e as reduções obtidas. Aspecto – produtos e serviços 67 Avaliação de impactos ambientais 68 Iniciativas para mitigar os impactos ambientais de produtos e serviços e a extensão da redução desses impactos. 69 Percentual de produtos e suas embalagens recuperados em relação ao total de produtos vendidos, por categoria de produto. Aspecto – transporte 70 Impactos ambientais significativos do transporte de produtos e outros bens e materiais utilizados nas operações da organização, bem como do transporte de trabalhadores. 71 Outras informações contextuais Aspecto - Gastos ambientais 72 Critérios de mensuração 73 Custos estimados com recuperação 74 Despesas 75 Investimentos ambientais 76 Passivos ambientais 77 Provisões para contingências ambientais 78 Receitas 79 Projetos de investimentos e gastos previstos destinados a proteção e ou recuperação ambiental 80 Avaliação de riscos ambientais Aspecto – legislação ambiental 81 Acidentes ambientais 82 Ações corretivas 83 Avaliação de impactos ambientais significativos 84 Compensações ambientais 85 Emissão de poluentes 86 Licenciamento ambiental 87 Multas, processos ambientais e acordos de conformidade 88 Procedimentos em conformidade com a legislação ambiental 89 Processos judiciais – atuais e potenciais

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Leis e regulamentos 90 América Central 91 Argentina 92 Brasil 93 Chile 94 Colômbia 95 Estados Unidos 96 México 97 Peru 98 Venezuela Aspecto – informações sobre a forma de gestão 99 Informações sobre o sistema de gestão ambiental 100 Políticas de gestão ambiental 101 Monitoramento e acompanhamento 102 Informações sobre a forma de gestão 103 Objetivos e desempenho 104 Outras informações contextuais 105 Políticas ambientais 106 Responsabilidade organizacional 107 Treinamento, educação ambiental e conscientização DESEMPENHO ECONÔMICO Indicadores de desempenho econômico 108 Ajuda financeira significativa recebida do governo 109 Cobertura das obrigações do plano de pensão e benefícios 110 Identificação e descrição de impactos econômicos indiretos significativos 111 Implicações financeiras e outros riscos e oportunidades 112 Políticas, práticas e proporção de gastos com fornecedores 113 Procedimentos para contratação 114 Valor econômico direto gerado e distribuído 115 Variação da proporção de salários Informações sobre a forma de gestão 116 Objetivos e desempenho 117 Outras informações contextuais 118 Políticas Aspecto - Riscos econômicos 119 Maior rigor da legislação ambiental 120 Medidas econômicas que possam afetar os negócios 121 Outros riscos ambientais associados à produção da companhia 122 Risco comunitário 123 Riscos associados à situação econômica do país 124 Riscos associados ao mercado global 125 Riscos associados ao setor 126 Riscos associados às atividades da companhia 127 Riscos de maiores obrigações trabalhistas 128 Riscos de mais regulamentação 129 Riscos de não obtenção de licença ambiental 130 Riscos de responsabilidade por danos ambientais DESEMPENHO SOCIAL Direitos humanos Aspecto – direitos indígenas 131 Número total de casos de violação de direitos 132 Posição da empresa 133 Aspecto – liberdade de associação e negociação coletiva 134 Informações contextuais 135 Operações identificadas em que há risco ao direito de exercer a liberdade associação Aspecto – não discriminação 136 Número de casos de discriminação e as medidas tomadas 137 Posição da empresa quanto ao tema

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Aspecto - práticas de investimento e de processo de compra 138 Contratos de Investimentos significativos que incluam cláusulas de direitos humanos 139 Percentual de empresas contratadas e fornecedores críticos que foram submetidos a avaliações 140 Total de horas de treinamento para empregados em políticas e procedimentos Aspecto - Práticas de segurança 141 Percentual de pessoal de segurança submetido a treinamento 142 Redução de riscos com acidentes Aspecto - trabalho forçado ou análogo ao escravo 143 Operações identificadas como de risco significativo de ocorrência 144 Posicionamento da empresa Aspecto - Trabalho infantil 145 Operações identificadas como de risco significativo 146 Posição da empresa quanto ao tema 147 Informações sobre a forma de gestão 148 Monitoramento e acompanhamento 149 Objetivos e desempenho 150 Políticas 151 Responsabilidade organizacional 152 Treinamento e conscientização Práticas trabalhistas e trabalho decente Aspecto – diversidade e igualdade de oportunidades 153 Informações sobre a forma de gestão 154 Monitoramento e acompanhamento Normas internacionais 155 Convenção das Nações Unidas - Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 156 Convenção das Nações Unidas - Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos 157 Declaração e Programa de Ação de Viena 158 Declaração Universal dos Direitos Humanos 159 Objetivos e desempenho 160 Políticas 161 Responsabilidade organizacional 162 Treinamento e conscientização 163 Composição de grupos responsáveis pela governança corporativa e discriminação de empregados por categoria 164 Outras informações 165 Proporção de salários base entre homens e mulheres, por categoria funcional Aspecto - emprego 166 Benefícios oferecidos discriminados por tipo, empregado de tempo integral ou meio período 167 Número total e taxa de rotatividade de empregados, por faixa etária, gênero e região 168 Políticas 169 Relações sindicais 170 Total de trabalhadores, por tipo de emprego, contrato e região Aspecto – relações entre trabalhadores e governança 171 Percentual de empregados abrangidos por acordos de negociação coletiva 172 Prazo mínimo para notificação referente a mudanças operacionais Aspecto – saúde e segurança no trabalho 173 Medidas de prevenção 174 Monitoramento 175 Percentual dos empregados representados em comitês formais de segurança e saúde 176 Programas de educação, treinamento, aconselhamento, prevenção e controle de risco em andamento 177 Taxas de lesões, doenças ocupacionais, dias perdidos, absenteísmo e óbitos relacionados ao trabalho 178 Temas relativos a segurança e saúde cobertos por acordos formais com sindicatos Aspecto – treinamento e educação 179 Média de horas de treinamento por ano, por funcionário, discriminados por categoria funcional 180 Percentual de empregados que recebem regularmente análises de desempenho e de desenvolvimento de carreira

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181 Programas para gestão de competências e aprendizagem contínua que apóiam a continuidade da empregabilidade dos funcionários Responsabilidade pelo produto 182 Indicadores de desempenho referentes a responsabilidade pelo produto Aspecto - compliance 183 Outras informações contextuais 184 Valor monetário de multas significativas 185 Verificação externa Aspecto – comunicação e marketing 186 Atendimento ao cliente 187 Número total de casos de não conformidade com regulamentos e códigos voluntários 188 Outras informações contextuais 189 Programas de adesão às leis, normas e códigos voluntários Aspecto - conformidade 190 Nº total de reclamações comprovadas relativas a violação de privacidade e perda de dados de clientes 191 Reclamações gerenciadas pela companhia Aspecto – rotulagem de produtos e serviços 192 Número total de casos de não-conformidade com regulamentos 193 Práticas relacionadas à satisfação do cliente 194 Tipo de informação sobre produtos e serviços Aspecto – saúde e segurança do cliente 195 Aspectos das políticas de segurança dos produtos 196 Fases do ciclo de vida de produtos e serviços 197 Número total de casos de não-conformidade com regulamentos e códigos voluntários Informações sobre a forma de gestão 198 Monitoramento e acompanhamento 199 Objetivos e desempenho 200 Outras informações contextuais 201 Políticas 202 Relacionamento com fornecedores 203 Responsabilidade organizacional 204 Treinamento e conscientização Sociedade Aspecto - comunidade 205 Doações 206 Relações com o governo Aspecto – investimentos em projetos sociais e ambientais junto a comunidades 207 Apoio a projetos sociais e ambientais em parcerias público-privadas 208 Atividades esportivas 209 Capacitação técnica 210 Consumo responsável 211 Iniciativas sociais e ambientais junto a comunidades 212 Investimentos de educação 213 Investimentos em projetos culturais 214 Investimentos sociais na área de saúde 215 Montante gasto com projetos sociais e ambientais 216 Outros projetos sociais e ambientais - Fundação-Instituto 217 Reciclagem de materiais 218 Natureza, escopo e eficácia de programas 219 Voluntariado Aspecto - concorrência Desleal Aspecto - conformidade Aspecto - corrupção 220 Medidas tomadas em resposta a casos de corrupção 221 Medidas tomadas pela empresa anticorrupção

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222 Percentual de empregados treinados nas políticas e procedimentos anticorrupção 223 Percentual e número total de unidades de negócio avaliadas Aspecto – políticas públicas 224 Posições quanto a políticas públicas e lobbies 225 Valor total de contribuições financeiras a partidos políticos Informações sobre a forma de gestão 226 Monitoramento e acompanhamento 227 Objetivos e desempenho 228 Outras informações contextuais 229 Políticas 230 Reconhecimento público e prêmios 231 Responsabilidade organizacional 232 Treinamento e conscientização Quadro 3.1: Categorias Selecionadas para Condução da Análise de Conteúdo Fonte: Elaboração própria, com base nos indicadores GRI, a análise do referencial teórico e verificação preliminar dos relatórios das organizações

Para elencar os itens presentes nos relatórios das organizações, foi desenvolvido um protocolo, no caso desta pesquisa, uma unidade de análise. A unidade de análise escolhida foi a sentença, que deveria ter em seu contexto relação direta com o item pré-definido entre as categorias apresentadas no Quadro 3.1.

3.2.4 Considerações Sobre as Categorias e suas Relações com o Referencial Teórico

Esta seção apresenta a relação entre os diversos temas discutidos no referencial teórico com as categorias estabelecidas para a análise de conteúdo dos relatórios das organizações.

Diálogo com Stakeholders

A categoria diálogo com stakeholders foi criada baseada nas recomendações da GRI quanto ao conteúdo do relatório de sustentabilidade. Na verdade, refere-se ao engajamento dos stakeholders conduzido pela organização, para a preparação do relatório, o processo da empresa para a definição dos seus stakeholders , assim como a determinação dos grupos com os quais se engajar ou não. A GRI (2006) recomenda abordagens para o engajamento de stakeholders , que podem ser incluídos através de levantamentos, grupos de discussão, comitês comunitários, comitês de assessoria corporativa, comunicações por escrito, estruturas gerenciais e sindicais. A

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organização deve indicar se qualquer parte do engajamento foi realizada especificamente para o processo de preparação do relatório. Os temas e preocupações que foram levantados por meio do engajamento dos stakeholders e que medidas a organização tem adotado para tratá-los, assim como a relação de grupos de stakeholders engajados pela organização e políticas e comunicação com aqueles, consolidam as iniciativas das empresas para estabelecer um diálogo com as partes interessadas, afetadas diretamente ou não por suas decisões gerenciais. Freeman (1984) destacou a necessidade de gerenciamento dos stakeholders no âmbito interno das empresas, considerando que assim seria possível conhecer suas particularidades e necessidades de mudanças tanto internas quanto externas na forma de gerenciar o relacionamento com grupos específicos, através de ações orientadas. Diversos stakeholders têm interesses legítimos nos negócios das empresas, mesmo se os gerentes aceitem ou não esta legitimação, entretanto, muitos daqueles têm poder considerável para desafiar e mudar as práticas empresariais. Em cada caso, a relevância dos stakeholders fica mais clara no momento da tomada de decisões gerenciais. (WOOD, 1991). Por ter interesse direto ou indireto nas decisões que são tomadas no âmbito empresarial, stakeholder pode ser um indivíduo, como empregado do nível operacional; ou um grupo de indivíduos, representado por uma pessoa jurídica, que pode ser uma associação de moradores no entorno de uma entidade, por exemplo. É bastante diversificado o grupo de stakeholders de uma determinada empresa, e há várias classificações para defini-los. De acordo com Frooman (1999) há algumas questões a serem respondidas para que os stakeholders possam ser identificados: quem são; o que desejam; como estão tentando atingir seus objetivos; quais são os diferentes tipos de estratégias utilizadas pelos stakeholders para influenciar a organização; e quais são os fatores determinantes da escolha dessas estratégias. Entre as diversas classificações dos stakeholders apresentadas no referencial teórico, nesta categoria, busca-se identificar os grupos citados pelas organizações nos seus relatórios anuais selecionados para este estudo.

Governança Corporativa

Esta categoria diz respeito à estrutura de governança da organização e inclui comitês sob o mais alto órgão de governança, responsável por tarefas específicas, tais como o estabelecimento de estratégia ou supervisão da organização. (GRI, 2006).

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Uma das tendências dos modelos de governança corporativa, em nível mundial, é harmonizar os interesses dos acionistas com os de outros stakeholders , além de ser uma resposta das corporações à força crescente com que se manifestam duas grandes categorias de questões emergentes: as ambientais e as sociais. No campo da responsabilidade social, a governança corporativa tem como foco preliminar a análise dos objetivos das companhias, tendo em vista suas interfaces com as demandas e os direitos de outros stakeholders. (ANDRADE e ROSSETTI, 2009). Os comitês de administração e de auditoria recebem destaque nesta categoria, principalmente por descrever o mandato e a composição de tais comitês, além de indicar as funções dos ocupantes de cargos-chave da organização. Os mecanismos para que os acionistas e empregados façam recomendações ou deem orientações ao mais alto órgão de governança fazem parte dos mecanismos de comunicação da organização para com diferentes partes interessadas. Declarações da missão e valores, códigos de conduta e princípios internos relevantes para o desempenho econômico, ambiental e social, assim como o estágio de sua implementação complementam essas informações. Informações sobre conflitos de interesse, estrutura da governança, políticas de funcionamento e políticas anticorrupção, estão entre os itens citados no referencial teórico para que uma boa governança corporativa seja conduzida entre as organizações. Dessa forma, são importantes temas incluídos nesta categoria de análise.

Desempenho e Sustentabilidade

Desempenho e sustentabilidade é dividido em três dimensões: ambiental, social e econômica, que refletem as ações de responsabilidade social das organizações. Uma das vertentes da responsabilidade social corporativa refere-se às ações das organizações de caráter voluntário, que visam promover o bem-estar dos stakeholders internos e externos, através de ações socioambientais voltadas para um vasto público, além de gerar bens, serviços e lucros para as partes interessadas que investem capital no negócio. A teoria dos stakeholders é amplamente debatida nos estudos sobre a responsabilidade social corporativa e de acordo com Vos (2008), sob a perspectiva dos stakeholders , a justificativa mais comum para esta vinculação é que as organizações são responsáveis por seus stakeholders . McWilliams e Siegel (2001) definem responsabilidade social corporativa como as ações sociais empreendidas pelas organizações que vão além do que é requerido pela

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legislação. Os autores apresentaram um modelo de responsabilidade social corporativa que destaca variáveis que influenciam a responsabilidade social da organização, como tamanho, nível de diversificação, pesquisa e desenvolvimento, publicidade, vendas para o governo, condições de mercado de trabalho e estágio do ciclo de vida da indústria. As ações de responsabilidade social com base na teoria dos stakeholders se justificariam, pois “a ideia básica da responsabilidade social corporativa é que as organizações empresariais e a sociedade são entidades interligadas e não distintas. Portanto, a sociedade tem certas expectativas em relação ao comportamento e resultados das atividades empresariais”. (WOOD, 1991, p. 695, tradução nossa). Nesta investigação, desempenho e sustentabilidade é composto por três grandes categorias: desempenho ambiental, desempenho econômico e desempenho social, que juntas, em relação aos vários aspectos apresentados no referencial teórico, aqui tem esta denominação.

Desempenho Ambiental

O desempenho ambiental da sustentabilidade se refere aos impactos da organização sobre sistemas naturais vivos e não-vivos, incluindo ecossistemas, terra, ar e água. Os indicadores ambientais abrangem o desempenho relacionado a insumos (como material, energia, água) e abarcam o desempenho relativo à biodiversidade, à conformidade ambiental e outras informações relevantes, tais como gastos com meio ambiente e os impactos de produtos e serviços. (GRI, 2006). É recomendada a inclusão de uma série de itens que englobam os seguintes aspectos: materiais, energia, água, biodiversidade, emissões, efluentes e resíduos, produtos e serviços, conformidade e transporte. Os objetivos e desempenho desses indicadores são informações fundamentais para avaliação das metas atingidas pelas organizações. As políticas ambientais das organizações, assim como o seu compromisso com relação ao tema, treinamento e conscientização de diversos grupos de stakeholders , como funcionários e comunidades que vivem no entorno dos empreendimentos, monitoramento e acompanhamento dos procedimentos relativos ao desempenho ambiental também devem fazer parte desta categoria. Quanto às normas e certificações por desempenho ambiental ou sistemas de certificação, além de auditorias e verificações sobre o assunto, essas devem ser incluídas nos

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relatórios das organizações para que os seus stakeholders acompanhem suas decisões gerenciais em relação ao meio ambiente. A GRI (2006) recomenda também a inclusão de outras informações relevantes que possam ser necessárias para a compreensão do desempenho organizacional, como os resultados e metas atingidos; principais riscos e oportunidades ambientais; principais mudanças implementadas visando melhorias do desempenho ambiental; como também estratégias e procedimentos para a inclusão de políticas ou alcance de objetivos. Todas essas informações fazem parte de dezenas de itens que representam os vários aspectos da dimensão ambiental das organizações. Como visto no referencial teórico, a questão ambiental é um dos principais temas que envolvem a sustentabilidade das organizações e é de interesse de todos os seus stakeholders .

Desempenho Econômico

O desempenho econômico é uma das dimensões da sustentabilidade e refere-se aos impactos da organização sobre as condições econômicas dos seus stakeholders e sobre os sistemas econômicos em nível local, nacional e global. (GRI, 2006). Entre esses indicadores, inclui-se o fluxo de capital entre diferentes stakeholders , os principais impactos econômicos da organização sobre a sociedade como um todo, desempenho econômico, presença no mercado e impactos econômicos indiretos. Quanto aos riscos e oportunidades organizacionais, inclui-se os que estão associados à situação econômica da organização, em nível local, nacional ou global. A dimensão econômica do relatório de sustentabilidade em consonância com as diretrizes da GRI se refere aos impactos da organização sobre as condições econômicas de seus stakeholders e sobre os sistemas econômicos. Esses indicadores incluem o fluxo de capital entre diferentes stakeholders e os principais impactos econômicos da organização sobre a sociedade como um todo. (GRI, 2010). As informações sobre o desempenho financeiro são divulgadas em demonstrativos contábeis em separado, também pelas próprias companhias. E por tratar-se de informações padronizadas que não contemplam a variável socioambiental, com exceção de algumas companhias que abordam voluntariamente o assunto em notas explicativas, esses relatórios não foram incluídos na análise de conteúdo conduzida neste estudo.

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Desempenho Social

A dimensão social da sustentabilidade se refere aos impactos da organização nos sistemas sociais nos quais opera. Os indicadores propostos identificam aspectos de desempenho fundamentais referentes às práticas trabalhistas, direitos humanos, sociedade e responsabilidade pelo produto. (GRI, 2006). A categoria desempenho social apresentada no Quadro 3.1 é dividida em dois grandes grupos de indicadores, o primeiro é denominado Desempenho Social e o segundo, Sociedade . O desempenho social incorpora os indicadores de Direitos Humanos, Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente e Responsabilidade Pelo Produto Direitos humanos – nesta subcategoria são requeridas informações sobre a importância dada pelas organizações aos direitos humanos nas práticas de investimento e seleção de fornecedores. O tema abrange também o treinamento de empregados e pessoal de segurança em direitos humanos, não-discriminação, liberdade de associação, trabalho infantil, direitos dos índios e trabalho forçado e escravo. Para formulação desta subcategoria, a GRI (2006) baseou-se nas seguintes convenções e declarações: Declaração Universal dos Direitos Humanos, das Nações Unidas; Convenção das Nações Unidas: Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho; e a Declaração e Programa de Ação de Viena. Práticas trabalhistas e trabalho decente inclui os seguintes aspectos: emprego, relações entre os trabalhadores e governança, saúde e segurança no trabalho, treinamento e educação, diversidade e igualdade de oportunidades. De acordo com a GRI (2006), os aspectos referentes a esta subcategoria baseiam-se em normas internacionalmente reconhecidas, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, a Convenção das Nações Unidas: Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos; a Convenção das Nações Unidas: Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; a Declaração da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho; e a Declaração e Programa de Ação de Viena. Responsabilidade pelo produto. Os indicadores de desempenho referentes à responsabilidade organizacional pelo produto abordam os aspectos dos produtos e serviços da organização relatora que afetam diretamente os clientes, a saber: saúde e segurança, informações e rotulagem, marketing e privacidade. Esses aspectos são tratados principalmente

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por meio da divulgação sobre procedimentos internos e o quanto eles não são seguidos. (GRI, 2006). Sociedade. Os indicadores de desempenho relativos à sociedade enfocam os impactos que as organizações geram nas comunidades em que operam e a divulgação de como os riscos resultantes de suas interações com outras instituições sociais são geridos e mediados. Busca- se em especial informações sobre os riscos associados a suborno e corrupção, influência indevida na elaboração de políticas públicas e práticas de monopólio. (GRI, 2006).

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3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A amostra é composta por companhias de capital aberto que disponibilizaram Relatórios Anuais e ou relatórios específicos sobre informações econômicas, sociais e ambientais disponíveis nos seus websites , aqui denominados Relatórios de Sustentabilidade. A relação de companhias foi extraída da Economática, empresa que fornece um banco de dados com informações econômico-financeiras de companhias oriundas de sete países latino-americanos:Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Venezuela. Foi efetuado download dos relatórios anuais, relatórios de sustentabilidade e Formulário 20F das companhias, no período de 2004 a 2009. O único critério de seleção para que as companhias fizessem parte deste estudo, foi a acessibilidade dos seus relatórios em todo o período de análise dos dados. Trabalhou-se com companhias de capital aberto, estabelecidas na América Latina e com suas ações negociadas nos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, México e Peru. Foram excluídas as companhias com registro cancelado, companhias de países com mercado de capitais pouco expressivo (Colômbia e Venezuela), sociedades anônimas de capital fechado e companhias do setor financeiro. Assim a população consiste em 760 organizações latino-americanas, como mostra a Tabela 3.1. Tendo em vista que a América Latina é uma área produtora de bens primários para o mercado mundial, observa-se que entre as companhias de capital aberto na América Latina, há maior concentração dessas nos setores de energia elétrica, comércio e construção. Os setores de agricultura, pecuária e pesca, alimentos, mineração, siderurgia e metalurgia e têxtil também apresentam um número expressivo de organizações. No caso de companhias que exercem atividades na América Latina e têm suas ações cotadas na NYSE, foram selecionados os relatórios anuais arquivados na SEC; elaborados de acordo com a legislação americana, denominados Formulários 20F, no período de 2004 a 2009. Todas as companhias de capital aberto nos Estados Unidos devem encaminhar um relatório anual para a SEC, num formato que deve atender a uma legislação intensa, sobre dados contábeis, econômicos e financeiros das organizações. As companhias americanas encaminham o relatório denominado Formulário 10K, as companhias canadenses devem apresentar o Formulário 40F e as demais organizações originárias de outros países, devem arquivar o Formulário 20F. Cada um desses relatórios atende a um padrão mínimo de informações quantitativas e qualitativas sobre o desempenho da corporação, além de informações detalhadas sobre os riscos potenciais associados às suas atividades.

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Tabela 3.1: Companhias de Capital Aberto Selecionadas Setores Quantidade Agricultura, pecuária e pesca 46 Água e saneamento 8 Alimentos 40 Bebidas 22 Cigarros 3 Coleta de resíduos 1 Comércio 57 Construção 53 Cosméticos 1 Distribuição de gás natural 5 Diversificado 2 Energia elétrica 75 Hotelaria 8 Imobiliária 21 Indústria da aviação 1 Indústria de autopeças 21 Indústria de plásticos e borracha 7 Indústria de produtos eletroeletrônicos 13 Indústria de recreação 12 Locação de veículos 1 Máquinas industriais 13 Materiais de construção 6 Mineração 38 Mineração de não-metais 25 Papel e celulose 13 Petróleo e gás 21 Química e petroquímica 36 Outras indústrias 40 Serviços médicos 9 Serviços de comunicação 6 Serviços de apoio a empresas 4 Siderurgia e metalurgia 45 Software e dados 6 Telecomunicações 29 Têxtil 43 Transporte aéreo 11 Transporte ferroviário 3 Transporte marítimo 6 Transporte rodoviário 9 Total 760 Fonte: Base de dados da Economática (2009)

O Anexo A apresenta a relação das 760 organizações em que foram visitados os seus websites na busca das informações para o desenvolvimento desta pesquisa. Observa-se que entre as companhias de capital aberto selecionadas para o estudo, grande parte dessas exerce atividade potencialmente poluidora, ou faz uso intensivo de recursos naturais.

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O Anexo B apresenta a classificação brasileira de atividades potencialmente poluidoras ou que utilizam recursos naturais, de acordo com a especificação IBAMA. Não fazem parte dessa classificação, os seguintes setores: agricultura, pecuária e pesca, comércio, hotelaria, imobiliária, indústria de recreação, locação de veículos, serviços médicos, serviços de comunicação, serviços de apoio a empresas, software de dados e telecomunicações. Foi efetuado download dos relatórios das companhias nos seus websites ou website da NYSE, no período de coleta de dados, que compreendeu os meses de janeiro a julho de 2010. A Tabela 3.2 apresenta a distribuição das companhias selecionadas por país.

Tabela 3.2 Companhias Selecionadas por País Amostra pré- Amostra Em % País População selecionada final Argentina 74 40 19 48% Brasil 306 102 85 83% Chile 150 89 53 60% México 105 73 52 71% Peru 125 34 17 50% Total 760 338 226 67% Fonte: Base de dados da Economática (2009)

A amostra pré-selecionada refere-se às companhias que tinham websites acessíveis e um link para acesso aos seus relatórios anuais no período de coleta de dados. Entretanto, foram excluídas as companhias que não tinham websites acessíveis, em função de reorganização societária, assim como companhias que não tinham os relatórios disponíveis para download de todo o período de análise. A amostra final diz respeito ao total de 226 companhias que disponibilizou os relatórios em todo o período de análise, de 2004 a 2009 e essas receberam destaque, apresentado no Anexo A. Para a análise de conteúdo, foi utilizado o software QSR NVivo, específico para a análise de dados qualitativos, apresentados em formato texto ou imagem. A inserção dos relatórios no software foi segregada por empresa, ano, país, setor de atividade e tipo de relatório. A seguir foi feita a codificação dos dados no software , através da identificação e classificação de cada sentença que estivesse relacionada com cada item categorizado no Quadro 3.1. A codificação foi acumulada e controlada individualmente para cada item/categoria, por relatório, empresa, ano e setor. Os resultados dessa compilação podem ser visualizados de forma individual, por empresa, grupos, setores, períodos ou tipos de relatórios, graficamente ou em formato de quadros ou tabelas. Optou-se pela visualização gráfica por quantificação

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desses itens, considerando-se a extensão dos dados e períodos analisados, o que dificulta a visualização em quadros e tabelas. Após a codificação dos dados, começaram os trabalhos de conferência e revisão dos dados codificados, para posterior análise dos resultados, apresentados na próxima seção.

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4 ANÁLISES E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A seguir são apresentados os resultados da pesquisa segregados por companhia, ano, relatório setor, país e categorias de análise.

4.1 ARGENTINA

O número de sociedades anônimas de capital aberto no país é bastante reduzido e, além disso, menos da metade das companhias disponibilizou Relatórios Anuais e ou Relatórios de Sustentabilidade nos seus websites . As informações pertinentes ao engajamento das organizações com iniciativas socioambientais são predominantes nos Relatórios Anuais, em todo o período analisado, e tais informações são divulgadas em conjunto com informações econômico-financeiras. O Formulário 20F foi o segundo relatório em que as companhias destacaram informações sobre o assunto e por último, foi disponibilizado o relatório que apresenta informações sociais, ambientais e econômicas, denominado Relatório de Sustentabilidade, de Responsabilidade Social ou Socioambiental, com menor intensidade e disponibilizado em separado dos demais. A distribuição das companhias indica que a maioria faz parte do setor de distribuição de gás natural, seguido de companhias dos setores de agricultura, pecuária e pesca além de siderurgia e metalurgia como mostra a Tabela 4.1.

Tabela 4.1: Companhias Argentinas por Setor Setores Amostra final Multinacionais NYSE Agricultura, pecuária e pesca 3 Alimentos 1 1 Distribuição de gás natural 4 4 1 Energia elétrica 3 2 1 Imobiliário 1 1 Papel e celulose 1 Petróleo e gás 1 1 1 Siderurgia e metalurgia 3 3 Telecomunicações 1 1 1 Transporte rodoviário 1 Total 19 12 5 Fonte: Elaboração própria

Entre as companhias selecionadas, doze são subsidiárias de multinacionais que disponibilizam relatórios anuais e ou relatórios socioambientais nos websites das suas

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subsidiárias locais. Cinco companhias componentes da amostra têm suas ações cotadas na NYSE e assim, essas também disponibilizaram os Formulários 20F. Entretanto, são representadas por uma companhia de cada setor, com exceção dos setores de agricultura, pecuária e pesca, alimentos, imobiliário, siderurgia e metalurgia, além do setor de transporte rodoviário. Setores estratégicos e com potencial poluidor, como distribuição de gás natural, energia elétrica e siderurgia e metalurgia foram os que apresentaram maior número de companhias entre as que foram selecionadas. Outro aspecto importante é a reduzida participação de companhias argentinas na utilização das diretrizes GRI, como mostra a Tabela 4.2.

Tabela 4.2: Companhias Argentinas que Utilizaram as Diretrizes GRI De Acordo A B C A+ B+ C+ Não informado Total 2003 - 2004 - 2005 1 1 2006 3 3 2007 1 1 1 3 2008 1 1 1 1 1 5 2009 1 1 1 1 3 7 Fonte: Global Reporting Initiative (2010)

São três níveis de aplicação das diretrizes GRI (A, B e C), indicados pela organização em um processo de auto-avaliação, que também pode solicitar uma verificação externa, ou até mesmo que a própria GRI examine sua classificação. A companhia pode também se auto- avaliar com um ponto a mais em cada um dos três níveis (A+, B+ ou C+), nos casos em que tenha havido uma avaliação externa dos seus relatórios. Na Argentina, a utilização das diretrizes recomendadas pela GRI teve início em 2005, com somente uma organização, que não classificou a avaliação da aplicação de tais diretrizes, assim como as três companhias do ano seguinte. A partir de 2007 essas começaram a se auto- avaliar, como B, C, A+ ou C+. Em 2009 somente sete companhias declararam utilizar tais diretrizes e entre essas, somente uma organização do setor de distribuição de gás, foi incluída neste estudo.

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4.1.1 Diálogo com Stakeholders

O diálogo com stakeholders foi uma das categorias menos enfatizadas pelas companhias nos seus relatórios. Ocorreram poucas variações ao longo do período, apesar de ter havido maior destaque para os itens abordagens para o engajamento de stakeholders , políticas e principais temas e preocupações desses, no período de 2008 a 2009. Este resultado pode ser atribuído à baixa adesão às diretrizes GRI, tendo em vista que esse é o principal relatório utilizado em nível internacional para divulgação de informações sobre o diálogo das organizações com os seus stakeholders . Outro aspecto relevante é a pouca ênfase dada à participação dos stakeholders nas decisões quanto aos investimentos institucionais em ações socioambientais das organizações. A Figura 4.1 mostra os resultados da codificação para esta categoria ao longo do período analisado. O software QSR NVivo permite a codificação das sentenças e essas são organizadas por categorias. As categorias, por sua vez, são apresentadas por empresa, tipo de relatório, ano e setor. Os gráficos são apresentados de acordo com o número de referências de codificação, ou seja, a quantidade de vezes que o item foi codificado entre as categorias analisadas. A codificação consolidada foi denominada extensão da divulgação para cada categoria analisada.

Figura 4.1: Diálogo com Stakeholders - Argentina Fonte: Elaboração própria

Embora o diálogo com stakeholders seja um assunto embrionário nos relatórios das organizações, há iniciativas para divulgação dos principais temas e preocupações daqueles,

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que foi o item mais enfatizado, principalmente por companhias dos setores de distribuição de gás e agricultura, pecuária e pesca. Outras informações muito abordadas pelas organizações foram as suas políticas adotadas para o gerenciamento de stakeholders , com maior ênfase no período de 2009. Os Relatórios de Sustentabilidade, seguidos dos Relatórios Anuais foram os mais utilizados na divulgação das informações sobre o diálogo das companhias com seus stakeholders .

4.1.2 Governança Corporativa

Nos últimos anos, o tema tem ganhado espaço nos relatórios das companhias, com destaque para informações sobre funcionários, conselho de administração e presença de um código de conduta. Apesar de ainda incipiente, algumas companhias argentinas começaram a destacar adequações ao movimento global por uma boa governança corporativa. O número de companhias que enfatizam tais práticas no país, ainda é bastante reduzido e essas informações começaram a ganhar destaque nos seus relatórios a partir de 2005. Essas informações foram predominantes nos Relatórios Anuais de companhias dos setores de transportes, siderurgia e metalurgia e distribuição de gás natural. A Figura 4.2 apresenta os resultados para esta categoria.

