erã possivel acelerar o BISENVOLVIMENTO ECONOMICo a paiS 0 DPORQUE A... ODE:PÓSITO DE: CADA TRABALHADOR É UM IMPULSO NA RE:CONSTRUÇÀO NACIONAL

A NOSSA CAPA: Juventude: Contradições no seio familiar. , Director: Luís David; Ildecçio: Albino Mageia, Alves Gomes, Ant6nio Matonse...... Secret-ria da Redacçío: Ofélia Tembe: Fotografia: Ricardo Range. Kok ...... c>~ Nam, *Nita Ussene, Armindo Afonso (colaborador): Maquetiziaç&o: Eugénio Aldasse; ...... ,. ::.- . ..:---: +,:. ..:: ...... ,.:: : . ..': 4444,í.4:.*.'. Cýorrespondentes lnteraacionais: Wilfred Burchett, Pietro Petruchi, Augusta Conchiglia ' " :. (); Berrada Abderrazak (França) Tony Avirgan (Tanrania)- Renato Soares (ot gl;Agência. AIM eANGOP, Colaboracio editorial corr a revista «Tercer S ...+:.- ., ...::: .+- 1 44 ..,.a.,.. e. ' - .. .: >:. Mundo» propriedade Tempogr-fica Oficinas, Redacção e 'Serviços Comerciai ~~~~~i Init) unls 2rpia6Tmpgéia Av. Ahmed Sekou Touré. 1078.A e B (Prédio Invicta). leIs. 26191/2/3; C.P. 2917 -Maputo Repóblica Popular de Moçambiaue. A juventude tem muitos problemas. Um dos seus problemas é a contradição que multas vezes eiste no selo familiar. O jovem está engajado, tem novas necessidades resultantes desse engajamento mas lá em casa, porque o pai e a mãe não compreendem ou não aceitam a revolução, querem continuar a-manter a velha autoridade feudal sobre o filho ou filha. Então ai o jovem enfrenta um problema difícil. Fica dividido entre a fidelidade h família e a fidelidade às directrizes do Partido. Porque há bichas nas lojas? A resposta não é fácil. Este é o grande tema deste número da «Tempo». É necessário conhecer um problema complexo este mas que, de uma forma ou outra, a grande parte dos jovens sente-o# Página ...... 48 as ~razões mais profundas que originam as bichas para, conhecida a realidade, todos nós podermos combatê-la porque é uma realidade que não nos interessa. É uma realidade que fala das nossas insuficiências. Das nossas dificuldades. Nenhum sector deixa de ser responsável pela bicha. Página ...... 52 PAINA POR PAGINA Cartas dos leitores ...... Semana Nacional ...... Semana Internacional ...... Angola: o imperialismo ataca ... Timor-Leste ...... Onde podemos ler? ...... Assembleias populares Factos e crítica ... Juventude: Contradições no seio fa miliar ...... As bichas não começam aqui ... última página ...... PODE COMPRAR «TEMPO» NAS SEGUINTES LOCALIDADES: PROY1NCIA DE MAPUTO: Namaacha. M 'nhiça, Moamba, Incoluane, Xinaae e Boane; PROVINCIA DE GAZA: Xai-Xai, Chicualacuala, Chibuto, Cli iss, Mass;ngir, Maniacaze. Caniçado, Mabalane e, Nhama~ila; PROVINCIA DE INHÀMBANE: Inhambane. Quissico-Zavala, Maxixe., Homoine, Morrumbene. Mambne, Panda e Mabote: PROVINCIA DE MANICA: Chimoio, Espungabera e Manica: PROVINCIA DE SOFALA: Beira, Dondo e Marromeu: PROVINCIA DE TETE: Tete, Songo, Angonia, Mutarara, Zóbué, Moatie e Mágoé; PROVINCIA DE ZAMBÉZIA: Quelimane. Pebane, GIé, Ile, Mvganja da Costa, Namacura., Chinde, Luabo, Alto Molocué, Lugela, Gúrul, Mocuba e Macuse: PROVINCIA DE NAMPULA: Nampuls. Nacala, Angoche. Lumbo, MurrupulA, Meconta e Mossuril: PROVINCIA DE CABO DELGADO: Pemba, Moctrboa da Praia e Montepuez; PROVINCIA DO NIASSA. lichinga e Marrupa. EM ANGOLA: . . , , e . EM PORTUGAL: Lisboa. CONDIÇOES DE ASSINATURA: PROVINCIAS DE MAPUTO, GAZA A INHAMOANE. 1 ANO (52 NÚMEROS) 9401100; O MESES (Z6 NIMEIROS) 47oo; 3 MESES (IS NÚMEROS> 235 . OUTRAS PROVÍNCIAS. POR VIA AIREA 1 ANO (52 NÚMEOS) 1'701);5;e MESES <26 NÚSMERO) S"O MESES 25$00. o PEý DIDO DE ASSINATURA DEVE SER ACOMPANHADO DN IMPORTÂNCIA RESPECTIVA. 2 ... 8 13 ... 18 ... 23 .. 30 ...... 36 ...... 44 ... 52 ... 64 [. *t~:tc ..ff~Z:*:...'...4.4.4.4z'.4.4.4'.4:44*t~444~444 t>±4:. ~44445c444t»44~' . etc .~,44'4..4 "ccc'. ~'44O44 .,,.>,, ~ .. -. ,..A > . ~44.4.~ 40,4. .44..4c.4. >' 44<<~,c Sc.' ~ ~4444,44«4c44....« 444 ~0~» ~4¾. :~$~4:j...c. ~4.:~:;*.t. .'. o. c.s...... $.:4~444.:«:4.::.t~k4:4 4.4,.~,A..< ~444' ..'..4...... 5 4.>.. 4 . 4*c 44'. S.. 4 444~. :0.44. 4 .4444c'~~4c'44444 ':%: :.~.44444c>.4.444>.4..:...... *.44~. c»4 4'>' :~ .5.>'4..4.44.4.»,. m m

RADIO QUIZUMBA O imperialismo internacional anti-humanode natureza, pre tende manter as suas ferozes garras cravadas no lombo do nosso povo que mais do que nunca e sob a liderança da Frelimo sua vanguarda revolucionária, se ergue orgulhosa e determinante a sociedade nova que exclui a exploração do homem pelo homem o que explica sobretudo a edificação duma nova ordem económica que beneficie a classe trabalhadora moçambicana. E s t a importantíssima obra que está sendo erguida pelo povo moçambicano, constitui uma fortíssima espinha cravada na garganta do imperialismo especialmente dos seus fiéis servidores como Jorge Jardim, Domingos Aouca e Miguel Murrupa. Com eleito estes guardiões deste odioso sistema, utilizando a sua arma de extermínio ideológico a Rádio Quizumba, pretendem encontrar nas camadas que menos Viveram os horrores do sangui- ndrio Jardim e ào estúpido de Salela, Domingos Arouca figura muito bem conhecida da população de Inhambane e especialmente da localidade de Salela onde a sua vivenda é actualmente transformada em Loja do Povo, um real apoio por parte destas camadas. Gostaria, sobretudo, que cada leitor que fosse ler este artigo, se interrogue sobre o que é a «Rádio Quizumba». É extrema mente irritante o zumbir «se assim o posso considerar» daqueles renegados locutores um dos quais duma das estações da Rádio na época colonial e simultaneamente «cão polícia da sinistra «Pide//DGS» quando nos seus subtis programas radiodifundidos na Rodésia racista pretendem dizer-se campeões da «democracia traída em Moçambique» e servem-se desta e dos heróis da nossa Pátria para ludibriarem a sua posição e natureza de anti- moçambicanos. Perguntaria eu agora aos leitores! Onde se encontram ralcados estes imbecis e ordinários reacciondrios? Será que na Rodésia racista onde eles se abrigam respeitam-se os interesses do povo? Será que na Rodésia racista mundialmente condenada vive-se a liberdade para. merecer o titulo de África Livre? Será que não acompanha a diplomacia do insuportável sanguessuga e agonizante corvo de Salisbúria Ian Smith. Será que eles não acompanham os esbirrros dos selvagens e indomesticáveis hordas de IAN SMITH que enlutam impiedosamente as famílias inocentes do Zimbabwe? Será que eles não acompanham as actividades dos chamados «SELOWSKOTS» ultra-criminosos cujas as baionetas se alimentam de dezenas de civis zimbabweanos cujos os números oficiais autorizados pelo próprio corvo Smith ultrapassam centenas. Será que eles não viveram as tragédias de Màpai, Mavué, Chicualacuala e outras localidades do nosso território alvejadas pelas hordas assassinas do Ian Smlth? Será que eles acompanham toda esta situação? Se bem que a acompanham o que pensam disto? Será que esta hecatombe toda é o que estão. a projectar ara o «futuro Moçambique»? Se eles fugiram de Moçambique em virtude do povo se ter livrado das suas garras será que eles Iá estão domesticados? Se é que eles se acham domes. ticados isso é muito falso. E agora se bem que o são realmente é uma situação anormal e anti-ci. entifica porque em nenhuma ocasião a quizumba se transfor. maria em cabra o que significa então que eles são inimigos e sempre o serão. Estou plenamente convencido que muitos de nós pertenceu, na maior parte dos casos involun- TEMPO N 373 - pág. 2

-jk tariamente ao exército colonial português e se não pertencemos pelo menos parte de nós conhecemos o norte do país e especialmente as zonas de guerra. Nessas zonas tivemos ocasião de observar o que foram aldeamentos ou campos de concentração dos quais se valem os racistas rodesianos para tentar parar mas em vão o apoio-popular a justa luta do povo Zlmbabweano. Será que esses campos de morte se assemelham às nossas aldeias comunais que eles ates. tam ser campos de concentração.? Será que estes imbecis pretendem organizar o nosso povo aos moldes do corvo perdido em Áf rica Ian Smith? Nós conhecemos o que são a?deias comunais e nalguns casos participamos em trabalhosa elas ligados e vimos qual é a vida que ldexiste e muito noque diz respeito a questões de auto-abastecimento portanto, não hd nenhuma razão para estes cáes polkias ladrarem a este respeito. Falam de mortes maciças e da «desgraça» a que o povo mo- çambicano foi lançado pelo ac tual governo. Será que moçambicanos de corpo e cabeça fixos na Pátria moçambicana vivemos essa situação? Será que alguns de iiós observou uma situação idêntica isto é pessoas mortas pelas nossas forças de defesa ou segurança? Nós sabemos e compreendemos que estamos numa fase não muito fácil da construção da nossa Pátria sob as ruínas do colonialismo e se associada a di versas calamidades verificadas após a nossa independência e estimuladas por uma vasta e tremenda campanha de sabotagem económica desde a simples sabotagem das máquinas que asseguram os pontos vitais até às mais selváticas agressões militares isso tudo cria uma situação de caos generalizada que não só afectam os sectores de abasteci mento como também os díferen tes sectores da vida nacional. Eu poderei dizer apenas que a Rádio Quizumba é uma manifestação do inimigo porque se assim não o fosse dificilmente descobriríamos que a manifestação ou actuação do inimigo é evi dente. Por isso, a sua existência não deve constituir surpresa porque como é lógico e muito natural em nenhuma ocasião o imperialismo se preocuparia em criar uma estação da rádio somente para nos apoiar porque se assim o fosse ou nós estaríamos na sua órbita ou então ele deiaria de ser imperialismo. Portanto reafirmo que a existência daquela estaç4o da rádio numa terra onde a morte constitui o quotidiano das populações mais desfavorecidas, identifica\o inimigo e a sua natureza pelo que faço apelo no sentido de nos engajarmos nesta árdua luta contra estes inimigos do po!vo sensibilizando o povo do si- gnificado da Rádio Quizumba e o que está por detrás dessa terrível maquinação imperialista, simultaneamente, faço igual ape lo à Revista «Tempo» para que gozando da sua competência de estar em permanente contacto com o povo para d informar e formar, inclua nos seus comen tários duma ou doutra forma ajudem a conhecer e compreender aquilo que é o MOSTRO BO ER de Salisbúria principal sus tentáculo dos renegados moçambicanos e em especial da sinis tra Voz de Quizumba. Finalmente, apelo a todos os caricaturistas e articulistas que intensifiquem o seu trabalho pa ra que duma forma formativa sen sibilizem o povo deste odioso inimigo não só do povo moçambicano mas também de todos os povos que se prestam a construir uma sociedade socialista. Alfredo Pascoal Foquiço Escola Secundária Emilia Daússe - INHAMBANE PROBLEMAS DA JUVENTUDE (1) Antes, solicito que seja publi cada esta minha carta. 1E pela primeira vez rue escre vo para a nossa apreciada Revista «TEMPO» a fim de apresen tar críticas e sugestões sobre a juventude Moçambicana a nível da Cidade de Pemba, Província de Cabo Delgado. Estas críticas dirijo a todos jovens que têm as sistido filmes no Cinema Pemba nesta Cidade. Tenho encontrado uma multidão de jovens, quando neste dia corre o Filme de Karate, sofrimento de amor ou então um filme de coboiada. Até porque os bilhetes esgotam.se muito cedo alguns têm comprado mais de cinco bilhetes para mais tarde virem vender aos atrasados por um preço extre- TEMPO N.o 373 - pág. 3 mamente especulativo de cinquenta a cem escudos. Mas o que admiro é, quando é projectado um Filme Revolucionário ainda o preço dosbilhetes é muito barato, poucos jovens aparecem. Esta atitude revela que, os -nossos jovens ainda estão mergulhados nos vícios da sociedade burguesa-coionia-capitalista, em suma estão assalta- dos pelos gostos decadentes e corruptos. A Juventude como seiva da revolução dave combater estes vícios que nos trazem muitas situações da velha sociedade. Além disso, tenho ainda encontrado em Pemba, jovens em cima dos pneus de tractores, com calças embóra novas rasgadas depropositadamente por bai. xo camisa muito apertada até por. que para sentar ou comer, primeiro deve desabotoar a camisa porque sem isso, ficará sem botões. Eles denominam (POP). Mas eu penso que esta situação é bastante difícil e cabe à OJM combater para que a nossa personalidade Moçambicana seja uma realidade. Alguns ainda se apresentam em público com inscrições nas calças ou camisas (POP) sem saber que estes aspectos podem conduzir-nos ao Xiconhoquismo. Porque o Xiconhoca gosta ver Jovens perdidos. Acho eu que estes jovens que fazem isto não estão perdidos ideologicamente e que devem participar sempre reuniões talvez é uma das causas. A Juventude Moçambicana deve identificarse com as massas trabalhadoras, deve ter a consciência de classe, combatendo todos os vícios se possível o sacrifício da própria vida para defendermos o Socialismo. Afonso Cornélio Anajambula Machungo (Monitor Escolar) Quissanga-Cabo Delgado PROBLEMAS DA JUVENTUDE (2> Para começar devo dizer que nós jovens não nos comportamos bem embora sejamos considerados seiva da Nação. Em muitos locais somos nós que nos encarregamos de levar a efeito várias atitudes incor- TEMPO N.o 373 - pág. 4 rectas tais como a indisciplina, o desrespeito, a sabotagem económica, esbanjamento de material necessário para a reconstrução nacional, enfim, todo o tipo de práticas e hábitos degradantes para a sociedade. Para tornar clàra esta exposição é preciso que mencione alguns exemplos concretos e frequentes. Trata-se, da indisciplina que fere a consciência das pessoas que diariamente estão nas bichas dos autocarros onde sãos postas no fundo delas embora tenham chegado cedo em relação a nós jovens. Isto é, nós não nos preocupamos em formar a bicha porque vamo-nos infiltrando à frente daqueles que a formaram. Para mim isto significa que não respeitamos as pessoas que se organizaram para entrar no autocarro sem empurrões nenhuns. E se por acaso entrarmos graças à nossa infiltração ficamos muito próximo da entrada ainda que o autocarro não esteja cheio, dificultando assim a entrada doutros companheiros nossos. Quando ouvimos o cobrador (responsável pela lotação) a pedir-nos que cheguemos à frente a fim de facilitar a entrada de mais companheiros, respondemos muito mal, pois dizemos que o carro não é «elástico» e como tal não há hipótese de chegarmos à frente. Desta forma o cobrador diz ao condutor para seguir e não parar em nenhuma paragem, mesmo com o autocarro ainda vazio. Portanto, a nossa indisciplina prejudica a maioria que espera inutilmente pelos autocarros só porque estamos ld.nós. E quando o carro começa a andar o nosso barulho vence o do próprio motor do carro. E quando um velho pisa-nos por lapso falamos com ele e insulta. mo-lo em português sabendo que ele é surdo para esta língua porque nós recusamos ir ensiná-lo na alfabetização. Éz de salientar que os aspectos retrógrados que enumerei pesam e comandam as nossas cabeças - jovens de estudantes principalmente. Isto tudo é, sem dúvida, uma cópia daquilo que os filhos dos burgueses faziam cd no nosso país e como tal ao praticarmos isto materializamos a ideologia burguesa a qual devia ser combatida por nós mesmos neste momento. Entre nós jovens operários também são patentes sem excepção nenhuma todos os víciosacima postos mas com uma coisa a mais: ambição de altos salários. Quando nos ataca a ambição não a vemos como sendo ela. Dizemos que é a «situação da vida» que encarece cada vez mais e, por isso, o salário deve acompanhar este ritmo a que está animada a vida. Mas empregamos todas estas perifrases sabendo que o trabalho que fazemos não corresponde ao que queremos por isso urge que aumentemos a produção e melhoremos a produtividade para fazermos face ao ritmo a que está animada a vida. Muitas das vezes somos nós jovens operários que enchemos as cervejarias consumindo intensamente o álcool que nos di ficulta voltar ao serviço no dia seguinte, quebrando assim a produção que nos permitiria melhorar as condições. Portanto ocuparia várias páginas se quisesse expor todas as minhas observações sobre nós mesmos porque na realidade sOmos bastante incorrectos. Companheiros! O nosso comportamento é o real reflexo da ausência efectiva de consciência política e de classe no nossso seio. Quando uma pessoa ignora a sua origem social é política faz o que fazemos, pois se não ignorássemos no nosso seio não haveria a tal falta de respeito a que me referi se soubésgemos que tipo de sociedade é necessário construir en Moçambique não faríamos o que fazemos, pois sentir-nos íamos ultrapassa dos. Tudo o que disse verifica-se na nossa vida diária. Portanto urge travar um combate cada vez mais frontal no sentido de eliminar os detritos da burguesia que ainda resistem nalgumas cabeças dos jovens. Para isso é imperativo que: a) Deixemos de ser agentes da indisciplina para respondermos às novas responsabilidades que o nosso Partido nos confia continuamente. b) Sejamos a seiva da Nação não em palavras mas de facto, materializando os princípios revolucionários com que o Partido nos guia. c) Saibamos respeitar os mais velhos em especial aqueles que não estudaram. d) Deixemos de ambicionar salários que não condizem com o que fazemos porque um jo vem exemplar quando é admitido numa fábrica ou empresa antes de saber quanto é que vai receber precisa saber como au mentar a produção e proãlutividade. d) Deixemos de ocupar tardes e noites nas cervejarias porque temos centros de alfabetização onde podemos ocupá-las me- lhor mostrando o que sabemos ao nosso povo para ele também nos explicar como é que era a educação antigamente, como é que eram educados os jovens, quem é que os educava, enfim, uma série de experiências que guiariama nossa luta contra os persistentes males com que nos identificamos ainda. A finalizar gostaria de fazer chegar aos companheiros que se sensibilizaram com esta obser vação, o meu apelo de mobilizar mais companheiros para este combate contra esta dependência ideológica e cultural, mas é õom que entremos com objectivos bem definidos que são a destruição da mentalidade bur guesa impondo a revolucionária, liquidação resoluta dos vícios decadentes e deixar reinar um único vício que é o de servir o povo duma melhor maneira possível. Solomão Moyana Maputo Machava PROBLEMAS DA JUVENTUDE (3) Queria conversar um pouco com a juventude moçambicana. Vejo em diversos locais cQmo, por exemplo, no barco, machimbombos ou mesmo nas cervejari as, um grupo de jovens que quando eles estão bêbados começam a gritar com as vozes altas, insultam, falam coisas que não interessam a ninguém onde há pessoas de idade superior. Será que estes estão com a reconstrução da República Popular de Moçambique? São continuadores da revolução socialista? Paulo Johanisse Chbanguane Mapito - CATEMBE TEMPO N.O 373 -pág. 5

PROBLEMAS DA JUVENTUDE (4) Não seria necessário definir o que é um namoro mas para melhor situar as minhas dúvidas sobre o assunto em questões vou definir. No meu entender o namoro é uma fase em que dois jovens de sexos opostos, adultos e conscientes, revelam que se amam e que pretenaem construir um futuro lar, família ou célula. Claro está que esta revelação e sua sequência implicam responsabilidade e, como tal, terá de haver comum acordo e consentimento dos pais tanto da rapariga como do rapaz. Depois de ter centrado a questão, gostaria de lançar algumas perguntas e solicitar a todos quantos me possam esclarecer que dêm as suas contribuições abordando o assunto. . 1 -Como encaram os jovens, pais e educadores, a questão do namoro nesta fase de reconstrução nacional em que criamos bases seguras para uma' arrancada rumo ao socialismo científico? 2-Qual a orientação eficaz sobre o namoro? 3 -Um aluno ou aluna pode namorar? Como e com quem? 4-Quando é que os pais e educadores podem autorizar um namoro? Bom, eu sei que este assunto é complexo pois à sua volta gravitam inúmeros pareceres e pontos de vista. Se bem que se trate deum problema que afecta pais, filhos e educadores surge pôr as questões sem lhes despir da sua essência. Na verdade muita gente vive este problema! Há pais e educa. dores que devido a não estarem esclarecidos, apesar da boa mon- tade, recorrem aL soluções por vezes incorrectas. Quer dizer: existem aqueles que ainda têm híbitos tradicionais que resolvem tradicionalmente; "existem jovens, pais e educadores que beberam bem a educação colonial e uma parte da, tradicional que recorrem a soluções baseadas nas suas tendências; autnos ainda que podemos classificar de despistados, resolvem do modo como, calha, para tapar o buraco. Ora tratando-se de uma questão séria, tal como esta, não devia ser assim a forma de actuação. Deveriam ser unificados os métodos de actuação e haver uma orientação padrão. A agir desta forma podemos correr o grave risco de adulterarmos o verdadeiro sentido das coisas e daí as consequências que temos assistido por aí. Dito Paulo Monteiro (Professor) TETE SONGO NR: Na verdade, bem ou mal disfarçado, expressa ou ocultamente o problema do namoro é uma questão que preocupa a juventude moçaMbicana. Tal como diz este leitor há variadíssimas maneiras de encarar o namoro. Uma solução padrão, como se sugere na carta, é ImpossIvel porque as situaçes em que surge um namoro são tão variáveis que tornam difícil uma uniformizagão a não ser que resumamos a questão à seguinte pergunta: Como deve ser encarada a questão sexual da juventude?' Porque não tenhamos auviaa ae que o namoro é, acima de tudo, uma questão sexual mesmo quando não acaba em casamento. A pergunta nO 4 feita por este leitor nós a faríamos ao contrário: É necessária a autorização dos pais para o namoro? Está aberto o debate. FEIRA DA ZAMBÉZIA Estou completamente triste com os actuais continuadores, primários e secundários. Falta-lhes alguma coisa que possa completar as suas lições, em particular as ciências, geografia e artesanato. Se houvesse um lugar onde pudessem fazer observagões directas dessas lições, acho que seria bom e proveitoso. Uma feira de exposições como aquela que se encontra para quem vai em direcçdo ao aeroporto de Quelimane. Ela é conhecida por Feira das Actividades Económicas da Zambézia, «FAE». Para mim acho que aquela feira foi' um centro de estudo porque acompanhava de perto as aulas. Na mesma poderamos mostrar a nossa cultura a nível de Distrito, localidade e célula para enriquecimento da mesma com Artesanato, Danças e Teatro. Isso no penefíciaria só aos estudantes mas também às mas sas trabalhadoras operdriaa e também cooperantes estrangeiros que se encontram na Provincia. TEMPO N.o 373 - pág.. 6

