Unb Faculdade De Comunicação a BROADCAST, O

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Unb Faculdade De Comunicação a BROADCAST, O UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB Faculdade de Comunicação A BROADCAST, O MERCADO FINANCEIRO E A COBERTURA DE ECONOMIA DA GRANDE IMPRENSA Como a Broadcast ajuda a fortalecer os interesses do mercado financeiro, influindo na cobertura de outros veículos de comunicação Jaqueline de Paiva e Silva Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Comunicação Brasília, dezembro de 2002. Para Anita, por ter me trazido doçura e serenidade Para Nelson, que foi minha inspiração Para Clarinda e Hernane, pelo estímulo à curiosidade e à minha paixão pelos livros. Muito obrigada. Agradecimentos também a Cláudia e Joelma. BANCA EXAMINADORA Profa. Zélia Leal Adghimi - FAC/UnB Orientadora Prof. Mauro Porto - FAC/UnB Prof. Bernardo Kucinski - ECA/USP Prof. Luís Martins - FAC/UnB Suplente 3 “Eu leio jornal um pouquinho de manhã e um pouquinho depois do almoço. Os jornais hoje dizem mais ou menos as mesmas coisas;. Então, você tem que ler o editorial Se você leu um dos bons jornais, basta ler o editorial e os comentários assinados dos outros. Como eu tenho aquela maquininha ali (aponta para o computador na sua mesa de trabalho, ligado na Broadcast - um dos serviços da Agência Estado), fico sabendo de antemão as notícias que os jornais vão publicar no dia seguinte. Eu vejo o dia inteiro isso aí. E um vício perigoso ” Presidente Fernando Henrique Cardoso (Entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo, em 15 de dezembro de 2002) 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................6 2. AIMPORTÂNICA DO MERCADO FINANCEIRO NA ECONOMIA BRASILEIRA.................................................................................................................. 8 3. A BROADCAST COMO ESPAÇO PÚBLICO PRIVILEGIADO PARA A DISCUSSÃO DOS INTERESSES DO MERCADO FINANCEIRO....................... 19 4. O PROCESSO DE AGENDAMENTO DA MÍDIA.................................................. 43 ESTUDOS DE CASOS 5. METODOLOGIA........................................................................................................... 80 6. REGRAS DE LINGUAGEM DA BROADCAST........................................................ 86 7. CASO I - O ACORDO COM O FMI............................................................................88 8. CASO II - A VOTAÇÃO DA CPMF E O INTERESSE DAS BOLSAS................167 9. CASO III - A MUDANÇA NA META DE INFLAÇÃO E O AUMENTO DA DÍVIDA PÚBLICA.......................................................................................................202 10. CASO IV - A REAÇÃO DO MERCADO ÀS PESQUISAS ELEITORAIS.......217 11. CONCLUSÃO................................................................................................................230 12. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................233 13. ENTREVISTADOS.......................................................................................................239 14. ANEXO I........................................................................................................................ 241 5 RESUMO O estudo busca mostrar como a Broadcast, a agência em tempo real do Grupo Estado, ajudou a fortalecer os interesses do mercado financeiro, influindo na cobertura de outros veículos de comunicação. A pesquisa mostra que o agendamento das agências em tempo real, principalmente da Broadcast, sobre a mídia em geral pode ter tido uma influência considerável na falta do olhar social e no privilégio dado pela imprensa nos últimos anos à visão técnica de temas importantes para a sociedade, como é o caso da economia. ABSTRACT This study has the purpose of showing how the Broadcast, a real time news agency, has helped the financial market agenda grow strong, influencing directly the coverage of another mass communications companies. The research points out that as the news from the Broadcast become available, the impact over competitors may have had a substantial influence in the lack of social engagement and in the major choice of subjects related somehow to the economic’s field given by the press in the last years. 