Figura 4.2: Governança Corporativa - Argentina Fonte: Elaboração própria

Observa-se o crescimento substancial da atenção dada ao tema em 2009, que abrangeu diversos itens desta categoria. No período analisado, informações sobre os procedimentos de

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supervisão – comitê de auditoria, seguidas de avaliação de desempenho – remuneração, foram os itens que receberam maior destaque pelas organizações.

4.1.3 Desempenho Ambiental

A preocupação com questões ambientais está presente nos relatórios de todas as companhias analisadas e apesar da maior ou menor ênfase em alguns aspectos específicos, o destaque dado ao assunto tem crescido a cada ano.

Normas Internacionais e Certificação

Os relatórios das companhias têm sido utilizados para enfatizar as certificações conquistadas pelas organizações, principalmente quanto ao aspecto ambiental, representado pela ISO 14001, como também a gestão da saúde e segurança operacional, representado pela OHSAS 18001. A gestão da qualidade, representada pela certificação ISO 9001 foi o terceiro tipo de certificação mais destacado nos relatórios das organizações. Outras certificações dizem respeito principalmente a questões florestais, atribuídas às companhias do setor de papel e celulose, por exemplo. Verifica-se que a ênfase dada a este item esteve presente em todo período analisado, principalmente em empresas dos seguintes setores: distribuição de gás, energia elétrica, petróleo e gás, siderurgia e metalurgia. As informações sobre esta categoria estão presentes em todo o período analisado, com maior ênfase nos anos de 2004, 2008 e 2009.

Inovação Tecnológica

Informações sobre a temática inovação tecnológica foram pouco destacadas nos relatórios das organizações, não sendo possível estabelecer uma relação entre setores, período e relatórios.

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Indicadores de desempenho ambiental

Os indicadores de desempenho ambiental foram pouco referenciados nos relatórios das companhias argentinas. Talvez pelo reduzido número de organizações do país que utilizam as diretrizes da GRI, ou por não haver estímulo para tal divulgação. Entretanto, no aspecto materiais , a utilização daqueles provenientes de reciclagem foi o item mais destacado nos seus relatórios, principalmente por empresas dos setores de distribuição de gás natural e energia elétrica. Da mesma forma, o aspecto água não recebeu muito destaque nos relatórios das companhias. O aspecto biodiversidade recebeu atenção somente de uma organização do setor pecuário. No aspecto emissões, efluentes e resíduos - sete organizações destacaram nos seus relatórios o compromisso com a redução dos efeitos de gases sobre o clima. Informações descritivas sobre a emissão de resíduos foi o item mais citado nesta categoria, seguido de NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso. Os demais itens receberam pouco destaque, ou não foram divulgados nos relatórios das companhias analisadas ao longo do período, como mostra a Figura 4.3.

Figura 4.3: Emissões, Efluentes e Resíduos - Argentina Fonte: Elaboração própria

As políticas de gestão ambiental, assim como informações sobre a presença de um sistema de gestão ambiental foram outros itens bastante enfatizados nos relatórios das organizações, conforme a Figura 4.4.

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Figura 4.4: Informações Sobre a Forma de Gestão - Argentina Fonte: Elaboração própria

Entre as questões ambientais, o item que recebeu maior destaque foi políticas ambientais seguido de procedimentos em conformidade com a legislação ambiental, tendo recebido destaque pelo maior número de organizações entre os itens investigados. Companhias dos seguintes setores dedicaram maior atenção a este tema: siderurgia e metalurgia, seguido do setor de distribuição de gás natural, energia elétrica e por último, companhias do setor pecuário. As informações estão presentes em todo o período analisado, tendo sido mais acentuado em 2008 e sofrido uma queda em 2009. O Relatório Anual foi o mais utilizado para divulgação de informações sobre o desempenho ambiental, seguido do Relatório de Sustentabilidade. Os demais aspectos desta categoria não foram apresentados porque não foram citados nos relatórios das companhias selecionadas nesta pesquisa.

4.1.4 Desempenho Econômico

Indicadores de desempenho econômico

As informações recomendadas para esta categoria foram citadas nos relatórios das companhias argentinas de modo parcial. Os itens cobertura das obrigações do plano de pensão e benefícios; procedimentos para contratação; e variação da proporção de salários foram incorporados aos indicadores sociais, porque foram citados em seção específica. O aspecto riscos econômicos – foi destacado principalmente por companhias dos setores imobiliário e de energia elétrica. Com maior ênfase nas informações sobre os riscos

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associados às suas atividades, como também sobre os riscos associados à situação econômica do país, as companhias utilizaram com maior intensidade os Formulários 20F para divulgação dessas informações, conforme a Figura 4.5.

Figura 4.5: Riscos Econômicos - Argentina Fonte: Elaboração própria

As informações sobre esses riscos segregados por país foram divulgadas por somente uma companhia do setor de siderurgia e metalurgia, a partir de 2006, como mostra a Figura 4.6.

Figura 4.6: Riscos por país - Argentina Fonte: Elaboração própria

O Formulário 20F foi disponibilizado somente no website da SEC, em língua inglesa e poucos stakeholders têm conhecimento sobre a disponibilidade dessas informações; observa- se que este aspecto dos relatórios das organizações divulgados em nível nacional ainda não é

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contemplado, o que poderia favorecer melhores decisões para aqueles que analisam a situação econômica das companhias.

4.1.5 Desempenho Social

Direitos humanos

Não é comum as empresas do país dedicarem atenção a este tema nos seus relatórios, tendo em vista que este foi um item pouco destacado em todo o período analisado. Entretanto, algumas empresas dos setores de distribuição de gás e telecomunicações divulgaram suas políticas, treinamento e conscientização junto aos seus funcionários, com o objetivo de promover a disseminação dos diversos aspectos que envolvem o tema. Essas informações foram identificadas principalmente nos Relatórios Anuais das companhias.

Práticas trabalhistas e trabalho decente

Esta categoria é dividida em vários aspectos e entre eles, o aspecto saúde e segurança foi o que recebeu maior destaque nos relatórios das companhias e em todo o período analisado, conforme a Figura 4.7.

Figura 4.7: Saúde e Segurança - Argentina Fonte: Elaboração própria

Questões importantes como o monitoramento e programas de educação, treinamento, aconselhamento e prevenção receberam muito espaço nos relatórios das companhias,

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principalmente dos setores de energia elétrica e distribuição de gás. A divulgação dessas informações foi mais acentuada entre 2007 e 2008. Outro assunto que recebeu grande destaque nos relatórios foi o aspecto emprego , que as companhias dedicaram maior atenção, na divulgação dos benefícios oferecidos aos seus funcionários, políticas de contratação e remuneração, além de informações sobre o total de trabalhadores por tipo de emprego, contrato e região. Ao longo do período analisado, essas informações foram mais enfatizadas nos Relatórios de Sustentabilidade, seguido dos Relatórios Anuais. Novamente, as organizações dos setores de distribuição de gás e telecomunicações foram as que mais destacaram informações sobre o assunto. O terceiro aspecto a receber maior destaque foi treinamento e educação. Mais enfatizado no Relatório Anual em todo o período analisado, companhias do setor de energia elétrica deram maior ênfase ao tema. Os itens mais citados pelas companhias foram questões como média de horas de treinamento, por ano, por funcionário, discriminado por categoria funcional e programas de gestão de competências e aprendizagem contínua que apóiam a continuidade da empregabilidade dos funcionários. A Figura 4.8 apresenta os resultados para este aspecto dos indicadores de desempenho social.

Figura 4.8: Treinamento e Educação - Argentina Fonte: Elaboração própria

Diversidade, relações entre trabalhadores e governança foram os que receberam menor ênfase no período analisado pelas companhias argentinas. Os Relatórios Anuais e de Sustentabilidade foram os que mais destacaram tais informações, principalmente os itens políticas e monitoramento e acompanhamento . As empresas dos setores de distribuição de gás, energia elétrica, siderurgia e metalurgia foram as

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que mais divulgaram informações sobre o tema. A Figura 4.9 apresenta os resultados para esta categoria.

Figura 4.9: Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente - Argentina Fonte: Elaboração própria

Observa-se que não há continuidade dos assuntos que são tratados a cada ano pelas organizações, pois uma divulgação maior ou menor de algum assunto em particular foi comum ao longo do período analisado.

Responsabilidade pelo produto

Informações sobre esta categoria de análise estão entre as que receberam menos atenção entre as companhias, de todos os setores e em todo o período analisado, não sendo possível estabelecer relações entre companhias, períodos, setores e relatórios.

Sociedade

Nesta categoria foram divulgadas informações sobre projetos sociais e ambientais, mantidos pelas organizações ou patrocinados por estas, além de doações diretas de recursos para essas iniciativas. Verifica-se que informações sobre doações para projetos socioambientais estão presentes em todo o período analisado, principalmente nos Relatórios Anuais das organizações. A Figura 4.10 apresenta os resultados para esta categoria.

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Figura 4.10: Investimentos Sociais - Argentina Fonte: Elaboração própria

Grande parte dos projetos sociais mantidos pelas organizações estão relacionados com as áreas de educação e capacitação profissional, além de projetos voltados para questões ambientais. Entretanto, permaneceu a tendência de maior ênfase nos projetos sociais e ambientais mantidos pelas organizações, além do incentivo ao voluntariado. Quando o foco é o setor, as que mais se destacaram foram companhias dos setores de distribuição de gás e energia elétrica, em todo o período analisado. Os resultados da análise indicaram que a ênfase em investimentos socioambientais divulgados por companhias argentinas nos seus relatórios ainda é incipiente. Pesquisas anteriores sobre o tema no país identificaram resultados semelhantes, além de ser recente a divulgação do tema em relatórios das companhias, como também o grande vínculo com atividades filantrópicas, observado na maior parte das companhias argentinas. Diversos autores corroboram esses resultados. De acordo com Correa, Flynn e Amit (2004), o atual interesse na responsabilidade social corporativa surgiu na Argentina paralelamente à crise econômica de 2001, que ressaltou a importância da participação do setor empresarial no processo de revitalização do país. A crise econômica revelou-se um catalisador para fomentar maior consciência social. Porém, não há evidências que a responsabilidade social corporativa seja parte integral da estratégia de negócios, por estar muito relacionada com filantropia e programas comunitários. A pesquisa de Aguero (2002) sobre os desenvolvimentos da responsabilidade social corporativa na Argentina indicou que ainda não há uma organização central no país associada ao tema, além de uma complexa e multifacetária natureza da prática e tradição filantrópica no país. Entretanto, esse quadro vem sendo modificado nos últimos anos, resultado da

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proliferação de organizações e empresas internacionalmente conectadas que instalaram a noção de responsabilidade social corporativa no país. Há também o interesse demonstrado pelo setor empresarial, que deseja envolver-se mais em atividades sobre o assunto, por meio de fundações. Paladino e Mohan (2002) identificaram os primeiros passos rumo à organização e profissionalização das atividades de filantropia no país e destacaram que a responsabilidade social entre as organizações argentinas ainda é um tema muito incipiente. Esta também foi a constatação de Schlosser (2003), que enfatizou o papel de ONGs e programas de voluntariado conduzidos pelas companhias. A maioria das organizações componentes da amostra são multinacionais e essas demonstraram maior nível de aderência quanto às informações socioambientais divulgadas nos seus relatórios, como mostra a Figura 4.11.

Codificação Consolidada

600 500 400

300 Argentina 200 Outros países

Codificação total Codificação 100 0 Diálogo com Governança Desempenho Desempenho Desempenho Stakeholders Corporativa Ambiental Econômico Social

Figura 4.11: Codificação Consolidada: Argentina Fonte: Elaboração própria

Esses resultados estão de acordo com a pesquisa conduzida por Newell e Muro (2006), que também enfatizaram as questões políticas, econômicas e sociais da Argentina. Entre os vários aspectos que influenciam o desenvolvimento do tema, como tamanho, setor, diversidade de estratégias corporativas, nível de nacionalização e questões sociais em nível local, nacional e internacional.

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4.2 BRASIL

Em relação aos demais países, o Brasil apresenta os números mais expressivos da região, quanto ao tamanho, o mercado de capitais, desenvolvimento econômico e o número de companhias de capital aberto selecionadas para este estudo. A distribuição de companhias indica maior concentração dessas nos seguintes setores: energia elétrica, siderurgia e metalurgia, telecomunicações, química e petroquímica. Porém, observa-se que alguns setores são representados somente por uma organização de grande porte, em muitos casos, a única de capital aberto no país, como é o caso de companhias dos setores de mineração, petróleo e gás, bebidas, cosméticos, indústria da aviação, transporte ferroviário e transporte rodoviário. O número de companhias multinacionais de capital aberto que exercem atividades no país não é tão expressivo em relação ao total das componentes da amostra. Entretanto, quase todas as organizações brasileiras que têm suas ações cotadas na NYSE foram incluídas neste estudo. A Tabela 4.3 apresenta a distribuição das companhias brasileiras selecionadas, distribuídas por setor. Outro aspecto importante é a presença de muitas companhias brasileiras nos demais países latino-americanos. Por meio de subsidiárias, grandes conglomerados brasileiros deram início à internacionalização das suas atividades e já são tradicionais em mercados de países vizinhos e estão entre as maiores companhias de alguns países, como é o caso da inserção da Petrobrás no mercado argentino, por exemplo.

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Tabela 4.3: Companhias Brasileiras por Setor Setores Amostra final Multinacionais NYSE Água e saneamento 4 1 Alimentos 4 3 Bebidas 1 1 1 Cigarros 1 1 Comércio varejista 3 Construção 1 Cosméticos 1 Distribuição de gás natural 1 1 Diversificado 2 Eletroeletrônicos 1 Energia Elétrica 24 14 3 Indústria da aviação 1 1 Indústria de autopeças 3 Indústria de plásticos 1 Locação de veículos 2 Materiais de construção 1 Mineração e minerais não metálicos 2 1 Papel e Celulose 3 1 Petróleo e Gás 1 1 Química e petroquímica 5 2 Serviços de apoio a empresas 2 Serviços médicos 2 Siderurgia e metalurgia 8 1 2 Telecomunicações 6 4 4 Têxtil 1 Transporte aéreo 2 2 Transporte ferroviário 1 Transporte rodoviário 1 Total 85 22 22 Fonte: Elaboração própria

A utilização das diretrizes GRI vem recebendo a adesão de um número cada vez maior de companhias brasileiras, como mostra a Tabela 4.4. Observa-se que é crescente o número de companhias que buscam a auto-avaliação dos seus relatórios, mas poucos desses são auditados por organização independente. Entre as sessenta e nove companhias que utilizaram as diretrizes da GRI em 2009, trinta e três foram incluídas nesse estudo e a maioria dessas pertence ao setor de energia elétrica.

Tabela 4.4: Companhias Brasileiras que Utilizaram as Diretrizes GRI De Acordo A B C A+ B+ C+ Não informado Total 2003 3 2 5 2004 2 6 8 2005 4 8 12 2006 7 10 17 2007 3 4 6 6 5 2 7 33 2008 6 6 18 8 5 24 67 2009 10 15 18 13 7 6 69 Fonte: Global Reporting Initiative (2010)

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4.2.1 Diálogo com Stakeholders

Nos últimos anos as companhias brasileiras têm mostrado esforço e dedicação para com seus públicos, tanto interno quanto externo. Presentes principalmente nos seus Relatórios Anuais, as informações sobre políticas e comunicação com stakeholders foram as mais enfatizadas pelas companhias, seguidas de abordagens para engajamento daqueles, como mostra a Figura 4.12.

Figura 4.12: Diálogo com Stakeholders - Brasil Fonte: Elaboração própria

As companhias dos setores de energia elétrica, papel e celulose e cigarros foram as que mais destacaram o tema, divulgado ao longo do período de forma crescente, tendo uma variação acentuada somente em 2007.

4.2.2 Governança Corporativa

Os esforços para a implementação de mecanismos de governança corporativa ficam evidentes na análise dos relatórios das companhias brasileiras, que deram grande ênfase a essas informações nos seus Relatórios Anuais ao longo do período analisado. Os Relatórios Anuais foram os mais utilizados para divulgação dessas informações, seguidos dos Formulários 20F, especificamente por 22 companhias que têm suas ações cotadas na NYSE. O Relatório de Sustentabilidade foi o terceiro mais utilizado para o destaque das informações nesta categoria.

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A divulgação sobre os seguintes itens: estrutura de Governança da organização – conselho de administração e políticas de funcionamento foi mais intensa ao longo do período analisado, como mostra a Figura 4.13.

Figura 4.13: Governança Corporativa - Brasil Fonte: Elaboração própria

Companhias dos setores de energia elétrica, telecomunicações e siderurgia e metalurgia foram as que mais se destacaram nesta categoria. Entre as informações menos citadas pelas organizações, estão: políticas anticorrupção e conflitos de interesses.

4.2.3 Desempenho Ambiental

Normas Internacionais e Certificação

Atualmente é difícil uma empresa de grande porte não ser certificada ou não declarar na sua missão e valores o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, respeito ao meio ambiente etc. Adotar diretrizes internacionais sobre questões sociais e ambientais e divulgar essas informações em algum tipo de relatório parece ter se tornado uma prática comum entre as organizações. Companhias dos setores de energia elétrica, papel e celulose, siderurgia e metalurgia, além de setores diversificados foram as que mais deram ênfase a essas informações, principalmente sobre as certificações ISO 14001, ISO 9001 e OHSAS 18001.

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Empresas dos setores de alimentos e papel e celulose deram especial atenção a outras certificações específicas, quanto às suas atividades e exigências do mercado, tanto interno quanto externo. As discussões sobre a criação da norma ISO 26000 já criam expectativas no âmbito empresarial, pois diversas companhias brasileiras começaram a manifestar o interesse na futura adequação às diretrizes da norma, ou o atendimento aos futuros padrões a serem estabelecidos por esta. A Figura 4.14 apresenta a evolução da divulgação dessas informações ao longo do período analisado.

Figura 4.14: Normas Internacionais e Certificação - Brasil Fonte: Elaboração própria

Observa-se que poucas companhias brasileiras divulgaram informações sobre as normas AA1000 e SA 8000 nos seus relatórios.

Inovação Tecnológica

Não é comum entre as companhias analisadas a divulgação de informações sobre inovação tecnológica, pelo menos voluntariamente. Observa-se que há obrigatoriedade de divulgação dessas informações por companhias de alguns setores, como de energia elétrica, que indicaram nos seus relatórios a legislação pertinente ao tema. As companhias que têm suas ações cotadas na NYSE são obrigadas a tratar do assunto em um capítulo especial, mesmo que somente a divulgação sintética dos gastos com pesquisa e desenvolvimento. Dessa forma, a divulgação desse item recebeu maior atenção nos

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relatórios das companhias, entretanto, algum destaque também foi dado nos seus Relatórios de Sustentabilidade, mas a ênfase maior ocorreu nos Relatórios Anuais e Formulários 20F, como mostra a Figura 4.15.

Figura 4.15: Inovação Tecnológica - Brasil Fonte: Elaboração própria

As companhias dos setores de energia elétrica, siderurgia e metalurgia e telecomunicações foram as que mais enfatizaram esse item, seguido de informações sobre novas tecnologias.

Indicadores de desempenho ambiental

Aspecto materiais – a divulgação ocorreu de forma crescente, predominante nos Relatórios Anuais e Relatórios de Sustentabilidade de companhias dos setores de energia elétrica, siderurgia e metalurgia e papel e celulose. Informações sobre reciclagem e gestão de materiais foram as mais citadas. Aspecto água – ao longo do período, as companhias utilizaram principalmente os Relatórios Anuais e Relatórios de Sustentabilidade para divulgação, com destaque para os itens: informações descritivas sobre o uso racional da água e total de água retirada por fonte. Os setores que mais se destacaram foram: energia elétrica, siderurgia e metalurgia e papel e celulose. Aspecto biodiversidade – informações divulgadas de forma acentuada ao longo do período, principalmente nos Relatórios Anuais e Relatório de Sustentabilidade de companhias dos setores de energia elétrica, papel e celulose e siderurgia e petróleo e gás. Maior ênfase foi

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dada aos itens: informações sobre habitats protegidos ou restaurados e monitoramento de áreas de preservação. Aspecto emissões, efluentes e resíduos – os Relatórios Anuais e Relatório de Sustentabilidade foram os mais utilizados para divulgação de informações sobre os itens: gestão de resíduos, informações descritivas sobre emissões e NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso. As companhias dos setores de energia elétrica, papel e celulose e siderurgia deram maior destaque ao tema, como mostra a Figura 4.16.

Figura 4.16: Emissões, Efluentes e Resíduos - Brasil Fonte: Elaboração própria

Entre as informações menos citadas pelas organizações neste aspecto cita-se, por exemplo, os itens: total de emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa por peso, tratamento de efluentes e precauções para prevenção de acidentes. Aspecto energia – informações sobre o consumo de energia direta discriminado por fonte primária e projetos alternativos para geração de energia por meio de recursos renováveis estiveram mais presentes nos relatórios das companhias dos seguintes setores: energia elétrica, petróleo e gás e papel e celulose. Aspecto transporte – o assunto foi mais discutido nos Relatórios Anuais e Relatórios de Sustentabilidade de organizações dos setores de energia elétrica e papel e celulose, principalmente quanto às informações sobre a avaliação de impactos ambientais significativos. Aspecto gastos ambientais – o assunto tem recebido maior espaço nos relatórios das organizações ao longo do período analisado. Este aspecto é mais enfatizado nos Formulários 20F e nos Relatórios Anuais. Companhias dos seguintes setores deram maior destaque ao

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tema: energia elétrica, siderurgia e metalurgia, saneamento e petróleo e gás. A Figura 4.17 apresenta os resultados para este aspecto.

Figura 4.17: Gastos Ambientais - Brasil Fonte: Elaboração própria

As informações sobre investimentos ambientais e critérios de mensuração de gastos estão entre os itens mais citados nos seus relatórios. Por outro lado, nenhuma empresa destacou ganhos ou benefícios para os seus negócios com esses gastos. Aspecto legislação ambiental – este foi um dos assuntos mais citados nos relatórios das companhias ao longo do período analisado, nos seus Relatórios Anuais, Formulários 20F e Relatórios de Sustentabilidade, como mostra a Figura 4.18.

Figura 4.18: Legislação Ambiental - Brasil Fonte: Elaboração própria

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Companhias dos setores de mineração, energia elétrica e siderurgia e metalurgia foram as que mais destacaram o assunto, dando ênfase principalmente aos seus procedimentos em conformidade com a legislação e licenciamento ambiental. Muitas companhias segregaram as informações sobre este aspecto por país de atuação, como a legislação ambiental do Brasil e dos Estados Unidos; consideradas as mais rigorosas entre os países da região em que as companhias exercem atividades, conforme a Figura 4.19.

Figura 4.19: Legislação por país - Brasil Fonte: Elaboração própria

O item leis e regulamentos diz respeito às informações sobre o tema em nível nacional, que foi predominante em 2004, 2005 e 2007. Nos demais períodos ocorreu maior segregação entre as informações sobre o tema por país de atuação, de acordo com a amplitude das atividades de cada companhia. Aspecto gestão ambiental – também muito destacado ao longo do período, o assunto recebeu grande espaço nos relatórios das companhias principalmente dos seguintes setores: energia elétrica, siderurgia e metalurgia, saneamento e papel e celulose. Informações sobre políticas ambientais, responsabilidade organizacional, treinamento, educação ambiental e conscientização foram os itens mais enfatizados pelas organizações, como mostra a Figura 4.20.

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Figura 4.20: Gestão Ambiental - Brasil Fonte: Elaboração própria

Verifica-se que o assunto recebeu muito destaque nos relatórios das companhias, tanto nos Relatórios Anuais, Relatórios de Sustentabilidade e Formulários 20F. Não obstante, este último é exigido pela legislação americana, que recomenda a divulgação minuciosa dos gastos, riscos, critérios de mensuração, legislação e contingências futuras em função dos impactos das atividades das organizações. Entretanto, as organizações brasileiras dão bastante ênfase aos seus esforços voluntários para treinamento e conscientização ambiental, seja dos seus funcionários, comunidades no entorno dos seus empreendimentos e outros stakeholders . Haja vista que a implantação de um sistema de gestão ambiental também contribui para que o relacionamento dessas organizações com o meio ambiente seja gerenciado e processos de acordo com padrões de certificação sejam implantados e acompanhados continuamente.

4.2.4 Desempenho Econômico

Os aspectos desta categoria não foram muito citados nos relatórios das companhias analisadas. Entretanto, os itens cobertura das obrigações do plano de pensão e benefícios; procedimentos para contratação; e variação da proporção de salários foram incorporados aos indicadores sociais.

194

Somente duas companhias, dos setores de saneamento e cosméticos, deram ênfase nos seus Relatórios Anuais às informações referentes o item ajuda financeira significativa recebida do governo. O aspecto riscos econômicos foi o assunto mais citado pelas companhias, principalmente nos Formulários 20F, como mostra a Figura 4.21.

Figura 4.21: Riscos Econômicos - Brasil Fonte: Elaboração própria

As informações sobre os riscos associados às atividades das organizações são divulgadas mais detalhadamente, assim como os riscos associados à situação econômica do país. Os demais riscos receberam pouco destaque, mas a divulgação foi crescente ao longo do período analisado. A Figura 4.22 apresenta a divulgação dos riscos econômicos ao longo do período analisado entre as companhias brasileiras.

Figura 4.22: Riscos Econômicos por ano – Brasil Fonte: Elaboração própria

195

As companhias que mais divulgaram essas informações pertencem aos setores de energia elétrica, siderurgia e metalurgia e telecomunicações.

4.2.5 Desempenho Social

Direitos humanos

Esta categoria recebeu pouco espaço nos relatórios das companhias brasileiras. A divulgação de informações quanto aos direitos humanos, quando ocorreu, se limitou a um posicionamento da organização, como ser contra a discriminação, ser favorável à liberdade de associação de funcionários a sindicatos, e ser contra o trabalho forçado ou análogo ao escravo, por exemplo. Entre os itens mais citados, destacam-se informações sobre a forma de gestão, posicionamento da empresa quanto ao tema e políticas, por empresas dos setores de petróleo e gás, telecomunicações e energia. Os Relatórios de Sustentabilidade e Relatórios Anuais foram os mais utilizados para divulgação dessas informações.

Práticas trabalhistas e trabalho decente

O mercado nacional é bastante competitivo e as organizações locais têm envidado esforços para atrair e reter o seu quadro de funcionários. O respeito às leis trabalhistas, tratados e convenções internacionais, além de informações detalhadas sobre os benefícios distribuídos aos seus funcionários, estão entre as informações mais destacadas nesta categoria. Todavia, investimentos em treinamento, educação, saúde e segurança extensivos às famílias dos funcionários são itens cada vez mais enfatizados pelas organizações nos seus relatórios. Aspecto diversidade e igualdade de oportunidades- essas informações têm ganhado espaço nos Relatórios Anuais das companhias, com maior destaque para os setores de petróleo e gás, telecomunicações e energia elétrica. Aspecto emprego – a divulgação de informações detalhadas sobre o quadro de funcionários foi crescente ao longo do período, como mostra a Figura 4.23.

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Figura 4.23: Aspecto Emprego - Brasil Fonte: Elaboração própria

Companhias dos setores de energia elétrica, siderurgia e telecomunicações foram as que mais enfatizaram o tema, com destaque para informações sobre os itens: benefícios oferecidos discriminados por tipo, empregado de tempo integral ou meio período, políticas e total de trabalhadores, por tipo de emprego, contrato e região. Aspecto saúde e segurança no trabalho – a divulgação dos investimentos neste aspecto foi crescente ao longo do período, com maior ênfase os Relatórios Anuais e Relatórios de Sustentabilidade. As organizações dos setores de energia elétrica, siderurgia e metalurgia e petróleo e gás foram as que mais destacaram tais informações, como mostra a Figura 4.24.

Figura 4.24: Aspecto Saúde e Segurança no Trabalho - Brasil Fonte: Elaboração própria

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Informações sobre medidas de prevenção, monitoramento e taxas de lesões, doenças ocupacionais, dias perdidos, absenteísmo e óbitos relacionados ao trabalho estão entre as mais citadas nos relatórios das companhias. Aspecto treinamento e capacitação profissional – este item está entre os maiores destaques da categoria, presente principalmente nos Relatórios Anuais e Relatórios de Sustentabilidade de companhias dos setores de energia elétrica, siderurgia e saneamento. Entre os itens mais citados pelas organizações, destacam-se: programas para gestão de competências e aprendizagem contínua que apóiam a continuidade da empregabilidade dos funcionários. A Figura 4.25 apresenta a divulgação para esta categoria:

Figura 4.25: Aspecto Treinamento e Capacitação Profissional - Brasil Fonte: Elaboração própria

Outras informações sobre a forma de gestão e políticas de contratação e benefícios oferecidos também foram destaques nos relatórios de companhias dos setores de energia, siderurgia e telecomunicações.

Responsabilidade pelo produto

Os aspectos recomendados pela GRI foram pouco citados nos relatórios das companhias brasileiras. Verifica-se que não é comum, pelo menos nos relatórios analisados, a divulgação de práticas de compliance ; conformidade; rotulagem de produtos e serviços; e saúde e segurança do cliente. Entretanto, as informações divulgadas têm um caráter

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publicitário, pois as companhias se preocupam mais em criar um espaço para divulgar as vantagens dos seus produtos e serviços oferecidos. Aspecto comunicação e marketing – a divulgação de informações sobre este aspecto ocorreu de forma crescente. Este item recebeu grande atenção das organizações, preocupadas em estabelecer um canal de comunicação mais eficaz com os seus clientes atuais e potenciais; esta parte dos seus relatórios foi mais dedicada a enfatizar informações sobre o atendimento ao cliente e informações contextuais sobre o tema. Companhias dos setores de energia elétrica e telecomunicações foram as que mais citaram o assunto. Outras informações sobre a forma de gestão, políticas e relacionamento com fornecedores também receberam algum destaque, principalmente por companhias dos setores de energia elétrica, telecomunicações e cosméticos.

Sociedade

Esta categoria diz respeito aos investimentos sociais e ambientais das companhias, junto a comunidades locais ou não, gerenciados através de fundação ou instituto, ou por outras organizações, públicas ou privadas. A divulgação desses investimentos ocorreu de forma crescente ao longo do período analisado, principalmente nos Relatórios Anuais e Relatórios de Sustentabilidade. Companhias dos setores de energia elétrica, siderurgia e metalurgia, papel e celulose e saneamento foram as que mais destacaram os seus investimentos nesta categoria. Os itens: iniciativas sociais e ambientais junto a comunidades, investimentos em projetos culturais, investimentos em educação e voluntariado foram os mais citados pelas organizações, como mostra a Figura 4.26.

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Figura 4.26: Investimentos Sociais - Brasil Fonte: Elaboração própria

Um aspecto interessante desta categoria foi o grande espaço dedicado ao reconhecimento público e prêmios recebidos pelas companhias, conforme a Figura 4.27.

Figura 4.27: Reconhecimento Público e Prêmios - Brasil Fonte: Elaboração própria

Os investimentos socioambientais são avaliados por associações empresariais e dessa forma, a visibilidade local, nacional ou internacional é buscada pelas organizações, ao associarem tais investimentos, com a imagem de empresa socialmente responsável, ou comprometida com o desenvolvimento sustentável. Outro aspecto bastante enfatizado foi a forma de gestão de projetos sociais e ambientais, que tiveram grande expressão ao longo do período.

200

Poucas companhias divulgam suas práticas de relacionamento com o governo, citado apenas por companhias dos setores de cosméticos, siderurgia e metalurgia e distribuição de gás.

Os resultados da análise das informações socioambientais divulgadas por companhias brasileiras revelaram que elas são:

• empresas com maior inserção internacional; • pertencem a setores de maior intensidade de uso de recursos naturais; • têm maior porte entre os setores a que pertencem; e • têm maior potencial de poluir o meio ambiente.

Essas organizações divulgam informações socioambientais via relatórios, aderem a iniciativas empresariais para atividades voltadas para o tema, como também atendem aos critérios de certificação e gestão ambiental. A Figura 4.28 apresenta os resultados consolidados para a divulgação socioambiental entre companhias nacionais e de outros países.

Codificação Consolidada

2500

2000

1500 Brasil 1000 Outros países

Codificação total Codificação 500

0 Diálogo com Governança Desempenho Desempenho Desempenho Stakeholders Corporativa Ambiental Econômico Social

Figura 4.28: Codificação Consolidada: Brasil Fonte: Elaboração própria

Observa-se que em todas as categorias de análise, foi predominante a presença de companhias locais quanto ao nível de divulgação de informações socioambientais das companhias, objeto da investigação. Há muitas diferenças entre as companhias, que de modo geral não apresentam os seus relatórios com regularidade e uniformidade. As diferenças entre os setores podem estar relacionadas com a extensão dos impactos provocados pelas atividades das empresas. Vários estudos anteriores corroboram esses resultados.