DIgo asstm porque t e n h o acompanhado pela rádio tudo o que se faz na FACIM. Para esses nossos colegas parecem estar beneficiados. Porque ali fazem concursos, alguns ganham e outros perdem. Mas estão a estudar na mesma. Não só a nível nacional mas também internacional. Ai vão algumas perguntas. A nossa feira teve algo de negativo? Se aão teve porque ficou encerrada nestes últimos três anos? Se as perguntas não fo rem correctas me critiquem os leitores ou as estruturas competentes. Júlio Francisco Leitão de Sousa Zambézia - MAQUIVALE PEDIDO DE ESCLARECIMENTO Sou uma cidadã Americana (EUA) residente em Moçambique, casada com um cooperante [português. Sou uma leitora assídua da TEMPO e no n., 368 encontrei um pequeno erro que gostaria de rectificar. No artigo intitulado - NA ROTA DOS ESCRAVOS LIVRES - publicado nas páginas 50 sob a foto de Nova York e no último parágrafo da 1.a coluna da p. gina 51, fazem referência à cidade de Nova York como sendo a capital dos Estados Unidos da América. Esta alusão é incorecta sendo na realidade WASHINGTON D. C. (Distrito of Colombia) a capital. É fácil cair neste erro porque Nova York é uma grande cidade e muito falada em todo o mun. do. Sem outro assunto e com alta consideração, Fiel Leitora G.L. QUELIMANE NR: A rectificação da nossa leitora é justa e correcta. A capital dos Estados Unidos é de facto Washington. O erro cometido no nosso número 368 deve-se a nos termos referido a Nova York como capital económico americana por exemplo a capital da Alemanha Federal é Bona e a capital económica Berlim, a capital política e económica da União Soviética é Moscovo e a capital histórica Leninegrado. Contudo esta definição de capital de um pais tem um sentido de classificação mais específico. Desta forma, a rectificação da nossa leitora permanece válida, e útil*até. Todas as caras dirigidas a esta secção devem conter o nome do leitor, a sua província e a sue profissão. devem conter também a sua morada ou local de trabalho ou o n." do Bilhete de Identidade. As coas que n~o tivorem pelo manos uma destas trás últimas indicações não poderão ser publicadas. Se o leitor não quiser que o nome sea publicedo bem assim a morada ou locol de trabalho deve dar indicação da como quer assinar a sua caia que nós respeitaramos esse seu aseo. Por razdes de espaço pedimos também que todas as cartas sejam curtas. Se o leitor tiver possibilidades deve também mandar-nos uma foto ou um desenho relacionado com os assuntos que menciona. Muitos leitores telefonam-nos a perguntar se é necessário peg gr alguma coisa pela publicação das suas canas. Não 4 necessário pagar nada e qualquer leitor pode escrever tantas vozes quantas quiser desde que respeite as exigências protocolares que fazemos. Elas poderão ser entregues directamente na nossa redacção, enviadas pelo correio ao Director ou * direcção wReviste Tempo. Secção de CarUs dos Leitores. Av. Ahmed Sekou Touré. C. P. 2917 - MAPUTO. TEMPO N.O 373-.- pág. 7

ANA A SEM MARCELINO DOS SANTOS REGRESSA A MOÇAMBIQUE 1 Assinados acordos com a URSS. RDA e RPB Na manhã do dia 20 regressou à capital do país, Marcelino dos Santos, membro do Comité Político Permanente e Ministro do Desenvolvimento e Planificação Económica, que esteve de, visita a três países socialistas: URSS, República Democrática Alemã e a República Popular da Bulgária. Na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Marcelino dos Santos e delegação participaram nas comemorações do 60.' Aniversário da Revolução de Outubro, e mantiveram conversações com representações do Partido e do Governo daquele pais aliado. istas conversações incidiram nos domínios de cooperação económica e comercial. Além disso, Marcelino dos Santos entregou uma mensagem do Presidente Samora dirigida a Leonid Brejnev, Secretário-Geral do PCUS, por ocasião da comemoração do referido aniversário. No prosseguimento da sua viagem o Ministro do Desenvolvimento e Planificação Económica deslocou-se à Republica Democrática Alemã. Neste país, a delegação moçambicana manteve conversações com altos dirigentes do Partido Socialista Unificado da Alemanha e do Governo, depois das quais seguiu-se a assinatura de acordos de cooperação, que abrang6m os domínios da economia, técnica e ciência. Depois da visita à RDA, a delegação moçambicana visitou a República Popular da Bulgária. Aqui, Marcelino dos Santos, como o fez nos outros dois países, teve conversações com membros do Partido e do Governo búlgaro. O resultado dessas conversações foi: formação de uma comissão mista de cooperação económica, científica e técnica; por outro lado os dois países assinaram acordop -para a regularização futura das relações económicas entre ambos. Assim. segundo o referido acordo, a Bulgária exportará para a RPM, maquinaria industrial, equipamento para a construção de estradas, maquinaria para a indústria alimentar, tractores, produtos alimentares, têxteis, etc. Por sua vez a República Popular de Moçambique exportará para a Bulgária, frutas tropicais, algodão e madeiras. De salientar que os acordos assinados entre a RPM e os três países socialistas reforçam a amizade e solidariedade existente desde a luta armada de Libertação Nacional. COOPERAÇÃO ECONOMICA ENTRE MOÇAMBIQUE E NIGÉRIA Ministro Mariano Matsinha regressa de Lagos Vindo de Lagos, capital da Nigária, chegou na noite do dia' 19 de Novembro o Ministro do Trabalho, Mariano Matainha, que chefiava uma delegação governamental do nosso pais. Mariano Matsinha deslocou-se àquele pais da Africa Ocidental, com objectivo de manter contactos com o governo nigeriano, com vista reforçar as relaçõesde amizade e de cooperação existentes entre República Popular de Moçambique e a República Federal da Nigéria. Estes contactos estão integrados na execução dos pontos acordados entro o Presidente Samora e o Presidente TEMPO N., 37. - pág. 8 Obasanjo nas várias conversações que têm tido. Na sua chegada foi abordado pela informação. Começou por recordar os esforços que estão moçambicano. Por isso agora cabia à delegação moçambicana deslocar à Nigéria. Quanto ao resultado dos contactos com as autoridades a ser desenvolvidos para as nigerianas, aquele membro do relações existentes entre os Partido e do Governo salientou dois países. Situou nesse qua- que «existe uma graKde área dro os encontros entre o Pre- onde se pode desenvolver cosidente Samora Machel, à sua operação mútua, sobretudo no passagem por Lagos em Junho domínio económico. Constitui findo, e o Presidente nigeriano um passo decisivo para a forOlusegun Obasanjo, que há malização dessas relações». poucos meses visitou o nosso Referindo-se à hospitalidade pais, a convite do seu homó- com que foi acolhida a delelogo moçambicano Mariano Matsinha gação moçambicana, o Minisses a nível mais avançado. Fri- tro do Trabalho salientou que O Ministro Mariano Matsi- sou ainda a deslocação ao o nosso país é muito estimado nha em relação a esses encon- nosso pais (muito recentemen- e admirado pelo povo nigeriatros expressou a vontade e ne- te) de uma delegação da Ni- no, emespecial a FRELIMO, e cessidade de elevar as relações géria que teve conversações que são os estudantes quem já existentes entre os dois pai- com responsáveis do. Governo mais evidenciou essa simpatia.

Encarrgado da Administração fogo para o Malawi Como dissemos na revista número 372, as eleições para Assembleias de Localidade serviram de peneira fina para detectar os infiltrados. Porque as massas sujeitaram os deputados ao fogo da crítica. Ora vejamos. Nos quase dois anos e meio de Independência muitos indivíduos têm «assaltado» o poder. «Assaltado» o poder a vários níveis: célula, círculo, localidade, distrito, etc. Esses indivíduos são os que demagogicamente falam da revolução. A revolução dos «vivas», a revolução dos «abaixos». Em suma, revolução de palavras. Revolução de palavras. Revolução de palavras essa que esconde o passado negro de alguns indivíduos, revolução de palavras que camufula os objectivos oportunistas de certos indivíduos. Que esconde o passado negro, porque muitos indivíduos vestiram a capa negra do colonialismo, usaram a capa negra do fascismo e utilizaram a capa negra do colonialismo. Logo identificaram-se com o sistema colonial-fascista e capitalista. Logo foram anti-populares, anti-luta de libertação nacional. Hoje, esses mesmos, despem a capa negra e querem vestir-se da capa vermelha. São os vulgarmente chamados «vira casacas». No entanto, a capa vermelha não encontra identificação- com a prática negra desses mesmos. Por isso as massas, que tão bem os conhecem, sujeitam-nos ao fogo da crítica. Aí a revolução de palavra cai por terra e a capa negra fica descoberta. Os outros, da revolução de palavras que camufula os objectivos oportunistas de certas pessoas, não estão para servir a revolução. São os que «acompanham» o processo revolucionário através das palavras. São os que infiltrados nas estruturas, não conseguem 'passar da revolução das palavras a revolução da prática. Gritam «vi"vas» à emancipação da mulher e logo a seguir violam adoles. centes, logo a seguir proíbem as mulheres de participarem nas tarefas que as emancipem, em suma, dizem «abaixo a emancipação da mulher» através dos seus actos. São os que gritam «vivas ao poder popular» e seguidamente não atendem as solicitações populares, seguidamente desrespeitam o povo. Em resumo dizem «abaixo o poder popular», na prática. MAPUTO, 19 (AIM) - O encarregado da administração -da localidade de Nandimba, província do Niassa, de nome Elias Pondeca, fugiu para o Malawi com a sua família depois de ter sido denunciado como exPIDE no decorrer das reuniões prepa ratórias para a eleição da Assembleia daquela localidade. Isto foi revelado no decorrer de uma reunião do Comité Pro vincial do Partido em Niassa, pelo Secretário Provincial e go vernador de Niassa, Aurélio Manave. A reunião do Comité Pro vincial analisou o relatório da Comissão Provincial de Eleições e a forma como estão a ser dinamizadas as campanhas de emu lação naquela província. O relatório da Comissão de Eleições daquela província in dica que foram eIei:as quarenta e seis Assembleias de locali dade, compostas por mil duzentos e vinte e oito deputados. Segundo o relatório, devido ao facto das listas de candidatos a deputados das assembleias de localidade não terem, por vezes, sido divulgàdas com a necessária antecedência, registaram se rejeições na própria reunião eleitoral. Portanto, a denúncia do ex- das massas populares, Porque -pide infiltrado na administra- os casos de denúncia foram ção de Nandimba, como a de- dezenas, senão centenas. núncia de muitos outros cor- Por isso dizemos que as responde ao resultado positi- eleições pare Assembleias de vo da peneira fina. Correspon- Localidade foram peneira fina. de à eficácia das eleições. E de que maneira funcionou Corresponde ao fogo da critica essa peneirei Abastecimento MOVIMENTO COOPERTIVO Em Nampula serão brevemente abertas cooperativas de consumo em 13 Aldeias Comunais e outras seis em capitais de Distrito desta Província. A aberzira destas unidades de abastecimento elevarão para 56 o número de cooperativas de consumo existentes em toda a província. Estes números, foram divulgados durante a 1 Reunião Provincial de Coopera.ivas de Consumo de Aldeias Comunais que decorreu na cidade de Nampula a qual terminou no início da passada semana. Durante a reunião, foram esucadas as melhores forras de resolver o problema de abase-. cimento em relação as zonas rurais da província, estabelecendo-se como prioridade cs Aldeias Comunais, onde exi$- tem e estão criadas condições para um mais rápido e eficaz abastecimento. O problema do abastecimento constitui desta forma um dos pontos principais da agenda de trabalhos da Reunião. Assim, verificou-se que a Empresa Lojas do Povo era a única estrutura a este nível capaz do apoiar as cooperativas de consumo, pelo que conclu- iu-se da necessidade da mosma criar armazéns distritais para abastecer mais rapidamente as populações camponosas em Aldeias Comunais. Na mesmi reunião foram ainda discutidos os principais problemas que se enfrentam relativamente à aplicação deste plano de abastecimento de artigos de primeira noce;sic'ade às populações, o probena TEMPO N.- 37> - pág. 9 dos transportes e comercialização das produções agrícolas, tendo as cooperativas de consumo já existentes apresentado relatórios com as perspectivas que tinham para a solução destes problemas. Os cooperativistas que participaram nesta reunião estabolecqram uma troca de experi&ncias com as cooperativas de consumo da cidade de NampuIa, tendo visitado estas unidades de abastecimento organizado ao povo. Entretanto, e no sentido de resolver igualmente o problema do abastecimento foram abertas na Província de Maputo, Distrito de Marracuene mais duas Lojas do Povo. Estas lojas abertas no passado dia 17 servirío as populações dos círculos de Munemo e Abel. No primeiro destes círculos estavam presentes à abertura cerca de sete mil pessoas, enquanto no segundo estavam quase quatro mil e 500. pessoas. Por esta imagem, pode-se verificar a importância de que se revestiu a abertura destas duas Lojas do Povo. Numa reunião que tomou lugar com a' populações, os responsáveis presentes apelaram ás populações para se engajarem activamente na campanha de apanha de caju, e na produção agrícola ao nível das Empresas Estatais, como forma mais efectivo de elevar a produção de produtos alimentares que possm abastecer convenientemente as lojas e cooperativas de consumo. Nos distritos de Chinde e Pebane na Zambézia, encontram-se por seu lado já em funcionamento cooperativas de produção de sal, agrícolas e uma de criadores de gado. Na cooperativa de salineiros de Pebane, os cooperativistas debatem-se no entanto com o próblema da falta de sacos e de transporte para a comercialização e escoamento do produto, dl sua cooperativa. TIAISPOITE E COMERClALIZAÇO Uma Comissão ligada ao Ministério dos Transportes e Comunicações foi Criada no passado dia 17, com o objectivo de apoiar a resolução do problema do transporte dos resultados da apanha de caju que está em curso ao nível das províncias de Çabo Delgado, Nampula e Zambézia. Esta medida, que tem como objectivo pôr fim às dificuldades que têm surgido em relação à comercialização e escoamento do caju dentro das referidas três províncias, destina-se igualmente a solucionar o problema do transporte do caju para as fábricas do Sul do pais. A reunião onde foi decidida a criação desta Comissão, fez ainda o balanço sobre as principais dificuldades e problemas que a campanha de apanha de caju enfrenta naquelas províncias. Entre os pontos analisados constava o estudo sobre a mobilização 'da juventude em brigadas de trabalho colectivo, a detecção de plantações abandonadas e de áreas que ainda não estão a ser aproveitadas, bem ainda como encontrar maneiras de solucionar problemas relacionadas com a armazenagem e escoamento da castanha em certas zonas. Entretanto, a 1 Reunião Provincial de Cooperativas de Consumo da Província de Nampula aprovou-se uma resolução de apoio a esta campanha de emulação, salientando-se a necessidade do engajamento de todos os cooperativistas e cidadãos das Aldeias Comunais tanto na apanha como na compra do caju. TRAIALHADORES PARTICIPARAM NO DESCARREGAMENTO DA CABTANEA DE CAJU NO CAIS DO MAPUTO No dia 19 de Novembro. cha-de castanha de caju, vinda da gou no Cais do Maputo, na Zo- Provlncia de Cabo Delgado. na «C» o navio «Pemba» comi No descarregamento daqueli carregamento de 151 toneladas produto participaram, para alán TEMPO N.o 373 - pág. 10 dos trabalhadores da Estiva trabalhadores de diversos Ministério, elementos das Organizações Democráticas de Massas (OMM ,e OJM), e cooperantes. A apanha da castanha de caju, em Cabo Delgado, foi desenvolvida de uma forma organizada, pelas populações daquela Província, integrada na Campanha de Emulação Socialista. A castanha que foi descarrega, da em sacos com cerca de noventa quilos de peso cada um, transportada por seis camiões requisitados para esse efeito, para as três fábricas de descasque daquele produto, existentes em Maputo, nomeadamente Caju Industrial de Moçambique, Caju e Procaju, estas duas últimas localizadas na Machava. Os elementos participantes no descarregamento da castanha, do navio, trabalharam durante horas, em colaboração com os estivado res, levando a mercadoria aos camiões, que depois a transportavam para as três fábricas já apontadas, onde os operários daquelas fábricas proc:diam ao seu descarregamento. Salienta-se que, antes de começar aquela jornada colectiva de trabalho, os participantes tiveram um encontro, na Praça dos Trabalhadores, com õscar Monteiro, membro da Comissão Permanente da Assembleia Popular e Secretário da Comisso Nacional de Eleições que se faFia acompanhar de José Moiane, Pre;idente da Comissão de Elei;ões da Província-do Maputo.

NA PIO VINIA DE GAZA: PRIMEMIA SESSÃO DA ASSEMBLEIA DE LOCALIDADE Realizou-se no dia 19 de Novembro do corrente ano, na Localidade de Macia, distrito de Bilene, Província de Gaza, a primeira sessão da Assembleia Popular da Macia, em que se fez o balanço das actividades eleitorais e de emulação socialista que se desenvolveram ao nível daquela localidade. A sessão da Assembleia de Macia planificou tarefas concretas para os deputados e para a população, tendo definido como objectivo principal da emulação socialista a apanha de castanha de caju, e construção de latrinas, junto às paragens dos autocarros. Foram constituídas brigadas dos Grupos Dinamizadores e de organizações democráticas de massas para apoiarem a realização destas tarefas. Posteriormente, foram apresentados 35 elementos à Conferência Eleitoral do Distrito, que representarão a lo calidade na Conferência Distrital do Bilene. Em relação aos elementos apresentados não houve nenhumas rejeições. APeLO Quemi tem naos9 fotográficos sobro as assembleias ? Para assinalar a abertura dos trabalhos da sessão da Assembleia Popular e o desencadeamento do processo eleitoral no País, o Gabinete Nacional de Organização de Eleições planeia a realização de uma exposição fotográfica. Esta exposição, tem como objectivo documentar e em massa do Povo moçambicano nas primeiras eleições livres e democráticas que se realizam em Moçambique, dando assim a conhecer a forma efectiva como o Povo toma o Poder. De forma a obterem-se fortografias representativas de todo o processo eleitoral o GNOE (Gabinete Nacional de Organização de Eleições) lança um apelo a todos os cidadãos a és estruturas ligadas è campanha eleitoral para enviarem até fins de Novembro em curso todas as películas e fotografias que tiverem para a seguinte direcção: Avenida Mao Tse Tung, n.° 230-1.° andar Maputo. As películas (negativos) serão depois devolvidas aos seus proprietários, desde que nisso manifestem interesse. No Ombito da exposição, cabe também a inclusão de desenhos, pinturas, sobre as aleições para as Assembleias do Povo e caricaturas sobre a rejeição de canditatos a deputados dos OPVDCs, PIDEs, ANPs, GEs e membros das organizações fantoches; assim como os impedidos de votar régulos, indunas, PIDEs e outros por terem oprimido o Povo servindo o colonialismo. TEMPO N.o 373 pág. 11

-SEMANA A SEMANA POLITICA DO GOVERO ~RACa COMPROMETE RELAÇOES COM AFRICA o Denuncia chefe da delegação do Partido Comunista Francês em declaração sobre sua visita à -Africa Austral Uma delegação do Partido Comunista Francês, composta por Serge Boucheny, Senador de Paris, e Martin Verlet, membro da Secção de Política Externa do Comité Central do Partido, visitaram entre os dias 4 e 18 de Novembro, diversos países da Linha da Frente, entre eles a Tanzania, a Zãmbia e Moçambique. De acordo com suas declarações à chegada ao Maputo o objectivo central da deslocação era o de «reafirmar, no próprio local teatro da confrontação dos povos da Africa Austral com o imperialismo, a solidariedade dos comunistas franceses e do Povo de França para com a sua luta pela independência .e pela liberdade. «Em segundo lugar afirmaram ainda-o objectivo era o de «desenvolver as já excelentes relações de amizadé entre o PCF e os movimentos de libertação da Africa Austral». Em Moçambique a delegação do PCF foi recebida por uma delegação da FRELIMO chefiada pelo membro do Comité Político Permanente e Secretário das relações Externas Joaquim Chissano, com quem teve conversações. «As conversações com a delegação da FRELIMO permitiram reforçar as relações de amizade e de cooperação entre os nossos dois Partidos» - diria em declaráções prestadas antes da partida de Moçambique o responsável pela delegação comunista francesa. Na Tan'zania a delegação do PCF tivera conversações com uma delegação do Chama Cha Mapinduzi, chefiada pelo membro do Comité Central e Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mpaka. Aí teve também encontros com representantes do ANC da Africa do Sul, da SWAPO e da Frente Patriótica do Zimbabwe. Na Zâmbia a delegação foi recebida pelo Presidente Kennet Kaunda, a quem fez a entrega de uma mensagem TEMPO N.- 373 - pág. 12 O governo francês foi obrigado a votar, no Conselho de Segurança, as medidas de embargo sobre as armas com destino à Africa do Sul e a denunciar certos contratos, como se estivesse decidida a adoptar em relação aos racistas de Pretória uma atitude de condenação de equívocos. pessoal do Secretário-Geral do PCF, Georges Marchais, e teve conversações com uma delegação da UNIP. Numa apreciação final da visita, e marcado a posição do PCFface àsquestões relativas à Africa Austral, o chefe da delegação, Serge Boucheny, disse: «Nestas duas semanas de tourná nesta parte do Continente africano nós pudemos tirar uma série de constatações de ordem geral. Em primeiro lugar a persistência de regimes de opressão racial e social em Africa Austral pesa muito sobre o futuro desta região como sobre o do conjunto de Africa. As lutas de libertação estão em pleno desenvolvimento. Os patriotas da SWAPO, os da Frente Patriótica e do ANC da Africa do Sul reforçam a sua acção. Este desenvolver das lutas nacionais e populares inquieta o imperialismo, Para este a solução é a de tentar soluções susceptíveis de preservar os interesses das multinacionais. Ele recusa-se a adoptar em relação aos regimes racistas da Rodésia e da Africa do Sul uma atitude clara e nítida. Estão nesse âmbito as iniciativas e as manobras empreendidas pelos Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a RFA, a França... A colaboração do governo fran- cê$ com Pretória e Salisbúria comprometeu gravemente as possibilidades de amizade e de cooperação do nosso pais em Africa. O governo francês foi obrigado a votar, no conselh3 de Segurança, as medidas de embargo sobre as armas com destino à Africa do Sul e a denunciar certos contratos, como se estivesse decidido a adoptar em, relação aos racistas de Pretória uma atitude de condenação sem equívocos. A este respeito o Partido Comunista Francês, que mantém desde há longa data estreitas relações de amizade e de solidariedade com os movimentos de libertação da Africa do Sul, da Namibia, do Zimbabwe, defende a cessação de toda a colaboração militar e nuclear com os regimes racistas, acha necessário pôr fim a toda assistência financeira, política, económica a esses regimes, que a França contribuai, aplicando as decisões da ONU, tomando iniciativas, no quadro da ONU, para a conquista por esses países da Independência e da liberdade. A vontade de independência marca profundamente e particularmente a Africa de hoje. Os comunistas franceses, que lutam por uma França soberana, independente, apoiam suas decisões e partilham as suas exigências. É por isso que eles são profundamente solidáriós com os países - como Angola, Moçambique e a Zâmbia - que defendem a sua soberania face às agressões da Africa do Sul e da Rodésia. É por isso que eles consideram legítimas as aspirações dos povos da Africa de disporem soberanamente dos seus recuros naturais, e em particular das suas matérias-primas, a assegurar o seu desenvolvi. mento económico e social, a construir a sua independência económica. Os países de Africa desempenham um papel cada vez mais activo na luta por relações económicas cada vez mais justas e mais estáveis entre as nações, pela instauração de uma nova ordem .internacional. Desse modo eles não se satisfazem mais em ser fornecedores do imperialismo em matérias-primas vegetais ou minerais, fornecedores de mão-de-obra a salários miseráveis, mercado para os produtos industriais dos países imperialistas, ou campo de multiplicação dos capitais das multinaciOnais. Cada vez mais, eles lutam por se equipar, se modemizar, se industrializar. Eles recusam ser as vítimas dos desastres monetários, económicos, comerciais, resultantes da crise do imperialismo. Nós, os ,comunistas franceses, que de. sejamos salvar o nosso pais da crise, e assegurar o seu desenvolvimento económico e social, estamos capazes de com. preender perfeitamente as exigências legitimas dos povos de Africa. Junto aos operários, ás classes trabalhadoras dos paises que nós visitámos, pudemos constatar, de modo concreto, a convergência das suas lutas com as conduzidas pelos trabalhadores franceses por uma vida melhr. Enfim, nós tivemos a oportunidade de apreciar as imensas possibilidades que existem de amizade e de cooperação entre a França e os países de Africa. Nós sentimos nos Palses visitados o interesse manifestado pelos nossos interlocutores em desenvolver, com a França em particular, frutuosas relações de cooperação. Nós tivemos igualmente oportunidade de ver quanto a política africana do actual governo francês compromete e impede essas vastas possibilidades de cooperação dos países áfricanos com a França. É por isso que nós defendemos, neste domínio especfico também, uma outra política, que só um governo democrático com a participação dos comunistas, poderá assumir, pelo que esse governo se torna cada vez mais urgente e necessário. Ele assegurará uma cooperação sem qualquer discriminação e sem ex clusivismo, banirá toda a pressão política e todas as outras formas de dominação ou de pilhagem imperialista. Elte preocupar-se-á em desenvolver nos domínios mais diversos (industrialização, progresso científico e técnico, trocas comerciais, culturais....) relações diversas e diversificadas, estáveis e de igualdade, com todos os Estados de África que o desejem. Tal é, aos nossos olhos, o caminho do futuro, o que corresponde aos interesses respectivos dos nossos povos». 0 As vergonhas do Imperialismo Fez sete anos no passado dia 22 de Novembro que a Guiné-Conacry foi invadida por lor ças mer cenárias em virtude do apoio solidário que dava à luta da Guiné- Bissau e Cabo Verde. Tal como a Tanzania em relação a Moçambique a Guiné- Conacry, dirigida por. Sekou Touré, aceitou sacrifícios para que mais uma parcela da Africa fosse libertada. No dia 22 de Novembro de 1970 as forças mercenárias - em cuja organização participou o General Spínola, conhecido fascista português - tentàram destruir militarmente a base segura e anti-imperialista que é a'Guiné-Conacry tendo, todavia, saído vergonhosamente derrotadas. As celebrações desta data mobilizaram um certo número de acontecimentos políticos em Maputo incluindo uma jornada de trabalho colectivo no Hospital Central e uma recepçco oferecida pela embaixada daquele país em Moçambique. TEMPO N.o 373 -pág. 13