1. INTRODUÇÃO A intenção da pesquisa é demonstrar como os interesses do mercado financeiro se tomaram preponderantes na cobertura de temas econômicos de grande parte da imprensa brasileira, principalmente no noticiário produzido a partir de Brasília. Este trabalho pretende apontar casos que confirmam esta hipótese e como a hegemonia do setor foi sendo construída na mídia. O mercado financeiro tem à sua disposição veículos de comunicação que cobrem assuntos de economia e política voltados prioritariamente para seus interesses específicos, criando para ele um espaço público privilegiado de discussão. Um desses veículos é a agência em tempo real Broadcast1, do Grupo Estado. Ela foi escolhida como o foco principal da pesquisa por ser a agência online de acesso restrito com maior número de assinantes no país, tendo o mercado financeiro como seu cliente prioritário. O corte que se dará no objeto de pesquisa vai direcioná-lo para dois pontos: o primeiro é mostrar como a Broadcast, por meio de outros veículos do Grupo Estado - o Mídia, a Agência Estado na internet (www.agestado.com.br) e, em menor medida, o próprio jornal O Estado de São Paulo-, acaba agendando boa parte da grande imprensa e dos veículos regionais. Por meio de uma rede de agendamento interna, a Broadcast exerce influência sobre o conteúdo de todas as mídias do Grupo Estado, que são consumidas por muitos outros veículos de comunicação de todo o país. Com sua cobertura voltada para o mercado financeiro, esse olhar sobre a notícia acaba por exercer influência em boa parte da mídia. 0 segundo corte pretende mostrar como as agências em tempo real ajudaram na transformação das rotinas produtivas das mídias tradicionais. Contribuíram para alterar também a velocidade de apuração e a mudança do conceito de furo jornalístico. Diante destes dois cortes, a pesquisa pretende mostrar que as agências em tempo real e, principalmente a Broadcast, que têm como cliente prioritário o mercado financeiro ou fazem seu produto pensando nele, podem ter tido uma influência considerável na falta do olhar social e no privilégio dado à visão técnica de temas importantes para a sociedade, que são a política e a economia. O trabalho pretende entender também como a velocidade da informação em tempo real, com esta visão específica do mercado financeiro, 1 Ela é também chamada de AE-News. 6 influi na produção da notícia e na escolha de temas a serem abordados por outros veículos de comunicação que não têm o mercado financeiro como seu públicô alvo. Para traçar todo esse cenário, a pesquisa vai começar pelo detalhamento do contexto histórico da economia brasileira das três últimas décadas, mostrando a crescente importância que o mercado financeiro alcançou para a economia e para os meios de comunicação. Em seguida, trará a abordagem sobre o boom das agências em tempo real no Brasil na última década e principalmente a consolidação da Broadcast. Será feita ainda uma avaliação das práticas e rotinas dos jornalistas diante do tempo real. A parte empírica da dissertação será confirmada com a análise de coberturas jornalísticas de temas econômicos feitas pela Broadcast e outros veículos do Estado, além de jornais e TV que assinam ou utilizam conteúdos gratuitos do Grupo. 7 2. A IMPORTÂNCIA DO MERCADO FINANCEIRO NA ECONOMIA BRASILEIRA O amplo espaço que as notícias de interesse do mercado financeiro passaram a ter na imprensa brasileira em geral foi o reflexo da importância quer o setor ganhou na economia do país nos últimos anos. Para buscar suas origens, será feita uma análise histórica a partir da década de 70, da conturbada relação entre as duas partes - governo e investidores - ao longo da década de 80 e a volta do interesse do mercado financeiro externo pela economia do Brasil num contexto mundial de globalização. Este processo aconteceu em toda a América Latina na década de 90, trazendo o capital internacional de volta para quase todos os países da região. A contextualização mostra porque, a princípio, pequenos fatos e a forma como são noticiados numa agência de notícias em tempo real, como a Broadcast, podem mexer com a economia nacional e internacional, principalmente nas bolsas de valores, onde o capital de curtíssimo, curto, médio ou longo prazo é aplicado. Este capital pode ser aquele de longo prazo que investe na produção, mas também o capital nervoso e volátil, que tem reações rápidas a qualquer movimento brusco, seja do Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário. Para este setor econômico, movimentos repentinos lembram decisões tomadas pelo governo na década de 80 e que resultaram nas graves crises enfrentadas pelo país, como a moratória da dívida externa. O financiamento da economia brasileira na década de 70 era abundante. Mas, as consequências da falta de planejamento e de ajustes na economia brasileira neste período acabaram provocando a crise da dívida da década de 80. Esta crise, decorrente do aumento do financiamento do balanço de pagamentos com recursos externos, foi aprofundada com o adiamento e a falta de um programa realista de renegociação dos débitos externos. A crise provocada principalmente pelas moratórias do Brasil e do México afetou toda a América Latina. As conseqüências são sentidas até hoje, com a alta taxa de risco dos países da região e a atração em grande medida de capital de curto prazo. Este capital deixa a região com alta
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