201

Os resultados da pesquisa conduzida por Masullo (2004) junto a companhias brasileiras com diferentes graus de internacionalização, indicaram que as empresas com maior inserção internacional e pertencentes a setores de maior intensidade de poluição possuem maior tendência a divulgar informação ambiental em relatórios sociais, a aderir a iniciativas empresariais para o desenvolvimento sustentável e a atender aos critérios de certificação de gestão ambiental. Puppim de Oliveira (2005) verificou que há uma relação entre o tamanho da empresa e a quantidade de informações divulgadas, assim como o setor e quanto maior o impacto provocado pela organização, maior é a quantidade de informações socioambientais divulgadas por esta. Entretanto, falta consistência nas informações divulgadas, e sugere a padronização desses relatórios. Vários pesquisadores identificaram o contínuo crescimento quantitativo da divulgação de informações sobre investimentos socioambientais através dos relatórios anuais de companhias brasileiras e cita-se, por exemplo, os seguintes: Azevedo e Cruz (2007); Calixto (2006); Ponte et al. (2007); Rover (2009). A análise de conteúdo dos relatórios socioambientais de uma amostra de 97 companhias brasileiras classificadas em 20 setores, no período de 1996 a 2005 indicou que os investimentos sociais mais enfatizados pelas companhias foram aqueles relacionados com recursos humanos, treinamento, educação, saúde e segurança, com crescimento relevante a partir de 1998, apresentando também significativas diferenças na divulgação de informações sociais em empresas do mesmo setor. (CALIXTO, 2007). Foram localizados poucos estudos sobre a utilização das diretrizes GRI entre companhias brasileiras. Entre esses, Dias (2006) verificou que a empresa Natura é classificada como a que possui maior aderência a esses indicadores.

202

4.3 CHILE

As companhias de capital aberto estabelecidas no Chile e selecionadas para este estudo atuam num mercado bem diversificado, como mostra a Tabela 4.5.

Tabela 4.5: Companhias Chilenas por Setor Setor Amostra final Multinacionais NYSE Água e saneamento 3 2 Agricultura, pecuária e pesca 2 1 Alimentos 1 Bebidas 4 1 3 Cigarros 1 1 Comércio varejista 6 1 Diversificado 2 Energia Elétrica 8 2 2 Imobiliário 1 Indústria química 2 Material de construção 1 1 Mineração 3 1 Papel e celulose 3 1 Petróleo e gás 3 2 Serviços médicos 1 Siderurgia e metalurgia 2 2 Telecomunicações 5 4 Têxtil 1 Transporte aéreo 1 1 Transporte marítimo 2 1 Transporte rodoviário 1 1 Total 53 20 7 Fonte: Elaboração própria

A atuação de multinacionais no país tem maior concentração, quando comparado com os demais, entretanto, o número de companhias com ações cotadas na NYSE não é significativo. A distribuição das organizações por setor apresenta maior dispersão, com alguma concentração de companhias nos setores de energia elétrica, comércio varejista, telecomunicações e indústria de bebidas. São poucas as organizações chilenas que utilizam as diretrizes GRI para elaboração dos seus relatórios de sustentabilidade, como mostra a Tabela 4.6.

203

Tabela 4.6: Companhias Chilenas que Utilizaram as Diretrizes GRI De Acordo A B C A+ B+ C+ Não informado Total 2003 1 1 2004 1 1 2 2005 2 1 3 2006 5 15 20 2007 2 4 2 2 9 19 2008 6 3 4 4 11 28 2009 8 17 3 6 2 36 Fonte: Global Reporting Initiative (2010)

Observa-se que a partir de 2006 o número de companhias estabelecidas no país que passaram a utilizar as diretrizes GRI aumentou significativamente. Entre as trinta e seis companhias que enviaram tais informações à GRI em 2009, somente seis organizações foram incluídas neste estudo.

4.3.1 Diálogo com Stakeholders

Esta categoria recebeu pouca atenção nos relatórios das companhias em todo o período analisado, mas foi dado maior destaque ao tema entre 2007 e 2008. Os Relatórios de Sustentabilidade e os Relatórios Anuais foram os mais utilizados pelas organizações, principalmente do setor de mineração, que deram maior ênfase a informações sobre suas políticas e relação de grupos de stakeholders engajados pela organização, como apresenta a Figura 4.29.

Figura 4.29: Diálogo com Stakeholders - Chile Fonte: Elaboração própria

204

As políticas para condução do diálogo com stakeholders foi o item mais destacado nos relatórios das companhias chilenas, seguidas de informações sobre a relação de grupos de stakeholders engajados pelas organizações. Verifica-se que a preocupação quanto ao engajamento de stakeholders nas decisões que são tomadas pelas organizações quanto aos investimentos sociais e ambientais ainda é incipiente no país.

4.3.2 Governança Corporativa

Esta categoria também recebeu pouca ênfase nos relatórios das companhias estabelecidas no país. A Figura 4.30 apresenta os resultados para esta categoria.

Figura 4.30: Governança Corporativa - Chile Fonte: Elaboração própria

Os itens estrutura de governança da organização – conselho de administração e políticas de funcionamento foram os mais citados, principalmente nos Relatórios de Sustentabilidade de companhias dos setores de bebidas, saneamento, papel e celulose e comércio varejista. As companhias dos demais setores não divulgaram qualquer informação sobre o assunto. Observa-se o que os esforços das companhias estabelecidas no país em prol de uma boa governança corporativa ainda não recebem grande destaque nos relatórios que estas disponibilizam para o público.

205

4.3.3 Desempenho Ambiental

Ao longo do período analisado, a divulgação de informações sobre o desempenho ambiental das companhias apresentou-se de forma crescente, mas com algumas variações; presentes principalmente nos Relatórios Anuais, seguidos dos Relatórios de Sustentabilidade de companhias dos setores de energia, papel e celulose e do setor de bebidas.

Normas Internacionais e Certificação

O assunto foi muito enfatizado nos Relatórios Anuais e nos Relatórios de Sustentabilidade das companhias dos setores de papel e celulose, energia elétrica, saneamento e bebidas, as que mais destacaram o tema. Informações sobre a certificação pelas normas ISO 14001, OHSAS 18001 e ISO 9001 foram os itens mais citados nos relatórios. Observa-se uma preocupação maior por parte das organizações em tornar público as certificações que mantêm. Muitas empresas disponibilizam até os documentos de certificação e últimas auditorias realizadas. A Figura 4.31 apresenta os resultados para esta categoria.

Figura 4.31: Normas Internacionais e Certificação - Chile Fonte: Elaboração própria

Novamente, a certificação pela norma ISO 14001 é a mais citada nos relatórios das empresas. Outro aspecto relevante é a ênfase na participação das organizações nas discussões sobre a norma ISO 26000, algumas companhias já se adiantam em mostrar interesse em adequações para futura certificação.

206

Inovação tecnológica

Informações sobre inovação tecnológica não são comuns nos relatórios das organizações. Ao longo do período analisado, foram poucas as empresas que disponibilizaram informações sobre esta categoria, não sendo possível estabelecer uma relação entre setores, períodos ou relatórios.

Indicadores de desempenho ambiental

Aspecto materiais e água – foram poucas as companhias que divulgaram detalhes sobre este assunto. As que tiveram algum destaque pertencem ao setor de bebidas, disponibilizando tais informações principalmente nos Relatórios de Sustentabilidade. Aspecto biodiversidade - as informações foram mais frequentes nos Relatórios de Sustentabilidade, divulgadas por companhias do setor de papel e celulose. O assunto também foi pouco destacado nos relatórios das companhias dos demais setores. Aspecto emissões, efluentes e resíduos - foi o que mais recebeu atenção das organizações ao longo do período analisado. Essas informações foram mais divulgadas nos Relatórios de Sustentabilidade, seguidos dos Relatórios Anuais. Companhias dos setores de papel e celulose, bebidas e mineração dedicaram maior atenção ao tema do que as demais, como apresentado na Figura 4.32.

Figura 4.32: Aspecto Emissões, Efluentes e Resíduos - Chile Fonte: Elaboração própria

Observa-se que a divulgação de informações sobre NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso foi o item mais enfatizado pelas organizações,

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como também suas estratégias quanto às mudanças climáticas. Os demais itens foram divulgados de modo muito variado entre as organizações e períodos analisados. Aspecto energia – a divulgação foi maior nos Relatórios de Sustentabilidade, principalmente de companhias dos setores de bebidas e papel e celulose. Informações sobre o consumo de energia direta discriminado por fonte de energia primária foi o item mais citado nos relatórios das organizações. Aspecto gastos ambientais - entre os gastos ambientais das companhias, informações sobre os seus investimentos na área foi o item mais citado nos seus relatórios, principalmente por empresas dos setores de mineração e papel e celulose. Outro item que recebeu grande destaque nesta categoria foram informações sobre as políticas de gestão ambiental, presentes principalmente nos Relatórios Anuais das organizações dos setores de mineração, papel e celulose, petróleo e gás e saneamento. Os demais gastos relacionados com o meio ambiente foram pouco citados nos relatórios das organizações. Aspecto legislação ambiental - regulamentação ambiental foi um aspecto que recebeu grande atenção nos relatórios das companhias, principalmente das que exercem atividades em vários países latino-americanos. As organizações dos setores de bebidas e de papel e celulose divulgaram tais informações segmentadas por país de atuação: Argentina, Brasil e Chile. A Figura 4.33 apresenta os resultados para este item.

Figura 4.33: Legislação Ambiental - Chile Fonte: Elaboração própria

Outros temas como políticas ambientais, monitoramento e acompanhamento também receberam algum destaque, principalmente por companhias dos setores de bebidas, imobiliário e papel e celulose.

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Os aspectos conformidade, produtos e serviços, além de transportes, foram pouco citados nos relatórios das companhias analisadas, não sendo possível estabelecer uma relação entre companhias, setores, relatórios ou período analisado.

4.3.4 Desempenho Econômico

Os aspectos desta categoria foram pouco citados nos relatórios das companhias chilenas. Entretanto, os itens cobertura das obrigações do plano de pensão e benefícios; procedimentos para contratação; e variação da proporção de salários foram incorporados aos indicadores sociais. Informações sobre o aspecto riscos econômicos foram predominantes nos Formulários 20F e Relatórios anuais de companhias dos setores de papel e celulose, bebidas e telecomunicações. Informações sobre os riscos associados às atividades das organizações, assim como os riscos de maior rigor da legislação ambiental estão entre os itens mais enfatizados nesta categoria, como mostra a Figura 4.34.

Figura 4.34: Riscos Econômicos - Chile Fonte: Elaboração própria

Informações segregadas sobre os riscos associados à situação econômica segregadas por país de atuação foram destacadas nos Formulários 20F de companhias dos setores de papel e celulose e bebidas, como mostra a Figura 4.35.

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Figura 4.35: Riscos Segregados por país - Chile Fonte: Elaboração própria

Observa-se o maior detalhamento dos riscos econômicos no Chile Argentina e Brasil, países em que as atividades dessas companhias são mais intensas e sujeitas a variações da situação econômica desses locais. Os demais itens desta categoria não foram mencionados nos relatórios das companhias chilenas. Verifica-se a pouca ênfase dada ao assunto nos relatórios das organizações estabelecidas no país.

4.3.5. Desempenho Social

Direitos humanos

Este assunto foi pouco citado nos relatórios das companhias. Não foi possível estabelecer uma relação entre período, setores e relatórios, mas ocorreram alguns destaques para temas como posicionamento das organizações sobre os seguintes aspectos: direitos indígenas, trabalho infantil e diversidade e igualdade de oportunidades.

Práticas trabalhistas e trabalho decente

Aspecto emprego – foi o assunto mais enfatizado pelas organizações nesta categoria, com destaque para informações sobre os benefícios oferecidos aos funcionários, seguidas de políticas de contratação. Essas informações foram predominantes nos Relatórios de

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Sustentabilidade e Relatórios Anuais, de companhias dos setores de papel e celulose, saneamento e mineração. A Figura 4.36 apresenta os resultados para este aspecto.

Figura 4.36: Aspecto Emprego - Chile Fonte: Elaboração própria

Observa-se a predominância dessas informações a partir de 2006, ano em que aumentou consideravelmente o número de companhias chilenas a utilizar as diretrizes GRI. Aspecto saúde e segurança no trabalho – o assunto também muito citado pelas companhias, principalmente informações sobre monitoramento e medidas de prevenção de acidentes. A divulgação dessas informações ocorreu com maior ênfase em companhias dos setores de mineração, saneamento, papel e celulose e energia elétrica, ao longo do período analisado. A Figura 4.37 apresenta os resultados para este aspecto.

Figura 4.37: Aspecto Saúde e Segurança no Trabalho - Chile Fonte: Elaboração própria

Aspecto treinamento e educação – foi outro tema a receber destaque significativo nos relatórios das organizações, principalmente dos setores de mineração e bebidas. As

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informações que tiveram maior espaço nos relatórios das companhias foram os programas para gestão de competências e aprendizagem contínua que apóiam a continuidade da empregabilidade dos funcionários. A Figura 4.38 traz os resultados para este aspecto.

Figura 4.38: Aspecto Treinamento e Educação - Chile Fonte: Elaboração própria

Os itens políticas no relacionamento das organizações e informações sobre a forma de gestão também foram muito citados, principalmente por companhias dos setores de papel e celulose e mineração. A responsabilidade pelo produto foi uma categoria pouco enfatizada nos relatórios das companhias, que deram algum destaque somente ao item relacionamento com fornecedores. Entretanto, não foi possível estabelecer uma relação entre essas informações com setores, relatórios ou período objeto de análise.

Sociedade

A relação das companhias com o público externo recebeu grande ênfase nos seus relatórios. Informações sobre investimentos diretos ou indiretos junto a comunidades foi um dos destaques ao longo do período analisado. Entre os setores que mais dedicaram espaço a essas informações estão: papel e celulose, energia, mineração e saneamento. A Figura 4.39 mostra os itens que receberam maior atenção das organizações: iniciativas sociais e ambientais junto às comunidades; investimentos em educação e outros projetos sociais.

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Figura 4.39: Investimentos Sociais - Chile Fonte: Elaboração própria

Informações sobre políticas quanto aos investimentos sociais e monitoramento da aplicação nesses projetos também receberam grande atenção. As doações efetuadas diretamente para projetos sociais ou ambientais foi um item pouco divulgado pelas organizações. Talvez, por investirem mais na condução e administração de projetos próprios. O reconhecimento público e prêmios recebidos pelas organizações foi um dos itens mais destacados nos Relatórios Anuais das companhias ao longo do período.

Talvez por ser mais recente a discussão e organização empresarial do tema responsabilidade social corporativa no país, os resultados da análise indicaram pouca ênfase da questão nos relatórios de companhias de capital aberto. Aguero (2002) observou que as ações socioambientais no país são comparativamente menores em relação ao Brasil, ao México e à Argentina. As organizações enfatizam a dimensão de neutralidade, ainda que diversos fatores tendam de algum modo a contrastar esta ênfase: na troca de membros de uma organização religiosa, uma participação política mais ativa por parte de lideranças empresariais, ou ênfase menor em alguns dos indicadores, que efetivamente puderam demonstrar essa neutralidade. Outras dificuldades identificadas dizem respeito às diferenças entre diferentes setores. O setor privado ainda não assumiu a necessidade de melhorar as condições de trabalho e aumentar a participação de todos os seus membros nos processos de tomada de decisão. E soma-se a este cenário, a maior parte das iniciativas de responsabilidade socioambiental são desenvolvidas por grandes empresas. (AGUERO, 2002). Teixidó, Chavarri e Castro (2002), e Beckman, Colwell e Cunningham, (2009) são exemplos de autores que ressaltaram a incipiência do tema no Chile.

213

A forte presença de multinacionais no país teve reflexos sobre o nível de divulgação socioambiental no âmbito das companhias estabelecidas no país, como pode ser observado na Figura 4.40.

Codificação Consolidada

450 400 350 300 250 200 Chile 150 Outros países

Codificação total Codificação 100 50 0 Diálogo com Governança Desempenho Desempenho Desempenho Stakeholders Corporativa Ambiental Econômico Social

Figura 4.40: Codificação Consolidada: Chile Fonte: Elaboração Própria

Verifica-se que os maiores destaques foram dados aos seguintes temas: desempenho ambiental e desempenho social. Os demais receberam pouca ênfase, tanto de companhias chilenas, quando das que são oriundas de outros países. Apesar da presença representativa de multinacionais no país, embora alguns autores tenham destacado o papel das companhias multinacionais no país para promoção e disseminação da responsabilidade social corporativa, observa-se que as subsidiárias dessas organizações não têm envidado muitos esforços para divulgação de tais informações nos seus relatórios em nível local.

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4.4 MÉXICO

As companhias de capital aberto estabelecidas no México apresentam uma distribuição variada entre os setores, com maior concentração nos seguintes: mineração, comércio varejista e alimentos, como mostra a Tabela 4.7.

Tabela 4.7: Companhias Mexicanas por Setor Setores Amostra final Multinacionais NYSE Agricultura, pecuária e pesca 1 1 Alimentos 5 1 Bebidas 3 2 Coletora de resíduos 1 Comércio varejista 7 1 Construção 4 1 2 Hotelaria 1 Imobiliário 1 Indústria de produtos elétricos 1 Indústria de plásticos 1 Indústria de recreação 1 Indústria química 2 Material de construção 1 Mineração 8 3 Petróleo e gás 1 Serviços de apoio a empresas 1 Serviços de comunicação 3 2 Serviços médicos 1 Siderurgia e metalurgia 3 1 Telecomunicações 3 3 Transporte aéreo 2 1 2 Transporte rodoviário 1 1 Total 52 7 14 Fonte: Elaboração própria

Observa-se que a participação de companhias multinacionais na amostra selecionada não é significativa, como no caso de outros países, além do número de companhias com ações cotadas na NYSE, que também não ultrapassou 30% da amostra selecionada. Entretanto, a maioria das companhias dos setores de alimentos, bebidas, mineração, telecomunicações e petróleo e gás são conglomerados, que operam em vários países latino-americanos. Um número bastante reduzido de companhias mexicanas declarou utilizar as diretrizes recomendadas pela GRI, conforme a Tabela 4.8.

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Tabela 4.8: Companhias Mexicanas que Utilizaram as Diretrizes GRI De Acordo A B C A+ B+ C+ Não informado Total 2003 0 2004 0 2005 1 1 2006 2 2 2007 1 1 2 1 5 2008 2 2 1 3 2 1 11 2009 3 4 5 2 3 17 Fonte: Global Reporting Initiative (2010)

Em 2009 o total de companhias a utilizar as diretrizes foi de dezessete e cinco dessas fazem parte da amostra final desta pesquisa.

4.4.1 Diálogo com Stakeholders

Embora tenha um número representativo de companhias de capital aberto, o engajamento das organizações mexicanas com os seus stakeholders não está entre as suas prioridades de divulgação em relatórios. Esta categoria recebeu pouco destaque entre as companhias componentes da amostra. Ao longo do período analisado, observou-se maior presença de informações nos Relatórios de Sustentabilidade, abrangendo principalmente as políticas estabelecidas pelas organizações no diálogo com os seus stakeholders . As companhias que mais se destacaram nesta categoria foram dos setores de mineração e comércio varejista.

4.4.2 Governança Corporativa

Esta foi a categoria que recebeu maior destaque entre as companhias, principalmente as informações sobre os itens estrutura de governança da organização - conselho de administração e procedimentos para supervisão - comitê de auditoria. Governança corporativa foi uma categoria bastante citada ao longo do período analisado, presente principalmente nos Relatórios Anuais das companhias, como mostra a Figura 4.41.

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Figura 4.41: Governança Corporativa - México Fonte: Elaboração própria

Companhias de quase todos os setores contemplaram o tema nos seus relatórios, com destaque para os seguintes: mineração, comércio varejista e bebidas. As exceções foram companhias dos setores de agricultura, pecuária e pesca, imobiliário e indústria de recreação.

4.4.3 Desempenho Ambiental

Normas Internacionais e Certificação

Esta categoria foi pouco enfatizada pelas organizações. Os maiores destaques nos seus relatórios foram para as certificações: ISO 14001, ISO 9001 e OHSAS 18001 e o período em que mais ocorreu tal divulgação foi de 2004 a 2007, conforme a Figura 4.42.

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Figura 4.42: Normas Internacionais e Certificação- México Fonte: Elaboração própria

Os Relatórios Anuais e de Sustentabilidade foram os mais utilizados para divulgação dessas informações, principalmente por companhias dos setores de mineração, petróleo e gás e do setor de bebidas. Apesar de tratar-se de um tema importante entre as companhias, verifica-se que este é pouco enfatizado nos relatórios das organizações que compuseram a amostra e representam o México neste estudo, e indica o pouco interesse dessas organizações em discorrer sobre suas certificações ao longo dos relatórios analisados.

Inovação tecnológica

Este foi outro assunto pouco destacado nos relatórios das companhias, em todo o período e por organizações de todos os setores, não sendo possível inferir sobre a relação empresa, setor, relatórios ou período analisado.

Indicadores de desempenho ambiental

Aspecto materiais - o percentual dos materiais usados provenientes de reciclagem foi o assunto mais enfatizado pelas organizações, principalmente dos setores de siderurgia e metalurgia, mineração e comércio varejista. Aspecto água - foram destaque os Relatórios de Sustentabilidade de companhias dos setores de mineração e comércio varejista, com ênfase nas informações descritivas sobre o uso racional da água.

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Aspecto biodiversidade – ao longo do período analisado, os gastos relacionados com a biodiversidade tiveram presença marcante nos relatórios de companhias do setor de mineração, que utilizaram principalmente os Relatórios de Sustentabilidade para divulgar informações sobre habitats protegidos ou restaurados. Aspecto emissões, efluentes e resíduos – refere-se a vários itens, mas poucos deles receberam atenção nos relatórios das companhias mexicanas. Os itens mais citados foram: outras emissões indiretas relevantes de gases de efeito estufa, por peso, seguido de NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso, como mostra a Figura 4.43.

Figura 4.43: Aspecto Emissões, Efluentes e Resíduos- México Fonte: Elaboração própria

Essas informações foram mais destacadas por companhias dos setores de petróleo e gás, mineração e bebidas, presentes principalmente nos seus Relatórios de Sustentabilidade. Aspecto energia – o assunto recebeu maior atenção de companhias dos setores de mineração e de bebidas. O item iniciativas para reduzir o consumo de energia direta e as reduções obtidas, foi o que as organizações mais enfatizaram nos seus relatórios ao longo do período. Aspecto gastos ambientais - essas informações foram mais citadas nos Formulários 20F das companhias, principalmente dos setores de petróleo e gás e mineração. No período de 2007 a 2008 essas informações receberam maior ênfase, principalmente os itens: passivos ambientais, provisões para contingências ambientais e custos estimados com recuperação. Aspecto legislação e regulamentos – este aspecto foi divulgado com grande ênfase nos Relatórios Anuais das organizações, principalmente por aquelas que operam em vários países

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na América Latina (companhias dos setores de bebidas, mineração e alimentos). A Figura 4.44 apresenta esses resultados.

Figura 4.44: Aspecto Legislação e Regulamentos- México Fonte: Elaboração própria

Observa a concentração de informações sobre procedimentos em conformidade com a legislação ambiental, como também a descrição de processos judiciais – atuais e potenciais que foram descritos nos relatórios das companhias.

4.4.4 Desempenho Econômico

Assim como nos demais países, o assunto não recebe muita ênfase nos relatórios das companhias mexicanas. Aspecto indicadores econômicos – este item foi contemplado nos Relatórios de Sustentabilidade de companhias dos setores de bebidas, petróleo e gás e mineração a partir de 2006, conforme a Figura 4.45.

220

Figura 4.45: Aspecto Indicadores Econômicos- México Fonte: Elaboração própria

Informações sobre o valor econômico direto gerado e distribuído pelas organizações, assim como as políticas das organizações sobre o compromisso global com aspectos econômicos foram os itens mais citados nesta categoria. Quanto aos riscos econômicos , esses foram os assuntos mais citados nos Relatórios Anuais seguidos dos Formulários 20F das companhias, principalmente dos setores de petróleo e gás, têxtil e transporte aéreo, como mostra a Figura 4.46.

Figura 4.46: Riscos Econômicos- México Fonte: Elaboração própria

A Figura 4.47 apresenta os assuntos mais enfatizados pelas organizações foram os riscos associados às suas atividades, seguidos dos riscos de maior rigor da legislação ambiental. Quanto aos riscos segregados por país de atuação, companhias dos setores de hotelaria e mineração foram as que divulgaram tais informações.

221

Figura 4.47: Riscos Segregados por país- México Fonte: Elaboração própria

Assim como em outros países, os itens: cobertura das obrigações do plano de pensão e benefícios; procedimentos para contratação; e variação da proporção de salários foram incorporados aos indicadores sociais.

4.4.5 Desempenho Social

Direitos humanos

Esta categoria recebeu pouca ênfase nos relatórios das companhias. Informações sobre o aspecto diversidade e igualdade de oportunidades recebeu alguma atenção de companhias do setor de mineração, mas ocorreu grande variação no período e entre as organizações analisadas, não sendo possível identificar maiores concentrações dessas informações.

Práticas trabalhistas e trabalho decente

Aspecto emprego – foi o assunto mais destacado nos Relatórios de Sustentabilidade, principalmente no ano de 2007. Nos demais períodos esta divulgação não foi tão acentuada, como mostra a Figura 4.48.

222

Figura 4.48: Aspecto Emprego- México Fonte: Elaboração própria

Companhias dos seguintes setores deram maior ênfase ao tema: mineração, petróleo e gás e bebidas. Os itens mais citados foram: total de trabalhadores, por tipo de emprego, contrato e região e políticas de contratação. Aspecto saúde e segurança no trabalho - também foi um dos aspectos mais citados, principalmente por companhias dos setores de petróleo e gás e mineração. O relatório mais utilizado foi o de Sustentabilidade e no período de 2009 ocorreu maior destaque ao tema, como mostra a Figura 4.49.

Figura 4.49: Aspecto Saúde e Segurança no Trabalho- México Fonte: Elaboração própria

Aspecto treinamento e educação - as companhias mexicanas dedicaram pouco espaço ao tema, algum destaque foi dado pelas companhias dos setores de mineração e comércio varejista, que apresentaram mais informações detalhadas sobre o item: programas para gestão

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de competências e aprendizagem contínua que apóiam a continuidade da empregabilidade dos funcionários. Entre os itens que mais se destacaram nesta categoria, cita-se: monitoramento e acompanhamento, programas para gestão de competências e aprendizagem contínua que apóiam a continuidade da empregabilidade dos funcionários e informações sobre a forma de gestão. Estas informações foram mais frequentes nos Relatórios Anuais de companhias dos setores de mineração, comércio e siderurgia e metalurgia, ao longo do período analisado.

Responsabilidade pelo produto

Este item foi pouco citado pelas organizações, não sendo possível estabelecer relações entre setores, período e relatórios analisados.

Sociedade

O apoio a projetos sociais foi bastante destacado pelas organizações, principalmente os seguintes itens: outros projetos sociais – fundação, investimentos em educação e voluntariado, iniciativas sociais e ambientais junto às comunidades e monitoramento e acompanhamento, como mostra a Figura 4.50.

Figura 4.50: Investimentos Sociais- México Fonte: Elaboração própria

Estas informações foram mais enfatizadas nos Relatórios Anuais de companhias dos setores de mineração, bebidas e comércio varejista, ao longo do período analisado.

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O investimento direto em doações foi também um item bastante enfatizado nos Relatórios Anuais de companhias dos setores: comércio varejista, petróleo e gás e alimentos. O reconhecimento público e o recebimento de prêmios por sua atuação socioambiental é um tema muito destacado por companhias mexicanas, principalmente pelas dos setores de mineração, petróleo e gás e comércio varejista. O que indica a necessidade de divulgar para o grande público os resultados dos seus esforços junto à sociedade.

Apesar das diversas iniciativas no país para difusão de temas ligados à responsabilidade social corporativa, além do engajamento empresarial, os resultados da pesquisa indicam ainda fortes relações das organizações com atividades filantrópicas. Os resultados das análises sobre a divulgação socioambiental entre companhias mexicanas indicam forte participação das indústrias locais, como mostra a Figura 4.51, que consolida a divulgação socioambiental entre companhias mexicanas e as que são oriundas de outros países.

Codificação Consolidada

500 450 400 350 300 250 México 200 150 Outros países

Codificação total Codificação 100 50 0 Diálogo com Governança Desempenho Desempenho Desempenho Stakeholders Corporativa Ambiental Econômico Social

Figura 4.51: Codificação consolidada: México Fonte: Elaboração própria

Verifica-se que desempenho ambiental, governança corporativa e desempenho social foram os assuntos mais enfatizados pelas organizações, tanto as de origem local, quando de outros países. O diálogo com stakeholders ainda é um assunto pouco citado no âmbito das companhias de capital aberto estabelecidas no México. De acordo com Aguero (2002), no México as atividades de responsabilidade social corporativa são entendidas ocasionalmente como a promoção de organizações empresariais de metas políticas particulares ou setoriais. Há um substancial número de atividades desenvolvidas por pessoas de grupos privados muito influentes, geralmente associadas a grandes empresas e fundações.

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Observa-se que a divulgação de informações socioambientais das companhias mexicanas ainda é incipiente. Entretanto, há um crescente número de iniciativas no campo da responsabilidade social no país, embora em montantes relativamente pequenos, a maioria dessas iniciativas carecem de um plano permanente. Não há fontes muito completas de informações que proveem um quadro fidedigno da magnitude das atividades filantrópicas no país. (AGUERO, 2002). Logsdon, Thomas e Van Buren III (2006) verificaram que a responsabilidade social corporativa no México não é um tema novo, além de não ser influenciada por empresas americanas, como muitos imaginam, mas pelo contexto cultural e ambiente interno das companhias estabelecidas no país. Por meio da análise dos relatórios de 10 companhias mexicanas, Paul et al. (2006) verificaram que grande parte das organizações usa o conceito de stakeholder , conceitua responsabilidade social corporativa em termos de filantropia e o assunto é mais destacado entre companhias dos setores de petróleo, cimento, cigarros e química. Entre os estudos apresentados no referencial teórico que analisaram comparativamente os desenvolvimentos da responsabilidade social corporativa no México e em outros países (África do sul e na França), foram identificadas profundas diferenças culturais que levam a diferentes níveis de desenvolvimento do tema entre o México e os demais países objeto das investigações. (ACUTT, MEDINA-ROSS e O’RIORDAN, 2004; BLASCO e ZØNER, 2008). Com o objetivo de investigar as estratégias das companhias multinacionais para responder às pressões de stakeholders , Husted e Allen (2006) conduziram uma survey junto a profissionais de 88 multinacionais estabelecidas no México e verificaram que as pressões dos stakeholders guiam as decisões das organizações em relação à responsabilidade social corporativa no país. Com foco no setor automotivo, Muller e Kolk (2009) conduziram uma survey , com o objetivo de analisar a relação entre o desempenho dessas companhias e três dimensões da responsabilidade social corporativa: meio ambiente, emprego e comunidade. Os resultados, de acordo com os autores, mostraram que as companhias locais se engajam num tipo de atividade de responsabilidade social corporativa comumente associada com o tema em países desenvolvidos. Ou seja, o assunto não é visto de forma diferente, entre países desenvolvidos ou em desenvolvimento. São poucos os estudos sobre a divulgação de informações socioambientais nos relatórios de companhias estabelecidas no México, mas esses têm indicado que o tema ainda é incipiente no país. (CHAVARRÍA, 2008; SALGADO e HERNÁNDEZ, 2007).

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A responsabilidade social corporativa parece ter avanços limitados no México, sendo promovida com algum avanço por organizações multinacionais e parcialmente pelas empresas locais. E há também pouco tempo que o tema começou a ser desvinculado de filantropia. (GARCÉS, 2007).

4.5 PERU

Uma característica marcante das companhias selecionadas é a alta concentração no setor de mineração, como mostra a Tabela 4.9. Outro aspecto interessante é a presença de companhias multinacionais no país, além do reduzido número de organizações com ações cotadas na NYSE.

Tabela 4.9: Companhias Peruanas por Setor Setor Amostra final Multinacionais NYSE Alimentos 1 Bebidas 2 2 Comércio atacadista 1 Comércio varejista 1 Construção 1 Energia elétrica 2 2 Indústria química 1 Mineração 7 5 1 Têxtil 1 Total 17 9 1 Fonte: Elaboração própria

Assim como na maioria dos países latino-americanos, ainda é reduzido o número de companhias peruanas que utilizam as diretrizes recomendas pela GRI, como mostra a Tabela 4.10.