Barco patrulha ípitalistas. até ao ponto de hoje 75 por «Mirage II» fabricado na Africa do -Sul sob licença francesa. Pode transportar bombas atómi- TEMPO N., 37.3 - pag. 14 ANA A SEM

1U EMB1AR? cento asa necessidaes sul-africanas em armamentos serem produzidas no próprio país existindo planos de contingência para a fabricação dos outros 25 por cento. Este ano o regime de Vorater despendeu mais de 2 000 milhões de rends na ampliação d aparato repressivo do estado. Eles possuem 130000 homens nas suas forças armadas e outros 200 000 podem ser mobilizados em dois dias em caso de emergência. Eles possuem 625 aviões de combate 215 helicópteros, 525 tanquep, 1430 carros blindados, 960 transportes de tropas blindados e 294 canhões auto- motoresl O Documento branco de defea do regime de Vorter para 1977 reivindica que «A República da Africa do Sul é totalmente auto-suficiente no que respeita a armamentos para a sua protecção interna» (repres são do povo). Os 'modernos Mirage III são agora fabricados sob Ncença francesa na Africa do Sul. Os c a r r o a blindados Panhard, igualmente fabricados sob licença francesa, são totalmente construidos na Africa do Sul. Centenas de jactos de bombar- deamento Impala têm sido feitos na Africa do Sul sob licença italiana e americana assim como uma grande variedade de armas e munições leves. Lanchas de patrulha costeira «Reshet» com Míseis Gabriel mar-mar estão a ser construidos em Durban com a colaboração Israelita. Finalmente, a Africa do Sul possui actualmente capacidade de desencadear os horrores de uma explosão atómica graças à ajuda recebida dos seus amigos imperialistas tais como a França e os Estados Unidos. Basicamente, um embargo obrigatório ao fornecimento de armas à Africa do Sul não irá afectar muito a capacidade repressiva do regime racista. Os EUA e os seus aliados imperialistas sabem-no muito bem e estão prontos a aceitar a resolução das Nações Unidas. Ao apoiaram esta resolução, agora tornada inoperante, eles esperam melhorar a sua pariclitanta imagem perante o mundo no que respeita às suas relações com a Africa do Sul - Carter e os seus cqmparsas pretendem fazer-nos crer que têmuma nova face e que estão agora «e defender a causa do povo sul-africano»! Blindado «Panhard» fabricado na Africa do Sul com patente francesa e sob o nome «E/and». É este blindado que tem sido usado nas 3gressões contra a República Popular de Angola. Na foto, um cartaz publicitário da firma construtora Mísseis «Crotale» teira-ar de fabrico francês que os sul-afri canos produzem com colaboração técnica da França sob o nome «Cactus». TEMPO N.- 373 -pág. 15.

[ANA A SEM Pá TRAIÇÃO DE SADAT >e Paris escreve o nosso correspondente Ren Chastin Com a sua visita a Israel Sadat consumou a loriga traição à justa luta dos povos árabes principalmente à luta do povo palestino. Um nome de triste memória para a história. A visita do presidente egípcio Anouar Sadat a Israel é interpretada no mundo Ocidental como um «enorme» acontecimento, «miraculoso», «extraordinário» e que vai para além de todas as esperanças incluindo também as de Washington. No entanto uma tal visita inscreve-se muito bem na lógica de um regime que, desde 1971, trabalha dia após dia para consolidar as bases do imperialismo no Prõximo Oriente e para enfraquecer todas as concíulstas do socialismo TEMPO N.- 373 pág. 16 Árabe penivelmente adquiridas na sequência da revolução dos oficiais li-fres egípcios em 1952. Todos os comentaristas se debruçam bastante sobre o facto de que uma tal viagem constitui o reconhecimento do estado israelita pelo maior país árabe, mas esquece-se que nos últimos dez anos a maior parte dos países árabes tinham, uns após outros, aceitado reconhecer tacitamente a existência do facto consumàdo si0is'ta, aceitando a resolução 242 adoptada a 22 de Novembro de 1967 pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (1). Esta visita não constitui portanto mais que uma prova, espectacular talvez, mas posterior a esse reconhecimento. O seu primeiro significado é puramente simbólico pois o chefe de um estado em guerra há 30 anos contra Israel é recebido com grande pompa pelo governo deste país. Mas o seu significado real é bem mais importante e bem mais inquietante. A partir da viragem para a direita realizada pelo Presidente Sadat em 1971 com a prisão de vários antigos companheiros de Nasser acusados de terem fomentado um complot pró-soviético, o regime não cessou de acelerar o processo o desnasserização. Em 1972, dat rompeu o tratado de amizade com a União Soviética e expulsou os conselheiros e técnicos deste país. A partir do fim da guerra de Outubro ele desposou a estratégia dos «pequenos passos» ditada por Henry Kissinger, principal arquitecto do imperialismo americano sob a Administração Nixon. . assim que ele negocia directamente com os representantes israelitas os acordos de retirada das forças israelitas com a criação de zonas. desmilitarizadas no deserto do Sinai sob o controlo da CIA, encarregada de impedir uma nova confrontação prevenindo um e outro campo dos preparativos que constatasse nas rectaguardas militares. Foi igualmente sob a égide essencialmente de Washington que a primeira reunião da Conferência de Genebra para uma solução no Médio Oriente teve lugar em 1974 na ausência da Síria e sem mesmo que os palestinos tivessem sido convidados. Todo este processo culminou recentemente com o pedido pelo Presidente Sadat para que a União Soviética não seja convidada a participar na reunião de Genebra e que os palestinos aí sejam representados por um professor norte-americano de origem árabe, colaborador de Zbigniew Brzezinski, conselheiro do Presidente Carter para os assuntos de Segurança, o novo »Kissinger». O Chefe de Estado egípcio multiplicou as declarações hostis em relação à URSS e decidiu mesmo unilateralmente cessar todos os pagamentos da sua dívida militar e de diminuir em enorme proporção o pagamento da sua dívida civil em relação a este mesmo país, depois de ter decretado que o algodão egípcio não mais será vendido nem à União Soviética nem à RDA. O por assim dizer desafio do Presidente Sadat ao ir falar de paz no próprio coração. do Parlamento israelita para mostrar bem a sua boa vontade, tão calínamente aceite pelo Primeiro Ministro israelita Menahem Begin, dissimula mal a sua origem americana. Mesmo quando Washington mantém um silêncio em- baraçado, não escapa a ninguém que as medidas e iniciativas do Presidente Sadat se inscrevem numa vasta estratégia que serve antes de tudo os interesses ameriivanos no Sudoeste Asiático e em Africa. As grandes companhias como a Ford, o Banco Chase Manhattan, Bechtel, Exxon, Mobil, etc., regressaram já em força mesmo tendo em conta que os seus nomes figuram na lista de boicote árabe contra as companhias presentes em Israel. Mas o interesse estratégico do Egipto e do seu exército que conta com perto de 400.000 homens, é bem mais importante para Washington que os benefícios das multinacionais. instaladas no vale do Nilo. O objectivo da visita de Sadat a Jerusalém e o seu verdadeiro sentido é a constituição de um potente bloco reaccionário israelo-egípcio apoiado pelo formidável poder financeiro do Irão e da Arábia Saudita, que aos olhos los estrategas americanos, seria a única força capaz de se opor com sucesso ao desenvolvimento do socialismo em Africa e no Próximo Oriente. Tivemos já um exemplo do papel do Egipto nesta estratégia com o envio de oficiais e aviadores egípcios para o Zaire em Março passado para ajudar o regime do general Mobutu a repor o domínio no Shaba. O Cairo tinha já também salvo o regime do general Numeiry do Sudão, em Julho de 1976, ao despachar com toda a urgência para Cartum em aviões egípcios os soldados sudaneses que deveriam oficialmente montar guarda ao caial de Suez, face ao exército is raelita. Pouco depois, o Egipto, o Sudão e a Arábia Saudita assinaram um tratado secreto de defesa mútua em caso não de uma agressão israelita mas de uma rebelião popular. Temos igualmente a\prova desta estratégia com a ruptura dos laços entre a Somália e o campo socialista. O Egipto multiplicou as pressões sobre o regime do general Siad Barre para o levar Apesar das traiçóes o Povo palestino prosseguirá a luta no meio de dificuldades pela iffertação da sua pátria ocupada pelo regime sionista de Jerusalém. A política seguida pelo Egipto de Sadat define este pais como um agente sub-imperaiste no norte de Africa. a rever os seus laços com a Uniao Soviética. O Presidente Sadat opusera-se particularmente por várias vezes à realização de uma cimeira árabe em Mogadís cio enquanto a Somália é um membro de plenos direitos da Liga dos Estados Arabes. As próximas semanas vão confirmar esta nova aliança que não aproveita senão aos inimigos dos povos árabes e africanos. Determinado a amarrar o seu regime ao campo americano o Presidente Sadat está prestes a desligar a luta do povo palestino dos seus objectivos libertadores e a ignorar a ajuda cada vez mais determinante que Israel fornece ao regime racista da Africa do Sul. René Chastin (I) Esta resolução afirma «o respeito e o reconhecimento da soberania, da integridade territorial e da independência de cada estado da região». TEMPO N.o 373 -pág. 17

ATAQUE IMPERIALISTA AREPBLICA Uma ponte destruída em Angola pelas tropas imperialistas , CaUsar dificuldades à RPA é um dos objectivos sabotadores da . Segundo informações da ANGOP, em vésperas das celebrações do 2. aniversário da República Popular de Angola foi realizada uma conferencia de imprensa à qual assistiram jornalistas anTEMPO N., 373 --pág. 18 golanos e estrangeiros. Nessa conferência o Comandante Dibala, membro do Estado Maior General das FAPLA, traçou o plano da situação militar do país dois anos depois da independência.

POPULAR DE ANGOLA Aquele destacado Oficial das forças armadas angolanas, coadjuvado pelo Comissário Político Nacional das FAPLA, Comandante Dino Matross e pelo Càpitão José Maria, também do Estado Maior, afirmou que «a situação militar em Angola é caracterizada pela continuação do enorme esfor ço que as FAPLA têm jeito para se equiparem, para se organizarem e se transformarem num exército forte e moderno». «Por outro lado.- continuouprocessa-se a criação de unidades especiais para o combate eficaz aos bandos fantoches que continuam a pilhar e a assassinar as populações indefesas em Cabinda, no norte-nordeste. no centro e sudeste do pais». «Nós temos hoje três zonas onde actuam os bandos armados disse o Comandante Dibala ao explicar detalhadamente a presente situação. «A primeira é Cabinda. Esses bandos estão a organizados numa frente chamada FLEC que possui bases no Zaire. A segunda zona é o norte-nordeste onde actuam os bandos da FLEC que vêm também da República do Zaire e, por fim, a zona centro e sudeste do pais com banrtlos da UNITA:» Esses grupos são apoiados pelas forças regulares do exército do Zaire e da África do Sul - precisou o oficial angolano que em segufda enumerou alguns dos exemplos das violações efectuadas directamente pelas forças regulares da África do Sul e do Zaire. VIOLAÇÕES A AGRESSÕES DO EX.RCITO REGULAR SUL AFRICANO CONTRA A RPA No dia 12 de Julho de 1977: As forças sul africanas abateram um avião angolano «Antonov 26» em . Houve 12 mortos nesse acidente. No dia 14 de Julho de 1977: Aviões sul africanos violaram o espaço angolano na área de Calueque. No dia 16 de Julho de 1977: Um avião sul africano viglou o espaço aéreo angolano na direcção da Vila de . Em 21 de Julho de 1977: Os sul africanos fizeram fogo de morteiros e infantaria contra o posto de guarda-fronteiras em Chitado. Nodia 29de Julho de 1977: Um helicóptero sul,africano sobrevoou a povoação de Calai. Na mesma data violaram a fronteira angolana a oitenta quilómetros da vila de Calai. Nodia 1 de Agosto de 1977:Os sul-africanos violaram a fronteira na área de Cuangar. No dia 11 de Agosto de 1977: Os sul-africanos, juntamente com as forças contra- revolucionárias da UNITA tomaram a povoação de . No dia 20 de Agosto de 1977: Os sul-africanos atacaram a povoação de Calai juntamente com forças contra-revolucionárias +da UNITA. Nodia 18de Setembro de 1977: Os sul-africanos abriram fogo de artilharia contra posições das tropas guarda-fronteiras angolanas na área do «Marco Trêk». No mes. mo dia fizeram um ataque idêntico contra o posto de tropas guarda-fronteiras do Ruacaná. No dia 14 de Outubro de 1977. Os sul-africanos abriram fogo de artilharia contra as tropas guarda-fonteiras angolanas na área do «Marco Três». No mesmo dia 'fizeram Idêntico ataque contra as tropas guarda-fronteiras a 40 quilómetros de Calueque. No dia 15 de Outubro de 1977: Um avião sul-africano sobrevoou a povoação de 4urante cerca de meia hora. TEMPO N.o 3 -pág. 19

A barbaridade das tropas fantoches auxiliadas pelo Zaire e pela África do Sul não poupa nada. Nem mesmo carrinhos de bebés. AO ALTO: nas zonas afectadas pela reacção armada a desordem e destruição são evidentes. AGRESSÕES E PROVOCAÇõES DO EXÉRCITO REGULAR DO ZAIRE No dia 22 de Julho de 1977 um avião da força aérea zairense sobrevoou a povoação de Cabinda (situada no Kazombo). Na mesma data houve um combate entre forças angolanas e as tropas zairenses que estavam a violar a fronteira angolana na área de Nguenene, a norte de Cabinda. No dia 2 de Agosto de 1977 trQpas zairenses bombardearam com artilharia pesada a povoação de Lua!. Em 12 de Agosto de 1977 um avião zairense sobrevoou o posto fronteiriço do Lema. Dia 18 de Agosto de 1977: Um avião quadrimotor sobrevoou a povoação de Vucauma. Dia 16 de Outubro de 1977: um grupo de soldados zairenses violou a fronteira angolana a seis quilómetros da Vila do Luai. No mesmo dia os zairenses fizeram fogo de artilharia e infantaria entre as povoações de Panga Mongo, Beira-A-Nova e (provincia de Cabinda). No dia 27-de Outubro de 1977 um avião tipo «caça» da força Bases da i1ee situadas no Zaire Base de Kibango, 4 quilómetros a sul de Sanda Massala brigadas do exército zairense que é onde foi proclamada a «independência» de Cabinda. cos, norte- americanos. Base de Palanga Goma, 10 quilómetros Sudoeste de Be Base de Vata Ukidi, Sudeste de lize. Base de Kala, e Base de Borinda, Base de Mbemba, 24 quilómetros Sudeste. de Pegamongo Base de Kikuango, 18 quilómetros a Nordeste de Necuto. Base de Kala, 12 quilómetros a S Base de Kibanza, 16 quilómetros de Necuto. Base de Kinzanga, 8 quilómetros di Base de Kimbilo, 14 quilómetros Nordeste de Necuto Base de Kondi Saki, 12 quilômet Base de Tombo Yanga, 22 quilómetros Nordeste de Ne Nova cuto (Base é precisamente o quartel general da «FLEC» que, segundo o capitão José Maria não é por acaso que Base de Nbuku, a 22 quilómetros está nas proximidades da Vila da Tshela, porque perto des- Base de Buku Bauka, 16 quilóme ta localidade encontra-se a principal concentração duma das Base de Kipene, 10 quilómetros d acessorada por técniNecuto 16 quilómetros a leste udeste de Pangamongo e Beira Nova ros a Sudeste de Beira de Beira Nova tros a leste de Chiobo e Tando Zinze TEMPO N.o 373 -pág. 20 TEMPO N.o 373 --pag, 20

Bases da MILA no Zaire Base de Kanga Segundo, 10 quilómetros Sudeste de Tan do Zinze Kitoma (Concentração principal das Forças Zairenses) Base-de treino situada a 40 quilómetros de Cuamato Base de treino situada a 55 quilómetros de Cuamalo Base de trein) situada a 45 quilómetros a sudeste de Cuamato Base de treino situada a 110 quilómetros a sudeste de N'giva Base de treino situada a 60 quilómetros a sudeste de Kuangar Base de treino situada a 30 quilómetros de Dirico Base de concentração situada a 50 quilómetros a sul de Mucusso Base de penetração para Angola situada a 40 quilómetros da fronteira Base de Mbuande, a 10 quilómetros a sudoeste de NOQUI aérea zairense, violou o espaço aéreo na direcção leste de penetrando numa profundidade de oitenta quilómetros. SITUAÇÃO MILITAR NO INTERIOR DA RPA Depois de ter dado estes exemplos de violações e agressões das forças regulares zairenses e sul-africanas, o porta voz do Ministério da Defesa referiu-se à situação militar no interior de Angola afirmando que «em Cabinda os grupos da FLEC estão todos baseados na República do Zaire e é daí que eles penetram para fazer as suas acções de guerra: colocação de minas, emboscadas e ata ques à população civil» e, ultima mente, raptos e sequestros das populações para o Zaire. Dibala acrescentou que «a FLEC é apoadã sobretudo por duas brigadas zairenses: uma situada na vila de Tshela e outra na vila de Kitona (ambas zairenes). Têm por missão especial treinar os elementos da FLEC e apoiá-los com material de guerra. Revelou ainda a presença de um barco de guerra no mar entre Sanzaire e Cabinda pronto a qualquer eventualidade logo que, segundo os planos do inimigo, as forças da FLEC «conseguirem manter uma situação de instabilidade na província de Cabinda». Ainda referindo-se à FLEC o Comandante Di ba 1a afirmou:«Não há uma implantação dos grupos da FLEC em Cabinda. Eles encontram-se acoitados na República do Zaire de onde partem para acções esporádicas contra o território angolano». Referindo-se a algumas acções da FNLA no norte do país o mesmo membro do Estado Maior d" FAPLA disse que «as suas actividades nestes últimos tempos têm diminuido bastante. Em primeiro lugar pela acção das FAPLA no norte. Segundo pelo decrescimento da possibilidade de recrutamento entre os refugiados pelo jacto de estes estarem a regressar a Angola. Terceiro pelo facto de serem os próprios refugiados que ao entrarem em Angola maior combate fazem aos bandos da FNLA que atravessam a fronteira angolana». Ao referir-se à UNITA afirmou que «a região de maior actividade militar em que ela actua é a área do centro e sudeste do país» sublinhando mais adiante que na província do Huambo a UNITA se encontta numa situação de debandada devido à acção das FAPLA que destruíram «tudo que eram bases e acampamentos. Temos- informações de que as forças que a UNITA tinha no Huambo se encontram neste momento em fuga. Uma parte em direcção ao sul é outra parte em direcção ao leste». «As FAPLA libertaram milha res de populações que a UNITA retinha nas matas e os serVi ços sociais da RPA estão agora a facultar-lhes a vida normal» sublinhou o Comandante Dibala que classificou a operação de «Um grande êxito». Ainda referente à UNITA, o Co- mandante Dibala disse que na Província do Bié, a UNITA continua ainda activa, «mas as FAPLA estão nesse momento numa fase de arranque para operações de limpeza ao longo de toda .z Província». Assinalou ainda que depois dos primeiros choques havidos no Bié, também se verificou a fuga para o leste e para a direcção sul das forças da UNITA. «As forças da UNITA prosseguiu o Comandante Díbaa são abastecidas a partir da Namibia TEMPO NO 273 - pág. 21 Corpo de um homem a apodrecer dentro de uma fossa. «Qbra» da FNLA.

