Dissertação Intermediária.Pdf
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
1 2 SIGLAS E ABREVIATURAS 1. De carácter geral AAS= Acta Apostolicae Sedis CEAST = Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé Cfr. = Conferir, confrontar Col (s) = coluna (s) Coord = coordenação Dir = dirigido, direcção E (+ número) = Entrevista E = Entrevistado Ed. = edição ou editor G = Gaudêncio como entrevistador MVD = Missionação do Verbo Divino OAP = Out of Africa Publishers RTA = Religião Tradicional Africana Trad. = Tradução UCP = Universidade Católica Portuguesa UTLISCSP = Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas Vol (s) = volume (s) 2. Bíblicas 1Cor = Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios 1Jo = Primeira Epístola de São João 1Pe = primeira epistola de São Pedro 2Cor = Segunda Epístola de São Paulo aos Coríntios 3 2Pe = Segunda Epistola de São Pedro Act = Livro dos Actos dos Apóstolos Apoc = Apocalipse de São João Ef = Epístola de São Paulo aos Efésios Ez = Profeta Ezequiel Gn = Livro do Génesis Heb = Epístola aos Hebreus Jo = Evangelho Segundo São João Lc = Evangelho Segundo São Lúcas Mc = Evangelho Segundo São Marcos Mt = Evangelho Segundo São Mateus Sl = Salmos 3. Documentos Conciliares e Pontifícios AD = Decreto Ad Gentes CIC = Catecismo da Igreja Católica GS = Constituição pastoral Gaudium et Spes LG = Constituição dogmática Lumen Gentium SC = Constituição Sacrosanctum Concilium 4 AGRADECIMENTOS ‘Uhapandula, uvaka’ (quem não agradece, é larápio) e ‘ okakulukadi iyakapopi ondyala inakeimona’ (a idosa que não se queixa da fome, nunca a experimentou). É com estas expressões proverbiais de ovakwanyama , que queremos exprimir a nossa alta gratidão, depois deste percurso gratificante, realizado num contexto imbuído de graça, sedento de graça e transbordante de graça. Foi um caminho feito sobre ongolo , como símbolo da graça de Deus Providente e Previdente. Na verdade, se não agradecermos, é sinal de que não nos apercebemos da ‘fome’ do saber de que se nos apoderava e do consequente alimento cientifico que nos nutriu, através de vários intervenientes. Ao longo deste caminho, fomos protegidos, guiados, auxiliados e acolhidos pela graça divina, concretizada e personificada em várias ilustres e incontornáveis figuras, às quais queremos dirigir, penhoradamente, o nosso profundo agradecimento e, através delas, a Deus, o Autor de todos os bens. São elas: Félix Hilongwa e Deolinda Mwawanange, nossos queridos pais, que, à boa mente, aceitaram colaborar com Deus, para que nós viéssemos ao mundo; Inesquecíveis peritos da cultura de ovakwanyama aos quais entrevistamos; Doutora Verónica Policarpo, pelo apoio na preparação do guião das entrevistas; Professor Doutor José Jacinto Ferreira de Farias, pela perícia e incansável vontade com que nos orientou; Abnegados anónimos, pelo seu apoio multímodo e multipolar; A Paróquia de Nossa Senhora da Purificação de Oeiras, pelo acolhimento; Finalmente, Suas Excelências Reverendíssimas Dom Fernando Guimarães Kevanu, Bispo Emérito de Ondjiva, e Dom Pio Hipunyati, Bispo de Ondjiva, por permitirem a continuidade dos nossos estudos. A todas estas insignes figuras a nossa gratidão por tudo quanto foram para nós: Canais multiformes da graça do Senhor . Kalunga nemuyambeke! (Queira Deus cumular-vos das suas bênçãos!) 5 INTRODUÇÃO GERAL Vamos, ao longo desta dissertação, expor e reflectir sobre o sacro-religioso na cultura de ovakwanyama , no contexto da Religião Tradicional deste povo, na tentativa de apontar o possível sentido e compreensão cristãos da sua vivência religiosa. Fá-lo-emos sob o tema O sacro-religioso nos ritos de infância e adolescência de ovakwanyama e em quatro capítulos, cada qual antecedido de uma introdução e encerrado com uma conclusão. Porém, para a melhor compreensão do tema, urge traçar algumas notas explicativas e justificativas sobre o povo, objecto do nosso estudo, a sua importância e pertinência e sobre as razões das nossas investigações. 1. Ovakwanyama Se procurarmos compreender o significado etimológico da palavra ‘ovakwanyama’, é necessário desfazer o próprio termo: ovakwa + onyama . Onyama significa carne e ovakwa é uma preposição com o sentido de genitivo e significa 'pertencente a', 'os de', 'aqueles de'. Literalmente, ovakwanyama significa aqueles que gostam de onyama , da carne, os da carne. Ovakwanyama são aqueles cuja base alimentar é a carne. Estamos perante um povo que, na sua origem, é essencialmente caçador 1. Na verdade, ovakwanyama é um povo que ocupa uma área significativa da Província do Kunene, Sul de Angola, e da região de Owambo, Norte da Namíbia. Eles pertencem ao grande grupo étnico de ovawambo, composto de 12 subgrupos 2, cabendo- lhe aproximadamente 37% da totalidade deste grupo 3. 