Tabela 4.10: Companhias Peruanas que Utilizam as Diretrizes GRI De Acordo A B C A+ B+ C+ Não informado Total 2003 0 2004 1 1 2005 0 2006 1 1 2 2007 1 1 1 1 4 2008 1 1 2 1 5 2009 2 4 5 3 1 15 Fonte: Global Reporting Initiative (2010)

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Observa-se que até 2008, somente cinco companhias estabelecidas no país declaram utilizar as diretrizes GRI e em 2009 esse número passou a ser de quinze. Entretanto, somente uma dessas organizações está entre as que foram selecionadas para esta pesquisa.

4.5.1 Diálogo com Stakeholders

O assunto é muito incipiente no país. Algumas empresas do setor de mineração fizeram menção ao tema, mas não foi possível estabelecer relações entre as categorias investigadas. Observa-se que o diálogo com stakeholders não é um tema muito abordado entre as companhias peruanas analisadas nesta investigação.

4.5.2 Governança Corporativa

Esta categoria recebeu pouco destaque nos relatórios das companhias, sendo possível mencionar apenas as políticas de funcionamento, item que as organizações dos setores de mineração e construção deram algum destaque nos seus relatórios anuais.

4.5.3 Desempenho Ambiental

Normas Internacionais e Certificação

A Figura 4.52 mostra quais os assuntos que receberam maior destaque nos Relatórios Anuais de companhias dos setores de mineração e indústria química. Como se vê, as certificações ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001 foram as mais citadas nos relatórios das companhias. Apesar da grande concentração de multinacionais no país, observa-se o pouco destaque ao tema entre essas organizações.

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Figura 4.52: Normas Internacionais e Certificação - Peru Fonte: Elaboração própria

Inovação tecnológica

Ao longo do período investigado, esta categoria não foi mencionada em nenhum dos relatórios das companhias analisadas.

Indicadores de desempenho ambiental

Esta categoria foi pouco explorada pelas organizações, que se limitaram a divulgar informações descritivas sobre suas políticas ambientais e ações em conformidade com a legislação. A divulgação ocorreu de forma significativa somente por companhias do setor de mineração, que deram ênfase ao tema nos seus Relatórios de Sustentabilidade, ao longo do período analisado.

4.5.4 Desempenho Econômico

Essas informações não foram citadas nos relatórios das companhias estabelecidas no Peru.

4.5.5 Desempenho Social

Da mesma forma que as categorias anteriores, as relações das companhias com seus funcionários não é uma prioridade nos seus relatórios. Algumas informações pontuais sobre

229

políticas de contratação, benefícios, saúde e segurança no trabalho, treinamento e educação foram destaque nos Relatórios Anuais de companhias do setor de mineração.

Sociedade

As iniciativas sociais e ambientais junto a comunidades, o apoio a projetos sociais e ambientais em parcerias público-privadas e investimentos em educação foram os itens mais citados nesta categoria, como mostra a Figura 4.53.

Figura 4.53: Investimentos Sociais - Peru Fonte: Elaboração própria

Observa-se que em 2008 ocorreu grande ênfase aos itens elencados nesta categoria, dando destaque principalmente aos investimentos em educação e reciclagem de materiais entre os projetos mais citados nos relatórios das organizações. Apesar das muitas variações na divulgação dessas informações ao longo do período analisado, verifica-se também uma queda acentuada em 2009, ano em que foi dado algum destaque ao montante gasto com investimentos em projeto socioambientais das companhias peruanas. Ao longo do período, os Relatórios Anuais e de Sustentabilidade de companhias do setor de mineração foram os mais utilizados para este fim, que deram maior ênfase ao tema no período de 2008. Os resultados da análise de informações socioambientais divulgadas nos relatórios de companhias peruanas mostram que o tema ainda é incipiente, mais do que nos demais países

230

analisados. A Figura 4.54 apresenta os resultados consolidados por país de origem das companhias que compuseram a amostra.

Codificação Consolidada

120

100

80

60 Peru 40 Outros países Codificação total Codificação 20

0 Diálogo com Governança Desempenho Desempenho Desempenho Stakeholders Corporativa Ambiental Econômico Social

Figura 4.54: Codificação consolidada: Peru Fonte: Elaboração própria

Verifica-se que as categorias desempenho ambiental e desempenho social foram os principais assuntos apresentados nos relatórios de sustentabilidade das organizações, tanto as nacionais quanto as oriundas de outros países. Embora haja grande concentração de multinacionais no país, principalmente no setor de mineração, essas não têm dado grande destaque às suas atividades socioambientais no nível local das suas operações. Outro aspecto importante é que poucas, somente 4 das organizações que foram incluídas neste estudo são associadas ao principal instituto peruano voltado para a questão socioambiental, a Peru 2021 . A Peru 2021 é dedicada primordialmente à tarefa de criar uma visão nacional do país. Apesar de ter desenvolvido um modelo de balanço social para difusão do tema entre as organizações, o projeto resultou em poucas empresas a adotarem tal prática. Conforme apresentado no referencial teórico sobre o desenvolvimento do tema da pesquisa, não foram localizadas até o momento, pesquisas acadêmicas que tenham abordado o assunto especificamente sobre as ações socioambientais divulgadas em relatórios de companhias estabelecidas no Peru.

231

4.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS POR CATEGORIAS

Em consonância com o referencial teórico, o capítulo apresenta os resultados por categoria de análise, diálogo com stakeholders , os desempenhos ambiental e social, governança corporativa e desempenho econômico. Também são vistos os resultados por setor e contextualização das iniciativas voluntárias e obrigatórias de divulgação.

4.6.1 Diálogo com Stakeholders

A análise permitiu verificar que as companhias estabelecidas no Brasil foram as que mais destacaram o assunto em todo o período analisado, como mostra a Figura 4.55. A seguir, as companhias argentinas e chilenas indicaram alguma preocupação em divulgar suas políticas voltadas para stakeholders . No caso do México e do Peru, as organizações desses países foram as que menos enfatizaram o assunto nos seus relatórios.

Diálogo com Stakeholders

30

25 Argentina 20 Brasil 15 Chile

10 México Peru

CodificaçãoConsolidada 5

0 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 4.55: Diálogo com Stakeholders Consolidado por país Fonte: Elaboração própria

O referencial teórico indicou que os grupos de stakeholders têm reivindicações legais ou morais, em relação às organizações, além de habilidades para influenciar o comportamento dessas. Entre as pessoas ou grupos de stakeholders que recebem respostas das organizações via relatórios socioambientais, estabelecendo assim um diálogo com as partes interessadas,

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destacam-se: acionistas, empregados, governo, clientes, fornecedores e a comunidade que vive no entorno dos empreendimentos. A obra de Freeman (1984) destacou a necessidade de gerenciamento dos stakeholders no âmbito interno das empresas, considerando que assim será possível conhecer suas particularidades e necessidades de mudanças tanto internas quanto externas na forma de gerenciar o relacionamento com grupos específicos, através de ações orientadas. A abordagem para o engajamento de stakeholders identificada com maior frequência nos relatórios de sustentabilidade, diz respeito à avaliação de relatórios via questionário. Contudo, esta é uma prática muito restrita a pouquíssimas organizações latino-americanas. Há uma ampla controvérsia envolvendo os stakeholders e de acordo com Frooman (1999) há algumas questões a serem respondidas para que aqueles possam ser identificados: quem são; o que desejam; como estão tentando atingir seus objetivos; quais são os diferentes tipos de estratégias utilizadas pelos stakeholders para influenciar a organização; e quais são os fatores determinantes da escolha dessas estratégias. Verificou-se que os relatórios de sustentabilidade são direcionados para diversos grupos, também identificados por vários autores. Com base nessas premissas e dando ênfase às companhias multinacionais, Fransen e Kolk (2007) analisaram a criação de padrões no processo de diálogo com stakeholders . Uma revisão do que as organizações consideram interação com stakeholders nos seus relatórios anuais indicou como aquelas tendem a tratar grupos divergentes de interação: reuniões com ativistas; respostas a cartas ou telefonemas de grupos políticos; convites para participar de conferências; solicitação ocasional da opinião de algum desses grupos; e criação de divisões de stakeholders para comentar padrões de governança e monitoramento interno. Tendo como premissa a saliência dos stakeholders no contexto institucional, Amaeshi (2007) conduziu um estudo longitudinal com base nos relatórios anuais e relatórios socioambientais de uma amostra de 72 companhias oriundas do Reino Unido e da Alemanha. Os investidores e empregados são os stakeholders mais citados nos relatórios de companhias inglesas, enquanto na Alemanha, as companhias enfatizam mais as redes colaborativas de comunidades, fornecedores e gestores. Os resultados sugerem ainda que a saliência dos stakeholders é um forte indicador das características dominantes do sistema capitalista nos dois países, ao incluir argumentos e práticas em relatórios socioambientais direcionados para diversos grupos de stakeholders. No âmbito dos Estados Unidos, Luoma e Goodstein (1999) identificaram variações no ambiente legal, setor e porte, associados com a representação dos stakeholders , mas estes não

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influenciam comitês-chave do corpo diretivo. A pesquisa conduzida por Elijido-Ten (2005), junto a companhias australianas, revelou que a dispersão de propriedade e setor são os principais fatores que influenciam a decisão de incorporação de estratégias ambientais nas organizações. Nos últimos anos, os stakeholders secundários têm ganhado importância para a viabilidade das companhias, mais do que os grupos de stakeholders tradicionais, ou primários. Para Wood (1990, p. 85, tradução nossa): “Nenhum stakeholder tem maior influência do que o governo. Em quase todas as atividades empresariais, em quase todos os departamentos e divisões, o governo exerce um papel significativo.” Bandeira de Mello et al. (2006) verificaram que as companhias brasileiras identificaram o governo e a sociedade como os grupos de stakeholders com maior sinergia junto às firmas que apresentam desempenho superior. De forma semelhante, Bremmers et al. (2007) identificaram o governo e os clientes como os stakeholders secundários mais relevantes das companhias holandesas. Entretanto, fornecedores e concorrentes também exercem significativas influências sobre as organizações. Deegan e Blomquist (2006) verificaram que a participação de uma ONG ambientalista influenciou a revisão do código de mineração e posicionamento dos órgãos regulamentadores do setor de mineração australiano, assim como o comportamento das organizações na elaboração de relatórios socioambientais. Jamali (2008) identificou maior preocupação das organizações com os stakeholders tradicionais, como empregados, clientes e shareholders , no Líbano e na Síria. O gerenciamento desses é afetado por pressões que podem exercer sobre as organizações. Numa pesquisa conduzida junto a companhias de 22 países (Estados Unidos, Canadá, países europeus e asiáticos), Van Nimwegen et al. (2008) observaram que nos relatórios das companhias, os grupos de stakeholders primários são citados com maior frequência do que os stakeholders secundários. E num estudo comparativo sobre companhias estabelecidas na Itália e nos Estados Unidos, de acordo com Boesso e Kumar (2009), o poder e a legitimidade dos administradores associado com um grupo de stakeholders cumulativamente são os fatores mais importantes na determinação de como os gerentes priorizam reivindicações concorrentes. Outro aspecto interessante é que a divulgação voluntária de informações direcionadas para grupos de stakeholders se caracteriza na intenção de intensificar as relações com estes públicos. Diversos stakeholders têm interesses legítimos nos negócios das empresas, mesmo se os gerentes aceitem esta legitimação ou não, entretanto, muitos daqueles têm poder

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considerável para desafiar e mudar as práticas empresariais. Outros se posicionam como vítimas ou beneficiários das decisões da organização sem qualquer ação direta entre as partes. Em cada caso, a relevância dos stakeholders fica mais clara no momento da tomada de decisões gerenciais. (WOOD, 1991). Apesar de ser um assunto embrionário nos relatórios das organizações estabelecidas na América Latina, o diálogo com stakeholders tem se estabelecido como uma iniciativa justificada por aquelas companhias que buscam maior aproximação numa tentativa de diálogo, para o gerenciamento dos seus stakeholders considerados mais relevantes. Os assuntos abordados nesta categoria são direcionados para diversos stakeholders : acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, governos, ONGs e comunidades. Em função disso e partindo do pressuposto de que os relatórios socioambientais divulgados pelas companhias são direcionados para os seus stakeholders , observa-se que a análise sobre o assunto na América Latina está em consonância com os achados em estudos anteriores.

4.6.2 Desempenhos Ambiental e Social

As organizações empreendem ações voluntárias de responsabilidade social corporativa com o propósito de atender às expectativas de vários grupos de stakeholders , também observado nos trabalhos de Wood (1991) e Hopkins (2007). A teoria dos stakeholders é amplamente debatida nos estudos sobre a responsabilidade social corporativa e de acordo com Vos (2008), sob a perspectiva dos stakeholders , a justificativa mais comum para esta vinculação é que as organizações são responsáveis por seus stakeholders . McWilliams e Siegel (2001) definem responsabilidade social corporativa como as ações sociais empreendidas pelas organizações que vão além do que é requerido pela legislação. E apresentaram um modelo de responsabilidade social corporativa que destaca variáveis que influenciam a responsabilidade social da organização, como tamanho, nível de diversificação, pesquisa e desenvolvimento, publicidade, vendas para o governo, condições de mercado de trabalho e estágio do ciclo de vida da indústria. As ações de responsabilidade social com base na teoria dos stakeholders se justificariam, pois “a ideia básica da responsabilidade social corporativa é que as organizações empresariais e a sociedade são entidades interligadas e não distintas. Portanto, a sociedade tem certas expectativas em relação ao comportamento e resultados das atividades empresariais”. (WOOD, 1991, p. 695, tradução nossa).

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Identifica-se forte participação da sociedade civil na América Latina, para promoção e disseminação de ações socioambientais entre as organizações empresariais, fundações e associações. Entretanto, ainda persiste a vinculação de responsabilidade social corporativa à prática de filantropia, principalmente na Argentina, Chile, México e Peru. Nessa direção, num estudo sobre a responsabilidade social corporativa na América Latina, Correa, Flynn e Amit (2004) destacaram as iniciativas empresariais e de ONGs nacionais e internacionais que têm se envolvido com o tema. Aguero (2002) conduziu um extenso trabalho sobre as características e situação atual da responsabilidade social na América Latina, dando destaque ao papel da sociedade civil e organizações empresariais. Para Haslam (2004), os principais atores a promoverem a responsabilidade social na região são as organizações multilaterais, governos, empresas privadas, fundações multinacionais, instituições educacionais e organizações da sociedade civil local. No Brasil, há uma maior profissionalização e organização dessas atividades voltadas para a padronização das ações de responsabilidade social, além da adesão de parte significativa do setor empresarial. O GIFE, o IBASE e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social são importantes organizações e exercem papel-chave na difusão do tema no país. O ambiente acadêmico brasileiro também tem apresentado muito interesse sobre o assunto, confirmado pela imensa produção de artigos, dissertações e teses a respeito. A concentração de multinacionais e a forma como conduzem ações de responsabilidade socioambiental influencia na dinâmica sobre o assunto no caso da Argentina. Alguns autores encontraram resultado semelhante. Newell e Muro (2006) analisaram historicamente diferentes fases da evolução do debate sobre práticas de responsabilidade socioambiental no país. Enfatizaram questões políticas, econômicas e sociais e identificaram vários aspectos que influenciam o desenvolvimento do tema, como tamanho, setor, diversidade das estratégias corporativas, nível de nacionalização e questões sociais em nível local, nacional e internacional. Em adição, os autores destacaram as influências exercidas por multinacionais naquele país, sobre a promoção da responsabilidade social e ambiental entre as corporações. Quanto a este aspecto, no Chile, após a condução de uma série de entrevistas junto a formadores de opinião da área de administração, de acordo com Beckman, Colwell e Cunningham (2009) as companhias multinacionais e as ONGs são os atores principais na promoção e disseminação da responsabilidade social corporativa no país. O México apresenta certa independência das ações voltadas para a filantropia conduzidas por grandes corporações. As atividades de responsabilidade social corporativa são

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entendidas ocasionalmente como a promoção de organizações empresariais de metas políticas particulares ou setoriais. Aguero (2002) identificou que desde o final da década de 1960, alguns eventos contribuíram para o desenvolvimento da sociedade civil, como a crescente capacidade de grupos privados. Há um substancial número de atividades desenvolvidas por pessoas muito influentes, geralmente associadas a grandes empresas e fundações. Há também um número de empresas que são ativas na prática de responsabilidade social corporativa; em matéria de meio ambiente, situação habitacional, desenvolvimento comunitário, serviços financeiros, cultura, ciência e tecnologia, capacitação, nutrição e promoção da filantropia. Em muitos casos, as atividades são planejadas e executadas diretamente pelas empresas, mas um grande número opera através de doações a outras instituições. Entre os melhores exemplos de responsabilidade social corporativa, estão as companhias multinacionais que transferem sua experiência internacional em matéria adaptada às condições locais, ainda que tais exemplos se restrinjam exclusivamente às empresas estrangeiras. (AGUERO, 2002). Foram identificados poucos estudos sobre a divulgação de informações socioambientais nos relatórios de companhias estabelecidas no México, mas esses têm indicado que o tema ainda é incipiente no país, como Chavarría (2008); Salgado e Hernández (2007). Há uma grande diversidade de diretrizes voluntárias para elaboração e divulgação de relatórios socioambientais. As diretrizes GRI são as mais conhecidas em nível mundial, além de terem grande aceitabilidade no meio empresarial. Entretanto, poucas companhias latino- americanas têm utilizado tais diretrizes para elaboração dos seus relatórios. Nos últimos anos as companhias brasileiras tiveram uma iniciativa de divulgar o relatório denominado balanço social, muito difundido no país, atualmente é utilizado por número expressivo de companhias. No entanto, a partir de 2006 as organizações passaram a utilizar outras diretrizes, ou mesmo a mudar o nome do relatório, para socioambiental ou relatório de sustentabilidade. Com foco nas companhias estabelecidas no Reino Unido, Gray, Kouhy e Lavers (1995a e 1995b) tiveram por objetivo revisar a literatura a respeito da divulgação de informações ambientais, além de propor um modelo de análise longitudinal de informações e aplicar a metodologia entre as organizações estabelecidas no país. Os autores criaram um banco de dados sobre a evolução histórica da evidenciação de informações socioambientais nos relatórios anuais de 100 das maiores companhias de setores potencialmente poluidores, no período de 1979 a 1991. Por fim, apresentaram um modelo de categorias para análise de

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conteúdo que pudesse ser reaplicado em outras pesquisas. A investigação revelou que há evidências de uma relação entre o porte das companhias e as informações socioambientais divulgadas, assim como o setor e país de origem do capital, variáveis que influenciam a quantidade e qualidade de informações socioambientais que são divulgadas nos relatórios anuais, sejam elas voluntárias ou obrigatórias. Jennifer Ho e Taylor (2007) conduziram um estudo comparativo das informações socioambientais e econômicas divulgadas por empresas americanas e japonesas. Por meio da análise de conteúdo dos relatórios anuais, relatórios socioambientais e websites de uma amostra de 50 companhias, os autores identificaram significativas diferenças entre as práticas de responsabilidade social corporativa nos dois países, atribuídas ao ambiente regulatório, fatores institucionais e cultura local. As ações de responsabilidade socioambiental divulgadas pelas companhias estabelecidas na América Latina foram segregadas entre as categorias de análise em dois grandes grupos: desempenho ambiental e desempenho social.

Desempenho Ambiental

A variável ambiental tem recebido grande atenção e os resultados de muitos estudos revelaram que as companhias que operam em indústrias potencialmente poluidoras são as que mais divulgam esse tipo de informação nos seus relatórios anuais. Novamente as companhias brasileiras são líderes na divulgação de informações sobre o desempenho ambiental das suas atividades, como mostra a Figura 4.56. Em todos os aspectos analisados, verificou-se que as organizações têm envidado esforços para a divulgação dos seus investimentos na área, com destaque para informações sobre a gestão ambiental, certificação e emissões de efluentes líquidos. Também foi grande a participação de companhias de vários setores na divulgação de informações sobre o tema, com destaque para os seguintes: energia elétrica, papel e celulose, siderurgia e metalurgia e petróleo e gás.

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Desempenho Ambiental 500 450 400

350 Argentina 300 Brasil 250 Chile 200 México 150 Peru

Codificação Consolidada 100 50 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 4.56: Desempenho Ambiental Consolidado por país Fonte: Elaboração própria

Observa-se que nos demais países analisados, a divulgação de informações sobre o desempenho ambiental das organizações segue num nível baixo de aderência às diretrizes GRI. Através de uma análise dos desenvolvimentos históricos acerca da gestão socioambiental no Brasil, Schommer e Rocha (2007) dividiram as fases em “três ondas”; a primeira, representada pela era da filantropia, e caracterizada pelas ações sociais realizadas ou apoiadas pelas empresas; a segunda, os autores denominaram investimento social privado, representada pelo repasse de recursos a projetos sociais, porém de maneira mais profissionalizada e menos assistencialista; a terceira onda considera a gestão socialmente responsável relacionada a todas as dimensões do negócio; os stakeholders são envolvidos num relacionamento transparente e responsável que é estabelecido pelas empresas a curto e a longo prazo. No Chile, as discussões sobre responsabilidade social corporativa é muito mais recente do que nos demais países da região. As companhias dos setores de papel e celulose, energia e saneamento deram maior destaque a esta categoria, principalmente para informações sobre certificação e legislação ambiental. De acordo com Aguero (2002), a difusão e o desenvolvimento do discurso socioambiental no país, como ocorre na BSC e no Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, não foi possível até o momento, devido às dificuldades locais, em razão da grande influência política que as associações locais exercem no país. O financiamento de campanhas políticas, além dos reflexos ainda atuais do cenário da

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ditadura são exemplos de forças que influenciam as atividades de responsabilidade social corporativa no Chile. Outras dificuldades dizem respeito às diferenças entre diferentes setores. O setor privado ainda não assumiu a necessidade de melhorar as condições de trabalho e aumentar a participação de todos os seus membros nos processos de tomada de decisão. E soma-se a este cenário, a maior parte das iniciativas de responsabilidade social são desenvolvidas por grandes empresas. (AGUERO, 2002). Somente algumas companhias argentinas dos setores de distribuição de gás e energia divulgaram informações sobre emissões, e tratamento de efluentes nos seus relatórios. Apesar de o México ser a segunda maior economia da América Latina e o terceiro país em número de companhias componentes da amostra, essas ainda dão pouco destaque às informações ambientais nos seus relatórios. Quanto a esta categoria, foram mais frequentes os itens emissões, efluentes e tratamento de efluentes, além de legislação e certificação ambiental; de organizações dos setores de mineração, comércio varejista e petróleo e gás. A responsabilidade social corporativa parece ter avanços limitados no México, sendo promovida com algum avanço por um número reduzido de empresas locais. E há pouco tempo que o tema começou a ser desvinculado de filantropia. Alguns pesquisadores se dedicaram a estudar comparativamente os desenvolvimentos da responsabilidade social corporativa no México e África do Sul (ACUTT, MEDINA-ROSS e O’RIORDAN, 2004) no México e na França (BLASCO e ZØLNER, 2008). Os resultados desses estudos identificaram profundas diferenças culturais que levam a diferentes níveis de desenvolvimento do tema entre o México e os demais países envolvidos nas comparações. O Peru segue com o grupo de companhias que menos enfatizaram informações sobre esta categoria nos seus relatórios, com algum destaque para organizações do setor de mineração. Em seus relatórios, as companhias não divulgam com muita frequência informações sobre o consumo de energia, água e ou projetos para redução do consumo de recursos naturais e esses resultados foram semelhantes aos estudos de Gray, Kouthy e Lavers (1995a e 1995b) junto a companhias inglesas. Considera-se esse aspecto muito importante, tendo em vista a necessidade de controle dos gastos com recursos naturais, cada vez mais escassos e de acordo com a revisão bibliográfica realizada essas informações são esperadas pela sociedade. Tilt (1994) conduziu uma série de entrevistas junto a ONGs australianas e verificou que além da pouca credibilidade, os relatórios sociais das companhias são insuficientes para

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avaliação do desempenho destas. A responsabilidade social deve ser mais extensa e as expectativas da sociedade vão além da divulgação das ações sociais, que deve ocorrer também em suas subsidiárias, com uma legislação padronizada e sistematizada para que a adesão à causa seja mais ampla.

Desempenho Social

Nesta categoria, as companhias brasileiras deram grande destaque às questões trabalhistas e sociais. Entretanto, informações sobre direitos humanos ainda recebem pouca ênfase. Os setores que mais citaram informações sobre esta categoria foram: energia elétrica, siderurgia e metalurgia, petróleo e gás e telecomunicações. Entre os aspectos que receberam maior atenção das companhias, cita-se: emprego, saúde e segurança, treinamento e desenvolvimento profissional dos empregados. O assunto responsabilidade sobre o produto ainda recebe pouca atenção das organizações, que focaram essencialmente as informações sobre o atendimento e relacionamento com clientes. Temas importantes como saúde e segurança dos clientes receberam pouco destaque entre as organizações analisadas. Quanto aos investimentos junto à sociedade, este item foi o mais enfatizado pelas companhias brasileiras, com grandes detalhamentos sobre investimentos em projetos sociais, ambientais, parcerias público-privadas, atividades culturais, esportivas e educacionais. O reconhecimento público e premiações recebidas pelas organizações relacionadas com suas atividades socioambientais recebem grande destaque nos relatórios das companhias brasileiras, cujo objetivo é associar os resultados desses investimentos com sua imagem de socialmente responsável. Observa-se também que os vários rankings e premiações criados por associações empresariais no país têm estimulado essa corrida para estar entre as melhores e maiores companhias quanto a esta temática. No Chile o assunto é enfatizado de forma crescente entre as companhias de capital aberto, principalmente dos setores de papel e celulose, saneamento, energia elétrica e mineração. Os investimentos em saúde e segurança dos empregados, seguido do aspecto emprego estão entre os itens mais citados nos relatórios das organizações chilenas. A aproximação com o público externo é confirmada pelo grande destaque dado aos investimentos junto à sociedade, principalmente as políticas e monitoramento da aplicação desses investimentos em projetos socioambientais.

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As associações empresariais locais também têm incentivado a participação em premiações em âmbito nacional e consequentemente, é grande o número de companhias chilenas que têm dado destaque aos prêmios recebidos relacionados às suas atividades socioambientais junto às comunidades locais. Os resultados dessa categoria no âmbito das companhias argentinas indicam forte participação dos setores de distribuição de gás e telecomunicações, com destaque para os seguintes indicadores sociais: saúde e segurança e treinamento e educação. Da mesma forma que nos outros países, os investimentos junto à sociedade receberam grande destaque nos relatórios das companhias. No México as informações sobre investimentos sociais receberam pouco destaque nos relatórios das companhias. Alguma ênfase foi dada aos aspectos emprego, saúde e segurança, principalmente por organizações dos setores de mineração, bebidas e comércio varejista. Entretanto, o assunto investimentos junto à sociedade foi campeão em relação à extensão de informações divulgadas entre os relatórios analisados, com forte ênfase nos investimentos sociais gerenciados por fundações. O Peru foi novamente o país que menos se destacou nesta categoria. Alguma ênfase foi dada aos investimentos junto à sociedade, por companhias do setor de mineração. A Figura 4.57 apresenta a evolução da divulgação dessas informações por país ao longo do período analisado. Observa-se que o assunto recebe grande atenção entre as companhias brasileiras e nos demais países, o assunto ainda é incipiente, recebendo pouco destaque entre os relatórios analisados.

Desempenho Social 600

500

400 Argentina Brasil 300 Chile 200 México Peru

Codificação Consolidada 100

0 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 4.57: Desempenho Social Consolidado por país Fonte: Elaboração própria

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A ênfase em valores sociais com uma visão positiva das ações das empresas ocorre com maior frequência na divulgação de relatórios para o grande público. Esta conduta é alvo de críticas por parte de muitos pesquisadores, já que as empresas não consideram os aspectos negativos dos seus negócios, principalmente por falta de lei específica. Os resultados da análise de conteúdo dos relatórios anuais de companhias brasileiras e de outros países do setor de papel e celulose, conduzida por Nossa (2002); sugeriram divergências na evidenciação de informações ambientais com relação ao tamanho das empresas, país de origem e o tipo de relatório utilizado, mostrando-se incipiente e frágil, em relação aos níveis de confiabilidade e comparabilidade das informações ambientais divulgadas nos relatórios anuais. Nessa direção, Paiva (2003) argumenta que a divulgação deste tipo de informação por empresas brasileiras ainda é incipiente, ocorre de modo qualitativo principalmente em notas explicativas e no relatório da administração. Para Ferreira, Chagas e Bessa (2005), as informações divulgadas são insatisfatórias, por não incluir dados sobre o sucesso dos investimentos realizados, evolução dos impactos de natureza ambiental sobre os resultados de cada período, além dos passivos ambientais. Por outro lado, o investimento em ações socioambientais contribui para a valorização da imagem corporativa, além de proporcionar ganhos estratégicos para as organizações.

4.6.3 Governança Corporativa

A inserção de companhias latino-americanas no maior mercado financeiro em nível mundial, ainda é bem restrita. Uma das tendências dos modelos de governança corporativa é harmonizar os interesses dos acionistas com os de outros stakeholders , além de ser uma resposta das corporações à força crescente com que se manifestam duas grandes categorias de questões emergentes: as ambientais e as sociais. (ANDRADE e ROSSETTI, 2009). A Figura 4.58 apresenta os resultados consolidados para esta categoria. O Brasil é o país que mais avançou a respeito do tema na América Latina e graças aos seus esforços, também é o país que apresenta o maior número de organizações que dedicam grande espaço a essa temática nos seus relatórios. As companhias dos setores de energia elétrica, telecomunicações e siderurgia e metalurgia foram as que mais destacaram o assunto ao longo do período analisado. Na sequência, as companhias estabelecidas no México também enfatizaram bastante o assunto, com destaque para as organizações dos setores de mineração, comércio varejista e bebidas.

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As companhias argentinas deram pouco destaque ao tema, o que reflete a recente dedicação e esforço do país em prol de uma boa governança corporativa. Companhias dos setores de transporte rodoviário, siderurgia e metalurgia e distribuição de gás foram as que mais enfatizaram o assunto. No caso do Chile, esta categoria também recebeu pouca ênfase, com exceção de algumas empresas dos setores de bebidas, saneamento, papel e celulose e comércio varejista. Por último, as companhias peruanas dos setores de mineração e construção deram algum destaque às informações sobre governança corporativa nos seus relatórios anuais, mas entre os países analisados, o Peru foi o que apresentou menor destaque ao tema.

Governança Corporativa

2009

2008 Peru 2007 México 2006 Chile 2005 Brasil 2004 Argentina

0 50 100 150 Codificação Consolidada

Figura 4.58: Governança Corporativa Consolidado por país Fonte: Elaboração própria

Baseado num estudo sobre a integração da governança corporativa nos relatórios de responsabilidade social divulgados pelas maiores companhias em nível mundial, de acordo com o ranking da Fortune Global ; Kolk e Pinkse (2009) analisaram o conteúdo dos relatórios divulgados por 250 companhias. Os resultados, de acordo com os autores, indicaram que mais da metade dessas organizações divulga uma seção sobre governança corporativa nos seus relatórios e apresentam um link , explícito ou não, dessas informações com temas relacionados com a responsabilidade socioambiental. Foram elencados vários problemas no referencial teórico a respeito dos poucos desenvolvimentos do assunto entre os países latino-americanos. (ANDRADE e ROSSETTI, 2009). Entre esses, as privatizações, concentração patrimonial, grandes grupos, internacionalização e limitações dos mercados de capitais estão entre as principais razões que

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caracterizam o modelo latino-americano de governança corporativa, ainda pouco desenvolvido.

4.6.4 Desempenho Econômico

As informações sobre o desempenho econômico no formato recomendado pelos indicadores GRI foram pouco enfatizadas pelas companhias analisadas. A Figura 4.59 mostra os resultados consolidados para esta categoria por país.

Desempenho Econômico 90 80 70 60 Argentina 50 Brasil 40 Chile 30 México 20 Peru Codificação Consolidada 10 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 4.59: Desempenho Econômico Consolidado por país Fonte: Elaboração própria

Somente os riscos econômicos receberam grande atenção das organizações. Em todos os países, esses riscos se referem principalmente aos relacionados com as atividades das companhias, situação econômica do país e riscos de maior rigor da legislação ambiental. No caso das companhias com operações em outros países, muitas também citaram os riscos econômicos daqueles, com destaque para possíveis problemas com instabilidades econômicas locais. O Brasil segue como o que teve o maior número de companhias a enfatizar o assunto, seguido do México, Argentina, Chile e Peru.

4.6.5 Análise por Setor

Em relação à divulgação de informações socioambientais por setor, verifica-se que na Argentina, o setor que apresentou maior concentração de companhias componentes da

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amostra, o de distribuição de gás natural; foi o que esteve presente entre as categorias estabelecidas para análise, como mostra a Figura 4.60.