FAPLA: Um exército moralizado, um exército mobilizado, um exército que também produz. por vdrios «Corredores» sendo o mais importante o que começa na fronteira do no Cubango e que sobe até às províncias do Huambó e Bié». Sabe-se que as forças sul-africanas fornecem não só material de guerra e apoio aos fantoches mas inclusive meios rodo4idrios, com camiões e jipes que lormam as suas colunas de abastecimento de modo a penetrar até muito longe da fronteira». No segundo período da Conferéncia, o capitão José Maria, do Estado Maior General das FAPLA, fez apresentação geográfica das bases situadas em territórios zairense e da Narnibia. DECLARAÇÕES DE UM PRISIONEIRO Na mesma conferência foi apresentado um prisioneiro que afirmou ser Inocêncio Vieira, alferes da UNITA organização em que ingressou em 1975. Declarou ter estado duas vezes na Namibia, uma em 76 e outra este ano. Da primei ra vez foi preso pelo sul africanos aquando de um combate entre os grupos da UNITA e da FNLA e este ano, numa base de treino. Revelou ainda que, quando foi preso pelas FAPLA, este ano, em Candelela (Província do Cuando-Cubango) o treino que efectuou, juntamente com quarenta outros elementos da UNITA na Namibia, durou aproximadamente um mês. Segundo ele, o moral dos elementos da «UNITA» é muito baixo porque «jd não sabem porque lutam, e que os dirigentes proibem os soldados de escutarem os noticiários da Rddio Nacional de Ango la». O prisioneiro, confirmou por outro lado que, são sul-africanos os instrutores dos campos de treino situados na Namíbia e que são utilizados camiões e jipes da RSA nas colunas de abastecimento. Bases da Unita Zaf.e Base.de Base situada a 35 quimetros a norte de Sacandica Basel , 20 quilómetros a Nordeste do Noqui Base Tembo a 50 quilómetros a nordeste de Mongando Base de Kanuna, 10 quilómetros a Nordeste de Luvo Base de Songololo, 15 quilómetros a Nordeste do Luvo Basede Kizambaa50 quilómetros a leste de Magango Base de Songa, 20 quilómetros a Nordeste de Buela Concentração de forças zairenses da UNITA e da FLA Base de Kuisi, 7 quilómetros a-Nordeste de Buela Base situada a 35 quilómetros a norte de Maquela do a 30 quilómetros a leste Luau Zombo Base situada a 30 qulmetros a nordeste. de Maquela do Concentração de forças zairenses a 25 quilómetros a nor Zombo deste de Kaianda TEMPO N.o WY3 - pág. 22 timor leste UM PASSO EM FRENTE Comemora-se no próximo dia 28 o segundo aniversário da proclamação da Independência da República Democrática de Timor Leste. Dois anos de Independência de Timor Leste, em que a tarefa fundamental do povo maubere foi resistir de forma heróica e vitoriosa contra a agressão e invasão de que o seu país foi alvo dez dias depois de proclamada a Independência. Sob a direcção da FRETILIN, engajados nas FALINTIL - braço armado do povo - , os mauberes, sem qualquer ajuda exterior, contando com as suas próprias forças, e sabendo sintetizar as suas experiências souberam definir de forma clara e correcto o seu inimigo. t a Revolução que toma lugar a par da libertação do país dos invasores indonésios. É a criação de bases para que os exploradores não possam conhecer a liderança da Luta, nao possam sequer conhecer, influênciar, ou interferir nas novas condições de vida que a Revolução do pais cria. TEMPO N.o 373 - pág. 23

Antes de ser afastado como MRnistro de Negócios Estrangeiros da Indonésia, Adam Malik afirmou que «o problema de Timor Leste cessou de existir como problema de descolonização». Esta afirmação recebeu recentemente uma pergunta. Será então um problema «entre dois Estados Independentes?» A pergunta foi feita por Mari Alkatiri, Ministro das Relações Exteriores da R D T L quando falava nas Nações Unidas em nome do povo Maubere. Fugindo à acusação feita pela Comunidade Internacional de que Timor Leste como ex-colónia portuguesa não deve ser um problema que diga respeito à Indonésia - e dai que a invasão que estão a fazer seja uma violação aos direitos do povo maubere o governo indonésio tenta provar que o caso de Timor é um assunto interno da Indonésia. A imagem que nos fica desta atrevida tentativa dos indonésios, é a da história do gato que foge e se esconde, mas deixa ficar a cauda de fora. Como tal a Indonésia, que no campo militar continua, desde Julho do ano passado a sofrer sis temáticas derrotas, vê au nível diplomático avolumarem-se as condenações. Mais uma vez, as Nações Unidas votaram contra a agressão e invasão indonésia a Timor Leste. Isto, aconteceu já anteriormente ao nível as Nações Unidas no ano passado e em 1975, e ainda na 5.-' Conferência dos Não- Alinhados. Porém este ano um novo factor tomou lugar. Portugal, que até aqui tem mantido a posição de não se pronunciàr nas Nações Unidas no caso de Timor Leste - usando a abstenção -, este ano votou contra a invasão indonésia. Indirectamente pois, o Governo português ao condenar a invasão a Timor reconhece a FRE TILIN como único e legítimo representante em Timor Leste, reconhece a FRETILIN que em 28 de Novembro de 1974 proclamou a Independência da República Democrática de Timor Leste. Trata-se, tanto a posição assumida pelo Governo português, como os próprios resultados obtidos na 32.0 Sessão das Nações rEMPO- N.- 373. -pág. 24 Prqclamago do República Democrátca Ma Timor Leste em 28 de Novembro de 1975. Dez dias depois a invasão indonésia mobilizaria todo o povo para a ,esitêmia armada. Unidas de uma vitória diplomática de grande interesse pafia Timor Leste. E, ela toma lugar precisamente na altura em que a Repúplica Democrática de Timor Leste comemora o seu segundo aniversário da Independência. AS TRÊS OFENSIVAS Depois de em sete de Setembro passado o então Presidente da FRETILINter sido afastado das suas funções, ter sido preso e destituído de todos os seus direitos de cidadão maubere, esperava-se que houvesse uma «diminuição das acções de guerrilha», houvesse até um certo retrocesso no campo militar para as FALINTIL (braço armado da FRETILIN). Pelo contrário, assistiu-se depois da prisão de Amaral a um aumento sistemático das acções de guerrilha contra os invasores indonésios; assistiu-se a uma ofensiva no campo diplomático do Governo da RDTL com resultados muito positivos. Isto, quando «se esperava» que estas acções pertencessem aos i n d o n é s i o s, quando «se esperava» que eram os indonésios quem estava em posição, e quem tinha condições quer materiais, quer morais p,4ra fazer as ofensivas no campo militar e diplomático. As previsões normais falharam - foram ao fime ao cabo as previsões do Imperialismo que falharam. Presidente Nicolau Lobato eleito para di. rigir a FRErJUIN e a RDTL. «Impotentes de nos derrotarem no campo militar, o inimigo tenta sorrateiramente infiltrar-se nas nossas fileiras para minar a nossa unidade. e assim levar-nos à derrota (...). Um novo salto qualitativo se nos afigura para breve», como afirmou ainda antes da prisão de Amarei. No ano passacto, por esta mesma altura (1), havíamos dito ao anansar a grande ofensiva militar da FRETILIN de Agosto a Novembro de 76, que definitivamente os invasores indonésios tinham conhecido a inversão dos papéis. Quer dizer, os indonésios de invasores na ofensiva de liquidar todas as manifestações de apoio à FRETILINI tinham passado a invasores, que na defensiva tentavam manter as suas posições militares em algumas cidades ocupadas, entre elas Dili a capital. A ofensiva militar da FRETILIN o ano passado seguiu-se um longo períoao de desnorteação completa dos indonésios: Suharto reconheceu ter perdido mais de 10 mil soldados em Timor Leste; os embaixadores diplomáticos da Indonésia tentaram uma aproximação a possíveis conver sações; o Ministro dos Negócios Estrangeiros Adam Malik procurou junto dos Estados Unidos, Austrália, França e Alemanha Federal (os patrões da economia do seu país) dar as explicações para as derrotas militares em Timor Leste.

Mesmo quando no inicio deste ano a Indonésia programou uma larga contra- ofensiva diplomática espalhando embaixadores por todo o mundo, para ganhar adeptos para a causa da sua invasão; mesmo quando aumentou os seus efectivos militares para sessenta mil homens dentro de um território com 18 mil quilómetros quadrados e cerca de um milhão de habitantes; mesmo quando armou o seu exército agressor e assassino, de aviões,'tanques e outro material de guerra pesado; mesmo quando se envolveu em pactos militares com as Filipinas e Tailândia para garantir a sua política de agressão e opressão; mesmo quando enviou homens dos seus serviços secretos para minar a FRETILIN, comprar seus responsáveis, e prepararem um vasto ataque militar que poria fim à guerrilha m a u b e r e... mesmo quando a Indonésia fazia tudo isto, demonstrava que a ofensiva em Timor Leste pertencia à FRETILIN. f que apesar de ter tido certos êxitos em algumas operações mili: tares, apesar de ter alcançado um certo silêncio por parte de certos países, a Luta em Timor Leste nunca deixou, em cada semana deste ano, de se manifestar. Finalmente em Setembro deste ano tomou lugar um acontecimento que será factor determinante da vitória da FRETILIN sobre os agressores indonésios. Provando que a ofensiva ainda lhe pertencia, o Comité Político da FRETILIN depurou-se dos elementos nocivos, denunciou-os da sua ligação à Indonésia, e demonstrou que os seus objectivos eram organjzar a capitulação do povo maubere aos invasores indonésios. Xavier do Amaral foi expulso, e tomou lugar a reorganização da FRETILIN e do Governo de Timor Leste. Quando o Comité Político do Comité Central da FRETILIN anunciou a prisão de Amaral a Indonésia não fez a mínima referência a este acontecimento (2). Esperava-se que a Indonésia usasse este factor nas Nações Unidas para fortalecer a sua posição; não usou. Esperava-se que as tropas indonésias aumentassem as suas acçoes militares: isto tambm não aconteceu. Não aconteceu, e pelo Soldados das FALINTIL -braço armado do povo maubere. Cerca de sessenta mil soldados indonésios impotentes de calarem a resistência da guerra popular. contrário, assistimos a uma nova ofensiva da FRETILIN e seu Go, verno. Um dupla ofensiva: dentro da FRETILIN e de dentro para fora dela. E, isto mostra-nos claramente que a Indonésia, que reivindica Timor Leste como seu território, não tem o mínimo controlo sobre ele. A Rádio Maubere continua a emiir as suas emissões de rádio; ao nível militar as FALINTIL desde Setembro (desde a prisão de Xavier do Amaral) que têm infligido pesadas derrotas ao exército invasor; os guerrilheiros continuafl a abastecer-se das tropas invasoras em armamento. Por outro lado, a Indonésia não conseguiu ter, nem apresentar qualquer justificação para os constantes ataques que sofre da imprensa de *um pais seu 4ilado e amigo - a imprensa australiana quase diariamente publica notícias sobre Timor Leste, as quais não têm %jomo fonte de informação responsáveis indonésios. A ofensiva continua apesar de tudo a pertencer à FRETILIN. Nem a grave crise Interna que tomou lugar dentro da FRETILIN, nem o aumento dos efectivos mi. litares de Subarto conseguíram baixar o fogo da Luta maubere. PORQUÊ OFENSIVA Dizemos ofensiva porque a rectificação da linha de orientação da FRETILIN constitui um elemento determinante nas vitórias militares e diplomáticas que tomaram lugar desde a prisão de Xavier do Amaral. Não foi por acaso que novas palavras de ordem surgiram. Deste modo vemos o Presidente Nicolau Lobato (que foi indicado para dirigir a FRE TILIN e a RDTL) colocar toda a entoação sobre a necessidade que existe para todos os quadros em estudar, integrarem-se na produção, integrarem-se no combate armado. Por outro lado ainda, as orientações fornecidas ao Governo estão viradas para a colectivi zação da produção, resolver o problema de abastecimento das populações quer em sementes, quer em alimentos, integrar as guerrilhas na produção. Estas directivas vêm concordar com as acusações feitas a Xavier do Amaral. Ele foi acusao de querer transformar o exército num grupo de combatentes profissionais completamente despoitizados, acusado de rejeitar o estudo permanente para elevaçãb dos conhecimentos políticos, acuTEMPO N.O 373 - pág. 25

Principais acontecimentos e acções mi lara e taes que tiveram lugar em Timor Lese Norte d depois da prisão de Xavier do Amaral que os indoi até então desempenhava es funções de- si;ões Presidente. ram igu SETEMBRO Nestas 155"sold De 1 a 7 - Fortes combéti tiveram Os invas luaar iunto a Dili nomeadam teemLati- americai sado de rejeitar a integi quadros superiores ína e nas tarefas ligadas wo Numa palavra, reJotai primento do principio ti tal em qualquer prolongada. Próprias ForÇâ8. Não é por ac temente o P ýbato voltou a' cípio - are. Ao mesmo tempo na parte pais, particularmente em Laleia, ésios tentaram assaltar as po as FALINTIL. Em Manatuto tiveilmente lugar vários combates. perações os indonésios perderam idos, e muito material de guerra. Dres utilizaram aviões de fabrico [o «OVIO Bronco», helicópteros PRIA ' FORÇAS -, sem o qual de fac seria impossível ao povo mau re pensar em livrar a sua pátria dos invasores. Confirmando a rande ofensiva política no ,oio Frente, recentemente o pôõ 01 mobilizado para que não ris qualquer embrulho deitas aviões indonésios em forprenda. Na verdaúe e seinormaçSes da Rádio Maunção criminosa dos in. franceses «Ãlouett» ebombas químicas1 para destruição das áreas de produção.j No dia 7, teve lugar a prisão de Xavier do Amarai e elementos a ele ligados que preparavam a capitulação. 13- Violentos combates na zona de Turiscai - aldeia natal do deposto Pre donésios falhou. Uma outra está agora a tomar lugar, com o lançamento de insecticidas sobre as áreas de produção das zonas li. bertadas de Timor Leste. Este crime, utilizado no Vietname pe. los americaiíos, utilizado pelos portugueses em Moçambique, de. monstra a agonia da Invasão: a necessidade de se recorrer ao métodos mais brutais e as~-885 nos para ao menos tentar dt sidente e área onde vivia - tiveram lugar. Os indonésios utilizaram cerca de 2 mil homens que eram guiados por elementos ligados a Xavier do Amaral. Contudo, a acção das FALINTIL provocou 200 baixas ao inimigo. Verifica-se que a chamada

Uma povoação maubere. Os invasores, incapazes de alcanÇarem vitórias militares estão a recorrer ao lançamento de bombas químicas para destruir as culturas e a produção das zonas libertadas. iniciativa, e em seu lugar limita-se a justificar as derrotas. A este pro pósito um jornalista comentava se «não estará a Indonésia a preparar uma rdírada srteizciosa?». GUÉRRA POPULAR Muito mais segura - sem su* bstimar o inimigo -, no comentaírio que fazia à recente votação favorável a Timor Leste nas Nações Unidas, Ramos Horta, o Embaixador da RDTL na ONU, afirmou que esta é «mais uma derrota diplomática para a Indo nésia. Encontramos nesta afirmação o principio elementar que dirige uma guerra popular prolongada: todas as pequenas vitórias juntas fazem uma grande vitória. Depois de dois anos de invasão indonésia verificamos que o cerco total que o povo maubere sofre é ultrapassadó. E, ultrapassado de uma forma que a história do movimento de libertação não tinha conhecido até aqui - sem a ajuda material dos seus aliados naturais. Também a q u 1, encontramos mais uma explicação para a capiTEMPO N.o 373 - pág. 28 Miflcias populares antes da invaulo indonésia. Hoe elas esto armadascom armamento capturado aos agressores. tulação que Xavier do Amaral vinha preparando. Ele vinha defendendo que a Rádio Maubere não deveria fazer ataques aos países imperialistas que armam a Indonésia. na sua agressão e muito menos às neocolónias dos interesses e-õ-micos do imperialismo. Contráriamente aos seus desejos, encontramos o Presidente Lobato reafirmando como aliados naturais da FRETILIN os países socialistas, os que constroem o socialismo, os movimentos de libertação e os movimentos progressistas anti-imperialistas. Por outro lado, e no interior do país, conforme revelou o Ministro das Relações Exteriores Mari Alkatiri, nas Nações Unidas, 350 pessoas receberam instrução de medicina e saúde preventiva, 5 hospitais foram construídos, 10 creches-foram criadas juntamente com 350 postos de alfabetização, além de se terem preparado nas zonas libertadas mais 250 professores primários e alfabetizadores. A par da Reconstrução um forte movimento contra a discriminação da mulher e corrupção --que Xavier do Amaral e o seu grupo vinham permitindo e para o qual contribuiam com o seu exemplo - foi incentivado pelo Comité Político. Ao nível da produção onde o movimento de criação de cooperativas tinha sido afectado e desmobilizado pelo facto de a distribuição e abastecimento de sementes e outros produtos ter sido sabotado, fortes campanhas para a colectivização da produção estão a ter lugar. Segundo pudemos saber, este processo ganhou uma maior dimensão a partir de uma recente reunião do Comité Central da FRETILIN, onde foi decidida a obrigatoriedade de participação de todos os quadros na produção. A etapa mais dura que a luta em Timor Leste agora conhece, - clareand-se sobre a definição doinimigo, e consolidando a sua Independência no caminho de ex, pulsar os invasores -, mostra e confirma a verdade da recusa dos soldados indonésios em combaterem contra os mauberes. Crianças numa escola da RDTL na altura da Independência. Hoje as escolas continuam a funcionar apesar de a FRETIUN não receber qualquer apoio exterior -6 a guerra popular que resolve os problemas do povo. Quando o assassínio de cerca de cem riil pessoas em Timor Leste - Adam Malik admitiu que desde 1975 tinham sido mortas entre 70 a 80 mil pessoas -, não faz diminuir a resistência de um povo, nada mais há que esperar. Mesmo quando as afirmações que Suharto fez, «a Indonésia deve tentar convencer membros do Movimento (FRETILIN) a junta rem-se ao nosso governo tão cedo quanto, possível», (3) não se reveIam-frutíferas na prática - a prisão dos capitulacionistas confirma-o - que mais há a esperar? Que mais há a esperar quando dois anos depois de proclamar a Independência, e completamente isolado do mundo, um povo consegue celebrar a festa da sua Independência? (1) Ver revista TEMPO n.' 322 (2) 'Ver revista TEMPO n. 364 (3) Afirmação feita por Suharto em 2 de Agosto de 1976, e publicada na Revista americana «Pacific Research» de Jan/Fev de 77. e TEMPO N.' 373 -pág. 29

Onde p odemos ...... ,r...... Is ......

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Uma das salas de leitura duma das bibliotecas que visitámos, vimos jovens a estudarem ora colectivamente, ora individualmente. Começmos, por visitar a Biblioteca Nacional que possui nuitos livros, a partir de livros poli. ticos; religiosos, científicos, até livros didácticos (para cursos mé dios e superiores). Todavia é frequentada, por Jovens estudantes que lêem histó- o «Abtrlx», «Aventuras de Tintim», etc. Há lá também livros coloniais, de valor histórico muito impor tante, alguns .té escritos por Ideólogos do fascismo como SaIazar e Marcelo e outros de seus seguidores. Estes livros est~o a ser uma outra sala, são conmlta4l, neste momento, pelas ecolas quando querem fazer algum documento, e também por al órgãos de informaço. A Biblioteca da CnMara Municipal funciona com trê sectores, a biblioteca itinerante e dua li- TEMPO N.o ,l

Amarela e a outra nas instalações centrais da Câmara. A biblioteca itinerante, que co mo a própria palavra o diz é uma biblioteca ambulante composta por uma carrinha\furgoneta. Esta biblioteca visita d versos parques e jardins, das 15, 0 às 18 horas. Qualquer pessoa rpde requisitar livros, tendo como\ prazo de entrega 15 dias. A biblioteca fixa da ex-Casa Amarela empresta livros por 8 dias. Ê composta por duas salas uma de leitura colectiva e outra de leitura individual. Alguns leitores leem ou estudam colectiva mente e até discutem ostextos lidos, segundo informação obtida do responsável daquela biblioteca. TIPOS DE LEITORES Ali, as pessoas que se servem das duas bibliotecas da Câmara, são estudantes, trabalhadores e crianças. Alguns estudantes, que muitas das vezes quando querem recapitular as suas matérias vão a restaurantes que lhes proíbem o uso da sala passaram a estudar ali. Os trabalhadores, principalmen te aqueles que não vão almoçar a casa - porque moram fora da ci dade ou porque o machimbombo demora muito tempo, - depois do meio-dia, deslocam-se em gru pos ou individualmente aos jardins onde comem o seu almoço trazido em marmita. Depois de almoçarem, vão à biblioteca fixa da Câmara ou à itenerante, con forme a que estiver mais perto. Assim vão «queimando» o tempo até à hora do recomeço do trabalho. Até ao momento, era só permi tido aos jovens e aos trabalhado res, fazerem uso das bibliotecas da Câmara mas agora as crianças j, têm livros próprios para a sua idade. Este aspecto, é muito posi tivo na medida em que começa-se desde muito novo a criar gosto pela leitura. Aquelas duas bibliotecas pos suem uma média de 15.755 livros, que abordam diversos assuntos tais como filosofia, religião, ciên cias sociais e económicas, etc., etc. Todavia têm poucas enciclopédias e poucos livros didácticos. Os livros mais lidos são os polí- ticos: Mão Tse Tung, Leniie e Sa mora Machel. Como são adquiridos os livros destas bibliotecas? Uns são comprados nas livrari as, outros são oferecidos pelas pessoas que abandonam Moçain bique. LIVROS DESAPARECIDOS Sobre a questão dos livros desaparecidos foi-nos informado que muitos leitores viviam nos su búrbios; nas zonas alagadiças. Quando houve cheias eles muda ram para a cidade, e assim os li vros que tinham requisitado nunca mais devolveram. Outros leito res quando vão preencher a ficha dão um endereço falso e depois desaparecem. «Antigamente disse-nos um dos responsáveis, o sistema era o se guinte: antes do leitor requisitai um livro, o funcionário ia ver a casa. Mas acabou-se com isso, e continuam a desaparecer, principalmente, os livros políticos, por exemplo, o livro «Documento da História da Frelimo». A leituro que buscamos nos livros é uma tonte de insp ra çBo através da qual enriquecemos os nossos conhecimentos cient TEMPO N.° 373 -- - pág. 33

A seguir, perguntámos o que fazem quando um leitor perde um livro. «Quando um leitor perde um livro por qualquer motivo, nós mandamos comprar o mesmo livro para substituir o perdido. No caso, daquele estar esgotado pode comprar um outro livro do mesmo autor. Assim, ao registar em vez de dar entrada com um novo número registamos com o mesmo e depois assinalamos que não é o mesmo». A Biblioteca da Câmara, para além de organizar o seu trabalho tem colaborado com as outras bibliotecas, como por exemplo, a biblioteca da Escola Secundária da Polana, em que a Câmara enviou um dos seus trabalhadores para organização da biblioteca local. Por outro lado, uma Comissão dos Caminhos de Ferro de Moçambique, que está em vias de instalar uma biblioteca naquele sector de produção, contactou a Biblioteca da Câmara para dali colher experiências que lhe poderão ser úteis. As bibliotecas itinerante e fixas a que nos referimos estão instaladas na Ex-Casa Amarela, (junto à Praça 25 de Junho) mas antes de estarem aqui estavam nas instalações centrais da Câmara Municipal, onde actualmente, está a terceira Biblioteca. Esta, tem muitos livros históricos, livros de arte, aquitectura, filosofia, medicina, etc. e boa literatura inglesa e literatura clássica. Esta biblioteca é muito visitada pelos estudantes universitários. O sistema de organização é bastante bom. Está dividida em assuntos catalogada por títulos, autores e assuntos ou ideográficos. Usa-se o sistema decimal complexo Dervey, que é um sistema internacional utilizado nas grandes bibliotecas do Mundo. Os livros que ali se encontram são oferecidos, na sua maioria por Portugal. Possui 13.846 volumes de livros. BrBLIOTECA DAS ESCOLAS Visitámos várias escolas, mas como é altura de discussão das notas e exames tivemos muitas dificuldades err contactar os responsáveis das ibliotecas. Na Escola ecundária «Josina Machel» contactámos o professor, José Adriano, que nos disse que a biblioteca estava em fase de montagem dépois do 25 de Abril em virtude da desorganização em que estava Fazia esse trabalho um professor que mais tarde, foi se embora por razões de doença. Ele utilizava o sistema decimal universal. TEMPO N.o 373 - pág 34

Depois, a pessoa que veio após a sua saída, não soube utilizar este método. Esteve também uma senhora inglesa que trabalhou muito pouco tempo. Em menos de três anos, portanto trabalharam mais de 3 pessoas na mesma biblioteca. Naquela Escola, há muitos livros que não interessam à escola, pois são bastante especializados. Sobre este assunto aqueles professor disse que esses livros iam ser oferecidos ao Arquivo Histórico e à Universidade Eduardo MondIane. Em Janeiro do próximo ano, começará o trabalho de reorganiza- ção daquela biblioteca durante as férias grandes. Começou-se a comprar novos livros, (a Escola cedeu uma verba de 10 contos e no ano passado tinha dado 20 contos qhe não foi utilizada dada a desorganização que lá havia. Assim aquele dinheiro foi encaminhado para outros fins). Em conversa com o professor José Adriano constatámos que alguns alunos lêem principalmente, nos tempos livres. Quando falta um professor e não têm aula uma parte da turna é encaminhada para a biblioteca e a outra parte para a produção. Abordámos o nosso interlocu- t9r sobre o tipo de livros que são lidos: «Compramos livros de banda desenhada para atrair os alunos, livros políticos, romances e tentamos encontrar literatura infantil, porque temos aqui alu nos muitos novos. Também, estamos a ensinar aos alunos como utilizar a biblioteca porque eles não sabiam utilizá-la». Constatámos ainda, que neste momento aquela biblioteca tem um funcionário que não percebe do assunto e que os ficheiros es tão inoperantes. ESCOLA SECUNDARIA DA PO LANA Na Biblioteca da Escola Secundária da Polana falámos com um elemento da Comissão Pedagógica, Ana Maria Sobrinho, que nos disse que a Biblioteca daquela es cola, neste ano lectivo, não fun cionou devido «às condições pre cá rias em que se encontram as nossas instalações, tanto mais que vamos mudar daqui. A única coisa que se avançou foi a compra de livros. Portanto, houve da nos sa parte a preocupação de aquisição de mais livros e não houve a preocupação de que os mesmos fossem consultados. A Biblioteca da Câmara deu-nos apoio. Enviou-nos um funcionário para vir preparar um nosso elemento para lidar com a biblioteca, mas esse elemento não funciona». Houve de facto a preocupação de comprar livros de formação política, livros sobre ciências, biologia e pedagogia, mas eles estão arrumados nas prateleiras da biblioteca, não estão a ser consultados, visto que a tal biblioteca não possui as minimas condições exigidas para Ser biblioteca. Nas outras escolas que visitámos nomeadamente, a escola Comercial, fomos lá por duas vezes. O fumcionário tinha faltado. EntrQtanto, conseguimos entrar. Possui neste momento, boas instala. ções - são melhores que as das outras escolas, - uma sala bastante grande, bem arejada e espa a. Mas os livros que lá vimos são todos sem interesse para o Momento actual e para o ensil0q pratl*_ao nas nossas escolas 1'MPO N.O 373 -pág. 35 M ......