1 M. Helena Figueiredo Lima fez uma descrição de Ovakwanyama a partir de dois mitos, apresentando-os como os da carne. Cfr. M. H. F. LIMA, Nação Ovambo (Lisboa: Editorial Aster 1977) 100-103. 2 Há quem fale de 14 subgrupos, quando ovambadya e ovavale são separados do subgrupo de ovakwanyama. Os subgrupos são: ovandonga, ovakwanyama, ovangadjera, ovakwambi, ovambalantu, ovakwaluudhi, ovakolonkandhi, ovambadya, ovandongwena, ovankwankwa, ovandobodhola, ovashinga, ovavale e ovakafima. Cfr. V. MUNYIKA, A Holistic Soteriology in an African Context (Windhoek: Cluster Publications 2004) 143. 3 Cfr. J. S. MALAN, Peoples of Namíbia , Department of Anthropology, University of the North, (Wingate Park: Rhino Publishers 2004) 16. 6 Ovakwanyama têm longa história 4. Saliente-se que o grande grupo de ovawambo é composto por povos que vieram do Níger, dos Grandes Lagos. Vieram em subgrupos, cada qual com o seu dirigente. O chefe de ovakwanyama chamava-se Shitenu 5. Após a morte de Shitenu, foi eleito Mushindi, filho de Kanyeme. Os subgrupos habitaram a circunscrição dos rios Kunene e Kuvango, sempre à procura de sobrevivência. Depois de algum tempo, o grupo de ovakwanyama , com o seu dirigente, o rei Mushindi, filho de Kanyeme, optou por fixar-se num território chamado Oukwanyama , cujos naturais e habitantes são ovakwanyama 6. É sobre o sentido do sacro-religioso na cultura deste povo que ocupa Oukwanyama que nos vamos debruçar. O território de ovakwanyama abrange uma parte da Província do Kunene em Angola e outra da região Norte da Namíbia, que tem o nome de Owambo . Entretanto, existem muitos traços culturais comuns aos subgrupos de ovawambo , mas vamos cingir as nossas reflexões ao sacro-religioso no contexto cultural de ovakwanyama . 2. Estudos anteriores sobre este povo, nossa motivação Na continuidade da nossa dissertação do Mestrado em Teologia 7, escolhemos falar do sacro-religioso, a partir dos ritos de passagem na cultura de ovakwanyama , dos 0 aos 16 anos de idade, isto é, ritos da infância e adolescência. Existem vários estudos publicados sobre este povo nos seus vários ângulos existenciais. Contudo, motivaram-nos, para este tema, não só as lacunas, mas também a falta de propriedade semântica com que a riqueza e fecundidade do sacro-religioso entre 4 A origem de ovakwanyama foi abordada por V. Munyika no contexto da origem do grande grupo étnico de ovawambo. Cfr. V. MUNYIKA, A Holistic Soteriology in an African Context (Windhoek: Cluster Publications 2004) 140-143. 5 A história de ovakwanyama no conjunto de ovawambo foi tratada por H. TÖNJES, Ovamboland. Country People Mission. With Particular Refence to the Largest Tribe the Kwanyama (Windhoek: Namíbia Scientific Society 1996) (1st ed. 1911) 35-38. 6 Cfr. M. D. HIFEWA, Ondjokonona yEehamba nOmalenga omOukwanyama , (Windhoek: OAP 2004) 2-3. 7 Cfr. G. F. YAKULEINGE, Fundamentos Teológicos da Inculturação no Magistério do Vaticano II, Suas implicações no Contexto Angolano, dissertação do Mestrado Integrado em Teologia, (Lisboa: UCP 2007). 7 ovawambo foram tratadas por Carlos Estermann 8; por Carlos Mittelberger 9; por Ramiro Landeiro Monteiro 10 ; Maria Helena Figueiredo Lima 11 e Hemann Tönjes 12 . Nestas obras, encontramos registado o ponto de vista dos autores sobre o sentido sacro-religioso de ovakwanyama . Trata-se de perspectivas apresentadas por pessoas que não dominavam a cultura, mas que contêm linhas que possibilitam a reflexão das actuais e futuras gerações. Porém, como veremos ao longo do trabalho, estas obras têm alguns limites e lacunas que queremos tentar superar. Estão em causa algumas interpretações que, eles dão, constituindo assim limites, nomeadamente sobre o poder de Deus e a sua relação com os homens 13 , sobre o significado e origem etimológica do termo Kalunga (Deus) 14 , sobre olukula 15 e sobre outros objectos que oportunamente apontaremos. Para além destes limites, encontramos algumas lacunas no que respeita à interpretação de objectos altamente significativos na cultura de ovakwanyama , do ponto de vista religioso. Estamos a falar, a título de exemplo, de ongalo , onu , onduda yoshakalwa, eyayi, oshinanganamwali, onghata 16 e outros e de lugares super- significativos, sem os quais dificilmente se compreende a vida relacional de omukwanyama , seja com Deus, seja com os outros homens. 8 Etnografia do Sudoeste de Angola, os povos não-bantos e o grupo étnico dos Ambós , Vol. I, (Porto: 1956). 9 «A religião primitiva entre os cuanhamas» in Portuigal em África , nº 149, (Setembro-Outubro, 1968) 257-272. 10 Os Ambós de Angola antes da independência , (Lisboa: UTLISCSP 1994). 11 Nação Ovambo (Lisboa: Editorial Aster 1977). 12 Ovamboland. Country People Mission. With Particular Refence to the Largest Tribe the Kwanyama (Windhoek: Namíbia Scientific Society 1996), (1st ed. 1911). 13 Cfr. M. H. F. LIMA, Nação Ovambo (Lisboa: Editorial Aster 1977) 151;