Gráfico 4.60: Análise por setor: Argentina Fonte: Elaboração própria

Outros setores que também tiveram destaque entre as informações socioambientais divulgadas pelas companhias argentinas foram: energia elétrica e petróleo e gás. No caso das companhias estabelecidas no Peru, somente as organizações do setor de mineração deram grande ênfase ao tema desta pesquisa. A Figura 4.61 apresenta os resultados consolidados da divulgação por setor no país.

Gráfico 4.61: Análise por setor: Peru Fonte: Elaboração própria

Também receberam algum destaque organizações peruanas dos setores de energia elétrica e bebidas. No caso do Chile, ocorreu uma variação média, entre companhias de quatro setores: papel e celulose, bebidas, mineração e energia elétrica. Talvez por apresentar maior

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diversidade de setores na amostra selecionada, de acordo com a Figura 4.62, observa-se que a distribuição de informações socioambientais das companhias chilenas não foi predominante no setor com maior concentração de empresas, ou seja, o de energia elétrica.

Gráfico 4.62: Análise por setor: Chile Fonte: Elaboração própria

Os setores que representam o Brasil, além da maior quantidade de companhias componentes da amostra e distribuição dessas entre os setores analisados, foram os que apresentaram maiores variações entre os resultados por setor, como mostra a Figura 4.63.

Gráfico 4.63: Análise por setor: Brasil Fonte: Elaboração própria

Verifica-se que companhias brasileiras dos setores de energia elétrica, siderurgia e metalurgia, papel e celulose e telecomunicações foram as que mais divulgaram informações sobre as categorias analisadas. No México também ocorreu grande variação entre companhias dos seguintes setores: mineração, comércio varejista, bebidas e alimentos, como mostra a Figura 4.64.

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Gráfico 4.64: Análise por setor: México Fonte: Elaboração própria

Verificou-se que nenhuma das companhias estabelecidas na América Latina apresentou um alto nível de aderência às diretrizes voluntárias de divulgação de informações socioambientais. Considerando as diferenças entre os países selecionados e o destaque dado a esses no referencial teórico; verifica-se que o desenvolvimento econômico, social, o avanço de iniciativas voluntárias de associações empresariais, como também de pronunciamentos de órgãos internacionais, estão entre as motivações para que as companhias tenham maior ou menor nível de divulgação de informações socioambientais nos seus relatórios. Todas as companhias analisadas são de grande porte, fazem parte do ranking das maiores organizações de cada país analisado, como também da América Latina.

4.6.6 Iniciativas Voluntárias e Obrigatórias de Divulgação

Observa-se que a utilização das diretrizes GRI entre as companhias latino-americanas ainda é muito reduzida. A maioria dessas organizações utiliza parcialmente as diretrizes recomendadas. O número de empresas latino-americanas que aderiram oficialmente ao Pacto Global é expressivo, mas são necessários mecanismos de controle e verificação da transformação do discurso à prática efetiva dos princípios apregoados pela ONU. É grande a quantidade de empresas certificadas pela norma ISO 14001 nas principais economias latino-americanas: Brasil, Argentina, México, Chile e Colômbia, que detêm mais de 70% do PIB da região.

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Desde a sua criação, o Instituto Ethos tem recebido grande aceitação e atualmente é considerado uma das principais referências sobre o tema no Brasil, com ações voltadas para o meio empresarial, promove cursos, palestras, seminários e diretrizes para que os temas relacionados à responsabilidade social sejam incluídos nos processos decisórios das organizações. Outro aspecto importante é o crescente número de países latino-americanos que adaptaram os indicadores do Instituto Ethos à realidade dos seus países. A Argentina foi o primeiro país a traduzir os indicadores para o espanhol, facilitando a tarefa para os demais. Assim, os indicadores são um instrumento de auto-avaliação da gestão socialmente responsável de seus associados. (LOUETTE, 2007). O IBASE deve ser destacado como uma iniciativa de sucesso na difusão em nível nacional de um modelo de balanço social no Brasil. Quanto às diretrizes obrigatórias de divulgação socioambiental, há poucas, dizem respeito principalmente aos riscos ambientais, critérios de mensuração e estimativas de gastos futuros com recuperação ambiental e são mais comuns nos países desenvolvidos, como apresentado no Quadro 2.6, um resumo dos principais requerimentos legais a respeito da questão. O termo sustentabilidade, no caso das empresas, parece ter ficado banalizado antes mesmo de ter sido, de fato, absorvido e passado a fazer parte das decisões estratégicas e das operações. Existe um claro descompasso no discurso com relação ao efetivo alinhamento das empresas com a sustentabilidade. Na maioria das vezes os feitos são bem menores do que o alardeado, caracterizando o chamado greenwashing. Podem ser identificados vários motivos para o baixo alinhamento com a sustentabilidade, como a dificuldade para quantificar-se as ações de natureza socioambiental e seus impactos - muitas vezes são intangíveis e/ou não são passíveis de ter um custo (ou benefício) financeiro atribuído. (BRANDÃO, 2009). Apesar das críticas, as companhias seguem firmes com o propósito de desenvolver e aprimorar cada vez mais os seus relatórios, voltando-se para questões socioambientais. Iniciativas de várias áreas têm sido cada vez mais aperfeiçoadas e buscadas pelo meio empresarial, como é o caso de carteiras diferenciadas em bolsas de valores, voltadas para a temática sustentabilidade. A revisão de estudos anteriores que buscaram analisar e sistematizar a produção acadêmica sobre a divulgação de informações socioambientais via relatórios apontam o grande interesse de pesquisadores pelo tema, que tem aumentado continuamente. Pesquisadores de diversos países têm disponibilizado os resultados de investigações

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empíricas, geralmente com foco na comparação entre informações divulgadas em relatórios socioambientais de companhias do mesmo setor, do mesmo país ou estudos comparativos, entre companhias, setores, países e regiões. A técnica de pesquisa análise de conteúdo tem se firmado como uma das ferramentas metodológicas mais utilizadas nessas investigações.

4.6.7 Considerações Sobre as Hipóteses e Questões da Pesquisa

H1: Os itens constantes nos relatórios socioambientais divulgados voluntariamente pelas empresas estão direcionados para questões de interesse dos grupos de stakeholders.

Embora o desenvolvimento teórico deste estudo tenha enfatizado a importância e interesse de várias partes, os relatórios de sustentabilidade, em sua maioria, são elaborados sem a participação ou avaliação dos stakeholders . A categoria diálogo com stakeholders recebeu pouco destaque entre os relatórios das companhias latino-americanas. Entretanto, observou-se que vários grupos de stakeholders são considerados os mais importantes para as organizações: empregados, acionistas, governo, ONGs, comunidade que vive no entorno dos empreendimentos, clientes e fornecedores. Além disso, muitos temas relacionados com os interesses desses foram abordados de forma intensiva nos relatórios de diversas companhias que fizeram parte das análises. Verifica-se, então, que os itens constantes nos relatórios socioambientais divulgados voluntariamente pelas empresas estão direcionados para questões de interesse dos grupos de stakeholders.

H2 : As empresas oriundas de outros países são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental.

No âmbito das companhias de capital aberto que exercem atividades na América Latina, observou-se que as companhias locais, oriundas do Brasil e do México têm maior nível de aderência às diretrizes voluntárias de informações socioambientais. Nos demais países, Argentina, Chile e Peru, há grande concentração de companhias multinacionais e essas foram as que apresentaram maior nível de aderência às diretrizes socioambientais. Dessa forma, não é possível afirmar que as empresas oriundas de outros países são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental.

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H3: As empresas de setores potencialmente poluidores são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental.

Para verificação desta hipótese, foram analisadas as companhias componentes da amostra selecionadas para o estudo e a relação dessas que exercem atividades potencialmente poluidoras, de acordo com a classificação estabelecida pelo IBAMA, apresentada no Anexo B. No caso da Argentina, a maior parte das companhias selecionadas são classificadas entre setores potencialmente poluidores, com exceção dos seguintes: agricultura, imobiliário e telecomunicações. Quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental, as companhias argentinas do setor de distribuição de gás foram as que mais se destacaram. Entre as companhias brasileiras que compuseram a amostra de estudo, somente os seguintes setores não estão entre os classificados como potencialmente poluidores: comércio varejista, locação de veículos, serviços de apoio a empresas, serviços médicos e telecomunicações. Apesar de boa parte das companhias que compuseram a amostra estar entre os setores potencialmente poluidores, o país apresentou maior concentração de organizações do setor de energia elétrica, mas deve ser ponderado o fato de essas organizações serem obrigadas por lei específica a disponibilizarem um relatório que destaca investimentos socioambientais. Ainda sobre o Brasil, há várias companhias que são únicas representantes dos seus setores, como é caso dos setores de cosméticos, indústria da aviação, de cigarros, mineração, transportes rodoviário e ferroviário. São organizações de grande porte, multinacionais locais ou não, com ações cotadas em várias bolsas de valores. Além disso, grande parte das companhias brasileiras de vários setores, como de siderurgia e metalurgia, alimentos, infraestrutura, construção, comércio, água e saneamento e também papel e celulose, são grandes conglomerados regionais. Em franca expansão pelos países vizinhos, além de outras regiões e; por se tratar de setores potencialmente poluidores, apresentaram consideráveis destaques às informações socioambientais nos seus relatórios. A amostra selecionada de companhias estabelecidas no Chile também apresentou grande diversidade entre os setores, não sendo classificados como potencialmente poluidores, os seguintes: agricultura, pecuária e pesca, comércio varejista, imobiliário, serviços médicos e telecomunicações. Entre os setores classificados como potencialmente poluidores, verificou- se que a divulgação socioambiental com maior nível de aderência entre companhias dos seguintes: setores de papel e celulose, bebidas, mineração e energia elétrica.

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No caso das companhias estabelecidas no México, o nível de aderência às diretrizes socioambientais foi maior entre companhias dos seguintes setores: mineração, comércio varejista, bebidas e alimentos. Apesar da grande diversidade de setores de classificação da amostra selecionada neste estudo, observou-se que grande parte destes são potencialmente poluidores, além de concentrarem maior número de organizações selecionadas para esta investigação. Dessa forma, verificou-se que as empresas de setores potencialmente poluidores são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental.

Quanto às questões da pesquisa

As empresas que disponibilizam relatórios socioambientais os direcionam para vários grupos de stakeholders , entre primários e secundários: acionistas, funcionários, clientes, fornecedores e comunidades que vivem no entorno das organizações. As empresas oriundas de outros países são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental. É o caso de multinacionais estabelecidas na Argentina, no Chile e no Peru. As companhias locais estabelecidas no Brasil e no México têm uma dinâmica própria, tendo em vista que a maior parte das organizações desses países que compuseram a amostra são organizações nacionais. As empresas de setores potencialmente poluidores são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental. Os setores de energia elétrica, petróleo e gás, água e saneamento, papel e celulose, mineração, siderurgia e metalurgia, química e petroquímica, entre outros, também potencialmente poluidores; são altamente regulamentados e devem cumprir uma legislação ambiental rigorosa, que em muitos países latino-americanos, exige estudos de impacto ambiental e outros relatórios para obtenção de licença para operar.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta investigação teve como objetivo analisar comparativamente as informações socioambientais divulgadas voluntariamente por companhias latino-americanas estabelecidas nos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, México e Peru. Foram utilizadas as diretrizes voluntárias da Global Reporting Initiative como escopo para analisar o conteúdo dos relatórios anuais, relatórios de sustentabilidade e Formulários 20F, disponibilizados pelas organizações, nos seus websites ou nas bolsas de valores em que negociam suas ações. Os Formulários 20F são específicos das organizações que não são americanas ou canadenses, mas têm suas ações cotadas na bolsa de valores de Nova Iorque. Para responder ao problema, foi efetuada uma análise de conteúdo das informações socioambientais divulgadas por uma amostra de 226 organizações, ao longo do período de 2004 a 2009, segregadas por país, empresa, setor e ano. A maioria das companhias de capital aberto não disponibiliza informações socioambientais nos seus relatórios anuais ou em relatórios específicos sobre o tema. No âmbito das multinacionais que operam na América Latina e que foram selecionadas para este estudo, percebeu-se maior concentração dessas na Argentina, Chile e Peru. Entre esses países, as multinacionais foram as que mais divulgaram informações socioambientais nos relatórios analisados. Entre os países latino-americanos, verificou-se que o nível de aderência às diretrizes voluntárias de divulgação de informações socioambientais é baixo. As companhias estabelecidas no Brasil são as que têm maior e melhor nível de aderência a tais diretrizes. O referencial teórico indicou as várias influências históricas que contribuíram para esse resultado, como a organização e adesão do setor empresarial à questão socioambiental, além do apoio de ONGs que se especializaram em difundir o tema. O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, além de outras entidades, como IBASE e GIFE, exerceram e exercem papel fundamental na difusão e profissionalização dessas ações entre as companhias brasileiras. Nos demais países, o assunto ainda é incipiente, apesar de haver várias instituições locais voltadas para a participação empresarial na elaboração e divulgação de relatórios, que começaram a ser divulgados há poucos anos. Observou-se também que, até o momento, há poucos trabalhos acadêmicos amplamente difundidos em bases de dados acadêmicas internacionais que destacam a evolução do tema entre os países latino-americanos.

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Verificou-se que não há grande participação dos stakeholders na elaboração dos relatórios socioambientais divulgados pelas organizações analisadas, tendo em vista que esses não são citados como agentes consultados na elaboração ou avaliação dos relatórios de sustentabilidade. Entre as diferenças identificadas no nível de divulgação socioambiental por setor, verificou-se que há grande dispersão em todos os países, com exceção do Brasil. O país tem uma significativa concentração de companhias do setor de energia elétrica, que além de darem grande destaque às informações sobre o tema nos seus relatórios, trata-se do único setor que, por ser regulamentado por órgão específico, é obrigado a disponibilizar um relatório que deve conter informações socioambientais. As companhias que compuseram a amostra deste trabalho estão entre as de maior porte dos seus respectivos países. Entretanto, observou-se maior concentração de companhias multinacionais oriundas de países europeus ou dos Estados Unidos, que operam na Argentina, no Chile e no Peru. Verificou-se que essas organizações foram as que mais destacaram o tema desta pesquisa em seus relatórios nestes países. No Brasil e no México, a indústria local exerce papel importante na difusão e criação de sua maneira própria de elaborar ações socioambientais, bem como, divulgá-las em relatórios específicos. Ainda sobre o Brasil, algumas ponderações foram feitas em relação a situações especiais que ocorreram entre companhias estabelecidas no país. Além de serem grandes conglomerados, em muitos casos, únicas representantes dos seus setores, apresentaram grandes níveis de divulgação de informações socioambientais ao longo do período analisado. Quanto à evolução e forma de divulgação de informações socioambientais, tem-se o relatório anual como o principal canal utilizado pelas companhias para destacar tais informações, seguido do relatório de sustentabilidade, divulgado como parte do relatório anual, ou como uma publicação específica. A verificação das hipóteses permitiu a confirmação das seguintes: Os itens constantes nos relatórios socioambientais divulgados voluntariamente pelas empresas estão direcionados para questões de interesse dos grupos de stakeholders . É possível afirmar que as empresas de setores potencialmente poluidores são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental. Não é possível afirmar que as empresas oriundas de outros países são as que mais se destacam quanto ao nível de aderência às diretrizes de divulgação socioambiental.

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Limitações e recomendações para futuras investigações

Em primeiro lugar, a análise de conteúdo é um método extremamente subjetivo e o principal viés decorre da visão individual da pesquisadora, ao decidir sobre a codificação, ao classificar cada sentença em dada categoria ou item pré-estabelecido. Recomenda-se para futuros trabalhos a utilização de outros métodos de pesquisa em conjunto com a análise de conteúdo, como a condução de entrevistas ou survey , para minimização do problema com a subjetividade na análise dos dados. Outra limitação diz respeito à análise somente de informações textuais. Atualmente, há um crescente foco em discussões sobre as imagens contidas nos relatórios anuais e relatórios de sustentabilidade. Assim, recomenda-se para futuros estudos a análise dessa forma de comunicação das organizações para com os seus diversos públicos, quanto às mensagens que tentam transmitir sobre suas ações de responsabilidade socioambiental. Trabalhou-se somente com sociedades anônimas de capital aberto. Como o mercado financeiro dos países latino-americanos não é muito expressivo em relação ao número de companhias a ter suas ações negociadas em bolsas de valores, os resultados da pesquisa dizem respeito somente àquelas organizações. Assim, recomenda-se para futuros estudos a condução de pesquisas sobre o tema no âmbito das sociedades anônimas de capital fechado e sociedades por cotas de responsabilidade limitada que também podem disponibilizar voluntariamente relatórios de sustentabilidade nos seus websites . Entre as companhias de capital aberto objeto desta investigação, muitas delas não tinham relatórios de sustentabilidade disponíveis nos seus websites no período de coleta de dados. É possível que grande parte dessas companhias mantenha programas socioambientais administrados internamente, mas não têm divulgado tais ações via relatórios. Futuros estudos poderiam investigar os fatores determinantes da divulgação voluntária ou não dessas informações via relatórios. A teoria da legitimidade é usada para explicar a evidenciação de informações socioambientais nos relatórios anuais das companhias. E argumenta que desde que as organizações operem dentro da sociedade, a evidenciação socioambiental voluntária legitima sua gestão e prevê sanções sociais e governamentais. O método de pesquisa utilizado nesta investigação não admite inferências que sustentem argumentações sobre a teoria da legitimidade no âmbito da América Latina. Recomenda-se para futuros estudos a utilização de outras metodologias que viabilizem testes sobre o suporte ou não da teoria da legitimidade entre as companhias da região.

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O número de companhias latino-americanas a utilizar as diretrizes GRI é relativamente baixo e poucas foram incluídas neste estudo. Recomenda-se estudos específicos sobre as companhias latino-americanas que informam à GRI a adequação dos seus relatórios às diretrizes por aquele órgão recomendadas. É significativa a adesão de companhias latino-americanas ao Pacto Global e dessa forma, futuros estudos poderiam ser conduzidos junto aos gestores dessas organizações para avaliação da difusão interna e externa dos princípios do Pacto Global entre os diversos agentes, que mantêm relações com as organizações. O número de companhias latino-americanas certificadas pela Social AccontAbility é baixo e este é outro assunto que poderia ser explorado em futuras pesquisas, com o objetivo de verificar as razões que levam ao pouco interesse por essa certificação. É significativo o número de companhias latino-americanas certificadas pela ISO 14.001. Futuras investigações poderiam explorar as motivações das organizações para a certificação pela norma. Futuras pesquisas sobre as demandas dos stakeholders internos e externos, também poderiam ser conduzidas, pois os seus resultados podem ter importantes revelações sobre como as companhias respondem às pressões de várias partes interessadas. Estudos sobre o impacto das pressões de stakeholders sobre outras dimensões da responsabilidade social corporativa podem beneficiar a identificação da natureza das demandas dos stakeholders e como esses afetam a conduta socioambiental das organizações. Os relatórios de sustentabilidade são divulgados voluntariamente pelas organizações e por isso, há muitas críticas quanto ao problema da falta de transparência desses relatórios. Poderiam ser investigadas outras formas de aumentar a transparência desses, além da auditoria independente, a participação dos stakeholders na avaliação desses relatórios poderia ser ampliada. Futuros estudos poderiam propor modelos de avaliação da transparência dos relatórios de sustentabilidade. Outros temas poderiam ser abordados em futuras investigações e cita-se, por exemplo, os seguintes: A opinião dos gestores das organizações e grupos de stakeholders a respeito da obrigatoriedade e periodicidade na divulgação de relatórios socioambientais, tendo em vista que o assunto ainda traz grandes divergências entre profissionais, acadêmicos, gestores e órgãos governamentais. Investigações comparativas sobre o nível de conhecimento a respeito de questões socioambientais entre os consumidores de diferentes países latino-americanos.

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Por fim, estudos que se aprofundem no grande interesse das organizações para elaboração e divulgação de relatórios socioambientais, participações em rankings e recebimento de prêmios por atuações ligadas ao tema. As investigações sobre a posição do Estado e organizações do terceiro setor poderiam contribuir para o debate sobre o desenvolvimento do assunto na América Latina. Vale ressaltar que o objetivo das recomendações aqui elencadas é a contribuição para o desenvolvimento do tema entre os acadêmicos e profissionais da área de administração, com vistas ao desenvolvimento de práticas de gestão coerentes com os objetivos do desenvolvimento sustentável; dentre eles a comunicação transparente e a prestação de contas aos diferentes grupos de interesse da organização.

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285

ANEXO A– COMPANHIAS LATINO-AMERICANAS DE CAPITAL ABERTO

NOME PAÍS SETOR BOLSA WEBSITE Acindar-Industria Argentina de

1 Aceros Sociedad Anónima Argentina Siderur & Metalur BCBA www.acindar.com.ar

2 Aeropuertos Argentina 2000 S.A. Argentina Transporte Serviç BCBA www.aa2000.com.ar Agrometal Sociedad Anónima

3 Industrial Argentina Máquinas Indust BCBA www.agrometal.com Alpargatas Sociedad Anónima

4 Industrial y Comercial Argentina Textil BCBA www.alpargatas.com.ar Alto Palermo Sociedad Anónima

5 (APSA) Argentina Outros NASDAQ www.altopalermo.com.ar Aluminio Argentino Sociedad

6 Anónima Industrial y Comercial Argentina Siderur & Metalur BCBA www.aluar.com.ar Angel Estrada y Compañia Sociedad

7 Anónima Argentina Papel e Celulose BCBA www.estrada.com.ar Arcor Sociedad Anónima, Industrial

8 y Comercial Argentina Alimentos e Beb BCBA www.arcor.com.ar Autopistas del Sol Sociedad

9 Anónima Argentina Transporte Serviç BCBA www.ausol.com.ar+I13

10 Boldt Gaming Sociedad Anónima Argentina Outros BCBA www.boldt.com.ar Camuzzi Gas Pampeana Sociedad

11 Anónima Argentina Petróleo e Gas BCBA www.bn.com.ar

12 Capex Sociedad Anónima Argentina Energía Elétrica BCBA www.capex.com.ar Caputo Sociedad Anónima,

13 Comercial y Financiera Argentina Construção BCBA www.caputosa.com.ar

14 Carboclor Sociedad Anónima Argentina Petróleo e Gas BCBA www.carboclor.ar

15 Carlos Casado Sociedad Anónima Argentina Agro e Pesca BCBA www.ccasado.ar Celulosa Argentina Sociedad 16 Anónima Argentina Papel e Celulose BCBA www.celulosa.com

17 Central Puerto Sociedad Anónima Argentina Energía Elétrica BCBA www.centralpuerto.com Cerámica San Lorenzo Industrial y

18 Comercial Sociedad Anónima Argentina Minerais não Met BCBA www.csl.com.ar Colorin Industria de Materiales

19 Sinteticos Sociedad Anónima Argentina Química BCBA www.colorin.com Compañia de Transporte de Energía Eléctrica en Alta Tension-

20 S.A. Argentina Energía Elétrica BCBA www.transener.com.ar Compañia Della Penna Sociedad

21 Anónima Comercial e Industrial Argentina Papel e Celulose BCBA www.dellapenna.com.ar

22 Compañía Industrial Cervecera S.A. Argentina Alimentos e Beb BCBA www.cic.ar Compañia Introductora de Buenos

23 Aires, Sociedad Anónima Argentina Minerais não Met BCBA www.inductora.ar 24 Consultatio Sociedad Anónima Argentina Construção BCBA www.consultatio.com

25 Colorín Pinturas Argentina Química BCBA www.colorin.com.ar Cresud Sociedad Anónima Comercial Inmobiliaria Financiera y 26 Agropecuaria Argentina Agro e Pesca NASDAQ www.cresud.com.ar Distribuidora Gas Cuyana Sociedad

27 Anónima Argentina Petróleo e Gas BCBA www.gcuyana.ar Domec Compañia de Artefactos

28 Dom., S. A., Ind., Com. y Financ. Argentina Eletroeletrônicos BCBA www.domec.com.ar

29 Dycasa Sociedad Anónima Argentina Construção BCBA www.dycasa.com

30 Empresa Distribuidora Sur S.A. Argentina Energía Elétrica BCBA www.edesur.com.ar Empresa Distribuidora Eléctrica

31 Regional Sociedad Anónima Argentina Outros BCBA www.ede.ar Empresa Distribuidora y 32 Comercializadora Norte S.A. Argentina Energía Elétrica BCBA www..com.ar

33 Endesa Costanera Sociedad Anónima Argentina Energía Elétrica BCBA www.endesa.ar Ferrum Sociedad Anónima de

34 Cerámica y Metalurgia Argentina Outros BCBA www.ferrum.com.ar

35 Fiplasto Sociedad Anónima Argentina Outros BCBA www.fiplasto.com.ar

286

36 Garcia Reguera S.A.C.I.F.E.I Argentina Comércio BCBA www.gr.ar Garovaglio & Zorraquin Sociedad

37 Anónima Argentina Química BCBA www.gz.ar Gas Natural BAN, Sociedad 38 Anónima Argentina Petróleo e Gas BCBA www.gasnatural.com

39 Graffex S.A. Argentina Química BCBA www.grafex.com.ar

40 Grimoldi Sociedad Anónima Argentina Textil BCBA www.grimoldi.com.ar Grupo Concesionario del Oeste

41 Sociedad Anónima. Argentina Transporte Serviç BCBA www.auoeste.com.ar

42 Grupo Estrella Sociedad Anónima Argentina Química BCBA www.quimicaestrella.com.ar

43 Industria Textil Argentina S.A. Argentina Textil BCBA www.inta-textil.com Instituto Rosenbusch Sociedad Anónima de Biología Experimental 44 Agropecuaria Argentina Química BCBA www.rosenbusch.com IRSA Inversiones y

45 Representaciones Sociedad Anónima Argentina Outros NYSE www.irsa.com 46 Juan Minetti Sociedad Anónima Argentina Minerais não Met BCBA www.juanminetti.com.ar Ledesma Sociedad Anónima,

47 Agrícola Industrial Argentina Agro e Pesca BCBA www.ledesma.com.ar

48 Loma Negra C.I.A.S.A. Argentina Minerais não Met N.A. www.lomanegra.com 49 Longvie Sociedad Anónima Argentina Eletroeletrônicos BCBA www.longvie.com

50 Massuh Sociedad Anónima Argentina Papel e Celulose BCBA www.papeleramassuh.com.ar 51 Mercado Libre punto com Argentina Comércio NASDAQ www.mercadolibre.com

52 MetroGas Sociedad Anónima Argentina Petróleo e Gas NYSE www.metrogas.com.ar

53 Metrovias Sociedad Anónima Argentina Transporte Serviç BCBA www.metrovias.com.ar Mirgor S. A. Comercial, Industrial, Financiera, Inmobiliaria,

54 Agropecuaria Argentina Veiculos e peças BCBA www.mirgor.com.ar Molinos Juan Semino Sociedad

55 Anónima Argentina Agro e Pesca BCBA www.semino.com.ar Molinos Rio de la Plata Sociedad

56 Anónima Argentina Alimentos e Beb BCBA www.molinos.com.ar Morixe Hermanos Sociedad

57 Anónima Comercial e Industrial Argentina Alimentos e Beb BCBA www.morixe.com.ar

58 Pampa Energía Sociedad Anónima Argentina Energía Elétrica BCBA www.pampa.com.ar

59 Petrobrás Energía Sociedad Anónima Argentina Petróleo e Gas BCBA www.pecom.com,ar

60 Quickfood Sociedad Anónima Argentina Alimentos e Beb BCBA www.quickfood.com.ar

61 Rigolleau Sociedad Anónima Argentina Minerais não Met BCBA www.rigolleau.com.ar S.A.San Miguel, Agrícola, Ganadera, Indust, Comercial, Inmobiliaria y

62 Financiera Argentina Agro e Pesca BCBA www.sa-sanmiguel.com Siderar Sociedad Anónima Industrial

63 y Comercial Argentina Siderur & Metalur BCBA www.siderar.com.ar Sniafa Sociedad Anónima Industrial

64 Comercial e Inmobiliaria Argentina Textil BCBA www.sniafa-arg.com.ar Sociedad Anónima Importadora y

65 Exportadora de la Patagonia Argentina Comércio BCBA www.laanonima.com.ar Socotherm Americas Sociedad

66 Anónima Argentina Siderur & Metalur BCBA www.socothermamericas.com.ar Solvay Indupa Sociedad Anónima 67 Industrial Comercial Argentina Química BCBA www.solvay.com Sociedad

68 Anónima. Argentina Telecomunicações NYSE www.telecom.com.ar Telefónica Móviles Argentina

69 Sociedad Anónima Argentina Telecomunicações N.A. www.movistar.com.ar Telefónica de Argentina Sociedad 70 Anónima Argentina Telecomunicações BCBA www.telefonica.com.ar

71 Sociedad Anónima Argentina Siderur & Metalur BMV www.dst.com Transportadora de Gas del Norte

72 S.A. Argentina Petróleo e Gas BCBA www.tgn.com.ar Transportadora de Gas del Sur

73 Sociedad Anónima Argentina Petróleo e Gas BCBA www.tgs.com.ar

74 YPF Sociedad Anónima Argentina Petróleo e Gas NYSE www..com.ar

287

- Abyara Planejamento Imobiliário

1 S.A. Brasil Construção Bovespa www.abyara.com.br

2 Aços Villares SA Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.villares.com.br

3 Açúcar Guarani S/A Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.acucarguarani.com.br

4 Aes Elpa S/A Brasil Energia Elétrica Bovespa www.eletropaulo.com.br Aes Sul Distrib. Gaucha de Energia

5 S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.aessul.com.br

6 Aes Tiete S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.aestiete.com.br Afluente Geração e Transm de Energ

7 Elet Brasil Energia Elétrica Bovespa www.afluente.com.br Agra Empreendimentos Imobiliários

8 S.A. Brasil Construção Bovespa www.agra.com.br

9 All - América Latina Logística S.A. Brasil Transporte Serviç Bovespa www.all-logistica.com 10 American Banknote S.A. Brasil Outros Bovespa www.abnc.com.br

11 Amil Participações S/A Brasil Outros Bovespa www.amil.com.br

12 Ampla Energia e Serviços S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.ampla.com

13 Andrade Gutierrez Concessões S.A. Brasil Transporte Serviç Bovespa www.agsa.com.br 14 Angra Incorporadora S.A. Brasil Construção Bovespa www.angraincorporadora.com.br Anhanguera Educacional

15 Participações S.A. Brasil Outros Bovespa www.anhanguera.com.br

16 Aracruz Celulose SA Brasil Papel e Celulose Bovespa www.aracruz.com.br

17 Arthur Lange SA Ind. e Com Brasil Outros Bovespa www.arthurlange.com.br

18 Azevedo & Travassos SA Brasil Construção Bovespa www.azevedotravassos.com.br

19 B2w Companhia Global do Varejo Brasil Comércio Bovespa www.b2wglobal.com.br

20 Bardella SA Inds Mecânicas Brasil Máquinas Indust Bovespa www.bardella.com.br

21 Battistella Adm e Partic SA - Apaba Brasil Comércio Bovespa www.battistella.com.br/

22 Baumer SA Brasil Outros Bovespa www.baumer.com.br Bematech Ind. e Com. de Equip.

23 Elet. S.A. Brasil Eletroeletrônicos Bovespa www.bematech.com.br

24 Bicicletas Caloi SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.caloi.com.br

25 Bicicletas Monark SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.monark.com.br

26 Biomm S.A. Brasil Outros Bovespa www.biomm.com

27 Bombril SA Brasil Química Bovespa www.bombril.com.br

28 Botucatu Têxtil S/A Brasil Têxtil Bovespa www.staroup.com.br

29 Br Malls Participações S/A Brasil Outros Bovespa www.brmalls.com.br 30 BR Properties S/A Brasil Construção Bovespa www.brproperties.com.br

31 Brascan Residential Properties S.A. Brasil Construção Bovespa www.brascan.com.br

32 Brasil Brokers Participações S/A Brasil Outros Bovespa www.brasilbrokers.com.br Brasil Ecod Ind. Com Biocomb

33 Oleos Veg SA Brasil Outros Bovespa www.brasilecodiesel.com.br 34 Brasil Telecom Participações S.A. Brasil Telecomunicações Bovespa www.brasiltelecom.com.br Brasilagro Cia Bras Propriedades

35 Agricol Brasil Agro e Pesca Bovespa www.brasil-agro.com

36 Braskem S.A. Brasil Química NYSE www.braskem.com.br

37 Brasmotor SA Brasil Eletroeletrônicos Bovespa www.brasmotor.com.br

38 Buettner S/A - Indústria e Comercio Brasil Têxtil Bovespa www.buettner.com.br

39 Café Solúvel Brasília SA Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.csoluvel.com.br Camargo Correa Desenv. Imobiliário