NAS CIDADES Ao lado:' Mato,4; Conferencia eleitoral distrital. Os delegados à conferência preenchem as fichas. Dentre os oitenta delegados à conferéncia trinta e cinco foram eleitos deputados da assembleia distrital. TEMPO N.O 373 - pág. 36 rOTAM OS OPERÁRIOS A festa que se viveu no campo desde o dia 25 do Setembro - quando aí foi desencadeado o processo eleitoral para os deputados de localidade - vive-se agora nas cidades. Quer através da realização das Conferências eleitorais de distrito, quer através das Conferências eleitorais de cidade. Para isso as cidades vestiram-se de festa. Nos bairros, nas unidades de produção, bandeiras, dísticos ahsivos, actividades culturais diversas, cantavam a alegria da implantação das estruturas dos trabalhadores conduzirem o seu destino, fazerem valer a sua vontade, fazerem ouvir sua voz. Nas Conferências distritais - realizadas quase todas no passado fim de semana - os delegados enviados pelas locali dades escolheram os seus deputados às Assembleias Distritais. Imediatamente a seguir ao fim de cada uma dessas Conferências, as Assembleias distritais reuniram-se para escolher seus delegados às Assembleias Provinciais. Nas cidades, ao nível dos diversos círculos eleitorais que se situam nas fábricas, nas restantes unidades de produção nos bairros, nas escolas - escolheram-se os delegados às Conferências de cidade. Até ao próximo dia 27, inclusive, deve rão realizar-se as Conferências eleitorais de cidade. Nelas os delegados escolherão os deputados às Assembleias de cidade. Embora no momento em que redigimos este apontamento o processo da escolha de delegados esteja no seu início, a participaçíão dos operários e demais trabalhadores na escolha dos candidatos propostos a delegados das Conferências de ci dade, deixa crer que, em particular ao nível dos círculos eleitorais situados nas unidades de produção, a participação popular vai, corresponder ao tamanho do acontecimento...E vai corresponder ao esforço desenvolvido nas áreas rurais, onde, como temos vindo a assinalar, as eleições foram uma tarefa assumida e realizada com grande êxito. A fase imediatamente a seguir é 'a da realização das Conferências eleitorais de Províncias, onde os delgados escolherão os deputados ao nível da Província. Est processo desenvolver-se-á em todo o país,.i todas as capitais provinciais, portanto, entre os dias 1 e 4 de Dezembro próximo. Esperamos poder fornecer na próxima edição imagens do que foram a preparação e realização das Conferêndas eleitoEm cima. Termiads om xio as elGíçóes ao ri»eý de ocaý- raie de cidade, divulgar entrevistas com diversos responsóveis dade. realizam.sp por toda a semana nas capitais provinciais 'reuniões ao nível de bairrs e unidades de produção para esco- ao nível das províncias, onde estes se referirão ao que foram la dos deea o sC ne ca li*ri acd d .Até ao dia dos del às'nrncias eleitprais da cidade. At eo na globalidade as eleições ao nível de cada uma das províncias, dia vinte e sete os delega os escolhidos participarão na Confen rência, onde elegerão as ssembleias de cidade, e ao dos escalões de eleições. TEMPO N.' 373 - pág. 37

Eleições no campo A fonte de inspiração para a implantação das assembleias do povo ao nível de todas as localidades do pais, foi a experiência das áreas libertadas durante a Luta Armada de Libertação Nacional. A fonte de inspiração para a implantação das assembleias ao nivei das cidades - processo que se realiza neste momento -- é não só a experiênca das áreas libertadas, como a experiência das eleições ao nível das localidades, recentemente realizadas. E essas experiências são fontes de inspiração porque foram um exercício rico de participação popular, amplo. Numa conferência de imprensa realizada a passada quinta-feira, o responsável a nível nacional pela organização do processo eleitoral Õscar Monteiro, forneceu os resultados finais, teceu considerações importantes, sobre o processo das eleições ao nível das localidades. Por absoluta incapacidade técnica de o fazer nesta só poderemos inserir essas considerações na nossa próxima edição. Da recolha dos dados parcelares, à medida que os distritos e as províncias os iam fornecendo ao Gabinete Nacional de Organização das Eleições, podemos adiantar que foi de cerca de 18 mil o número de deputados eleitos pelas massas populares para as cerca de 900 localidades criadas para o processo eleitoral. O número de candidatos rejeitados foi de cerca de 1800, portanto, na cor- respondência de 1 ~addato rejeitado para cada dez' leitos. Isso denota a grande vigiláncia popular que presidiu ao processo, denota o empenho popular das massas camponesas em particular, e trabalhadoras de um modo geral, em preservar os seus novos instrumentos de poder de infiltração, denota sua confiança nas novas estruturas, a sua preocupação de que esses gão instrumentos seus, de exercício da sua vontade. O apontamento fotográfico aqui apresentado reporta-se àseleiçõesem duas localidades, uma na Pro- 1 víncia de Gaza, outra na Provn-1 cia de Inhambane. As legendas são de uma trabalhadora do Ministério de Informação, que assistiu a essas eleições. «Esta é a camarada Rosa Mubutu Cossa. São vocês que a conhecem, sao vocês que vo dizer se ela pode ser eleita»: TEMPO N.o 373 - pág. 38

Locelidade de Macuane, distrito da ara Ga-a, (A localidade de Macuane é constituída por 4 círculos: Nhangono, Mangole, Tuana. Macuane) Onde fica Macuane? É logo aí, entra-se pela estrada de areia, depois vira-se à direita, olha é aí onde se vê gente seguir pelo caminho. Debaixo de duas grandes árvores, à beira de uma lagoa encontramos um grupo de cerca de 150 pessoas. Os homens mais velhos com casacos do «John» e sentados em cima do capacete, outros sentados em cima de troncos, uns faziam cestos, outros cantavam, umas mulheres amamentavam os bebés, um grupo de crianças brincava e outros jogavam nxuva. Um cocuana tinha feito ao abrigo do vento uma pequena fogueira para acender o cachimbo. No meio havia uma dúzia de cachorros a fazer corridas. Um dos jovens improvisava canções. O secretário da localidade, Cossa, veio de bicicleta, os outros responsáveis de Jeep até à estrada. Estavam agora todos presentes, as eleições podiam começar. Foi apresentada a mesa, em seguida foi explicado o que era uma assembleia e o que eram eleições. Fez-se a contagem 152 adultos, 11 crianças. Um deputado deve ter uma vida exemplar. Viemos para analisar junto do povo a vida dos deputados, um deputado não pode ser bêbado, ladrão, régulo, induna, cipaío, não pode ter colaborado em movimentos fantoches, não pode ter sido Pide, OPV etc. Vocês conhecem muito bem os deputados, vocês devem dizer se ele é pessoa válida ou não. Deve-se denunciar os defeitos, só pode ser eleito uma pessoa dinâmica, honesta, com comportamento correcto. Há assembleias de localidade (no nosso caso é Macuane) há assembleia de distrito (o nosso distrito é Macia) há assembleias de Província (a nossa província é Gaze). Por fim há a assembleia da Nação. Seguiu-se a apresentação dos deputados. Não houve objecções, todos foram aceites, foram sete neste círculo, 6 homens uma mulher. O secretário da localidade aproveitou a ocasião para alertar o povo sobre o perigo da raiva. Há tanto cão solto por aqui. O cão é o grande amigo do homem mas pode-se tornar em grande perigo quando atacado pela raiva. Devemos dar um nome ao c#o e levá-lo para ser vacinado. Não andar vadio pelo mato, deve ser preso ou sair acompanhado. Quando atacado pela raiva pode morde) os cabritos, as pessoas. A saliva de um cão raivoý0, quando cai sobre uma ferida pode causar a morte de uma i*8soa. A campanha de apanha de caiu foi tema discutido e explicado. Humildes e modestos como se tinham reunido os camponeses - deixaram depois o local de eleições. Deixaram o local conscientos e satisfeitos, algo se tinha mudado, todos sabiam disso. TEMPO N.o 373 -pág. 39 Localidade de Macuane, distrito da Macia, Gaza, As eleições foram numa Praça de terra batida com muitas árvores, a populacão na espectativa, o ar vibrava de alegria, música e canções, mais afastado a cozinha onde se preparava a comida para a população presente. Orienta as eleições, Arão, responsável Provincial do Gabinete das eleições Pedro Joaquim Penicela, secretário do círculo, responsável Tõcal para as eleições são convidados uma delegação da RDA, chefiada pelo camarada Gral. Candidatos propostos foram 32, rejeitados 2, discussão acesa à volta de 'um. Encontramos uma população crítica e justa e vivemos momentos de emoção. Parecia que todos os propostos iam ser eleitos. De facto os primeiros 20 foram aceites, sendo salientadas as suas qualidades, camarada Penicela chamava sempre atenção; vocês que vivem junto dos propostos, vocês têm obrigação de dizer se eles são bons ou não. Não podemos icr régqlos indunas. Pides, OPV, corruptos sexuais, ladrões, hêbados, feiticeiros nas fileiras dos nossos deputados, devem ser pessoas correctas de comportamento exemplar e justas. Discuitiu-se muito o caso dos rejeitados. FRANCISCO DINDANE: o povo começou a murmurar, inquieta ção, levantam- se duas/três pessoas ao mesmo tempo, querem ízlar. Este homem não pode ser eleito, ele não trata bem a sua tamília, é bêbado, corrupto sexLil, as acusações fori)m muiitas, tuna mulher quis defender, o povo murmura, voltani as acusações. Camarada Penicela chama à disciplina e dá Possibilidade ao rejeitado de se defender. Francisco Dindane, não se defende, pelo contrário aceita e confirm:a as acusações, devemos dizer com dignidade. Foi rejeitado. O povo bate palmas. MANUEL RUNGO MARIMA: Nota-se a mesma inauietarão no povo sentado, seguem acusações, dormiu com a tia, bebe, é corrupto sexual, ele pode corromper as deputadas. Camarada Penicela pede provas um elemento do povo levanta-se: Quando está bêbado, não consegue ir para casa e dorme na minh-í casa. Não temos confiança nele. Foi rejeitado, RAFAEL FIRMINO: Um elemento pronuncia-se a favor, outro levanta-se, acusa: Ele dormiu em 1962com a cunhada. Inicia-se uma discussão acesa, quase todos estão a favor do proposto. Camarada Penicela pergunta se há provas do adultério. Não, nós ouvimos dizer. Ouvir dizer é o início do boato, nós precisamos de provas. Ninguém tinha, todos o conheciam como homem honesto. A sua eleição foi a mais aclamada. Intrigas e inveja, não puderam enganar o povo consciente. Pedimos a esse deputado para dar alguns dados da sua vida: 30 anos casado, foi forçado em 1960 ir para a tropa colonial. 1963 sai da tropa, aprende o ofício de carpinteiro. Trabalhou de I:rPO N 3,.5 -pag. 40 1968-1970 como carpinteiro em Maputo, regressa então d sua terra, casa em 1974. Tem a 3.a classe. PERGUNTAMOS: Porque é que pensa que o elemento o acusou? Não sei, é meu amigo, sempre nas demos bem, não sei. Um outro responde: Deve ser por o irmão daquele elemento ter sido grande cipaio, talvez por inveja. Era dia de festa, dia de grande alegria, o dia 24 de Outubro em Mabil. As eleições acabaram, a alegria continuou. EDUARDO ARAO, dirigiu umas palavras simples, de profundo significado ao povo presente e aos deputados: Em poucos momentos resumimos o que foi, o que é, o que deve ser o poder popular: foi a luta armada, para derrubar o colonialismo português e os exploradores, é a defesa das conquistas revolucionárias, e nunca poderá estar separado da vontade do povo. O poder popular deve ser uma aliança entre o operári o u o camponês e os intelectuais revolucionários, todos eles devem satisfazer a vontade do povo. Vimos a decisão do povo, de querer assumir o poder popular, eleger os seus representantes, chegámos a momentos de emoção. Vimis o pova vigilante, não nos resta dúvida que este órgão representa um órgão popular. Referiu-se a diferença entre o antigo sistema colonial e o poder popular, e, salientou, os alicerces devem ser seguros - porque lá em cima há muito vento mas se temos boas raízes nada pode acontecer. O Poder é do Povo para o Povo! Os deputados devem viver junto do povo, analisar os problemas do povo e canalizá-los para as estruturas superiores. Mas deve ser enquadrado nas directivas dadas pelo Partido, a- FRELIMO, os problemas devem ser discutidos baseados nas orientações dadas pela FRELIMO. Dirigindo-se aos deputados, deu-lhe os parabéns: é uma honra mas também uma responsabilidade. Devemos trabalhar para o povo e não contra o povo. Se alguém tra',alha contra o povo será logo descoberto e a sua destruição será rápida. O sol estava alto, os tambores começaram a tocar, as marimbas encheram o ambiente de som de alegria, a terra batida salpicava os presentes sob- o ritmo da dança, os velhos dançavam com a mesma agilidade dos jovens, era dia de festa em Mabil.

«Ele é corrupto. náo trata da tamília». Quando ee apanha bebedeira vai dormir a minha casa. Não queremos esse honim para deputado. TEMPO N.o 373 -pág. 41

Motivos Cabo Delgado, Aldeia Comunal de Litinguinha, distrito de Palma (construida em Novembro de 1975, tem cerca de dois mil habitantes, que possuem duas coope rativas - uma de madeiras, outra de consumo. Contribuiu com 1600 escudos para o processo eleitoral. No âmbito das campanhas de emulação os seus habitantes construiram em oito dias duas escolas e uma casa para a cooperativa). Procedem-se às eleições de deputados para a assembleia de localidade. Entre os candidatos propostos há três sobre os quais pairam dúvidas. É sobre esses que se desenvolvem os diálogos que transcrevemos. Perante o povo o candidato Ali Sumail. São enumeradas as razões porque há vontade de não aceitá-lo como deputado. «Ele era polígamo. Na altura de candidaturas a membros do Partido, ele candidatou-se aceitámo-lo porque ele prometeu à população nunca mais casar com duas mulheres. Mais tarde veio de novo a casar-se com duas mulheres». O povo apupa. Esse não pode ser nosso deputado. Veredicto: «Rejeitado por ser potgamo e ao mesmo tempo mentiroso». O segundo caso controverso relacionava-se com a pessoa de Molota Zacarias. Quando chega a vez de votar nele há um camponês que vota contra, e explica suas razões. «Eu votei contra porque o Molota Zacarias anda sempre grosso. Segundo, não participa nas acti' vidades colectivas. Não hd outra coisa a acrescentar. É sómente por estes dois factos». A sua intervenção gera agitação. Cada fala seguinte corresponde a uma pessoa diferente, entre homens e mulheres presentes. TEMPO N.o 373 -pág. 42 - Quem votou oo trê 4. uia pessoa. Ele indlco aqui que o Molota Zaoarias drme onde se encontram panelas de bebidas, e como dorme onde tetm panelas de bebidas não participa nas actividades colectivas., Mas a palavra cabe à maioria. Po ue umvemaqui falar assimde Molota Zacarias, agora a maio4 d~dizer !o que pensa, se pensa sseZacaras quando for eleito é apaz de continuar a levar esta de beber. - Não é na Assermlila onde ele leva panelas de bebidas. Por ele ser bêbado não é uma razo forte para que ele 4io seja nos so deputado. Porquê se ele bebe, as orientações do ?artido farão com que ele deixe 4e beber e tome a responsabilIt de * ~ervir o Povo. - O problema Todos nós. beblamo4 Desde que voltdmoi nheço este element criancice, até quand ... desde que chegdi guém entre nós bsb panelas de cangala i de caju. Por isso de que ele é bEbad muito mentirosas.. - Quando demos tos a favor e apar~ que afirmou aqui 1 Zacariasé umbêba mos medo. E qun o voto nós recusémc porque temos todos cretos de que ele i E temos esses dad um que nos orimt bêbado, e ganhâMý porque conheemo fo como um bóbo4 tenfia bebido na nba bebido na aldO antes, mas aqui n& que este é bêbado. 0 de beber... ni Tanmnia. aýui, eu codesde a s~a ochtegou aqui " aqui nlne, nui traz "nd sumo ds os ovo" Q um contra,LU* oMoW4tto,as g~ lose ~etus. Recusámosos dados m1 = bibado. m porque h u que ele é s medo. Não este elemono. Ts l das, rejeições - Nesta aldeia proibe-se de beber. Não temos praticado nem activado a bebedeira. Hd poucos dias alguns foram reeducados na sede da localidade por terem fumado soruma. Talvez este Molota tenha no mato, isso não podemos conhecer. Mas aqui proíbe-se de beber. A não ser que o nosso colega diga, outra coisa, nós vamos tomar as votações, como só hd um vQto contra, e por essa razão a partir de jd o Molota Zacarias é senhor deputado. (A população aclama. O camponês que havia votado contra não volta a intervir para contestar, e o candidato é considerado eleito).] O terceiro caso relaciona-se com uma mulher, responsável da OMI ao nível da aldeia. Quando' ela é apresentada 4 população fica bastante agitada, assobia, contesta veemente. São enumeradas as acusações que pesam sobre ela: «Essa mulher insultava os elementos que participavam em trabalhos colectivos, aproveitando-se do facto de ser responadvel. da OMM» - diz una mulher. Depois fala um homem: «Eu também acho que ela não reúne as condições porque dura

ín Er Candidatos rejeitados numa eleição para deputados de assembleias de localidades na Províncía de Inhambane. Foram cerca de 1800 candidatos rejeitados nas eleições para as assembleias de localidade. Os motivos da rejeição variam num leque muito pequeno.

FACTOS E CRITICA SMV: "Guerra" enteo cobrador 00 opssageir te? Tem de dar lugar aos outros passageiros. «A resposta do aludido não se faz esperar». Mas como é que posso chegar à frente se isto está muito cheio?» Fala daqui, fala dali e a discussão inicia-se a discussão continua. 4 - É o aluno que faltando poucos minutos para o termo da tarifa reservada aos estudantes apanha o machimbombo. Lá dentro o cobrador diz que no relógio dele já passa dessa hora. O aluno afirma convicto que quando apanhou o machimbombo faltavam dez minutos para as 19 horas, e no mac~limbombo encontrava-se há cinco minutos. O cobrador mostra-lhe o relógio e diz que o dele marca sete horas e cinco minutos. Portanto«o escolar» terminou. O aluno pergunta as horas a várias pessoao e constata que faltam três minutos para as 19 ho ras a troca de palavras prossegue e a discussão vai «aquecendo». 5 - É. o cobrador e o motorista que chegados a uma terminal dos autocarros vão ao bar mais pró ximo beber uns copos de cerveja. Demoram muito, os minutos passam e os passageiros à espera na paragem e dentro do autocarro... Enfim, poderia focar um sem número de factos, no entanto estes servem para ilustrar a «guerra» existente entre o cobrador e o passageiro. Portanto, apresentamos alguns casos. Destes e São íIezenas, senão centenas, os casoý de confrontação entre os cobradores e os passageiros. Confrontação através de discussões violentas entre aqueles dois personagens. Discussões, que às vezes chegam a atingir os extremos que obrigam a recorrer às estruturas policiais. Vejamos alguns factos. O passageiro entra no machimbombo le ao ser cobrado os 3$50 entregai ao cobrador uma nota de cinquen ta escudos. O cobrador, meio sério diz ao passageiro: «não tenos trocos». E acrescenta zombeteiro e ofensivo: «isto não é nenhum banco, o camarada devia" trazer dinheiro trocado». O facto de se ter dito que «isto não é nenhum banco» provoca uma reacção (lógica) no passageiro. Contesta. Diz que não senhor, os cobradores têm obrigação de terem trocos isto não pode ser, onde é que hei-de conseguir troco se é difícil? A discussão iniciada tem o seu prosseguimento. O tom de ambos-que ao princípio fora nor mal - endurece, carrega.se de palavras ameaçadoras. 2 - Numa paragem qualquer o machimbombo pára para deixar entrar um passageiro que saiu do bar ao fim do copo 21 de cerveja. Aos berros mete-se com todos. O cobrador exige silêncio. As suas respostas são carregadas de amea ças «quem é você para me mandar calar? É o dono do machimbombo? Veja lá com quem se meteýèýRebenta a discussão. 3-ao cobrador, que com o carro mnuito cheio, diz dirigindo -se a um gssageiro: «O camarada aí poderia chegar para a fren. .-EMPO N.ý 373 - pág. 44 Qual é a responsabilidade do passageiro dentro do machin$bombo? mais casos poder-se-á esquem"ízar uma iha de pensamento. QUEM E O CULPADO? Se fizéssemos esta pergunta a um cobrador de certeza que diria «é o passageiro». Este, por sua vez afirmaria : «são esses cobradores». Cada um deles apresenta, ria razões válidas que pintassem um e ao outro de tinta negra... Contudo, poderemos fazer algumas considerações sobre as duas respostas. Os cobradores (alguns dem os passageiros, desres o passageiro. Os passageiros desres os cobradores; tornam-lhes difícil porque ao pagarem. lhete de machimbombo a tam notas de cinquenta es cem escudos, etc... Em conclusão diríamos bos são culpados. São culpados porque respeitam um ao outro. 1 respeitam um ao outro não se compreendem. Não a mesma linguagem. En um exige o outro retrai-se dendo-se no «eu» e vice-vers * ) ofenpeitam peitam a vida um bi presen- O cobrador é pessoa que deve ter autoridedo politica. Autoridade poflitica, não autoritarismo, prepotência, etc. scudos, se respeitam e não se compreen dem porque por um lado, o cobrador ainda não assumiu o seu que am- dever de profissional. Ele não sa be (inconscientemente) que é aunão se toridade dentro do machimbomão se bo. Não a autoridade prepotente, porque elitista, arrogante. Não. Mas sim, falam uma autoridade que conforme os quanto casos que lhe aparecem serve-se escon da sua flexibilidade para resolvêsa. Não -los. Essa flexibilidade e essa resolução têm um peso político no meio dos passageiros, quando bem conduzidos. E ainda quando bem conduzidos, essa flexibilidade essa resolução depositam na sua pessoa (a do cobrador) a autoridade política, a confiança dos passageiros. Resoluções não impostas, mas propostas e aceites pelo passageiros em causa e pelos passageiros indirectamente afectados pelo assunto. Pois, o cobra. dor não se deve sentir como um frustrado na missão que está a servir. Não se deve sentir um homem diferente dos outros homens só porque traz no seu corpo a farda dos Serviços Municipalizados de Viação, uma pasta e os bilhetes. Porque sentindo-se dife;rente dos outros, faz aquilo que hoje se verifica. Esquece a sua :profissão, perde o seu valor profissional que é fundamentalmente político perante as massas. O passageiro, na maioria das vezes, é o reflexo directo da actuação do cobrador. Se o cobra. dor o insulta ele também retribui. E, com o quotidiano grava na beça que o cobrador é um «tira -teimas», não um trabalhador do Serviços Municipalizados de Via ção. Não um trabalhador do Es tado. Mas alguém que se encontra despido politicamente, nu pro fissionalmente e farrapo como homem. Portanto, diria que a disciplina do passageiro depende es sencialmente da do cobrador .A GUERRA COM DOIS VENCEDORES Tradicionalmente, numa guerra há sempre um vencedor. Somen te um, não dois. Esta «guerra» é diferente. i uma «,luerra» subjectiva na luta que travamos contra o inimigo de classe. Essas contradições são secundárias. Não são contradi çóes de explorado/explorador. Por isso devem ser resolvidas. O cobrador deve comer do mesmo prato que o passageiro e vice-ver sa. O passageiro deve beber do mesmo copo que o cobrador, e vi ce-versa. O cobrador e o passageiro devem utilizar a mesma lingua gem. Porque a esmagadora maioria dos passageiros são trabalhadores, porque a grande maioria dos passageiros são os produto res da riqueza no nosso pais. Porque o cobrador é também um trabalhador. Portanto, são trabalhadores que se servem mutua mente. António Matonse TEMPO N., 373 -- pág. 45

Sim, Ian Smith disse realmente isso. Estava ele a ser entrevistado para a norte-americanissima revista «Newsweek», pergunta puxa resposta e vai que Smith se põe a fazer confidências pessois. Desabafou ele: «Quanto menor for o meu pa pel melhor... Para ser honesto diria que o que quero é abandonar a política. Sou um farmeiro. É ai que está o meu coração». E acrescentou: «Tenho sauda4es da minha farma». Não é difícil adivinhar o que terão pensado alguns dos seus ministros mais importantes: - que estar Ian Smith a dizer coisas dessas é pouco mobilizador para as tropas rodesia nas; - que as tropas rodesianas ao verem o seu chefe a dizer dessas coisas podem elas também começar a preferir os verdes campos de uma farma em vez dos verdes matos das zonas operacionais onde são os seus corpos, e-íião o de Ian S~dth, a apanhar com as balas dos guerrilheiros; - - que estar o chefe de um regime a dizer que quer abandonar a política é o mesmo que confessar a fragilidade desse regime; - o que é o mesmo que sentenciar: «este regime não dura muito e eu não tenho intenções de me afundar com ele» Temos então que Ian Smith anda meio desesperado e quer voltar para uma das duas farmas de que é proprietário na Rodésia. Temos que, presurnivelmente, era a essas duas farmas que ele se referia na entrevista. Só que o povo zimbabweano não o querendo como primeiro -ministro não o vai querer, num Zimbabwe Independente, sob qualquer outro título. -TEMPO N.o 373 - pág., 46 Temos, portanto, que Ian Smith vai fazendar para fora da Rodésla. PARA ONDE? Para a Inglaterra não será com certeza. - Porque para a Inglaterra de hoje Ian Smith é, pelo menos, um incómodo; Porque a burguesia inglesa que há doze anos lavou as mãos do barco rodesiano com san. ções mais apregoadas do que aplicadas, tenta hoje lavá-las de novo empurrando para os americanos os instrumentos principais da já famosa orquestra «Plano Anglo-Americano». -Porque a burguesia inglesa que há doze anos aplicou o método de Pilatos é ainda hoje em Pilatos que encontra a sua fonte de inspiração; - Porque se não fosse essa a fonte de inspiração não teria o governo britânico. nomeado um Alto-Comissário para a Rodésia antes de estarem acordados todos os pontos para um governo de transição; - Porque agora é esse Alto-Comissário britânico, o senhor Carver, mais o representante da ONU, o senhor Pram Chand, que andam de um lado para o outro aý manter conversações que deveriam estar a ser man. tida pelo ministro dos negó. cios estrangeiros britânico, o senhor David Owen, e o seu primeiro- ministro, o senhor James Calaghan, directamente (e só) ,conl os movimentos de guerrilha; - Porque, enfim, seria demasiado escandaloso andar Ian Smith a passear-se pelas ruas de Londres ou pelos verdes campos de uma farma inglesa. Não senhor, Ian Smith não vai fazendar para a Inglaterra, até porque lá o tabaco é coisa imtada. Para onde então? Pois claro, para a Africa do Sul. Porque na Africa do Sul temos John Vorster a precisar de muitos pequenos Ian Smiths, os actuais colonos rodesianos, que o ajudem a manter por mais algum tempo a máquina do Apartheid. Só que o Apartheid, como toda a gente sabe, tem à sua espera o caixão da História. Só que, não gostando de John Vorster, o povo sul-africano também não gosta de Ian Smith. Mas como melhor é fabricar o inevitável do que sonhá-lo, tenhamos que esse caixão não é para já. Tenhamos que Ian Smith poderá, na Africa do Sul, fazendar durante alguns tempos. Só que virá o dia em que, estando Smith e Vorster e todos os seus semelhantes ideológicos reunidos, forçoso será que leiam o telegrama que hoje se escreve por essa Africa do Sul adentro: «Aqui Soweto. STOP. Aqui Guguleto. STOP. Aqui East London. STC>P. Aqui Nós. STOP. Aqui Revolta. Stop. Revolta. Alastra- STOP. Estamos chegando. STOP. Para Te Destronarmos. STOP. ASSINADO: Povo». Então será o pânico. Ou, por ovtras palavras, teremos John Vorster a dizer que também ele começou a sentir esse incontrolável desejo de fazendar. E ai teremos, quem sabe. Ian Smith e John Vorster a jantarem com larcelo Caetano no Rio de Janeiro. Mas claro que, amigo leitor, tudo isso só será possível s5 Ian Smith tiver tempo de apanhar o avião de Salisbúri4 para Pretória. CARLOS CARDOSO Uma farma para Ia Smith «Estou com saudades da minha farma». (lan Smith).

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Contradiços no seio familar Vai-se iniciar no dia 29 de Novembro a 1 Conferência Nacional da Juventude. A grande tarefa dessa conferência é constituir a OJM que virá a ser a segunda organização de massas da República Popular de Moçambique pela ordem de formação. A primeira a ser formada foi a OMM surgida já nos tempos da luta armada e por força da própria revolução. Esta Conferência da Juventude vai definir quais as tarefas imediatas da Juventude moçambicana. Vai discutir alguns temas - como dispender os tempos livres? Como combater os restos mais flagrantes da sociedade feudal? - que são o ponto de partida minimo para um alargamento à análise posterior e necessária do estatuto dos jovens na sociedade moçambicana. A análise de qualquer fenómeno social no nosso pais reveste-se sempre de uma complexidade tanto mais emaranhada quanto maior for o número de individuos afectados pelo fenómeno em causa. Analisar as questões que envolvem a Juventude é analisar as questões que afectam a maioria da população em Moçambique porque a juventude é a base da nossa sociedade é, de facto, e numericamente falando, a selva da nação. Pretende-se, no entanto, que seja também a seiva da nação em termos de qualidade. Por issõ ôs seus problemas são complexos. DEPOIS DA MULHER A JUVENTUDE Depois da mulher é o jovem o indivíduo mais oprimido da sociedade. Independentemente do sexo, independentemente do lugar geográfico - se no campo, se na cidade. Como a mulher também o jovem é aberto às transforma «ões sociais revolucionárias porquê? A mulher porque duplamen te explorada por isso neste momento as mulheres camponesas são, na grande maioria das provincias, as heroínas da produção. São,,neste momento, as grandes heroinas das assemblelas do povo. O jovem -, qualquer jovem de qualquer sexo - porque regra geral não tem ainda ideias fixas, definitivas mas, muitas vezes, sente revolta, uma revolta que não sabe explicar. Tem a porsonalidade em formação. Tem uma personalidade ainda moldãvel. É como ferro quente, em brasa: podemos dobrar em qualquer sentido. P. como barro molhado. Toma a forma que quisermos. Já temos a OMM vamos ter a OJM. Ambasas organizações guiadas pelo Partido para fazerem avançar a revolução. Ambas con tra a exploração social. Ambas contra as deformações Impostas. Ambas a quererem criar unia personalidade moçambicana. PORQUEÉE OJO VEM Há multas formas de exploração do trabalho dos jovens. São bem conhecidas essas formas e integram-se no quadro geral da exploração do homem pelo homem: a exploração feudal, de um lado, e a exploração capitalista, do outro. Não é destas que vamos falar. TEMPO N.- -J pág. 48

Vamos falar de uma outra forma de exploração que não dá nas vistas, que se Inpós como a or derM verdadeira das coisas, das reUlaçes entre 5oVens e adultos. Aui, até a mulher - regra geral mais oplmida na sociedade desempenha um papel de explora. dora. Trata-se da exploração psicológica mais propriamente dito de coerção. Coerção é ser obrigado a... (isto é, a fazer qualquer coisa contra a vontade). Na verdade muitos jovens não são donos da sua personalidade. Não são donos da sua vontade. Os pais dominam-lhes a personalidade e a vontade. O pai, e a mãe. A famflia: Os tios, as tias. Em Moçambique a sociedade feudal está dividida em dois grandes grupos. De um lado a socieda. de matrilinear, principalmente no norte do pais. Nesta a descendência faz-se através da mãe. Os filhos tomam o seu apelido. Na parte sul do pais predomina a sociedade patrilinear. Aqui a descendência faz- se pela linha paterna. Os filhos tomam o apelido do pai. No respeitante ao tratamento que estas duas sociedades dispensam aos jovens as diferenças são poucas. Apenas mudança de nomes. Na matrilinear o «Chefe» é o tio, irmão da mãe. Na patrili. near é o próprio pai ou, na ausência deste, um dos seus irmãos. Na Zambézia, em Nampula, em Cabo Delgado, etc. quem orienta as cerimónias do lobolo? Quem resolve as grandes questões familiares? Quem escolhe noivo para as jovens? Quem impõe casamentos a jovens que não aceitam o noivo? Quem, promove, os casamentos prematuros? . o tio, irmão da mãe. . ele o guardião de toda a ordem feudal. É ele que dita a última palavra. É o defensor de toda a ordem feudal na família: O seu papel é igual ao do pai na sociedade patrilinear, em Maputo, Gaza, Tete, etc. A FAMÍLIA -TRADICIONAL É COERCIVA As relações entre pais e filhos são regra geral, relações de che- Asrelações com paise tios no seio familiar dificultam muitasvozes o engaÍamento da juventude. São relações baseadas numa imposição de experiências passadas que não correspondem às experiências que os jovens estão a colher hoje. fe para subordinado é verdade que não se revestem da mesma forma que nos locais de trabalho onde os chefes ainda funcionam à moda antiga. Não. São talvez piores em muitos aspectos. E são piores porque baseiam-se na coerção moral, na chantagem psicológica. Baseiam-se na «xperiência de vida»: não importa se essa experiência é muita ou pouca; se corresponde ou não às actuais experiências colectivas e revolucionárias. Independentemente das circunstâncias os mais velhos, os pais, os tios, procuram aplicá-la aos jovens. «Eu sei». Consequen temente tu, joveni, «não sabes». . o jovem que escolhe namorada e não casa com ela porque os pais e os tios não querem essa noiva para o filho ou sobrinho. É o jovem funcionário que é transferido para outra província e não vai, pede demissão e muda de emprego, porque os seus pais não querem que ele vá para longe da família. É neste domínio que encontramos a mulher também a exercer pressão psicológica e chantagem moral. A mulher no seu papel de mãe. A mulher não como expres são da sua vontade mas como porta-voz do marido perante os filhos. Não raro, é ela mesma quem influencia o seu marido para que este excerça a sua autoridade de «Chefe» perante os filhos. NA FAMILIAESTA A ESCOLA . em casa que o jovem aprende «como se lida com as mulheres». Istoé as ideias erradas de.que as mulheres são seres inferiores. Não precisa de muito. Basta ver comoo pai lida coma mãe: a mãe sem voz,a mãe que apanha dopai,a mãe que diz sempre «sim». Basta-lhe ver como são tratadas as irmãs: elas lavam a roupa dele, lavam-lhe os pratos, limpam-lhe o quarto. Ele'come, veste roupa limpa e passada. Mesmo quando as suas irmãs trabalham continuarão a lavar-lhe a roupa, a arrumar-lhe o quarto, a lavar-lhe os lençóis. Não importa se é mais novo ou mais velho que elas.Ele é homem. Portanto é em casa, a grande escola da discriminação de sexos. Depois toda a sociedade tradicioTEMPO N.O 373 - pág. 49 Na escola a juventude assimila novos valores que entram em choque com os valores tradicionais da famlia. nal e colonial, porque regida pelas mesmas leis, (aliás ela é que inspira a família) encarregar-se-á de consolidar a lição. Na cidade, as roupas vistosas, os gestos elegantes da pequena burguesia, os hábitos ocidentaliza. dos não passam de pura fachada. Em casa, entre maples, cortinados e tapetes está infiltrada a sociedad e tradicional frequentemente ainda mais arreigada que no campo. Porquê? Porque a pequena burguesia tem a personalidade bifacetada: de um lado carrega com a tradição feudal porque as raizes culturais dela estão muito próximas; do outro adquire modos exteriores de agir que não alteram o conteúdo das coisas. Daqui re. sulta que enquanto o campesinato se transforma, enquanto o ope. rariado se transforma, ao pequeno burguês é mais difícil a transformação. Porquê? Porque renega aquilo que transforma o campesinato e o operariado. Renega a revolução. E é assim que acaba por ser não só o agente do neocolonialismo ou do imperialismo - ideologicamente falando mas acaba por continuar a ser o guardião da sociedade feudal sob outras formas. Por exemplo abandonará o lobolo para criar a «gra. tificação» que é o lobolo «civilizado». O gesto é o mesmo, mudou apenas o nome. TEMPO N.o 373 - p9. 50 O CHOQUE A revolução exige novas relações entre os vários elementos da família: entre marido e mulher, entre pais e filhos. E assim nasce o choque. A mãe não deixará a filha ir às reuniões da juventude h noite. Mas a jovem quer ser da organização da juventude no seu bairro. O jovem vai à escola e assimila valores novos. Aprende um novo companheirismo com jovens do sexo oposto superior àquele que mantém em casa com os irmãos ou irmãs. Mas findas as aulas regressa a casa e tudo volta a estar na mesma. O jovem na escola trabalha. Em casa continua a vestir a roupa que a irmã ou a mãe lavou. Na escola aprende que a mulher não é inferior ao homem. Em casa vê e vive uma realidade contrária. Na escola aprende que deve ser responsável. Em casa continua a ser o copo vazio onde se deita o liquido da «experiência de vida» do pai ou da mãe. A jovem mulher de amanhã, na escola aprende que deve se valorizar para ser um elemento útil à sociedade o que implica que deve gastar longos anos a estudar. Em casa, depois dos 18 ou vilite anos, ouvirá falar de casamento. Mais: será pressionada a casar-se. Na escola ouve falar do valor da produção colectiva. Em casa escutará o pai e a me a falarem das aldeias co munais como um lugar onde ele não gostariam de viver. O jovenr aprende na escola que a mulhei é uma companheira. Em casa ou virá o pai a dizer-lhe em segredo. longe dos ouvidos da mãe e da irmãs que um homem é um ho mem e tem de se impor. Com a juventude operária pas sa-se o mesmo. O que para o estudante é a es. cola a fábrica é para o operário, Em termos de transformação a escola está para o estudante como a fábrica para o operário. Por isso as contradições com o seio fa. miliar são iguais. No caso dõý operário a agudização do problema resulta do facto de ser economica mente independente. TRANSFORMAR A FAMILIA A nossa juventude vive em dois meios contraditórios: num meio 41ue liberta e noutro que oprime, que pratica ,a coerção moral. Os pais e as mães não são inimigosý não estão no mesmo plano que capitalismo que explora os ope, rários. Mas os pais podem ser rMUaccionáriose, como tal inlmigo ideológicos. Os pais podem quere manter (e frequentemente man, têm) a mesma autoridade feud sobre os filhos. E ai o choque sw rá inevitável. Já está sendo lnev

A Juventude vive um époc diferente daquela em que viveram os pais e tios. Por isso a estutura mental do jovem, as suas aspír*ogô., a acilidade com que aceita nova organizaçdo social necessitam ser acarinhadas e no combatidas. directa ou indi. rectamente, como sucede muitas vezes no seio da famlia. tável. Todos os dias ouvem-se jovens que lamentam o meio familiar. A família tem força. Uma força antiga baseada na moral e na economia, um estudante é dependente economicamente dos pais .Um operário não é mas aprendeu ao longo da vida a respeitar a moral familiar. Nas aldeias comunais e nàs cooperativas muitas vezes é toda a família que lã colabora. Isto é uma vantagem do campo sobre as cidades. Pai *mãe e filhos assistem às mesmas, reuniões. A transformação é paralela. Sobre as aldeia5 comunais a primeira perguntà que se faz é sempre «quantas familias tem?», Na cidade já não*.é sempre assim. Na cidade o pai avança mas fica a mulher. Avançam os filhos mas ficam os pais para trás. E quando Isto acontece a transformação do jovem é feita com grandes lutas interiores. Ele fica sem saber a quem dever fidelidade: se aos pais, portanto à família, se ao Partido, portanto h Reoluçáo. É frequente ouvirmos Jovens que nos dizem que não queriam lobo- lar ou não queriam ser loboladas. As jovens adiantam que «não querem ser vendidas». Mas a sua luta no seio familiar torna-se inútil porque não têm poder nem força moral para se imporem. Eles, os jovens, acabam aceitando todas as imposições familiares porque também não têm força moral para se imporem. Sobretu. de a sociedade tradicional está bem armada para exercer represálias sobre os jovens que a renegam. A viola¢ão das regras do seio da família tornase alvo de sanções morais por toda a socie-dade: tios, primos, irmãos, Irmãs, cunhados, amigos do papá e da mamã colegas do papã, conhecidos e vizinhòs A transformação deste estado de coisas não vai ser automática. Vai custar. A luta vai durar. Porque a família tradicional, agarrada os seus valores, no fim e ao cabo, é a representante de todo um esquema muito antigo. Foram séculos de autoridade suprema dos pais sobre os filhos, dos tios sobre os sobrinhos. São séculos que não morrerão facilmente. Mas é aqui, no selo da família, que é necessário travar um dos comba tes mais decisivos. Necessãrio os pais aprenderem que quando educam os filhos não estão a guardar dinheiro num banco. Que os pais compreendam que um filho ou uma filha é um homem ou mu. lher e, como tal, tem de viver a sua época, tem deveres impostos pela sociedade da sua época, tem valores que lhe são inculcados pe. la sociedade da sua época, tem uma vida a viver dentro da sua época. Porque quando não compreendem isto provocam dramas familiares: ou os filhos os abandonam logo que ganham independência económica ou ficam a odlá-los muito disfarçadamente. O ódio aos pais leva sempre à deformação da personalidade a não ser que se saiba reconverter correctamente esse ódio. Os pais e tios com atitudes que renegam a personalidade de seus filhos ou sobrinhos enquanto militantes ou simples cidadão, podem estar a criar raízes para uma luta ideológica dura. E, no fim e ao cabo, a vftórla não pende muito para o seu lado. o TEMPO N.- t73 - Pão. 51

Reportagem de Calane da Silva e Kok Nam (fotos) (Colaboração de Américo Xavier da Rádio Moçambique) Desaparecidas um pouco do cenário de multas vilas e cida des moçambicanas as bichas recomeçaram. mos grandes aglomerados urbanos ou nas pequenas vilas as bichas voltaram a fazer parte da paisagem do frontespcio das cantinas, das Lojas do Povo e dos Super-Mercados. Só não há bicha na cooperativa de consumo. Aqui o povo organizado ao nível dos bairros não corre desenfreadamente quando alguém' sussurra que vai haver sabão, açúcar ou vinagre. AU quando há milho é para todos os membros, quando há peixe e carne é para todos, o arroz está garantido quando há. É simples protestarmos contra esta situação. Difícil é no entanto começarmos a calcorrear o longo caminho da bicha, a longa espera até que o produto nos chegue às mãos. A bicha não é apenas a cansativa e anti-produtiva espera de três a quatro horas numa fila de cesto na mao. Ela começa onde uma machamba não produziu a quantida de de milho suficiente, passa por outra onde se produziu muito amendoim e não há transportes para o escoar. Ela é fruto do camião avariado e sem peças ou da falta de vagías para os Caminhos de Ferro para se Ir buscar numa empresa açucareira a respectiva cota distribuida. Ela é manobrada numa empresa multinacional em Londres, Tóquio, Paris, Hamburgo, Nova Yor" que ou Joanesburgo quando a matéria prima de que carecemos e dependemos para a produção das nossas fábricas não chega. Ela insinuase inteligentemente ncabeça dos reaccionários infiltrados nas fábricas ou nas empresas na formaço das próprias bichas, no açambarcamento pra mercado negro, espe culação desenfreada e abusiva. Ela começa onde se iniciam as nossas insuficiências ao nível de organização, de planifIcaç1ão, de conhecimento técnico e científico. Ela é fruto da quebra de produção. Acabar com as bichas está ao nosso alcance mas desde já sabemos que não é um trabalho fácil. Os textos que se seguem quer nesta primeira parte, quer na segunda que publicaremos para a semana falam-nos deste mundo de dificuldades que nós, protestando raivosos numa bicha, multas vezes não conhecemos. Éprecisocomeçarmos aver bemcom vaia nossa casa. TEMPO N." 373 - pag 52 De maneira alguma devemos dizer que a situação actual é igual àquela que se vivia em Janeiro, Fevereiro, Março e Abril deste ano. Naquela altura a situação era mesmo desesperada. Havia falta quase absoluta de bens de primeira necessidade. Um longo e insinuante caminho bem trabalhado- pela reacção interna e internacional que jogou perfeitamente e

I111]L] 21 iIkJI com conhecimento .de causa so bre as nossas insuficiências ia levando o país a uma situação .grave, aliás o objectivo era esse mesmo: criar descontentamento em todas as camadas sociais e preparar o caminho para a contra-revolução e o derrube do governo Popular. Devido â rápida formação de urna Comissão Nacional de Abas- tecimento, à dinamização dos sectores ligados ao Comércio Interno e Externo ao esclarecimento público efectuado pelo Partido com a publicação pelo próprio Conselho de Ministros de um do cumento intitulado «Como age o Inimigo», a grave saituação foi ultrapassada. Contudo... Combateu-se a tempestade que se avizinhava mas os problemas de fundo continuam por resolver apenas com uma grande vantagem: as estruturas estão agora perfeitamente conscientes do problema em toda a sua dimensão. E porque os problemas de fundo se mantêm as car&zcwi de certos produtos e determinadas merTEMPO N.o 373 -pág. 53 KI11 ý!jIiY