40 S.A. Brasil Construção Bovespa www.camargocorreia-ccdi.com.br 41 Cambuci SA Brasil Têxtil Bovespa www.cambuci.com.br

42 Caraíba Metais SA Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.paranapanema.com.br/caraiba/

43 Celm Cia Equip Labs Modernos Brasil Outros Bovespa www.celm.com.br

44 Celulose Irani SA Brasil Papel e Celulose Bovespa www.irani.com.br Centennial Asset Corumba

45 Participações Mineração S/A Brasil Mineração Bovespa www.ebx.com.br

46 Centrais Elet Brasileiras SA Brasil Energia Elétrica Bovespa www.eletrobras.gov.br

288

Centrais Elétricas de Santa Catarina

47 S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.celesc.com.br Centrais Elétricas do Para S.A. -

48 Celpa Brasil Energia Elétrica Bovespa www.gruporede.com.br Centrais Elétricas Matogrossenses 49 S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.cemat.com.br

50 Cerâmica Chiarelli SA Brasil Minerais não Met Bovespa www.chiarelli.com.br Cesp - Companhia Energética de São

51 Paulo Brasil Energia Elétrica Bovespa www.cesp.com.br

52 Cia Bandeirantes Arms Gerais Brasil Outros Bovespa www.bandeirante.com.br Cia Bras. Desenv. Imobiliário

53 Turístico Brasil Outros Bovespa www.investtur.com

54 Cia Cacique Café Solúvel Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.cafepele.com.br Cia Cat. de Águas e Saneamento -

55 Casan Brasil Outros Bovespa www.casan.com.br

56 Cia Eletricidade da Bahia Brasil Energia Elétrica Bovespa www.coelba.com.br

57 Cia Energ de Brasília Brasil Energia Elétrica Bovespa www.ceb.com.br 58 Cia Energ de Pernambuco Brasil Energia Elétrica Bovespa www.celpe.com.br 59 Cia Energ Minas Gerais - Cemig Brasil Energia Elétrica NYSE www.cemig.com.br Cia Energética do Rio Grande do

60 Norte Brasil Energia Elétrica Bovespa www.cosern.com.br Cia Est de Dist de Energia Eletr.

61 Ceee-D Brasil Energia Elétrica Bovespa www.ceee.com.br

62 Cia Ferro Ligas Bahia Ferbasa Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.ferbasanet.com.br

63 Cia Hering Brasil Têxtil Bovespa www.hering.com.br

64 Cia Indl Schlosser SA Brasil Têxtil Bovespa www.schlosser.com.br Cia Saneamento Básico Estado São 65 Paulo Brasil Outros NYSE www.sabesp.com.br Finanças e

66 Cia Seguros Minas Brasil Brasil Seguros Bovespa www.minasbrasil.com.br Cia Tecidos Norte de Minas -

67 Coteminas Brasil Têxtil Bovespa www.coteminas.com.br

68 Cia Têxtil Ferreira Guimarães Brasil Têxtil Bovespa www.ferreiraguimaraes.com.br 69 Cia Vale do Rio Doce Brasil Mineração Bovespa www.cvrd.com.br Cia. de Fiação e Tecidos Cedro

70 Cachoeira Brasil Têxtil Bovespa www.cedro.ind.br 71 Cia. de Saneamento de Minas Gerais Brasil Outros Bovespa www.copasa.com.br Cia. de Saneamento do Paraná - 72 Sanepar Brasil Outros Bovespa www.sanepar.com.br Cia. Distrib. de Gás do Rio de

73 Janeiro Brasil Petróleo e Gás Bovespa www.ceg.com.br

74 Cia. Iguaçu de Café Solúvel Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.iguacu.com.br

75 Cia. Paranaense de Energia - Copel Brasil Energia Elétrica NYSE www.copel.com

76 Cimob Participações S/A Brasil Construção Bovespa www.cimob.com.br

77 Cobrasma SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.cobrasma.com.br Companhia Brasileira de

78 Distribuição Brasil Comércio Bovespa www.paodeacucar.com.br Companhia de Bebidas Das 79 Americas-Ambev Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.ambev.com.br Companhia de Concessões

80 Rodoviárias Brasil Transporte Serviç Bovespa www.ccrnet.com.br Companhia de Gás de São Paulo -

81 Comgás Brasil Petróleo e Gás Bovespa www.comgas.com.br Companhia de Seguros Aliança da Finanças e

82 Bahia Brasil Seguros Bovespa www.alba.com.br Companhia Energética do Ceara -

83 Coelce Brasil Energia Elétrica Bovespa www.coelce.com.br Companhia Energética do Maranhão

84 - Cemar Brasil Energia Elétrica Bovespa www.cemar-ma.com.br

85 Companhia Industrial Cataguases Brasil Têxtil Bovespa www.cataguases.com.br Companhia Providencia Ind. e

86 Comercio Brasil Química Bovespa www.providencia.com.br

87 Companhia Siderúrgica Nacional Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.csn.com.br

289

88 Companhia Tecidos Santanense Brasil Têxtil Bovespa www.santanense.com.b

89 Confab Industrial SA Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.confab.com.br

90 Conservas Oderich SA Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.oderich.com.br

91 Const Adolpho Lindenberg SA Brasil Construção Bovespa www.lindenberg.com.br

92 Const Lix da Cunha SA Brasil Construção Bovespa www.lix.com.br

93 Const Sultepa SA Brasil Construção Bovespa www.sultepa.com.br

94 Construtora Beter S/A. Brasil Construção Bovespa www.beter.com.br

95 Construtora Tenda S/A Brasil Construção Bovespa www.tenda.com.br

96 Contax Participações S.A. Brasil Outros Bovespa www.contax.com.br

97 Cosan S.A. Indústria e Comercio Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.cosan.com.br

98 Cpfl Energia S.A. Brasil Energia Elétrica NYSE www.cpfl.com.br Cr2 Empreendimentos Imobiliários

99 S/A Brasil Construção Bovespa www.cr2.com.br

100 Cremer S.A. Brasil Têxtil Bovespa www.cremer.com.br

101 Csu Cardsystem S.A. Brasil Outros Bovespa www.csu.com.br Cteep-Cia Transm Energia Eletr.

102 Paulista Brasil Energia Elétrica Bovespa www.cteep.com.br

103 Ctm Citrus SA Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.ctmcitrus.com.br Cyrela Brazil Realty SA Emprs e

104 Parts Brasil Construção Bovespa www.brazilrealty.com.br Cyrela Commercial Properties SA

105 Emp Part Brasil Outros Bovespa www.ccpsa.com.br

106 Dhb Ind. e Comercio SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.dhb.com.br

107 Diagnósticos da America S.A. Brasil Outros Bovespa www.diagnosticosdaamerica.com.br Dimed SA Distribuidora de

108 Medicamentos Brasil Comércio Bovespa www.dimed.com.br

109 Dinâmica Energia S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.dinamica.com.br

110 Dixie Toga S.A. Brasil Outros Bovespa www.dixietoga.com.br

111 DÖhler S.A. Brasil Têxtil Bovespa www.dohler.com.br

112 Drogasil SA Brasil Comércio Bovespa www.drogasil.com.br

113 Dtcom - Direct To Company S/A Brasil Outros Bovespa www.dtcom.com.br Duke Energy Int, Geração

114 Paranapanema SA Brasil Energia Elétrica Bovespa www.dukeenergy.com.br

115 Duratex SA Brasil Outros Bovespa www.duratex.com.br

116 Edp - Energias do Brasil S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.energiasdobrasil.com.br

117 Electro Aco Altona S.A. Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.altona.com.br

118 Elekeiroz S/A Brasil Química Bovespa www.elekeiroz.com.br

119 Elektro Eletricidade e Serviços S/A Brasil Energia Elétrica Bovespa www.elektro.com.br Eletrobrás Participações S/A - 120 Eletropar Brasil Energia Elétrica Bovespa www.lightrio.com.br Eletropaulo Metropolitana El.S.Paulo 121 S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.eletropaulo.com.br 122 Eluma S.A. Indústria e Comercio Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.eluma.com.br Emae-Emp.Metropolitana Águas

123 Energia S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.emae.sp.gov.br Embraer - Emp Brasileira

124 Aeronáutica Sa. Brasil Veículos e peças Bovespa www.embraer.com.br

125 Embratel Participações S.A. Brasil Telecomunicações Bovespa www.embratel.com.br Emp.Nac.C., Redito e Part. S.A.

126 Encorpar Brasil Têxtil Bovespa www.coteminas.com.br

127 Energisa S/A Brasil Energia Elétrica Bovespa www.energisa.com.br

128 Equatorial Energia S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.equatorialenergia.com.br

129 Estácio Participações SA Brasil Outros Bovespa www.estacioparticipacoes.com

130 Eternit S. A. Brasil Minerais não Met Bovespa www.eternit.com.br

131 Eucatex SA Ind. e Comercio Brasil Outros Bovespa www.eucatex.com.br Even Construtora e Incorporadora

132 S.A. Brasil Construção Bovespa www.even.com.br

133 Excelsior Alimentos SA Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.excelsior.com.br

290

Ez Tec Empreend. e Participações

134 S.A. Brasil Construção Bovespa www.eztec.com.br

135 Fab Tecidos Carlos Renaux SA Brasil Têxtil Bovespa www.renaux.com.br

136 Ferrovia Centro-Atlantica S.A. Brasil Transporte Serviç Bovespa www.centro-atlantica.com.br Fertilizantes Fosfatados S.A. -

137 Fosfértil Brasil Química Bovespa www.ultrafertil.ind.br

138 Fertilizantes Heringer S.A. Brasil Química Bovespa www.heringer.com.br

139 Fiação e Tecelagem São Jose SA Brasil Têxtil Bovespa www.tecelsaojose.com.br

140 Fibam Cia Industrial Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.fibam.com.br

141 Forjas Taurus S.A. Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.taurus.com.br

142 Fras-Le SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.frasle.com.br 143 Gafisa S/A Brasil Construção NYSE Www.gafisa.com.br

144 Gazola SA Indústria Metalúrgica Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.gazola.com.br

145 General Shopping Brasil S/A Brasil Outros Bovespa www.generalshopping.com.br

146 Gerdau S.A. Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.gerdau.com.br

147 Globex Utilidades SA Brasil Comércio Bovespa www.pontofrio.com.br

148 Goiás Participações S/A Brasil Energia Elétrica Bovespa www.goiaspar.com.br

149 Gol Linhas Brasil Transporte Serviç Bovespa www.voegol.com.br

150 Gradiente Eletrônica s a Brasil Eletroeletrônicos Bovespa www.gradiente.com.br

151 Grazziotin SA Brasil Comércio Bovespa www.grazziotin.com.br

152 Grendene S/A Brasil Têxtil Bovespa www.grendene.com.br

153 Guararapes Confecções S.A. Brasil Têxtil Bovespa www.lojasriachuelo.com.br

154 Gvt (holding) S.A. Brasil Telecomunicações Bovespa www.gvt.com.br

155 Haga SA Indústria e Comercio Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.haga.com.br

156 Helbor Empreendimentos S/A Brasil Construção Bovespa www.helbor.com.br

157 Hercules S/A - Fabrica de Talheres Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.zivi.com.br/hercules

158 Hotéis Othon SA Brasil Outros Bovespa www.othon.com.br

159 Hypermarcas S/A Brasil Outros Bovespa www.hypermarkas.com.br Iguatemi Empresa de Shopping

160 Centers S.A. Brasil Construção Bovespa www.iguatemi.com.br

161 Inds Arteb SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.arteb.com.br

162 Indústrias Romi S.A. Brasil Máquinas Indust Bovespa www.romi.com.br

163 Inepar Energia S/A Brasil Energia Elétrica Bovespa www.inepar.com.br

164 Inepar Telecomunicações S/A Brasil Telecomunicações Bovespa www.iesa.com.br

165 Inpar S.A. Brasil Construção Bovespa www.inpar.com.br

166 Iochpe-Maxion SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.iochpe-maxion.com.br

167 Jbs S.A. Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.friboi.com.br

168 Jhsf Participações S.A. Brasil Construção Bovespa www.jhsf.com.br

169 João Fortes Engenharia SA Brasil Construção Bovespa www.joaofortes.com.br Josapar- Joaquim Oliveira S/A 170 Participações Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.josapar.com.br

171 Karsten S.A. Brasil Têxtil Bovespa www.karsten.com.br

172 Kepler Weber SA Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.kepler.com.br

173 Klabin S.A. Brasil Papel e Celulose Bovespa www.klabin.com.br

174 Klabin Segall S/A Brasil Construção Bovespa www.klabinsegall.com.br

175 Kroton Educacional S.A. Brasil Outros Bovespa www.kroton.com.br

176 Lark SA Maq e Equipamentos Brasil Outros Bovespa www.lark.com.br Le Lis Blanc Comércio e Confecções

177 de Roupas S/A Brasil Têxtil Bovespa www.lelis.com.br

178 Light S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.light.com.br

179 Livraria do Globo SA Brasil Comércio Bovespa www.livrariadoglobo.com.br

180 Localiza Rent a Car S.A. Brasil Outros Bovespa www.localiza.com

181 Log-In Logística Intermodal S.A. Brasil Transporte Serviç Bovespa www.loginlogistica.com.br

182 Lojas Americanas S.A. Brasil Comércio Bovespa www.americanas.com.br

183 Lojas Hering SA Brasil Comércio Bovespa www.lojasheringsa.com.br

291

184 Lojas Renner SA Brasil Comércio Bovespa www.lojasrenner.com.br Lps Brasil - Consultoria de Imóveis

185 S/A Brasil Construção Bovespa www.lopes.com.br 186 Lupatech S.A. Brasil Siderur & Metalur Bovespa www,lupatech.com.br m Dias Branco S.A. Ind. e Com de

187 Alimentos Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.mdiasbranco.com.br

188 M&g Poliester S/A Brasil Química Bovespa www.rhodia_ster.com.br

189 Mahle Metal Leve S.A. Brasil Veículos e peças Bovespa www.metalleve.com.br

190 Mangels Industrial SA Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.mangels.com.br

191 Manuf Brinqs Estrela SA Brasil Outros Bovespa www.estrela.com.br

192 Marcopolo SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.marcopolo.com.br Marfrig Frigoríficos e Com.

193 Alimentos SA Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.marfrig.com.br

194 Marisa S/A Brasil Comércio Bovespa www.marisa.com.br

195 Marisol S.A. Brasil Têxtil Bovespa www.marisol.com.br

196 Medial Saúde S/A Brasil Outros Bovespa www.medialsaude.com.br 197 Melpaper S.A. Brasil Papel e Celulose Bovespa www2.melhoramentos.com.br

198 Mendes Jr Brasil Construção Bovespa www.mendesjunior.com.br

199 Metalfrio Solutions S/A Brasil Máquinas Indust Bovespa www.metalfrio.com.br

200 Metalgrafica Iguaçu S.A. Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.metalgrafica-iguacu.com.br

201 Metalúrgica Duque SA Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.duque.com.br

202 Metalúrgica Gerdau S.A. Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.gerdau.com.br

203 Metalúrgica Riosulense SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.riosulense.com.br

204 Metisa Metalúrgica Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.metisa.com.br Millennium Inorganic Chemicals do 205 Brasil Brasil Química Bovespa wwww.tibras.com.br

206 Minasmaquinas SA Brasil Comércio Bovespa www.minasmaquinas.com.br

207 Minerva S/A Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.minerva.ind.br

208 Minupar Participações SA Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.minuano.com.br

209 Mmx Mineração e Metálicos S/A Brasil Mineração Bovespa www.mmx.com.br

210 MPX Energia S/A Brasil Energia Elétrica Bovespa www.mpx.com.br

211 Mrv Engenharia e Participações S.A. Brasil Construção Bovespa www.mrv.com.br Multiplan Empreendimentos

212 Imobiliários s Brasil Outros Bovespa www.multiplan.com.br

213 Mundial S/A - Produtos de Consumo Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.eberle.com.br

214 Nadir Figueiredo Ind. e Com. S/A Brasil Minerais não Met Bovespa www.nadir.com.br

215 Natura Cosméticos S/A Brasil Comércio Bovespa www.natura.net

216 Neoenergia SA Brasil Energia Elétrica Bovespa www.neoenergia.com 217 Net Serviços de Comunicação S.A. Brasil Outros Bovespa www.globocabo.com.br

218 Nutriplant Indústria e Comercio S/A Brasil Química Bovespa www.nutriplant.com.br

219 Obrascon Huarte Lain Brasil S.A. Brasil Transporte Serviç Bovespa www.ohlbrasil.com.br

220 Odontoprev S.A. Brasil Outros Bovespa www.odontoprev.com.br Ogx Petróleo e Gás Participações

221 S/A Brasil Petróleo e Gás Bovespa www.ogx.com.br

222 Panatlantica SA Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.panatlantica.com.br

223 Paranapanema S.A. Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.paranapanema.com.br Parmalat Brasil SA Ind.Alim.Em

224 Rec.Jud. Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.parmalat.com.br Pdg Realty S/A Empreend. e

225 Participações Brasil Construção Bovespa www.pdgrealty.com.br

226 Perdigão S.A. Brasil Alimentos e Beb NYSE www.perdigao.com.br 227 Petróleo Brasileiro Brasil Petróleo e Gás NYSE www..com.br

228 Petropar SA Brasil Outros Bovespa http://www.crowncork.com.br/

229 Pettenati SA Ind. Têxtil Brasil Têxtil Bovespa www.pettenati.com.br

230 Plascar Participações Industriais S.A. Brasil Veículos e peças Bovespa www.plascar.com.br Finanças e

231 Porto Seguro S.A. Brasil Seguros Bovespa www.portoseguro.com.br

292

232 Portobello SA Brasil Minerais não Met Bovespa www.portobello.com.br

233 Positivo Informática S.A. Brasil Eletroeletrônicos Bovespa www.positivoinformatica.com.br Profarma Distrib. Produtos

234 Farmacêuticos Brasil Comércio Bovespa www.profarma.com.br

235 Pronor Petroquímica SA Brasil Química Bovespa www.nitrocarbono.com.br Randon S/A Implementos e 236 Participações Brasil Veículos e peças Bovespa www.randon.com.br

237 Rasip Agro Pastoril s a Brasil Agro e Pesca Bovespa www.rasip.com.br

238 Recrusul SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.recrusul.com.br Rede Empresas de Energia Elétrica

239 S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.gruporede.com.br

240 Redecard S.A. Brasil Outros Bovespa www.redecard.com.br Refinaria de Petróleo de Manguinhos

241 S.A. Brasil Petróleo e Gás Bovespa www.rpdm.com.br

242 Renar Macas S/A Brasil Agro e Pesca Bovespa www.renar.com.br Rimet Empreend. Inds. e Comerciais

243 S/A Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.metalurgicamatarazzo.com.br

244 Rodobens Negócios Imobiliários SA Brasil Construção Bovespa www.rodobens.com.br

245 Rossi Residencial S/A Brasil Construção Bovespa www.plano100.com.br

246 Rpar Holding S/A Brasil Mineração Bovespa www.magnesita.com.br

247 Sadia S.A. Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.sadia.com.br Sansuy SA Ind.De Plast.Em

248 Rec.Judicial Brasil Outros Bovespa www.sansuy.com.br

249 Santos Brasil Participações S/A Brasil Transporte Serviç Bovespa www.santosbrasil.com.br 250 São Martinho S/A Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.saomartinho.ind.br

251 São Paulo Alpargatas SA Brasil Têxtil Bovespa www.alpargatas.com.br

252 São Paulo Turismo S/A Brasil Outros Bovespa www.anhembi.com.br

253 Saraiva S.A. Livreiros Editores Brasil Outros Bovespa www.saraiva.com.br

254 Satipel Industrial S/A Brasil Outros Bovespa www.satipel.com.br

255 Sauipe S.A. Brasil Outros Bovespa www.costadosauipe.com.br Savirg S/A Viação Aérea

256 Riograndense Brasil Transporte Serviç Bovespa www.varig.com.br

257 Schulz S.A. Brasil Veículos e peças Bovespa www.schulz.com.br Seb - Sistema Educacional Brasileiro

258 S/A Brasil Outros Bovespa www.sebsa.com.br

259 Sergen Servs Gerais de Eng SA Brasil Construção Bovespa www.sergen.com.br

260 Slc Agrícola S.A. Brasil Agro e Pesca Bovespa www.slcagricola.com.br Sondotecnica Engenharia de Solos

261 SA Brasil Outros Bovespa www.sondotecnica.com.br

262 Souza Cruz S.A. Brasil Outros Bovespa www.souzacruz.com.br

263 Springer S.A. Brasil Eletroeletrônicos Bovespa www.springer.com.br Finanças e

264 Sul America S/A Brasil Seguros Bovespa www.sulamerica.com.br

265 Suzano Papel e Celulose S.A. Brasil Papel e Celulose Bovespa www.suzano.com.br

266 Tam S.A. Brasil Transporte Serviç NYSE www.tam.com.br

267 Tarpon Investimentos S/A Brasil Finanças e seguros Bovespa www.tarponinvest.com.br

268 Tec Toy S/A Brasil Outros Bovespa www.tectoy.com.br

269 Tecnisa S.A. Brasil Construção Bovespa www.tecnisa.com.br

270 Tecnosolo S/A Brasil Outros Bovespa www.tecnosolo.com.br

271 Tegma Gestão Logística S.A. Brasil Transporte Serviç Bovespa www.tegma.com.br

272 Teka Tecelagem Kuehnrich SA Brasil Têxtil Bovespa www.teka.com.br

273 Tekno S.A. Indústria e Comercio Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.tekno.com.br Tele Norte Celular Participações

274 S.A. Brasil Telecomunicações Bovespa www.telenordeste.com.br 275 Tele Norte Leste Participações S.A. Brasil Telecomunicações Bovespa www.telenorteleste.com.br

276 Telecom Brasileiras SA Brasil Telecomunicações Bovespa www.telebras.com.br Telecomunicações de São Paulo S/A-

277 Telesp Brasil Telecomunicações Bovespa www.telesp.com.br

293

278 Telemar Norte Leste S/A Brasil Telecomunicações Bovespa www.telemar.com.br

279 Telemig Celular Participações S.A. Brasil Telecomunicações Bovespa www.telemigcelular.com.br

280 Tempo Participações S/A Brasil Outros Bovespa www.tempopar.com.br

281 Terna Participações SA Brasil Energia Elétrica Bovespa www.terna.com.br

282 Têxtil Renauxview S/A Brasil Têxtil Bovespa www.textilrenault.com.br

283 Tim Participações S.A. Brasil Telecomunicações Bovespa www.telecelularsul.com.br

284 Totvs S.A. Brasil Software e Dados Bovespa www.totvs.com.br

285 Tpi - Triunfo Particip. e Invest. S.A. Brasil Transporte Serviç Bovespa www.tpisa.com.br

286 Tractebel Energia S.A. Brasil Energia Elétrica Bovespa www.gerasul.com.br

287 Trafo Equipamentos Elétricos S.A. Brasil Eletroeletrônicos Bovespa www.trafo.com.br

288 Trisul S/A Brasil Construção Bovespa www.trisul-sa.com.br

289 Trorion SA Brasil Química Bovespa Www.trorion.com.br

290 Tupy SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.tupy.com.br

291 Ultrapar Participações S.A. Brasil Química Bovespa www.ultra.com.br Unipar- União de Inds.

292 Petroquímicas S/A Brasil Química Bovespa www.unipar.ind.br 293 Universo Online S.A. Brasil Software e Dados Bovespa www.uol.com.br

294 Usina Costa Pinto SA Acuc Alc Brasil Alimentos e Beb Bovespa www.cosan.com.br Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais

295 S.A. Brasil Siderur & Metalur Bovespa www.usiminas.com.br Varig Participações Em 296 Transp.Aereos S/A Brasil Outros Bovespa www.varig.com.br

297 Vicunha Têxtil S.A. Brasil Têxtil Bovespa www.vicunha.com.br 298 Vivo Participações S/A Brasil Telecomunicações Bovespa www.vivo.com.br

299 Votorantim Celulose e Papel SA Brasil Papel e Celulose NYSE www.votorantim.com.br 300 Weg SA Brasil Máquinas Indust Bovespa www.weg.com.br 301 Wembley Sociedade Anônima Brasil Têxtil Bovespa www.coteminas.com.br

302 Wetzel SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.wetzel.com.br

303 Whirlpool S.A. Brasil Eletroeletrônicos Bovespa www.multibras.com.br

304 Wiest SA Brasil Veículos e peças Bovespa www.wiest.com.br

305 Wlm Indústria e Comercio S.A. Brasil Petróleo e Gás Bovespa www.supergasbras.com.br/

306 Yara Brasil Fertilizantes S/A Brasil Química Bovespa www.adubostrevo.com.br

1 AES Gener S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.gener.cl 2 Agencias Universales S.A. Chile Transporte Serviç BCS www.agunsa.cl 3 Agrícola Nacional S.A.C.e I. Chile Agro e Pesca BCS www.anasac.cl 4 Aguas Andinas S.A. Chile Outros BCS www.aguasandinas.cl 5 Almendral Telecomunicaciones S.A. Chile Telecomunicações BCS www.almendral.cl 6 Andacor S.A. Chile Outros BCS www.andacor.cl 7 Antarchile S.A. Chile Finanças e seguros BCS www.antarchile.cl 8 Azul Azul S.A. Chile Outros BCS www.udechile.cl 9 Banmedica S.A.. Chile Outros BCS www.banmedica.cl 10 Bata Chile S.A. Chile Textil BCS www.bata.cl 11 Besalco S.A. Chile Construção BCS www.besalco.cl 12 Blanco y Negro S.A. Chile Outros BCS www.colocolo.cl 13 Campos Deportivos Craighouse S.A. Chile Outros BCS www.graighouse.sl 14 Celulosa Arauco y Constitución S.A. Chile Papel e Celulose BCS www.arauco.cl

15 Cem S.A. Chile Comercio BCS www.cem.cl 16 Cemento Polpaico S.A. Chile Minerais não Met BCS www.polpaico.cl 17 Cementos Bio Bio S.A. Chile Minerais não Met BCS www.cementos.cl 18 Cencosud S.A. Chile Comercio BCS www.cencosud.cl 19 Cerámicas Cordillera S.A. Chile Minerais não Met BCS www.cordillera.cl

20 Cge Distribución S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.cge.cl 21 Cia. Chilena de Tabacos S.A. Chile Outros BCS www.chiletabacos.cl

294

Cia. de Telecomunicaciones de Chile 22 S.A. Chile Telecomunicações BCS www.ctc.cl 23 Cintac S.A. Chile Siderur & Metalur BCS www.cintac.cl 24 Club de Polo Chile Outros BCS www.clubdepolo.cl 25 Cobre Cerrillos S.A. Chile Siderur & Metalur BCS www.cocesa.cl 26 Coca-Cola Embonor S.A. Chile Alimentos e Beb BCS www.embonor.cl 27 Colbun S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.colbun.cl Colegio Britanico Saint Margaret's 28 S.A. Chile Outros BCS www.stmargarets.cl 29 Compañía Cervecerías Unidas S.A. Chile Alimentos e Beb NYSE www.ccu.cl 30 Compañía Chilena de Fósforos S.A. Chile Outros BCS www.fosforos.cl Compañía Chilena de Navegación 31 Interoceánica S.A. Chile Transporte Serviç BCS www.ccni.cl Compañía de Aceros del Pacifico 32 S.A. Chile Siderur & Metalur BCS www.cap.cl Compañía de Teléfonos de 33 Coihaique SA Chile Telecomunicações BCS www.telcoy.cl

34 Compañía Eléctrica del Litoral S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.cem.cl

35 Compañía Electro Metalúrgica Chile Siderur & Metalur BCS www.elecmetal.cl Compañía General de Electricidad 36 S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.cge.cl 37 Compañía Industrial El Volcan SA Chile Comercio BCS www.volcan.cl Compañía Nacional de Fuerza 38 Eléctrica S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.conafe.cl Compañía Nacional de Teléfonos, 39 Telefónica del Sur S.A. Chile Telecomunicações BCS www.telsur.cl Compañía Sud Americana de 40 Vapores S.A. Chile Transporte Serviç BCS www.csav.com 41 Compañías CIC S.A. Chile Outros BCS www.cic.cl 42 COPEFRUT S.A. Chile Agro e Pesca BCS www.copefrut.cl 43 Copeval Chile Agro e Pesca BCS www.copeval.cl Coresa S.A. Contenedores Redes y 44 Envases Chile Outros BCS www.coresa.cl 45 Corpesca S.A. Chile Agro e Pesca BCS www.corpesca.cl Corporación Nacional del Cobre de 46 Chile Chile Mineração BCS www.codelco.cl 47 Cristalerias de Chile S.A. Chile Minerais não Met NYSE www.cristalchile.cl 48 CTI Compañía Tecno Industrial S.A. Chile Eletroeletrônicos BCS www.cti.cl 49 Detroit Chile S.A. Chile Comercio BCS www.detroit.cl 50 Distribución y Servicio D&S S.A. Chile Comercio BCS www.dys.cl 51 Elesur S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.chilectra.cl

52 Embotelladora Andina S.A. Chile Alimentos e Beb BCS www.andina.cl Embotelladoras Coca-Cola Polar

53 S.A. Chile Alimentos e Beb BCS www.kopolar.cl

54 Empresa de Ferrocarriles del Estado Chile Transporte Serviç BCS www.efe.cl Empresa de Servicios Sanitarios de

55 Los Lagos Chile Outros BCS www.essal.cl Empresa de Servicios Sanitarios del

56 Bio-Bio S.A. Chile Outros BCS www.essbio.cl Empresa de Transporte de Pasajeros

57 Metro S.A. Chile Transporte Serviç BCS www.metrosantiago.cl

58 Empresa Eléctrica Atacama S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.eatacama.cl Empresa Eléctrica de Antofagasta

59 S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.antofagasta.cl

60 Empresa Eléctrica de Arica S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.edificioemelari.cl

61 Empresa Eléctrica de Iquique S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.iquique.cl Empresa Eléctrica de Magallanes

62 S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.edelmag.cl Empresa Eléctrica del Norte Grande

63 S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.edelnor.cl

64 Empresa Eléctrica Guacolda S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.guacolda.cl

295

65 Empresa Eléctrica Pehuenche S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.pehuenche.cl Empresa Nacional de Electricidad

66 S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.endesa.cl Empresa Nacional de

67 Telecomunicaciones S.A. Chile Telecomunicações BCS www.entel.cl

68 Empresa Nacional del Carbón S.A. Chile Mineração BCS www.enacar.cl 69 Empresas CMPC S.A. Chile Papel e Celulose BCS www.cmpc.cl 70 Empresas Copec S.A. Chile Petróleo e Gas BCS www.copec.cl 71 Empresas Emel S.A. Chile Energía Elétrica BCS www.emelsa.cl 72 Empresas Iansa S.A. Chile Alimentos e Beb BCS www.azucar.cl

73 Empresas La Polar S.A. Chile Comercio BCS www.lapolar.cl 74 Empresas Navieras S.A. Chile Transporte Serviç BCS www.naviera.cl 75 Enaex S.A. Chile Química BCS www.enaex.cl 76 Enap Refinerias S.A. Chile Petróleo e Gas BCS www.enap.cl 77 Enersis S.A. Chile Energía Elétrica NYSE www.enersis.cl 78 Envases del Pacifico S.A. Chile Química BCS www.edelpa.cl 79 Esval S.A. Chile Outros BCS www.esval.cl

80 Farmacias Ahumada S.A. Chile Comercio BCS www.fahumada.cl 81 Ferrocarril del Pacifico S.A. Chile Transporte Serviç BCS www.fepasa.cl 82 Forestal Cholguan S.A. Chile Agro e Pesca BCS www.cholguan.cl Finanças e 83 Forum Servicios Financieros S.A. Chile Seguros BCS www.forum.cl 84 Forus S.A. Chile Outros BCS www.forus.cl 85 Frutícola Viconto S.A. Chile Agro e Pesca BCS www.viconto.cl 86 Gasco S.A. Chile Petróleo e Gas BCS www.gasco.cl 87 General Electric de Chile S.A. Chile Comercio BCS www.ge.com Finanças e 88 Granadilla Chile Seguros BCS www.granadilla.cl 89 GTD Manquehue S.A. Chile Telecomunicações BCS www.manquehue.net 90 Iansagro S.A. Chile Alimentos e Beb BCS www.iansagro.cl 91 Indalum S.A. Chile Comercio BCS www.indalum.cl

92 Industrias Alimenticias Carozzi S.A. Chile Alimentos e Beb BCS www.carozzi.cl 93 Industrias Forestales S.A. Chile Papel e Celulose BCS www.inforsa.cl 94 Infodema S.A. Chile Siderur & Metalur BCS www.infodema.cl 95 Inmobiliaria Bajos de Mena S.A. Chile Textil BCS www.cadena.cl 96 Instituto de Diagnostico S.A. Chile Outros BCS www.indisa.cl Inversiones Aguas Metropolitanas Finanças e