*arm w~ a~ada ocmoa r por Um tmpo que nio e 'vi nba cuto. A pari doe fins de Setembro Sdurante o mês de Outubro sbiohm voltaram a surgir. Bastou faltar arra, durante 3 a 4 dias de* vido a um pequeno atraso do for necimento para se criar logo a opsicose de que o produto la fal" tar o que originou de imediato o açambarcamento familiar, a cor rida ao produto, pelo que, embora estejam garantidos quer a distribuiOo da produção interna, que foi baixa, quer o arroz de importação, a tal psicose só ter minará com a #aundação de,arroz no mercado. A psicose da bicha surge devido ao traumatismo causado pelas graves carências do principio do ano, mas o açambarcamento familiar que provoca - aliado ao «trabalho» dos revendedores especuladores que invadem as bichas com parentes e familiares para depois vender o produto muito mais caro numa pequena tenda ilegal - faz com que um determinado produto (que em distribuição normal chegaria) acaba por faltar. Entra-se num ciclo vicioso. INNDAR O MERCADO E O PROBLEMA DA FALTA DE DIVISAS Para se resolverem problemas iguais ao citado no parágrafo anterior bastaria inundar o mercado com o produto em falta durante um determinado período. Acon" tece porém que não é possível kazer tal operação com todos os produtos porque para isso teríamos de recorrer à importação em grandes quantidades, o que neste momento é assaz difícil por falta de divisas estrangeiras. Aqui não temos alternativa: ou intensificamos a produção agricola e industrial, cumprindo as palavras de ordem do Partido e os planos previstos pelas Directivas Económicas utilizando as tais divisas para importar a tecnologia e matérias primas necessárias para implementar cada vez mais a produção, ou vamos viver dias difíceis. Quantoaoaç eemborao fenómeno seja igul a todos os outros a falta do produto em Gaza por exemplo é devido h carênTEMPO N.O 373 -p4. 54 cia de transportes e em Maputo porque a «Maragra» só três me ses depois do previsto começou a lançar para o mercado de consumo a sua produção. A laboração da fábrica não começou na mesma altura que a de Xinavane. Todaria há outros produtos tais como vinagre, e o milho que não havia em lado nenhum o primeiro dos quais porque das três empresas produtoras praticamente só uma é que está a laborar., Se pensarmos que o vinagre é feito aqui através do açúcar e fermento a princípio parece-nos absurdo que tenha faltado vinagre. A empresa contactada vai aumentar a sua capacidade de pro dução e a situação de abastecimento tenderá a melhorar. Numa dessas empresas de fabricação de vinagre por nós vi, sitadas verificámos que faltavam embalagens plásticas normalmen te ali utilizadas porque uma fábrica de pláticos náo as estavam a fornecer em quantidade. Este é outro problema: a interdependência de umas fábricas em relação a outras, facto que nos debruçaremos mais profun damente no próximo número a respeito precisamente da- «Luso-Plásticos» e da «Metal-Box», esta última uma multinacional. NAO HÁ «STOCKS» DE SEGURANÇA Não faltam apenas os produtos acima referidos. As próprias Lojas do Povo deram-nos uma lista que vai desde a falta de esco- vas, lminas, cordas e insecticidas a agulhas, linhas, 'tecidos. A ENCOMOcom, quem tam" bém contactámos afirmar-nos-ia que em relação a linhas e tecidos está-se . espera de uma importaçáo da República Popular da China e, a situação começar-se-á a resolver a partir dos primeiros meses do ano que vem. Quanto ao problema dos tecidos e linhas aconteceu que as fábricas de confecções foram abas.tecidas mas o público foi esquecido. A linha para coser o botão da camisa ou mesmo para confeccionar uma saia ou uma blusa em casa foi desaparecendo do mercado e quando aparece em determinado estabelecimento surge a tal corrida, mas normalmente quem 1 ganha são os revendedores-açam,' barcadores que possuindo uma: boa rede de informadores che-I gam primeiroao local do quei qualquer outra pessoa. Um dos produtos que de facto não falta ao nível de todas estabe lecimentos comerciais é o leite em pó tanto para lactentes como pa-, ra a população em geral. A ENCOMO em colaboração coni uma empresa especializada -em importação daquele produto conseguiu efectivamente cobrir mercado baseado em número1 que possui o mesmo não se poderá dizer em relação ao leite condensado de produção local cuja fábrica ainda há pouco tempo te ve um problema de produção por causa das latas fornecidas pel METAL-BOX. Foram fornecidaý latas maiores do que o normalý Há neesidade absoluta de se criarem «stocks» de agurança. Mas este é um problema que abordaremos no pròximo sobre aquela multinacional. Contudo uma sit que se apresenta para estudo e solução é a criação de «Stocks» de seguranç para todos os produtos essenciais o mercadorias. Neste momento todos os produtos que chegam aos nossos armazens são imediatamente distribuldos. Desta forma basta um atraso de um navio, uma máquina estragada numa fábrica para que Imediatamente uma grave situação de carência se manifeste, sendo extremamente difícil repor depois o nível, mesmo através da importação, conforme já se explicou nos parágrafos anteriores. Se numa fábrica nossa que esCafie: teia a trabalhar 24 horas por dia, um turno de trabalho tiver de parar por um ou dois dias ou uma semana é completamente impossível voltar a cobrir a produção em falta, no caso da referida fábrica não tiver um «stock» de segurança. Neste momento só na FASOL (fábrica de óleos) descortinámos um determinado «stock» de segurança. A fábrica de sabão do Maputo a SABOREL não possui «stock» sendo no entanto o sabão um dos produtos que neste momento está mais em falta no país. A situação destes produtos, sabão e azeite como da pró pria carne estão descritos em pontos destacados neste texto, tal comoos depoimentos dos próprios cantineiros. No fim da primeira parte deste trabalho o próprio Director Nacional de Comércio Interno, João Mendes, dá-nos uma panorâmica da situação actual em relação ao abastecimento e distribuição de produtos e outros pontos fundamentais em relação às nossas presentes dificuldades. Mas o problema de fundo man tem-se: sem um aumento de pro dução da base da nossa economia que é a agricultura, acompanhada pela indústria e com uma plani ficação geral tal como está neste momento a ser elaborado pelo Governo para o ano de 1978 não podemos começar a vencer o grande problema que é o abastecimento e a distribuição. lITAÇÃO ASSEGURADA RODuÇÃO LOCAL AINA DE lCITRIA Pode-se dizer que o proble- mento em termos de normali ma da falta de carne está a zação apenas se refere à caser resolvido, segundo a opi- pital e arredores, enquanto nião dos responsáveis nacio- por exemplo na província de nais de abastecimento. De mês Gaza há falta de abastecimen e meio a mês e meio chego o to de carne e segundo infor Mo'ambique um navio carre mação de outras Províncias gao com 750 toneladas de otidas através dos corresponcar e. Apenas o atraso do na- dentes da Rádio Moçambique vio e, normalmente há peque- afirmam que a situação de ris) atrasos, poderá causar carência do produto é mais ou r stornos em relação ao menos evidente. astecimento. Foi estabeleci- Em segundo lugar e conforo que se importariam (em me os depoimentos que irerincípio da ) dois mos transcrever em seguida erços das nossas necessida de um médico veterinário do e sendo um terço restante--Matadouro da capital do país fornecido pela Drodução inter- otalumterço,quedeveriaa. ser coberto pela produção lo Muito embora os prazos de cal, não se verificou pelas raescarregamento e armazena- zões que em seguida verificaem tenham sido excelentes remos. hegando a terminá-lo com um u dois dias de antes do prao estabelecido duas questões e põem em relação ao abas ecimento de carne. Primeiro é que o abasteci- - Eu vou dar apenas uma ideia geral de consumo de carne em Maputo. Mapjto precisa para se abastecer de carne com m abate de 180 bois, TEMPO N.o 373 -ápg- 55

Em primeiro plano, carne congelada ,rnportada d a Argentina. No segundo, carne de abate focal cuja produção é ainda insuficiente. cabeças, por dia. 0 que dava em média um abate de 750 toneladas de carne mensais. Todavia verifica-se que houve um aumento de consumo na cidade devido não s6 ao aumento de poder de compra como também de certo afluxo de populações das zonas rurais para Maputo. Hoje neces sita-se de multa maIs carne para abastecer as populações, e também porque a falta de peixe em quantidade - faltou e agora não falta obriga as pessoas Ir h procura de car no e vice-versa, consoante há uma e não outra coisa. Hão há também carne de porco em quantidade e assim como de galinha pelo que o consumo e a procura de carne de gado bovino aumenta. E tanto assim é que a população do Maput era suficientemente abasteci da com 7 toneladas de cor no mensalmet e verifica-si precisamente agora que es tao a ser imprtadas toneladas de cie ahda * & toma necessêrh recorrer a abate caL t abate ha TEMPO N.o 373 -péQ. 56 todavia é que tem estado a falhar. - Tendo sido até agora normal o abate de 120, 130 ou 140 cabeças, nós verificamos que actualmente o abate semanal pouco excede essa quantidade que antigamente se abatia diariamente. E assim nós podemos verificar que na semana passada por exemplo se abateram 234 bovinos adul tos. Na semana passada. Nesti semana na segunda-feira abateram'se 49, na terça 24, na quarta 37, e hoje quinta -feira vamos abater 61 cabeças. - A carne Importada da Ar gentina tem vindo em prazos mais ou menos combinados e precisamente agora estamos a descarregar 765 toneladas. Estão previstas a importação de mais 750 toneladas para o mês que vem e mais outras 750 toneladas em Janeiro. - Supomos que depois de Janeiro o Maputo passará ser mais ou menos abastecido com gado local. Quer dizer os haui; ; fornecedores de Mapu to são os criadores da Provín da do Maputo e da Província de Gaza. A cidade de Maputo vive muito da importação de gado da Província de Gaza que é um grande produtor e fornecedor. - Também há que come iNer que todos os anos nor malmente aí a partir de Setemro até Janeiro o abate foi sempre muito menor do que as necessidades. Devido é falta de pasto o gado normalmente emagrecia e os criadores não estavam Interessados em vender gado magro que lhes daria muito menos dinheiro do que o mesmo gado uns meses depois com, ele gordo. Começando a época das chuvas e começando a haver capim, o gado engordava e entrava-se no abastecimento normal. Isto antigamente. Agora não se prevê mesmo com a chuva o abastecimento total porque como é sabido houve um abate excessivo a seguir aos acontecimentos de 7 de Setembro e 21 de Outu bro, muitos criadores empresariais abateram gado a mais, abateram fêmes, fêmeas produtivas, a outros empresários foi lhes roubado muito aado e o efectivo de bovinos diminuiu muito. Hoje há muito menos gado que havia mas esforços estão a ser feitos para que a coisa recupere, mas possivelmente não será nestes dois anos mais próximos que normaiizaremos a produção. Há também a considerar o roubo de gado através das fronteiras para a Africa do Sul e Suazi Iândia. Yalta de Sabio: UMA FÁBRICA QUE TRABALHA CONI AS MÁQUINAS TÊM DE PARAR PAR ...MAS SE PARAM ... O sabão é um dos pro- cado. A SABOREL, a dutoscuja falta mais se maior e mais moderna tem feito semtir no mar fãbrica do pais situad na Província do Maputo tem problemas técnicos com a 'produção. Agora sob Intervenção estatal ela está a fazer três turnos por dia. Caldeiras velhas estão-se estragando uma a uma, a tubagem para canalização do vapor de água precisa de protecção e reforço, as máquinas não param de trabalhar desde há dois anos e precisam de manutenção. Mas a fábri ca não pode parar. Não há «Stock» de segurança do produto. A quantidade de mafurra que antes os cantineiros compravam à população e depois vendiam à fábrica diminuiu de maneira impressionante e por isso tem de se importar mais sebo do estrangeiro. Apa nhar mafurra é como apanhar caju o que é preciso é organizar novamente, , este tipo de comercialização. Vejamos a seguir outros problemas de fundo que existem por detrás das longas bichas para o sabão, o conhecido sabão «pioneiro» que falta nas nossas lojas mas aparece à venda na Suazilândia... surpreendente. mente. FALTA DE SABÃO O engenheiro respon-, sável da fábrica: -A produção da «Soborel nos últimos anQs a partir portanto de 1973 isto em relação ao sabão comum «Pioneiro» e «Bingo». Ao contrário do que acontece em grande número de indústrias a produção de 1973 foi ultrapassada em 1975, 19-76 e contamos ultrapassar UTENÇÃO em 1977. Nós propusemos muito por alto, uma meta estabelecida muito por alto atingir as 10 mil toneladas este ano. Até Outubro nós já produzimos 7 mil toneladas pelo que aparentemente não será muito difícil mais mil toneladas por mês até aofim doano para atingirmos as 10 mil. - Por outro lado considerândo as produções mensais de sabão, embora elas não sejam famosas, nós temos este mês de Outubro e este mês foi aquele em que se verificou maior carência de sabão no mercado mas um bocado paradoxalmente nós atingimos a terceira maior produ çáo deste ano. As maio-. resforam em Março e Abril com 930 e 950 to neladas respectivamente, em Junho fizemos 833 e em Outubro 821. T - Mas estas toneladas quantas caixas correspondem? R - É um bocado difícil dizer a quantas caixas correspondem. Sabemos no entanto que fabricamos aqui dois tipos de sabão o «Pioneiro» e o «Bingo». Cada caixa de «Pioneiro» tem 30 quilos, 30 barras de sabão de quilo cada caixa de«Bingo» tem 330 barras de meio qVulo portanto pesa 15 quilos Normalmente a nossa base é pioneiro e são normalmente cerca 'de mil caixas portanto 30 toneladas. Isto dá aproximadamente 900 toneladas por mês. -Isto era apenas para pôr uma ideia que eu tenho, se bem que tenhamos aqui problemas de produção, esse não é o único problema. Pois é natural que exista açambarcamento ao nível familiar inclusive - não é u m açambarcamento condenável rigorosamente não é condenável pois as pessoas estão sempre receosas que amanhã venha a faltar novamente e guardam-no e em vez de guardar uma barra guardam duas. Mas parece-me que isto não se resume a um problema de açambarcamento familiar. Hã uns meses nós tivemos hLormação que quer o sabão do Maputo, quer o sabão da Beira era vendido respectivamente na Suazilândia e no Malawi, informações de pessoas que vão lá e que vêm. - Agora quanto aos problemas técnicos propriamente - Não sei se conhecem a fábrica se não (Não!) - então podem dar uma volta para visitá-la e hoje poderão ao contrário do que tem vindo a suceder - ver as três linhas de produção a funcionar. O nosso problema técnico fundamental são as caldeiras. O problema das caldeiras está integrado em toda uma série de problemas que encontramos na fá brica: ausência completa de qualquer esquema de manutenção, a política era: há uma avaria, vamos parar para reparar a avaria, não há trabalho nenhum no sentido de prevenir a avaria. As caldeiras actualmente e aliás já de longa data não estão a funcionar com água tratada, e nós tive. mos há dias o rebentamento de três tubos e verificámos que os tubos estavam completamente obstruídos com calcário. (Aqui é preciso fazer um parenteses para dizer que a água tem de ser tratada com um pro- Caldeiras para mistura dos ingredientes para o fabrico de sabão e sabonete. Falta de vapor em quantidade por se ter deteriorado uma caldeira nJo tem permitido um aumento constante de produção na SABOREL, aliado ainda a outros problemas técnicos. TEMPO N.* 373 - Pág. 57 duto quítmioo es antes de entrar na caldeira para que o caicário não destrua a tubagem como agora aconteceu). -A s caldeiras pararam e além disso são an, tigas (1931, 1935) e não existe assim como para o resto do equipamento qualquer «stock» de Peças e sobressalentes. Nós estamos portanto em relação ao equipamento de produção de sabão, nós já fizemos a listagem das necessidades, Já fizemos a encomenda mas Isso é evidente que demora tempo. . - Para as caldeiras estamos a pensar e já temos neste momento bastante apoio humano é pará-las uma por uma e revê-las. Neste momento hão-de ter oportunidade de ver as três linhas de produção de sabão a funcionar e a razão é porque a FASOL (fábrica de óleos) parou, não é necessário, pois dentro dos esquemas de prioridades podemos parar um pouco a FASOL o armazém está cheio de óleo e dedicar estes dias à produ. ção dê sabão. - Podemos ter astrêE linhas a funcionar e a produzir porque comc dissemos a FASOL paroi e o vapor da respectiv caldeira pode ser canali zado para a «SABOREL» T- Mas 1oi-nos infor mado que vocês estãc em vias de comprar um9 caldeira... R - Nós temos um caldeira' para a «SABC REL» sucede é que ess caldeira é pequena, sendo uma caldeira pe quena não é suflcient para abastecer a fábrica Mas nesta altura mesn essa caldeira está parad por falta de peças qu já foram encomendada, Sempre fot necessári portanto o apoio da Fi SOL para o fornecimem t1, de vapor. Ns estamc YEMPO N.- 373 - pág.- 58 a estudar o que é que podemo fazr em ter* mos locais. Para já temos uma oferta da COM, panhia de Cimentos que tem lã uma série de caldeiras também antigas gue praticamente nos oferecem. Colaborarão connosco na transfer~n cia da caldeira. São caldeiras também antigas e é nece~io desmontá-las e tornar a montá-las aquý. - O apoio humano parece que está garantido e Isso era uma, das grandes dificuldades que nós tinhanos. Esse apoio humano vem de dois técnicos que estão agregados ao Ministério de fndústria e Comércio e ainda com algumas dúvidas está em vista a colaboração também de dois técnicos da «Química Geral». São dois trabalhadores portugueses cujo -contrato vai acabar e nós queremos ver se os podemosterainda por um período de dois meses a fim de montarmos as caldeiras. - d Aqui há dois tipos de preocupações tanto na FASOL como na SABOREL. Há preocupação de abastecimento à popula" > ção e que é a preocupai çáo imediata e há outro tipo de preocupação qu( - é a rentabilidade econó mica da empresa. Falou -me à bocado na CUF Quer dizer a Cuf veir i mais para o segundo as pecto pois será mais un i trabalho para um prc grama a médio prazo. VI a rã um técnico para sa e bões lá para o fim do m,, Estamos também a cozi e tar com a possível cola L. boração de dois técnico c> Italianos. Mas não posa a dizer como está pois -e a Comissão Nacional d s. Abastecimento que est o a tratar. k- R-ASaborelé a f i- brica de sabões mais mi >s derna de Moçamblqu tem um equipamento automatizado que requer uns cuidados de manut~ço que não requer por exemplo a FASOL que tem um equipamento bastante mais antigo. O que se tem feito -e o que se fazia e nos primeiros meses que aqui estams tivemos também de fazer foi recorrer à política de remendo: pois faltava uma peça ou uma peça estragava e íamos buscar uma peça parecida fabricada ou existente no mercado local que -se pudesse substituir. Isto ao cabo de uns anos dá cabo do equipamento. - Actualmente fizemos uma lista bastante exaustiva de peças. Algumas pedimos com ur- gência - porque são de facto urgentes - e ou tras que virão de barco e que constituirão o re ferido stock de peças. T- Mas voltando ¿ produção de sabão: es tará neste momento < fábrica a produzir o sei normal? R - Onormalnãoes * tá a produzir especia] mente em sabonétes. En sabão está produzir * que era hábito, não digi que seja o suficiente! A mil caixas de sabão po dia. Mas com falta d vapor a produção cheg - a baixar ou pode baixa * para apenas 400 caixa por dia. Nós em perfi dos normais em que nã 1 há açambarcamento coi " 1.100, 1.200 caixas é si - ficiente para abastecer L- não há crise como houN L agora em Outubro. Pc - outro lado não há Stoc L- do produto em quantid s de e isso traz-nos tar D bém um problema gr é ve porque uma fábrli e precisa de parar anu á mente para efeitos < limpeza e reparação < L- equipamento. A SAB Y =E n o parou o ai Le passado, aliás não pá desde 1975 e" estmos de facto a correr um risco e agora também não podemos parar a fábrica. Nós estávamos a contar constituir «stock». Ven' der as mil caixas e tudo o que era excedente guardáyamos para stock. Mas isso não pôde ser feito porque houve uma situação mais difícil em Setembro e Outubro o que rebentou com o «stock» que tínhamos. R-Os sabões são feitos através de sebo importado, óleo de copra e óleo de mafurra. Este é outro problema em- termos de divisas porque nós este ano trabalhámos uma insignificância de mafurra Em anos bons já atingimos as 10 mil toneladas de mafurra e este ano devemos * andar pelas mil toneladas. O cantineiro é que comprava as sementes de mafurra à população. É um problema idêntico - ao caju embora em pequena escala. Quanto mais óleo de mafurra houver menos sebo temos de importar. - T - Mas ostécnicos n da CUF não vinham tamo bémaqui montar mais o fábricas de sabão? S R - Bem eles não têm r problemas em montar e fábricas o problema é a que eles perguntarão r quantas fábricas e de 15 quanto de produção pre>- cisamos e não temos núo meros para lhes darmos. n É claro que com uma - campanha para apae nhar mafurra a impoiíare ção de sebo diminuiria >r e nós podíamos garantir k uma certa produção e a- essas futuras fábrical n- também. O que preten. a- demos quimicamente de a mafurra e do sabo é a i- obtenção de ácidos gor le dos para a fabricaçãc to de sabão. Da mafurra 0- do sebo obtêm-se no quantidades de ácido rp' -ordos.

II OND T-Nós iremos em primeiro lugar perguntar qual a junção concreta da Direcção Nacional do Comércio Interno. J.M. - Antigamente havia os Serviços de Comércio que compreendia Comércio Externo e Comércio Interno. Hoje em dia existe a Direcção Nacional de Comércio Externo que está especializada na questão do comércio externo e tem a seu cargo toda a parte respeitante ao comércio externo e a Direcção Na- cional do Comércio Ihterno que tem a seu cargo regularizar, planificar e controlar tudo quanto é respeitante ao comércio interno. - Portanto as funções que são atribuidas ao Comércio Interno são precisamente estas que acabei de dizer: de planificar, regularizar, controlar a orientar tudo quanto diga respeito ao comércio interno. Todas as estruturas comerciais, toda a distribuição dos produtos dentro do mercado interno. T- Então passaríamos de imediato a uma segunda pergunta: poderia referir-se agora ao trabalho objectivo das Lojas do Povo? J.M. - A Empresa Lojas do Povo que se ini. ciou numa fase difícil e à base da experiência que já existia na comercialização de produtos nas Zonas Libertadas onde existiam de facto já Lojas do Povo, estendeu -se isso portanto, mesmo antes da independência mas particularmente a partir do momento da independência a todo o país. Foram-se criando L.P. para resolver mui tos problemas que se puseram ao nível da distri. buição d o s produtos, particularmente p a r a combater o açambarca-' mento e a especulação e para conseguir de facto levar às populações os produtos que eram necessários. - Estas Lojas do Povo foram-se criando no pais um bocado descoordenadamente, consoante as necessidades até que foi criado por despacho de S. Exa. o Ministro da Indústria e Comércio uma empresa nacional que é a Empresa das Lojas do Povo que hoje abarca todo o pais. Podemos dizer mesmo que é a única empresa existente no pais neste momento que tem estru.turas ao -nível nacional. Em todas as Províncias axistem Lojas do Povo. em todas as Províncias existem armazéns das Lojds do Povo e em grande parte dos próprios distritos Já existem tam bém armazéns distritais das Lojas do Povo. -A Empresa das Lojas do Povo pelos estatutos é precisamente o sis tema estatal de comércio interno. Essa empresa, pela sua própria fun ção e pelo diploma que a cria, está sujeita, está dependente directamente do Ministério de Indústria e Comércio e parti cularmente sob a direcção -da Direcção Nacional do Comércio Inter no. É portanto uma empresa como outras empresas comerciais que existem com a cara'cte rística fundamental de que é uma empresa de Estado e dependente directamente da Direcção Nacional do Comércio Interno. A sua função é determinada pela D.N.C. I. e ela exerce uma actividade que já acabámos de dizer e que possui uma parte retalhista e uma parte armazenista. - São funções - reta lhista e armazenista que hoje em dia nós estamos a chegar à con. clusão que não estão muio correctas e que não é possível à própria Empresa Lojas do Povo exercer as duas funções que separaremos na devida altura. Está em estudo Isso, mas precisamente porque ela não tem capacidade para poder exercer as duas funções. Praticamente ela não pode exercer as duTEMPO N.O 373 - pág. 59 Entrevista com o Director Nacionaldo Comércio Interno: O LONGO CAMINHO DA PRODUÇÃO A DISTRIBUIÇÃO as funções, não tem ca- aq pacidade para 1sso o não ou tem interesse e por outro mi lado porque *não é cor- ch recto no ponto de vista pl o organizaçãodas estru- t turas comerciais que ela es exerça as duas funções as Mas é uma empresa que ot tem essa missão de abas- fa tecer as populações, por- dE tanto sistema Estatal de - c] comércio interno, e de- tu pendente por isso direc- artamente doEstado. 01 q1 BICHAS: FALTA DE p: PRODUTOS E PSICOSE tE a4 T u- Estas duas primei- ti ras perguntas serviram 1 vamos ld de introdução ti para o campo que pre- c tendemos atingir. Veril1- li camse neste momento g em grande parte do pais q bichas. Pensamos que a c Direcção Nacional do Co- ; mércio Interno estará â c altura de fazer uma aná- r lise à questão. Pois en- E tão nós gostaríamos que se debruçasse sobre este problema. J.M. - Bem, em relação às bichas, estas resultam de dois factores, segundo a experiência que nós temos adquirido. Um é a realidade da falta dos produtos - p o r t a n t o quando há falta de pro. duto a tendência normal é criarem-se bichas, porque as pessoas procuram aquilo de que têm necessidade e que não encon. tram e quando consta que aparece em tal sítio correm para o tal sitio à procura desse produto. Por outro lado a nossa experiência também nos tem indicado que existe, em resultado da falta de produtos, a reacção. Esta organizou de certa maneira aquilo que nós já começámos a falar a dizer como «organizadores de bichas». Sabem que numa dada altura e por informações de elementos infiltrados T MPO N.o 373 - pág. 60 ut e ali vai faltar este aquele produto e coçam a organizar biis indicando por exeno que em tal sitio às atas horas vai haver te produto e as pessocorrem para ali. Por tro lado também há o cto de que muitos ven,dores ilegais ou semiandestinos ou clanesaos como vendedores nbulantes e tendeiros u outros comerciantes ue organizam os comradores de bicha, me-ndo miúdos ou pessoas .dultas que passando rês ou quatro vezes peibicha porque a quandade fornecida a cada liente é uma quantidade mitada, então esses oranizadores, o u p e 1 a uantidade de pessoas Lue metem na bicha ou orque passam quatro, inCo e seis vezes pela nesma bicha conseguem d q u i r i r quantidades enormes que eles depois vão vender nesses tais locais clandestinos ou ilegais, ou legais mas fora das normas estabelecidas. Vão vender a preços especulativos. A bicha tem de facto estes dois aspectos naquilo que nós temos constatado. -Se quisermos falar na forma como nós estamos a combater as bichas e o que pretendemos fazer também podemos falar. Mas aquelas são as causas que nós temos detectado na formação das bichas. T - Nós achamos então que seria oportuno focar estes aspectos de como se estd a combater as bichas. J.M. - Primeiro tentámos compreender por. que havia bichas e foram essas razões que nós detectámos e então a partir dai tentámos de facto criar as condições para combater as bichas. E Um dos produtos que se conseguiu fazer uma distribuíi9o normal e consequentemente por todo o país foi o leite em pó- uma das condições era de facto existir produtos em grande quantidade. Em certos casos nós conseguimos pôr quantidade suficientemente grande - ultrapassando até as necessidades de consumo da população - de certo produto e eliminar a psicose da bicha. Pois a população a partir do momento em que pensa que há falta de produto corre para a bicha. A VENDA LIBERALIZADA T - Nós interrompemos para pedir um caso concreto. J.M. - Um caso concreto foi por exemplo numa dada altura quando faltava peixe e faltava carne e havia peixe em quantidades suficientes e nós determinámos que fosse posta quantidade de peixe quase que em venda livre. E nessa altura automaticamente desapareceu a bicha do peixe. Quer dizer havia poucos postos de venda de peixe porque se estava a distribuir só para um certo local a venda do peixe e nós determinámos que ela devia ser posta em todos os postos possíveis de venda de peixe e em quantidades que ultrapassavam largamente as quantidades necessárias à população e, automát¶iamente se quebrou a bicha do peixe. E dai para cá praticamente já não exis te bicha do peixe porque também as quantidades de peixe foram existindo no mercado suficientemente e eliminámos mesmo a especulação sobre o peixe. Havendo em quantidade e com a devida tabelagen eliminou-se a especulação. Hoje é difícil estar se a vender peixe para além do preço da tabe la porque existe a tal quantidade suficiente E a população conhece jY os preços.

- Sobre os preços ajuntarei aqui também um facto que é o seguinte: o dar conhecimento às populações da tabela dos preços também é um factor muito importante que leva a evitar que haja especulação. Isso foi também um problema que nós pusem o s e m colaboração com a Informação que publicou várias vezes a tabela de preços na rãrio inclusivamente e queremos incentivar mais a publicação dos preços da tabela. - Outro caso também. de combate às bichas foi quando se liberalizou a venda do açúcar. Hou. ve uma fase em que faltou açúcar, não porque faltasse de facto açúcar mas em que se criaram condições o açúcar estava a ser distribuído em cotas fixas por Província e chegámos à conclusão de que essas cotas eram falsas não correspondiaro de facto às necessída des das próprias Províncias, das próprias popu. lações nas zonas onde elas habftavam. E então liberalizou-seavenda deaçúcar e a partir dai também desapareceram as bichas do açúcar porque pudemos pôr quantidades que ultrapassavam também as necessidades. Foram dois casos concretos que nós pudemos constatar. A DISTRIBUIÇÃO E SEUS PROBLEMAS - Portanto em relação ao combate que nós queremos fazer às bichas é: de um lado criar condições para que haja pro d u t o em quantidade. Consideramos condição fundamental para se eliminarem as bichas porem-se as quantidades necessários de produto à população. Segundo aspecto e dado que nós também temos consciên, cia de que neste momento não podemos pôr as quantidades de todos os produtos - não temos condições para isso - e por esta razão é que o Partido e o Governo têm lançado a palavra de ordem com muita insistência de aumentar a pro. dução como o único meio de eliminar de facto as dificuldades que nós temos até no abastecimento, precisamente. En quanto isso não sucede nós temos tentado racionalizar a distribuição dos produtos e partindo de quê? Partindo do que nós dispomos. Se dispomos de uma quantidade x de um determinado produto sabemos qual é a população'de Moçambique ao nível de cada Província e dentro de cada Província cada um dos distritos e tentando ir até à localidade e assim fazemos a distribuição, sabendo a quantidade disponível do tal pro- E duto distribuímos proporcionalmente As populações. Primeiro por Província, depois em cada Província por distrito e chegando até à localida, de. - Então temos adoptado este sistema - foi o sistema que encontrámos mais correcto e que está provado que ele é correcto e vai ser aquele que vai ser adoptado definitivamente que é o controlo da distribuição da produção desde a ori. gem quer ela seja de pro dução nacional à solda da fábrica ou da machamba ou quando é de importação à chegada ao cais. A partir daí nós indicamos quem são as estruturas comerciais que devem distribuir esses produtos e quais são as quantidades que cada um deve ter para distribuir: portanto os armazenistas, os grossistas a quem atribuímos cotas em função da capacidade que cada um deles tem para poder distribuir aquelas quantidades. - Portanto fazemos inicialmente uma distribuição qugé ao nível do país, p o r conseguinte uma distribuição geográfica por Províncias. Depois o.interveniente o dir e c t o distribuidor da mercadoria o primeiro que é o grossista. Em segundo lugar atribuem-se a esse grossista em função da capacidade e da quantidade que lhes é atribuída um certo núme ro de retalhistas que são finalmente as entidades que vão levar o produto à população que é o retalhista. 2 a loja. Através disso nós temos estado não só a tentar fazer uma distribuição quer pelo pais todo fazendo chegar os produtos à po- t pulação como também c estamos a controlar a própria distribuição dos produtos. Isto é aquilo que íós chamamos e, que nos compete como função, planificar a distribuição, abastecer as populações conforme as suas necessidades. - É claro que neste momento há também outras causas das bichas. - Nó s estabelecemos aquele programa de distribuição das mercado rias mas depois constatámos que os retalhistas falham, não vindo eles próprios buscar ao armazenista as quantc',des que lhes estão fixadas pois nós temos um sistema de cartões que distribuimos a cada retalhista fixando-lhes a cota c'.- cada produto que devem ir levantar ao grossista mas esses retalhis tas muitas vezes não colaboram. Éeste emge ralo processo que nós estamos a adoptar para combater as bicnas. - Outro aspecto irportante no combate às bichas é a participação das populações nos próprios locais onde existe comércio de controlo da venda e ai já se encontraram- modalidades para que, as populações organizadas através dos g r u p o s dinamizadores em cada bairro 'possam saber qual é a quantiaade atribuída a cada loja' de cada produto. Isto é o controlo popular da própria distribuição dos produtos. O RETALHISTA E OS TRANSPORTES T - Na questão do retalhista não ir ao lo cal buscar um determinado produto, temos a dizer que após contactos que nós efectuámos a propósito das bichas, iós verificámos que mu;as das pessoas que esavam nas bichas »Ao r a m daquele bairro Lem mesmo da cidade TEMPO .N.o 373 - pág. 61 propriamente dita, mas das redondezas, como é que se explica este caso? J. M. - Bem, multas vezes a distribuição das mercadorias falha por deficiências que são às vezes do próprio circuito comercial do próprio armazenista que não dis tribui correctamente as mercadorias. Mas muitas das vezes a principal causa são deficiências ao nível de fazer chegar a mercadoria a esses locais. Nós atribuímos co tas por Províncias e de pois dentro da Província por distrito por retalhis tas, por armazenistas de pois conseguir fazer com que a quantidade que foi atribuída chegue até aos locais de consumo implica que haja condições quer de transporte, quer de acessos viáveis como estradas em condições ou os Caminhos de Ferro, questões de cabotagem, estes são assuntos so bre os quais nós esta mos conscientes das dificuldades que se passam ao nível desse sector E que estão a ser estudados e que estão a ser tenta. dos de toda a maneira E feitio ultrapassálos pari que o produto que nós te mos consiga de facto cho garao consumidor mes mo. É essa a razão qui muitas vezes faz verifi car essa afluência do pessoas nas bichas. - Os armazenistas quem nós distribuimo cotas e foram selecciom dos em função da capE cidade real do que cad um deles dispõe são obr gados a fornecer peri dicamente à Direcção N cional de Comércio Int no a quantidade que r cebeu, que levantou pc tanto- da fábrica ou c importação e a quem f< neceu ou seja aos vári, retalhistas. Eles são olb gadostambéma apreso tar aquide 10 em 10 di uma relação da distribi TEMPO N., 373 - pag. 62 ção desses produtos e a quem é que entregaram Agora quando não entregam aqui ou ali ou é porque o retalhista não recebeu, não se preocupou em receber ou. é de facto por que teve dificuldade de fazer chegar lá essa mercadoria. T - Nós citámos o exemplo de Gaza. Nesta Província há falta de açúcar e essa falta de açúcar não é porque a Açucareira de Xinavane (Incomáti) não esteja a laborar e a cumprir mas porque existe neste momento a questão da falta de transporte. Estamos informados que existem pelo menos 10 carros avariados por falta de peças. Para além desta situação foi-nos dito que havia também um problema da própria cota de açúcar atribuído. Informaram-nos que a cota é muito baixa. J.M. - A questão das cotas de serem ou não serem baixas eu já disse há bocado que nós esta mos a distribuir aquilo de que dispomos isto em geral para todos Toda8 - as Províncias em gera] estão a pedir maiores quantidades do que nos . dispomos. Isto é umi e constatação que nós es tamos a fazer, que efec a tivamente aquilo de qu( dispomos não chega pa e ra as populações. Sã( problemas que nóS, qu a nenhum país pode reso s ver de um dia para o ou I- tro, estes problemas qu L- são de fundo são de oi a ganização de planificý i- ção da produção de ai )- mentara produção e ti'a do o mais enãoé um pai ,r como o nosso que pod e- resolver isso de um di ,r- para outro. Nenhum pai Ia pode resolver esta situi )r ção de um dia para o o s tro muito menos o noss ri que é ainda bastante j ?n vem.Mas emrelaçãoE as açúcar para Gaza e às ( ii- tas fixadas não cremo que de facto haja cota baixa em relação às necessidades. No açúcar não é um problema de cota baixa. As quantidades que estamos a distribuir no país são de facto quantidades calculadas e até pela experiência que tivemos quando liberalizámos o açúcar fizemos uma revisão das tais cotas que eram antigamente atribuídas a cada província. Tivemos essa experiência que nos permitiu hoje em dia atribuir cotas de açúcar a cada Província que são aquilo de facto que estão correspondendo ao que na época da liberalização cada província mais ou menos consumiu portanto respondendo àquilo que e r a m as necessidades reais. Aí há de facto questões ao nível de transpor tes. Fazer chegar o produto ao distrito. LOJAS DO POVO E COOPERATIVAS T-Nós agora passa. ríamos para um outro as pecto: julgamos que hý necessidade de se desen 1 volver um trabalho jun to dos comerciantes, oz melhor nós perguntaria mos: qual o papel do, - comerciantes, qual o pa - pel das Lojas doPovo qual o papel das coopera - tivas de consumo e qua u interligação que exist, e entre eles no processo 1 comercialização dos prc i- dutos? e J.M.-O processo d - interligação, quer dizei L- aí põe-se o problema: c( - mo é que a mercadori i deve chegar às popul: .s ções? Qual é todo o si ,e tema de distribuição di a mercadorias desde que [s produto está acabad E- até chegar ao consul - dor? Isso é mesmo a fu ;o ção da Direcção Naci o nal do Comércio Intern Lo É organizar toda es: ,o distribuição e de dete os minar como é que ela d ve ser distribulda. Portanto quando nós atribuimos uma cota a um armazenista «X» porque partimos de principio que ele tem as condições necessárias para distri' buir aquelas quantidades deste ou daquele produto e também quanto a especilizaãção - temos de caminhar para ess" espe.cialização, estados a ir para essa especalizaçáo ao nível de cada armazenista e também go retalhista, especializá-los nós estamos de tacto a planificar a distribuição das mercadorias. Portan to nósatribuímos a cada uma dasestruturascomerciaisa cada um dos estabelecimentos quer ao nível do grossista quer ao nível do. retalhista a função que ele deve exercer na distribuição de mercadorias. - Fazer chegar aquela mercadoria ao consumidor. Aquele que necessit^ de facto de comprar queri a camisa, quei' as calças, quer o arroz, quer o feijão, etc. É trabalho que nós devemos fazer e que - esperamos o mais de- pressa possível fazer integralmente. - - Cada uma dessas es s truturas, as LojasdoPo- votêma sua missão tam,bém de distribuir esses produtos e nós atribuí .l mos-lhe também as cotas e que elas devem distri' e buir dos vários prod >- tos. - As cooperativas dE e consumo são um elemen r, to que desde o início des - te ano nós temos estadc a a trabalhar muito nele a- quando se lançou a cam s- panha foi até o Ministro is da Indústria e Conf,ércio o que numa reunião cor Lo Grupos Dinamizadore! Li- lançou a palavra de oi a- dem de formação de cc o- operativas - as cooperí o. tivas de consumo são ur 3a elemento fundamentE r- porque são as própria [e- populações ao nível d

A Empresa Lojas do Povo não terá muitas possibilidades de no futuro conseguir continuar simultaneamente como armazemsta e retalhista. cada bairro que se organizam para se abastecer. Nós também criámos as condições necessárias para que essas cooperativas de consumo recebam as quantidades de mercadoria necessária para abastecer os membros da cooperátiva. As cooperativas de consumo hão-de ter essa missão muito importante, que não é um sector de Estado mas são as próprias populações organizadas a abas tecerem- se. Para o Aparelho de Estado neste caso para D.N.C.I: quantas mais cooperativas de consumo existirem quanto maior for o seu número e o seu nível de organização - o que é muito importante - nós teremos facilitado muito o sistema de abastecimento hs próprias populações. As Lojas do Povo é sistema Estatal e tem as suas tarefas a exercer como as cooperativas de consumo têm a sua, assim como os privados também têm a sua tarefa a exercer como função social. -E é isso que nós exigimos de facto de cada uma dessas estruturas. O comerciante que está ali é para servir as populações e ele faz-se pagar Pelo serviço que presta. Ele recebe o correspondente ao serviço que Presta. A especulação é quando ele ultrapassa esSa margem que corresDonde ao serviço que Presta. Portanto esta or- ganização do comércio ou seja a distribuição geral de mercadorias está dividida naturalmente na República Popular de Moçambique em sistema Estatal em organização e em desenvolvimento, em sistema cooperativo e em sistema privado. -Nós D.N.C.I. como estrutura do Aparelho de Estado é que temos como função planificar e coordenar toda esta actividade. ARMAZENISTAS E RETALHISTAS NÃO SÃO PARASITAS T -Falando sobre comerciante privado n ó s sabemos que a D.N.C.I. tem efectuado reuniões com comerciantes. Que tipo de problemas é que normalmente se apresentam? J.M. - Bem nós tivemos sempre como principio aqui que para fazer qualquer trabalho nós temos que fazer participar os intervenientes nesse dado sector nós então di vidimos os sectores. Se são problemas de distribuição de açúcar vamos ao sector da produção de açúcar para saber o que é que se passa ao nível do sector, quais são as quantidades que vão ser produzidas, quais são os problemas que se põem lá e qual é a melhor forma dessa produção sair de lá da produção para a comercialização. - Poisquando chegamosao nível da comer- cialização temos então dois intervenientes fundamentalmente que é o armazenista que deve agarrar nessa produção e distribu-la pelos retalhistas e depois estes entregam essa mercadoria ao consumidor. T - Nós interrompemos para perguntar se poderá explicar concretamente o que é umarmazenista e o que é um retalhista. J.M. - O armazenista, mas o termo mais correcto é grossista por que vende a grosso, a função dele é receber grandes quantidades de mercadorias ou da produção nacional ou da importação, receber essas quantidades, dispor de armazéns onde armazena toda essa mercadoria em grandes quantidades, dispor de uma frota de camionagem suficientemente importante para poder fazer a distribuição e ir então ao porta-a-porta distribuir a cada loja a cada retalhista. E o retalhista tem também a sua função específica que é muito diferente do armazenista, do grossista, que é depois agarrar num saco de arroz por exemplo e retalhar aquilo em quilo, meio quilo dois quilos, etc. e vender ao público. - Se não houvesse esse papel do grossista aconteceria que o retalhista teria de ir buscar os produtos ao produtor e devido às pequenas quantidades que vendederia na sua loja não lhe era compensador por que teria de pagar um preço alto pelo transporte e, ou ele teria de vender a mercadoria a um preço mais elevado, ou perderia dinheiro. -A função de armazenista e retalhista são funções que têm de continuar a existir. E aqui é bom nós não confundirmos o que é o parasita. Parasita é aquele indivíduo que de fkcto n~o exerce a sua função ou finge exercer uma função que não é necessária. Quando o grossista exerce esta função de distribuição ele é absolutamente indispensável no circuito comercial, é in dispensável não é um parasita, da mesma maneira que o retalhista que está na sua loja a vender a cada um de nós um quilo ou dois quilos de açúcar ou uma camisa não está a exercer uma função parasita mas a exercer um trabalho que é fundamental também. Quando ele nos vi gariza a vender uma camisa por 500 escudos quando ela vale duzentos aí já não é um parasita é um vigarista. T -Então poderemos voltar ao assunto que nós tínhamlos tocado so bre as reuniões que são efectuadas com os comerciantes. J.M.-As diversas reu niões portanto são tidps sempre que se tem a necessidade de se estabelecer uma orientação para um dado sector e começamos portanto pela pro dução para sabermos sobre as disponibilidades existentes daquele produto ou daquela mercadoria depois se se trata de organizar os armazenistas nesse sentido e nós sentimos a necessi dade de reunir com eles para conhecer realmente quais são as capacidades e quais são os problemas que existem lá dentro deles e para lhes dar até orientações nós reunimos então com esses sectores. Fazemos isso por sistema. Permite-nos conhecer o sector aprofundadamente permite-nos um contacto directo com esses sectores. Reunimo-nos de facto sectorialmente por que são problemas específicos de cada sector. TEMPO N.O 373 -pág. 63

COMPETIÇÃO SOCIALISTA . Por isso, a Ei 1. no nosso pais q eleger as Assen 1 ' Isto é, quando c seu Poder, se pr TEMPO N.o 373 - nulação é falada uando estamos a nbleias do Povo. povo organiza o epara para fabri. 4 -pá9. 84 úg imao A(g . A palavra é nova. É nova Para Wiós moçambicanos que estamos a nascer para fazer a Revolução. É nova, e há multa confusão sobre o seu significado, sobre a for* ma de levar essa palavra à práti' ca. Falou-se em Emulação - a pa" lavra nova -, e todos, desde Cabo Delgado passando por todas as provinciawue têm castanha de caju, engajaräm-se na campanha de Emulação para apanha de cas tanha. Mas, há que aplicar a Emulação a outros sectores. E, a questão surge: o que é a emulação, como vamos emular, como se aplica a emulação numa fábrica, como se aplica entre várias fábricas, como se aplica nas escolas, na saúde, nos serviços públicos, nas cooperativas agrícolas? A ideologia burguesa dá um si gnificado diferente à palavra Emulação. Diz que é competir, rivalizar. E, também fazem a emulação. Para os capitalistas porém, é uma forma de competição individual. Competição entre capita listas que exigem aos operários das suas fábricas que produzam mais para que possam rivalizar com os preços das outras fábricas, e assim possam meter no bolso mais dinheiro, pagando os mesmos salários aos operários. Para a ideia proletária, esta palavra tem outro significado. Sim, significa competir. Mas, compe tir de forma colectiva e organizada. Competir para beneficiar as classes mais desfavorecidas, as classes exploradas. Emulação, o acto de emular, é uma conquista do socialismo. car as leis que sirvam a aliança operáro-camponesa. Por Isso, é lançada a palavra Emulação. Emular em todo o pais. Emular na apanha da castanha, emular nas fábricas, nas cooperativas, na saúde, nas- escolas, nas cooperativas de produção, nas minas, nos locais onde se produz a riqueza, onde se fabrica a alimentação, onde se produz o vestuário, onde se ensina a ler e escrever - onde se combate os grandes problemas de Moçambique: a fome, o analfabetismo, a nudez. Emular nas fábricas de vestuário. Como? Cada fábrica tem as suas metas de.produção, tem a sua capacidade de produzir tantas camisas, tantas calças. Então, as fábricas competem entre si, para aumentar a produtividade e portanto, aumentar a produção. Produzir mais camisas, mais calças, tirar todo o rendimento da força de trabalho de cada operário, de cada máquina, para produzir mais camisas que saiam a um preço, mais barato, e portanto, possam estar ao alcance de, os que não têm roupa, se possam vestir. Mas, além da emulação das fábricas do mesmo ramo há a emulação dentro da própria fábrica. Há secções numa fábrica: uma corta pano, outra cose, outra passa a ferro. Cada uma destas secções tem uma capacidade de produção: tantas camisas corta das por dia, tantas camisas passadas por dia. Então organiza-se a competição colectiva entre as secções. Ver a secção que consegue tirar um maior rendimento no trabalho, ver qual o grupo de trabalhadores - q u e constitui uma secção -, que alcança os maiores valores. Emular entre escolas. Como? Existem escolas num distrito. Escol= primárias por e~emplo. Mi, e professores ensinam, os alunos aprendem. Os alunos ensinam, os professores aprendem. Não produzem, mas estudam e aprendem. E, há notas para classicar. As escolas podem compe tir entre si para ver qual saca as melhores motas: quem tira as melhores notas da primeira classe, qual foi a escola que teve mais' alunos passados e com melhores' classificações na 4.1 classe. Mas, em cada classe também se pode emi- lar. Formar grupos colectivos de trabalho em cada disciplina. geografia, históui~4, português, etc. E, emulam entre si. Qual o grupo que sacou melhores notas, a geografia por exemplo. Esta é a emulação socialista. Tem prémios, pode ter prémios colectivos para a melhor secção, a melhor fábrica, o melhor hospital, a melhor sala de reanima ção, a cooperativa que obteve uma melhor média na. produçãO de batata, ou milho. Esta 6a emu lação - a competição organiza& e colectiva. Beneficia, a Emulação, nã9 uma pessoa, não um grupo. O grupo pode receber um prémio, a escola pode receber um prémio, Mas quem beneficia, é a sociedw de inteira, porque recebe mais alunos formados, mais futuros quadros para a agricultura; por que recebe mais produção de ali mentos, de roupa, etc. É por esta razão que se fala d( Emulação quando o povo elege os seus deputados. Deputados q u saberão dirigir a sociedade, sabe rão resolver os problemas. E, que rem resolvê-los. A Emulação 4 assim, um forte apoio. Um apoi( fundamental que, pela competi ção colectiva e organizada, resol ve os problemas aumenta a prc dutividade, traz maior produçãc pode baixar preços, pode resol ver os nossos problemas grande

Litografia, Tipografia, Encadernação e Embalagem Àv. Ahmed Sekou.Touré. 1078-A e B (Prédio Invicta). Telefones 26191/2/3 C.P. 2917 MAPUTO produzir economizar deposit, desenvOlver Moçambique ci Aumentar a produtividade é PRODUZIR mais em menos tempo. ECONOMIZAR é evitar despesas desnecessárias, gastar mènos do que ganhamos. DEPOSITAR é garantir a segurança das nossas economias. AS economias de cada um depositadas no INSTITUTO DE CRÉDITO DE MOCAMBIQUE * transformam-se na força que contribue para a reconstrução nacional. ar1i