97 S.A. Chile Seguros BCS www.iam.cl Finanças e 98 Inversiones Frimetal S.A. Chile Seguros BCS www.frimetal.cl Invertec Pesquera Mar de Chiloe 99 S.A. Chile Agro e Pesca BCS www.invermar.cl 100 Jugos Concentrados S.A. Chile Alimentos e Beb BCS www.jucosa.cl 101 Laboratorios Andromaco S.A. Chile Química BCS www.andromaco.cl 102 Lafarge Chile S.A. Chile Minerais não Met BCS www.melon.cl 103 Lan Airlines S.A. Chile Transporte Serviç NYSE www.lanchile.com 104 Madeco S.A. Chile Siderur & Metalur BCS www.madeco.cl 105 Masisa S.A. Chile Agro e Pesca BCS www.terranova.com

106 Metrogas S.A. Chile Petróleo e Gas BCS www.metrogas.cl

107 Molibdenos y Metales S.A. Chile Química BCS www.molymet.cl 108 Multiexport Foods S.A. Chile Agro e Pesca BCS www.multiexportfoods.com 109 Parque Arauco SA Chile Outros BCS www.parquearauco.cl 110 Paz Corp S.A. Chile Outros BCS www.pazcorp.cl 111 Pesquera Itata S.A. Chile Agro e Pesca BCS www.itata.cl 112 Puerto de Lirquen S.A. Chile Transporte Serviç BCS www.puerto.cl 113 Puerto Ventanas S.A. Chile Transporte Serviç BCS www.puertoventanas.cl

296

Finanças e 114 Ripley Chile S.A. Chile Seguros BCS www.ripley.cl 115 Ripley Corp S.A. Chile Comercio BCS www.ripley.cl 116 S.A.C.I. Falabella Chile Comercio BCS www.falabella.cl 117 Salfacorp S.A. Chile Construção BCS www.salfacorp.cl Finanças e

118 Sigdo Koppers S.A. Chile Seguros BCS www.sigdokoppers.cl 119 Sintex S.A. Chile Outros BCS www.sintex.cl Sociedad Abastecedora de la 120 Industria Metalúrgica S.A. Chile Comercio BCS www.sabimet.cl Sociedad Anonima Feria de los 121 Agricultores Chile Agro e Pesca BCS www.agricultorestalca.cl 122 Sociedad Anonima Viña Santa Rita Chile Alimentos e Beb BCS www.santarita.com Sociedad Concesionaria Autopista

123 Central S.A. Chile Transporte Serviç BCS www.autopistacentral.cl Sociedad Concesionaria Autopista 124 Vespucio Norte S.A. Chile Transporte Serviç BCS www.vespucioexpress.cl 125 Sociedad El Tattersall S.A. Chile Outros BCS www.tattersall.cl 126 Sociedad Pesquera Coloso S.A. Chile Agro e Pesca BCS www.coloso.cl Sociedad Quimica y Minera de Chile

127 S.A. Chile Mineração BCS www.sqm.cl 128 Socovesa S.A. Chile Construção BCS www.socovesa.cl 129 Sodimac S.A. Chile Comercio BCS www.sodimac.cl 130 Somela S.A. Chile Comercio BCS www.somela.cl 131 Sonda S.A. Chile Software e Dados BCS www.sonda.com 132 Sopracal, Calerias e Industrias S.A Chile Mineração BCS www.soprocal.cl 133 Sopraval S.A. Chile Agro e Pesca BCS www.sopraval.cl 134 Soquimich Comercial S.A. Chile Comercio BCS www.soquimich.cl 135 Supermercados Unimarc S.A. Chile Agro e Pesca NYSE www.unimarc.cl 136 Sociedad Punta del Cobre Chile Mineração BCS www.puntadelcobre.cl 137 Telefónica Mundo S.A. Chile Telecomunicações BCS www.188mundo.cl 138 Telmex Corp S.A. Chile Telecomunicações BCS www.chilesat.cl 139 The Grange School S.A. Chile Outros BCS www.grangeschool.cl

138 Termas de Puyehue S.A Chile Outros BSC www.puyehue.cl 140 Transam Comunicaciones S.A. Chile Telecomunicações BCS www.transam.cl 141 Union El Golf S.A. Chile Outros BCS www.unionelgolf.cl 142 Union Inmobiliaria S.A. Chile Outros BCS www.clubdelaunion.cl 143 Valparaiso Sporting Club S.A. Chile Outros BCS www.sporting.cl Sociedad Inmobiliaria Viña del Mar

144 S.A. Chile Imobiliária BCS www.vinadelmar.cl 145 Viña Concha y Toro S.A. Chile Alimentos e Beb BCS www.conchaytoro.cl

146 Viña San Pedro S. A. Chile Alimentos e Beb BCS www.sanpedro.cl 147 Viñedos Emiliana S.A. Chile Alimentos e Beb BCS www.santaemiliana.cl 148 Watt's S.A. Chile Alimentos e Beb BCS www.santacarolina.cl

149 Zona Franca de Iquique S.A. Chile Comercio BCS www.zofri.cl

1 Accel, S.A.B. de C.V. México Outros BMV www.accel.com.mx 2 Alsea, S.A.B. de C.V. México Alimentos e Beb BMV www.alsea.com.mx Altos Hornos de México, S.A. de 3 C.V. México Siderur & Metalur BMV www.ahmsa.com.mx 4 América Móvil, S.A.B. de C.V. México Telecomunicações BMV www.americamovil.com 5 Axtel, S.A.B. De C.V. México Telecomunicações BMV www.axtel.com.mx Carso Global Telecom, S.A.B. De 6 C.V. México Telecomunicações BMV www.cgtelecom.com.mx 7 Cemex, S.A.B. De C.V. México Minerais não Met BMV www.cemex.com 8 CMR S.A.B. de C.V. México Outros BMV www.wings.com.mx 9 Coca-Cola Femsa, S.A.B. De C.V. México Alimentos e Beb BMV www.cocacola-femsa.com.mx

297

Compañía Minera Autlan, S.A.B. De 10 C. V. México Mineração BMV www.autlan.com.mx 11 Consorcio Ara, S.A.B. De C.V. México Construção BMV www.consorcioara.com.mx 12 Consorcio Hogar, S.A.B. De C.V. México Construção BMV www.hogar.com.mx Controladora Comercial Mexicana, 13 S.A.B. de C.V México Comercio BMV www.comerci.com.mx Convertidora Industrial, S.A.B. de 14 C.V. México Outros BMV www.conver.com.mx 15 Copamex S.A. de C.V. México Papel e Celulose BMV www.copamex.com Corporación Interamericana de

16 Entretenimiento, S.A.B. de CV México Outros BMV www.cie-mexico.com.mx Corporación Moctezuma, S.A.B. de 17 C.V. México Minerais não Met BMV www.cmoctezuma.com.mx 18 Corporativo Fragua, S.A.B. De C.V. México Comercio BMV www.fragua.com.mx 19 Cydsa, S.A.B. De C.V. México Química BMV www.cydsa.com Desarrolladora Homex, S.A.B. De 20 C.V. México Construção NYSE www.homex.com.mx 21 DINE, S.A.B. de C.V. México Construção BMV www.dine.com.mx 22 Edoardos Martin, S.A.B. De C.V. México Textil BMV www.edoardos.com El Puerto de Liverpool, S.A.B. De 23 C.V. México Comercio BMV www.liverpool.com.mx Embotelladoras Arca, S.A.B. De 24 C.V. México Alimentos e Beb BMV www.arsa.com.mx 25 Empresas Cablevision, S.A. de C.V. México Outros BMV www.cablevision.net.mx 26 Empresas ICA , S.A.B. de C.V. México Construção NYSE www.ica.com.mx 27 Facileasing S.A. de C.V. México Outros BMV www.facileasing.com.mx Farmacias Benavides, S.A.B. De 28 C.V. México Comercio BMV www.benavides.com.mx 29 Ferrocarril Mexicano S.A. de C.V. México Transporte Serviç BMV www.ferromex.com.mx Fomento Económico Mexicano, 30 S.A.B. de C.V. México Alimentos e Beb BMV www.femsa.com 31 Fresnillo PLC México Mineração BMV www.fresnilloplc.com 32 G Collado, S.A.B. De C.V. México Comercio BMV www.gcollado.com.mx Genomma Lab Internacional S.A.B. 33 de C.V. México Outros BMV www.genommalab.com 34 GMD Resorts S.A.B. México Construção BMV www.gmd.com.mx 35 Gruma, S.A.B. De C.V. México Alimentos e Beb BMV www.gruma.com 36 Grupe S.A.B. de C.V. México Outros BMV www.elcid.com Grupo Aeroportuario del Centro

37 Norte, S.A.B. de C.V. México Transporte Serviç NASDAQ http://www.oma.bz/ Grupo Aeroportuario Del Pacifico, 38 S.A.B. De C.V. México Transporte Serviç BMV www.aeropuertosgap.com.mx 39 Grupo Aeroportuario, S.A.B. de C.V. México Transporte Serviç BMV www.asur.com.mx 40 Grupo Bafar, S.A. de C.V. México Alimentos e Beb BMV www.bafar.com.mx 41 Grupo Bimbo, S.A.B. de C.V. México Alimentos e Beb BMV www.grupobimbo.com 42 Grupo Casa Saba, S.A.B. de C.V. México Comercio NYSE www.autrey.com Construcción y Drenajes Profundos 43 S.A. de C.V. México Construção BMV www.construccionudrenajes.com Grupo Cementos de Chihuahua,

44 S.A.B. De C.V. México Minerais não Met BMV www.gcc.com Grupo Comercial Gomo, S.A. de 45 C.V. México Comercio BMV www.gomo.com.mx 46 Grupo Continental, S.A.B. México Alimentos e Beb BMV www.contal.com 47 Grupo Elektra, S.A. de C.V. México Comercio BMV www.grupoelektra.com.mx Grupo Embotelladoras Unidas, 48 S.A.B. de C.V. México Alimentos e Beb BMV www.geupec.com 49 Grupo Famsa, S.A.B. De C.V. México Comercio BMV www.grupofamsa.com 50 Grupo Gigante, S.A.B. De C.V. México Comercio BMV www.grupogigante.com.mx 51 Grupo Herdez, S.A.B. De C.V. México Alimentos e Beb BMV www.grupoherdez.com.mx 52 Grupo IMSA, S.A.B. de C.V. México Siderur & Metalur BMV www.grupoimsa.com 53 Grupo Industrial Maseca, S.A.B. De México Alimentos e Beb BMV www.gruma.com

298

C.V. Grupo Industrial Saltillo, S.A.B. De 54 C.V. México Minerais não Met BMV www.gis.com.mx 55 Grupo Iusacell, S.A. de C.V. México Telecomunicações NYSE www.iusacell.com.mx 56 Grupo KUO, S.A.B. de C.V. México Máquinas Indust BMV www.desc.com.mx 57 Grupo La Moderna, S.A.B. De C.V. México Alimentos e Beb BMV www.lamoderna.com.mx 58 Grupo Lamosa, S.A.B. De C.V. México Minerais não Met BMV www.lamosa.com 59 Grupo Mac Ma, S.A.B. De C.V. México Alimentos e Beb BMV www.macma.com.mx 60 Grupo Marti, S.A.B. México Comercio BMV www.marti.com.mx Grupo Mexicano de Desarrollo, 61 S.A.B. México Construção BMV www.gmd.com.mx 62 Grupo México, S.A. B. de C.V. México Mineração BMV www.gmexico.com.mx 63 Grupo Minsa, S.A.B. De C.V. México Alimentos e Beb BMV www.minsa.com 64 Grupo Modelo, S.A.B. De C.V. México Alimentos e Beb BMV www.gmodelo.com.mx 65 Grupo Nutrisa, S. A. de C.V. México Comercio BMV www.nutrisa.com.mx Grupo Palacio de Hierro, S.A.B. de 66 C.V. México Comercio BMV www.elpalaciodehierro.com.mx 67 Grupo Pochteca S.A.B. de C.V. México Comercio BMV www.pochteca.com.mx 68 Grupo Posadas, S.A.B. de C.V. México Outros BMV www.posadas.com.mx Corporacion Metropolitana de

69 Arrendamientos S.A. de C.V. México Outros BMV www.cma.com.mx Grupo Profesional Planeación y 70 Proyectos, S.A. de C.V. México Construção BMV www.pypsa.com.mx 71 Grupo Radio Centro, S.A.B. De C.V. México Outros NYSE www.radiocentro.com 72 Grupo Simec, S.A.B. de C.V. México Siderur & Metalur BMV www.simec.com.mx 73 Grupo Televisa, S.A. de C.V. México Outros NYSE www.televisa.com.mx 74 Grupo TMM, S.A. de C.V. México Transporte Serviç NYSE www.tmm.com.mx 75 Gupo Vasconia S.A.B. México Siderur & Metalur BMV www.grupovasconia.com.mx 76 Hilasal Mexicana, S.A.B. de C.V. México Textil BMV www.hilasal.com Impulsora del Desarrollo y el Empleo en América Latina S.A.B. de 77 C.V. México Construção BMV www.ideal.com.mx 78 Industria Automotriz, S.A. de C.V. México Veiculos e peças BMV www.gir.com.mx 79 Industrias Bachoco, S.A.B. de C.V. México Agro e Pesca NYSE www.bachoco.com.mx 80 Industrias CH, S.A.B. de C.V. México Siderur & Metalur BMV www.industriasch.com.mx 81 Industrias Peñoles, S. A.B. De C. V. México Mineração BMV www.penoles.com.mx 82 Inmobiliaria RUBA S.A de C.V. México Outros BMV www.gruporuba.com.mx Internacional de Cerámica, S.A.B. de 83 C.V. México Minerais não Met BMV www.interceramic.com Kimberly - Clark de México S.A.B. 84 De C.V. México Papel e Celulose BMV www.kimberly-clark.com.mx Maxcom Telecomunicaciones, 85 S.A.B. De C.V. México Telecomunicações BMV www.maxcom.com.mx 86 Medica Sur, S.A.B. De C.V. México Outros BMV www.medicasur.org.mx 87 Megacable Holdings S.A.B. de C.V. México Outros BMV www.megacable.com.mx 88 Mexichem, S.A.B. De C.V. México Química BMV www.mexichem.com.mx Organizacion Soriana, S.A.B. De 89 C.V. México Comercio BMV www.soriana.com.mx 90 Petroleos Mexicanos México Petróleo e Gas BMV www.pemex.com.mx 91 Promotora Ambiental S.A.B. de C.V. México Outros BMV www.gen.tv Promotora Y Operadora De 92 Infraestructura, S.A.B. De C.V. México Construção BMV www.tribasa.com.mx 93 Real Turismo, S.A. de C.V. México Outros BMV www.caminoreal.com 94 San Luis Corporación, S.A. de C.V. México Máquinas Indust BMV www.sanluiscorp.com.mx 95 Sare Holding, S.A.B. de C.V. México Construção BMV www.sare.com.mx 96 Sigma Alimentos, S.A. de C.V. México Alimentos e Beb BMV www.sigma-alimentos.com 97 Tekchem, S.A.B. De C.V. México Química BMV www.tekchem.com.mx 98 Teléfonos De México, S.A.B. De México Telecomunicações NYSE www.telmex.com.mx

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C.V. Telmex Internacional , S.A.B de 99 C.V. México Telecomunicações NYSE www.telmexinternacional.com 100 Tenedora Nemak S.A. de C.V. México Veiculos e peças BMV www.nemak.com 101 TV Azteca, S.A. de C.V. México Outros BMV www.tvazteca.com.mx Urbi Desarrollos Urbanos S.A.B. de 102 C.V. México Construção BMV www.urbi.com.mx 103 Vitro, S.A.B. De C.V. México Minerais não Met BMV www.vto.com 104 Viveica S.A. de C.V. México Construção BMV www.viveica.com.mx Wal - Mart de México, S.A.B. de 105 C.V. México Comercio BMV www.walmartmexico.com.mx

1 ABB S.A. Peru Máquinas Indust BVL www.abb.com/pe Agroindustrias

2 Agroindustrias San Jacinto S.A.A. Peru San Jacinto S.A.A. BVL www.sanjacinto.com.pe 3 Alicorp S.A.A. Peru Alimentos e Beb BVL www.alicorp.com.pe/ 4 Alturas Minerals Corp. Peru Mineração BVL www.alturasminerals.com/ 5 Austral Group S.A.A. Peru Alimentos e Beb BVL www.austral.com.pe/amenu.htm 6 Bayer S.A. Peru Química BVL www.bayer.com/en/index_en.html British American Tobacco del Peru

7 Holdings s.a.a. Peru Outros BVL www.bat.com Caja Rural de Ahorro y Credito del Finanças e 8 Sur S.A.A. Peru Seguros BVL www.cajasurperu.com/ Cartavio Sociedad Anonima Abierta 9 (Cartavio S.A.A.) Peru Agro e Pesca BVL http://www.cartavio.cjb.net/

10 Casa Grande S.A.A. Peru Agro e Pesca BVL www.cgrande.pe Castrovirreyna Compañía Minera

11 S.A. Peru Mineração BVL www.castrovirreyna.pe 12 Cemento S.A. Peru Minerais não Met BVL www.cementoandino.com.pe/

13 Cementos Lima S.A. Peru Minerais não Met BVL www.cementoslima.com.pe/

14 Cementos Pacasmayo S.A.A. Peru Minerais não Met BVL www.pasmayco.pe Central Azucarera Chucarapi -

15 Pampa Blanca S.A. Peru Agro e Pesca BVL www.chucapari.pe

16 Cervecería San Juan S.A. Peru Alimentos e Beb BVL www.sanjuan.pe

17 Cia. de Minas Buenaventura S.A.A. Peru Mineração BVL www.buenaventura.com.pe 18 Cia. Good Year del Peru S.A. Peru Outros BVL www.goodyear.com.pe

19 Cia. Industrial Nuevo Mundo S.A. Peru Textil BVL www.goodyear.com.pe Compania Industrial Têxtil Credisa - 20 Trutex S.A.A. Peru Textil BVL www.creditex.com.pe/ 21 Compañía Minera Atacocha S.A. Peru Mineração BVL www.atacocha.com.pe Compañía Minera Condestable

22 S.A.A. Peru Mineração BVL www.condestable.pe

23 Compañía Minera Milpo S.A.A. Peru Mineração BVL www.milpo.com

24 Compania Minera Poderosa S.A. Peru Mineração BVL www.poderosa.pe

25 Compañía Minera Raura S.A. Peru Mineração BVL www.mineraraura.pe Compañía Minera San Ignacio de 26 Morococha S.A. Peru Mineração BVL www.simsa.com.pe

27 Compañía Minera Santa Luisa S.A. Peru Mineração BVL www.santaluisa.pe

28 Compañía Universal Textil S.A. Peru Textil BVL www.universaltextil.com.pe Construcciones Electromagneticas 29 Delcrosa S.A. Peru Eletroeletrônicos BVL http://www.delcrosa.com.pe/ 30 Corporación Aceros Arequipa S.A. Peru Siderur & Metalur BVL www.acerosarequipa.com/home.asp

31 Corporación Ceramica S.A. Peru Minerais não Met BVL www.cceramica.pe

32 Corporación del Mar S.A. Peru Agro e Pesca BVL www.funeraria.pe 33 Corporación Funeraria S.A. Peru Outros BVL www.bvl.com.pe 34 Corporación Jose R. Lindley S.A. Peru Alimentos e Beb BVL www.incakola.com/index.htm Corporacion Pesquera Inca S.A.C.

35 Copeinca Peru Alimentos e Beb BVL www.copeinca.com

36 Derivados Del Maiz S.A. Peru Alimentos e Beb BVL www.dmaiz.pe

300

37 Edegel S.A.A. Peru Energía Elétrica BVL www.edegel.com/

38 Edelnor S.A.A. Peru Energía Elétrica BVL www.edelnor.com.pe 39 Electro Sur Este S.A.A. Peru Energía Elétrica BVL http://www.else.com.pe/ 40 Electro Sur Medio S.A.A. Peru Energía Elétrica BVL http://www.surmedio.com.pe/ Empresa Agraria Azucarera

41 Andahuasi S.A.A. Peru Agro e Pesca BVL www.electrosur.pe 42 Empresa Agraria Chiquitoy S.A. Peru Agro e Pesca BVL www.chiquitoy.com

43 Empresa Agrícola Barraza S.A. Peru Agro e Pesca BVL www.barraza.pe

44 Empresa Agrícola San Juan S.A. Peru Agro e Pesca BVL www.sanjuan.pe

45 Empresa Agrícola Sintuco S.A. Peru Agro e Pesca BVL www.sintuco.pe Empresa Agroindustrial Laredo

46 S.A.A. Peru Agro e Pesca BVL www.laredo.pe Empresa Agroindustrial Pomalca

47 S.A.A. Peru Agro e Pesca BVL www.pomalca.pe Empresa Agroindustrial Tuman

48 S.A.A. Peru Agro e Pesca BVL www.tuman.pe 49 Empresa Editora el Comercio S.A. Peru Outros BVL www.elcomercioperu.com.pe

50 Empresa Eléctrica de Piura S.A. Peru Energía Elétrica BVL www.piura.pe Empresa Electricidad del Peru -

51 ELECTROPERU S.A. Peru Energía Elétrica BVL www.electroperu.pe

52 Empresa Minera Los Quenuales S.A. Peru Mineração BVL www.quenuales.pe Empresa Regional de Servicio Publico de Electricidad Electronorte

53 Medio S.A. Peru Energía Elétrica BVL www.electronorte.pe 54 Empresa Siderúrgica del Perú S.A.A. Peru Siderur & Metalur BVL http://www.sider.com.pe

55 Energía del Sur S.A. - Enersur S.A. Peru Energía Elétrica BVL www.enersur.pe

56 Exsa S.A. Peru Química BVL www.exsa.com.pe 57 F.I.M.A. S.A. Peru Máquinas Indust BVL http://www.fimaperu.com/index-es.htm Fabrica Nacional de Acumuladores 58 Etna S.A. Peru Máquinas Indust BVL www.etna.com.pe/ 59 Fabrica Peruana Eternit S.A. Peru Minerais não Met BVL www.eternit.com.pe/

60 Farmindustria S.A. Peru Química BVL www.farmiindustria.pe

61 Ferreyros S.A.A. Peru Comercio BVL www.ferreyros.com.pe/html/home.htm

62 Filamentos Industriales S.A. Peru Textil BVL http://www.grupoamsa.com/filamentos/ 63 Fortuna Silver Mines Peru S.A.C. Peru Mineração BVL www.fortunasilver.com/s/home.asp

64 Gas Natural de Lima y Callao S.A. Peru Petróleo e Gas BVL www.callao.pe

65 Generandes Peru S.A. Peru Outros BVL www.gerandesperu.pe 66 Gloria S.A. Peru Alimentos e Beb BVL www.grupogloria.com.pe

67 Gold Fields La Cima S.A. Peru Mineração BVL www.gloria.pe

68 Graña y Montero S.A.A. Peru Construção BVL www.gym.com.pe Grupo Sindicato Pesquero del Peru

69 S.A. Peru Alimentos e Beb N.A. www.sindpesquero.pe

70 Hidrostal S.A. Peru Máquinas Indust BVL http://www.hidrostal-peru.com/

71 Inca Tops S.A.A. Peru Textil BVL www.incatops.com

72 Indeco S.A. Peru Eletroeletrônicos BVL www.indeco.com.pe/

73 Industria Textil Piura S.A. Peru Textil BVL www.piura.pe

74 Industrias del Envase S.A. Peru Outros BVL www.envase.com.pe

75 Industrias Electro Quimicas S,A. Peru Outros BVL www.ieqsa.com.pe 76 Industrias Vencedor S.A. Peru Química BVL www.vencedor.com.pe Inmobiliaria Desarrollo Siglo XXI

77 S.A. Peru Construção BVL www.islasdesanpedro.com

78 Inmobiliaria Milenia S.A. Peru Outros BVL www.inm-milenia.com.pe

79 Inmuebles Panamericana S.A. Peru Outros BVL www.panamericana.pe

80 Intradevco Industrial S.A. Peru Química BVL http://www.intradevco.com/ Inversiones en Turismo S.A. -

81 Invertur Peru Outros BVL www.invertur.com.pe

82 Inversiones la rioja s.a. Peru Outros BVL http://www.jwmarriottlima.com

301

Inversiones Nacionales de Turismo

83 S.A. Peru Outros BVL www.inversiones.pe

84 IQF del Peru S.A. Peru Alimentos e Beb BVL www.iqf.pe

85 Laive S.A. Peru Alimentos e Beb BVL www.laive.com.pe

86 Lapices y Conexos S.A. Peru Outros BVL http://www.layconsa.com.pe/

87 Lima Caucho S.A. Peru Outros BVL www.limacaucho.com.pe

88 Lima Gas S.A. Peru Energía Elétrica BVL http://www.limagas.com

89 Los Portales S.A. Peru Outros BVL www.losportales.com.pe

90 Luz del Sur S.A. Peru Energía Elétrica BVL www.luzdelsur.com.pe Manufactura de Metales y Aluminio

91 Record S.A. Peru Siderur & Metalur BVL www.record.com.pe 92 Maple Energy PLC Peru Energía Elétrica BVL http://www.maple-energy.com/

93 Metalúrgica Peruna S.A. Peru Siderur & Metalur BVL www.mepsa.com

94 Michell y Cia. S.A. Peru Textil BVL www.michell.com.pe Minera Andina de exploraciones

95 S.A.A. Peru Mineração BVL www.minandex.com.pe/ 96 Minera IRL Limited Peru Mineração BVL www.irl.com.au/tl_home.html

97 Minera Yanacocha S.R.L. Peru Mineração BVL www.yanacoca.pe

98 Minsur S.A. Peru Mineração BVL www.minsur.com.pe

99 Motores Diesel Andinos S.A. Peru Máquinas Indust BVL www.modasa.com.pe Negociacion Agrícola Vista Alegre

100 S.A. Peru Agro e Pesca BVL www.vistaalegre.pe Negocios Contactos y Finanzas S.A. Finanças e

101 /NCF Inversiones S.A. Peru Seguros BVL www.ncfgrupo.com

102 Owens-Illinois Peru S.A. Peru Minerais não Met BVL http://www.oiperu.com/

103 Peru Holding de Turismo S.A. Peru Construção BVL www.peruturismo.pe

104 Perubar S.A. Peru Mineração BVL www.perubar.pe

105 Quimpac S.A. Peru Mineração BVL www.quimpac.com.pe Refineria La Pampilla S.A.A. -

106 RELAPASA Peru Petróleo e Gas BVL www.relapasa.pe

107 Saga Falabella S.A. Peru Comercio BVL www.sagafalabella.com/ Servicio de Agua Potable y

108 Alcantarillado Peru Outros BVL www.sedapal.com.pe Shouggang Generacion Eléctrica

109 S.A.A. Peru Energía Elétrica BVL www.shouggang.pe Sociedad Industrial de Articulos de

110 Metal S.A.C. Peru Siderur & Metalur BVL www.siam.com.pe

111 Sociedad Minera Cerro Verde S.A.A. Peru Mineração BVL www.phelpsdodge.pe

112 Sociedad Minera Corona S.A. Peru Mineração BVL http://www.mineracorona.com.pe/

113 Sociedad Minera El Brocal S.A.A. Peru Mineração BVL www.elbrocal.pe

114 Soldexsa S.A. Peru Outros BVL www.soldexsa.pe Southern Peru Copper Corporation,

115 Sucursal del Peru Peru Mineração BVL www.southernperu.com

116 Supermercados E.Wong Peru Comercio BVL http://www.ewong.com

117 Supermercados Peruanos S.A. Peru Comercio BVL www.superuanos.pe

118 Teknoquimica S.A. Peru Química BVL http://www.tekno.com.pe/goportal/

119 Telefónica del Peru S.A.A. Peru Telecomunicações BVL www.telefonica.com.pe

120 Telefónica Moviles S.A. Peru Telecomunicações BVL www.telefonica.pe

121 Textil San Cristobal S.A. Peru Textil BVL www.textilsancristobal.com.pe

122 Ticino del Peru S.A. Peru Eletroeletrônicos BVL www.ticino.pe Unión de Cervecerías Peruanas

123 Backus y Johnston S.A.A. Peru Alimentos e Beb BVL www.backus.com.pe

124 Volcan Compañía Minera S.A.A. Peru Mineração BVL www.volcan.com.pe 125 Yura S.A. Peru Minerais não Met BVL www.grupogloria.com.pe *As companhias destacadas foram incluídas na análise de conteúdo da pesquisa Fonte: Economática (2009)

302

ANEXO B: ATIVIDADES POTENCIAMENTE POLUIDORAS E/OU UTILIZADORAS DE RECURSOS AMBIENTAIS NO BRASIL

Código/Categoria Descrição Classificação CNAE Lei nº 10165/2000 Lei nº 10165/2000 Resolução nº 54, de 19 de dezembro de 1994

1 Extração e Pesquisa mineral com guia 1000-6/01 - Extração de carvão mineral Tratamento de de utilização; lavra a céu 1000-6/02 - Beneficiamento de carvão mineral Minerais: aberto, inclusive de aluvião, 1110-0/01 - Extração de petróleo e gás natural com ou sem 1110-0/02 - Extração e beneficiamento de xisto beneficiamento; lavra 1110-0/03 - Extração e beneficiamento de areias subterrânea com ou sem betuminosas beneficiamento, lavra garimpeira, perfuração de 1310-2/01 - Extração de minério de ferro poços e produção de 1310-2/02 - Pelotização/sinterização de minério de ferro petróleo e gás natural. 1321-8/01 - Extração de minério de alumínio 1321-8/02 - Beneficiamento de minério de alumínio

1322-6/01 - Extração de minério de estanho

1322-6/02 - Beneficiamento de minério de estanho 1323-4/01 - Extração de minério de manganês 1323-4/02 - Beneficiamento de minério de manganês

1324-2/00 - Extração de minérios de metais preciosos

1325-0/00 - Extração de minerais radioativos 1329-3/01 - Extração de nióbio e titânio 1329-3/02 - Extração de tungstênio 1329-3/03 - Extração de níquel 1329-3/04 - Extração de cobre, chumbo, zinco e de outros minerais metálicos não-ferrosos não compreendidos em outras classes.

1329-3/99 - Beneficiamento de cobre, chumbo, zinco,

níquel e de outros minerais metálicos não-ferrosos não

compreendidos em outras classes.

1410-9/01 - Extração de ardósia e beneficiamento

associado

1410-9/02 - Extração de granito e beneficiamento associado 1410-9/03 - Extração de mármore e beneficiamento associado 1410-9/04 - Extração de calcário/dolomita e beneficiamento associado 1410-9/05 - Extração de gesso e caulim e beneficiamento associado 1410-9/06 - Extração de areia, cascalho ou pedregulho e beneficiamento associado. 1410-9/07 - Extração de argila e beneficiamento associado 1410-9/08 - Extração de saibro e beneficiamento associado 1410-9/09 - Extração de basalto e beneficiamento associado

303

1410-9/99 - Extração e/ou britamento de pedras e de outros materiais para construção não especificados anteriormente e seu beneficiamento associado 1421-4/00 - Extração de minerais para fabricação de adubos, fertilizantes e produtos químicos. 1422-2/01 - Extração de sal marinho 1422-2/02 - Extração de sal-gema 1422-2/03 - Refino e outros tratamentos do sal 1429-0/01 - Extração de gemas 1429-0/02 - Extração de grafita 1429-0/03 - Extração de quartzo e cristal de rocha 1429-0/04 - Extração de amianto 1429-0/99 - Extração de outros minerais não-metálicos não especificados anteriormente 2 Indústria de Beneficiamento de minerais 2611-5/00 - Fabricação de vidro plano e de segurança Produtos Minerais não metálicos, não Não Metálicos associados à extração; 2612-3/00 - Fabricação de vasilhames de vidro fabricação e elaboração de 2619-0/00 - Fabricação de artigos de vidro produtos minerais não 2620-4/00 - Fabricação de cimento metálicos tais como produção de material 2630-1/01 - Fabricação de estruturas pré-moldadas de cerâmico, cimento, gesso, concreto armado, em série ou sob encomenda. amianto, vidro e similares. 2630-1/02 - Fabricação de artefatos de cimento para uso na construção civil 2630-1/03 - Fabricação de artefatos de fibrocimento para uso na construção civil 2630-1/04 - Fabricação de casas pré-moldadas de concreto

2630-1/05 - Preparação de massa de concreto e

argamassa para construção

2630-1/99 - Fabricação de outros artefatos ou produtos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e estuque.

2641-7/01 - Fabricação de artefatos de cerâmica ou barro cozido para uso na construção civil – exclusive azulejos e pisos 2641-7/02 - Fabricação de azulejos e pisos 2642-5/00 - Fabricação de produtos cerâmicos refratários

2649-2/00 - Fabricação de produtos cerâmicos não- refratários para usos diversos 2691-3/01 - Britamento de pedras (não associado à extração) 2691-3/02 - Aparelhamento de pedras para construção (não associado à extração) 2691-3/03 - Aparelhamento de placas e execução de trabalhos em mármore, granito, ardósia e outras pedras – exclusive para construção. 2692-1/00 - Fabricação de cal virgem, cal hidratada e gesso. 2699-9/00 - Fabricação de outros produtos de minerais não-metálicos 3691-9/01 - Lapidação de gemas 3 Indústria Fabricação de aço e de 2711-1/01 - Produção de laminados planos de aço Metalúrgica produtos siderúrgicos, comum revestidos ou não

304

produção de fundidos de 2711-1/02 - Produção de laminados planos de aços ferro e aço, forjados, especiais arames, relaminados com ou 2712-0/01 - Produção de tubos e canos sem costura sem tratamento; de 2712-0/99 - Produção de outros laminados não-planos de superfície, inclusive aço galvanoplastia, metalurgia 2721-9/00 - Produção de gusa dos metais não-ferroso, em formas primárias e 2722-7/00 - Produção de ferro, aço e ferro ligas em secundárias, inclusive ouro formas primárias e semi-acabados. 2729-4/01 - Produção de arames de aço 2729-4/02 - Produção de relaminados, trefilados e retrefilados de aço, e de perfis estampados - exclusive em siderúrgicas integradas. 3 Indústria Produção de laminados, 2731-6/00 - Fabricação de tubos de aço com costura Metalúrgica ligas, artefatos de metais 2739-1/00 - Fabricação de outros tubos de ferro e aço não-ferroso com ou sem tratamento de superfície, 2741-3/01 - Metalurgia do alumínio e suas ligas inclusive ligas, produção de soldas e anodos; metalurgia 2741-3/02 - Produção de laminados de alumínio de metais preciosos; 2742-1/00 -Metalurgia dos metais preciosos metalurgia do pó, inclusive 2749-9/01 - Metalurgia do zinco peças moldadas 2749-9/02 - Produção de laminados de zinco 2749-9/03 - Produção de soldas e anodos para galvanoplastia 2749-9/99 - Metalurgia de outros metais não-ferrosos

2751-0/00 - Produção de peças fundidas de ferro e aço

3 Indústria Fabricação de estruturas 2752-9/00 - Produção de peças fundidas de metais não- Metalúrgica metálicas com ou sem ferrosos e suas ligas tratamento de superfície, 2811-8/00 - Fabricação e estruturas metálicas para inclusive; galvanoplastia, edifícios, pontes, torres de transmissão, andaimes e fabricação de artefatos de outros fins, inclusive sob encomenda. ferro, aço e de metais não- ferroso com ou sem 2812-6/00 - Fabricação de esquadrias de metal tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia, tempera e cementação de aço, recozimento de arames, tratamento de superfície.

4 Indústria Fabricação de máquinas, 2813-4/00 - Fabricação de obras de caldeiraria pesada Mecânica aparelhos, peças, utensílios e acessórios com e sem 2821-5/01 - Fabricação de tanques, reservatórios tratamento térmico ou de metálicos e caldeiras para aquecimento central. superfície. 2822-3/01 - Fabricação de caldeiras geradoras de vapor - exclusive para aquecimento central e para veículos

2831-2/00 - Produção de forjados de aço 2832-0/00 - Produção de forjados de metais não-ferrosos e suas ligas

2833-9/00 - Produção de artefatos estampados de metal

305

2834-7/00 - Metalurgia do pó 2839-8/00 - Têmpera, cementação e tratamento térmico do aço, serviços de usinagem, galvanotécnica e solda.

2841-0/00 - Fabricação de artigos de cutelaria

2842-8/00 - Fabricação de artigos de serralheria 2843-6/00 - Fabricação de ferramentas manuais 2891-6/00 - Fabricação de embalagens metálicas 2892-4/01- Fabricação de produtos padronizados trefilados de ferro, aço e de metais não-ferrosos. 2892-4/99 – Fabricação de outros produtos de trefilados de ferro, aço e de metais não-ferrosos 2893-2/00 - Fabricação de artigos de funilaria e de artigos de metal para usos doméstico e pessoal 2899-1/00 - Fabricação de outros produtos elaborados de metal 2911-4/01 - Fabricação de motores estacionários de combustão interna, turbinas e outras máquinas motrizes não elétricas, inclusive peças -exclusive para aviões e veículos rodoviários.

2912-2/01 - Fabricação de bombas e carneiros hidráulicos, inclusive peças.

2913-0/01 - Fabricação de válvulas, torneiras e registros, inclusive peças 2914-9/01 - Fabricação de compressores, inclusive peças.

2915-7/01 - Fabricação de equipamentos de transmissão para fins industriais inclusive rolamentos e peças

2921-1/01 - Fabricação de fornos industriais, aparelhos e equipamentos não-elétricos para instalações térmicas, inclusive peças. 2922-0/01 - Fabricação de estufas elétricas para fins industriais - inclusive peças

2923-8/00 - Fabricação de máquinas, equipamentos para transporte e elevação cargas e pessoas - inclusive peças.

2924-6/01 - Fabricação de máquinas e aparelhos de refrigeração e ventilação de uso industrial - inclusive peças 2925-4/00 - Fabricação de equipamentos de ar condicionado 2929-7/01 - Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso geral - inclusive peças 2931-9/01 -Fabricação de máquinas e equipamentos para agricultura, avicultura e obtenção de produtos animais - inclusive peças. 2932-7/01 - Fabricação de tratores agrícolas - inclusive peças 2940-8/01 - Fabricação de máquinas-ferramenta - inclusive peças

306

2951-3/01 - Fabricação de máquinas e equipamentos para a indústria de prospecção e extração de petróleo - inclusive peças 2952-1/01 - Fabricação de outras máquinas e equipamentos para a extração de minérios e indústria da construção - inclusive peças 2953-0/01 - Fabricação de tratores de esteira e tratores de uso na construção e mineração - inclusive peças

2954-8/01 - Fabricação de máquinas e equipamentos de terraplenagem e pavimentação 2961-0/01- Fabricação de máquinas para a indústria metalúrgica, inclusive peças – exclusive máquinas- ferramenta. 2962-9/01 - Fabricação de máquinas e equipamentos para as indústrias, alimentar, de bebidas e fumo - inclusive peças. 2963-7/01 - Fabricação de máquinas e equipamentos para a indústria têxtil - inclusive peças

2964-5/01 - Fabricação de máquinas e equipamentos para as indústrias do vestuário e de couro e calçados - inclusive peças 2965-3/01 -Fabricação de máquinas e aparelhos para a indústria de celulose, papel e papelão - inclusive peças.

2969-6/01 - Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico – inclusive peças 2971-8/00 - Fabricação de armas de fogo e munições

2972-6/00 - Fabricação de equipamento bélico pesado

2981-5/00 - Fabricação de fogões, refrigeradores e máquinas de lavar e secar para uso doméstico - inclusive peças 2989-0/00 - Fabricação de outros aparelhos eletrodomésticos - inclusive peças 3011-2/00 - Fabricação de máquinas de escrever e calcular, copiadoras e outros equipamentos não- eletrônicos para escritório - inclusive peças. 3612-9/01 - Fabricação de móveis com predominância de metal 3613-7/01 - Fabricação de móveis de outros materiais

3691-9/02 - A fabricação de artefatos de joalheria e ourivesaria 3691-9/03 - A cunhagem de moedas e medalhas 3692-7/00 - Fabricação de instrumentos musicais, peças e acessórios. 3693-5/00 - Fabricação de artefatos para caça, pesca e esporte. 3694-3/00 - Fabricação de brinquedos e de jogos recreativos

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3695-1/00 - Fabricação de canetas, lápis, fitas impressoras para máquinas e outros artigos para escritório. 3699-4/99 - Fabricação de produtos diversos 5 Indústria de Fabricação de pilhas, 3012-0/00 - Fabricação de máquinas de escrever e Material Elétrico, baterias e outros calcular, copiadoras e outros equipamentos eletrônicos Eletrônico e acumuladores, fabricação de destinados à automação gerencial e comercial – inclusive Comunicações. material elétrico, eletrônico peças. e equipamentos para 3021-0/00 - Fabricação de computadores telecomunicação e 3022-8/00 - Fabricação de equipamentos periféricos para informática; fabricação de máquinas eletrônicas para tratamento de informações aparelhos elétricos e eletrodomésticos. 3111-9/01 - Fabricação de geradores de corrente contínua ou alternada, inclusive peças. 3112-7/01 - Fabricação de transformadores, indutores, conversores, sincronizadores e semelhantes, inclusive peças. 3113-5/01 - Fabricação de motores elétricos, inclusive peças.

3121-6/00 - Fabricação de subestações, quadros de comando, reguladores de voltagem e outros aparelhos e equipamentos para distribuição e controle de energia, inclusive peças.

3122-4/00 - Fabricação de material elétrico para instalações em circuito de consumo

3130-5/00 - Fabricação de fios, cabos e condutores

elétricos isolados.

3141-0/00 - Fabricação de pilhas, baterias e acumuladores elétricos – exclusive para veículos. 3142-9/01 - Fabricação de baterias e acumuladores para veículos

3142-9/02 - Recondicionamento de baterias e

acumuladores para veículos

3151-8/00 - Fabricação de lâmpadas 3152-6/00 - Fabricação de luminárias e equipamentos de iluminação – exclusive para veículos 3160-7/00 - Fabricação de material elétrico para veículos – exclusive baterias 3191-7/00 - Fabricação de eletrodos, contatos e outros artigos de carvão e grafita para uso elétrico, eletroímãs e isoladores. 3192-5/00 - Fabricação de aparelhos e equipamentos para sinalização e alarme 3199-2/00 - Fabricação de outros aparelhos ou equipamentos elétricos 3210-7/00 - Fabricação de material eletrônico básico

3221-2/01 - Fabricação de equipamentos transmissores de rádio e televisão e de equipamentos para estações telefônicas, para radiotelefonia e radiotelegrafia, de microondas e repetidoras – inclusive peças.

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3222-0/01 - Fabricação de aparelhos telefônicos, sistemas de intercomunicação e semelhantes, inclusive peças.

3230-1/00 - Fabricação de aparelhos receptores de rádio e televisão e de reprodução, gravação ou amplificação de som e vídeo. 3310-3/01 - Fabricação de aparelhos, equipamentos e mobiliários para instalações hospitalares, em consultórios médicos e odontológicos e para laboratórios.

3310-3/02 - Fabricação de instrumentos e utensílios para usos médicos, cirúrgicos, odontológicos e de laboratórios. 3310-3/03 - Fabricação de aparelhos e utensílios para correção de defeitos físicos e aparelhos ortopédicos em geral – inclusive sob encomenda 3320-0/00 - Fabricação de aparelhos e instrumentos de medida, teste e controle – exclusive equipamentos para controle de processos industriais. 3330-8/01 - Fabricação de máquinas, aparelhos e equipamentos de sistemas eletrônicos dedicados à automação industrial e controle do processo produtivo.

3340-5/01 - Fabricação de aparelhos fotográficos e cinematográficos, peças e acessórios. 3340-5/02 - Fabricação de instrumentos ópticos, peças e acessórios. 3340-5/03 - Fabricação de material óptico 3350-2/00 - Fabricação de cronômetros e relógios 6 Indústria de Fabricação e montagem de 3410-0/01 - Fabricação de automóveis, camionetas e Material de veículos rodoviários e utilitários. Transporte ferroviários, peças e 3410-0/02 - Fabricação de chassis com motor para acessórios; fabricação e automóveis, camionetas e utilitários. montagem e aeronaves; 3410-0/03 - Fabricação de motores para automóveis, fabricação e reparo de camionetas e utilitários. embarcações e estruturas flutuantes. 3420-7/01 - Fabricação de caminhões e ônibus 3420-7/02 - Fabricação de motores para caminhões e ônibus 3431-2/00 - Fabricação de cabines, carrocerias e reboques para caminhão.

3432-0/00 - Fabricação de carrocerias para ônibus

3439-8/00 - Fabricação de cabines, carrocerias e reboques para outros veículos. 3441-0/00 - Fabricação de peças e acessórios para o sistema motor 3442-8/00 - Fabricação de peças e acessórios para os sistemas de marcha e transmissão

3443-6/00 - Fabricação de peças e acessórios para o

sistema de freios

3444-4/00-Fabricação de peças e acessórios para o sistema de direção e suspensão

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3449-5/00 - Fabricação de peças e acessórios de metal para veículos automotores não classificados em outra classe 3511-4/01 - Construção e reparação de embarcações de grande porte 3511-4/02 - Construção e reparação de embarcações para uso comercial e para usos especiais, exclusive de grande porte 3512-2/01 - Construção de embarcações para esporte e lazer 3521-1/00 - Construção e montagem de locomotivas, vagões e outros materiais rodantes. 3522-0/00 - Fabricação de peças e acessórios para veículos ferroviários 3531-9/00 - Construção e montagem de aeronaves 3591-2/00- Fabricação de motocicletas - inclusive peças

3592-0/00 - Fabricação de bicicletas e triciclos não- motorizados - inclusive peças 3599-8/00 - Fabricação de outros equipamentos de transporte 7 Indústria de Serraria e desdobramento de 2010-9/00 - Desdobramento de madeira, dormentes, Madeira madeira; preservação de postes, estacas, mourões e similares. madeira; fabricação de 2021-4/00 - Fabricação de madeira laminada e de chapas chapas, placas de madeira de madeira compensada, prensada ou aglomerada. aglomerada, prensada e compensada; fabricação de estruturas de madeira e de 2022-2/01-Produção de casas de madeira pré-fabricadas móveis. 2022-2/02 - Fabricação de esquadrias de madeira, venezianas e de peças de madeira para instalações industriais e comerciais. 2022-2/99 - Fabricação de outros artigos de carpintaria

2023-0/00 - Fabricação de artefatos de tanoaria e embalagens de madeira 2029-0/00 - Fabricação de artefatos diversos de madeira, palha, cortiça e material trançado – exclusive móveis.

3611-0/01 - Fabricação de móveis com predominância de madeira 8 Indústria de Fabricação de celuloses e 2110-5/00 - Fabricação de celulose e outras pastas para a Papel e Celulose pastas mecânicas; fabricação de papel fabricação de papel e 2121-0/00 - Fabricação de papel papelão; fabricação de 2122-9/00 - Fabricação de papelão liso, cartolina e artefatos de papel, papelão, cartão. cartolina, cartão e fibra prensada. 2131-8/00 - Fabricação de embalagens de papel 2132-6/00 - Fabricação de embalagens de papelão - inclusive a fabricação de papelão corrugado 2141-5/00 - Fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina e cartão para escritório. 2142-3/00 - Fabricação de fitas e formulários contínuos - impressos ou não

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2149-0/01 - Fabricação de fraldas descartáveis e de absorventes higiênicos 2149-0/99 - Fabricação de outros artefatos de pastas, papel, papelão, cartolina e cartão. 9 Indústria de Beneficiamento de borracha 2511-9/00 - Fabricação de pneumáticos e de câmaras-de- Borracha natural, fabricação de ar câmara de ar, fabricação e recondiciona-mento de 2519-4/00 - Fabricação de artefatos diversos de borracha pneumáticos; fabricação de laminados e fios de 3614-5/00 - Fabricação de colchões borracha; fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma de borracha, inclusive látex. 10 Indústria de Secagem e salga de couros e 1910-0/00 - Curtimento e outras preparações de couro Couros e Peles peles, curtimento e outros preparações de couros e 1929-1/00 - Fabricação de outros artefatos de couro peles; fabricação de artefatos diversos de couros de peles; fabricação de cola animal. 11 Indústria Beneficiamento de fibras 1711-6/00 - Beneficiamento de algodão Têxtil de têxteis, vegetais, de origem 1719-1/00 - Beneficiamento de outras fibras têxteis Vestuário, animal e sintéticos; naturais Calçados e Arte- fabricação e acabamento de 1721-3/00 - Fiação de algodão fatos de Tecidos fios e tecidos; tingimento, 1722-1/00 - Fiação de outras fibras têxteis naturais estamparia e outros acabamentos em peças do 1723-0/00 - Fiação de fibras artificiais ou sintéticas vestuário e artigos diversos 1724-8/00 - Fabricação de linhas e fios para coser e de tecidos; fabricação de bordar calçados e componentes 1731-0/00 - Tecelagem de algodão para calçados. 1732-9/00 - Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais

1733-7/00 - Tecelagem de fios e filamentos contínuos artificiais ou sintéticos

1733-7/00 - Tecelagem de fios e filamentos contínuos artificiais ou sintéticos 1741-8/00 - Fabricação de artigos de tecido de uso doméstico, incluindo tecelagem. 1749-3/00 - Fabricação de outros artefatos têxteis, incluindo tecelagem. 1921-6/00 -Fabricação de malas, bolsas, valises e outros artefatos para viagem, de qualquer material. 1931-3/01 - Fabricação de calçados de couro 1932-1/00 - Fabricação de tênis de qualquer material

1933-0/00 - Fabricação de calçados de plástico 1939-9/00 - Fabricação de calçados de outros materiais

12 Indústria de Fabricação de laminados 2521-6/00 - Fabricação de laminados planos e tubulares Produtos de plásticos, fabricação de de plástico Matéria Plástica artefatos de material 2522-4/00 - Fabricação de embalagem de plástico plástico. 2529-1/01 - Fabricação de artefatos de material plástico

para uso pessoal e doméstico, reforçados ou não com

fibra de vidro.

2529-1/02 - Fabricação de artefatos de material plástico para usos industriais - exclusive na indústria da construção civil

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2529-1/03 - Fabricação de artefatos de material plástico para uso na construção civil 2529-1/99 - Fabricação de artefatos de plástico para outros usos 13 Indústria do Fabricação de cigarros, 1600-4/01 - Fabricação de cigarros e cigarrilhas Fumo charutos, cigarrilhas e 1600-4/02 - Fabricação de fumo em rolo ou em corda e outras atividades de outros produtos do fumo beneficiamento do fumo. 1600-4/03 - Fabricação de filtros para cigarros

14 Indústrias Usinas de produção de 2320-5/00 - Fabricação de asfalto de Petróleo Diversas concreto e de asfalto 15 Indústria Produção de substâncias e 2310-8/00 - Coquerias Química fabricação de produtos 2320-5/00 - Refino de petróleo químicos, fabricação de 2330-2/00 - Elaboração de combustíveis nucleares produtos derivados do processamento de petróleo, 2340-0/00 - Fabricação de álcool de rochas betuminosas e da 2411-2/00 - Fabricação de cloro e álcalis madeira; fabricação de 2412-0/00 - Fabricação de intermediários para combustíveis não derivados fertilizantes de petróleo, produção de 2413-9/00 - Fabricação de fertilizantes fosfatados, óleos, gorduras, ceras, nitrogenados e potássicos. vegetais e animais, óleos essenciais, vegetais e 2414-7/00 - Fabricação de gases industriais produtos similares, da 2419-8/00 - Fabricação de outros produtos inorgânicos destilação da madeira, 15 Indústria Fabricação de resinas e de 2421-0/00 - Fabricação de produtos petroquímicos Química fibras e fios artificiais e básicos sintéticos e de borracha e 2422-8/00 - Fabricação de intermediários para resinas e látex sintéticos, fabricação fibras de pólvora, explosivos, 2429-5/00 - Fabricação de outros produtos químicos detonantes, munição para orgânicos caça e desporto, fósforo de segurança e artigos (Atividades de produção de carvão vegetal nativo e pirotécnicos; recuperação e exótico) refino de solventes, óleos 2431-7/00 - Fabricação de resinas termoplásticas minerais, vegetais e 2432-5/00 -Fabricação de resinas termofixas animais; fabricação de 2433-3/00 - Fabricação de elastômeros concentrados aromáticos 2441-4/00 - Fabricação de fibras, fios, cabos e filamentos naturais, artificiais e contínuos artificiais. sintéticos; 2442-2/00 - Fabricação de fibras, fios, cabos e filamentos contínuos sintéticos. 2451-1/00 - Fabricação de produtos farmoquímicos 2452-0/01 - Fabricação de medicamentos alopáticos para uso humano 2452-0/02 - Fabricação de medicamentos homeopáticos para uso humano 15 Indústria Fabricação de preparados 2453-8/00 - Fabricação de medicamentos para uso Química para limpeza e polimento, veterinário desinfetantes, inseticidas, 2454-6/00 - Fabricação de materiais para usos médicos, germicidas e fungicidas; hospitalares e odontológicos. fabricação de tintas, esmaltes, lacas, vernizes, 2461-9/00 - Fabricação de inseticidas impermeabilizantes, 2462-7/00 - Fabricação de fungicidas solventes e secantes; 2463-5/00 - Fabricação de herbicidas fabricação de fertilizantes e 2469-4/00 - Fabricação de outros defensivos agrícolas

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agroquímicos; fabricação de 2471-6/00 - Fabricação de sabões, sabonetes e produtos farmacêuticos e detergentes sintéticos. veterinários; fabricação de 2472-4/00 - Fabricação de produtos de limpeza e sabões, detergentes e velas; polimento fabricação de perfumarias e 2473-2/00 - Fabricação de artigos de perfumaria e cosméticos; produção de cosméticos álcool etílico, metanol e 2481-3/00 - Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e similares. lacas.

2482-1/00 - Fabricação de tintas de impressão 2483-0/00 - Fabricação de impermeabilizantes, solventes e produtos afins. 2491-0/00 - Fabricação de adesivos e selantes 2492-9/01 - Fabricação de pólvoras, explosivos e detonantes.

2492-9/02 - Fabricação de artigos pirotécnicos 2493-7/00 - Fabricação de catalisadores 2494-5/00 - Fabricação de aditivos de uso industrial 2495-3/00 - Fabricação de chapas, filmes, papéis e outros materiais e produtos químicos para fotografia 2496-1/00 - Fabricação de discos e fitas virgens 2499-6/00 - Fabricação de outros produtos químicos não especificados ou não classificados 16 Indústria de Beneficiamento, moagem, 1511-3/01 - Frigorífico - Abate de bovinos e preparação Produtos torrefação e fabricação de de carne e subprodutos Alimentares e produtos alimentares; 1511-3/02 - Frigorífico - Abate de suínos e preparação de Bebidas matadouros, abatedouros, carne e subprodutos frigoríficos, charqueadas e 1511-3/03 - Frigorífico - Abate de eqüinos e preparação derivados de origem animal; de carne e subprodutos fabricação de conservas; preparação de pescados e 1511-3/04 - Frigorífico - Abate de ovinos e caprinos e fabricação de conservas de preparação de carne e subprodutos pescados; beneficiamento e 1511-3/05 - Frigorífico - Abate de bufalinos e preparação industrialização de leite e de carne e subprodutos derivados; fabricação e 1511-3/06 - Matadouro - abate de reses e preparação de refinação de açúcar; refino e carne para terceiros preparação de óleo e 1512-1/01 - Abate de aves e preparação de produtos de gorduras vegetais; carne

1512-1/02 - Abate de pequenos animais e preparação de produtos de carne 1513-0/01 - Preparação de carne, banha e produtos de salsicharia não associados ao abate.

1513-0/02 - Preparação de subprodutos não associado ao abate 1514-8/00 - Preparação e conservação do pescado e fabricação de conservas de peixes, crustáceos e moluscos. 1521-0/00 - Processamento, preservação e produção de conservas de frutas, legumes e outros vegetais. 1522-9/00 - Processamento, preservação e produção de conservas de legumes e outros vegetais. 1523-7/00 - Produção de sucos de frutas e de legumes

16 Indústria de Produção de manteiga, 1531-8/00 - Produção de óleos vegetais em bruto Produtos cacau, gorduras de origem 1532-6/00 - Refino de óleos vegetais

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Alimentares e animal para alimentação; 1533-4/00 - Preparação de margarina e outras gorduras Bebidas fabricação de fermentos e vegetais e de óleos de origem animal não comestíveis leveduras; fabricação de rações balanceadas e de 1541-5/00 - Preparação do leite alimentos preparados para 1542-3/00 - Fabricação de produtos do laticínio animais; fabricação de vinhos e vinagre; fabricação 1543-1/00 - Fabricação de sorvetes de cervejas, chopes e 1551-2/01 - Beneficiamento de arroz maltes; fabricação de 1551-2/02 - Fabricação de produtos do arroz bebidas não-alcoólicas, bem 1552-0/00 - Moagem de trigo e fabricação de derivados como engarrafamento e gaseificação e águas minerais; fabricação de 1553-9/00 - Produção de farinha de mandioca e derivados bebidas alcoólicas. 1554-7/00 - Fabricação de fubá, farinha e outros derivados de milho - exclusive óleo. 1555-5/00 - Fabricação de amidos e féculas de vegetais e fabricação de óleos de milho 1556-3/00 - Fabricação de rações balanceadas para animais

1559-8/00 - Beneficiamento, moagem e preparação de

outros alimentos de origem vegetal.

1561-0/00 - Usinas de açúcar

1562-8/01 Refino e moagem de açúcar de cana 1562-8/02 - Fabricação de açúcar de cereais (dextrose) e de beterraba

1562-8/03 - Fabricação de açúcar de Stévia

1571-7/00 - Torrefação e moagem de café 1572-5/00 - Fabricação de café solúvel 1581-4/00 - Fabricação de produtos de padaria, confeitaria e pastelaria. 1582-2/00 - Fabricação de biscoitos e bolachas 1583-0/01 - Produção de derivados do cacau e elaboração de chocolates

1583-0/02 - Produção de balas e semelhantes e de frutas

cristalizadas

1584-9/00 - Fabricação de massas alimentícias 1585-7/00 - Preparação de especiarias, molhos, temperos e condimentos 1586-5/00 - Preparação de produtos dietéticos, alimentos para crianças e outros alimentos conservados.

1589-0/01 - Fabricação de vinagres 1589-0/02 - Fabricação de pós-alimentícios 1589-0/03 - Fabricação de fermentos, leveduras e coalhos. 1589-0/05 - Beneficiamento de chá, mate e outras ervas para infusão. 1589-0/99 - Fabricação de outros produtos alimentícios

1591-1/01 - Fabricação, retificação, homogeneização e mistura de aguardente de cana de açúcar.

1591-1/02 - Fabricação, retificação, homogeneização e mistura de outras aguardentes e bebidas destiladas.

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1592-0/00 - Fabricação de vinho 1593-8/01 - Fabricação de malte, inclusive malte uísque

1593-8/02 - Fabricação de cervejas e chopes 1594-6/00 - Engarrafamento e gaseificação de águas minerais 1595-4/01 - Fabricação de refrigerantes 1595-4/02 - Fabricação de refrescos, xaropes e pós para refrescos. 17 Serviços de Produção de energia 3710-9/00 - Reciclagem de sucatas metálicas Utilidade termoelétrica; tratamento e 3720-6/00 - Reciclagem de sucatas não-metálicas destinação de resíduos 4010-0/01 - Produção de energia elétrica industriais líquidos e 4010-0/02 - Transmissão e a distribuição de energia sólidos; disposição de elétrica resíduos especiais tais 4020-7/01 - Produção e distribuição de gás através de como: de agroquímicos e tubulações suas embalagens; usadas e de serviço de saúde e 4020-7/02 - Distribuição de combustíveis gasosos de similares; destinação de qualquer tipo por sistema de tubulação resíduos de esgotos 4030-4/00 - Produção e distribuição de vapor e água sanitárias e de resíduos quente sólidos urbanos, inclusive 4100-9/01 - Captação, tratamento e distribuição de água aqueles provenientes de canalizada. fossas; dragagem e 9000-0/01 - Limpeza urbana – exclusive gestão de aterros derrocamentos em corpos sanitários d’água; recuperação de áreas contaminadas ou 9000-0/02 - Gestão de aterros sanitários degradadas. 9000-0/03 - Gestão de redes de esgoto 9000-0/99 - Outras atividades relacionadas à limpeza urbana e esgoto 18 Transporte, Transporte de cargas 5050-4/00 - Comércio a varejo de combustíveis e Terminais, perigosas, transporte por lubrificantes para veículos automotores Depósitos e dutos; marinas, portos e 5112-8/00 - Intermediários do comércio de combustíveis, Comércio. aeroportos; terminais de minerais, metais e produtos químicos industriais. minério, petróleo e derivados e produtos 5151-9/01 - Comércio atacadista de álcool carburante, químicos; depósitos de gasolina e demais derivados de petróleo – exceto produtos químicos e transportador retalhista. produtos perigosos; comércio de combustíveis, 5151-9/02 - Comércio atacadista de combustíveis derivados de petróleo e realizado por transportador retalhista produtos químicos e 5151-9/03 - Comércio atacadista de gás liquefeito de produtos perigosos. petróleo (GLP) 5151-9/04 - Comércio atacadista de combustíveis de origem vegetal - exceto álcool carburante

5151-9/05 - Comércio atacadista de combustíveis de

origem mineral em bruto

5154-3/01 - Comércio atacadista de defensivos agrícolas, adubos, fertilizantes e corretivos do solo. 5154-3/99 - Comércio atacadista de outros produtos químicos 5155-1/00 - Comércio atacadista de resíduos e sucatas

5247-7/00 - Comércio varejista de gás liquefeito de petróleo (GLP) 5249-3/00 - Comércio varejista de outros produtos não- especificados anteriormente

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6010-0/02 - Transporte ferroviário de cargas, intermunicipal e interestadual. 6027-5/00 - Transporte rodoviário de produtos perigosos

19 Turismo Complexos turísticos e de 9253-3/00 - Atividades de jardins botânicos, zoológicos, lazer, inclusive parques parques nacionais e reservas ecológicas. temáticas. 9261-4/01 - Clubes sociais, desportivos e similares. (Empreendimentos Turísticos e Atividades ecoturísticas em Cavernas; e·Complexos Turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos) 20 Uso de Silvicultura; exploração 0146-5/99 - Criação de outros animais Recursos Naturais econômica da madeira ou (Atividades que envolvam apenas criadouros de animais lenha e subprodutos silvestres e exóticos, com fins amadorista, científico, florestais; importação ou conservacionista, comercial ou industrial.) exportação da fauna e flora nativas brasileiras; 0211-9/06 - Cultivo de viveiros florestais atividades de criação e exploração econômica de (Atividades de produtor de plantas: Ornamentais fauna exótica e de fauna nativas;·medicinais/aromáticas nativas; ·ornamentais silvestre; exóticas listadas nos anexos I e II da CITES; medicinais/aromáticas exóticas listadas nos anexos I e II da CITES.) 0212-7/01 - Extração de madeira, dormentes, postes, estacas, mourões e similares; e 0212-7/05 Coleta de palmito 0212-7/99 - Coleta de outros produtos florestais silvestres

( - Atividades de extrator (origem nativa) de: ·Plantas ornamentais/partes; Plantas medicinais, aromáticas e partes; Óleos essenciais; Resina/goma/cera; Vime/bambu/cipó e similares; Xaxim; Fibras; e Erva- mate cancheada não padronizada)

0213-5/00 - Atividades dos serviços relacionados com a silvicultura e a exploração florestal: 5111-0/00 - Intermediários do comércio de matérias primas agrícolas, animais vivos, matérias primas têxteis e produtos semi-acabados. ( Atividades de comércio intermediário de animais silvestres e exóticos vivos, e produtos e subprodutos.)

20 Uso de Utilização do patrimônio 5113-6/00 - Intermediários do comércio de madeira, Recursos Naturais genético natural; exploração material de construção e ferragens. de recursos aquáticos vivos; (Atividades de comércio intermediário de produtos e introdução de espécies subprodutos florestais) exóticas ou geneticamente 5122-5/05 - Comércio atacadista de outros animais vivos. modificadas; uso da diversidade biológica pela biotecnologia. (Atividades de comércio atacadista de animais silvestres e seus produtos, de origem nativo e exótico)

5122-5/06 - Comércio atacadista de couros, peles, chifres, ossos, cascos, crinas, lã, pelos e cerdas em bruto, penas e plumas. (Atividades de comércio atacadista de subprodutos da fauna silvestre e exótica.)

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5153-5/01 Comércio atacadista de madeira em bruto e produtos derivados (Atividades de comércio atacadista de produtos e subprodutos florestais de origem nativa) 5244-2/04 - Comércio varejista de madeira e seus artefatos. (Atividades de comércio varejista de produtos e subprodutos florestais de origem nativa). 7310-0/00 - Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas e naturais (Atividades de pesquisas que tratem de diversidade biológica e biotecnologia) 9112-0/00 - Atividades de organizações profissionais: (Atividades de Associação e Cooperativa Florestal, Administradora e especializada em atividades de silvicultura) 9199-5/00 - Outras atividades associativas, não especificadas anteriormente. (Atividades associativas de: Federação Ornitófila; e Clube Amadorista de Caça de Tiro do Vôo). Fonte: Adaptação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (2010)